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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 42 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com CAPÍTULO 9: PRAGAS E MÉTODOS DE CONTROLE 9.1 INTRODUÇÃO O feijoeiro, durante toda sua fase de desenvolvimento e mesmo após a colheita, está sujeito ao ataque de inúmeras pragas. Dependendo da espécie da praga, da cultivar utilizada, da época de semeadura e da região de cultivo, as perdas podem chegar a 100%. As principais pragas que atacam o feijoeiro, nas safras das "águas" e da "seca", no estado de Minas Gerais são: cigarrinha-verde, percevejos, ácaro-branco, lesmas e carunchos. 9.2 Cigarrinha-verde A cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) pode ser considerada a praga mais importante da cultura do feijoeiro na região sul do Estado de Minas Gerais, por causar sérios prejuízos na produção, principalmente na safra da "seca", quando é verificada sua maior ocorrência. As ninfas e os adultos desse inseto são mais facilmente encontrados na face inferior das folhas e nos pecíolos. Apresentam coloração verde, semelhante à da folha do feijoeiro, e os adultos medem cerca de 3 mm (Figura 1). É um inseto ágil que se locomove com rapidez em movimentos laterais característicos. Em populações elevadas causam encarquilhamento e amarelecimento das bor- das das folhas, afetando o desenvolvimento normal das plantas, que ficam de tama- nho reduzido. O comprimento e número de vagens e o peso dos grãos também são afetados. Quando o ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento da cultura e durante a floração, o dano é mais elevado e, dependendo da população da praga, pode haver perda total da produção. Como medida de controle é recomendável evitar o plantio de cultivares muito sensíveis, como a 'Jalo', por exemplo. Na maioria dos casos, a única alternativa é a utilização de produtos químicos, entre os quais os inseticidas sistêmicos, aplicados no ato da semeadura, têm sido os mais eficientes (Tabela 7). CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 43 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Figura 1. Cigarrinha-verde e sintomas de seu ataque na cultura do feijoeiro. Fonte: Lauro Pereira da Mota – Embrapa Arroz e Feijão 9.3 PERCEVEJOS As espécies de percevejos que atacam a cultura do feijoeiro são Neomegalo- tomus parvus, Nezara viridula e Piezodorus guildini. Os percevejos podem ser obser- vados nas lavouras, após a floração, atacando as vagens e afetando a qualidade dos grãos. O adulto de N. parvus é de cor marrom-clara e mede cerca de 11 mm. As ninfas são semelhantes a formigas. Já o N. viridula é de coloração verde-escura, com a face central verde-clara, e na fase adulta mede de 13 mm a 17 mm. As ninfas são de colo- ração escura, com manchas vermelhas, e têm o hábito de permanecer agrupadas sobre a planta. Com aproximadamente 10 mm de comprimento, os adultos de P. gui- ldini têm coloração verde-clara, com uma linha transversal grossa de cor escura com fundo avermelhado. As ninfas apresentam o abdome volumoso e são pretas e verme- lhas nos primeiros instares, quando permanecem agrupadas. A partir do terceiro instar começam a se dispersar e adquirem coloração verde. Os percevejos causam danos expressivos, mesmo em baixas populações, po- dendo reduzir significativamente a produção, por provocar o abortamento de grande número de grãos e a malformação de vagens. Os grãos atacados ficam pequenos, enrugados, chochos e mais escuros, e o poder germinativo das sementes é reduzido. Os percevejos transmitem a mancha-de-levedura, causada pelo fungo Nematospora CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 44 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com corylli, que deprecia acentuadamente a qualidade do grão. Como medida de controle é recomendada a aplicação de produtos químicos (Tabela 7). 9.4 ÁCARO-BRANCO A ocorrência de ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) é maior na safra da "seca", podendo causar severos prejuízos ao rendimento da cultura. É um inseto praticamente invisível a olho nu, e sua coloração vai de branco a verde-claro, com o tegumento brilhante. A infestação inicial ocorre em reboleiras, o que faz que as folhas do feijoeiro enrolem para cima. Posteriormente, a face inferior da folha torna-se bronzeada, e a superior, verde-escura. Em altas infestações, as folhas tornam-se coriáceas e quebra- diças, e o ataque pode atingir as vagens que ficam bronzeadas e retorcidas. Figura 2. Sintomas do ataque de ácaro-branco no feijoeiro. Fonte: Eliane Quintela - Embrapa Arroz e Feijão 9.5 LESMAS As lesmas (Vaginulus sp) podem se tornar praga de grande importância em determinadas situações, como em áreas de plantio direto e em lavouras de feijoeiros plantados entre pés de café, um sistema bastante comum na região sul de Minas Ge- rais. A lesma é um molusco de corpo achatado e úmido, de coloração parda e com 5 cm a 7 cm de comprimento. Para o seu desenvolvimento necessita de alta