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Geologia de Engenharia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Francieli Sant’ana Marcatto Revisão Textual: Jaquelina Kutsunugi Propriedades Físicas dos Solos • Índices físicos dos solos; • Relações entre o peso e o volume; • Granulometria de um Solo; • Ensaio de Peneiramento; • Ensaio de Sedimentação; • Curva de distribuição granulométrica. • Aprender as relações proporcionais existentes entre os constituintes dos solos; • Conhecer a metodologia de determinação do tamanho das partículas dos solos e suas aplicações. OBJETIVO DE APRENDIZADO Propriedades Físicas dos Solos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Propriedades Físicas dos Solos Índices Físicos dos Solos Como vimos na anterior, os solos são compostos por partículas sólidas e por espaços vazios formados pelo arranjo espacial dos elementos da fase sólida. Em um solo ideal, estima-se que 50% do seu volume seja ocupado pela parte sólida, composta pelas partículas minerais e a matéria orgânica, e 50% pelo ar e a água. O comportamento dos solos tem relação direta com a quantidade relativa de dos seus constituintes (sólidos, água e ar), sendo denominadas de índices físicos as relações proporcionais entre esses elementos. Segundo Caputo (1988, p. 39), “os índices e as suas relações desempenham um importante papel no estudo das propriedades dos solos, uma vez que estas dependem dos seus constituintes e das proporções relativas entre eles, assim como a interação de uma fase sobre a outra”. Os espaços vazios dos solos podem ser afetados por processos naturais ou an- trópicos, alterando o seu volume e a proporção de ar e água dentro deles. Imagine que, após uma chuva, o solo terá os seus espaços vazios ocupados totalmente pela água. Nessa situação, o solo ficará proporcionalmente com maior quantidade de água nos espaços vazios, comparado ao ar, e só voltará ao equilíbrio quando ocor- rer a evaporação da água e o ar voltar a penetrar nos poros. Uma outra situação ocorre quando um solo é submetido a algum tipo de constru- ção, onde é necessária a sua compactação para a diminuição dos espaços vazios. Nesse caso, parte do volume de ar presente naquele solo é eliminado, alterando o volume de vazios dos solos. Para expressar as proporções entre as fases dos solos, são estabelecidas algu- mas relações, conforme verifica-se no Infográfico 1, onde os volumes de cada fase do solo estão representados do lado esquerdo e os pesos à direita. Infográfi co 1 – Relações proporcionais entre o peso e o volume das fases dos solos Fonte: Adaptado de Sousa Pinto (2006, p. 35) 8 9 As relações entre os constituintes dos solos podem ser expressas por volume ou peso. O volume total de uma amostra pode ser representado por: V = Vv + Vs = Vs + Va + Var onde V = volume total do solo; Vv = volume dos vazios; Vs = volume de sólidos; Va = volume de água nos vazios; Var = volume de ar nos vazios. O peso total da amostra pode ser dado por (o peso do ar é considerado igual a zero): P = Ps + Pa onde P = peso total da amostra; Ps = peso dos sólidos; Pa = peso da água. Importante! É importante lembrar que o volume de ar está condicionado à quantidade de água pre- sente nos solos. Assim, a representação do Infográfi co 1 indica um modelo em que há um equilíbrio entre a quantidade de ar e água presente nos solos. Importante! Relações entre o peso e o volume Para identificar o estado do solo, utilizam-se índices que correlacionam o peso e o volume dos constituintes dos solos. As relações de volume são expressas pelo índice de vazios, o grau de saturação e a porosidade. As relações entre pesos ocor- rem somente com a determinação da umidade. E as relações entre peso e volume são determinadas pela densidade relativa das partículas, peso específico de um solo natural, peso específico aparente de um solo seco, peso específico das partículas sólidas e peso específico da água. As relações entre os pesos e os volumes são chamadas de pesos específicos, expressos pela unidade kN/m3. As relações entre quantidade de matéria (massa) e o volume são chamadas de massas específicas e expressas em ton/m3, kg/dm3 e g/cm3. O peso específico de um solo é o resultado da sua massa específica pela aceleração da gravidade (9,81 m/s) (SOUSA PINTO, 2006). 