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DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof. Flavio Augusto Carraro DESENHO TÉCNICO Marília/SP 2022 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 07 17 32 40 48 57 66 77 91 100 112 121 129 138 156 DESENHO TÉCNICO E UNIVERSAL NORMAS RELACIONADAS AO DESENHO TÉCNICO FORMATO DE PAPEL E LETRAS E ALGARISMOS TÉCNICA DO USO DE MATERIAL DE DESENHO SISTEMAS DE PROJEÇÃO GEOMETRIA DESCRITIVA DESENHO GEOMÉTRICO COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO ESCALAS PLANTA BAIXA ARQUITETÔNICA VISTA E ELEVAÇÃO CORTES E DETALHAMENTOS DESENHO 2D EM AUTOCAD ABNT/NBR 9050 PRINCÍPIOS DO DESIGN UNIVERSAL COMO FERRAMENTAS PARA A INCLUSÃO; ACESSIBILIDADE DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 INTRODUÇÃO O presente trabalho proporciona um pouco mais de conhecimento sobre as condições normativas e os padrões relativos aos desenhos técnicos e universais, e os requisitos obrigatórios desses tipos de desenho. A redação é, por natureza, uma linguagem geralmente aceita e deve ser respeitada para facilitar a leitura geral. É importante entender alguns dos requisitos do projeto, já que as pessoas que o executam nem sempre são diretas. É necessário entender sobre estratégias de design, especificações de papel, tamanhos de fonte, critérios de peso, e todas as informações importantes que tornam o design legível sob condições técnicas. Dessa forma, podemos ver como o projeto se relaciona com a geometria e os conceitos de desenho geométrico, e como eles possibilitam o seu desenvolvimento, conforme expresso em Desenvolvimento Requerido. Depois de entender o papel da projeção, é necessário saber como participar do desenvolvimento por meio dela. Isso atualmente precisa ser resolvido dentro do equilíbrio. Plantas, cortes e elevações devem ser examinados em detalhes. É importante ressaltar que todos os padrões foram criados pensando no desenvolvimento de projetos desenhados à mão, mas o estado atual do mercado de projetos de arquitetura e engenharia inviabiliza o desenvolvimento desse tipo de projeto, por isso é importante enfatizar o design auxiliado por computador no processo de design. Além disso, ao discutirmos os direitos do público em geral, do ponto de vista social e filosófico, discutimos não apenas o significado do desenho universal, mas também as condições para o desenvolvimento e aplicação dos requisitos de design, considerando determinados aspectos. Siga a norma ABNT 9050/2020 e os princípios condicionantes do desenho universal como ferramenta de inclusão e acessibilidade. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 CAPÍTULO 1 DESENHO TÉCNICO E UNIVERSAL Quando estudamos a história do homem desde a pré-história, vemos que sempre houve uma estreita relação entre o processo de desenho e as formas de expressão, seja para a representação de uma realidade, para o direcionamento de uma condição religiosa, ou até mesmo para uma manifestação cultural. Assim surgiu o objetivo de se aplicar pinturas rupestres nas paredes das cavernas. A pintura rupestre sempre teve estreita relação com a representação de algo do dia a dia do homem das cavernas, perdurando durante toda a pré-história. Outro ponto histórico é que, com a invenção da escrita (que diga-se de passagem, era basicamente baseada em desenhos), o homem tentou estabelecer uma organização de símbolos para desenvolver um processo comunicacional com seus contemporâneos e pares, assim como a escrita cuneiforme e a escrita hieroglífica. À medida que o homem evolui na história, vemos a organização de outras formas de processo comunicacional por meio do desenho, em especial quando ele dominou a geometria, e a forma como ela poderia interferir na composição das edificações. O desenho era a base do desenvolvimento das grandes obras arquitetônicas que chegam até os dias atuais, como por exemplo as obras greco-romanas. 1.1 O uso do desenho ao longo da história. A história do desenho começa no tempo da pré-história, ao mesmo tempo em que o homem passa a fazer registros de sua rotina gravados nas cavernas, exprimindo os hábitos e experiências dos primitivos. A pintura rupestre talvez tenha sido a primeira forma de expressão, até que se consolidasse a linguagem verbal e eventualmente a linguagem escrita. Ao longo da história, o desenho passou por formas diferentes de representar a expressividade, e evoluiu em relação à sua função em diferentes aspectos, inclusive sendo precursor da linguagem escrita, e tendo grande influência sobre a fotografia e o cinema, além de uma série de outras representações úteis para a vida, como a representação ortográfica, a representação por perspectiva, entre outras. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 Se por vez o desenho teve grande representatividade na expressão do que era sagrado (primeiro nas pinturas rupestres), algum tempo depois também seria de grande utilidade para a representação das leis, que eram uma espécie de desenho. Veremos que alguns povos como os egípcios, fizeram uso ostensivo do desenho para doutrinar a população através de um conjunto de símbolos nas paredes e pilares de templos e tumbas, estruturando as rotinas sociais, ordenadas pelas leis dos governantes. Por diversos momentos ele foi a representação do ordenamento coletivo. Os desenhos também foram os registros dos possíveis “percursos” que seriam utilizados pelos gregos e romanos no uso da cartografia, e depois para a determinação das rotas que os navegantes desenvolviam em cartas, apoiadas por instrumentos de leitura, em especial durante os séculos XV e XVI e posteriores. Na arte, o desenho acompanhou todo o processo expressivo e o desenvolvimento de grande parte da história, e, ainda hoje, é capaz de surpreender e encantar todos os que pretendem contemplá-lo. Desde a pré-história, o desenho surgiu como forma de as pessoas fazerem registros e facilitarem a comunicação, além de que foi importantíssimo para o desenvolvimento da linguagem falada e escrita. Já há uma certa noção de que o homem tenha aprendido a desenhar antes de falar, por conta das pinturas rupestres. É praticamente impossível determinar com certeza, já que a linguagem falada não deixa marcas nas paredes, porém é inegável que a expressão por meio de pinturas facilitou a comunicação entre os povos. Figura 01: pintura rupestre. Fonte:https://www.istockphoto.com/br/foto/pintura-rupesto-em-carricola-gm1384590002-443801353. https://www.istockphoto.com/br/foto/pintura-rupesto-em-carricola-gm1384590002-443801353 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 Na antiguidade clássica, o desenho ganhou o status de sagrado, como podemos ver com os egípcios e os povos mesopotâmicos, tanto que nas tumbas era um veículo de comunicação. Os chineses e os povos do continente americano desenvolveram formaspeculiares de comunicação, também baseadas no desenho, com significados próprios e que caracterizavam cada uma dessas civilizações. Na época dos gregos e romanos, utilizava-se o desenho para representar as divindades. Na Mesopotâmia, o desenho foi a base bastante primitiva da representação que indicava limites territoriais e rotas. O nascimento da representação cartográfica derivou do desenvolvimento de rotas comerciais e de domínios, ganhando fôlego com a expansão do Império Romano e a popularização de suas cartas. Um dos acontecimentos mais importantes para todas as formas de desenho foi a invenção do papel com os chineses, há cerca de 3000 anos. Até esse momento, diferentes materiais foram utilizados para o desenvolvimento das representações, como blocos de barro e argila, couro, tecidos, folhas de palmeiras, pedras, ossos de animais, e até mesmo o papiro (uma espécie de papel mais fibroso usado pelos egípcios), e por vezes o bambu. Por volta do ano VI a.C. os chineses já faziam uso do papel de seda branco, próprio para o desenho e a escrita. O papel que utilizamos hoje surgiu em 105 d.C. e sua composição foi mantida em segredo por mais de 600 anos. O que conhecemos hoje como papel, embora tenha evoluído, ainda é baseado na extração de fibras vegetais, prensagem e secagem. Podemos citar que o desenvolvimento de apetrechos utilizados para o desenho ocorreu de maneiras bastante distintas pelas diferentes civilizações, com a utilização de materiais como madeiras e penas, que tinham as pontas colocadas sobre algum pigmento, fazendo surgir o desenho da letra, ou do que seria representado. Entre os primeiros utensílios utilizados para o ato de desenhar, há os dedos dos homens das cavernas, que fizeram as primeiras pinturas rupestres. Os babilônios utilizavam pedaços de madeira e ossos em formato de cunha para desenhar em tábuas de argila (daí o nome cuneiforme). Com a invenção do papiro pelos egípcios, foi necessário desenvolver outros materiais para a escrita e o desenho, passando a ser utilizados a madeira e ossos molhados em tinta vegetal, depois as famosas penas, e até mesmo o carvão. A caneta esferográfica seria criada apenas em 1938, logo depois que as penas no século XVIII passaram a ser de metal. Em 1884, Lewis E. Waterman patenteou a caneta tinteiro, precursora das canetas esferográficas. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 Da mesma maneira que os instrumentos de desenho e as formas de utilização dos mesmos evoluíam, o próprio desenho evoluía. No Japão, por exemplo, na época mais próspera dos samurais (1192 a 1600) o desenho apresentava grande crescimento, e, além de guerreiros, os samurais se dedicavam à arte para o desenvolvimento da concentração. Além disso, foi no Japão que foi divulgada a tinta nanquim, criada pelos chineses, ao contrário do que se costuma pensar. Uma tinta preta bastante utilizada para o desenho era feita com um pigmento negro extraído de compostos de carbono queimados (como o carvão). Assim como praticamente todas as formas tradicionais de arte, o desenho era bastante difundido por religiosos, seja no oriente ou no ocidente, e até hoje mantém-se ligado ao que é religioso para diversos povos. No Japão em específico sempre foi utilizado com a necessidade de representar a natureza, ena antiguidade já se faziam desenhos sobre a vida das pessoas. No Renascimento, o desenho ganha maior importância na arte, em especial pelas representações de perspectivas, e passa a desenvolver o retrato fiel da realidade; ao contrário do que acontecia em séculos anteriores (como na época da Idade Média), quando a falta de perspectiva criava cenários completamente incompatíveis com a realidade. Assim, além da evolução do desenho baseada na matemática e nos fundamentos da geometria, com a representação de perspectivas, o Renascimento ficou reconhecido por começar a era da Revolução Científica, tendo aprofundamento em estudos de diversas áreas do conhecimento. O desenho seria capaz de registrar todas essas evoluções, tais como os estudos de anatomia e as representações de edificações, com “ares de realidade”. Os mestres de pinturas desta época seriam exímios cientistas e desenhistas, que usavam seus conhecimentos para desenvolverem representações com ares de realidade em esculturas e pinturas, através do uso de sombras, proporções, luzes e cores. 1.1.1 A mudança do desenho como forma de representação. Com o passar dos séculos, a partir do Renascimento, vemos que o desenho era fonte de representação da sociedade em diversos aspectos, para discussões de cunho político, religioso, social, entre outros. Mas é com o advento da Revolução Industrial que o desenho teria o direcionamento para a comunicação. A comunicação do desenho técnico é para criar o objeto, o transformar em informação, e o direcionar para o DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 processo produtivo, para que os outros consigam, por meio das simbologias típicas, desenvolver o produto tal qual foi idealizado. Devido à Revolução Industrial, surgiu uma nova modalidade de desenho que se voltava para a projeção de objetos, máquinas e tudo que envolvia a representação destes, por meio do que algumas áreas preferem chamar de “desenho industrial” e outras de “representação ortográfica”. É importante entendermos que o processo de evolução da produção artesanal, fundia o processo criativo e o processo produtivo em uma única coisa, e com isso, o desenho era parte do processo de elaboração ou materialização da ideia do criador. Com o advento da separação internacional do trabalho, o desenho seria uma forma de comunicar a ideia do criador a um produtor. Para isso, seria necessário a sistematização de uma série de representações, para que houvesse uma linguagem entre o processo criativo e o processo produtivo. Logo, criou-se a oportunidade de desenvolvimento do desenho técnico, consolidado em função da condição de ter que especificar-se as medidas, os desenhos, as formas, e até mesmo os materiais. A Revolução Industrial (1760-1850) foi um período em que muitos avanços tecnológicos se desenvolveram, como a construção de máquinas e equipamentos, impulsionando a criação de desenhos técnicos. O desenho técnico é um tipo de representação gráfica que deve transmitir com exatidão todas as características do objeto representado; características como: dimensões, tipo de material, detalhes da superfície, detalhes da fabricação e construção. 1.1.2 Quem foi Gaspard Monge? O desenho industrial, ou como é chamado hoje: desenho técnico, foi desenvolvido por Gaspard Monge (1746-1818), que também é conhecido como o pai da geometria descritiva. ANOTE ISSO A geometria descritiva é uma subárea da matemática aplicada cujo objetivo é representar a forma do espaço em um plano. Ou seja, resolver um problema 3D em 2D. Para atingir este objetivo, é utilizado um método composicional no qual um diagrama espacial é representado em um plano para que todas as questões relacionadas a esse diagrama sejam interpretadas. Definida como a parte da matemática que estuda a planificação de elementos geométricos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 Gaspard Monge foi um sábio desenhista e político francês do final do século XVIII e início do século XIX, um dos fundadores do Instituto Politécnico Francês, autor da geometria descritiva, grande teórico da geometria analítica, especialista em curvas, e que pode ser considerado o pai da geometria diferencial (superfície do espaço). Pretendia representar as figuras do espaço em um plano usando a geometria plana, para resolver problemas em que apareciam 3 dimensões. A geometria descritiva deu grande impulso à indústria, e foi exatamente por esse motivo que Gaspard Monge se dedicou a esse estudo. “A França, que nos anos de fartura praticamente transbordava com os mais finos alimentos, sofreuum período de fome nacional em dezesseis dos cem anos do século 18, que terminou em revolução.” (BLAINEY, 2008, p. 224). A criação da École Normale provia subsídio para a formação de professores de escolas básicas. O seu papel era o de formar professores que pudessem capacitar os cidadãos nas escolas laicas a exercer uma mão de obra mais qualificada. A École Polytechnique e as Écoles d’Application foram exemplos de onde escoaram estudantes qualificados. Foram escolas voltadas para a formação imediata e emergencial de engenheiros. Houve duas direções de formação de engenheiros: uma civil, relacionada à infraestrutura do país, e outra militar, voltada para a defesa e a expansão da nação e dos ideais franceses. A escola foi fundada no período mais difícil da Revolução Francesa, quando a desintegração de todos os institutos de educação e a perda contínua de jovens vigorosos treinados para fins militares, criaram uma necessidade urgente de extensão nessa direção (...). A escola existia para treinar oficiais para a Revolução, e mais tarde para o exército de Napoleão. (KLEIN, 1979, p.60) Gaspar Monge aprimorou as técnicas de representação gráfica já iniciadas pelos egípcios: planta, elevação, perfil. O interesse pelo estudo dessa tecnologia surgiu de um impulso patriótico que visava libertar a França da dependência da indústria estrangeira. 