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Teoria estrutural de Kekulé No início do século XIX, o problema que se apresentava aos químicos não era determinar a composição das substâncias orgânicas, mas sim descobrir como os átomos se uniam para dar origem às moléculas. Nessa época, os químicos já conheciam substâncias diferentes com a mesma composição (mesma fórmula molecular), mas que apresentavam propriedades, como temperatura de fusão, temperatura de ebulição e solubilidade, diferentes. Portanto, essas substâncias deveriam ser constituídas de moléculas, que apre- sentavam os mesmos átomos, mas unidos de diferentes maneiras. Como seriam esses arranjos? A resposta a essa pergunta foi dada em 1858, quando Friedrich August Kekulé (1829-1896), químico alemão, introduziu o conceito de valência, segundo o qual átomos de elementos diferentes deveriam ter “potência combinatória” também diferente, isto é, valências distintas (valência, do latim valens 5 força). Kekulé estudou particularmente o carbono e descobriu que esse elemento apresenta uma “potência quádrupla de combinação”, ou seja, é tetravalente. Além disso, concluiu que os átomos de carbono têm a propriedade de unir-se entre si e com átomos de outros elementos, formando longas estruturas – característica dos compostos orgânicos –, chamadas cadeias carbônicas. Denominou esse fe- nômeno propriedade do encadeamento. Com esses conceitos, Kekulé forneceu subsídios para que outros químicos pudessem determinar a estrutura do carbono e entender melhor as reações que envolvem compostos orgânicos. Essa teoria estrutural pode ser resumida nos três postulados de Kekulé: • O carbono é tetravalente. • As quatro valências do carbono são equivalentes e coplanares. • Os átomos de carbono podem ligar-se entre si, originando cadeias. Evolução da fórmula estrutural do carbono Com o rápido desenvolvimento da Química orgânica e a consequente obtenção de novas substâncias, verificou-se que a estrutura plana para o carbono, propos- ta por Kekulé, não satisfazia algumas propriedades verificadas nessas novas substâncias. Em 1874, Jacobus Henricus Van’t Hoff e Joseph A. Le Bel criaram um mode- lo espacial para o carbono. Nesse modelo, os átomos de carbono são represen- tados por tetraedros regulares, sendo o carbono o centro do tetraedro e suas quatro valências correspondem a seus quatro vértices. Teoria estrutural de KekuléKekuléekuléK No início do século XIX, o problema que se apresentava aos químicos não era determinar a composição das substâncias orgânicas, mas sim descobrir como os átomos se uniam para dar origem às moléculas. Nessa época, os químicos já conheciam substâncias diferentes com a mesma composição (mesma fórmula molecular), mas que apresentavam propriedades, como temperatura de fusão, temperatura de ebulição e solubilidade, diferentes. Portanto, essas substâncias deveriam ser constituídas de moléculas, que apre- sentavam os mesmos átomos, mas unidos de diferentes maneiras. Como seriam esses arranjos? A resposta a essa pergunta foi dada em 1858, quando Friedrich August 17 C A P Í T U L O CAPÍTULO 1 | O CARBONO E OS TIPOS DE LIGAÇÕES COVALENTES 1 O carbono e os tipos de ligações covalentes 3CONECTEQuim_MERC18Sa_U1_Cap01_p017a045.indd 17 8/24/18 12:45 PM H H H H H H C 2 H 6 fórmula espacial fórmula estrutural fórmula molecular C H H C H H H H C 2 H 2 fórmula espacial fórmula estrutural fórmula molecular HH C C HH H H H H C 2 H 4 fórmula espacial fórmula estrutural fórmula molecular C H H C H H Com esse modelo, os diferentes tipos de ligação que ocorrem entre átomos de carbono foram representados da seguinte maneira: • Ligação simples: os tetraedros estão ligados por um vértice. • Ligação dupla: os tetraedros estão unidos por dois vértices (uma aresta). • Ligação tripla: os tetraedros estão unidos por três vértices (uma face). C B an co d e im ag e n s/ A rq u iv o d a e d ito ra Estrutura do carbono ou “A dificuldade de aceitação de