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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 50 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com CAPÍTULO 10: DOENÇAS E MÉTODOS DE CONTROLE 10.1 INTRODUÇÃO A ocorrência de doenças é uma das principais causas de redução da produtivi- dade do feijoeiro. Transmitidas por fungos, bactérias, vírus e nematoides, as doenças, dependendo das condições ambientais, podem causar perda total da produção, de- preciar a qualidade do produto ou até inviabilizar determinadas áreas para o cultivo. As principais doenças que ocorrem nas lavouras de feijão, nas safras das "águas" e da "seca", na região sul do Estado de Minas Gerais são: antracnose, man- cha-angular, murcha-de-fusarium, podridão-radicular-seca, mofo-branco e oídio, cujos sintomas, epidemiologia e meios de controle são relatados a seguir. 10.2 ANTRACNOSE A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, apresenta ampla distribuição no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Sudeste e em áreas serranas como as da região sul de Minas Gerais. Nessa região, as ocorrências fre- quentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvol- vimento da doença. As perdas causadas pela antracnose são mais severas quando a doença ocorre no início da cultura. Se as condições ambientais forem favoráveis ao desenvol- vimento do patógeno, as perdas podem chegar a 100%, além de provocar a depreci- ação da qualidade dos grãos. 10.2.1 SINTOMAS Os sintomas da antracnose são visualizados em todas as partes da planta (Fi- gura 1). Se forem utilizadas sementes contaminadas pelo patógeno, lesões marrom- escuras ou negras podem ser observadas nos cotilédones logo após a emergência das plântulas. No caule e no pecíolo, as lesões têm formato elíptico, são deprimidas e escuras. Nas folhas, os sintomas mais característicos são observados na face infe- rior das folhas, como um escurecimento ao longo das nervuras, podendo também ocorrer necrose nas áreas adjacentes às nervuras. Nas vagens, onde os sintomas são CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 51 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com mais típicos e fáceis de serem observados, ocorrem lesões arredondadas, de colora- ção escura, deprimidas e de tamanho variável. No centro das lesões pode aparecer uma massa de coloração rósea ocasionada pela produção de esporos do fungo. Al- gumas vagens podem chegar a murchar e secar. As sementes infectadas apresentam lesões escuras e deprimidas, de tamanhos variáveis. Figura 1. Sintomas de antracnose em folhas, vagens e grãos do feijoeiro Fonte: Carlos A. Rava - Embrapa Arroz e Feijão 10.2.2 EPIDEMIOLOGIA As condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno da antracnose são as temperaturas moderadas, entre 15oC e 22oC, associadas à alta umidade relativa do ar, por um período de seis a nove horas. O patógeno sobrevive em restos de cultura e no interior das sementes, o que possibilita sua transmissão de um plantio para outro e para longas distâncias. Pode também ser transmitido pelo vento e por respingos de água de chuva. 10.2.3 CONTROLE A utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas é uma estratégia importante e eficiente para o controle da antracnose. Contudo, a forma mais econô- mica de controle dessa doença é a utilização de cultivares resistentes, razão pela qual os programas de melhoramento do feijão no Estado têm como um de seus principais Fig.1. Sintomas de antracnose em folhas, vagens e grãos do feijoeiro. Foto: Carlos A. Rava Embrapa Arroz e Feijão CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 52 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com objetivos a obtenção de cultivares resistentes ao C. lindemuthianum. Outras alternati- vas para conter a antracnose são o controle químico com fungicidas (Tabela 6) e a rotação de culturas, que reduz o inóculo inicial que sobrevive no solo. 