umidade; CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 45 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com assim, é na safra das "águas" que ocorre seu ataque. Podem viver até 18 meses. De hábito noturno, escondem-se durante o dia sob pedras, restos culturais e no solo. No período de seca, ficam inativas, enterrando-se no solo. O ataque das lesmas começa nas bordas da cultura e, posteriormente, progride para o interior. As lesmas jovens consomem totalmente as folhas, deixando somente os talos; já as mais desenvolvidas consomem toda a folha e podem cortar as plantas rente ao solo. Segundo dados de pesquisa, uma lesma ativa por metro quadrado pode causar redução de 20% das plantas e de 16% no rendimento. O controle das lesmas pode ser realizado com iscas contendo produtos quími- cos. 9.6 CARUNCHOS O caruncho-do-feijão, Zabrotes subfasciatus, é considerado a principal praga de feijão armazenado nas regiões tropicais, podendo também ser encontrado em re- giões de clima temperado e frio. Os carunchos afetam o poder germinativo das sementes e depreciam a quali- dade do grão devido à presença de furos e ovos dos insetos adultos e de larvas no interior dos grãos. Os feijões do grupo manteiga, tipo Jalo, por exemplo, são os mais afetados. Quando não se faz o controle dessa praga, o produto armazenado pode ser totalmente perdido. O controle químico com fosfeto de alumínio tem se mostrado eficiente. Em pe- quenas quantidades, o armazenamento dos grãos dentro de garrafas tipo pet é tam- bém uma boa forma de evitar o ataque e desenvolvimento dessa praga. Tabela 1. Inseticidas e acaricidas indicados para a cultura do feijoeiro. Nome técnico Nome comercial Dose Pragas controladas Cigarrinha- verde Percevejos Ácaro- Branco Carunchos Abamectina Vertimec 0,3-0,6 L ha -1 X Acephate Orthene 750 BR 0,2-0,5 L ha -1 X CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 46 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Orthene750 BR para sementes 1,0 kg/100 kg sementes X Betacyflutrin Turbo 0,1 L ha -1 X Bulldock125SC 0,05 L ha -1 X Bifenthrin Brigade 25 CE 0,2-0,25 L ha -1 X Carbaryl Sevin 480 SC 1,9-2,5 L ha -1 X Carbaryl Fersol 480 SC 2,0-2,3 L ha -1 X Carbaryl Fersol Pó 75 15-20 kg ha -1 X Sevin 850 SC 1,2-1,5 L ha -1 X Carbofuran Ralzer 50 GR 20 kg ha -1 X Ralzer 350 GR 2,0 L/100 kg sementes X Furadan 50 G 20 kg ha -1 X Diafuran 50 20 kg ha -1 X Carbosulfan Marzinc 250 TS GrDA 1,5-2,0 kg/100 kg sementes X Clorpirifós Vexter 0,8 L ha -1 X Lorsban 480 BR 0,8-1,5 L ha -1 X X Clorpirifós 0,8 L ha -1 X Fersol 480 CE X Cufluthrin Baytroid CE 0,2 L ha -1 X Deltamethrin Deltaphos 0,35-0,50 L ha -1 X Dimetoato Tiomet 400 CE 0,32-0,64 L ha -1 X CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 47 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Disulfoton SolvirexGR100 1,5 kg ha -1 X Esfenvalerate Sumidan 25 CE 0,4 L ha -1 X Etonfeprox Trebon 300 CE 0,5 L ha -1 X Fenitrothion Sumithion 500 CE 1,0-1,5 L ha -1 X X Fenpropathrin Danimen300CE 0,1-0,2 L ha -1 X Meothrin 600 0,1-0,2 L ha -1 X Fosfeto de alumínio Gastoxin 1-3 pastilhas/m3 X X Imidacloprid Gaucho 0,2 kg/ 100 kg sementes X Gaucho FS 0,25 L/100 kg sementes X Provado 0,15 kg ha -1 X Confidor 700 0,15 kg ha -1 Metamidofós Stron 0,5-1,0 L ha -1 X Hamidop 600 0,5-1,0 L ha -1 X Metafós 0,5-1,0 L ha -1 X Metamidofós 0,5-1,0 L ha -1 X Metasip 0,5-1,0 L ha -1 X Faro 0,5 L ha -1 X Tamaron BR 0,5 L ha -1 X X Monocrotophos Agrophos 400 0,75-1,25 L ha -1 X Azodrin 0,75-1,25 L ha -1 X Nuvacron 400 0,75-1,25 L ha -1 X CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 48 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Paration metílico Folisuper 600 0,45-0,67 L ha -1 X BR Folidol 600 0,45-0,67 L ha -1 X Phorate Granutox 20-30 kg ha -1 X Granutox 150 G 7-10 kg ha -1 X Profenofós Curacron 0,6-0,8 L ha -1 Pyridaphenthion Ofunack400CE 1,25 a 1,5 L ha -1 X X Nuvacron 400 1,5 L ha -1 X Terbufós Counter 50 G 40 kg ha -1 X Counter 150 G 13 kg ha -1 X Tetradifon Tedion 80 1,2-2,5 L ha -1 X Thiacloprid Calypso 0,2 L ha -1 X Thiamethoxan Cruiser 700 WS 0,1-0,15 kg/100 kg sementes X Actara 250 WG 0,1-0,2 kg ha -1 X Triazophos Hostathion 400 0,8-1,0 L ha -1 X X Thiodicarb BR Futur 300 2,0 L/100 kg sementes X Triclorfon Dipterex 500 1,6 L ha -1 X REFERÊNCIAS PAULA JÚNIOR, T. J et al. Feijão. In: PAULA JÚNIOR, T, J.; VENZON, M. (Ed.). 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, EPAMIG, 2007. p. 331-342. ROSOLEM, C. A.; MARUBAYASHI, O. M. Sejao doutor do seu feijoeiro. Arquivo do agrônomo – n. 7. Encarte do informações agronômicas – n. 68, dezembro, 94. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 49 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com SANTOS, I. C. dos.; FONTANÉTTI, A. Feijão-de-porco. PAULA JÚNIOR, T, J.; VENZON, M. (Ed.). 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, EPAMIG, 2007. p. 349-350. VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T. J.; BORÉM, A. Feijão. 2. ed. Viçosa: UFV, 2006. 600p.
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