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Resenha - Anna Rachel Machado, Eliane Lousada, Lília Santos Abreu-Tardelli -Parábola Editorial (2004)

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Anna Rachel Machado [coordenação] 
Eliane Lousada
Lília Santos Abreu-Tardelli
Resenha
LEITURA E PRODUÇÃO 
DE TEXTOS TÉCNICOSE ACADÊMICOS
A coleção “Leitura e produção de textos 
técnicos e acadêmicos” compõe um curso: 
volume após volume, o leitor terá cursado 
um programa de leitura e produção de 
tex tos, fundam ental para o seu bom 
desempenho na escola, na universidade ou 
mesmo na empresa.
Os livros são didáticos, em seus propósitos, 
na metodologia de ensino/aprendizagem 
com que trabalham, nos conteúdos que 
abordam, nas recomendações ao professor 
que os utilizar.
Cada pequeno volume é também uma 
oficina; ou seja, um conjunto de práticas, 
o rg a n iz a d a s não pa r a “ t r a ns mi t i r 
informações sobre algo”, mas para ensinar 
a façer esse algo. E neste caso, nada é mais 
adequado. Afinal, ler e escrever são duas 
práticas, estreitamente articuladas entre si. 
E a melhor forma de ensinar/aprender uma 
prática é ... praticar. Assim, o leitor dessa 
coleção será, mais que leitor ou aluno, um 
praticante, interessado em se aperfeiçoar 
num artesanato que, em maior ou menor 
grau, já lhe é familiar.
Assim, de volume em volume, de gênero em 
gênero, o leitor pratica o que lê, e aprende 
porque não só pratica, mas reflete sobre o 
que pratica. Ao final do percurso, dominará 
o essencial dos gêneros que praticou. 
E aí estará pronto para ensaiar modos 
próprios de escrevê-los, articulando o que 
já aprendeu com as lições que cada situação 
nova sempre nos dá.
Que mais poderiamos pretender de uma 
coleção que se chama Leitura e Produção 
de Textos Técnicos e Acadêmicos?
E g o n R angel
2 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS E ACADÊMICOS
t *
editora afiliada
LEITURA E PRODUÇÃO 
DE TEXTOS TÉCNICOS 
E ACADÊMICOS
1. Resum o
A nna Rachel M achado [coord.], Eliane Lousada, Lília Santos A breu-T ardelli
2. Resenha
A nna Rachel M achado [coord.], Eliane Lousada, Lília Santos A breu-Tardelli
3. Planejar gêneros acadêmicos: escrita científica, texto acadêmico, diário de pesquisa, metodologia 
A nna Rachel M achado [coord.], Eliane Lousada, Lília Santos A breu-T ardelli
4. Trabalhos de pesquisa: diários de leitura para a revisão bibliográfica
A nna Rachel M achado [coord.], Eliane Lousada, Lília Santos A breu-T ardelli
Anna Rachei Machado [coordenação!
Eliane Lousada
Lília Santos Abreu-Tardellí
Resenha
E ditor: Marcos Marcionilo
Capa e Projeto G ráfico: Andréia Custódio
Conselho Editorial Ana Stahl Zilles [Unisinos]
Angela Paiva Dionisio [UFPE]
Carlos Alberto Faraco [UFPR]
Egon de Oliveira Rangel [PUC-SP]
Gilvan Müller de Oliveira [UFSC, Ipol]
Flenrique Monteagudo [Universidade de Santiago de Compostela] 
Kanavillil Rajagopalan [UNICAMP]
Marcos Bagno [UnB]
Maria Marta Pereira Scherre [UFES]
Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP]
Roberto Mulinacci [Universidade de Bolonha]
Roxane Rojo [UNICAMP]
SalmaTannus Muchail [PUC-SP]
Sírio Possenti [UNICAMP]
Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB]
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, Ri
M129r
Machado, Anna Rachel, 1943-
Resenha / Anna Rachel Machado, Eliane Gouvêa Lousada, Lília Santos Abreu-Tardelli. - 
São Paulo : Parábola Editorial, 2004 (Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos; 2)
ISBN 978-85-88456- 30-3
1. Elaboração de resenha - Técnica - Resumos - Redação. I. Lousada, Eliane Gouvêa, 1964-, 
II. Abreu-Tardelli, Lília Santos, 1969-, III. Título. IV. Série.
04-2444. CDD 808.066 
CDU 001.814
Direitos reservados à 
PARÁBOLA EDITORIAL
Rua Dr. Mario Vicente, 394 - Ipiranga 
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reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer 
meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou 
arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão 
por escrito da Parábola Editorial Ltda.
ISBN: 978-85-88456-30-3
I a edição | 9a reimpressão, março de 2014 - conforme novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa
© do texto: A. R. Machado, E. Lousada, L. S. Abreu-Tardelli, 2004 
© da edição: Parábola Editorial, São Paulo, outubro de 2004
http://www.parabolaeditorial.com.br
mailto:parabola@parabolaeditorial.com.br
... Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido 
ir mais além da leitura, ficam pegados à página, não perce­
bem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a 
corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar 
à outra margem, a outra margem é que importa, A não ser, 
A não ser, quê, A não ser que esses tais rios não tenham duas 
margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua 
própria margem, e que seja sua e apenas sua, a margem a que 
terá de chegar.
José Saramago, A Caverna, Companhia das Letras, p. 77.
Sumário
9 Apresentação: Leitura e Produção de Textos Técnicos 
e Acadêmicos 
Egon Rangel
13 Introdução
SEÇÃO 1 15 Diferenciando resumo e resenha na mídia
SEÇÃO 2 21 As resenhas em diferentes situações de produção
SEÇÃO 3 33 O plano global de uma resenha acadêmica (prototípica)
SEÇÃO 4 47 Os mecanismos de conexão: o uso dos organizadores 
textuais
SEÇÃO 5 51 A expressão da subjetividade do autor da resenha
SEÇÃO 6 55 Procedimentos de inserção de vozes: diferentes for­
mas de menção ao dizer do autor do texto resenhado 
e de outros autores
SEÇÃO 7 63 O diário de leitura: ferramenta para uma leitura crítica 
do texto
SEÇÃO 8 77 A compreensão global do texto a ser resenhado
SEÇÃO 9 87 Elabore sua resenha
SEÇÃO 10 89 Avalie você mesmo
91 Anexos
108 Bibliografia para consulta
RESENHA 7
------------------------------------------------------------------------------ APRESENTAÇÃO
Leitura e Produção de 
Textos Técnicos e Acadêmicos
E g o x de O liveira R a n g el
Professor do Departamento de Linguística da PU C -SP 
.Membro do Cormte Assessor da Secretaria de Educação Superior (SESu).
um de seu famosos escritos, o grande escritor argentino Jorge Luis 
Borges1 nos lembra que o livro é como o rio de Heráclito: um curso 
fluido, tão diferente de si mesmo a cada momento quanto nós mesmos, 
que, a cada vez que o adentramos, somos outros.
Esta é a imagem que me ocorre, ao perceber que toda esta coleção compõe um só 
livro, em que cada volume figura como um capítulo. E talvez por aproveitar ao 
máximo esse caráter fluido dos livros, constitui um verdadeiro curso. Não só porque 
suas águas levam a bons destinos, mas também porque, volume após volume, o leitor 
terá cursado um eficiente programa de leitura e produção de textos, fundamental para 
o seu bom desempenho na escola, na universidade ou mesmo na empresa.
Mas, assim como não é preciso estar na nascente ou na foz para estar legitimamente 
dentro do rio, não é preciso “começar do começo” a leitura deste livro-coleção para 
aprender — e muito — com ele. Em qualquer dos pontos, podemos nos banhar neste 
curso, beber suas águas, nelas navegar. E o que é melhor: também podemos cursá- 
-lo sem qualquer matrícula.
Entretanto, o interesse e a originalidade desta coleção vão muito além. Os livros são 
claramente didáticos, em seus propósitos, na metodologia de ensino/aprendizagem 
com que trabalham, nos conteúdos que abordam, nas recomendações ao professor 
que os utilizar. Mas não são escolares, tampouco são “livros didáticos”: não foram
1 B o r g e s , Jorge Luis. “O Livro”. In: ___ . Cinco visões pessoais. 2. ed. Brasília, Ed. da Universidade de
Brasília, 1987. (Itinerários, 19)
RESENHA 9
pensados para a disciplina Tal, do curso Tal Outro, em uma série determinada. E 
podem até ser muito bem aproveitados por aqueles que já não estão na escola, mas 
continuam empenhados em aprender.
E aí nos deparamos com uma outra originalidade: cada pequeno volume é também 
uma oficina; ou seja, um conjunto de práticas, organizadas não para “transmitir 
informações sobre
algo”, mas para ensinar afazer esse algo. E neste caso, nada é mais 
adequado. Afinal, ler e escrever são duas práticas, estreitamente articuladas entre si. 
E a melhor forma de ensinar/aprender uma prática é . .. praticar. Assim, o leitor dessa 
coleção será, mais que leitor ou aluno, um praticante, interessado em aperfeiçoar-se 
num artesanato que, em maior ou menor grau, já lhe é familiar.
Como se faz a leitura ao mesmo tempo compreensiva e crítica de um texto? No caso 
da escola e da universidade, como se produz adequadamente um resumo, uma 
resenha, um artigo, um relatório, um ensaio? Cada “capítulo” desta coleção responde 
com empenho a esse tipo de perguntas, no âmbito específico do gênero do discurso 
a que é consagrado. E responde também de uma forma original: não formula, pro­
priamente, uma resposta; ensina uma forma de fazer. Assim, não dá uma receita única, 
mesmo que saborosa: antes, abre ao praticante todas as outras possibilidades que o 
“seu próprio jeito de fazer” for capaz de revelar, tão logo se aproprie do know-how.
Para ajudar o praticante a chegar lá, as autoras, em cada volume, se valem de 
estratégias específicas. Passo a passo, ele é habilmente conduzido ao seu destino final. 
Se o que está em questão é a resenha, por exemplo, o conhecimento intuitivo que o 
leitor já tem do assunto é imediatamente mobilizado:
■ Afinal, o que é uma boa resenhai Todos temos algumas idéias dispersas a respeito. 
E lembrá-las com precisão é meio caminho andado.
