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TH3 – Teoria, História e Crítica da Arquitetura e Urbanismo III Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Artes e Arquitetura Curso de Arquitetura e Urbanismo Prof. Ana Paula Zimmermann REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INTRODUÇÃO • A palavra revolução está associada a atos de violência, derrubada de governos e alterações jurídicas na sociedade. • Mas a revolução inglesa foi uma mudança profunda no sistema político, social e econômico da Inglaterra, sem uso de armas. • Revolução Industrial: um processo de inovação tecnológica que substituiu grande parte do trabalho manual pelo uso de máquinas, provocando o EXCEDENTE DE PRODUÇAO jamais alcançado até então na história da humanidade. • Período: 1750 a 1780, na Inglaterra. • Consolidou o CAPITALISMO: MODO DE PRODUÇÃO baseado nas relações trabalhistas assalariadas e na produção de bens objetivando o LUCRO. A Europa antes da Revolução Industrial • Idade Média (século V ao XV) a estrutura política era fragmentada, dividida entre os diversos feudos. • Feudos: produziam para a subsistência apenas, não havia excedente de produção. • Sociedade feudal: era uma hierarquia rígida onde cabia ao senhor feudal garantir a sobrevivência e a proteção de toda a população de seu feudo. As pessoas viviam na servidão por causa dessa proteção. • Renascimento comercial: a Europa recomeça o comércio de produtos do oriente – tecidos como a seda e especiarias (canela, noz moscada, pimenta do reino, açafrão, cravo da Índia) instalando os burgos nas cidades (burgo significa centro urbano, cidade). • A intensificação do comércio aliada ao período das navegações (colônias) • Capital burgues, mão de obra, matéria prima, mercado consumidor – colônias. • Inicio na indústria textil: produção em massa, divisão de tarefas. • Processo de fabricação: um produto é fabricado em etapas, por várias pessoas que se encarregam de uma parcela da tarefa (desaparece o artesão) As transformações no cotidiano dos trabalhadores • Os camponeses seguiam o ritmo da natureza quando moravam nos feudos: agora era usado o relógio para marcar o tempo, o chamado tempo da fábrica. • Péssimas condições de moradia nas cidades: as fábricas eram úmidas e as casas sem esgoto, sem água encanada e sem conforto. • Turnos de 16 a 18h • Sem direitos trabalhistas • Os trabalhadores começaram a quebrar as máquinas: além disso se recusavam a trabalhar. Daí surge a figura do vagabundo, do desocupado (Charles Chaplin criou o Carlitos, personagem “vagabundo”). INGLATERRA E A INDUSTRIALIZAÇÃO • Um dos mais influentes países do século XVIII • reservas de carvão mineral em seu subsolo • grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria- prima utilizada neste período. • A mão-de-obra disponível em abundância pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. • A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. • O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês. CONSEQUENCIAS • Métodos de produção mais eficientes → maior quantidade de produtos, mais baratos, estimulando o consumo; • Poluição ambiental; • Aumento da poluição sonora; • Êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades; • Precariedade de infraestrutura urbana; • Problemas de saúde geral da população; • Surgem novas classes profissionais → designer; • Especialização da mão-de-obra; • Sociedades operárias / sindicatos. O ESPAÇO URBANO DO SÉCULO XVIII • Aglomerações urbanas de mais de 2000 pessoas numa área contínua • Elementos do novo complexo urbano: FÁBRICA, ESTRADA DE FERRO, CORTIÇO • As cidades, como formas espaciais produzidas socialmente, mudam efetivamente, recebendo reflexos e dando sustentação a essas transformações estruturais que estavam ocorrendo a nível do modo de produção capitalista. A formação da cidade industrial • Revolução Industrial mudanças na sociedade e na cidade; • Fatores de influência: 1. aumento da população pela diminuição das taxas de mortalidade 2. as melhorias na alimentação, higiene pessoal e nas instalações públicas 3. progressos no campo da medicina geraram aumento na expectativa de vida 4. êxodo rural, impulsionado pela industrialização, leva ao inchamento dos centros urbanos 5. desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitaram maior mobilidade de pessoas e mercadorias. AUMENTO DA DENSIDADE DEMOGRÁFICA • Habitantes – Inglaterra 1760 – 7 milhões 1830 – 14 milhões • Círculo ascendente de progresso: maior produção de bens e serviços devido à tecnologia atendem numero maior de pessoas população cresce devido à melhora das condições de vida e exige mais bens e serviços. • Facilidade de comunicação e transporte: estradas, canais navegáveis e estradas de ferro. População e mercadoria podem ser levadas onde é necessário. • Todas essas mudanças acontecem em décadas e por serem muito rápidas criaram novos problemas. Mudanças políticas • O liberalismo alcança as reformas urbanas • terrenos públicos cedidos à classe mais favorecida industrialização setor imobiliário • Especulação imobiliária • Moradia: o ideal de construir o maior número possível de unidades com o menor custo possível leva ao surgimento de moradias insalubres. • O núcleo histórico é preservado classe operária • Surgem bairros operários afastados do centro, dando origem à segregação por bairros. • As ruas eram