1.1.3 Mas o que viria a ser a geometria descritiva? A geometria descritiva é conhecida como o método que permite representar com precisão os objetos em 3 dimensões (comprimento, largura e altura), que são projetados sobre superfícies planas, por meio do uso de escalas. Na folha de papel, transfere-se o desenho para um sistema de representação bidimensional e facilita a identificação da verdadeira grandeza. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA É por meio dos princípios da geometria descritiva que se constitui a base para o desenho técnico e como ele é entendido atualmente. Figura 02: geometria descritiva e projeções ortogonais. Fonte: https://professornovais.com/a-historia-e-evolucao-do-desenho-tecnico-mecanico/. Desenvolvemos a geometria descritiva sobre uma peça, e percebemos como o desenho é uma forma eficiente e segura de transmitir ideias e soluções para projetos, sejam eles de engenharia ou arquitetura. 1.1.4 Conceituando o desenho técnico. Essencialmente, o desenho é uma figura, imagem, ou delineamento, feito à mão ou com o uso de ferramentas em diferentes materiais. O conceito de técnico se dá ao que é ligado à ciência, destinado a obter um determinado resultado. Entende-se por desenho técnico o sistema pelo qual fazemos a representação técnica de diferentes tipos de objetos, e seu objetivo é fornecer a informação necessária para a análise desse objeto com vista a facilitar a sua concepção e manutenção, e depois projetá-lo. O desenho técnico pode ser desenvolvido com recursos técnicos de desenho (lapiseira, régua, esquadro, compasso), porém hoje contamos com softwares que ajudam a realizar de maneira mais ágil as projeções e cálculos. Deste modo, a engenharia e arquitetura fazem uso dessa ciência, e o edifício pode ser representado em um plano horizontal utilizando escalas, seja por planta, corte, ou elevação. Até mesmo sua implantação, configuração de telhado, entre outros aspectos, contribuem para a execução da obra, e propõem detalhes sobre as dimensões nos projetos. Neste caso, damos o nome de desenho arquitetônico. https://professornovais.com/a-historia-e-evolucao-do-desenho-tecnico-mecanico/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 O desenho técnico consegue fazer a representação de formas, e indicar posições e dimensões, segundo o contexto da aplicação e considerando as variáveis que devem ser observadas para a produção. Também pode ser entendido como meio de expressão gráfica e ajuda a passar a ideia que foi proposta pelo projetista, que é o responsável pela execução. Podemos ver que um projetista elabora o desenho gráfico como as palavras de um texto, de forma a expressar a volumetria, a intenção geométrica, e os detalhes de acabamentos e superfícies. Pode-se relacionar o desenho à escrita, pois é necessário seguir um conjunto de regras para que haja comunicação entre o processo criativo (criador) e o processo produtivo (projetista), e a clareza deve ser tal que consiga transmitir a mensagem, e quem executar o projeto consiga interpretar a ideia e realizá-la. Embora o método de Monge seja amplamente utilizado por todos os países, cada país tem a necessidade de desenvolver normativas específicas para que em seu território seja possível entender o que se cria. No caso do Brasil, fazemos uso da norma ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pela qual determina-se as tipologias, entre outros artifícios que possam ser necessários para a correta representação do desenho. O desenho técnico não é apenas aplicado na área da construção civil, mas existem outros tipos de desenho técnicos, que podem ser aplicados conforme outras utilidades, como por exemplo: o desenho mecânico (representa as partes e peças de máquinas), desenho eletrônico (representa circuitos), desenho elétrico (representa instalações elétricas), desenho urbanístico (representa organização e desenvolvimento de centros urbanos). O desenho técnico pode ter o acompanhamento de esboços, diagramas, gráficos, planos, entre outros, e é frequentemente usado com desenhos geométricos e noções de matemática para se trabalhar de forma bem-sucedida com escalas e perspectivas. O que diferencia o desenho técnico do desenho artístico é que o segundo tem relação com aspectos subjetivos de quem olha e desenha, levando a distintas interpretações, e o primeiro é a representação literal do que se pretende mostrar, para fins de conseguir atender o objetivo da produção. Assim, o desenho técnico é direto, com significado único, e é representado por meio de símbolos e figuras, que ajudarão o responsável pela execução a atender tudo que ali está especificado. Em outras palavras, o desenho técnico precisa descrever de forma exata as características da obra. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 1.1.5 Conceito de desenho arquitetônico. O desenho arquitetônico é delineamento relacionado a tudo que é ligado à arquitetura, como a espacialidade orientada para o design e construção de edifícios. Um desenho arquitetônico é o elemento gráfico que visa obter a representação de uma obra arquitetônica, e o desenho técnico é feito por um especialista que fornece os dados necessários para analisar, projetar, construir ou manter o objeto em questão. Há algumas tipologias de desenhos arquitetônicos, exemplo: os planos arquitetônicos, que são diagramas desenvolvidos de um ponto de vista onde passa um plano de corte sobre ou entre o que se pretende representar, e mostra as diversas relações entre as distribuições dos espaços e os elementos necessários para a construção do edifício. Tais desenhos arquitetônicos podem ser equiparados a um mapa, por dar norteamento a quem for construir. Quando o plano mostra as vias de acesso, os limites de construção, e os componentes estruturais da edificação, falamos de representação em plano. Se o plano estiver em uma área específica de construção, o desenho é chamado de plano de detalhes. Podemos dispor o plano de representação à frente de uma fachada, e assim verificar a elevação da edificação, e como fica a sua aparência externa. Outra forma de representar a edificação é por meio de representações tridimensionais, que podem derivar dos planos de projeções ortogonais, que podem ser desenvolvidos com a geometria do plano do horizonte, plano do piso e pontos de fuga, e tem por objetivo obter uma representação realista. 1.1.6 Conceito de desenho topográfico. Pode ser entendido como o traçado feito para a representação de uma superfíciede um terreno, e é usado como base para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos. O desenho topográfico é o que faz relação direta à topografia, que é uma disciplina dedicada à descrição e delineamento de um terreno, assim a topografia também é o conjunto de características superficiais de uma região. O desenho topográfico é um gráfico cujo objetivo é representar as propriedades da superfície de um terreno tal como o desenho técnico de uma edificação, mas que fornece os dados úteis para análise, construção e manutenção de algum tipo de obra, instalação ou infraestrutura. É através do desenho topográfico que se possibilita o entendimento da representação da altura e relevo, e também a representação do corte e aterro de uma área. Faz uso de símbolos gráficos, aceitos por convenções e normas, DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 para o entendimento das informações entre os envolvidos com o desenvolvimento do projeto. O desenvolvimento de um desenho topográfico requer equipamentos específicos e cálculos direcionados, além da representação gráfica, e deve refletir com precisão as medidas de distância para sua projeção no papel. Deve-se representar fielmente a superfície real, porém, como se trata de grandes dimensões, normalmente faz-se o uso de escalas, tornando necessário o entendimento desses artifícios para a correta representação do que está sendo mostrado, e para obter influência sobre o projeto. No mais, é necessário considerar que os desenhos topográficos formam representações no plano, e refletem a presença de curvas, depressões entre outros aspectos relevantes do projeto, além de ser possível obter uma representação precisa das formas de um terreno. ISTO ESTÁ NA REDE O vídeo mostra as diferenças básicas entre o desenho artístico e o desenho técnico. “História do desenho - diferença entre desenho artístico e técnico”. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=_T9AEVPSjSM. https://www.youtube.com/watch?v=_T9AEVPSjSM DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 CAPÍTULO 2 NORMAS RELACIONADAS AO DESENHO TÉCNICO Neste capítulo entenderemos um pouco mais sobre quais são as normas e seus conteúdos, assim como o entendimento das aplicações no desenvolvimento do desenho técnico. Como vimos, cada país possui suas próprias regras para esse tipo de desenho, sendo que no Brasil há a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). É a ABNT/ NBR 10647 que define, por exemplo, os tipos de desenhos usados, nomenclaturas, se o desenho será feito à mão livre ou digital (no computador), o material utilizado, entre outros assuntos. Mas há outras normas que temos que referenciar para o desenvolvimento dos projetos e dos desenhos técnicos. Tais como: • NBR – 6492:1994 – Representação de projetos de arquitetura; • NBR – 8196:1994 – Emprego de escalas em desenho técnico; • NBR – 8403:1984 – Aplicação de linhas em desenhos; • NBR – 10067:1987 – Princípios gerais da representação em desenho técnico; • NBR – 10068:1987 – Folha de desenho: leiaute e dimensões; • NBR – 10126:1987 – Cotagem em desenho técnico; • NBR – 10582:1988 – Apresentação da folha para desenho técnico; • NBR – 10647:1989 – Desenho técnico; • NBR – 13142:1994 – Dobramento de cópia de desenho técnico; Vamos ao estudo de cada uma delas e entender quais são seus componentes básicos e estruturação: 2.1 - ABNT/NBR 10647 - Desenho técnico. Esta norma define os termos empregados no desenho técnico. E faz uso de definições, como por exemplo: Quanto ao aspecto geométrico: DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 Figura 01: aspecto geométrico. Fonte: NBR 10647. Quanto aos artifícios gráficos que podem ser aderentes ao desenho projetivo, mas são considerados desenhos não projetivos: Figura 02: desenho não projetivo. Fonte: NBR 10647. a) diagramas; b) esquemas; c) ábacos ou nomogramas; d) fluxogramas; e) organogramas; f) gráficos. A norma coloca também algumas definições quanto ao grau de elaboração: DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 Figura 03: Grau de Elaboração. Fonte: NBR 10647. Também há a definição quanto ao grau de pormenorização: Figura 04: desenho de componente e de conjunto. Fonte: NBR 10647. Embora nos dias atuais seja bem comum o uso do desenho auxiliado por computador, a norma ainda tem parte de seu conteúdo dedicado ao material empregado, e o desenho pode ser executado com lápis, tinta, giz, carvão ou outro material adequado. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 Dedica também parte de seu conteúdo em relação à técnica de execução: desenho executado manualmente (à mão livre ou com instrumento), ou à máquina; além do modo de obtenção, seja por produção original ou por reprodução. 2.2 - ABNT/NBR – 6492 – Representação de projetos de arquitetura. Já de início a norma fixa as condições exigíveis para a representação gráfica de projetos de arquitetura. As indicações colocadas dentro da norma visam a boa compreensão, porém, logo de início, a norma não abrange critérios de projetos que são objetos de outras normas e legislações diretamente ligadas a condições opostas nos municípios ou estados onde o projeto se desenvolve. A norma cita como documento complementar a norma NBR 10068 - folha de desenho - leiaute e dimensões – padronização. O interessante da norma é que ela dá algumas definições dos seguintes itens: Figura 05: tipos de desenhos da norma. Fonte: NBR 6492/1994. É interessante comentar que a norma já se adianta em algumas definições, como escalas, programa de necessidades, memorial justificativo, descriminação técnica. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Dedica parte do conteúdo também para o entendimento do que é especificação, lista de materiais e orçamento. Dedica parte de seu escopo a definições como as condições gerais para o desenvolvimento do projeto, com observações em relação ao papel (formato, carimbo, dobramento de cópias, entre outros aspectos). As condições específicas da caracterização das fases do projeto é um ponto importante, considerando suas finalidades específicas, conforme os itens 5.1.1 a 5.1.4, tendo as seguintes relações: Figura 06: fases dos projetos. Fonte: NBR 6492/1994. Além disso, elenca quais são as necessidades de representação essenciais para cada uma das fases anteriormente citadas, colocadas em termos de requisitos dos desenhos, contendo informações cruciais para cada um dos desenhos desenvolvidos. Mas uma das partes mais importantes desta norma é o “anexo - representação gráfica de arquitetura”, e nela estão descritos: • Linhas de representação; • Tipos de letras e números; • Escalas; • Norte (representações); • Indicação de chamadas; • Indicação de sentido ascendente nas escadas e rampas; • Indicação de inclinação de telhados, caimentos, pisos etc.; • Cotas; DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 • Dimensão dos vãos de portas e janelas; • Cotas de nível; • Marcação de coordenadas; • Marcação de cortes gerais; • Marcação de detalhes; • Numeração e títulos de desenhos; • Indicação de fachadas e elevações; • Designação de portas e esquadrias; • Designação de locais para referência na tabela geral de acabamentos; • Quadro geral de acabamentos (facultativo); • Quadro geral de áreas (facultativo); • Representação dos materiais mais usados; • Quadro geral de esquadrias. ISTO ESTÁ NA REDE O anexo da norma caberia em alguns capítulos deste material, para conseguirmos entender seu escopo, cabe uma consulta: Acesse o link: https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-6492- representacao-de-projetos-de-arquitetura. 2.3 - ABNT/NBR – 8196:1994 – emprego de escalas em desenho técnico. Esta norma tem por objetivo fixar condições exigíveis para o emprego de escalas e suas designações em desenhostécnicos. A norma relaciona um conjunto de disposições que, ao serem citadas no texto, constituem prescrições para a presente norma. Importante ressaltar que se toma por referência a norma NBR 10647:89, que trata especificamente do desenho técnico e faz definições de escala, porém a norma pode ser revisada a qualquer momento. Em relação aos requisitos gerais, a designação da presente norma deve consistir na palavra ESCALA, seguida da relação: Escala 1:1 para escala natural; Escala x:1 para escala de ampliação (x>1); Escala 1:x para escala de redução (x>1). O valor de “X” deve ser conforme: https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-6492-representacao-de-projetos-de-arquitetura https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-6492-representacao-de-projetos-de-arquitetura DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 Nota – as escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas na razão de 10. Tabela 01: escalas. Fonte: NBR – 8196:1994. Conforme o próprio texto, é necessário que a escala na qual nos baseamos, dependa da complexidade do objeto ou elemento a ser representado, e da finalidade da representação. Em todos os casos, a escala selecionada deve ser suficiente para permitir a interpretação fácil e clara da informação que será representada, e a escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão serão parâmetros para a escolha do formato da folha, deixando a escala de certo modo condicionada a estar devidamente representada dentro deste papel. 