■ Em relação a que objetivos uma resenha pode ser considerada boa? E então 
(re)descobrimos que sempre escrevemos com um propósito definido, mesmo quando 
não nos damos conta disso. E saber que propósito é esse orienta o trabalho.
■ Com que critérios podemos avaliá-los ? Sim, dizer se o texto produzido é bom ou não 
implica em estabelecer critérios, distinguir os mais relevantes. Não é, portanto, uma 
questão de gosto, mas sim de entender claramente o que está em jogo na escrita que 
se pratica.
Com base nesse conhecimento prévio devidamente organizado, cada volume exercita 
com o seu leitor/praticante as situações e condições em que a escrita de textos desse
10 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLi
gênero se dá, uma vez que elas serão as responsáveis por tudo o que aquele texto, 
lido ou redigido, tem de particular, de único.
E só então os conceitos envolvidos, ou seja, a metalinguagem técnica sempre precisa 
e atualizada, começa a ser ensinada. Ainda assim, apenas na medida do necessário 
para organizar um quadro eficaz de informações sobre, construindo com o leitor um 
saber teórico já orientado para a prática de leitura e produção de textos em que, a esta 
altura, ele já está envolvido.
Em seguida, o leitor é instigado, por meio de novas atividades, a perguntar-se sobre 
as etapas de produção, as estratégias discursivas, os recursos e os mecanismos de 
construção do texto que estão implicados numa boa resenha (ou resumo, artigo etc.). 
Novamente, o conhecimento intuitivo que o leitor já tem é chamado a articular-se 
com o que as teorias do discurso e do texto já podem dizer de útil a respeito. E mais 
uma vez o leitor pratica e organiza o saber necessário ao fazer.
Assim, de volume em volume, de gênero em gênero, o leitor pratica o que lê, e 
aprende porque não só pratica, mas reflete sobre o que pratica. Ao final do percurso, 
dominará o essencial dos gêneros que praticou. E então estará pronto para ensaiar 
modos próprios de escrevê-los, articulando o que já aprendeu com as lições que cada 
situação nova sempre nos dá.
Que mais poderiamos pretender, de uma coleção que se chama Leitura e Produção 
de Textos Técnicos e Acadêmicos?
RESENHA 11
Introdução
omos movidas a iniciar a coleção “Leitura e Produção de Textos 
Técnicos e Acadêmicos” pela constatação das crescentes dificuldades 
que os alunos dos cursos de graduação e até mesmo de mestrado e de 
doutorado encontram, quando se defrontam com a necessidade de pro­
duzir textos pertencentes a gêneros da esfera tipicamente escolar e /o u da 
científica. Este é o caso, por exemplo, da produção de resumos escolares, de resenhas 
críticas, de relatórios, de projetos de pesquisa e artigos científicos, dentre outros.
As causas dessas dificuldades são inúmeras, mas queremos apontar aqui apenas uma 
delas, que nos parece poder ser enfrentada, que é a falta de ensino sistemático desses 
gêneros, orientado por um material didático adequado. Frequentemente, os alunos 
são cobrados por aquilo que nunca lhes é ensinado, tendo de aprender por conta 
própria, intuitivamente, com muito esforço.
Do mesmo modo, sabemos das dificuldades de profissionais de diferentes áreas que 
se defrontam com sérios problemas em seu trabalho, quando este lhes exige capaci­
dades de leitura e produção de textos específicos, que não chegaram a aprender.
Na maioria das vezes, subsiste a crença de que há uma capacidade geral para a escrita, 
que, se bem desenvolvida, nos permitiría produzir de forma adequada textos de 
qualquer espécie. Outras vezes, acredita-se que o mero ensino da organização global 
mais comum do gênero seja suficiente para que o aluno chegue a um bom texto.
Entretanto, as recentes pesquisas da área mostram-nos que não é bem assim. Por exemplo, 
mesmo o melhor dos escritores de ficção pode ficar paralisado diante da necessidade de 
ter de escrever um artigo científico para uma revista especializada em determinada área das 
ciências humanas, correndo até o risco de ver seu texto rejeitado, por não atender as 
normas que vigoram nessa comunidade científica. Por outro lado, organizar globalmente 
um texto em sua forma canônica é apenas um dos procedimentos necessários para che­
garmos a uma produção adequada. A complexidade característica dos gêneros exige que 
sejam desenvolvidas múltiplas capacidades que vão muito além da mera organização ou 
do uso das normas gramaticais do português padrão.
Assim, é com o objetivo de suprir a falta de material didático para a leitura e a produção 
desses gêneros específicos que essa coleção foi concebida. O primeiro deles tratou do
RESENHA 13
Resumo. Este, o segundo, traz um material referente à leitura e produção do que chamamos 
de Resenha. Esse é um gênero que pode ser chamado por outros nomes, como resenha 
crítica, e que exige que os textos que a ele pertençam tragam as informações centrais sobre 
os conteúdos e sobre outros aspectos de outro(s) texto(s) lido(s) — como por exemplo, 
sobre seu contexto de produção e recepção, sua organização global, suas relações com 
outros textos etc. — , e que, além disso, tragam comentários do resenhista não apenas 
sobre os conteúdos, mas também sobre todos esses outros aspectos.
Ao escolher esse gênero para ser o segundo de nossa coleção, assumimos que ele é muito 
utilizado tanto em diferentes atividades acadêmicas quanto em diferentes atividades pro­
fissionais. Nas escolas de ensino fundamental e médio e na universidade, por exemplo, 
ele é constantemente pedido aos alunos por professores das mais diversas disciplinas.
As atividades que propomos para o desenvolvimento das capacidades necessárias para 
a leitura e produção de resenhas baseiam-se nas mais recentes pesquisas sobre o 
ensino-aprendizagem de leitura e produção de textos e sobre as características desse 
gênero, detectadas a partir de análises feitas por nós e por outros especialistas. Com 
isso, conseguimos abranger grande parte dos procedimentos envolvidos em sua 
leitura e produção, desde a identificação inicial de seu contexto de produção e 
recepção até a sua avaliação e revisão final.
Em cada seção, apresentamos os objetivos a serem atingidos, as atividades a serem 
desenvolvidas por alunos dirigidos por um professor ou mesmo por profissionais 
que estudem de forma individual e ainda sugestões de outras atividades para a 
continuidade e /o u o aprofundamento das questões trabalhadas. Depois das seções, 
fornecemos todas as respostas. Algumas delas devem ser consideradas apenas como
uma possível alternativa correta, ficando a cargo do professor e /o u do estudioso 
solitário avaliar a pertinência de outras que possam surgir. Fechando o volume, 
apresentamos uma pequena bibliografia especializada sobre resenha, como sugestão 
de aprofundamento teórico do estudo desenvolvido.
Acreditamos que as atividades propostas podem contribuir para o trabalho do pro­
fessor e ajudar o aluno a conhecer melhor esse gênero e a produzi-lo adequadamente. 
Entretanto, não as julgamos milagrosas e suficientes. Com base no desenvolvimento 
individual de cada aluno e nas discussões em sala de aula, alunos e professores 
podem — e devem — criar outras atividades semelhantes, para que essa aprendiza­
gem se consolide e se amplie.
As A utoras
14 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
----------------------------------------------------------------------------------------- SEÇÃO 1
Diferenciando o resumo 
da resenha na mídia
Pa r a c o m e ç a r a c o n v e r s a ...
números tipos de textos se caracterizam por apresentar informações 
selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outro texto. Outros, além de 
apresentar essas informações, também apresentam comentários e avaliações. 
Os primeiros são resumos (ver fascículo 1) e os segundos são resenhas.
Pensando no que dissemos acima, leia os textos abaixo e responda as questões que 
vêm a seguir.
?®lp
'S&i "ü 1; \ * 3Í ■— ' * v S.
.RTADO
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1, Senna 
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nington 
aterra, e 
cerno o 
sopjltífo 
ir^ao. 
iporada
Ayrton
na
RESUMO 00 CAPITUL0 1:
Ayrton Senna ganhou seu primeiro kart do 
pai aos quatro anos. Era um garoto levado 
e extrovertido nas brincadeiras de rua e 
um aluno mediano na escola. Foi casado 
com Lilian de Vasconcellos, uma amiga de 
infância, por apenas 14 meses e mudou-se 
para a Europa em 1981 para competir 
nas fórmulas européias, onde conquistou 
vitórias e dizimou recordes.
vam. A borchs da Williams FW08C Ford. ele 
deixou boqui\berto o chefão da equipe 
Frank Williams, que o convidara pessoal- 
mente para o teste, ao bater o recorde da 
pista, “Aquele nia não era da Williams, não 
era de ninguéAi. Era só meu. Lembro que 
eheguei pertyda máquina, fiquei olhando, fiz 
carinho, án uns tapinhas e falei para ela: é 
hoje, èíloje”, recordou, anos depois.
i entrada definitiva no mundo da F-l acon­
teceria no ano seguinte, mas dirigindo pela To-
REVISTA ISTO E CENTE 29/3/2004
RESENHA 15
Texto 3
F O L H A D E S . P A U L O , F O L H A T E E N , 2 6 D E J U N H O D E 2 0 0 4 .
Q u ln ti-t iir t, 25 de março
QUINTA NO CINEMA
SBT(22615)
M issão M arte, film e de Brian De 
Palma com Gary Sinise e Tim 
Robbins, é exibido.
S ix ta -ftlr i, 26 de março
■
 JUDGING 
JACKSON
MTV (19h)
Especial produzido 
pela MTV norte- 
americana sobre as 
acusações de pedofilia contra 
Michael Jackson.
Sábado, 27 de março
A IDENTIDADE BOURNE
Tetecine Premium (21h30)
Dirigida por Doug Liman, esta 
produção traz Matt Damon no 
papel de um homem com amnésia 
perseguido por assassinos.
Domingo, 28 de março
RUSSELL CROWE NO 
ACTORS STUDIO 
Multishow (Oh)
0 ator faia de sua carreira, do fato 
de nunca ter estudado 
interpretação e do Oscar ganho 
por Uma M ente B rilhante
RODA VIVA
Cultura (22h30i
0 diretor José 
Celso Martmez 
Corrêa fala de sua 
trajetória e dos 40 
anos do golpe militar.