novas ideias” Em setembro de 1874, o químico holandês Jacobus Henricus Van’t Hoff, então com apenas 22 anos de idade, publicou um trabalho propondo que o arranjo dos átomos em volta do carbono era tetraédrico. A princípio, sua ideia foi considerada absurda e recebeu críticas amargas e irônicas de vários cientistas eminentes da época, entre eles o famoso químico alemão Adolph Wilhelm Hermann Kolbe (1818-1884), que escreveu um artigo do qual destacamos o trecho a seguir, mostrando aversão às ideias de Van’t Hoff: Há não muito tempo, expressei o ponto de vista de que a falta de cultura geral e de um treinamento completo em Química era uma das causas da deterioração da pesquisa química na Alemanha [...]. Aqueles que acharam que minhas preocupações eram exageradas, por favor, leiam, se conseguirem, um artigo recente do Dr. Van’t Hoff, “O arranjo dos átomos no espaço”: um documento abarrotado com manifestações de uma fantasia infantil [...]. Este Dr. J. H. Van’t Hoff, empregado pela Escola de Veterinária de Utrecht, não tem, pelo menos parece, aptidão para pesquisas químicas exatas. Ele acha mais fácil galopar seu Pégaso* (evidentemente apanhado dos estábulos da Escola de Veterinária) e anunciar, no seu voo audacioso para o monte Parnaso, como ele vê os átomos dispostos no espaço. Em dezembro do mesmo ano da publicação do trabalho de Van’t Hoff, o quí- mico francês Joseph A. Le Bel apresentou um trabalho com as mesmas propos- tas. Apesar das críticas iniciais, em pouco tempo os trabalhos de outros cientis- tas produziram evidências que comprovavam as propostas de Le Bel e Van’t Hoff. As ideias dos dois químicos constituíram o marco inicial de um novo campo de estudos: as estruturas tridimensionais das moléculas, ou seja, a geometria molecular. Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-1911), cientista holandês, foi o primeiro a receber o prêmio Nobel de Química em 1901. Ele desenvolveu a ideia do carbono tetraédrico, a teoria das soluções, a cinética química e o estudo dos isômeros espaciais. R u e d e s A rc h iv e s /L a ti n s to ck *Pégaso: cavalo alado citado na mitologia grega. 18 UNIDADE 1 | OS COMPOSTOS ORGåNICOS 3CONECTEQuim_MERC18Sa_U1_Cap01_p017a045.indd 18 8/24/18 12:45 PM Evolução do modelo do carbono As propostas para o carbono estudadas até agora foram criadas para um mo- delo que apresentava o átomo como maciço e indivisível. A evolução desse mode- lo atômico proposta por Rutherford-Böhr – que considerava o átomo descontínuo, isto é, com núcleo e eletrosfera – possibilitou o surgimento de novos modelos para explicar as ligações que envolvem o átomo carbono. Em 1916, Lewis propôs que os átomos se ligavam por meio dos pares eletrô- nicos da camada de valência. A representação dessas ligações por pares eletrô- nicos foi denominada fórmula eletrônica de Lewis: C H H HH C H H CH H H H C H H H H (a) (b) (c) (d) (a) (b) (c) (d) H C CH H H H H C H H H H CH H H H CH H H H C H H C C H H H H H H O tipo de ligação em que os átomos se unem por meio de pares eletrônicos é conhecido por ligação covalente. A partir das fórmulas eletrônicas, podemos escrever suas estruturas planas: Em razão do fato de as moléculas orgânicas serem tridimensionais, utilizam-se modelos que mostrem sua estrutura e sua geometria. As representações tridimensionais mais utilizadas são mostradas a seguir e estão indicadas pelas letras: a) modelo tetraédrico de Van’t Hoff; b) modelo conhecido por “pau e bola”, no qual os átomos são representados por esferas em cores fantasia e as ligações por varetas; c) modelo conhecido por “preenchimento espacial”, no qual esferas em cores fantasia representam os átomos e sua disposição espacial; C H H C H H H HC H H H H 19CAPÍTULO 1 | O CARBONO E OS TIPOS DE LIGAÇÕES COVALENTES Il u s tr a ç õ e s : B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 3CONECTEQuim_MERC18Sa_U1_Cap01_p017a045.indd 19 8/24/1812:45 PM
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