2.4 - NBR – 8403:1984 – aplicação de linhas em desenhos. Esta norma tem por parâmetro a condição de fixar os tipos e os escalonamentos de larguras de linhas para uso em desenhos técnicos e documentos semelhantes. Estabelece como condições gerais para as larguras das linhas, um escalonamento que pode ter referência nos formatos do papel para os desenhos técnicos, o que permite a redução e a ampliação, no processo de reprodução, para o formato do papel, dentro do escalonamento desejado, para que se obtenham novamente as larguras de linhas originais, desde que executadas com canetas técnicas e instrumentos normativos. Estabelece condições específicas sobre as espessuras das linhas, que foram produzidas quando o desenho técnico era feito em papel e canetas com espessuras; hoje deve-se refletir sobre o desenvolvimento dos projetos assistidos por computador. As larguras das linhas devem ser escolhidas conforme o tipo, dimensão, escala e densidade de linhas no desenho, de acordo com o seguinte escalonamento: 0,13(1); 0,18(1); 0,25; 0,35; 0,50; 0,70; 1,00; 1,40 e 2,00 mm, e no sentido que em diferentes vistas de uma peça, desenhadas na mesma escala, as larguras das linhas mantenham- se conservadas. Há um certo cuidado por parte da norma em falar que em representações nas quais faz-se uso de linhas paralelas (como é o caso de hachuras), o espaçamento não deve DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 ser menor do que 2 vezes a largura da linha mais larga, sendo recomendado não ser menor do que 0,7 mm. Quando desenvolvido o desenho por meio de cores, existe a necessidade de usar canetas técnicas, sendo respeitadas as respectivas dimensões, conforme quadro abaixo: Espessura da linha: Cor da linha: 0,13 mm - lilás 0,18 mm - vermelha 0,25 mm - branca 0,35 mm - amarela 0,50 mm - marrom 0,70 mm - azul 1,00 mm - laranja 1,40 mm - verde 2,00 mm - cinza Tabela 02: espessura das linhas e cores. Fonte: NBR – 8403:1984. A norma também coloca a condição dos tipos de linhas e suas utilidades: Linha Denominação Aplicação Geral Contínua larga A1 contornos visíveis A2 arestas visíveis Contínua estreita B 1 l i n h a s d e i n t e r s e ç ã o imaginárias B2 linhas de cotas B3 linhas auxiliares B4 linhas de chamadas B5 hachuras B6 contornos de seções rebatidas na própria vista B7 linhas de centros curtas Contínua estreita à mão livre (A) Contínua estreita em zigue-zague (A) C1 limites de vistas ou cortes parciais, ou interrompidas se o limite não coincidir com linhas traço e ponto Esta linha destina-se a desenhos zigue-zague (A) confeccionados por máquinas DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 Tracejada larga (A) Tracejada estreita (A) E1 contornos não visíveis E2 arestas não visíveis F1 contornos não visíveis F2 arestas não visíveis Traço e ponto estreita G1 linhas de centro G2 linhas de simetrias G3 trajetórias Traço e ponto estreita, larga nas extremidades e na mudança de direção H1 planos de cortes Traço e ponto larga J1 Indicação de l inhas ou superfícies com indicação especial Traço e dois pontos estreita K1 contornos de peças adjacentes K2 posição limite de peças móveis K3 linhas de centro de gravidade K4 cantos antes da conformação (ver figura 1f) K5 detalhes situados antes do plano de corte Se existirem duas alternativas em um mesmo desenho, só deve ser aplicada uma opção. Nota: se forem usados tipos de linhas diferentes, os seus significados devem ser explicados no respectivo desenho ou por meio de referência às normas específicas correspondentes. A norma procede com uma série de exemplificações do uso dos tipos de linhas, tanto em desenhos mecânicos como em desenhos arquitetônicos, cabendo uma consulta na mesma na hora que for desenvolvido o desenho. A norma também trata de ordem de prioridade, linhas coincidentes e terminações de linhas de chamadas, no corpo da norma, assim como sua representação em desenhos. 2.5 - NBR – 10067:1987 – princípios gerais de representação em desenho técnico. Esta norma tem por objetivo fixar a forma de representação aplicada em desenho técnico e faz uso de documentos complementares, como por exemplo: • NBR 8402 - execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos - procedimento. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 • NBR 8403 - aplicação de linhas em desenho técnico - procedimento. • NBR 12298 - representação da área de corte por meio de hachuras em desenho técnico – procedimento. Estabelece condições gerais, do uso do primeiro diedro (figura A) e do terceiro diedro (figura B), como métodos de representação ortográfica, conforme colocados nas figuras abaixo: Figura A Figura B Figura 07: fases dos projetos. Fonte: NBR – 10067:1987. Estabelece condições específicas em relação à denominação das vistas; os nomes das vistas indicadas na figura 8 são as seguintes: a) vista frontal (a); b) vista superior (b); c) vista lateral esquerda (c); d) vista lateral direita (d); e) vista inferior (e); f) vista posterior (f). Figura 8: Indicação de vistas. Fonte: NBR – 10067:1987. É possível entender a relação se colocarmos o desenho dentro de um cubo transparente, e colocarmos o objeto dentro do primeiro diedro, estabelecendo assim as vistas cônicas. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 Figura 09: representação no primeiro diedro. Fonte: NBR – 10067:1987. Se olharmos pela perspectiva do terceiro diedro, veremos a inversão pela condição do próprio posicionamento do objeto dentro do diedro. Figura 10: representação no terceiro diedro. Fonte: NBR – 10067:1987. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 Existe, segundo a norma, a necessidade de entender a relação das vistas e como escolhemos as mesmas para que recebam a nomenclatura correta, sendo que a vista mais importante de uma peça deve ser utilizada como vista frontal ou principal. Geralmente, esta vista representa a peça na sua posição de utilização. Quando outras vistas forem necessárias, incluindo cortes e/ou seções, elas devem ser selecionadas conforme os seguintes critérios: • usar o menor número de vistas; • evitar repetição de detalhes; • evitar linhas tracejadas desnecessárias. Determinação do número de vistas: Deve-se executarquantas vistas forem necessárias à caracterização da forma da peça a ser representada, e é preferível que estas vistas, cortes ou seções, estejam aderentes ao uso na execução do produto, e em relação à grande quantidade de linhas tracejadas. A norma também estabelece a necessidade de entender onde serão passadas as vistas especiais que eventualmente são passadas fora de posição, ou que não são possíveis ou convenientes de representar na posição determinada pelo método de projeção, podendo localizá-las em outras posições, com exceção da vista principal. Figura 11: escolha das vistas. Fonte: NBR – 10067:1987. A norma também dedica parte de seu escopo à delimitação do que é uma vista auxiliar, como devemos desenvolver o desenho de elementos repetitivos, critérios para a escolha, e detalhes ampliados. É importante consultar a norma para fins de entender o posicionamento das linhas de interseção, a relação com a representação DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 convencional de extremidades de eixos com seção quadrada e furos quadrados ou retangulares e vistas de peças simétricas, partes adjacentes, contorno desenvolvido, vistas de peças encurtadas. Dedica especial parte do material ao desenvolvimento e entendimento do que são cortes e seções, mostrando exemplificações, como representá-los, e como podemos fazer uso deles em peças e elementos arquitetônicos, assim como a aplicação de meio-corte, corte parcial e corte em desvio, seções rebatidas dentro ou fora da vista, proporções e dimensões dos símbolos. 2.6 - NBR – 10068:1987 – folha de desenho – leiaute e dimensões; NBR – 10582:1988 – apresentação da folha para desenho técnico; NBR – 13142:1994 – dobramento de cópia de desenho técnico. Em síntese, estas normas estão relacionadas, sendo que: Figura 12: escopo da folha da norma 10068/87. Fonte: NBR – 10068:1987. É interessante ressaltar que a norma coloca a condição do formato de padrão A como referência para o desenvolvimento de projetos e relações métricas, tanto para o formato horizontal como para o formato vertical, com as seguintes medidas: Designação Dimensões A0 841 x 1189 A1 594 x 841 A2 420 x 594 A3 295 x 420 A4 210 x 297 Tabela 03: dimensões das folhas. Fonte: NBR 10068/1987. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 Mostrando as relações métricas entre elas: Figura 13: proporções da folha do padrão A. Fonte: 10068/87. Estabelece condições para o desenvolvimento de margens e quadros que precisam ser colocados em função das dimensões. A norma NBR – 10582:1988 – apresentação da folha para desenho técnico, fixa as condições exigíveis para a localização e disposição do espaço para desenho, espaço para texto e espaço para legenda, além dos respectivos conteúdos, nas folhas de desenhos técnicos. Figura 14: utilização da folha conforme norma NBR – 10582:1988. Fonte: norma NBR – 10582:1988. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 ANOTE ISSO BR 13142 - desenho técnico - dobramento de cópia, trata especificamente da forma de dobragem dos diversos tamanhos de folhas que vão do A0 ao A3, dentro de suas proporcionalidades de tamanho. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA NBR – 10647:1989 – desenho técnico. Esta norma define os termos empregados em desenho técnico: • Quanto ao aspecto geométrico; • Quanto ao grau de elaboração; • Quanto ao grau de pormenorização; • Quanto ao material empregado; • Quanto à técnica de execução; • Quanto ao modo de obtenção. NBR – 10126:1987 – cotagem em desenho técnico: Esta norma tem por objetivo fixar os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos. Entende-se por cotagem, a representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico, numa unidade de medida. Para isto, usa-se o método de execução, e observa-se os elementos de cotagem (como linhas auxiliares e cotas), com cuidados em relação à apresentação da cotagem, e como acontece a disposição e a apresentação da cotagem, considerando: • Cotagem em cadeia; • Cotagem por elemento de referência; • Cotagem por coordenadas; • Cotagem combinada. Além de considerar indicações especiais: • Elementos equidistantes; • Elementos repetidos; • Chanfros e escareados; • Outras indicações. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 CAPÍTULO 3 FORMATO DE PAPEL E LETRAS E ALGARISMOS No presente capítulo faremos a relação entre as condições de desenvolvimento do desenho (representando o edifício que será construído na escala real), e que precisa ser representado dentro de um papel, o qual servirá de referência em obras. Para isso, o profissional deverá ter o domínio das relações de tamanho para definir a condição de desenvolvimento do desenho em escala. 3.1 - Dimensões dos tamanhos de papel da série A. As dimensões dos tamanhos de papel série A, são definidas por meio da ISO 216, que determina a condição em milímetros e polegadas, obtidas dividindo o valor em mm por 10. Podemos relacionar a tabela de tamanhos do papel série A, considerando a representação visual dos tamanhos. Exemplo: a unidade de medida de um A5 é a metade do tamanho de um A4, e o A2 é a metade do tamanho de um A1. Tamanho Largura x altura (mm) Largura x altura (m) Largura x altura (pol) 4A0 1682 x 2378 mm 1,682 x 2,378 m 66,2 x 93,6 pol 2A0 1189 x 1682 mm 1,189 x 1,682 m 46,8 x 66,2 pol A0 841 x 1189 mm 0,841 x 1,189 m 33,1 x 46,8 pol A1 594 x 841 mm 0,594 x 0,841 m 23,4 x 33,1 pol A2 420 x 594 mm 0,420 x 0,594 m 16,5 x 23,4 pol A3 297 x 420 mm 0,297 x 0,420 m 11,7 x 16,5 pol A4 210 x 297 mm 0,210 x 0,297 m 8,3 x 11,7 pol A5 148 x 210 mm 0,148 x 0,210 m 5,8 x 8,3 pol A6 105 x 148 mm 0,105 x 0,148 m 4,1 x 5,8 pol A7 74 x 105 mm 0,074 x 0,105 m 2,9 x 4,1 pol A8 52 x 74 mm 0,052 x 0,074 m 2,0 x 2,9 pol A9 37 x 52 mm 0,037 x 0,052 m 1,5 x 2,0 pol A10 26 x 37 mm 0,026 x 0,037 m 1,0 x 1,5 pol Tabela 01: tabela de dimensões do papel de série A. Fonte: ISO 216. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 Para conversão dos tamanhos de papel em centímetros, é possível converter os valores em milímetros a centímetros ao dividir por 10, e em pés ao dividir os valores de polegada por 12. A figura abaixo mostra a relação das dimensões dos papéis: Figura 01: dimensões dos papéis. Fonte: https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm. Para entender o formato do papel série A temos que entender que a relação de cada tamanho do papel é exatamente a metade do tamanho anterior (quando dobrado de forma paralela aos comprimentos mais curtos do papel). Tal sistema permite diversas aplicações, como a produção de folhetos em papéis dobrados ao meio, e fica diretamente relacionado à condição de redução e ampliação de imagens sem precisar fazer cortes ao objeto, quando aplicado ao desenho técnico. Tal situação acontece em relação aos comprimentos e larguras das folhas de papel, que é igual à raiz quadrada de 2. A condição que estabelece por base é o papel A0 (1 m²), e a relação é de que o comprimento é dividido pela largura em 1,4142 (√2), deixando cada tamanho subsequente https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 A(n) (em que n é o número do formato) como A(n-1), dobrando o tamanho paralelo aos lados curtos. Quanto maior o número de n, menor será o tamanho do papel, da mesma forma que quanto menor o número de n, maior será o seu tamanho (sendo A0 a referência de maior tamanho). 3.2 - Existem outras dimensões além do A0? Sim, existem. São os formatos 4A0 & 2A0 (formatos de tamanho grande da norma DIN 476), que são maiores em tamanho que o A0, 4A0 e 2A0, mas não são formalmente definidos pela norma ISO 216; no entanto, são mais comumente usados para papéis de tamanho grande. A origem desses formatosque discutimos neste capítulo é o padrão alemão (Deutsches Institut für Normung - DIN 476), em 1922, a Alemanha criou a Norma DIN 476, que serviu de modelo para o padrão internacional ISO 216, em vigor desde 1975. Há hoje dois padrões de tamanhos de papel em vigor: o utilizado nos Estados Unidos e Canadá, e o padrão internacional ISO 216, utilizado nos demais países, incluindo o Brasil. O tamanho 2A0 às vezes é descrito como A00, no entanto, essa convenção de nomenclatura não é usada para o tamanho 4A0. Para a tolerância de tamanhos de papéis da série A (a ISO 216), é necessário que algumas regras sejam seguidas na sua produção: • ± 1,5 mm (0,06 pol.) para dimensões de até 150 mm (5,9 pol.). • ± 2 mm (0,08 pol.) para comprimentos na faixa de 150 a 600 mm (5,9 a 23,6 pol.). • ± 3 mm (0,12 pol.) para dimensões acima de 600 mm (23,6 pol.). • O comprimento e a largura padrão de cada tamanho é arredondado para o milímetro mais próximo. • Como referência, o último item deve-se ao fato de que a relação de aspecto da raiz de 2 nem sempre gera um número inteiro. Mas existem outros tipos de formato, dependendo da influência do sistema de medidas adotado por alguns países, mas os tamanhos de papel da série A são de uso comum em todo mundo, ao contrário do que se utiliza somente nos Estados Unidos, Canadá e partes do México. Para efeito de curiosidade, o tamanho A4 torna-se assim o tamanho de cartão padrão de negócios em países de língua inglesa como Austrália, Nova Zelândia, e Reino Unido, que usavam os tamanhos britânicos. Na Europa, os https://www.din.de/de/cmd?level=tpl-home&contextid=din&utm_source=post&utm_medium=tutoriais&utm_campaign=formato-DIN DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 papéis A foram adotados como padrão formal somente no meio do século XX, e de lá se direcionaram para diversas partes do globo. 