Tarça-ltlra, 30 de março
GLAUBER 65 ANOS 
Canal Brasil (23630)
Apresentação de Terra em Transe, 
film e lançado em 1967 sobre país 
latino-americano convulsionado 
pela briga pelo poder
tsSo■uj
e
Q u ir t í - f t ln , 31 de março
0 PODEROSO CHEFÃO 
Telecine Action (21b45)
0 inicio da saga da família 
mafiosa Corieone. dirigido por 
Francis Ford Coppola e ganhador 
de três Oscar.
16 AN NA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
Texto 4
■£) http ://www. anemaemcena. com. br/cnt_cinef io_Pikne. asp?cod=27448a:odvozcinef alo=4692
atualização do 
site
arquivo 
conversa de
fotos
trailers
m ú sica s-te m a
diálogos
design
produção
a voz do cinétto
[ #-A-B-C-D-E-F-G-H-I-J-K-L-M-N-0-P-Q-R-S-T-U-V-W-X-Y-Z ]
Bicicletas de Belleville, As - T r ip le t te s d e B e lle v ille , L e s , 2 0 0 3 
Ricardo Morgan * * * * *
FANTÁSTICO, CHARMOSO E CONTAGIANTE!
AS BICICLETAS DE B ELLEV ILLE
(The Triplets Of BellevilIe/FRA/BEL/CAN/2003) * * * * * 26/06/04
Quem disse que, com uma simples história não se faz um excelente 
filme? Pois é, hoje em dia, somente um gênero, o grão de areia tem 
se transformado em pérola. Graças à simplicidade e à criatividade 
que, ultimamente vêm ampliando ainda mais os limites e a imagina­
ção dos desenhos animados. As Bicicletas de Belleville é uma singela 
animação em 2D que conta a divertida jornada de uma adorável vovó 
em busca de seu neto raptado.
Adotado por sua avó, Madame Souza, o garoto Champion é uma 
criança tímida, inocente e solitária que, após ter ganhado uma bicicle­
ta quando menino, descobre uma certa paixão pelo ciclismo. Com o 
passar dos anos, e com rigorosos treinamentos impostos pela avó, 
Champion torna-se um profissional das duas rodas. Durante o famo­
so circuito de corridas de bicicleta francês, o Tour de France, ele é 
sequestrado por dois homens misteriosos. Madame Souza e seu fiel 
cachorro Bruno cruzam as fronteiras do oceano em uma busca para 
tentar resgatá-lo.
É sensacional! Méritos para o estreante, roteirista e diretor Sylvain Chomet, 
que criou um universo charmoso e criativo, no qual opta por espelhar- 
-se no cinema mudo apresentando uma mistura de raros diálogos, can­
ções e movimentos. Além da simples história que exibe uma trama cati­
vante e envolvente, o encanto certamente está no gráfico em 2D, devido 
aos divertidos traços caricaturados das feições humanas e dos ambientes 
com cores leves.
O roteiro, sempre harmonizando drama e um delicioso humor negro, é 
rico em detalhes visuais (enfoca estilos de vida e expõe interessantes 
métodos e idéias que são utilizados na dinâmica dos personagens), e 
focaliza a jornada de Madame Souza em busca de seu neto sequestrado, 
que a leva para uma megalópole chamada Belleville, no caso, é uma sátira 
a Nova York e aos americanos (população gorda, inclusive a Estátua da 
Liberdade é obesa). Assim como o título original, o filme faz referências às 
Trigêmeas de Belleville, três estrelas musicais dos anos 30 que ajudam a 
avó na procura por Champion.
a_
RESENHA 17
r -: "*■ ' -é J h t tp : / /«/■.' j n e m 3 e m c e n a . ú o rn. b r / c t l I: _c rri e ̂ r I ^ j I rri e . a 5 p ■' c o d = 2 7 4 -4 ;i- :o v o z ■: i n e l-'-̂ 1 ■: = 4 ê. 9 v □ Ir •
As Bicicletas de Belleville foi indicado ao Oscar em duas categorias: 
Melhor Animação e Canção, recebeu também indicação ao BAFTA e ao 
Independent Spirit Awards de Melhor Filme Estrangeiro, participou do 
Festival de Cannes e ainda levou um César de Melhor Trilha Sonora, 
além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor 
Trabalho de Estreia, e ganhou diversos prêmios internacionais. Reco­
mendado para todas as idades.
http://w ww.cinem aem cena.com .br/
crit_cinefilo_filme.asp?cod=2744&codvozcinefalo=4692
1. Identifique os objetos/temas aos quais os textos acima se referem, nu­
merando-os corretamente.
( ) programas de diferentes canais de televisão 
( ) o desenho animado/ animação As bicicletas de Belleville
( ) uma parte da biografia do Ayrton Senna
( ) o novo CD do grupo Beastie Boys
2. De acordo com sua leitura dos textos, assinale (x) no quadro abaixo o 
que cada um deles apresenta.
R esum o do objeto 
(ou tem a)
O p in iã o /av a lia çã o /ap rec ia ção do 
autor do texto sobre o objeto
Texto 1
Texto 2
Texto 3
Texto 4
3. Baseando-se no preenchimento do quadro acima e no que dissemos logo 
no início, quais dos textos podem ser considerados resenhas?
18 AN NA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA I LÍ Li A SANTOS ABREU-TARDELLI
http://%c2%ab/%e2%96%a0.'
http://www.cinemaemcena.com.br/
4. Escolha ura dos textos que você considerou como sendo resenha
e subli­
nhe as partes que contêm o resumo do objeto resenhado e as que contêm 
comentários ou avaliações sobre ele.
C o n c l u in d o ...
Quais são as duas características mínimas necessárias para que se considere que um 
texto é uma resenha?
Pa r a c o n t in u a r a c o n v e r s a ...
1. Procure encontrar, em jornais ou revistas, outras resenhas. Leia-as e observe as 
partes que contêm resumo do objeto resenhado e a opinião sobre o mesmo.
2. Leia o Texto 1 dos Anexos, “Sony Clié PEG-TH55”, e responda:
a. Qual é o objeto resenhado?
b. Você já havia visto ou feito uma resenha semelhante?
c. Em que esta resenha difere das resenhas que você conhecia?
3. As duas características de resenha que foram identificadas nas atividades anterio­
res se encontram no texto? Justifique.
RESENHA 19
------------------------------------------------------------------------------------------ SEÇÃO 2
As resenhas em diferentes 
situações de produção
Pa r a c o m e ç a r a c o n v e r s a ...
a seção 1, vimos uma das diferenças mais importantes entre as rese­
nhas e os resumos. Nesta seção, veremos textos que podem ser con­
siderados como resenhas, de acordo com nossa definição, mas que 
podem ser publicados com outro nome ou sem nome algum.
1. Observe os textos abaixo e verifique se eles recebem algum nome. Se 
receberem, quais são eles?
Texto 1
K j Ler - noticias e downbads de livros - M icrosoft Internet Expbrer
L h J rrtv :1 http:/i'igler.ig.corri,br,thc>rne/igler/ari;igcis/0,, 1630194,ÜO.htrril í ir -
B
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R$ 39
Com pre
O curador do mais famoso mu­
seu do mundo, o Louvre, é en­
contrado morto, assassinado 
no interior do próprio museu. 
Jacques Saunière não era, no 
entanto, um simples estudioso 
de artes respeitado: era tam­
bém membro de uma das mais 
antigas seitas religiosas, detentora de alguns segredos 
milenares desde os tempos de Jesus Cristo, pelo menos. Ao
é ] Concluído
RESENHA 21
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• -èj http://igler.ig.com.br/home/iglef/artigos/O,j 1630194, OO.htm! v
morrer, teve tempo de deixar pistas cifradas indicadoras daqueles que o 
haviam assassinado, uns enigmas que só poderiam ser decifrados por 
algumas pessoas realmente inteligentes, conhecedoras e tão sábias sobre 
suas especialidades quanto ele e, ao mesmo tempo, que fossem merece­
doras de carregar este conhecimento. Estas pessoas são Robert Langdon, 
um professor norte-americano de simbologia de Harvard, que compartilhava 
de algumas de suas idéias, e Sophie Neveu, uma eminente criptóloga 
francesa e neta de Saunière.
Desta forma, somos envolvidos, tanto quanto Langdon e Sophie, em uma 
verdadeira caçada humana que percorre iargos períodos da história da 
humanidade e das artes, em uma extensa charada que mistura emoção, 
suspense, artes plásticas, práticas religiosas, organizações museológicas, 
Opus Dei ‘versus’ Priorado do Síão, o sorriso de Mona Lisa, instituições 
medievais. Tudo envolvido em uma linguagem ágil, rápida, capítulos curtos 
e objetivos. Todos os dados históricos, artísticos e teóricos são reais e 
fundamentados; o livro vale, portanto, como um verdadeiro curso concentrado 
de artes e simbologia, embalado por um enredo de romance policial infanto- 
juvenil.
Pode parecer uma verdadeira salada lítero-intelectualóide com roupagens de 
bestseller. E é. Uma salada que deu certo; pelo menos, para o autor. Tanto 
que a editora pode estampar tranquilamente na capa o fato deste livro ter 
sido um sucesso absoluto de vendas (um dos mais vendidos na Europa nos 
últimos anos!), com uma tiragem mundial passando dos dez milhões de 
exemplares. Também não é à toa que logo logo estará nas telas de cinema.