10.3 MANCHA-ANGULAR A mancha angular, causada pelo fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferra- ris), é, muito provavelmente, uma das doenças mais importantes da parte aérea do feijoeiro, em especial na safra da "seca", quando são observadas temperaturas ame- nas e ocorrência de orvalho que favorecem o seu desenvolvimento. Até o final da década de 80, a mancha angular era tida como doença de pouca importância econô- mica. Nos últimos anos, entretanto, têm ocorrido surtos cada vez mais precoces e intensos da doença, que resultam em grandes perdas na produção. Dependendo da suscetibilidade das cultivares e da patogenicidade das raças predominantes do fungo, as perdas podem atingir até 80%, se as condições ambientais forem favoráveis. 10.3.1 SINTOMAS Os principais sintomas da mancha-angular são lesões nas folhas, caules, ra- mos, pecíolos e vagens (Figura 2). As lesões nas folhas podem ser visualizadas a partir de 8 a 12 dias após a infecção, na forma de manchas, inicialmente, irregulares, cinzas ou marrons. Cerca de nove dias após a infecção inicia-se o processo necrótico. Assim, as lesões delimitadas pelas nervuras, assumem formato angular e, quando atingem um grande número, coalescem, causando o amarelecimento e desfolhamento prematuro da planta. O desfolhamento prematuro prejudica o enchimento das vagens, reduzindo o tamanho dos grãos e, consequentemente, a produção. No início, as le- sões nas vagens são superficiais, de coloração castanho-avermelhada, quase circu- lares e com bordas escuras, de tamanho variável e, quando numerosas, coalescem, cobrindo toda a largura da vagem. As vagens infectadas podem produzir sementes mal desenvolvidas e/ou totalmente enrugadas. As lesões nos caules, ramos e pecíolos são alongadas e de coloração castanho-escura. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 53 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Figura 2. Sintomas de mancha-angular em folhas e vagens do feijoeiro. Fonte: Embrapa Arroz e Feijão 10.3.2 EPIDEMIOLOGIA A doença é favorecida por ambiente seco-úmido intermitente e temperaturas ao redor de 24ºC. A esporulação do patógeno ocorre em ambiente sob temperatura entre 16ºC e 26ºC. No sul de Minas Gerais essas condições favoráveis são encontra- das principalmente na safra da "seca". Os conídios de P. griseola germinam sobre a superfície das folhas sob condições de alta umidade e, três dias após, as hifas pene- tram pelos estômatos, crescendo entre as células. As células infectadas se desinte- gram, o citoplasma celular se desorganiza, e as células são destruídas com a prolife- ração do fungo. Assim, o patógeno coloniza extensivamente os tecidos, causando le- sões necróticas e posterior esporulação. O fungo sobrevive por um período de até 19 meses em resíduos de cultura na superfície do solo, podendo sobreviver também em sementes infectadas. Seus principais agentes de disseminação são as chuvas, os ventos, as sementes e partículas do solo infestadas. 10.3.3 CONTROLE As principais medidas de controle da mancha-angular são o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas, a rotação de culturas e a utilização de cultivares resistentes. Como o fungo sobrevivenos resíduos das culturas, esses devem ser eli- minados logo após a colheita. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 54 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com O uso de produtos químicos adequados, logo após o florescimento, em geral proporciona bom controle da doença (Tabela 6). O trabalho de obtenção de cultivares resistentes é dificultado pela grande vari- abilidade de raças do patógeno. Algumas cultivares, como é o caso da 'Pérola', têm apresentado bom nível de resistência na região sul de Minas Gerais. Cultivares de grãos grandes, tipo Jalo, também apresentam bom nível de resistência ao patógeno. 