9 Unidade Propriedades Físicas dos Solos Porosidade A porosidade (n) é determinada a partir do volume de espaços vazios dos solos e o volume total da amostra, com o resultado expresso em %. Índice de vazios Trata-se da proporção entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas e é expresso pela letra e. O índice costuma situar-se entre 0,5 e 1,5, mas em solos orgânicos podem ocorrer índices superiores a 3 (SOUSA PINTO, 2006). Grau de saturação O grau de saturação (S) representa a quantidade de água contida nos vazios dos solos, com resultado expresso em %. Os intervalos de variação deste índice estão entre 0% e 100%, onde S=0% indi- ca um solo seco e S=100% indica um solo saturado. Umidade A umidade (h) é determinada a partir da relação entre o peso da água contida em um certo volume de solo e o peso dos sólidos deste volume, com resultado expresso em %. O método mais utilizado para a sua determinação é realizado em laboratório, a partir do peso da amostra em seu estado natural e o peso após secagem na estufa a 105°C, obtendo-se por diferença o peso da água na amostra. Peso específico de um solo natural O peso específico de um solo natural (γ) é a relação entre o peso total do solo e o seu volume total. 10 11 A unidade padrão utilizada para este parâmetro é o quilonewtons por metro cúbico (kN/m3). O peso específico natural não varia muito entre os tipos de solos, ficando em torno de 19 a 20 kN/m3 (SOUSA PINTO, 2006). Este índice é determinado em laboratório, onde a amostra é coletada em um cilindro de volume conhecido e é feita a pesagem do material contido no interior do cilindro, determinando o seu peso específico natural. Importante! O peso específi co tem como unidade o kN/m3. Por ser uma unidade derivada, é con- veniente trabalhar com massa específi ca de solo, que é expressa em kg/m3. Para a sua transformação (DAS, 2007), utiliza-se: Onde, γ= peso específi co de um solo natural; g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2); ρ = massa específi ca do solo (kg/m3). Importante! Peso específico aparente do solo seco É a relação entre o peso dos sólidos dos solos e o volume total. Corresponde ao peso que o solo teria se ficasse seco, sem que ocorresse a variação de volume (SOUSA PINTO, 2006). Neste caso a umidade (h) deve ser igual a 0. A sua determinação é feita a partir do peso específico natural e da umidade. Peso específico das partículas sólidas É a relação entre o peso das partículas sólidas e o seu volume. Variam conforme o tipo de solo e tem como unidade de medida o kN/m3. A sua determinação é feita em laboratório com a utilização do picnômetro, confor- me representado na Figura 1. Ao acrescentar uma amostra de solo de peso conheci- do em um picnômetro com água, pode-se calcular a quantidade de água deslocada. 11 UNIDADE Propriedades Físicas dos Solos Figura 1 - Representação esquemática da determinação do peso específi co das partículas sólidas Fonte: Sousa Pinto (2006) A norma que descreve a determinação do peso específico das partículas sólidas é a NBR 6458:2016, versão corrigida 2:2017 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Peso específico da água É a relação entre o peso específico da água e o seu volume. Embora exista uma pequena variação com a temperatura, adota-se o valor de 10 kN/m3 (SOUSA PINTO, 2006). Densidade relativa das partículas Estabelece a relação entre o peso específico das partículas sólidas e o peso es- pecífico da água. 12 13 Relações entre os índices Entre os índices estudados, somente a umidade (h), o peso específico natural (γ) e o peso específico das partículas sólidas (γg) são determinados em laboratório. Todos os outros índices são determinados a partir destes. Algumas relações podem ser estabelecidas entre os índices, considerando o vo- lume total igual a 1, tem-se: Exercícios resolvidos 1. Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso possui altura de 5 cm e diâmetro de 6 cm. A massa úmida determinada em laboratório é igual a 178,4 g e a massa seca 157,1g. A massa específi ca dos grãos é de 2,83 g/cm³. Determine a umidade, porosidade, índice de vazios, massa especí- fi ca de um solo natural e a massa específi ca aparente seca. Solução: a) Umidade A umidade é determinada por: h = Pa/Ps x 100 O peso da água (Pa) é obtido por: 178,4 – 157,1 = 21,3 h = (21,3/157,1) x 100 h = 13,5% 13 Unidade Propriedades Físicas dos Solos b) Porosidade Para determinar a porosidade: n = (Vv/V) x 100 Primeiro calcula-se o volume do cilindro: V = π x r² x (altura) V = 141,3 cm³ A porosidade é obtida por correlações: Se yg = Ps/Vs Vs = Ps/yg Vs = 157,1/2,83 Vs = 55,5 cm³ Assim, V - Vs = Vv Vv = 141,3 – 55,5 = 85,8cm³ Dessa forma, n = (85,8/141,3) x 100 n = 60,7% c) Índice de vazios e = Vv/Vs e = 85,8/55,5 e = 1,5 d) Massa específica de um solo natural y = P/V y = 178,4/141,3 y = 1,26 g/cm³ 14 15 e) Massa específica aparente seca ys = Ps/V ys = 157,1/141,3 ys = 1,11 g/cm³ 2. Para a construção de um aterro, a área de empréstimo possui um volume estimado de 3800 m³. O peso específi co natural do solo foi de 19,3 kN/ m³, com umidade de 11,9%. No projeto foi previsto que o solo do aterro seja compactado com umidade de 19%, com peso específi co seco de 16,5 kN/m³. Qual o volume de aterro poderá ser construído com o material disponível e qual o volume de água a ser acrescentado? Solução: Para determinar o volume que o material irá ocupar quando compactado, primeiro determina-se o peso total do material de empréstimo e o peso das partículas sólidas. Peso total: Pt = y x V Pt = 19,3 x 3800 Pt = 73.340 kN Peso das partículas sólidas total: yg = Pt / 1 + h yg = 73.340 / (1+ 0,119) yg = 65.540 kN Volume do material quando compactado: Vc = Yg/ys Vc = 65.540/16,5 Vc = 3.972 m³ 15 Unidade Propriedades Físicas dos Solos Obtido o volume do material compactado, deve-se calcular o peso da água do material de empréstimo, o peso da água que o material deverá estar ao ser com- pactado e a quantidade de água a ser acrescentada. Para o peso da água existente no material: Pae = h x yg Pae = 0,119 x 65.540 Pae = 7.799,3 kN Peso da água do material compactado: Pac = 0,19 x 65.540 Pac = 12.453 kN A quantidade de água a ser acrescentada será de: Pa = Pac – Pae Pa = 12.453 – 7.999,3 Pa = 4.453,7 kN Granulometria de um Solo A granulometria de um solo consiste na determinação do tamanho de suas par- tículas. O procedimento é realizado em duas fases distintas: uma de peneiramento, para as partículas de tamanho superior a 0,075 mm, e uma de sedimentação, para as partículas de tamanho inferior a 0,075 mm. Em relação ao tamanho das partículas dos solos, como visto na 1, elas podem ser classificadas em pedregulho (diâmetro entre 2,0 mm e 60 mm), areia (diâmetro entre 0,06mm e 2,0 mm), silte (diâmetro entre 0,002 mm e 0,06mm) e argila (in- ferior a 0,002 mm) (ABNT, 1995). Ensaio de Peneiramento Este ensaio consiste no peneiramento de partículas sólidas com diâmetro superior a 0,075 mm em um jogo de peneiras com aberturas decrescentes. A sua determina- ção é realizada conforme os procedimentos descritos na NBR 7181 (ABNT, 2016). A representação esquemática simplificada do ensaio de peneiramento é reali- zada na Figura 2. Para a realização do ensaio, é tomado um volume conhecido de solo seco ao ar, passado sobre a peneira de 2 mm. O volume passado pela peneira de 2 mm é colocado na peneira de 0,075 mm e lavado com água, para que seja separado o material fino do material grosso e, 16 17 posteriormente, seja realizado o peneiramento fino. O volume retido na peneira de 2 mm também deve ser lavado. Após a lavagem, ambos os materiais são secos em estufa à temperatura de 105°C e é procedida a agitação da amostra em