É um projeto muito simpático. As informações são passadas de um modo 
extremamente eficaz e dinâmico, instrutivas e muito gostosas de serem 
lidas. Pena que esta simpatia fique soterrada em um mar de clichês banais 
e entediantes. Como contraponto às belas informações histórico-artísticas, 
há a banalidade do enredo, a superficialidade dos personagens, a insipidez 
do suspense. O professor de simbologia é alto, bonitão e superinteligente; 
a mocinha é linda, fogosa, independente e superinteligente; os vilões são 
malvados, sádicos (e masoquistas) e superinteligentes; a polícia francesa 
é ridícula, incompetente, e embora o encarregado da investigação, o capitão 
da Policia Judiciária, não seja uma versão plena do inspetor Clouseau, 
também não fica lá muito atrás, tanto que passa a perseguir Langdon e 
Sophie como os únicos suspeitos. E é preciso dizer o que vai acontecer entre 
o mocinho e a mocinha superbonitos, independentes e superinteligentes,
c ] Concluído
22 AN NA RACHEL M ACHADO ( ELIANE LOUSADA j LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
http://igler.ig.com.br/home/iglef/artigos/O,j
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A
injustamente acusados do assassinato? 'O Código da Vinci- é uma besteira 
fenomenal, ou uma revelação surpreendente, ao gosto das exigências do 
leitor. Para mim, foi pura perda de tempo. O pior de tudo: com toda essa onda 
sendo levantada, com ‘respostas' de setores da Igreja argumentando contra 
os ‘princípios’ teóricos do livro e pretensas ‘liberdades’ e inverdades histó­
ricas, o resultado será mais do que óbvio: o livro vai vender outros milhões 
de exemplares, o filme gerará outras polêmicas e venderá milhões de ingres­
sos etc, etc, etc.
http://www.ig.com. br/home/igler_home_canais/0,3084,%7C18%7C,00.html
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í j Concluído
M a rília P ê r a , q u e v iv e C o c o C h a n e l
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C IN T IA M E D E IR O S 
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H o u v e u m a é p o c a e m q u e o m u n d o , q u e s a ia d a P r im e i- . r a G u e r r a , d e s e jo u s e r u m a g r a n d e f e s ta . E r a p r e c is o e s q u e c e r " 
o s h o r r o r e s v iv id o s e e n c a r a r c a d a 
d ia c o m o s e fo s s e o ú ltim o . É n e s se , 
cenário q u e s u r g e C o c o C h a n e i , 
uma m u lh e r q u e e n c a r n o u c o m o
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RESENHA 23
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Texto 3
FOLHA DE S. PAULO, ILUSTRADA, 28 DE MARÇO DE 1998
24 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
Texto 4
T ÍG f er noticias e downíaads de tr/roç Microsoft Internet Vxptorer feS
IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NO BRASIL
Antônio José Teixeira Guerra e Sandra Baptista da Cunha, Ed. Bertrand Brasil, 
por Bruno Buys
Impactos Ambientais Urbanos no Brasil é uma coleção de artigos de diferen­
tes autores, organizados por Antônio Teixeira Guerra e Sandra Baptista da 
Cunha, que analisam os impactos ambientais enfrentados por cidades bra­
sileiras em diferentes contextos econômicos, sociais e históricos da ocupa­
ção do território brasileiro.
Em sua grande maioria, as cidades brasileiras nasceram e se desenvolve­
ram sem nenhuma preocupação de adequada utilização do solo e do espa­
ço. Conceitos como sustentabilidade, qualidade do ar e da vida aqui por 
estas plagas são coisa recente, talvez impulsionados pela Rio-92.
Os artigos escolhidos abordam problemas ambientais em cidades estuda­
das pelos organizadores e pelos demais autores de capítulos: Pequenas 
cidades como Açailândia, no Maranhão, cujo nascimento e crescimento es­
tiveram ligados à economia da madeira e da extração de ferro de Carajás. 
Sorriso, no Mato Grosso, tema de um
capítulo, é um assentamento criado 
pelo governo federal através de políticas públicas de ocupação do cerrado 
brasileiro, no começo da década de 1980. Ocupado principalmente por po­
pulação vinda do sul do país, Sorriso vive da agricultura de grande escala 
mecanizada, às margens do Rio Teles Pires, um subafluente do Rio Madeira, 
que deságua no Amazonas. Teresópolis, Florianópolis e Petrópolis e seus 
problemas ambientais são tema de capítulos específicos, assim como Rio 
de Janeiro e São Paulo.
O que mais chama a atenção do leitor ao longo da obra, independente do 
tamanho ou das características da cidade, é a falta de planejamento pelo 
setor público. Talvez seja esta a maior constante, similar nos casos extremos 
desde Sorriso e Açailândia até São Paulo e Rio. Os assentamentos humanos 
brasileiros carecem de qualquer esboço de planejamento, sendo seu cres­
cimento orientado pela lógica do maior lucro, até onde as questões ambientais 
começam a impor um ônus tão grande que se invoca a ação pontual e 
emergencial do Estado.
Neste sentido, apesar da diversidade de autores e estilos, o livro é uma séria 
crítica à ação do Estado nos três níveis, municipal, estadual e federal. Se­
tores da população urbana brasileira convivem com problemas ambientais
Concluído
RESENHA 25
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sérios, capazes de provocar mortes como deslizamentos, desbarranca- 
mentos e enchentes. Falta de infraestrutura básica como saneamento e 
esgoto em áreas residenciais de classe baixa fornecem o material perfeito 
para o desenvolvimento de voçorocas, grandes ravinas formadas por ero­
são do solo, que podem, em estado avançado, provocar deslizamentos de 
terra. Em Sorriso, no Mato Grosso, uma cidade fundada há apenas quinze 
anos, o estado de deterioração ambiental chama a atenção para a facili­
dade e o curto prazo em que o homem pode modificar o ambiente natural, 
tornando-o inadequado à vida. A cidade é pontilhada por voçorocas que 
castigam os habitantes cotidianamente. Ruas inteiras somem dentro de­
las, principalmente as de bairros mais pobres, é claro. A poluição das 
águas do rio Teles Pires pelos defensivos e insumos agrícolas tornam a 
água inadequada ao consumo.
A população urbana brasileira, principalmente a de grandes centros, vive 
constantemente em situação ambiental muito ruim. Tênues esforços públi­
cos são levados a cabo em véspera de desastre, para evitar o mal maior. 
Mas, de maneira geral, o brasileiro não está educado nem conscientizado 
para a necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o am­
biente e a qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal maior. 
Iniciativas — tímidas — como o rodízio de carros particulares em São 
Paulo, entre 1996 e 1998, deram mostras de seu potencial em melhorar 
a qualidade do ar e de reduzir o caos no transporte. Porém, esbarram no 
individualismo da solução automotiva e do status que o carro tem na nossa 
contemporaneidade.
No Rio de Janeiro, habitações de classe baixa proliferam em áreas de risco 
de deslizamento. O poder público faz vista grossa, por não poder oferecer 
melhores condições de habitação a esta população. No verão e nas en­
chentes, o salve-se-quem-puder dos resgates e o denuncismo da mídia 
são a tônica.
Embora utilize conceitos e terminologias de várias áreas de conhecimento 
dedicadas à questão ambiental, a obra é basicamente um livro de geogra­
fia. Os organizadores são geógrafos e professores do Departamento de 
Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Universidade do 
Brasil. Embora tenha sido planejado para alunos e pesquisadores não só 
de geografia, mas de áreas com preocupações ambientais como engenha­
ria civil e agronômica, ciências da terra, biologia/ecologia e geografia, a 
obra fica aquém do que se esperaria no quesito clareza de expressão e 
preocupação com jargões e terminologias específicas da geografia. O leitor 
não-geógrafo poderá sentir alguma dificuldade. Por outro lado, o livro é 
muito bem-sucedido na escolha dos problemas relevantes a serem trata-
Concluído
26 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
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dos, que devem interessar a todo o universo-alvo escolhido, bem como ao 
brasileiro em geral que esteja preocupado com os destinos do país.
A conservação da natureza, da Amazônia, e a preservação da biodiversidade 
são temas constantes nos nossos diários e noticiários. Estão na pauta do 
dia, junto com esforços de grandes organismos internacionais como a ONU 
e o Banco Mundial. É preciso dizer com igual clareza e embasamento científico 
que o espaço das cidades também pertence ao universo de preocupações 
ambientais dignas de esforço público e investimentos. Nossa modernidade 
tecnológica precisa, definitiva e irreversivelmente, incluir critérios de excelência 
ambiental no planejamento urbano das cidades. No Brasil, este é um impe­
rativo imediato, caso não queiramos endossar o exemplo da cidade de São 
Paulo, onde o caos no transporte e o nível de qualidade do ar beiram cons­
tantemente o limite aceitável. Em alguns casos ultrapassam.
Atualizado em 22/06/01 URL: http://www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm (29/08/04)
N otas sobre L ivros/B ooknotes
I BRETON, Philippe (1999). A manipulação da palavra. São Paulo: Loyola, 167 p.
Cháma de imediato a atenção no livro de Breton o desejo de não limitar 
o estudo da manipulação da palavra ao campo de interesse exclusivamente 
lingüístico, aprofundando sua análise às consequências que tal manipulação 
traz à credibilidade do regime democrático e ao comportamento humano, 
quiçá se não a maior responsável pelo enclausuramento egoísta do homem 
de nossos dias.
Breton distingue argumentação de manipulação e considera essa última 
em seus aspectos antidemocráticos de imposição de urna idéia sem debate 
prévio criterioso e livre aliada à privação da liberdade de resistir a essa 
coerção. Contesta a falácia do desaparecimento de causas dignas de defesa 
e. ipso faeto, da necessidade de combater a manipulação das idéias que àquelas 
se contrapõem, dado que é característico do manipular a violência psicológica, 
a dissimulação e o recurso à cumplicidade do silêncio.
RESENHA 27
http://www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm
Historiando a origem da palavra, o autor verifica que somos os únicos 
seres do universo que utilizam a comunicação para convencer, e os únicos 
também capazes de mentir, fazendo crer com palavras o que os atos não 
confirmam. Está na base desse convencimento a noção da democracia 
ateniense e do direito romano, consequências da natural convicção humana 
de persuadir seu semelhante. O desenrolar da História comprova como o 
despotismo sucumbiu, com freqüência, à tentação de amordaçar a voz que 
se levanta contra o poder, mas como mesmo os tiranos mais empedernidos 
procuraram sempre convencer seus subjugados da validade de seus atos. O 
recurso mais moderno encontrado na ‘arte’ da persuasão despontou na metade 
do século XX com a publicidade, que visa moldar as consciências segundo a 
sociedade de consumo e a cultura de massa.
No capítulo III acompanha-se a evolução do instrumento em que a palavra 
se transforma para alcançar persuadir eficazmente, ou seja, procede-se à 
história da retórica e à paulatina tecnicização desse instrumento, conforme a 
contribuição dos primeiros retóricos, de Aristóteles e dos sofistas. Como 
complemento indispensável, surgem - por contraste ao início da técnica de 
argumentação - os instrumentos técnicos de manipulação, aí incluída a 
escamoteação da informação.
Ao tratar da manipulação dos afetos, Breton contesta que o apelo ao 
aspecto “irracional” ou “afetivo” da comunicação seja de per si nocivo. “O 
apelo aos valores, um dos recursos da argumentação
democrática, mobiliza 
os afetos em profundidade. As paixões fazem parte do convencer e só se 
pode desejar expurgá-las em nome de um racionalismo estreito que confundiría 
convencer e o ato de demonstrar, razão argumentativa e raciocínio científico. 