10.4 Murcha-de-fusarium A murcha-de-fusarium, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli, é uma das doenças mais prejudiciais à cultura do feijoeiro na região sul de Minas Gerais devido, principalmente, às dificuldades de seu controle e à ocorrência cada vez maior nas áreas produtoras. 10.4.1 SINTOMAS Os sintomas mais visíveis dessa doença são observados na parte aérea das plantas, que murcham, e as folhas amarelecem, secam e caem a partir da base da planta (Figura 3). O sintoma mais típico é o escurecimento do sistema vascular, que pode ser observado fazendo-se um corte transversal no caule de uma planta doente. Quando as condições climáticas são favoráveis pode-se notar uma massa de esporos de coloração rosa-clara ao longo do caule. A doença é detectada, inicialmente, em reboleira; depois de alguns anos, dissemina-se por toda a área. Figura 3. Sintomas de murcha-de-fusarium em raízes e plantas do feijoeiro Fonte: Carlos A. Rava – Embrapa Arroz e Feijão CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 55 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com 10.4.2 EPIDEMIOLOGIA O patógeno da murcha-de-fusarium sobrevive em restos de cultura e no solo, podendo resistir às condições adversas por meio de estruturas chamadas clamidós- poros. As condições que favorecem o desenvolvimento da doença são: temperaturas entre 24oC e 28oC; solos arenosos e ácidos; e estresse hídrico. A murcha-de-fusarium pode ser transmitida de uma área para outra, por meio de sementes contaminadas, enxurradas e por partículas de solo aderidas aos imple- mentos agrícolas. A intensidade da doença pode aumentar com a presença de nema- tóides do gênero Meloidogyne, que facilitam o processo de infecção com o fungo. 10.4.3 CONTROLE Como medidas de controle recomenda-se fazer uso de sementes sadias e tra- tadas com fungicidas (Tabela 6) e evitar o trânsito de máquinas e implementos agrí- colas provenientes de áreas infectadas. Além disso, os restos de cultura devem ser eliminados e, se for detectada a doença no campo, deve-se fazer rotação de culturas por, pelo menos, cinco anos, especialmente com gramíneas. Como o fungo apresenta pequena variabilidade e especificidade com o feijo- eiro, o modo mais barato e eficiente de controlar a murcha-de-fusarium é pelo uso de cultivares resistentes. Entre as recomendadas para Minas Gerais, as cultivares 'Péro- la', 'BRSMG Talismã' e 'Ouro Negro' têm-se destacado como resistentes a essa do- ença. 10.5 PODRIDÃO-RADICULAR-SECA Causada pelo fungo Fusarium solani, a podridão-radicular-seca vem aumen- tando de importância nos últimos anos, podendo causar sérios prejuízos à cultura do feijoeiro. A severidade dessa doença é maior na presença de nematóides, que cau- sam ferimentos facilitando a entrada do fungo. 10.5.1 SINTOMAS A doença afeta inicialmente as regiões do hipocótilo e da raiz principal das plân- tulas, causando lesões longitudinais, afiladas e de coloração avermelhada (Figura 4). Com o progresso da doença, as lesões cobrem todo o sistema radicular da planta, CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 56 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com podendo surgir fissuras longitudinais ao longo do tecido lesionado. A raiz principal e a parte mais baixa do caule podem secar; consequentemente, o crescimento torna-se mais lento e há o amarelecimento e a queda das folhas, reduzindo a produção da lavoura. Se não ocorrer déficit hídrico, podem surgir raízes adventícias acima da área lesionada permitindo que a planta sobreviva e ainda produza. Figura 4. Sintomas de podridão-radicular-seca no feijoeiro. Fonte: Carlos A. Rava – Embrapa Arroz e Feijão 10.5.2 EPIDEMIOLOGIA O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas em torno de 22oC. A disseminação do patógeno se dá por meio de sementes, solo contaminado e enxurrada. O fungo produz conídios e pode sobreviver no solo na forma de clamidós- poro ou como saprófito. A doença é mais prejudicial em solos compactados. 