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RESUMO1 SOBRAL, Adail.;GIACOMELLI, Karina. Observações didáticas sobre a análise dialógica do discurso. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n.3, p. jul./set. 2016. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/33006 João Carlos N. Bispo.2 Este trabalho busca resumir o artigo Observações didáticas sobre a análise dialógica do discurso - ADD, dos autores Dr. Adail Sobral e Drª. Karina Giacomelli, ambos professores universitários na área da linguística, que ao sentir a necessidade de ter um texto que abordasse de maneira didática os principais tópicos da Análise Dialógica do Discurso (ADD) de Bakhtin e do círculo, de modo que os universitários da graduação pudessem iniciar os estudos nessa área com mais facilidade. Logo no início, os doutores deixam claro que eles não pretendem substituir a leitura de obras que aprofundam o estudo na ADD, mas sim, como mencionado anteriormente, promover uma leitura introdutória sobre os principais conceitos desta teoria. Diante disso, Sobral e Giacomelli buscam estabelecer uma escrita acessível e "um texto didático, curto e sintético, que servisse de roteiro para a ulterior leitura de textos que abordem os tópicos mais relevantes da ADD". (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1077). Para isso, decidem esclarecer qual é a unidade de análise da ADD, que é a interação que gera o enunciado, uma vez que, as pessoas falam através de enunciados que são usados nas interações, ou seja, a base das relações dialógicas. Ainda neste esclarecimento, os professores afirmam que "Na interação, usando enunciados, os locutores recorrem a signos, que, na ADD, são sempre ideológicos, no sentido de marcados por uma avaliação social" (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1077). E, estes signos ideológicos já nos enunciados, são usados nos gêneros discursivos que são definidos como formas relativamente estáveis de enunciados. Após a explicação da inter-relação desses conceitos, Sobral e Giacomelli propõem a apresentação de alguns princípios de análise da ADD. Cabe destacar que os pesquisadores diferenciam o discurso do texto (falado ou escrito), pois a materialidade do discurso é o texto, e texto usa a língua, isto é, o discurso usa a língua na modalidade oral ou escrita para criar textos, mas o discurso recorre a mais 2 Acadêmico do curso de Letras/Português da Universidade Federal do Rio Grande - FURG. 1 Trabalho apresentado à disciplina de Linguística III ministrada pela rofª. drpª. Alessandra Avila Martins. http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/33006 dispositivos para ser produzido, de modo que para o entendermos, precisamos saber "quem usa a língua para se dirigir a quem, em que contexto, incluindo momento, local, interlocutores e suas relações sociais, ambiente (institucional, familiar, entre outros.)." (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1078). Ainda sobre a diferenciação, mas que se complementam, os autores afirmam que a Língua tem significação, enquanto o discurso cria o sentido, isto é, os discursos ampliam o sentido dos significados das palavras e expressões da Língua, uma vez que, estão contextualizadas. Desse modo, o discurso marca uma autoria, de maneira que ninguém diz a mesma coisa, pois o locutor e interlocutor mudam, o modo de falar, o local, a data e etc. Este locutor, a partir do seu projeto de dizer, quando se dirige ao interlocutor buscam adaptar o que querem dizer, especialmente, a duas coisas: o que o interlocutor espera, ou seja, as suas expectativas em relação a que o locutor dirá e o seu vínculo, se é amigo, pai, juiz, médico, professor, por exemplo; o que querem que o interlocutor entenda o que querem dizer. Contudo, apesar de existir a marca de autoria no projeto de dizer do locutor, os linguistas informam que “todo enunciado produzido dialoga com outros enunciados já ditos antes dele, tentando até mesmo responder a enunciados que não foram ditos” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1079). Dessa forma, percebemos que temos enunciados únicos que vêm de outros enunciados que não utilizam as palavras e frases depositadas nos dicionários, mas sim “a partir de seu uso em enunciados concretos, reais, ditos por alguém em algum momento e lugar a alguém com uma dada intencionalidade, carregados de valor, de valoração”. (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1079). Este enunciado é para a ADD composto por três componentes que, de acordo com os autores, são “um componente ligado à referencialidade, um componente ligado à expressividade e um componente ligado à endereçabilidade.” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1080). Logo em seguida eles destrincham os três, de modo que, a referencialidade se trata de que sempre utilizamos um referente no mundo, seja ele real ou abstrato, já a expressividade é o que “dá conta da avaliação/valoração do locutor sobre esse referente” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1080). E, por fim, a endereçabilidade, que é a quem o locutor dirige o seu enunciado. Cabe ressaltar, que todos estes componentes se relacionam e dependem um do outro. Ainda numa divisão tripartida, os pesquisadores afirmam que o enunciado tem, ainda, “três elementos envolvidos no todo orgânico do enunciado (o enunciado como todo de sentido).” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1080). Estes elementos são: “a exauribilidade do objeto e do sentido, o projeto de discurso e as formas típicas composicionais e de gênero do acabamento.” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1081) Conforme os estudiosos, todo o enunciado se dá pela interação, uma vez que ali é onde os sujeitos se relacionam e se comunicam, mesmo que em silêncio ou sozinho, caso do monólogo. Para a ADD, ela é muito ampla, pois engloba um local em diferentes tempos, a história, o social, entre outros aspectos. Assim, com essa interação permeada pelos aspectos que ela engloba, os sujeitos que são os autores/atores dela carregam de sentido os signos da língua, de modo que eles são ideológicos, ou seja, signos ideológicos. Ao afirmar isso, os autores continuam, “ Não recebemos palavras neutras da língua, mas signos que vêm de pessoas reais e revelam uma valoração, ou avaliação, do que é dito.” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1083). Estes enunciados criados na interação entre os sujeitos são utilizados por nós por meio dos gêneros discursivos que são “Os gêneros do discurso são definidas como formas relativamente estáveis de enunciados.” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1084). Segundo os pesquisadores, eles são relativamente estáveis, pois eles podem ser modificados e mesclados com outros gêneros. Além disso, eles não estão aquém da alteração do tempo e da sociedade. Para mostrar isso, os autores usam exemplos como o email que veio da carta, pois ainda mantém um remetente e um destinatário. Ainda sobre os gêneros, Sobral e Giacomelli, nos explicam que eles possuem três características fundamentais para a sua produção de sentido, que são: a unidade temática, usa o texto para aquilo que se diz, a forma composicional, o modo como desenvolvemos o nosso texto, e o estilo é a maneira como dizemos. Após discorrer sobre os gêneros, os doutores abordam o Dialogismo que é o conceito que afirma que ”os enunciados e os locutores entram em relações dialógicas uns com os outros” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1088). Diante disso, o Dialogismo implica que nunca falamos sozinho ou a partir do nada, pois tudo é uma resposta ao que foi dito. Por fim, os pesquisadores apresentam os princípios para uma análise dialógica, e já alegam que para analisar é necessário olhar para além da língua, pois se olha “o uso da linguagem no discurso, a enunciação, a interação como lugar em que nasce o sentido” (Sobral; Giacomelli, 2016, p. 1091). E, o seu objeto, a interação. Diante disso, a ADD analisa o enunciado e tudo que o engloba, não apenas os signos linguísticos presos aos significados estáticos dos dicionários. João, É importante utilizar mais citações diretas e indiretas para que teu texto não se configure como cópia. Abraço, AlessandraNota: 9,0
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