um jogo de peneiras com diâme- tros progressivamente menores. Para o material com diâmetro inferior a 2 mm (peneiramento fino) são utilizadas as peneiras de 1,2 mm, 0,6 mm, 0,42 mm, 0,25 mm, 0,15 mm e 0,075 mm com uma cuba embaixo. O material retido na peneira de 2 mm (peneiramento grosso) é agitado em um jogo de peneiras com diâmetro de 50 mm, 38 mm, 25 mm, 19 mm, 9,5 mm e 4,8 mm. Figura 2 - Representação esquemática simplifi cada do ensaio de peneiramento Fonte: Elaborada pela autora, 2019 A partir do material retido em cada peneira, determina-se, conforme a NBR 7181 (ABNT, 2016): a) A massa total da amostra seca: em que Ms = massa total da amostra seca; Mt = massa de amostra seca em temperatura ambiente; Mg = massa do material seco retido na peneira de 2 mm; h = umidade do material passado na peneira de 2 mm. 17 Unidade Propriedades Físicas dos Solos b) A massa de solo que passa nas peneiras de 50 mm, 38 mm, 25 mm, 19 mm, 9,5 mm, 4,8 mm e 2mm. em que Mq = porcentagem de material passado em cada peneira; Mg = massa total da amostra seca; Mr = massa retida acumulada em cada peneira. c) A massa de solo que passa em cada peneira com diâmetro acima de 0,075 mm e abaixo de 1,2 mm. em que Mf = porcentagem de material passado em cada peneira; Mu = massa do material úmido submetido à sedimentação ou peneiramento fino; h = umidade do material passado na peneira de 2 mm; Mr = massa do material retido acumulado em cada peneira; N = porcentagem do material que passa na peneira de 2mm (calculado no item b). Ensaio de sedimentação O ensaio de sedimentação é aplicado às partículas mais finas, com diâmetro inferior a 0,075 mm (argila e silte). Ele baseia-se no princípio da sedimentação das partículas do solo em água, com velocidades diferentes, dependendo do tamanho, forma e da viscosidade da água. De forma simplificada, o procedimento para a determinação dos materiais finos consiste em tomar um volume conhecido de solo passado pela peneira de 2 mm, transferindo-o para um béquer. Acrescentar a este material o dispersante químico (hexametafosfato de sódio tamponado com carbonatode sódio), deixando a amos- tra em repouso. Posteriormente, o material deve ser levado ao dispersor para agitação e trans- ferido para uma proveta, onde deve ser mantida uma temperatura constante. Ao atingir a temperatura em equilíbrio, o material é agitado e são feitas leituras com o densímetro. Após realizadas todas as leituras, o material é transferido para uma peneira de 0,075 mm e lavado, seguindo os procedimentos descritos no item 2.1 para o peneiramento fino (Figura 3). 18 19 Figura 3 - Representação esquemática do ensaio de sedimentação Fonte: Adaptada de Lepsch (2011) Para conhecer a distribuição granulométrica da fração fi na dos solos, é necessário o uso de um dispersante químico, geralmente o hexametafosfato de sódio ou o hidróxido de sódio. Isso ocorre porque as partículas coloidais dos solos, principalmente as argilas, possuem uma elevada capacidade de coesão entre elas, sendo necessária a aplicação de um dispersante químico para a separação individual das partículas. Ex pl or Para saber mais sobre o uso de dispersantes químicos na análise granulométrica dos solos, consulte o artigo intitulado “Dispersantes químicos na análise granulométrica de Latosso- los”, que pode ser visualizado em: https://bit.ly/2SsEHGD. Acesso em: 17 fev. 2019. Ex pl or O densímetro mede o peso específico na vizinhança do seu bulbo a uma determi- nada profundidade. O peso específico depende da quantidade de partículas de solo presentes por unidade de volume de suspensão naquela profundidade (DAS, 2007). Assim, o ensaio de sedimentação mede a densidade de uma suspensão de solo em água, no decorrer de um certo tempo. Para o cálculo do diâmetro é utilizada a lei de Stokes, que determina a velocidade de sedimentação de uma partícula, conforme a fórmula: 19 Unidade Propriedades Físicas dos Solos Onde v = velocidade; ps = massa específica das partículas do solo; pa = massa