10.5.3 CONTROLE Como se trata de doença que pode ser transmitida pela semente é recomen- dável o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas (Tabela 6). Em áreas in- fectadas, a rotação com gramíneas, no mínimo por cinco anos, propicia a redução do inóculo do patógeno. O controle da doença é também favorecido pelo plantio em áreas bem drena- das e a utilização de menor densidade de semeadura. Atenção especial deve ser dada ao plantio realizado em áreas onde foi cultivado milho para silagem, pois normalmente ocorre a compactação do solo. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 57 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Não existem cultivares comerciais resistentes ao patógeno. 10.6 MOFO-BRANCO O mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é uma das doen- ças mais destrutivas do feijoeiro. Apesar de ser mais comum nas áreas irrigadas, pode também ser observado na safra da "seca", em lavouras não irrigadas, se as tempera- turas amenas que ocorrem nessa safra, na região sul de Minas Gerais, forem aliadas às precipitações (chuvas) moderadas e contínuas. Na safra das "águas" é também comum, nessa região, ocorrerem quedas nas temperaturas, que podem favorecer o desenvolvimento do patógeno. Nessas condições, se o crescimento vegetativo das plantas for muito vigoroso, chegando a impedir o arejamento e a penetração de luz na cultura, a doença pode se tornar mais severa. Um outro agravante em relação ao mofo-branco é o grande número de plantas hospedeiras que o fungo possui, tais como soja, algodão, alface, repolho, tomate ras- teiro, ervilha, picão, carrapicho, mentrasto, caruru e vassoura, entre outras, o que di- ficulta sobremaneira a sua erradicação em áreas contaminadas. 10.6.1 SINTOMAS A doença inicia-se em reboleiras na lavoura, por ocasião do florescimento, es- pecialmente nos locais onde há maior crescimento vegetativo e acamamento das plantas. Os sintomas são visíveis nas folhas, hastes e vagens, começando com a formação de manchas encharcadas, seguida por crescimento micelial branco e coto- noso, que é característico do mofo-branco (Figura 5). Com o progresso da doença, as folhas murcham. Dentro e fora dos tecidos infectados são formadas partículas duras e negras, de formato irregular, facilmente visíveis a olho nu, que são os escleródios do fungo. Os tecidos doentes tornam-se secos, leves e quebradiços, e as sementesinfectadas ficam sem brilho, enrugadas e mais leves. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 58 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Figura 5. Sintomas de mofo-branco em plantas de feijoeiro e escleródios do fungo misturados às sementes. Fonte: Carlos A. Rava – Embrapa Arroz e Feijão 10.5.2 EPIDEMIOLOGIA As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são a alta umidade aliada às temperaturas moderadas (15-25oC). O fungo sobrevive no solo, por alguns anos, na forma de escleródios. O inóculo primário do patógeno são os ascósporos, produzidos em estruturas denominadas apotécios, originadas da germinação dos es- cleródios. A energia necessária para a geminação dos ascósporos provém das flores; daí, a doença ser observada mais intensamente a partir do florescimento. Os ascós- poros são disseminados pelo vento e podem sobreviver até 12 dias no campo. A dis- seminação da doença de um local para outro pode se dar por meio de escleródios misturados ou aderidos às sementes ou por sementes infectadas com o micélio do fungo. Os escleródios presentes no solo e nos restos de cultura também podem ser disseminados pela água ou implementos agrícolas. 