É preciso, pois, abrir espaço às paixões” (p. 64). A manipulação, entretanto, 
pretende criar a ilusão, confundir as qualidades do emissor da mensagem 
com a própria mensagem, fazendo crer que a autoridade (ou o encanto pessoal) 
de quem diz algo é aval indiscutível da veracidade do que é dito.
Quando o recurso não é esse, valem-se os demagogos da sedução pelo 
estilo, sendo a forma esmerada o substituto do conteúdo; ou da sedução pela 
clareza (!), em que a brevidade e o desatavio da forma buscam passar-se 
pela sinceridade da mensagem. Do arsenal à disposição da demagogia, cita 
ainda o autor a estetização das mensagens, a intimidação pela ameaça da 
força, a utilização de crianças como veículo da mensagem e, como efeito de 
fusões, a repetição (o slogan político), a sincronização de atitudes entre 
emissor e receptor e o toque físico como forma de predispor o receptor a uma 
aceitação inconsciente do que se lhe vai sugerir.
Em seguida à manipulação dos afetos, Breton aborda a manipulação 
cognitiva, isto é, uma expansão dos falsos silogismos que a tradição retórica 
reuniu. Afirm a haver duas técnicas dessa espécie manipulativa: a do
28 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
enquadramento e a do amálgama. Por enquadramento entende a utilização 
de elementos conhecidos e aceitos pelo interlocutor e sua reordenação de 
modo que se toma impossível opor-se à sua aceitação. No amálgama junta- 
-se um elemento suplementar aos anteriores, de contribuição convincente.
Em termos menos técnicos, trata-se agora é de como desmascarar a matéria 
que pretende falar ao raciocínio e não mais à emoção. Os exemplos de mentiras 
veiculadas como verdade são abundantes, particularmente no campo da 
propaganda comercial e política.
Após um capítulo de exemplificação em que resume as técnicas de 
manipulação dos afetos e da “lógica” (cap. VI), Philippe Breton entra na 
última parte do livro, em que discute os efeitos da manipulação nos receptores 
e as causas de ter-se tomado tão generalizada tal manipulação:
[Existe] “outro efeito, menos conhecido, da manipulação da palavra.
Ela diz respeito a todas as situações em que, consciente da presença de 
manipulação no ambiente, mas sem capacidade de decodificá-la, o público 
se defende desconectando-se de toda palavra. E de supor que esse isolamento 
protetor gere múltiplos efeitos perversos. Muitas pessoas hoje, cansadas do 
que supõem ser tentativas repetidas de obter, contra sua vontade, seu 
assentimento a todo tipo de coisas, do consumo à política, chegando às relações 
de trabalho ou mesmo de amizade, escolhem o caminho do isolamento pessoal 
(...) proveniente de uma crise de confiança na palavra em geral” (: 114). 
Como, então, não ser impelido à desconfiança social e à dúvida sistemática
no que se refere à palavra do outro? Como afirmar sua interioridade, 
mantendo-a soberana nas tomadas de decisões, sem resvalar num auto- 
isolamento individualista? A resposta está no retomo ao cultivo do estudo da 
retórica, das técnicas ‘honestas’ de argumentação, convencim ento e 
persuasão, sem desrespeito dos direitos do receptor, que - em benefício próprio 
e da sociedade em que vive - precisa aprender a fazer frente ao conformismo 
de massa que boa parte da mídia e quase toda a publicidade (a “ultima 
ideologia totalitária”) querem impor-lhe.
Aprender a não ser influenciável ao mesmo tempo permanecendo 
disponível aos outros, deixando de ser destinatário passivo de um espetáculo 
e assumindo a função de ator que procura entender sem permitir que o enganem 
frustra a manipulação, engrandece aquele que a isso se dedica e o faz voltar 
a sentir-se um homem livre. Nesse sentido, o livro de Breton vale como os 
manuais a cujo retomo somos convidados e nos oferece uma independência 
de saber que verdadeiramente se constitui numa forma de ética.
Por/by: Vilma LEMOS 
(Doutoranda em LAEL, PUC-SP)
D.E.L.T.A., 9: 2, 2003 (389-405).
RESENHA 29
Texto 1: ________________________________________________________________
Texto 2: ________________________________________________________________
Texto 3: ________________________________________________________________
Texto 4: _______________________________________________________ _ _______
Texto 5: ________________________________________________________________
2. Cada um desses textos foi produzido em situações de produção diferen­
tes. No quadro abaixo, você tem, na primeira coluna, uma lista de alguns 
dos elementos que sempre caracterizam a situação de produção de um 
texto. Complete o quadro, especificando quais são os elementos que ca­
racterizam a situação de produção de cada um dos textos anteriores. 
Apóie-se no exemplo do texto 1.
Texto 1 Texto 2 Texto 3 Texto 4 Texto 5
A u to r Claudinei
Vieira
Função
social
resenhista 
do site 
ttxtw.ig.com.br
Im agem que 
o au to r tem 
de seu desti­
natário
destinatário 
que costum a 
ler livros
T e m a /
objeto
O livro 0 có­
digo da Vinci
Locais e /o u 
veículos on­
de o texto pos- 
s i v e l m e n t e 
c ircu lará
no site do 
IG
M om ento 
da p ro d u ­
ção
posterior (mas 
não muito) à 
publicação do 
livro
O b jetivo 
do autor do 
texto
dar informa­
ções centrais 
sobre o livro 
e lazer comen­
tários a res-
oeito dele 1
í
j
30 AN NA RACNl L M ALH ADO ; LLiAXci LOLSADA ; Li Li A SANTOS ABREU-TARDELL!
3. O que você pode concluir em relação aos nomes dados aos textos?
4. Considerando que você ou outro aluno vai produzir uma resenha a pe­
dido de seu professor, responda as perguntas abaixo:
a) Qual será o seu papel social ao produzir a resenha?
b) Quem será/serão seu(s) destinatário(s) real(is)?
c) Você acha que ele conhece a obra a ser resenhada ou não?
d) Em que local ou veículo a sua resenha vai circular?
e) Qual será o seu objetivo?
f) Qual será o objetivo de seu destinatário ao ler sua resenha?
C o n c l u in d o -----------------------------------------------------------------------------
Ao escrever uma resenha escolar/acadêmica, você deve levar em consideração que 
estará escrevendo para seu professor que, se indicou a leitura, deve conhecer a obra. 
Portanto, ele avaliará não só sua leitura da obra, através do resumo que faz parte 
da resenha, mas também sua capacidade de opinar sobre ela.
Pa r a c o n t in u a r a c o n v e r s a ...
1. Leia o Texto 2 dos Anexos, “Jornalismo científico”, e discuta, baseando-se nas 
atividades desta seção, o porquê da pouca leitura do Caderno de Resenhas da 
Folha de S.Paulo, que, inclusive, parou de circular.
a) Você conhece algum suplemento desse mesmo jornal ou de outro meio de 
comunicação que seja constituído basicamente de resenhas? Qual?
b) Você tem o hábito de lê-lo?
c) Analise a situação de produção de uma resenha publicada em um jornal ou 
revista.
2. Leia o Texto 3 dos Anexos, “Resenhas de quatro palavras”, retirado do hlog 
Hipopótamo Zeno e discuta:
a) As resenhas publicadas no hlog levam em consideração as características vistas 
nesta seção 2? Justifique.
RESENHA 31
b) Escolha uma das resenhas e verifique se ela apresenta as duas características 
mínimas que uma resenha deve conter.
c) De quais resenhas você mais gostou? Por quê?
d) Pense em um filme que você assistiu e tente criar uma resenha de 4 palavras.
32 ANNA RACHEL M ACHADO j ELIANE LOUSADA ) LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
----------------------------------------------------------------------------------------- SEÇÃO 3
O plano global de uma 
resenha acadêmica (prototípica)
Pa r a c o m e ç a r a c o n v e r s a ...
esta seção, analisaremos o plano global de uma resenha, começando 
por sua leitura e passando, a seguir, a uma análise que leva à iden­
tificação de suas diferentes partes.
1. A seguir, vem uma resenha, que você
ainda não precisa ler integralmen­
te. Passe os olhos por ela, buscando informações que o auxiliem a com­
pletar o quadro abaixo.
L ivro resenhado
A utor do livro
C ontextualização do livro
Tem a do livro
A u to r da resenha
Á rea em que se insere o resenhista
Veículo em que ela foi publicada
L ivros citados nas referências bibliográficas
RESENHA 33
© revista cieVociologia é política - Microsoft Internet Êxplorer
Ender aço ; h t t p : / / v w w . re v is ta so c io lo g ia e p o litica , o r g , b r
'Revista de 
Sociologia 
e Política
TRABALHADORES E CIDADÃOS, de Paulo Roberto Ribeiro Fontes
Edilson José Graciolli
1. O livro de Paulo Fontes — resultado da sua dissertação aprovada junto ao Programa 
de Mestrado em História Social do Trabalho, na UNICAMP — debruça-se sobre a história 
dos operários da Nitro Química, empresa construída no subúrbio paulistano de São 
Miguel a partir do final de 1935, cuja produção iniciou-se em setembro de 1937. Inserida 
na tentativa de compreender a dinâmica da industrialização no Brasil, a pesquisa elegeu 
essa unidade produtiva como espaço cotidiano e complexo da luta de classes2 onde, de 
um lado, a Nitro Química (uma espécie de “CSN do setor químico”) elaborou um sistema 
de dominação específico e, de outro, os trabalhadores construíram respostas próprias 
a ele, vivendo uma tensa e rica experiência, ora de resistência, ora de relativa integração 
àquele sistema.
2. No dizer do próprio autor, objetivou-se “[...] aprofundar a análise da montagem, da 
lógica interna, contradições e legitimação ou não por parte dos trabalhadores de um 
determinado modelo de dominação e gestão da mão-de-obra criado pela Nitro Química 
ao longo dos anos quarenta e desenvolvido plenamente na década seguinte” (p. 14). O 
diagnóstico que se apresenta sobre esse modelo indica-o como articulado em torno de 
vários aspectos próprios à ideologia corporativa3 e ao nacional-desenvolvimentismo, que 
marcava o Estado brasileiro de então.