3.3 - Mas ainda existem outros tipos de tamanhos de papel? Sim, existem os cortados em RA e SRA que são padrões de papel não cortados para a impressão comercial, e esses formatos são projetados para permitir a sangria de tinta, a fim de que o papel a ser cortado se encaixe em um dos tamanhos da série A. Tamanho largura x altura (mm) largura x altura (pol) RA0 860 x 1220 mm 33,9 x 48,0 pol RA1 610 x 860 mm 24,0 x 33,9 pol RA2 430 x 610 mm 16,9 x 24,0 pol RA3 305 x 430 mm 12,0 x 16,9 pol RA4 215 x 305 mm 8,5 x 12,0 pol Tabela 02: tamanho RA. Fonte: https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm. Também temos o tamanho A3 + (Super A3) também denominado A3 Plus ou Super A3, mas isso não é um tamanho de papel definido na norma ISO 216. As dimensões são de 329 mm x 483 mm (13 pol. x 19 pol.), o que muda a relação de 1:1.468, no lugar da relação de aspecto 1:raiz de 2 dos tamanhos de papel definidos na norma ISO. Seu nome A3+/Super A3 é bastante enganoso, a sua nomenclatura comercial é B+ ou Super B (também nos Estados Unidos), e é na verdade o tamanho ANSI B com uma margem de 1 pol., para a sangria de tinta. 3.4 - Aplicabilidade dos papéis. Dependendo do tamanho do papel existem muitas aplicabilidades, mas é necessário entender suas dimensões, considerando as condições de uso específico dentro da área do desenho técnico. ISTO ESTÁ NA REDE Para conseguir desenvolver a conversão e entender as medidas, você pode fazer uso da calculadora que se encontra no site abaixo: Acesse o link: https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm. https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm https://www.tamanhosdepapel.com/a-papel-tamanhos.htm DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 3.4.1 - A6. As dimensões desse tipo de papel é de 148x105mm, tem pouca usabilidade para o desenvolvimento de desenhos, dada a sua pequena dimensão. Mas tem relação com pequenas impressões e confecciona blocos de notas. 3.4.2 - A5. A dimensão deste tipo de papel é de 148x210mm e trata-se de uma versão pequena em relação às folhas tradicionais, mas pode ser usado para alguns produtos gráficos e materiais de divulgação. 3.4.3 - A4. O tamanho A4 está entre os usados pelo mercado, conhecido e popular por todo o mundo, apresentando dimensões clássicas de 210x297mm, e com uso aplicado em diversos produtos diferentes. Na área de desenvolvimento de projeto, é utilizado especialmente no desenvolvimento do detalhamento mecânico, muito usado nas indústrias, por exemplo. É muito comum ser usado no cotidiano das empresas, por desenvolver relatórios e documentos, e por ser aplicado em catálogos, revistas, cartazes, papéis timbrados, e vários outros materiais. Muito versátil e com características intermediárias, atende à maioria das necessidades. 3.4.4 - A3. O papel A3 tem ganhado popularidade entre os profissionais de projeto por ser um tamanho maior e por ter a possibilidade de desenvolver impressão. As dimensões do A3 são uma escolha de 297x420mm. Com medidas robustas, é voltado para certos usos especiais. Hoje é muito usado para o desenvolvimento de cadernos de especificações e de condições de projetos de pequenas dimensões. Além disso, do ponto de vista gráfico, é uma ótima alternativa de material das mais variadas condições, dentro da área de projeto, já que reduz custos de formas significativas nas impressões de projeto. 3.4.5 - A2. Esta dimensão de tamanho é de 420x594mm, e por ser um papel bastante grande, tem uso específico para certas necessidades em plantas de maior dimensão, com escalas que conseguem se enquadrar dentro desta condição, o que não o torna tão comum para alternativas de desenho. Muito utilizado no passado, mas que atualmente DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 tem caído em desuso. Graças ao tamanho, é possível ter um resultado contínuo e de alta qualidade. 3.4.6 - A1. É um papel de dimensão de 594x841mm, que garante atendimento a boa parte das necessidades para o desenvolvimento do desenho e impressão de projetos que exigem maior superfície, e justamente por essa dimensão conseguimos derivar as demais dimensões, por exemplo: uma folha A2, uma A3, uma A4 e duas A5. Assim, dá para realizar a impressão múltipla de materiais menores. 3.4.6 – A0. É considerado a dimensão base com 841x1189mm. Comum para a opção de fazer impressões múltiplas, e, com isso, desdobrar as dimensões de papéis, como por exemplo duas folhas A1, ou qualquer coisa que esse material é capaz de apresentar. ANOTE ISSO No link abaixo é possível ver a condição de criação do papel. Sua origem, dimensões, padrões e tamanhos. Acesse o link: https://papodearquiteto.com.br/papel-sua-origem-dimensoes-padroes- e-tamanho/. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA É importante entender que além do padrão A, temos a condição de entender as demais relações com outros formatos de papel e o desenvolvimento de outros tipos de papéis, que são hoje amplamente aplicados ao redor do mundo. Como por exemplo: O padrão internacional: B; O padrão internacional: C; Tamanhos de papel estadunidenses; O padrão Japão; Livros com tamanho em polegadas. Acesse o link: https://www.convertworld.com/pt/tamanho-de-papel/. https://papodearquiteto.com.br/papel-sua-origem-dimensoes-padroes-e-tamanho/ https://papodearquiteto.com.br/papel-sua-origem-dimensoes-padroes-e-tamanho/ https://www.convertworld.com/pt/tamanho-de-papel/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 3.4.6 – A notação de letras e algarismos. A notação de letras e algarismos é uma condição que está diretamente ligada à escala de desenvolvimento do projeto. Quando os projetos eram desenvolvidos diretamente no papel, os profissionais tinham a necessidade de desenvolver uma caligrafia técnica, que é um conjunto de caracteres com a proporcionalidade dos desenhos técnicos, e de aplicação nos projetos de arquitetura; por isso, era comum desenhar as letras, geralmente de modo que fosse fácil desenhar, e também que fossem legíveis, geralmente amparadaspor linhas que apoiavam o desenho e desenhadas num ângulo de 75 graus. Mas para isso os profissionais contavam com instrumentos auxiliares, como por exemplo o normógrafo (um aparelho de desenho constituído de várias réguas) e uma “aranha”, que fazia a transferência entre a régua e o papel, cuja ponta seca era colocada sobre a régua (normógrafo), e a caneta ou lapiseira colocada sobre a outra ponta, transferindo o formato para o papel. A título de exemplificação, a letra técnica era desenvolvida da seguinte forma: Figura 02: estilos de letras desenhadas à mão. Fonte: NBR 8402. A norma era colocada de forma que fosse desenvolvido o estilo de letras e números adotados em Desenho Técnico é o Gótico Comercial, constituído de traços simples, com espessura uniforme. Pode-se utilizar tanto letras verticais como inclinadas. A NBR 8402, conforme estabelecido pela norma, deveria ser o estilo das letras e números adotados em Desenho Técnico é o Gótico Comercial. NBR 8402/1994 - Execução de caráter para a escrita em desenho técnico: Esta norma fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e documentos semelhantes. Perceba que a norma é relativamente antiga e necessita ter adequação para as condições atuais na produção de projeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Características Relação Dimensões (mm) Altura das letras maiúsculas h (10/10) h 2,5 3,5 5 7 10 14 20 Altura das letras minúsculas c (7/10) h - 2,5 3,5 5 7 10 14 Distância mínima entre caracteres (A) a (2/10) h 0,5 0,7 1 1,4 2 2,8 4 Distância mínima entre linhas de base b (14/10) h 3,5 5 7 10 14 20 28 Distância mínima entre palavras e (6/10) h 1,5 2,1 3 4,2 6 8,4 12 Largura da linha d (1/10) h 0,25 0,35 0,5 0,7 1 1,4 2 Tabela 03: Proporções e dimensões de símbolos gráficos. Fonte: NBR 8402/1984. Nota estabelecida pela norma: Para melhorar o efeito visual, a distância entre dois caracteres pode ser reduzida pela metade, como por exemplo: LA, TV, ou LT; neste caso a distância corresponde à largura da linha “d”. Figura 03: Características da forma de escrita. Fonte: NBR 8402/1984. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 CAPÍTULO 4 TÉCNICA DO USO DE MATERIAL DE DESENHO Por mais que hoje usemos o desenho assistido por computador, é necessário que conheçamos os fundamentos do uso dos materiais técnicos, pois boa parte do desenvolvimento do desenho técnico auxiliado por computador, deriva diretamente dessas técnicas. Instrumentos e materiais do desenho técnico incluem lápis, lapiseiras, réguas, transferidores, esquadros, entre outros, e podem ser considerados ferramentas usadas para o desenvolvimento de desenhos, medições e planos correspondentes às partes do desenvolvimento do projeto, e sua concepção auxilia na consistência da representação e na velocidade de criação dos elementos do desenho padrão. As ferramentas utilizadas no desenho técnico manual foram substituídas com o tempo e com e a melhoria dos aplicativos, mas seus fundamentos ainda são aplicados no desenvolvimento do desenho assistido por computador, e nos projetos de arquitetura e engenharia. 4.1 - Instrumentos comumente usados no desenho técnico manual. Nesta seção veremos as características de cada material, assim como as condições de uso aplicadas ao desenho técnico arquitetônico. 4.1.1 - Mesa de desenho. A respeito do desenvolvimento do projeto em pranchetas, tinha-se a necessidade de que as mesmas tivessem atributos e organizações que auxiliavam o desenvolvimento do desenho, alinhados às condições ergonômicas do projetista, tal como altura e condição de inclinação. Normalmente, seu uso estava associado à régua “T” ou à régua paralela, que geralmente já tinha a instalação diretamente colocada na mesa. A mesa tinha a função de fixar o papel sobre uma superfície lisa, geralmente o papel vegetal ou o papel sulfurize, usando por exemplo fita adesiva e fita crepe em suas pontas. Os modelos mais sofisticados podiam ter a base de metal e o papel podia ser fixado por imãs, mas com o tempo ficou em desuso por conta do custo. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 Podiam ser das mais variadas dimensões, como por exemplo as de um A0 ou A1, mas se tornou cada vez mais popular as de dimensões portáteis, pela facilidade de deslocamento. Figura 01: prancheta portátil. Fonte: https://amzn.to/3EDXf0D. Figura 02: prancheta inclinação. Fonte: https://amzn.to/3OC5Sxi. 4.1.2 – Lápis/lapiseira/caneta nanquim. Tradicionalmente, os desenhos eram feitos a lápis ou lapiseiras, e depois desenvolvidos em canetas nanquim. Esta primeira parte em grafite era feita em uma espessura A, e a dureza geralmente variava de HB a 2H, e somente depois era dada a necessidade de desenvolver as espessuras das linhas que podiam variar entre 0,8 mm, 0,25 mm, 0,5 mm e 0,7 mm. Os traços mais suaves geralmente oferecem melhor contraste, mas os mais fortes fornecem uma linha mais precisa. Figura 03: lápis. Fonte: https://amzn.to/3u73zZz. https://amzn.to/3EDXf0D https://amzn.to/3OC5Sxi https://amzn.to/3u73zZz DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 É a ferramenta mais utilizada pelos profissionais devido à versatilidade de uso e também pelo baixo custo de reposição das minas (grafites) que são colocadas dentro da mesma, conseguindo mesmo com esboços, desenvolver de forma bem versátil as condições para o projeto que exige precisão. Figura 04: lapiseira. Fonte: https://amzn.to/3gvN5HD. Figura 05: canetas nanquim. Fonte: https://amzn.to/3XBoYYo. O desenho a lápis foi desenvolvido para dar baixo contraste, e era muito usado para fotocopiar, fazendo com que os projetos sofressem modificações, que poderiam ser depois “passadas a limpo”. https://amzn.to/3gvN5HD https://amzn.to/3XBoYYo DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Na maioria dos casos, os desenhos técnicos finais eram desenhados com tinta, sobre o papel vegetal ou sulfurize, sendo em lápis na primeira fase e na segunda em caneta nanquim, marcando a amplitude das linhas. A caneta possuía um recipiente de tinta que continha um tubo que ficava anterior à uma agulha, e que permitia que a tinta saísse na espessura correta. 4.1.2 – Esquadro quadrado e chanfro. O esquadro é de crucial importância para o desenvolvimento do desenho, em especial com o uso da régua paralela, sendo o esquadro quadrado com dois ângulos de 45 e um de 90 graus, e outro que é um esquadro de ângulo escaleno. O esquadro quadrado, na forma de um triângulo isósceles, com um ângulo de 90º e dois de 45º, é usado junto com o chanfro para fazer linhas paralelas e perpendiculares. O chanfro tem a forma de um triângulo retângulo escaleno, que na verdade é formado por dois ângulos, um de 30 e outro de 60 graus, e que na condição que se coloca a régua paralela é possível fazer todos os tipos de traços. Figura 06: esquadros e réguas. Fonte: https://amzn.to/3F41V1g. 4.1.3 - Transportador ou transferidor. É usado para propor ângulos, e tem a utilidade de marcar o ângulo a partir do ponto zero, para depois ser traçado pela ajuda de uma régua ou mesmo um esquadro. Figura 07: transferidor. Fonte: https://amzn.to/3XB8LT6. https://amzn.to/3F41V1g https://amzn.to/3XB8LT6 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 4.1.4 – Regras, gabaritos ou modelos de desenho. Tiveram amplo uso, porém o desenho assistido por computador os substituem, em função da necessidade de se desenvolver a condição de circunferências e equipamentos hidráulicos. Estas réguas de borda reta podem ser usadas com lápis e marcadores, enquanto, usando uma caneta técnica, a régua deve ter uma borda com nervuras para evitar derramamento de tinta. São divididas em tipos de acordo com o design de suas arestas. O modelo vem com furos pré-fabricados de escala adequada paradesenhar símbolos e formas corretamente. Os modelos de caracteres são usados para desenhar textos com números e letras. Os gráficos geralmente têm fonte e tamanho padrão. Figura 08: Regras, gabaritos ou modelos de desenho. Fonte: https://amzn.to/3Xw2hox. Para desenhar círculos ou elementos circulares, os modelos de círculo também contêm tamanhos diferentes. Estes estão disponíveis para outras formas geométricas comumente usadas, como molduras e elipses, bem como para seleções especiais de outros fins. Há também templates específicos que podem ser utilizados em diferentes áreas da redação. Por exemplo, pode-se usar um modelo arquitetônico para desenhar portas de tamanhos diferentes com seus respectivos “arcos”. Esse ramo também possui modelos para desenhar prédios, móveis e outros símbolos relacionados. 