estreitas demais, principalmente no centro, e insuficientes para a circulação das pessoas, dos veículos puxados por animais, para o escoamento do esgoto, criação de porcos, e ainda local de brincadeiras das crianças. • Casas ricas: residências individuais em terrenos com grandes áreas verdes • Casas mais pobres em terrenos próximos às indústrias e ferrovias, e caracterizam-se por serem edifícios com muitos andares e colados uns aos outros. • muitas vezes um mesmo edifício é ocupado por dezenas de famílias. • Os pátios, quando havia, eram reduzidos e estavam cercados por construções de todos os lados. • As casas eram muito pequenas. A falta de espaço ao redor delas se constituía em séria dificuldade para a eliminação do lixo, para a ventilação, insolação, para a realização de alguns trabalhos domésticos. • A maioria destas casas localizava-se próximo das indústrias e estradas de ferro, fontes de fumaça, barulho e poluição dos rios. • A fábrica passou a ser o núcleo do novo organismo urbano. • Substituiu as antigas oficinas artesanais * artesanato – produtor possui os meios de produção (mão-de-obra, matéria prima, ferramentas); * manufatura – especialização de atividade, controle da matéria prima, pagamento da produção; * fábrica – controle externo sobre o produto final; aquele que faz não detém os meios de produção. • Serviços essenciais: suprimento de água e o mínimo indispensável em edifícios públicos, necessários à existência da cidade, muitas vezes só apareciam mais tarde, eram coisas em que só depois se pensava. • No primeiro esforço da exploração, não se tomava providência alguma quanto à proteção policial e contra incêndios, inspeção de água e alimentos, cuidados hospitalares e educação. • A fábrica usualmente reclamavaos melhores sítios: perto de uma via aquática; abastecer as caldeiras da máquina, resfriar as superfícies quentes, preparar as soluções necessárias e tintas químicas, além de servir como lugar de despejo de todas as formas solúveis ou semi-solúveis de detritos. • Os lugares destinados à moradia eram, muitas vezes, situados dentro dos espaços que sobravam entre fábricas, galpões e pátios ferroviários. • Nas cidades industriais que cresceram com base em fundações antigas, os trabalhadores foram inicialmente acomodados pela transformação das velhas casas familiares em alojamentos de aluguel. • Cada família ocupava um quarto. • Nova tipologia residencial: moradias foram construídas fundos contra fundos. Por isso mesmo, dois de cada quatro quartos não recebiam luz direta nem ventilação. Não havia espaços abertos, afora as passagens nuas entre essas filas duplas. • Naquele novo esquema, a própria cidade consistia de fragmentos dispersos de terra, com formas estranhas e ruas e avenidas incoerentes, deixadas por acaso entre as fábricas, as ferrovias, os pátios de embarque e os montes de restos. • Não havia regulamentação ou planejamento municipal. • A própria ferrovia era chamada a definir o caráter e projetar os limites da cidade. • 1830 epidemia de cólera em Londres • Intervenção do governo na questão urbana; • 1os estudos sobre a qualidade de vida das cidades; • 1848 aprovadas as primeiras leis sanitárias na Inglaterra. Objetivo: levar condições mínimas de salubridade às moradias populares mas a adequação à legislação tornava o imóvel mais caro. • As intervenções urbanas nesse momento dividem-se em duas linhas de pensamento: REFORMAS LOCALIZADAS (realizadas pelo estado) UTOPIAS URBANAS (planos para cidades ideais realizados por intelectuais). • As carruagens burguesas já não podiam circular imunes pelas ruas com a lama e o cheiro que emanava destas passagens de terra, onde o esgoto e o lixo se misturavam aos porcos e às crianças. A poluição atingiu até os bairros ricos, e a falta de água limpa era problema para todos. • A década de 1840 foi marcada por uma série de sindicâncias sobre as condições de vida nas maiores cidades. • Houve o fim dos regimes liberais, com a ascensão de Napoleão III na França, Bismarck na Alemanha e os conservadores na Inglaterra, pondo fim à tese de não intervenção do Estado. • 1850/1900 aprovação de leis sanitárias, implantação de redes de água e esgoto (e depois, de gás, eletricidade e telefone) e melhorias nos percursos (ruas, praças, estradas de ferro). • Transporte coletivo urbano (bonde a cavalos). • O poder público estabeleceu regulamentos e executou obras: a administração passou a gerir/planejar os espaços urbanos. • Duração média de vida menos de 30 anos, século XIX. Comendo mal, dormindo pouco, morando mal, os trabalhadores produziam pouco. • 1ª grande intervenção administrativa em área urbana: Prefeito Haussmann em Paris, 1851 • O centro foi remodelado para a abertura de corredores de trânsito. • Construções antigas foram derrubadas para melhor aproveitamento dos espaços e uniformidade da arquitetura. • As áreas residenciais ricas afastaram-se do centro. • As famílias de maior poder aquisitivo passaram a construir suas casas distanciadas da linha da rua. • Foram planejados imensos bairros operários, marcados por alta densidade e uniformidade. • A cidade estendeu-se mais, com o surgimento de muitos subúrbios, onde se instalavam novas indústrias atendendo às exigências das leis sanitárias e novas áreas de moradias de trabalhadores. Próximas aulas: • Novos Materiais • Neoclassicismo • Arquitetura do ferro