3. O recorte temporal (os anos cinquenta) justifica-se, segundo Paulo Fontes, por ter 
sido esta a década onde o modelo de dominação empresarial gestado nos anos ante­
cedentes viveu o seu ápice e, também, o início do seu esgotamento, uma vez que a 
reciprocidade entre empresa e trabalhadores sofreu enormes desgastes, dado o avanço
2 “O conceito de classe tem uma importância capital na teoria marxista". (...) “Marx e Engels admitiram 
que a classe era uma característica distintiva das sociedades capitalistas” (Bottomore, 1983/2001), consi­
derando-se que suas duas principais classes seriam a burguesia e a classe operária. Ainda para esses 
autores, a burguesia seria “a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios da produção social 
e empregadores do trabalho assalariado (Marx, Manifesto comunista, 1888). Segundo Marx e Engels, a história 
de todas as sociedades existentes até o tempo em que escreveram seria a história das lutas de classe”, 
que se constituiria como a luta do operariado contra a burguesia.
3 Segundo o Dicionário Houaiss, “corporativista” é adjetivo referente a “corporativismo”, que pode ser
compreendido como: “1 doutrina que considera os agrupamentos profissionais como uma estrutura
fundamental da organização política, econômica e social e preconiza a concentração das classes produtoras 
em forma de corporações tuteladas pelo Estado”.
(URL :http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=corporativismo (30/08/04)
•€Éj (3 item(ns)s restante(s)) Abrindo página http://www.reyistasociologiaepolitica.org,br/principal,php?setpididiama=...
34 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=corporativismo
http://www.reyistasociologiaepolitica.org,br/principal,php?setpididiama=
© revista de sociologia e política - Microsoft Internet Exptorer
Endereço h t t p ;/ / v m w , rev is tasoc io log idepotiirica .o rg .b r
e Política
de uma identidade sociocultural própria entre os operários, em função da aguda atuação ía 
sindical e política nos anos anteriores a 1964. i
4. O trabalho se estrutura em cinco capítulos. No primeiro, apresenta-se uma análise do í 
contexto que marcou a trajetória da empresa, desde a sua criação até o final dos anos s 
cinquenta. Tal análise permite ao leitor a intelecção de aspectos, como por exemplo as 
relações de cumplicidade havidas entre o governo de Getúlio Vargas e os proprietários
da Nitro Química (José Ermírio de Moraes e Horácio Lafer), ou ainda o lugar que a - 
Segunda Guerra desempenhou no crescimento econômico da empresa. Encontram-se 
também menções ao complemento que o Círculo Operário Católico de São Miguel 
significou ao serviço de assistência fabril” , onde capital e trabalho deveriam se harmo­
nizar. Até mesmo a origem majoritária dos operários (fundamentalmente nordestinos) 
era apropriada pelo discurso empresarial enquanto fator de “integração”. A “nordestinidade” 
reforçaria, assim, a busca da paz social. Não obstante tratar-se de uma empresa 
privada, a Nitro Química apresentava-se como instrumento a serviço dos interesses 
nacionais, fator de patriotismo, da mesma forma como, por exemplo, a Companhia 
Siderúrgica Nacional o fazia. A implicação desse elemento de dominação era imediata: 
ser parte da família nitrina significava atender aos interesses da nação e, con­
sequentemente, fazer greves ou outros movimentos reivindicatórios seria contrapor-se a 
tais interesses.
5. Para que o patriotismo visado não desse margem a qualquer confusão com o “falso” 
nacionalismo dos comunistas, desde cedo a empresa se preocupou em combater o 
comunismo. E o fez com base em mais dois mecanismos centrais: o espírito pioneiro 
e desbravador dos “pais” da família nitrina e a constante procura de um capitalismo 
sadio, humano e progressista. Este último elemento explicitava a especificidade de uma 
empresa privada a serviço da Nação, quando comparada com as firmas estatais. A Nitro 
Química, ainda que pertencente a proprietários particulares, mantinha-se, ao menos no 
discurso, ‘aberta às questões sociais’. Todavia, essa ideologia era acompanhada de um 
poderoso e eficaz instrumento prático, o Serviço Social. Para além das palavras, um 
conjunto de “benefícios” (médico-odontológico, de abastecimento, cooperativo, recreati­
vo, de segurança) objetivava garantir o disciplinamento no espaço extrafabril sobre os 
operários.
6. O capítulo 4 dedica-se ao estudo da organização sindical dos operários da Nitro 
Química e das suas relações com o Partido Comunista, cuja militância em São 
Miguel Paulista era destacada, tanto no âmbito sindical quanto em outros aspectos 
da vida cultural e social do bairro (como, por exemplo, na organização de festas, 
bailes, apresentações teatrais, excursões e palestras). Paulo Fontes faz um bom 
relato das razões pelas quais os trabalhadores olhavam com muita desconfiança 
para o Sindicato, uma vez que este atrelava-se à política da empresa. Em meio a
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.<É|] (3 item(ns)s restante(s)) Abrindo página h ttp : //www, re vistasociaiogiaepolitica, org, br/principal. php?setpididioma=.,.
RESENHA 35
Endereço httpi^www.revistasociQtogiaepQlitica.org.br__________________________________________________________________________ v j ^
Revista de
Sociologia 
e Política
essa discussão, o autor analisa o significado do assistencialismo4 para os trabalhado­
res e conclui que este não pode ser visto apenas como um reforço à tutela do Estado 
sobre sindicatos, sendo, também, “[...] parte da cultura dos trabalhadores e de suas 
organizações, tendo provavelmente relações com as práticas de solidariedade tradicio- ' 
nalmente exercidas por estes” (p. 136). Aqui me parece manifestar-se uma das lacunas s| 
deste que é um bom trabalho. Mais adiante voltarei a isto.
7. O último capítulo analisa a greve dos trabalhadores da Nitro Química acontecida de 
24 a 31 de outubro de 1957, a mais longa da sua história até então. Uma nova diretoria 
no Sindicato dos Químicos, empossada em novembro de 1956, apresentava
uma linha 
de ação bem diferenciada do que até aquele momento se verificava na entidade. Ao invés 
de contratos por empresa, essa diretoria buscava firmar contratos com os sindicatos 
patronais. A proeminência do setor jurídico deu lugar ao investimento na participação dos 
trabalhadores, inclusive com a escolha de delegados sindicais.
8. A greve na Nitro Química iniciou-se no mesmo dia em que a famosa greve dos 400 
mil trabalhadores chegou ao final. Nesta, seis categorias obtiveram importantes conquis­
tas econômicas e impuseram uma vitória no embate com os respectivos segmentos do 
empresariado. Neste contexto é que, segundo Paulo Fontes, pode-se entender o movi­
mento grevista dos operários da Nitro que, após oito dias de confronto com o aparelho 
repressivo do Estado e a intransigência patronal, revelou-se vitoriosa, pois a empresa 
concordou com a reivindicação central (20% de reajuste sobre os salários vigentes em 
agosto de 1956), além de não punir os grevistas. Para Fontes, “a greve de outubro de 1957 
representou uma inflexão profunda nas relações de reciprocidade entre a Nitro Química e 
seus trabalhadores. A imagem, já em progressivo desgaste no período anterior, de uma 
grande e poderosa empresa provedora de benefícios para seus trabalhadores, sofreria um 
forte abalo com a paralisação” (p. 163). Tal inflexão se deu porque “[...] se os chamados 
benefícios sociais da Nitro puderam em alguns momentos cumprir o papel de ajudar a evitar 
que a maioria dos trabalhadores da fábrica aderisse a protestos e movimentos grevistas, 
em 1957 eles já não tinham mais esta capacidade” (p. 164).
9. Além de ser resultado de uma acurada pesquisa sobre as manifestações co­
tidianas daquele segmento da classe trabalhadora nos anos cinquenta, o livro de
4 Segundo o Dicionário Houaiss, “Assistencialismo" seria, do ponto de vista da sociologia, “doutrina, sistema 
ou prática (individual, grupai, estatal, social) que preconiza e/ou organiza e presta assistência a membros 
carentes ou necessitados de uma comunidade, nacional ou mesmo internacional, em detrimento de uma 
política que os tire da condição de carentes e necessitados". Do ponto de vista político, com conotação 
pejorativa, “sistema ou prática que se baseia no aliciamento político das classes menos privilegiadas através 
de uma encenação de assistência social a elas; populismo assistencial” [URL :http://houaiss.uol.com.br/ 
busca.jhtm?verbete=assistencialismo (30/08/04)].
■jÉrj (3 item(ns)s restante(s)) Abrindo página http://www.revistasociologiaepolitica.org.br/principal,php?setpidídioina=.,.
36 ANN A RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍ LIA SANTOS ABREU-TARDELLI
http://www.revistasociQtogiaepQlitica.org.br
http://houaiss.uol.com.br/
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Endereço m http :jjmtw . revEtasoclologiaepolitica .org.br_______ _______________________________________________________ | v | -
Revistade 
Sociologia 
e Política
Paulo Fontes aponta para aspectos fundamentais da possibilidade de uma ação 
ofensiva por parte dos trabalhadores: “A ação da militância comunista e sindical no ~ 
interior da fábrica pôde potencializar este descontentamento operário para a con­
quista da direção do sindicato, para a organização no local de trabalho e para 
realizar uma campanha salarial na empresa em diferentes moldes no ano de 1957. 11
A nova orientação do sindicato tornava-o aos olhos dos trabalhadores um efetivo 
instrumento para a conquista de direitos, um porta-voz coletivo de seus represen­
tados e, portanto, uma necessidade” (p. 165).
10. Porém, teriam, efetivamente, os trabalhadores da Nitro experimentado a greve 
de outubro de 1957 fundamentalmente em função de uma intensa organização 
interna à empresa? Esta é uma das principais conclusões polêmicas que Paulo 
Fontes apresenta em relação ao que outros autores (notadamente Leôncio Martins 
Rodrigues e Armando Boito Jr.) sustentam a respeito, uma vez que, para estes 
autores, praticamente inexiste, no período, organização sindical nos locais de tra­
balho. Rodrigues afirma que as greves são organizadas “[...] de dentro para fora 
das empresas” (RODRIGUES, 1966: 76) e Boito Jr. sustenta que ‘‘o sindicato de 
Estado não organiza de modo sistemático e estável os operários e demais traba­
lhadores” (BOITO Jr., 1991: 236), sendo, isto sim, um importante fator para sua frágil 
presença nos locais de trabalho.
