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Resenha Psicologia Jurídica

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UNIVALI ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ECS
Disciplina: Psicologia Jurídica
Professor: David Tiago Cardoso
Acadêmicas: Ana Flávia de Cezaro, Bárbara Caroline Georg,
Flávia Marina Venturi e Pablo Henrique dos Santos
FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. Tradução Roberto Cabral de Melo
Machado e Eduardo Jardim Morais, supervisão final do texto Léa Porto de Abreu
Novaes et al., Rio de Janeiro: NAU, 2003.
LAGO, V. DE M. et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus
campos de atuação. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 26, n. 4, p. 483–491, nov.
2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/NrH5sNNptd4mdxy6sS9yCMM/#. Acesso em: 24
ago. 2023
SOARES, Laura Cristina Eiras Coelho; MOREIRA, Lisandra Espíndula. Psicologia
social na trama do(s) direito(s) e da justiça. 1. ed. Florianópolis: Abrapso Editora,
2020. Disponível em:
https://www.abrapso.org.br/arquivos/psicologia-social-na-trama-dos-direitos-e-da-jus
tica.pdf. Acesso em: 24 ago. 2023
ANÁLISE CRÍTICA: A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA
JURÍDICA E PSICOLOGIA SOCIAL
A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica
tem como marco inicial o reconhecimento da profissão na década de 1960. Essa
inserção ocorreu algumas vezes de maneira informal, através das oportunidades de
trabalhos voluntários. Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, tendo os
estudos voltados para adultos criminosos e adolescentes infratores da lei. O
psicólogo, exerce há ao menos 40 anos suas contribuições profissionais junto ao
sistema penitenciário. Porém, oficialmente no Brasil foi a partir da promulgação da
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/NrH5sNNptd4mdxy6sS9yCMM/#
https://www.abrapso.org.br/arquivos/psicologia-social-na-trama-dos-direitos-e-da-justica.pdf
https://www.abrapso.org.br/arquivos/psicologia-social-na-trama-dos-direitos-e-da-justica.pdf
Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84) que o psicólogo passou a ter o
reconhecimento legalmente pela instituição penitenciária (LAGO et al 2008).
No início, a Psicologia era identificada como prática direcionada para a
realização de exames e avaliações, com o intuito de buscar identificações por meio
de diagnósticos. Atualmente, o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica
com objetivos definidos para encontrar respostas para solução de problemas, assim,
constituindo um dos recursos de avaliação. Esse histórico inicial reforça a
aproximação da Psicologia e do Direito através da área criminal e a importância
dada à avaliação psicológica. Entretanto, existiam outros campos além do Direito
Penal necessitados do acompanhamento do psicólogo, outro campo em evolução
se deu pela participação do psicólogo nos processos de Direito Civil (LAGO et al
2008).
Dentro do Direito Civil, encontra-se o Direito da Infância e Juventude. Apesar
das particularidades de cada estado brasileiro, a tarefa dos setores de psicologia de
modo geral, era a perícia psicológica nos processos cíveis, de crime e alguns casos
nos processos de adoção. Em 1990 ocorreu a implantação do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) em que o Juizado de Menores passou a ser denominado
Juizado da Infância e Juventude. Com isso, o trabalho do psicólogo foi ampliado,
abrangendo atividades na área pericial por meio de acompanhamentos e aplicação
das medidas de proteção ou medidas socioeducativas. Os autores ressaltam como
exemplo a criação do cargo de psicólogo nos Tribunais de Justiça dos estados de
Minas Gerais em 1992, Rio Grande do Sul em 1993 e no Rio de Janeiro em 1998
(LAGO et al 2008).
A demanda por acompanhamentos, orientações familiares, participações em
políticas de cidadania, combate à violência, participação em audiências, entre
outros, tem mostrado considerável expansão. Em decorrência disso ocorre a
inserção do psicólogo no âmbito jurídico, em que juntamente exige uma constante
atualização dos profissionais envolvidos na área. Por sua vez, o psicólogo não pode
deixar de efetuar os psicodiagnósticos, âmbito de sua prática privativa. Entretanto,
deve estar aberto aos desafios das novas oportunidades de trabalho que vêm
surgindo, ampliando a perspectiva para novos desafios que se apresentam auxílio
na participação em equipes multidisciplinares (LAGO et al 2008).
A psicologia social e sua estrutura traz à luz a influência profunda de fatores
sociais, como normas, crenças, preconceitos e dinâmicas de grupo, têm sobre o
comportamento humano. Compreender esses elementos que moldam as atitudes
das pessoas e suas tomadas de decisão é fundamental para a análise das escolhas
individuais no contexto jurídico. Pensando assim, pode-se refletir trazendo à luz um
filme recente, o personagem Coringa, que na sua construção de personagem foi
moldada por um sistema social que o mergulhou na sua pior versão. Personagem
esse que possui um diagnóstico, direito há uma medicação (milagrosa) e uma
conversa superficial com o que parecia uma psicóloga (SOARES, 2020).