10.5.3 CONTROLE Primeiramente, deve-se fazer todo o possível para impedir a entrada do pató- geno em áreas onde a doença ainda não foi observada, pois, uma vez presente, é muito difícil erradicá-lo. É essencial, portanto, o uso de sementes sadias, de proce- dência conhecida e tratadas com fungicidas recomendados. Deve-se também proce- der à limpeza minuciosa dos implementos agrícolas, principalmente no caso de terem CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 59 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com sido utilizados em áreas onde a doença já tenha sido constatada, e evitar condições ambientais que favoreçam o desenvolvimento do patógeno. Ao se constatar a doença no campo, as plantas que apresentarem sintomas devem ser arrancadas e queimadas antes da formação dos escleródios. Se a área já estiver muito infestada, deve-se evitar o plantio de feijão e de outras plantas suscetí- veis por um período de pelo menos cinco anos, dando-se preferência às gramíneas, como trigo, arroz, milho, sorgo, aveia ou pastagem. Em áreas de risco, para que haja melhor arejamento da cultura, deve-se adotar espaçamento maior entre as fileiras, número menor de sementes por metro, cultivares de porte ereto e evitar o uso exces- sivo de adubação nitrogenada. Aplicações preventivas de fungicidas apropriados (Ta- bela 6) também podem ser feitas em áreas onde a doença tenha sido constatada an- teriormente. 10.6. OÍDIO O oídio, causado pelo fungo Erysiphe polygoni DC, pode se tornar uma doença importante na safra da "seca", especialmente quando se utilizam cultivares de grãos grandes, que são as mais suscetíveis ao patógeno. A doença ocorre com maior fre- qüência durante e após o florescimento. 10.6.1 SINTOMAS Os primeiros sintomas são observados principalmente nas folhas, depois, po- dem passar para o caule e vagens. Inicialmente surgem manchas verde-escuras na face superior das folhas que acabam sendo cobertas por uma massa pulverulenta branco-acinzentada, composta de micélios e esporos do patógeno (Figura 6). Em ca- sos severos, toda a superfície foliar é tomada pela doença, ocorrendo a desfolha pre- matura da planta. No caule e nas vagens infectadas, pequenas e malformadas, tam- bém pode ser observada a massa branco-acinzentada. As vagens acabam caindo, causando redução na produtividade da cultura. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 60 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Figura 6. Sintomas de oídio em plantas de feijoeiro Fonte: Francisco Lins - Embrapa Arroz e Feijão 10.6.2 EPIDEMIOLOGIA O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas moderadas e baixa umidade, condições comuns na safra da "seca" no sul de Minas Gerais. Como o patógeno se desenvolve externamente ao tecido do hospedeiro, a ocorrência de chuva e a irrigação são desfavoráveis ao seu desenvolvimento. A disseminação dos esporos do fungo ocorre principalmente pela ação do vento e insetos. 10.6.3 CONTROLE O oídio pode ser controlado com a aplicação de fungicidas (Tabela 6), o uso de cultivares resistentes e plantio realizado em épocas desfavoráveis ao desenvolvi- mento do patógeno. Nas cultivares de grãos tipo carioca, como 'Pérola' e 'BRSMG Talismã', as mais utilizadas na região, não tem sido constatada essa doença. Por outro lado, no caso de cultivares de grãos grandes, como a 'Jalo', deve-se ficar atento ao aparecimento da doença, se o cultivo for realizado em época favorável ao seu desen- volvimento. 10.7 CONTROLE INTEGRADO DE DOENÇAS Embora existam produtos químicos específicos de controle para cada doença (Tabela 6), algumas medidas são tão eficientes que, uma vez utilizadas, podem elimi- nar o uso desses produtos ou, pelo menos, reduzir o seu emprego na cultura. A rotação de culturas, sobretudo com gramíneas, e a incorporação dos restos CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 61 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com culturais do feijoeiro podem diminuir drasticamente a fonte de inóculo para a safra seguinte. Deve ser ressaltado, contudo, que, no caso de patógenos habitantes do solo, o feijão não deve ser incluído na rotação por pelo menos cinco anos. A incorpo- ração dos restos culturais para esse tipo de patógeno deve ser feita a uma profundi- dade