11. Parece-me que falta ao texto de Fontes um tratamento mais detalhado da 
estrutura sindical oficial5 (montada sobre a unicidade sindical, as contribuições 
compulsórias, a carta sindical e a justiça trabalhista) e o seu efeito moderador nas 
lutas reivindicatórias dos trabalhadores. O próprio assistencialismo pode e deve ser 
analisado enquanto importante complemento a essa forma histórica de 
enquadramento dos sindicatos. Entendê-lo como “[...] parte da cultura dos traba­
lhadores e de suas organizações [...]”, relacionando-o “[...] com as práticas de 
solidariedade tradicionalmente exercidas por estes”, significa perder de vista as 
determinações da totalidade social capitalista sobre esta cultura e não explicitar o 
resultado último do assistencialismo: reforçar a subalternidade, obstando, inclusive, 
manifestações mais abrangentes e agudas da consciência de classe, menos 
atadas ao contingencial.
12. Desde o título do livro presume-se que a questão da cidadania merecerá atenção.
De fato, em alguns momentos isto se dá, como nos trechos seguintes: “O desrespeito 
da companhia aos direitos adquiridos pelos trabalhadores nas leis do País eram 
outro foco de grande insatisfação. A Nitro redefinia o que era direito do trabalhador no 
âmbito de seu espaço (p. 163)”; “Organizados e mobilizados, os trabalhadores nitrinos 
desenvolveram nesse período uma série de lutas, como as reivindicações pelas taxas
5 Estrutura dos sindicatos montada pelo governo da época.
■ã 1| (3 item(ns)s restante(s)) Abrindo página http://www,revistasodologiaepolitica.org.br/principai,php?setpididioma==,,.
RESENHA 37
http://www,revistasodologiaepolitica.org.br/principai,php?setpididioma==
Revista de 
Sociologia 
e Política
de insalubridade e pelo abono de Natal, até hoje fortemente presentes na memória 
social daquele grupo operário. Até 1964, a Nitro, vivendo agora um período de forte 
decadência seria conhecida [...] como uma fábrica ‘quente’ do ponto de vista da 
militância sindical. O Sindicato dos Químicos de São Paulo foi, a partir de então, um 
instrumento vital para a conquista de direitos” (p. 173).
13. Todavia, no trabalho não se qualifica ‘‘cidadania”. Esta ausência dificulta, inclu­
sive, a percepção do projeto de cidadania que, eventualmente, aqueles trabalha­
dores possuíam, se é que essa questão (a luta por uma extensão dos direitos) 
realmente tenha ocupado o centro das suas mobilizações. Pelo exame dos docu­
mentos, entrevistas e outras fontes citadas no livro, percebe-se que o eixo da 
própria greve de 1957 foi o combate ao arrocho salarial, ou seja, a rejeição à 
superexploração da força de trabalho6, remunerada aquém do seu próprio valor de 
troca7. Naquele momento, tais trabalhadores teriam articulado suas reivindicações 
mais imediatas ao menos a um projeto de reformas sociais? A identidade que 
construíram permaneceu no momento econômico-corporativo, estendeu-se mini­
mamente a outros segmentos da classe trabalhadora ou, ainda, tangenciou a 
necessidade desta diferenciar-se com vistas à luta pela hegemonia? O 
enfrentamento destas indagações permitiría vislumbrar os contornos do que o 
autor está entendendo por cidadania e, mais que isto, verificar em que medida 
aquelas lutas operárias se expressaram também nessa dimensão.
14. Essas observações em nada diminuem o vigor do livro. O exaustivo trabalho de 
pesquisa que se pode perceber e a constante preocupação com o fazer-se dos 
operários da Nitro Química em suas experiências de resistência credenciam-no 
como leitura obrigatória aos que se interessam pelo mundo do trabalho, quer pelo
ofício de pesquisador, quer pela militância sindical ou, ainda, pela absoluta neces­
sidade de se compreender a realidade brasileira.Recebido para publicação em março 
de 1998.
Edilson José Graciolli (ejgmz@triang.com.br) é Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas 
(UNICAMP) e Professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOITO Jr., A.. (1991). O sindicalismo de Estado no Brasil. São Paulo/Campinas, Hucitec 
UNICAMP. RODRIGUES, L. M. (1966). Conflito industrial e sindicalismo no Brasil. São Paulo, Difel.
URL: http://www.revistasociologiaepolitica.org.br/resumo.php?pidtexto=296 (29/08/04)
6 Para a teoria marxista, os operários vendem sua “ força de trabalho” aos capitalistas em troca de um 
salário em dinheiro. A “força de trabalho” é uma mercadoria comprada e usada pelo capitalista para obter 
trabalho e aumentar o valor de outras mercadorias. Ao pagar um valor menor do que o valor que o trabalho 
por eles extraído acrescenta às mercadorias, estariam superexplorando a força de trabalho e remunerando 
abaixo do “valor de troca” dessa força de trabalho.
v
38 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
mailto:ejgmz@triang.com.br
http://www.revistasociologiaepolitica.org.br/resumo.php?pidtexto=296
2. A partir das respostas que você deu para a atividade 1, levante hipóteses 
e responda:
a) Quais seriam as características profissionais do resenhista?
b) Qual seria o tema do livro resenhado?
c) Por que será que o autor da resenha cita outros livros no que ele chama de 
“referências bibliográficas”?
3. Você viu, na seção 1, que as resenhas se caracterizam por apresentarem 
pelo menos dois movimentos básicos: a descrição ou o resumo da obra 
e os comentários do produtor da resenha. Preencha o quadro abaixo com 
trechos da resenha que você acabou de ler, que correspondam a esses 
dois movimentos
Trechos descritivos/resumidores da obra Trechos de comentários
4. Agora vá observando a resenha atentamente e faça as atividades indicadas 
para cada parágrafo.
4.1. Pensando sempre que a resenha apresenta trechos descritivos sobre um outro 
livro, seus objetivos, seus conteúdos, sua estrutura etc., verifique:
a) O que é apresentado no primeiro parágrafo?
RESENHA 39
b) O que é apresentado no segundo parágrafo? Qual verbo, neste parágrafo, 
indica o que é apresentado?
c) O que é apresentado no terceiro parágrafo? Qual verbo indica o que é apre­
sentado?
d) Verifique o que o resenhista apresenta sobre a obra resenhada em cada um dos 
parágrafos, do quarto ao oitavo.
4o e 5° parágrafos:___________________________________________________
6 o parágrafo: _______________________________________________________
7o e 8 o parágrafos:______ ____________________________________________
Liste as expressões que introduzem os tópicos tratados nesses parágrafos.
4.2. Agora, pensando que a resenha também apresenta trechos de comentários sobre 
a obra, verifique:
a) O que o resenhista acrescenta no nono parágrafo?
( ) um comentário negativo 
( ) um comentário positivo
Sublinhe no texto as palavras que o indicam.
40 ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
b) No décimo parágrafo, o resenhista introduz outros autores, citados na biblio­
grafia. Qual a relação desses autores com a obra resenhada? Como o resenhista 
qualifica essa relação?
c) O que o resenhista apresenta do 11° ao 13° parágrafos?
( ) um comentário negativo
( ) um comentário positivo
Sublinhe no texto as palavras que o indicam.
d) Qual é a avaliação mais marcante do resenhista sobre a obra? Positiva ou 
negativa? Justifique com trechos da resenha.
5. Relacione as idéias abaixo com o(s) parágrafo(s) em que elas aparecem.
( ) comentário positivo
( ) resumo do 5o e último capítulo
( ) menção ao número de capítulos que o livro contém
( ) apresentação do livro e do tema por ele abordado
( ) resumo do 4o capítulo
( ) conclusão positiva
( ) resumo do Io capítulo
( ) comentário negativo
( ) objetivo do livro resenhado
6. De acordo com a organização dos conteúdos, podemos dizer que a rese­
nha lida apresenta 8 grandes partes, conforme indicamos no quadro abai­
xo, com a enumeração do agrupamento dos parágrafos. Nos espaços em 
branco, escreva uma frase resumindo o que é apresentado em cada uma 
dessas partes.
RESENHA 41
3 primeiros parágrafos
4o e 5o parágrafos
6o parágrafo
7o e 8o parágrafos
9o parágrafo
10° parágrafo
11°, 12° e 13° parágrafos
14° parágrafo
C o n c l u in d o ...
Você viu que a resenha acadêmica é organizada globalmente em diferentes partes. 
Generalizando, reveja as atividades desta seção e complete o texto com as palavras 
do quadro abaixo, expressando suas conclusões sobre os conteúdos que normal­
mente aparecem nessas diferentes partes.
C om entários — os objetivos — a conclusão — a apreciação — Inform ações 
sobre o contexto e o tem a do livro.
No início de uma resenha, encontramos _____________________ . Em seguida,
_______________ da obra resenhada. Antes de apontar os comentários do rese-
nhista sobre a obra, é importante apresentar a descrição estrutural da obra resenhada. 
Isso pode ser feito por capítulos ou agrupamento de capítulos. Depois, encon­
tramos ______________ do resenhista sobre a obra. Aliás, é importante que haja
tanto______________ positivos quanto negativos. Finalmente, _____________ ,
em que o autor deverá explicitar/reafirmar sua posição sobre a obra resenhada.
Pa r a c o n t in u a r a c o n v e r s a ...
Leia a resenha a seguir e verifique se ela contém as mesmas partes da resenha que 
acabamos de analisar.
42 ANNA RACHEL M ACHADO j ELIANE LOUSADA | LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
# ] Resenhas - Microsoft Internet Erplorer
.br/resenhõs/lrfipacfcoí.htra v f -
R e se n h a s RESENHAS
■A;
O h o m e m 8 o 
m u n d o n a tu ra l
Keith Thom as
F lo o d s o f fo r tu n e
M icheí Gouiding, 
Nige! Srn ith , Denis 
M ahar
Impactos 
Ambientais 
Urbanos no Brasil 
Antônio Teixeira 
Guerra , Sandra 
B a p tis ta da Cunha
O u tra s re s e n h a s
E n v ie sua 
re s e n h a
rae34(5.iuril. corn.br
IM PACTOS AM BIENTAIS URBAN O S 
NO BRASIL
A n tô n io José Teixeira G uerra e Sandra 
B aptis ta da Cunha, Ed. B e rtra n d B rasil.
por Bruno Buys
Impactos ambientais urbanos no Brasil é 
uma coleção de artigos de diferentes 
autores, organizados por Antônio Teixeira 
Guerra e Sandra Baptista da Cunha, que 
analisam os impactos ambientais enfren­
tados por cidades brasileiras em diferentes contextos econômi­
cos, sociais e históricos da ocupação do território brasileiro.
