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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 35 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola CAPÍTULO 9. MÉTODOS DE CONTROLE AUTOCIDA 9.1 INTRODUÇÃO O emprego da técnica do inseto estéril e a manipulação genética de pragas têm por ob- jetivo reduzir o potencial reprodutivo das pragas. As pragas são utilizadas contra os membros da mesma espécie; por isso, essa técnica tem sido conhecida como controle autocida. A técnica foi idealizada em 1937, pelo entomologista Edward F. Knipling para o con- trole da mosca varejeira, Cochliomyia hominivorax (Coquerel) (Diptera: Calliphoridae), a qual era um sério problema para a bovinocultura e animais silvestres no sudoeste dos Estados Unidos e , que em 19933, passou a ser encontrada na região sudeste dos EUA. Uma vez que esse inseto não era exótico, buscou-se eliminar rapidamente a infestação inicial e manter o controle rígido da circulação das boiadas dentro e próximo às áreas infestadas. No entanto, a erradicação ficou comprometida devido à impossibilidade de controle de animais silvestres, hospedeiros princi- pais dessa praga. No final da década de 30, foi proposto pelo Dr. Knipling (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) o uso de machos estéreis de C. hominivorax, visando ao controle ou até mesmo à erradicação da praga. Em 1955, o Dr. Knipling propôs o conceito de insetos estéreis para controlar populações de pragas de importância agrícola, também considerado um tipo de controle autocida ou genético, no qual a praga é utilizada para seu próprio controle e que serviu como modelo para controle de insetos de importância em saúde pública. A TIE ou Técnica do Insetos Estéreo é definida como “método de controle de pragas usando liberações inundativas de insetos estéreis em grandes áreas visando reduzir a fertilidade de uma população selvagem da mesma espécie. Ou seja, a TIE se baseia na criação massiva da praga em meio artificial, esterilizando por radiação e liberação de grandes números de insetos estéreis, para que a cópula com indivíduos selvagens resulte em gerações inviáveis, reduzindo o potencial reprodutivo das populações e, quando feitas liberações constantes, chegar à erradi- cação da praga. Para garantir a viabilização de um programa de erradicação de um inseto-praga, a apli- cação da TIE deve ser realizada principalmente em regiões onde existe isolamento geográfico, sendo efetiva quando aplicada em grandes áreas, tendo em vista a população total da praga e AULA 9 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 36 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola não em pequenos talhões ou propriedades rurais isoladamente. Barreiras fitossanitárias devem ser realizadas, devido ao risco de reinfestações em regiões sem isolamento. 9.2 PROCEDIMENTOS DE ESTERILIZAÇÃO Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, um inseto estéril e definido como “um inseto, resultado de um tratamento apropriado, que é incapaz de produzir proles viáveis”. A esterilização dos insetos pode ser feita tanto física como quimicamente. A esteriliza- ção física é feita com radiações ionizantes. A esterilização química, em certos casos, pode ser mais vantajosa, pois o produto químico esterilizante pode ser aplicado em condições naturais, o que não ocorre com o processo físico. Os produtos químicos podem agir de vários modos: a) Impedindo a formação de óvulo e espermatozoides; b) Matando as células reprodutoras depois de serem produzidas; ou c) Danificando o material genético, impedindo o desenvolvimento da progênie. 9.2.1 QUIMIOESTERILIZANTES Atualmente, já são conhecidos cerca de 300 compostos de ação esterilizante, mas todos são bastante tóxicos e perigosos. Testes realizados em ambiente restrito com Anthonomus gran- dis, esterilizado pelo ofalato, mostram 100% de eficiência. A mosca-das-frutas, Anastrepha ludens, foi controlada em 1954, no sul da Califórnia, esterilizando-se as pupas com a substância química conhecida por Tepa a 5¢, embora a técnica de controle empregada fosse a mesma usada para a esterilização física. O princípio poderá ter aplicação prática, principalmente em casos de erradicação de pragas, pois tem capacidade de atingir 100% de controle, o que não se obtém com inseticidas, embora tenha efeito retardado e só se manifesta a partir da segunda geração. Os principais quimioseterilizantes são: a) Alquilantes como Tepa (óxido-tris-1-aziridinil-fosfina) e Afolato (hexahidro-hexa- quis-1-aziridinil-triazotrifosforina), esterelizantes de machos; b) Busulfan (tetrametileno-bis-1,4-metilsulfonato); c) Antimetabólitos (5-flurouracil) e ácido 5-fluorootico, esterilizantes de machos e fê- meas; d) Triazinas como hemel (tris-2,4,6-dimetil-S-triazina); e) Uréias (2-imidazolidinone) e tiouréia de etileno. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 37 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 9.2.2 RADIAÇÃO IONIZANTE O emprego de insetos estéreis visando ao controle e erradicação da população de ptagas constitui um dos processos mais recentes. Entretanto, a esterilização dos insetos usando radiação ionizantehavia sido costatada, desde 1916, como emprego de raios X no besouro-do- fumo, Lasioderma serricone, que colocou ovos inférteis. A esterilizaqção pode ser causada devido às seguintes condições: a) Infecundidade das fêmeas; b) Aspermia ou inatividade nos machos; c) Incapacidade de acasalar d) Mutação letal dominante nas células reprodutivas dos machos ou das fêmeas. Dessas condições, a que se apresenta mais viável e á mutação letal dominante nas células reprodutivas. Mas, quando os insetos são submetidos à radiação ionizante, podem ocorrer combinações dessas situações. Por exmplo, fêmas irradiadas podem produzir inicialmente ovvos com mutações letais dominantes ou, no final ovos férteis; os machos irradiados comumente transmitem mutações letais dominantes no início do acasalamento e, no final, ficam com aspermia. Para pesquisas com esterilização, comumente são empregados os seguintes tipos de radiações: a) Radiação de forma de energia, produzida pelos raios X e gama (γ); b) Radiações em forma de partículas, produzidas pelos raiso alfa (α), beta (β), neutrôns acelerados e elétrons acelerados. Embora as radiações energéticas tenham maior capacidade de penetração; destas empregam-se apemas os raios gama; os elétrons acelerados também são bastante utilizados. Os isótopos mais utilizados como fonte de radiação gama são o Cobalto 60 (60Co), com uma meia- vida de 5,3 anos, e o Césio 137(137Cs), com uma meia-vida de 30 anos. As radiações gama obtidas do 60Co permitem o tratamento de uma maior quantidade do material irradiado por um determinado período, sendo mais econômica que os raios X, e apenas um pouco menos eficiente em relação a resultados biológicos obtidos com estes; entretanto, devido ao baixo custo, os elétrons acelerados vêm sendo preferidos. As radiações ionizantes podem ser empregadas de duas maneiras no controle dos insetos: por meio de esterilização total ou da técnica do inseto estéril. A esterilização total consiste na aplicação direta dos raios sobre a população dos insetos, por um período de tempo NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 38 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.comGRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola preestabelecido, que permite sua esterilização total. Tal processo é mais utilzado para pragas de produtos armazenados. 9.3.TÉCNICA DO INSETO ESTÉRIL Consiste na liberação de machos e fêmeas esterelizados num ecossistema definido, permitindo sua competição com outros indivíduos da população natural de uma mesma espécie. ATIE é bastante complexa, exigindo estudos básicos sobre o comportamento do inseto visado. As limitações do seu emprego estão ligadas proncipalmente à dependência direta do domínio de técnias de criação massal de insetos e controle de qualidade dos insetos liberados, de modo que estes devem ser competitivos com os indivíduos da população natural para o acasalamento. Portanto, o sucesso da TIE depende das seguintes condições: 1. A esterilização não pode afetar o comportamento do macho, principalmente quanto à atividade sexual. Os machos estéries, quando liberados, devem competir em igualdade de condições em relação aos machos normais; 2. Como a técnica requer um número muito grande de insetos, há necessidade de um método econômico e simples para a sua criação massal, deve ser assegurada a criação contínua dos insetos durante o período previsto para a erradicação da praga. Quando se deseja apenas a diminuição da sua população na natureza, essa produção deve ser permante. 3. Os insetos estéreis liberados devem ter boa capacidade de dispersão. Essa efici~encia pode ainda ser aumentada fazendo a liberação por avião ou helicóptero; 4. A praga a ser eliminada deve estar com baixa densidade populacional. 5. A população estéril não pde produzir danos; caso contráros, o processo não é viável; 6. A TIE que vise à erradicação da praga só pode ser empregada quando atua sobre todo ecossistema, que pode incluir áreas geográficas definidas pelo clima, nesse caso limitante à praga, como vales, ilhas, etc. 7. Fiscalização permanente para evitar reinfestação na área erradicada. 8. Um completo estudo da biologia e ecologia do inseto visado é imprescindível, quando se deseja erradicá-lo por esse método, pois o desconhecimento de um dos dadosrealcionados com o ciclo da espécie pode comprometer toda a estratégia adotada; 9. O planejamento de ser econômico, considerando inclusive a possibilidade de reinfestação. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 39 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 10. É preciso assegurar a continuidade do programa durante várias gerações da praga; qualquer interrupção pode anualr todo o trabalho desenvolvido. BIBLIOGRAFIA CIOCIOLA, A. I.; SOUZA, B.; MOINO JÚNIOR, A. Controle biológico de Insetos. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 37p. GALLO, D et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p. MOINO JÚNIOR, A. Introdução ao manejo integrado de pragas. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 20p. MORAES, J. C.; Uso de resistência de plantas no manejo de insetos. UFLA/FAEPE, 2000. 23p. PARRA, J. R. P.; OLIVEIRA, H. N.; PINTO, A. S. Guia ilustrativo de pragas e insetos benéfi- cos dos citros. Piracicaba, 2003. 140p. PARRA, J. R. P.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S. Con- trole biológico no Brasil: Parasitoides e Predadores. São Paulo: Manole, 2002. 635p. RIGITANO, R. L. O.; CARVALHO, G. A. Toxicologia e Seletividade de Inseticidas. UFLA/FAEPE, 2000. 72p. SOUZA, B.; CARVALHO, C. F. Bases morfológicas para o reconhecimento de insetos-praga e inimigos naturais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 80p. Vá no tópico, VÍDEO AULAS em sua sala virtual e acesse às vídeos aulas 14 e 15. Vá no tópico, MATERIAL COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse os slides da aula 9 sobre Métodos de Controle Autocida.
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