4.1.5 - Escalímetro e régua. Uma régua de medição é uma régua de escala de três linhas marcada com seis escalas diferentes nas bordas. Atualmente essas réguas são feitas de plástico. Nos tempos antigos, elas eram feitas de madeira. Há também uma edição de bolso. https://amzn.to/3Xw2hox DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 Figura 09: escalímetro. fonte: https://amzn.to/3EDI47J. ANOTE ISSO Os escalímetros são divididos por suas condições de escala: Nº 1: possui as escalas 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. Nº 2: possui as escalas 1:100, 1:200, 1:250, 1:300, 1:400, 1:500. Nº 3: possui as escalas 1:20, 1:25, 1:33, 1:50, 1:75, 1:100. Obs.: veremos com mais propriedade o conceito de escala, e a forma de utilização do escalímetro. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Para que serve o escalímetro e como utilizá-lo? Acesse o link: https://www.tudoconstrucao.com/para-que-serve-o-escalimetro-e- como-utiliza-lo/. 4.1.6 - Régua T: A régua “T” foi um dos artifícios de apoio ao desenho, usada sobre uma superfície plana, sempre apoiada na borda da prancheta como suporte, com utilização no desenvolvimento de linhas horizontais, e também alinha outras superfícies de desenho. Pode-se usar réguas de madeira, plástico e metal, e as pontas podem, na forma de triângulo, conter um dispositivo que auxilia no desenvolvimento de ângulos, acoplado https://amzn.to/3EDI47J https://www.tudoconstrucao.com/para-que-serve-o-escalimetro-e-como-utiliza-lo/ https://www.tudoconstrucao.com/para-que-serve-o-escalimetro-e-como-utiliza-lo/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 à sua cabeceira, conseguindo atingir ângulos de 30º e 60º, entre outros. De certa maneira, facilita desenhar rapidamente com ângulos comumente usados. 4.1.7 – Régua paralela. É a mais comum de ser acoplada em uma prancheta, e sua fixação se dá pela condição de desenvolvimento de cordões que são colocados de forma transpassada. Na condição de tensionamento permite que a régua fique corretamente alinhada ao papel, e na condição de esticamento permite que a régua deslize de modo paralelo em relação à base da prancheta. ISTO ESTÁ NA REDE A régua paralela tem como função o traçado de linhas horizontais paralelas. Fica presa à prancheta através de um sistema de fios e roldanas, que promovem o deslizamento paralelo sobre a mesa de desenho. Acesse o link: https://www.vivendobauru.com.br/para-que-serve-a-regua-paralela/. 4.1.8 - Compasso. O compasso é normalmente utilizado para o desenho de círculos ou segmentos de arcos de círculos, e é um tipo de instrumento que possui dois braços diretos unidos por uma dobradiça, enquanto um dos braços possui uma ponta seca, com giro acentuado, o outro possui suporte para grafite, caneta ou lápis técnico. Sua articulação permite atingir grandes ângulos, ainda mais quando colocados extensores para melhorar o tamanho do raio. 4.1.10 – Curva francesa. Embora haja o uso de compassos e outros artifícios de desenho, normalmente pode- se fazer uso de desenhos que não necessariamente precisam de uma curvatura dentro de um raio específico, como é o caso do desenvolvimento de projetos paisagísticos, que é um modelo usado para desenhar curvas. https://www.vivendobauru.com.br/para-que-serve-a-regua-paralela/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 Figura 10: curva francesa. Fonte: https://amzn.to/3XBqbPJ. https://amzn.to/3XBqbPJ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 CAPÍTULO 5 SISTEMAS DE PROJEÇÃO Vimos na unidade anterior um pouco do que foi o método Monge e o que ele mostrava ser necessário para evoluir o processo de desenho e atender às necessidades das indústrias. Dois conceitos são necessários para o entendimento do que é o desenho técnico: a projeção de um ponto sobre um plano, e o pé da perpendicular ao plano conduzido pelo ponto. O plano é chamado plano de projeção, e a reta é projetante do ponto, porém, no espaço, um ponto não está bem determinado apenas com uma projeção. Assim, precisamos mostrar como se determina um ponto nos métodos de Monge. O método criado por Monge se dá pela condição de adição de dois planos de projeção perpendiculares entre si (formando um plano horizontal e um plano vertical) e são diversas as possibilidades do que se fazer com as projeções das figuras em duas dimensões. 5.1 - Planos perpendiculares. O método Monge é feito tomando por base dois planos de projeção perpendiculares entre si, que recebem o nome de épura, sendo um vertical e o outro horizontal. A junção ou intersecção desses dois planos chama-se linha de terra – LT (ou xy). Figura 01: Planos perpendiculares ou diedros. Fonte: https://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php. https://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 Dá-se o nome de diedros, cada um dos planos de projeção enumerados pelos quadrantes, e Linha de Terra - LT (ou xy) a interseção dos dois planos. Os ângulos diedros são ângulos formados por duas faces planas, e como eles formam dois planos de projeção, formam quatro ângulos diedros retos: I, II, III e IV. Por convecção temos que: Figura 02: considerações sobre os diedros. Fonte: autor. A todo conjunto damos o nome de épura, que é a representação da figura no espaço pelas projeções do plano. É importante sempre observar a figura no plano e imaginar como se essa figura estivesse sendo projetada sobre os planos, colocada no espaço entre os quadrantes. Existe uma manobra que se denomina a obtenção da épura, na qual gira-se o plano horizontal de projeção (PH) em torna da linha de terra em sentido horário, de forma que este coincida com o plano vertical de projeção (PH). Figura 3: épura. Fonte: https://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php. https://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 Resultando em uma visualização frontal como a colocada abaixo: Figura 4: movimentação. Fonte: Geométrica - GD - aula sobre Método de Monge (uel.br). 5.1 - O que é o desenho técnico. O ordenamento da épura é apenas para o desenvolvimento do desenho técnico, mas o que seria o desenho técnico? Pode-se definir desenho técnico como sendo uma forma de expressão gráfica que representa formas, dimensões e projeções de um objeto, de acordo com a necessidade de cada situação, para que seja como a produção de um texto, que é ordenado por regras, seguindo determinados padrões de representação, para que o projetista consiga passar a ideia a quem for executar. É usado em áreas que abrangem a engenharia e a arquitetura, como em edificações, indústrias mecânicas, detalhamentos, sistemas de infraestrutura, projetos de móveis, entre outras. Podemos traçar o paralelo em relação à linguagem humana, sendo que a linguagem gráfica pretende se comunicar por meio de regras de composição que facilitam a compreensão de leitura e a execução do que está sendo representado. No Brasil, o desenho técnicoé abordado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e para o ordenamento do desenho técnico, os profissionais podem fazer uso da norma ABNT/NBR 10647, que determina as representações utilizadas nesse tipo de trabalho, além dos tipos de desenhos, o grau de elaboração, o grau de especificação, os materiais a serem utilizados e as técnicas de execução, seja à mão livre ou assistidas por computador. https://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 Além disso, a ABNT apresenta uma série de normas mais específicas para a abordagem do desenho técnico de acordo com as representações utilizadas. E pode- se contar com outras normas: Figura 5: normas. Fonte: autor. Há tipos de desenho técnico? Podemos dizer que sim, existem dois tipos de desenho técnico: Figura 06: tipos de desenho. Fonte: autor. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 Mas o que diferencia o desenho técnico do desenho artístico? O segundo geralmente relaciona-se à percepção de quem o cria, e da relação de elementos pictóricos que ele tem na sua composição, logo, as regras são subjetivas, podendo ocasionar múltiplas interpretações. Já o desenho técnico precisa ser composto conforme referências normativas que determinam os símbolos, os tipos de linhas, as numerações, entre outros elementos, para que consiga-se ter uma comunicação clara entre quem o cria e quem o utiliza, e haja entendimento do que deve ser feito. O desenho técnico deve transmitir com exatidão as características da obra a ser construída, e por esse motivo a matéria do desenho projetivo ou desenho técnico configura-se entre as mais importantes nos cursos de arquitetura e de engenharia. O desenho técnico faz uso da geometria descritiva, que foi criada por Gaspard Monge, a qual consiste em representar em um plano bidimensional qualquer objeto que exista no plano tridimensional. Figura 07: desenho bidimensional e tridimensional. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Em outras palavras, seria a relação de representação de formas mais simples, e é a representação de qualquer objeto em alguma superfície plana (que pode ser uma folha de papel ou tela de computador, por exemplo). A partir da projeção de objetos, é possível determinar as medidas, distâncias, ângulos, áreas e volumes em seus tamanhos de verdadeira grandeza. https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 5.2 - O conceito de vista em desenho técnico. Para entender o conceito de vista em desenho técnico, precisamos falar sobre três elementos: o objeto, o observador e o plano de projeção. O objeto é o que deve ser representado. O observador é a pessoa que vê, analisa, imagina e desenha o objeto. O plano de projeção é o plano onde se projeta o objeto; no caso do desenho técnico é o papel. Precisamos ter o conceito de épura para poder entender como os diversos componentes podem ser representados. Perceba que existe relação entre o ponto de vista do observador, o objeto colocado no espaço e o modo que a intersecção das linhas são projetadas para o plano de projeção. ANOTE ISSO Se olharmos de um ponto de vista A, as projeções sobre o plano são determinadas pelo posicionamento do observador, e se colocarmos sobre um posicionamento B, temos outro tipo de projeção. A distância pode ter influência sobre o que é projetado. Quando a distância é finita e a direção (projetante) é direcionada pelo olhar do observador, elas convergem-se, e aí chamamos de projeção cônica. Se a distância finita e a direção dos projetantes forem paralelas, chamamos de projeção cilíndrica. Esta projeção do objeto é o que chamamos popularmente de vistas. Figura 08: projeção cônica. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Quando estamos desenvolvendo projeções cilíndricas, é necessário entender que as projetantes estão “atingindo” o objeto de modo paralelo, e podemos assim estabelecer uma mais fácil compreensão ao conceito de vistas, que basicamente podem ser colocadas na parte superior, lateral e frontal, ou podem ser aplicadas de forma tridimensional sobre todo o objeto. https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 ISTO ESTÁ NA REDE Conheça os tipos de perspectivas que vão ajudar a construir o desenho em 3D. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=370VSPaY5xI. Para fins didáticos, é como se conseguíssemos colocar o objeto sobre uma caixa transparente e colocássemos em cada uma das suas superfícies as condições de projeção. Colocaríamos as condições como representado na figura abaixo: Figura 10: projeção cônica. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Veja que temos a diferenciação entre a projeção cônica e a projeção cilíndrica, tendo a base de ambas os raios projetantes sobre o objeto. 5.3 - Perspectivas em desenho técnico. Há também alguns tipos de perspectivas que podem ser usadas para ajudar na compreensão do objeto, como é o caso das perspectivas cavaleira, axonométrica (esta possui subclassificações como isométrica, dimétrica e trimétrica) e cônica. A palavra perspectiva tem origem do latim e significa ver “através de” e trata-se de uma representação bidimensional de algo tridimensional, e quando desenhamos estamos fazendo uma projeção de um objeto que existe em 3D, para um superfície que permite apenas a representação em 2D. Figura 11: classificação das perspectivas. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. https://www.youtube.com/watch?v=370VSPaY5xI https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/ https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 Em síntese, a perspectiva serve para ajudar quem está vendo o desenho a ter uma noção de como aquele objeto está no mundo real, e também passa informações sobre altura, profundidade e largura. Como vimos, existem ao menos três classificações aplicáveis ao desenho técnico, que é a perspectiva cavaleira, a cônica e a axonométrica, sendo esta última ainda dividida em três: a isométrica, a dimétrica e a trimétrica. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Vamos ver como cada uma delas funciona: Isométrica Tem sua base em três semi- retas, que têm o mesmo ponto de origem, e entre elas formam ângulos de 120º. Assim podemos ter uma visão isométrica de um objeto, escolhendo a direção de visualização, de modo que os ângulos entre as projeções x, y e z sejam iguais a 120 graus. Por exemplo, podemos ter a visão de um cubo da seguinte forma: Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Dimétrica Quando apenas dois eixos formam ângulos iguais. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Trimétrica Quando os três eixos formam ângulos diferentes com o plano de projeção. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 Perspectiva cavaleira (ou oblíqua) Trata-se de um sistema de representações, que usa a projeção paralela oblíqua e as dimensões no plano de projeção frontal, e os elementos em paralelo a ele estão em verdadeira grandeza. Em tal perspectiva, duas dimensões do objeto são representadas e projetadas em tamanho real (altura e largura) e a terceira (profundidade) tem um coeficiente de redução. Os eixos X e Z formam um ângulo de 90° e o eixo Y é geralmente 45° (ou 135°) em relação a ambos. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. Perspectiva cônica (ou do arquiteto) Muito utilizada por arquitetos, pela facilidade de desenvolvimento geométrico. Representa com mais proximidade o que é visto pelo olho humano. Há algumas possíveisvariações como sendo de 1, 2 ou 3 pontos de fuga, e cada uma delas possui regras próprias para a sua construção. Nesse sentido, a principal diferença se dá por se tratar de uma perspectiva cônica por ponto de fuga, enquanto as demais são paralelas ou desenhadas obliquamente. Mas cabe ressaltar que as linhas referentes à altura e largura permanecem sem alteração. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/desenho-tecnico/. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 CAPÍTULO 6 GEOMETRIA DESCRITIVA A geometria descritiva é um ramo da geometria, que tem por objetivo entender as relações das formas espaciais, se encarregando da representação das figuras tridimensionais sobre um plano, bem como da resolução de problemas dessas formas, que podem ter ampla aplicação no ramo da arquitetura. Como visto, o teórico matemático francês Gaspard Monge, criou no século XVII os princípios elementares e gerais da teoria das projeções, a partir de operações que são denominadas de estereotomia (cortes). A geometria descritiva assim originou-se do cérebro deste matemático, que na busca de um ímpeto patriótico iria “tirer la nation française de la dépendance où elle a été jusqu’a présent de I’industrie étrangére” – “tirar a nação francesa da dependência da indústria estrangeira.” (Cadernos MEC, 1972, p.15). Por ser uma área de fundamental importância para o desenho de máquinas e edificações, por um tempo (algo em torno de 15 anos) a geometria descritiva foi considerada um segredo militar, a ponto de que o próprio Gaspard Monge prometeu não contar sobre sua criação (ULBRICHT, 1994:23). Um pouco mais tarde a geometria descritiva passa a ser de domínio público, passando, portanto, a ser ministrada nas instituições de ensino. No Brasil começou a ser ensinada em 1º de abril de 1812, na Real Academia Militar, pelo emérito professor 2º tenente José Vitorino de Santos e Souza. Estando em solo brasileiro foi também ensinada na academia Real de Belas Artes. (Dagostim, 1994, p.15). Nos dias atuais a geometria descritiva se faz presente no ensino superior, em especial nos cursos de Engenharia, Arquitetura, Design, em alguns cursos de Artes e outros, pois possui uma série de características que a tornam importante para esses profissionais. Segundo Marmo (1994, p.11): “1º) é uma matéria formativa, pois desenvolve o raciocínio, o senso e o rigor geométrico e o espírito de iniciativa e o de organização; 2º) é o melhor processo para resolver graficamente problemas práticos ou teóricos referentes às figuras do espaço; quando um profissional precisa resolver graficamente um problema sobre objetos no espaço, recorre à Geometria Descritiva; 3º) é o meio mais satisfatório para estabelecer um diálogo gráfico entre um projetista e um executante de obras técnicas, permitindo ao primeiro transmitir e ao segundo DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 captar as ideias de FORMA, TAMANHO e POSIÇÃO das referidas obras. Sem essa linguagem gráfica, seria impraticável o exercício da Engenharia e da Arquitetura.” Sobre o fundamento da geometria descritiva podemos conceituar que: “tem por finalidade representar no plano as figuras do espaço, de modo a podermos, com o auxílio da geometria plana, estudar suas propriedades e resolver os problemas referentes às mesmas.” (MACHADO, 1971). Resumindo o que já vimos: Centro projetivo Tipo de projeção Método de projeção Infinito Cilíndrica Método de Monge Perspectivas: Axonométrica e cavaleira Finito Cônica Perspectivas com ponto de fuga Tabela 01: quadro comparativo dos sistemas de projeção. Fonte: autor. A geometria descritiva faz uso da projeção cilíndrica ortogonal e assim pode-se representar todos os pontos de uma figura os quais são projetados por meio de raios projetantes paralelos entre si e perpendiculares ao plano de projeção. Mas ao se projetar uma figura nem sempre um plano de projeção somente é o suficiente para que todos os pontos do objeto sejam representados. 8.1 - Metodologia: Neste sentido, fazemos o uso do método de Monge e as figuras são projetadas em um diedro (dois planos que se interceptam perpendicularmente formando quatro regiões). Essas regiões são denominadas regiões diédricas ou diedros. Figura 1: Diedro. Fonte: https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1162048/mod_resource/content/0/Conteudos%20basicos%20de%20geometria%20descritiva.pdf. https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1162048/mod_resource/content/0/Conteudos%20basicos%20de%20geometria%20descritiva.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 Estes dois planos de projeção dividem o espaço em quatro diedros, e a linha de terra divide cada plano de projeção em dois semiplanos. E adotamos a seguinte nomenclatura: • π 1: Plano horizontal de projeção; • π 2: Plano vertical de projeção; • PHA: Plano horizontal anterior; • PHP: Plano horizontal posterior; • PVS: Plano vertical superior; • PVI: Plano vertical inferior. Porém para o desenvolvimento da geometria descritiva, estudamos as figuras tridimensionais em um plano (folha de papel) e necessitamos fazer o rebatimento desses diedros, que é o giro do plano horizontal de projeção sobre o plano vertical de projeção, de tal forma que PHA coincida com o PVI e o PHP coincida com o PVS. 6.1 - Pressupostos metodológicos. Na geometria descritiva faz-se uso da épura para representar objetos, e a partir da referência dos observadores situados em pontos infinitos, determina-se a direção das retas projetantes. A épura de Monge, como é conhecida, é a planificação do que foi projetado ortogonalmente nos planos de projeção, também ortogonais entre si. A linha de terra (LT) é a reta da inserção entre planos de projeção que foram propostos por Monge e chamados de vertical ou frontal e horizontal, os quais dividem o espaço em quatro diedros ou quadrantes. Com a aplicação do método, Gino Loria, outro matemático, implementou-se o terceiro plano de projeção (que deu origem à vista lateral esquerda, em relação à vista do 1º diedro). As vistas são alinhadas entre si, através de linhas de chamada, permitindo a percepção de sua posição relativa. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 Figura 01: vistas. Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Geometria_descritiva. Transferindo para o mundo real, a épura pode ser ilustrada pela prancheta de desenho, o que ocorre no desenvolvimento do projeto. A geometria descritiva serve como base teórica para o desenho técnico e permite a construção de vistas auxiliares, cortes, planos, seções, rebatimentos, rotações, intersecções de planos e sólidos, e a mudança de planos de projeção, mas na essência tem por objetivo mostrar a verdadeira grandeza das distâncias, ângulos e superfícies, bem como o cálculo de volumes a partir dos dados extraídos de projeções ortogonais. Sobre o sistema de representação em GD e sua aplicação em objetos tridimensionais, é necessário considerarmos algumas aplicações nas representações de objetos tridimensionais, e, para isso, precisamos introduzir o conceito de mudança de sistema de referência (MSR) e vistas auxiliares (VA), além da diferenciação de vistas auxiliares primárias (VAP) e as mudanças de sistemas de referência primárias (MSRP). E na evolução do nosso estudo, é necessário entender que são abordadas vistas auxiliares sucessivas (VAS), e através de mudanças de sistema de referências sucessivas (MSRS). Todos esses conceitos alinham-se à necessidade de resolver problemas típicos de projetos que envolvam a posição relativa do objeto e a verdadeira grandeza, ângulos e distâncias entre objetos, e a visualização em perspectiva e vistas principais. A modelagem de sólidos introduz os conceitos de extrusão, corte e intersecção. Além disso, precisamos entender como se dá a projeção de faces e arestas, assim como as projeções acumuladas, reduzidas e em verdadeira grandeza,o que dá pertinência ao envolvimento de retas (arestas), posições entre retas (concorrentes, DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 paralelas e reversas), e representações de planos (faces). Precisamos entender como os tipos de projeção de planos estabelecem posições particulares de arestas e faces em relação ao sistema de projeção mongeano, e os sete tipos de faces e tipos de arestas, assim como a visibilidade de arestas e faces. Como utiliza-se um sistema de projeção ortogonal, é necessário entender que o ponto de relação entre o objeto e o plano de projeção se dá pela condição de as linhas projetantes serem incidentes no plano de projeção de forma perpendicular, o que pode considerar que um objeto terá todas as suas arestas direcionadas para o plano de projeção, considerando a condição de envolvimento de toda a sua área limítrofe. Figura 02: projeção ortogonal. Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf. Este conceito é muito importante pois ele ampara a percepção do método de Monge, que faz uso de Sistemas de Projeção Cilíndricos Ortogonais e permite a representação exata de objetos planos, desde que estejam nos mesmos posicionamentos paralelos ao plano de projeção, de modo que sua verdadeira grandeza seja projetada. Mas quando partimos para objetos tridimensionais, só é possível a representação das faces exatas, paralelas ao plano de projeção. A projeção cilíndrica ortogonal de um objeto sobre um plano é chamada de vista ortogonal ou vista ortográfica (VO) do objeto. Além disso, a VO não contém as informações sobre a forma de um objeto. Considerando as propriedades dos Sistemas de Projeção Ortogonal, Gaspar Monge propôs um sistema de dupla projeção, constituído por planos ortogonais entre si, sendo um plano horizontal e outro frontal. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 Figura 03: Exemplos de sólidos em um sistema de múltiplas projeções. Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf. A Figura 3 tem a apresentação de quatro exemplos de objetos sólidos e suas representações em vistas ortográficas nos dois planos ortogonais de projeção. Neles estão representados em azul o que chamamos de Plano Horizontal de Projeção, e em verde o que chamamos de Plano Frontal de Projeção. Observe que os quatro objetos apresentam projeções idênticas no plano azul (horizontal). Isso significa que os objetos são idênticos quando observados de cima, o que pode ser uma possível interpretação da projeção no plano horizontal, a qual é também chamada de vista superior. Se considerarmos a vista frontal, no plano verde, eles se apresentam diferentes, com exceção do quarto objeto (d), que tem projeção idêntica ao de (a). ANOTE ISSO Em tal situação, os objetos se diferenciam apenas numa terceira vista, em um dos planos de projeção auxiliar, o que evidencia a necessidade de ter dois ou mais planos de projeção, para podermos compreender a forma do objeto. E pelo método de Monge permite-se a adição de tantos planos quanto necessários, criando um sistema de projeções múltiplas. Além disso, é possível com dois ou mais planos, que a representação de eixos correspondam aos eixos das coordenadas cartesianas (x, y, z). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 Podemos contar com um sistema em configuração tridimensional, a qual só pode ser compreendida em uma vista em perspectiva. No entanto é necessário compreender que o objetivo é representar objetos em um único plano, havendo a necessidade de planificar todo o sistema, e assim representar somente as projeções dos objetos em um único plano. O processo de planificação é feito através de um rebatimento de planos, considerando as interseções entre eles com os eixos de rotação. O que é demonstrado pela figura 04. Figura 4: planificação do sistema de projeção. Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf. A figura mostra que o sistema de projeção Mongeano, planificado com as projeções representadas e alinhadas do objeto, é uma característica importante para o correto entendimento do objeto e das relações entre as dimensões e coordenadas de projeções. A este sistema damos o nome de Épura, e a representação convencional pode variar bastante, a depender da fonte e do autor consultado. O importante é que a proposta de convenção seja a mais próxima possível do sistema de representação usual dos Sistemas de Referência cartesianos, com ênfase nos eixos coordenados x, y e z. A ideia fundamental é que as vistas ortográficas sejam dispostas de modo a permitir a compreensão das formas e dimensões dos objetos representados. E assim, podemos visualizar duas ou mais vistas do mesmo objeto, e o leitor pode formar a imagem DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 mental do objeto, sendo capaz de compreender suas formas, dimensões e posições com precisão. É necessário realizar operações sobre as vistas para obter e alterar os dados do objeto, e este tipo de representação é a base do desenho técnico e das representações de projetos geométricos nas diversas áreas do conhecimento. Figura 05: projeção em planos e épura. Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf. São consideradas como partes integrantes desse sistema de projeção: Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/202093/001107383.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 ISTO ESTÁ NA REDE Introdução ao que seria a geometria descritiva, e como o objeto deve ter a representação no plano. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?time_continue=1088&v=HUfYL4S- hsQ&feature=emb_logo ISTO ACONTECE NA PRÁTICA 20 dicas de desenho técnico para a arquitetura: 1. Comece a considerar o desenho técnico tão importante quanto o desenho à mão livre. 2. Sempre limpe seus compassos e a prancheta de desenho para manter os borrões mínimos. 3. Cubra seus compassos com fita crepe - isso também irá reduzir os borrões. 4. Faça seus desenhos técnicos usando um grafite HB. 5. Veja a virtude com paciência. Não perca a calma quando confrontado com desenhos técnicos desafiadores. 6. Comece a ver a beleza na geometria descritiva... e pratique-a todos os dias. 7. Comprometa-se a tornar-se tão excelente em desenhos técnicos que será capaz de levar qualquer parte de seus projetos para desenhá-los no quadro. 8. Consiga uma prancheta de desenho A2-A1-A0 adequada. Evite os pequenos desenhos A4-A3. 9. Faça um desafio de desenho técnico de 30 dias. 10. Use linhas pontilhadas para mostrar as bordas traseiras de seus desenhos. 11. Compreenda os princípios e o pensamento por trás das seções. 12. Conheça pelo menos três tipos diferentes de axonométricas. 13. Saiba o que é um dodecaedro e como desenhá-lo em projeção tripla e axonométrica. 14. Domine as projeções triplas. 15. Aprenda a resolver 100 problemas de geometria descritiva. 16. Aprenda a desenhar elipses personalizadas em todos os tipos de desenhos axonométricos. 17. Desenvolva uma paixão por resolver qualquer problema de geometria descritiva. 18. Saiba como desenhar todas as formas primitivas padrão: cubo, pirâmide, cilindro, cone, tetraedro etc. 19. Saiba como desenhar todas as formas geométricas padrão: quadrado, círculo, pentágono, hexágono etc. 20. Passe caneta em todos os seus melhores desenhos - sejam eles cortes, detalhes técnicos, axonométricas artísticas etc. Acesse o link: https://www.archdaily.com.br/br/889405/20-dicas-de-desenho- tecnico-para-arquitetura. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 CAPÍTULO 7 DESENHO GEOMÉTRICO O desenho geométrico, assim como a geometria descritiva, tem por função desenvolver a capacidade e promoção dosentendimentos da geometria que envolvem os objetos, e de como podemos desenvolver possibilidades construtivas do processo de projeto, por meio da adoção de raciocínio lógico, pensamento convergente, organização de processo, e do estímulo da criatividade tão essencial para os profissionais da área de arquitetura e engenharia. De acordo com Jorge (2002, p.15): “A linguagem gráfica é universal, pois independe dos idiomas e proporciona compreensão imediata e interpretação exata dos símbolos usados. Por exemplo, um técnico brasileiro pode construir fielmente algo projetado por um técnico chinês com base apenas em seus desenhos. Da mesma forma, uma pessoa pode ir a qualquer lugar, orientando-se somente por mapas e sinais visuais. Adquirir o conhecimento que permita compreender a linguagem gráfica e comunicar-se com ela é, hoje, essencial”. Mas dentro do ponto de vista evolutivo, segundo Gerdes (1992, p.15): “Qualquer que seja a nossa definição de Homo Sapiens, ele deve ter tido algumas ideias geométricas. De fato, a geometria existiria mesmo se não tivesse havido Homines Sapientes nenhum”. Assim, as formas geométricas aparecem até na natureza inanimada, em diversos aspectos da condição de vida orgânica, com a proporção áurea que foi motivo de desenvolvimento da arquitetura grega, por exemplo. De acordo com Wagner (1998): “Estando as construções geométricas cada vez mais ausentes dos currículos escolares, deve-se ajudar a resgatar o assunto do esquecimento e mostrar a sua importância como instrumento auxiliar no aprendizado da geometria, pois as construções com régua e compasso já aparecem no século V a.C., época dos Pitagóricos, e tiveram enorme importância no desenvolvimento da matemática grega”. É fácil de ser encontrada na condição natural, na construção orgânica da natureza, por exemplo na construção geométrica intencional que os insetos desenvolvem quando DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 propõem a construção de uma cela de colmeia, na confecção de uma teia de aranha, etc., demonstrando que é uma atividade geômetra inerente aos animais. Para Putnoki (2001, p.15): “É possível, inclusive, que a partir da evolução das relações entre o homem e a fauna, nascera há 60 mil anos, uma arte tão direta, tão inspirada, que conservou sua imortal juventude. Através de gravuras traçadas nas paredes das cavernas, o homem deixou registrado fatos relacionados ao seu cotidiano”. Para Petrini, a gravação é provavelmente a mais antiga forma de expressão artística do homem. Os habitantes das cavernas já faziam incisões sulcando com utensílios pontiagudos de pedra, superfícies rijas e paredes de habitações. Considerando a necessidade de suprir o desejo de se apropriar, revelar e documentar o Universo no qual estavam inseridos, essa foi uma maneira simples de se expressar. Mostraram-se também capazes de demonstrar que a geometria estava inerente ao processo. Assim, o gesto de gravar a linguagem com características diferentes de outras técnicas de expressão artística, como o desenho por exemplo, incorpora a necessidade de organização de informações pela geometria, e assim a multiplicação de imagens geométricas que depois manifestaram a escrita através da geometria. Logo, o desenho é algo inerente ao homem, e, dotado de raciocínio abstrato, conseguiu representar algo que ainda não existia, e a arquitetura talvez tenha sido o primeiro ato de formalizar a geometria que estava inerente a este processo. Assim, a linguagem se desenvolve pela geometria. Como linguagem de comunicação e expressão, a arte do desenho antecede muito a escrita, que na verdade conforma-se como uma combinação de pequenos símbolos desenhados. Da geometria das gravuras traçadas nas paredes das cavernas, o homem pré- histórico registrou fatos relacionados ao seu cotidiano. Enfim, a arte do desenho é algo inerente ao homem. À medida que a arquitetura evolui, vemos que temos a condição do uso da ferramenta. Enquanto os povos vão se aprimorando na geometria, surge um desenvolvimento de civilizações, como a dos babilônios e a dos egípcios, as quais realizaram verdadeiras façanhas arquitetônicas, derivadas da condição de dominar a geometria. 7.1 - Importância do desenho geométrico para a geometria. O estudo de Desenho Geométrico é fundamental para o desenho da geometria, pois conforme afirma Kopke (2004, 53): DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68 “Quando observou as dificuldades encontradas pelos alunos de Engenharia Civil e Elétrica, Matemática, Arquitetura e Artes, se propôs a lecionar a disciplina de Desenho Geométrico. Ele lembra que a maioria dos alunos não foi estimulada suficientemente para trabalhar com a visão espacial, por isso existe uma dificuldade em aprender a disciplina”. Lima (1991, p.150) considera que o desenho das figuras geométricas é importantíssimo para a compreensão, a fixação e a imaginação criativa. Ele acha fundamental que “o estudante por si só desenhe a figura, procurando caminhos, imaginando construções, pesquisando interconexões, forçando o raciocínio, e exercitando a mente.” 7.2 - Visualização Geométrica. Para Kaleff (2004, p12), é uma importante forma de conseguir estimular a habilidade de visualização geométrica e é tão ou mais importante do que a de calcular numericamente ou a de simbolizar algebricamente. Olhando especificamente para o contexto geométrico, a habilidade de visualização assume importância fundamental de visualizar os objetos geométricos, e o indivíduo passa a ter controle sobre o conjunto de operações mentais mais básicas exigidas no trato da geometria. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA A interpretação de informações visuais está presente tanto em problemas do dia-a- dia das profissões como nos mais inerentes problemas de engenharia, arquitetura, entre outras áreas. Portanto, o que está em jogo é a interpretação de informações visuais quando se trata desde os mais simples esboços das figuras geométricas (como triângulo, círculo e quadrado) até as relações geométricas que se estabelecem em um mapa, quando estamos tentando interconectar dois pontos de um mapa em relação a duas localidades, por exemplo; e quanto mais sofisticadas se tornam as representações gráficas do registro, mais podemos entender que existem valores e indicadores numéricos que se associam com essa geometria, além de considerar as plantas dos objetos, as imagens impressas ou mesmo a relação da criação de um projeto em relação à necessidade de transportar estas informações para edificação. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69 Há uma condição no desenvolvimento da habilidade de visualização das formas em geral, e em particular das formas geométricas, para a elaboração e interpretação de suas representações gráficas no plano, o que deveria ocupar a posição de destaque na formação dos profissionais que necessitam desses tipos de informações para viabilizar suas profissões. 7.3 - Conceitos do Desenho Geométrico. O desenho é uma forma de interpretação da realidade geométrica, visual, emocional ou intelectual, feito por meio da representação gráfica. Mas é inerente e acessível a todos. Quando aplicado no âmbito das profissões, apresenta natureza específica e particular em sua forma de comunicar uma ideia, uma imagem, um signo. No âmbito da arquitetura e da engenharia, fazemos uso do desenho geométrico considerando as ferramentas de desenvolvimento da geometria (compasso, réguas, esquadros, etc.), e a necessidade de desenvolvimento de uma formalização do desenho como outras linguagens, como um código de comunicação cujos signos são linhas, retas, e curvas. 7.4 - Elementos fundamentais do desenho geométrico. Quando olhamos ao nosso redor e percebemos o mundo, podemos enxergar à nossa volta várias formas diferentes de desenho geométrico, e podemos vê-los nos elementos da natureza, assim como nos objetos construídospelos humanos. Além disso, as formas geométricas possuem características diferentes em relação às suas dimensões, e o tratamento de suas superfícies. 7.4.1 - Dimensão. Os objetos no mundo real existem em ao menos três dimensões: largura (ou espessura), profundidade e altura, e elas podem ser classificadas da seguinte forma: 7.4.1.1 Formas adimensionais: são os elementos que não possuem dimensão, e por conta disso não podem ser medidos, tais como o ponto geométrico que é um exemplo de forma adimensional. Figura 01: ponto. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70 7.4.1.2 - Formas unidimensionais: São elementos que preponderam apenas uma dimensão e são chamados de unidimensionais; nesses elementos, podem-se medir apenas o comprimento. É o caso da linha gráfica. Figura 02: Forma unidimensionais. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. 7.4.1.3 - Formas bidimensionais: Possuem na essência duas dimensões, como o comprimento (ou profundidade) e a largura. Um exemplo seria a folha de papel. Figura 03: Formas Bidimensionais. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. 7.4.1.4 - Formas Tridimensionais: Caracterizam-se por possuírem três dimensões que podem ser medidas, como a largura, a profundidade e a altura. Figura 04: formas tridimensionais. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71 7.4.2 – Superfícies: Como o mundo real apresenta diversos elementos geométricos, é possível perceber que são formados por superfícies que podem ser classificadas como planos e curvas: Figura 05: superfícies planas ou curvas. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. 7.4.3 – Sólidos Geométricos: São elementos geométricos aqueles que possuem três dimensões, e os sólidos geométricos se enquadram dentro desta condição. Figura 06: elementos geométricos com três dimensões. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Podem ser considerados como sólidos geométricos aqueles que possuem os mesmos dois grupos: • os poliedros (poli=várias + edro= face) – ou seja possuem superfícies planas. Figura 07: poliedros. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72 Elementos do poliedro: As superfícies do poliedro são chamadas de faces. Quando duas faces do sólido se encontram chamamos de arestas. E quando três faces se encontram chamamos de vértices. Figura 08: elementos do poliedro. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. As superfícies do poliedro são chamadas de faces. Quando duas faces do sólido se encontram, temos a aresta. E quando três ou mais faces se encontram temos o vértice. Poliedros possuem somente superfícies planas. • Sólidos de revolução (obtidos pelo giro de uma superfície em torno de um eixo). Exemplos: Figura 08: sólidos de revolução. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. 7.4.4. - Entes Fundamentais. Entende-se por Entes Fundamentais da Geometria, o ponto, a linha e o plano/ superfície, e estão presentes nos elementos geométricos. 7.4.4.1 - O ponto. O ponto geométrico que vimos é adimensional, e é representado através da intersecção (cruzamento) entre duas linhas, entre a linha e o plano, e através do encontro de três superfícies (vértice de poliedros). https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73 Figura 09: pontos. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Ponto de atenção: quando nos referimos ao ponto, devemos fazer a representação por letras maiúsculas do nosso alfabeto. 7.4.4.2 - A linha. Pode ser entendida como sendo o conjunto de infinitos pontos cujas trajetórias podem ou não mudar de direção e de sentido, e podem ter a características de se prolongarem ao infinito, justamente por possuírem apenas uma dimensão: o comprimento. Podemos também obter uma linha através do deslocamento de um ponto em uma determinada direção, e essa direção pode ser constante ou não, ao mesmo tempo que podemos gerar uma linha através da intersecção (encontro) de duas superfícies. Figura 10: linhas e planos. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Ponto de atenção: geralmente as linhas são identificadas convencionalmente por letras minúsculas do nosso alfabeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74 7.4.4.3 - Plano ou superfície: Pode ser entendido como um conjunto infinito de linhas que se prolongam até o infinito. O plano ou superfície tem por característica básica a formação em duas dimensões, o comprimento e a largura, e por isso é definido como bidimensional. Quando deslocamos uma linha no espaço, descrevemos uma superfície que pode ser curva ou plana. Em superfície curva, a linha muda constantemente de direção de deslocamento, e na superfície plana a direção permanece a mesma. Figura 11: planos. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Quando dois ou mais pontos têm o pertencimento nas mesmas linhas, são denominados colineares. Figura 12: colinearidade. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Da mesma forma, quando dois ou mais pontos pertencem ao mesmo plano, ou duas ou mais linhas estão contidas no mesmo plano: são denominadas COPLANARES. Figura 12: coplanares. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75 As linhas por serem um conjunto infinito de pontos, cuja trajetória pode ou não mudar de direção e sentido, podem ou não voltar ao ponto de origem. E por isso, podem ser classificadas como abertas ou fechadas, sendo que a linha aberta começa num ponto e termina em outro, e a linha fechada começa e termina no mesmo ponto. Figura 13: linhas abertas e fechadas. Fonte: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf. Pode-se haver também uma classificação quanto à forma: Reta - possui uma direção: Curva - apresenta mudança de direção: Poligonal ou quebrada - muda de direção e sentido, e forma-se por partes de uma reta (segmentos): Sinuosa ou ondulada - muda de direção e sentido, formada por pedaços de curvas: Mista - formada pela união de mais de um tipo de linha: https://www.cp2.g12.br/blog/re2desenho/files/2019/10/2-Capitulo_II_-6o-Ano-gabarito2.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76 Mas as que interessam para o desenvolvimento do desenho técnico são: ISTO ESTÁ NA REDE O linkmostra alguns fundamentos do desenho geométrico e construções geométricas. Acesso o link: fundamentos do desenho geométrico / desenho e construção geométricos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77 CAPÍTULO 8 COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO O processo de desenvolvimento do desenho técnico se dá pelo desenvolvimento do desenho de plantas, cortes e elevações (que são a representação em verdadeira grandeza), e é necessário considerar que o mesmo será replicado em obras. Para isso, fazemos uso do modo auxiliar de cotas para o perfeito entendimento em obra. A norma que nos orienta neste processo é a norma ABNT/NBR-10126: cotagem em desenho técnico. Esta norma é desenvolvida fixando os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos. E outras normas que podem ser consultadas se aplicam quando necessário. As figuras colocadas no texto da norma, servem apenas como exemplificação, devido às suas simplicidades. A própria norma coloca a necessidade de outras consultas, e precisamos fazer a colocação dos caracteres por meio da ABNT/NBR 8402, e a aplicação das linhas em desenhos (como por exemplo os tipos de linhas e larguras das linhas) conforme procedimentos especificados na ABNT/NBR 8403. Além disso, podemos fazer uso das normas de representação para o desenho técnico – vista e cortes, assim como seus procedimentos. 8.1 - Definições previstas na ABNT/NBR 10126: A norma define como: Cotagem: representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico em uma unidade de medida. Funcional: quando se aplica de forma a atender um objetivo ou local. Não funcional: não essencial para o funcionamento do objeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78 Auxiliar: dada somente para a informação, a cotagem auxiliar não influi nas operações de produção e ou inspeção, é normalmente derivada de outros valores apresentados no desenho ou em documentos, e nela não se aplica tolerância. Elemento: Uma das partes características do objeto tal qual uma superfície plana, uma superfície cilíndrica, um ressalto, um filete de rosca, uma ranhura, um contorno etc. Figura 01: Fonte: ABNT/ NBR 10126. Produto acabado: se dá após o desenvolvimento de cotas ser considerado completamente pronto para montagem ou serviço, sendo uma configuração executada conforme o desenho, e o produto acabado pode também ser uma etapa pronta para posterior processamento (muito comum em produtos fundidos ou forjados). 