Em sua grande maioria, as cidades brasileiras nasceram e se 
desenvolveram sem nenhuma preocupação de adequada utili­
zação do solo e do espaço. Conceitos como sustentabilidade, 
qualidade do ar e da vida aqui por estas plagas são coisa 
recente, talvez impulsionados pela Rio-92.
Os artigos escolhidos abordam problemas ambientais em cida­
des estudadas pelos organizadores e pelos demais autores de 
capítulos: pequenas cidades como Açailândia, no Maranhão, 
cujo nascimento e crescimento estiveram ligados à economia 
da madeira e da extração de ferro de Carajás. Sorriso, no Mato 
Grosso, tema de um capítulo, é um assentamento criado pelo 
governo federal através de políticas públicas de ocupação do 
cerrado brasileiro, no começo da década de 1980. Ocupado 
principalmente por população vinda do sul do país, Sorriso vive 
da agricultura de grande escala mecanizada, às margens do 
Rio Teles Pires, um subafluente do Rio Madeira, que deságua 
no Amazonas. Teresópolis, Florianópolis e Petrópolis e seus 
problemas ambientais são tema de capítulos específicos, as­
sim como Rio de Janeiro e São Paulo.
O que mais chama a atenção do leitor ao longo da obra, inde­
pendente do tamanho ou das características da cidade, é a falta 
de planejamento pelo setor público. Talvez seja esta a maior 
constante, similar nos casos extremos desde Sorriso e Açailândia 
até São Paulo e Rio. Os assentamentos
humanos brasileiros 
carecem de qualquer esboço de planejamento, sendo seu cres­
cimento orientado pela lógica do maior lucro, até onde as ques­
tões ambientais começam a impor um ônus tão grande que se 
invoca a ação pontual e emergencial do Estado.
Concluído
RESENHA 43
Endereço »|») http: ffwww. comciencia. br/resenhas/impactos, htm __________M t
Resenhas
O hom em e o 
mundo natural
K eith Thornas
Floods of fortune
M iche! Gouiding, 
Nige! Sm ith , Denis 
M ahar
Impactos 
Ambientais 
Urbanos no Brasil 
Antônio Teixeira 
G uerra , San d ra 
B a p tis ta da Cunha
Outras resenhas
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resenha
rae34iaiuol.com.br
RESENHAS
Neste sentido, apesar da diversidade de autores e estilos, o livro 
é uma séria crítica à ação do Estado nos três níveis, municipal, 
estadual e federal. Setores da população urbana brasileira convi­
vem com problemas ambientais sérios, capazes de provocar 
mortes como deslizamentos, desbarrancamentos e enchentes. 
Falta de infraestrutura básica como saneamento e esgoto em 
áreas residenciais de classe baixa fornecem o material perfeito 
para o desenvolvimento de voçorocas, grandes ravinas formadas 
por erosão do solo, que podem, em estado avançado, provocar 
deslizamentos de terra. Em Sorriso, no Mato Grosso, uma cidade 
fundada há apenas quinze anos, o estado de deterioração 
ambiental chama a atenção para a facilidade e o curto prazo em 
que o homem pode modificar o ambiente natural, tornando-o ina­
dequado à vida. A cidade é pontilhada por voçorocas que casti­
gam os habitantes cotidianamente. Ruas inteiras somem dentro 
delas, principalmente as de bairros mais pobres, é claro. A polui­
ção das águas do rio Teles Pires pelos defensivos e insumos 
agrícolas tornam a água inadequada ao consumo.
A população urbana brasileira, principalmente a de grandes cen­
tros, vive constantemente em situação ambiental muito ruim. 
Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera de 
desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira geral, o bra­
sileiro não está educado nem conscientizado para a necessidade 
de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o ambiente e a 
qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal maior. Inicia­
tivas — tímidas — como o rodízio de carros particulares em São 
Paulo, entre 1996 e 1998, deram mostras de seu potencial em 
melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no transporte. 
Porém, esbarram no individualismo da solução automotiva e do 
status que o carro tem na nossa contemporaneidade.
No Rio de Janeiro, habitações de classe baixa proliferam em 
áreas de risco de deslizamento. O poder público faz vista grossa, 
por não poder oferecer melhores condições de habitação a esta 
população. No verão e nas enchentes, o salve-se-quem-puder 
dos resgates e o denuncismo da mídia são a tônica.
Embora utilize conceitos e terminologias de várias áreas de co­
nhecimento dedicadas à questão ambiental, a obra é basicamen­
te um livro de geografia. Os organizadores são geógrafos e pro­
fessores do Departamento de Geografia da Universidade
JConcWdo
44 ANNA RACHEL M ACHADO | ELIANE LOUSADA ] LÍLIA SANTOS ABREU-TARDELLI
Endereço http://wrwj.comcienda.br/resenhas/impacto5.htm
Resenhas
Q homem e o 
mundo natural
Keith Thom as
Floods of fortune
M ichei Gouiding, 
Nigel Sm ith , Deriis 
M ahar
Impactos 
Ambientais 
Urbanos no Brasil 
^nfôn /o Teixeira 
Guerra , Sandra 
B a p tis ta da Cunha
O u tra s re s e n h a s
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€ 1 Concluído
RESENHAS
Federal do Rio de Janeiro/Universidade do Brasil. Embora 
tenha sido planejado para alunos e pesquisadores não só de 
geografia, mas de áreas com preocupações ambientais como 
engenharia civil e agronômica, ciências da terra, biologia/ 
ecologia e geografia, a obra fica aquém do que se esperaria 
no quesito clareza de expressão e preocupação com jargões 
e terminologias específicas da geografia. O leitor não-geógrafo 
poderá sentir alguma dificuldade. Por outro lado, o livro é 
muito bem-sucedido na escolha dos problemas relevantes a 
serem tratados, que devem interessar a todo o universo-alvo 
escolhido, bem como ao brasileiro em geral que esteja pre­
ocupado com os destinos do país.
A conservação da natureza, da Amazônia, e a preservação da 
biodiversidade são temas constantes nos nossos diários e 
noticiários. Estão na pauta do dia, junto com esforços de 
grandes organismos internacionais como a ONU e o Banco 
Mundial. É preciso dizer com igual clareza e embasamento 
científico que o espaço das cidades também pertence ao 
universo de preocupações ambientais dignas de esforço 
público e investimentos. Nossa modernidade tecnológica pre­
cisa, definitiva e irreversivelmente, incluir critérios de excelên­
cia ambiental no planejamento urbano das cidades. No Bra­
sil, este é um imperativo imediato, caso não queiramos en­
dossar o exemplo da cidade de São Paulo, onde o caos no 
transporte e o nível de qualidade do ar beiram constantemen­
te o limite aceitável. Em alguns casos ultrapassam.
Atualizado em 22/06/01 URL: http://www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm 
(29/08/04)
0
RESENHA 45
http://wrwj.comcienda.br/resenhas/impacto5.htm
http://www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm
----------------------------------------------------------------------------------------- SEÇÃO 4
Os mecanismos de conexão: o 
uso dos organizadores textuais
Pa r a c o m e ç a r a c o n v e r s a ...
uando se escreve um texto, é importante guiar o leitor para que ele 
possa entender as diferentes relações que queremos estabelecer entre 
as idéias. Essas relações entre as idéias são dadas por palavras que 
“organizam” o que está sendo dito, ou seja, os organizadores tex­
tuais. Grande parte deles são conhecidos, na gramática normativa, 
como conectivos, mas vistos apenas como elementos de conexão de 
frases. Como veremos, sua função é mais ampla: estabelecer relações entre as idéias, 
não só nas frases, mas também entre os parágrafos. Nesta seção, analisaremos os 
organizadores textuais encontrados na resenha estudada e veremos quais são suas 
funções.
1. Consulte a resenha “Trabalhadores e cidadãos” mais uma vez e identifi­
que os parágrafos em que o resenhista
Parágrafo(s)
Apresenta uma conclusão do livro que ele classifica como polêmica
Faz comentários negativos em relação à obra resenhada
2. Observe os organizadores textuais que iniciam os parágrafos 10 e 13. 
Qual é a relação lógica que esses dois organizadores estabelecem entre 
o parágrafo que inicia e o parágrafo que os precede?
RESENHA 47
( ) causas e justificativas sobre o que foi dito no parágrafo anterior 
( ) contraste ou argumentos contrários ao que foi dito no parágrafo anterior
( ) complemento adicional ao que foi dito no parágrafo anterior
3. Classifique os conectivos abaixo no quadro a seguir, segundo suas funções.
N ão só... mas tam bém — entretanto — com efeito — em bora — ainda que — 
no entanto — de fato — contudo — apesar de — mesmo que — mas
C onectivos que indicam 
adição de idéias
C onectivos que indicam 
contraste entre idéias 
ou argumentos contrários
Conectivos que indicam 
explicação/ constatação/ 
confirmação
4. Além dos conectivos acima, podemos também encontrar outros que têm 
valores/funções diferentes. Marque com 0 os conectivos que introduzem 
conclusões e com Q os que introduzem argumentos, causas ou justificativas.
( ) já que ( ) assim ( ) uma vez que ( ) devido a
( ) por isso ( ) como ( ) isso posto ( ) pelo fato de
( ) assim sendo ( ) portanto ( ) porque ( ) pois
5. Identifique os conectivos nos trechos abaixo.
Texto 1
Nas últimas décadas, a obra de Vygotsky tem sido intensamente recupe­
rada, pois sua influência sem dúvida é crescente no panorama atual, 
tanto no tocante à psicologia cognitiva quanto à educação em geral.
Este é um texto claro e abrangente de psicologia pedagógica, destinado 
sobretudo à formação docente, cujo destaque é a grande amplitude dos 
temas abordados (...)
In: L. Vygotsky. 2001. Psicologia pedagógica. Edição

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