superior a 20 cm. Como a grande maioria das doenças do feijoeiro são transmitidas por semen- tes, a aquisição periódica de sementes provenientes de lavouras sadias é a principal medida a ser adotada. Além disso, diversas cultivares resistentes ou tolerantes aos principais patógenos que atacam a cultura do feijoeiro têm sido recomendadas pela pesquisa, contribuindo para a redução dos prejuízos causados. O emprego de culti- vares de porte ereto e o aumento do espaçamento entre linhas e entre plantas também podem auxiliar no controle de muitas doenças por propiciarem maior arejamento na lavoura. Tabela 6. Fungicidas indicados para controle das doenças do feijoeiro. Nome Técnico Nome comercial Dose do ingrediente ativo Doença controlada1 A MA MF PRS MB O Captan Captan 750 TS2 100 g/100 kg sementes X X Carboxin + Thiran Vitavax-Thiram PM2 80-205 g/100 kg sementes X X X X Anchor SC2 X X Vitavax-Thiram 200SC2 Difenoconzole Spectro2 5 g/100 kg sementes X X Fluodioxonil Maxim2 5 g/100 kg sementes X X Quintozene Kobutol 7502 115-265 g/100 kg sementes X Plantacol2 Terraclor 750 PM2 Azoxystrobin Amistar 40-60 g/ha X X CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 62 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Amistar 500 WG Carbendazin Derosal 500 SC 250g/ha X Chlorothalonil + Carbendazin Bravocarb 500 SC 750 g/ha X Chlorothalonil Bravonil 500 875-1500 g/ha X X X Bravonil 750 PM Bravonil Ultrex Dacostar 500 Dacostar 750 Daconil BR Daconil 500 SDS Funginil Isatalonil 500 SC Vanox 500 SC Vanox 750 PM Fentin hidroxide Brestanid SC 130-400 g/ha X X Mertin 400 Mancozeb Dithane PM 1600-2400 g/ha X X Dithane SC Manzate 800 Persist SC Maneb Maneb 800 1600 g/ha X X Agrinose 1275-3600 g/ha X X CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 63 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Oxicloreto de cobre Cuapravit azul BR Ramexane 850 PM Oxicloreto de cobre + Manconzeb 850-2550 g/ha X X Óxido cuproso Cobre Sandoz BR 560-1120 g/ha X X Piraclostrobin Comet 75 g/ha X X Tiofanato metílico Cercobin 700 PM 200-630 g/ha X X X X Fungiscan 700 PM Metiltiofan Support Tiofanato metílico + Chlorothalonil Cerconil PM 735-1400 g/ha X X X X Cerconil SC Tiofanil Tiofanato metílico + Mancozeb Dithiobin 780 PM 1560-1950 g/ha X X X Trif loxystrobin + Propiconazole Stratego 250 EC 125-187 X X Bromuconazo le Condor 200 SC 150 g/ha X Metconazole Caramba 90 45-90 g/ha X Tebuconazole Constant 150-250 g/ha X Folicur 200 CE CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 64 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com Folicur PM Orius 250 CE Tetraconazole Domark 100 CE 50-100 g/ha X Triforine Saprol 285 g/ha X X Benomyl Benlate 500PM2 50 g/100 kg de sementes X Thiram Rhodiauram 700 PM2 105-140 g/100 kg de sementes X Fluazinam Frowncide 500 SC 500-750 g/ha X Iprodione Rovral SC 750 g/ha X Procimidone Sialex 500 500-750 g/ha X Sumilex 500 PM Vinclozolina Ronilan 500 g/ha Enxofre Cover DF 960-4800 g/ha Kolossus Kumulus Microzol Sulf icamp 1 A = antracnose; MA = mancha-angular; MB = mofo-branco; MF = murcha-de-fusarium; O = oídio ; PRS = podridão-radicular-seca. 2 Tratamento de sementes. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 65 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com REFERÊNCIAS PAULA JÚNIOR, T. J et al. Feijão. In: PAULA JÚNIOR, T, J.; VENZON, M. (Ed.). 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, EPAMIG, 2007. p. 331-342. ROSOLEM, C. A.; MARUBAYASHI, O. M. Sejao doutor do seu feijoeiro. Arquivo do agrônomo – n. 7. Encarte do informações agronômicas – n. 68, dezembro, 94. SANTOS, I. C. dos.; FONTANÉTTI, A. Feijão-de-porco. PAULA JÚNIOR, T, J.; VENZON, M. (Ed.). 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, EPAMIG, 2007. p. 349-350. VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T. J.; BORÉM, A. Feijão. 2. ed. Viçosa: UFV, 2006. 600p.
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