Nesse contexto, não se trata de defender o personagem, pois como Sartre
relatou: “somos responsáveis por nossas escolhas”. Mas pensando em escolhas,
seria o caminho que Coringa mergulhou diferente se fosse acolhido de outra forma?
Conforme um antigo professor costumava dizer: "O fato de alguém tropeçar e se
perder no caminho não implica que esteja permanentemente perdido."1 Pensar
nessa simbiose da Psicologia Social e Jurídica, ao incorporar a análise das
influências sociais na avaliação de comportamentos individuais e no funcionamento
do sistema de justiça, essa interseção poderia enriquecer a justiça com insights que
promovem maior equidade, compreensão e respeito pelos direitos e bem-estar dos
envolvidos, Fortalecendo assim a compreensão e aplicação dos princípios
psicológicos no contexto legal (SOARES, 2020).
Na obra "A Verdade e as Formas Jurídicas", Michel Foucault explora de
maneira complexa, porém fascinante, e examina de forma crítica como a verdade é
construída e empregada no contexto do sistema jurídico. Segundo Foucault, a
verdade não é uma entidade estática e objetiva, mas sim uma construção social e
histórica. Ele argumenta que a verdade não está simplesmente "lá fora", esperando
para ser descoberta, mas é produzida através de práticas discursivas e recorrentes
das relações de poder. Essas práticas e relações moldam o que é considerado
verdadeiro em uma determinada sociedade em um determinado momento
(FOUCAULT, 2002).
Uma das formas principais em que a verdade é construída e mantida, ocorre
através do discurso jurídico. Foucault destaca que esse sistema tem o poder de
determinar o que é verdadeiro e o que não é, através de sua autoridade e
instituições. O discurso jurídico estabelece as normas e as regras que moldam a
interpretação dos fatos e eventos, influenciando assim uma construção da verdade.
1 Observação citada em um filme, feita pelo personagem Professor Xavier no filme "X-Men: Dias de
um Futuro Esquecido".
Foucault também enfatiza a relação intrínseca entre poder e verdade,
argumentando que a verdade é uma forma de poder, pois aqueles que têm o poder
de definir o que é verdadeiro também têm o poder de controlar e influenciar as
pessoas (FOUCAULT, 2002).
O sistema jurídico desempenha um papel central na manutenção desse
poder, pois é através dele que a verdade é estabelecida e aplicada. Uma das
contribuições mais significativas de Foucault para a compreensão da verdade e das
formas jurídicas é sua abordagem genealógica, que nos convida a examinar as
origens históricas das práticas jurídicas e a considerar alternativas mais críticas e
reflexivas, analisando as origens históricas e as transformações das práticas
jurídicas, além de nos esclarecer noções de verdade ao longo do tempo. Ao fazer
isso, Foucault revela as contingências e especificidades das formas jurídicas,
questionando sua suposta objetividade e universalidade, criticando as formas
jurídicas tradicionais, argumentando que elas são baseadas em relações de poder
desiguaise em uma concepção restrita de verdade (FOUCAULT, 2002).
Ele destaca como o sistema jurídico muitas vezes perpetua injustiças e
desigualdades, legitimando as relações de poder existentes. Foucault propõe uma
abordagem mais crítica e reflexiva do direito, que leve em consideração as relações
de poder subjacentes e os diferentes discursos em jogo. Ao mesmo tempo em que
critica as formas jurídicas tradicionais, Foucault também identifica a emergência de
novas formas de verdade e de práticas jurídicas. Ele observa a crescente
importância do discurso dos direitos humanos e a influência cada vez maior de
organizações internacionais na construção da verdade jurídica. Essas mudanças
trazem novos desafios e possibilidades para a compreensão do direito e da
verdade. As ideias de Foucault têm implicações significativas para o sistema jurídico
atual. Elas nos levam a questionar as noções tradicionais de verdade e a refletir
sobre como o sistema jurídico pode ser mais justo e inclusivo. Em "A Verdade e as
Formas Jurídicas", Michel Foucault nos desafia a repensar a relação entre verdade
e direito, mobilizando a intencionalidade de suas potencialidades. Suas ideias nos
levam a questionar as formas jurídicas tradicionais e a refletir sobre como o sistema
jurídico aplica total parcialidade diante de fatos explícitos, porém nada inclusivos
(FOUCAULT, 2002).
Esta jornada teve início com uma entrada gradual e casual no sistema de
justiça criminal, centrada em avaliações e diagnósticos. No entanto, ao longo dos
anos, essa atividade se expandiu para abranger tanto os direitos civis quanto os
criminais, especialmente nas áreas da infância e adolescência. Compreender o
impacto da dinâmica social sobre o comportamento humano, como proposto por
Foucault, revela o papel central desempenhado pelas relações de poder na
construção da verdade no âmbito jurídico. Enquanto o sistema legal historicamente
estabeleceu definições de verdade, Foucault nos desafia a questionar essas noções
pré-estabelecidas, ao demonstrar o caráter contextual da verdade.

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