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Como é o trabalho do docente e o planejamento O principal objetivo da organização do planejamento é o de possibilitar que o professor desenvolva um trabalho sistemático que significa considerar, entre outros aspectos, uma continuidade entre uma aula e outra; a previsão do ensino dos conhecimentos complexos para o aluno depois daqueles menos complexos; e a seleção de atividades adequadas aos conhecimentos que serão ensinados. Espera-se que, orientado por esses aspectos, o trabalho docente produza resultados positivos e duráveis sobre o desenvolvimento e a aprendizagem de todos os alunos. É fato que, em muitas instituições escolares, o tempo para organizar e refletir sobre o trabalho é algo de que, em geral, os professores não dispõem. A maioria dos profissionais da educação trabalha em dois turnos, o que faz com que sejam responsáveis por um número excessivo de alunos e gastem grande parte de seu tempo fora da sala de aula com a correção de trabalhos. Além disso, os contratos de trabalho não preveem tempo para reuniões coletivas regulares. Planejar requer tempo de atividades extraclasse, para o trabalho individual e coletivo de planejamento. O planejamento é, portanto, condição necessária para que se mantenha nítido o horizonte das ações pedagógicas em torno da alfabetização e do letramento e do domínio de capacidades que propiciem ao aluno ler e escrever com progressiva autonomia e se engajar em práticas sociais da leitura e da escrita. Aquilo que chamamos de fase ou etapa pré-silábica constitui na realidade, um longo período, no qual, para a pergunta o quê, as variadas respostas que a cri- ança vai elaborando têm em comum um desconhecimento: ela ainda não descobriu que a escrita nota ou registra no papel a pauta sonora, isto é, a sequência de pedaços sonoros das palavras que falamos. Uma coisa tão evidente para os indivíduos alfabetizados, e tratada pelos métodos tradicionais de alfabetização como um conhecimento que já estaria “pronto” na mente dos aprendizes, ou que bastaria ser a eles transmitido, vai ter que ser redescoberta por todos os indivíduos que vivem em sociedades que usem escritas alfabéticas. “O treinamento motor, que está incluído em todos os exercícios, é feito em forma de recorte e colagem na 1ª e 2ª etapas e com o uso do lápis na 3ª etapa. O uso de formas gráficas como números e letras não significa uma entrada no campo da escrita, o que seria totalmente prematuro, antes da aquisição da leitura, mas apenas um treinamento motor da movimentação direcional certa que a criança necessitará mais tarde”. (POPPOVIC; MORAES, 1966, p. 23). Num momento inicial, as crianças bem pequenas ainda não distinguem desenho e escrita, de modo que, muitas vezes, ao pedirmos que escrevam uma palavra que denomina um objeto ou animal, desenham a forma em foco. Vemos, em seguida, no percurso evolutivo, que as mesmas crianças, ao escreverem determinadas palavras do jeito que sabem, começarão a produzir garatujas e rabiscos, parecidos com letras. Isso tende a ocorrer, hoje em dia, cada vez mais cedo, graças à profusão da escrita, resultante da disseminação das novas tecnologias da informação. A ideia de avaliar a alfabetização surge da necessidade de obtenção de informações sobre o quadro do ensino quando ainda é possível corrigir os percursos dos alunos. Isto é, surge da necessidade de diagnosticar os níveis de aprendizagem do alfabetizando em momentos mais precoces da escolarização, de modo a poder encontrar caminhos alternativos para que a criança aprenda a ler e a escrever. A avaliação toma como pressuposto que leitura e escrita são dois proces sos que se constroem nas práticas sociais. Entender a leitura como um process o significa compreender o papel ativo do leitor na construção de sentidos. Ler envolve habilidades que vão desde decodificação (isto é, relacionar os sons da língua às letras que os representam), passando pela capacidade de compreender (que exige estabelecer relações entre o que está escrito e o conhecimento de mundo do leitor) e chegam à capacidade de posicionamento crítico diante de textos escritos (à manifestação da opinião sobre o texto lido, o concordar e o discordar dos pontos apresentados). Avaliações externas ou avaliações sistêmicas são produzidas com a intenção de dar ao gestor (geralmente as secretarias de educação do município, do Estado, do País) informações que podem orientar a implementação de políticas públicas de educação. Avaliações dessa natureza permitem a construção de um diagnóstico do sistema de ensino, revelando os saberes construídos pelos alunos em diversos momentos do seu percurso escolar. Como exemplo temos duas avaliações externa de abrangência nacional: o SAEB e a Prova Brasil, ambas implementadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão do Ministério da Educação (MEC). O SAEB avalia habilidades de leitura dos alunos de quarta e oitava séries do Ensino Fundamental e do terceiro ano do Ensino Médio. NA prova brasil os objetivos dessa avaliação são semelhantes aos do SAEB no que diz respeito à promoção de melhores padrões de qualidade e equidade da educação no País. Esse tipo de avaliação é um instrumento que tem como finalidade gerar ações voltadas para a correção de distorções no ensino, o que implica ações de apoio técnico e financeiro à escola. Os resultados de avaliações externas não podem ser ignorados pela escola. É preciso fazer com que eles gerem respostas, que tenham influência direta nas ações que se realizam na sala de aula todos os dias, mas não se pode atribuir à avaliação externa o poder de identificar todas as habilidades que os alunos já possuem. Essa é uma avaliação limitada, que apenas ajuda a escola e o professor a fazer um diagnóstico das turmas de alfabetização.
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