específica da água; n = viscosidade da água; D = diâmetro das partículas. O diâmetro equivalente da partícula em suspensão é calculado com uma equa- ção que resulta da lei de Stokes, sendo definida como: Onde D = diâmetro das partículas do solo; n = viscosidade da água (varia com a temperatura); L = altura de queda da partícula; t = tempo; δ = densidade relativa; pa = massa específica da água. Além de determinar o diâmetro do solo em suspensão, determina-se a por- centagem do material em suspensão, em relação ao total de amostra, utilizando a seguinte equação: em que V = volume da proveta (1000 cm³); Qs = porcentagem de solo em suspensão no momento da leitura do densímetro; N = porcentagem do material que passa pela peneira de 2 mm; ps = massa específica dos grãos dos solos (g.cm³); pa = massa específica da água em função da temperatura; pac = massa específica da água na temperatura de calibração do densímetro (considerar 1,000 g/cm³); L = leitura do densímetro na suspensão; Ld = leitura do densímetro no meio dispersor, na mesma temperatura da sus- pensão; 20 21 Mh = massa do material úmido submetido à sedimentação (g); h = umidade higroscópica do material passado pela peneira de 2 mm. Curva de distribuição granulométrica A curva de distribuição granulométrica é a representação gráfica do resultado do ensaio de granulometria e pode ser utilizada para a determinação de alguns parâmetros do solo, que são observados pela forma da curvatura granulométrica. No gráfico, o eixo das abscissas representa o diâmetro e no eixo das ordenadas estão as porcentagens de sólidos que têm dimensão média menor que a dimensão considerada, representando, assim, a porcentagem de material que passa por uma peneira ou a porcentagem de material que ficou retida (Figura 4). Por exemplo, quando se afirma que 90% do material passou pela peneira de 1,2 mm significa que 10% ficou retida na peneira. Figura 4 - Curva de distribuição granulométrica Fonte: Adaptada de Sousa Pinto (2006, p. 21) Além de representar o tamanho das partículas de um solo, a curva de distribui- ção granulométrica nos mostra o tipo de distribuição dos tamanhos. Um solo com a maior parte dos grãos do mesmo tamanho é chamado de uniforme. Se a distri- buição dos tamanhos representar uma ampla faixa, é chamado de bem graduado. Quando o mesmo solo possui duas ou mais frações com distribuição uniforme, denomina-se de descontínuo (DAS, 2007). Outros parâmetros também são deter- minados, como: a) Diâmetro efetivo (D10): é o diâmetro que corresponde a 10% das partí- culas menores em relação ao peso total. b) Coefi ciente de uniformidade (Cu): é defi nido como a razão entre os diâme- tros de 60% e 10% mais fi no da curva granulométrica, representado por: 21 Unidade Propriedades Físicas dos Solos Conforme o valor obtido com o coeficiente de uniformidade, segundo Caputo (1988), a curva de distribuição granulométrica pode ser classificada em: Muito uniforme – Cu < 5 Uniformidade média – 5 < Cu < 15 Não uniforme – Cu > 15 c) Coeficiente de curvatura (Cc) é determinado por: Nos solos bem graduados o coeficiente de curvatura está compreendido entre 1 e 3. Importante! Nesta unidade, conhecemos os diferentes índices físicos dos solos, que estabelecem as relações proporcionais entre os sólidos, a água e o ar do solo. Conhecemos também o procedimento para a determinação do tamanho das partículas dos solos, denominado de granulometria. Entre os conceitos estudados, é importante destacar: 1. As relações proporcionais entre a quantidade de sólidos, água e ar determinam diversos índices físicos dos solos; 2. As relações entre os constituintes dos solos podem ser expressas por volume ou peso; 3. As relações de volume entre as fases do solo são o índice de vazios, o grau de saturação e a porosidade; 4. As relações entre os pesos dos constituintes determinam a umidade do solo; 5. As relações entre peso e volume podem ser verificadas pela densidade relativa das partículas, peso específico de um solo natural, peso específico aparente de um solo seco, peso específico das partículas sólidas e peso específico da água; 6. Somente a umidade, o peso específico natural e o peso das partículas sólidas são determinados em laboratório; 7. A determinação do tamanho das partículas dos solos é realizada a partir do ensaio de granulometria; 8. O ensaio de granulometria é realizado em duas fases, uma chamada de penei- ramento e a outra de sedimentação. No primeiro, separa-se as partículas de maior tamanho e, no segundo, as de menor tamanho; 9. Os resultados do ensaio granulométrico são representados em um gráfico deno- minado de curva de distribuição granulométrica; 10. A curva de distribuição granulométrica representa, além do tamanho das partícu- las, o seu diâmetro efetivo, o coeficiente de uniformidade e o coeficiente de curvatura. Em Síntese 22 23 Conhecer as propriedades físicas dos solos, como o volume proporcional de só- lidos e espaços vazios e o tamanho das suas partículas é de grande relevância para compreender o seu comportamento, como vimos ao longo desta unidade. Entre- tanto, outros fatores ainda devem ser estudados, para que se possa entender com maior profundidade como o solo irá se comportar diante de um uso específico. 23 Unidade Propriedades Físicas dos Solos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Curso Básico de Mecânica de Solos O livro “Curso básico de mecânica de solos”, além de trazer a parte conceitual, possui exercícios aplicados com a resolução comentada, que auxiliam no entendimento e na aplicação de alguns conceitos. SOUSA PINTO, C. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de textos, 2006. Fundamentos de Mecânica dos Solos e das Rochas O livro “Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas” também pode ser consultado para o aprofundamento dos conceitos estudados nesta unidade. Além da teoria, são apresentados exemplos de aplicações na área de Engenharia, que facilita a aprendizagem dos conceitos. FIORI, A. P. Fundamentosde mecânica dos solos e das rochas: aplicações na estabilidade de taludes. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. Leitura Características Físicas e Mecânicas de Misturas de Solo, Cimento e Casca de Arroz O artigo científico “Características físicas e mecânicas de misturas de solo, cimento e casca de arroz” demonstra a possibilidade de utilizar materiais alternativos em elementos construtivos, comprovando o seus resultados a partir da determinação de alguns índices físicos dos solos. MILANI, A. P. S.; FREIRE, W. J. Características físicas e mecânicas de misturas de solo, cimento e casca de arroz. Revista Eng. Agric., v. 26, n. 1, 2006. https://bit.ly/2H2GUXm Estudos das Propriedades Geotécnicas de Solos Residuais não saturados de Ubatuba Na tese de doutoramento intitulada “Estudos das propriedades geotécnicas de solos residuais não saturados de Ubatuba”, é possível observar como os conceitos aprendidos podem ser aplicados em estudos de casos, entendendo a sua importância e aplicabilidade. MENDES, R. M. Estudos das propriedades geotécnicas de solos residuais não saturados de Ubatuba. Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 236 p., 2008.. https://bit.ly/2Xnx344 24 25 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6458: Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm - Determinação da massa espe- cífica, da massa específica aparente e da absorção de água. Rio de Janeiro, 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rochas e solos. Rio de Janeiro, 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo - Aná- lise granulométrica. Rio de Janeiro, 2016. CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. DAS, B. M. Fundamentos de engenharia geotécnica. 7. ed. São Paulo: Cen- gage Learning, 2007. LEPSCH, I. F. 19 Lições de Pedologia. São Paulo: Oficina de textos, 2011. SOUSA PINTO, C. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de textos, 2006. 25
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