8.1 - Aplicação: O campo da aplicação deve ser usado quando necessário para descrever uma parte ou o todo de um elemento, que pode ser uma peça mecânica, ou até mesmo uma parte de edificação. Deve ser representada diretamente sobre o desenho, de modo claro e completo. A cotagem deve ser localizada na planta, vista ou corte que representa mais claramente o elemento. O desenho dos detalhes deve usar a mesma unidade do desenho completo (por exemplo, milímetros), de forma que todas as cotas se combinem com ela, em maneira e símbolo. Para se evitar o mau entendimento, o símbolo da unidade predominante deve ser incluído na legenda. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79 Algumas cotas indicam especificação de como os componentes funcionam, como é o caso de tubulações de N.m ou kPA (pressão), e o símbolo deve ser propriamente colocado, indicando o valor. ANOTE ISSO Além disso, é necessário somente cotar para a descrição do objeto ou produto acabado, e nenhum elemento do objeto ou produto acabado deve ser definido por mais de uma cota, com exceção de: • Nos locais onde for necessário a cotagem em um estágio intermediário de produção (muito relacionado ao tamanho do elemento). • Quando a adição de uma cota auxiliar for vantajosa. Não é usual usar cotas para especificar processos de fabricação ou métodos de inspeção, exceto quando forem indispensáveis para assegurar o bom funcionamento ou intercambialidade. A cotagem funcional deve ser escrita diretamente no desenho, e ocasionalmente vem escrita de forma indireta, sendo aceitável se mantiver os requisitos dimensionais estabelecidos. A cotagem não funcional deve ser localizada de forma mais conveniente para a produção e inspeção. 8.3 - Método de execução. Iremos neste tópico abordar os elementos de cotagem, as linhas auxiliares de cotas, e o uso destes. Os elementos de cotagem incluem a linha auxiliar, a linha de cota conforme descrita em ABNT/NBR 8403, e os limites da linha de cota, além dos vários elementos da cotagem que são mostrados nas figuras abaixo. Figura 02: método de execução. Fonte: ABNT/NBR 10126. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80 As linhas auxiliares e cotas são desenhadas como linhas estreitas e contínuas conforme ABNT/NBR 8403, e conforme indicado na figura anterior. As linhas auxiliares devem ser prolongadas ligeiramente além da respectiva cota, e um pequeno espaço deve ser deixado entre a linha de contorno e a linha auxiliar. As linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado, entretanto, se necessário, podem ser desenhadas obliquamente a estes (aproximadamente 60°), e paralelas entre si. A construção da intersecção das linhas auxiliares deve ser feita com o prolongamento desta até um ponto de intersecção, e sempre que possível as linhas auxiliares e de cota não devem cruzar as outras linhas, conforme mostra figura a seguir. Figura 03: método de execução 02. Fonte: ABNT/ NBR 10126. Alguns cuidados são necessários, em especial quando as peças apresentam dimensões relativamente grandes que não permitem a representação no papel, no entanto é necessário observar que a linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento seja. Figura 04: Método de execução 03. Fonte: ABNT/ NBR 10126. O cruzamento das linhas de cota e auxiliares devem ser evitados, caso contrário, as linhas não devem ser interrompidas no ponto do cruzamento. Outro cuidado necessário é que a linha de centro e a linha de contorno não devem ser usadas como linha de cota, no entanto podem ser usadas como linha auxiliar. A linha de centro, quando DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81 usada como linha auxiliar, deve continuar como linha de centro até a linha de contorno do objeto. Figura 04: Método de execução 04. Fonte: ABNT/ NBR 10126. A indicação dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou traços oblíquos. Estas indicações são especificadas como segue: A seta é desenhada com linhas curtas formando ângulos de 15°. A seta pode ser aberta, ou fechada preenchida. Figura 05: desenho de setas. Fonte: ABNT/NBR 10126. b) O traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45°. Figura 06: desenho de linha curta e inclinada. Fonte: ABNT/NBR 10126. As indicações dos limites da linha de cota devem ter o mesmo tamanho num mesmo desenho e somente uma forma de indicação dos limites da linha de cota deve ser usada num mesmo desenho. Quando o espaço for muito pequeno, outras formas de indicação podem ser utilizadas. Figura 07: Indicação da linha de cota. Fonte: ABNT/NBR 10126. Quando houver espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser apresentadas entre os limites da linha de cota, e quando o espaço for limitado DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82 as setas de limitação da linha de cota podem ser apresentadas externamente, no prolongamento da linha de cota, desenhado para esta finalidade. Somente uma seta de limitação da linha de cota é utilizada na cotagem do raio, e pode ser por dentro ou por fora do contorno (ou linha auxiliar), o que depende do elemento apresentado. 8.4 – Apresentação da linha de cotagem. As cotas devem ser apresentadas em caracteres de tamanho suficiente para garantir a legibilidade,tanto no original quanto em reproduções (ABNT/NBR 8402), e as cotas devem ser localizadas de tal modo que elas não sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha. Há dois métodos de cotagem, mas somente um deles deve ser utilizado num mesmo desenho. • O primeiro é o qual as cotas devem ser localizadas acima e paralelamente às linhas de cotas, e preferivelmente no centro. Há, no entanto, exceções que podem ser feitas quando a contagem sobreposta é utilizada, e assim as cotas devem ser escritas de modo que possam ser lidas da base e/ou do lado direito do desenho. Cotas em linhas de cotas inclinadas podem ser seguidas conforme mostra a figura abaixo: Figura 08: cotas inclinadas. Fonte: ABNT/ NBR 10126. • Temos também a situação das cotas angulares que podem ser seguidas como nas imagens abaixo: Figura 09: cotas angulares. Fonte: ABNT/NBR 10126. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83 ISTO ESTÁ NA REDE As dimensões mostradas no desenho recebem o nome de cotas, que têm grande importância, pois são elas que permitem a construção exata e objetiva. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=p9eqELi4cpk. O segundo método é caracterizado pelas cotas serem lidas da base da folha de papel. As linhas de cotas devem ser interrompidas, preferencialmente ao meio, para a inscrição da cota. Figura 10: cotas interrompidas. Fonte: ABNT/NBR 10126. O mesmo raciocínio segue para as cotas angulares. Figura 11: cotas angulares interrompidas. Fonte: ABNT/NBR 10126. É necessário observar que as cotas frequentemente necessitam de adaptação para várias situações, e no caso do exemplo as cotas podem estar no centro, submetido à linha de cota. A peça é desenhada em meia peça ou sobre o prolongamento da linha de cota, quando o espaço for limitado. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84 Figura 12: adaptação das cotas. Fonte: ABNT/ NBR 10126. É muito comum usar esse tipo de cota sobre o prolongamento horizontal da linha de cota, quando o espaço não permite a localização com a interrupção da linha de cota não horizontal. As cotas fora de escala devem ser sublinhadas com linha reta de mesma largura da linha do algarismo, exceto quando a linha de interrupção for utilizada. Figura 13: prolongamento da linha. Fonte: ABNT/NBR 10126. 9.1.3 - Disposição e apresentação da cotagem. A disposição da cota no desenho deve indicar de forma clara a finalidade do uso e geralmente o resultado é combinado com várias finalidades. Fazemos uso da cotagem em cadeia quando admitimos que as tolerâncias não irão comprometer a finalidade do uso e entendimento funcional das partes. Figura 14: disposição da cota. Fonte: ABNT/ NBR 10126. Os símbolos seguintes são usados com cotas para mostrar a identificação das formas e melhorar a interpretação de desenho. Os símbolos de diâmetro e de quadrado podem ser omitidos quando a forma for claramente indicada. Os símbolos devem preceder à cota: φ: Diâmetro. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 85 φ ESF: Diâmetro esférico. R: Raio. R ESF: Raio esférico. ¨ Quadrado. Figura 15: uso de simbologias. Fonte: ABNT/NBR 10126. A cotagem por elemento de referência é um método usado quando o número de cotas da mesma direção se relacionam a um elemento de referência. A cotagem por elemento de referência por ser executada como cotagem em paralelo ou cotagem aditiva. A cotagem em paralelo é a localização de várias cotas simples paralelas umas às outras e espaçadas suficientemente para escrever a cota. A cotagem aditiva é uma simplificação da cotagem em paralelo e pode ser utilizada quando há limitação de espaço e quando não há problema de interpretação. A origem é localizada num elemento de referência, e as cotas são localizadas na extremidade da linha auxiliar. É muito comum que a cotagem aditiva em duas direções seja utilizada quando for vantajoso. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 86 Figura 16: cotagem. Fonte: ABNT/NBR 10126. Quando estes elementos estiverem próximos, é normal quebrar as linhas auxiliares para permitir a inscrição da cota no lugar apropriado, como mostra a seguir: Figura 17: linhas auxiliares. Fonte: ABNT/NBR 10126. Temos também a possibilidade de desenvolver a cotagem por coordenadas, o que pode se tornar mais prático já que estas coordenadas mostram os pontos de intersecção em malhas nos desenhos de localização indicada. As coordenadas para os pontos arbitrários sem malha, devem aparecer adjacentes aos pontos ou na forma de tabela. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 87 Figura 18: cotas por coordenada. Fonte: ABNT/NBR 10126. A cotagem combinada, a cotagem simples ou aditiva ou cotagem por elemento comum podem ser combinadas no desenho: Figura 19: cotas combinadas. Fonte: ABNT/ NBR 10126. Quando desenvolvemos o desenho precisamos fazer uso de algumas indicações especiais, como cordas, ângulo e raios. A cotagem de cordas, aros e ângulos estão exemplificados na figura: Figura 20: cordas, aros e ângulos. Fonte: ABNT/ NBR 10126. Quando o centro do arco sair dos limites do espaço disponível, a linha de cota do raio deve ser quebrada ou interrompida, conforme a necessidade de localizar ou não o centro do aro. Quando o tamanho do raio for definido por outras cotas, ele deve ser indicado pela linha de cota do raio com o símbolo R sem cota. Figura 21: uso do R. Fonte: ABNT/NBR 10126. Para elementos equidistantes que são uniformemente distribuídos e que são parte da especificação do desenho, a cotagem pode ser simplificada. O espaçamento linear pode ser assim, e se houver alguma eventual confusão entre o comprimento do espaço e o DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 88 número de espaçamentos, um estado deve ser cotado. Os espaçamentos angulares de furos e outros elementos podem ser cotados, e os espaçamentos dos ângulos podem ser omitidos se não causarem dúvidas ou confusão. Os espaçamentos irregulares podem ser cotados indiretamente dando o número de elementos. Figura 22: uso de elementos de espaçamento. Fonte: ABNT/NBR 10126. A abordagem de elementos repetidos pode ser definida pela quantidade de elementos de mesmo tamanho, evitando repetir a mesma cota, e eles podem ser cotados como mostram as figuras abaixo: Figura 23: quantidade de elementos. Fonte: ABNT/NBR 10126. Em chanfros de 45 graus, a cotagem pode ser simplificada, como mostra a figura: Figura 24: indicação de cotagem de chanfro. Fonte: ABNT/NBR 10126. Os escareados são cotados conforme mostrados a seguir: Figura 25: cotas em ângulo. Fonte: ABNT/NBR 10126. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 89 Algumas outras indicações podem se utilizadas neste caso para evitar a repetição da cota ou evitar linhas de chamadas longas, como por exemplo letras de referência, em conjunto com uma legenda ou nota, como na figura a seguir: Figura 26: notas. Fonte: ABNT/NBR 10126. Para a cotagem de objetos simétricos representados em meio a um corte ou meia vista, a linha de cota deve cruzar e se estender ligeiramente para além do eixo de simetria (ver NBR 10067). Figura 27: eixo de simetria. Fonte: ABNT/NBR 10126. Normalmente não se cota em conjunto, porém, se for o caso, os grupos de cotas específicas para cada objeto devem permanecer separados, quando possível. Algumas vezes é necessário cotar uma área ou comprimento limitados de uma superfície e fazer a indicação dessa situação especial. Em tais casos as áreas ou comprimentos, assim como a localização, deverão ser indicados por meio de uma linha, traço, ou ponto largo, desenhados adjacentes à paralela face correspondentes. Figura 28: cotas desenhadas de modo adjacente. Fonte: ABNT/NBR 10126. Quando essa exigência especial se referir a um elemento de revolução, a indicação deve ser mostradasomente de um lado. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 90 Figura 29: elementos de revolução. Fonte: ABNT/NBR 10126. Quando a localização ou extensão da exigência especial necessitar de identificação, devemos cotar aproximadamente, porém quando o desenho mostrar claramente a sua extensão, a cotagem não é necessária. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O link abaixo é uma importante fonte de consulta para entender a representação gráfica da cotagem num desenho: Acesse o link: https://www.versus.pt/forma-espaco-ordem/desenhotecnico-4-5- cotagem.htm#:~:text=De%20um%20modo%20global%20e,linhas%20de%20cota%20 n%C3%A3o%20rectil%C3%ADneas. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 91 CAPÍTULO 9 ESCALAS Nesta unidade estudaremos o entendimento do escalímetro, que é o instrumento responsável pelo uso da escala. O escalímetro é um instrumento em formato de régua triangular de três faces e seis escalas diferentes, utilizado para medir e fazer representações gráficas ampliadas ou reduzidas, mantendo a proporcionalidade. Tem amplo uso no desenho técnico, auxiliando na elaboração de projetos, geralmente para a interpretação de medidas de projetos em desenvolvimento ou projetos já prontos. Mas enquanto desenvolvemos o estudo sobre o uso do instrumento é necessário entender o conceito de escala. Figura 01: Escalímetro de 15 e de 30 centímetros. Fonte: https://www.escolaengenharia.com.br/escalimetro/. 9.1 - O que é escala. Para se utilizar o escalímetro é necessário entender o conceito de escala, porque é necessário conhecer a escala que se deseja desenhar ou a escala que o desenho está sendo concebido. A escala é uma relação entre a dimensão gráfica de um elemento e https://www.escolaengenharia.com.br/escalimetro/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 92 a dimensão real, e podemos fazer uso dela para desenhos de edifícios, terrenos, entre outras representações pertinentes dentro da área da arquitetura e da engenharia. A relação é direta entre as seguintes proporções: E = d/D Onde: • E = escala. • d = dimensão gráfica. • D = dimensão real. O escalímetro tem a representação no papel de uma parte real de um determinado terreno ou objeto, mantendo-se as proporções de acordo com os respectivos tamanhos. Ao ser utilizada a escala 1:100 significa o mesmo que a cada 1 unidade de medida no desenho é representado 100 unidades de medida no tamanho real. Supondo que se queira representar um elemento de comprimento equivalente a 10 metros, utiliza-se a escala de 1:50, basta utilizar a fórmula da escala para determinar o comprimento do objeto no desenho. Exemplo: E = d/D Logo: 1/50 = d/10 tal que d = 0,20 m ou 20 cm. Portanto, para se representar um objeto de 10 metros de comprimento em uma escala de 1:50, devemos desenhar uma linha de 20 centímetros no papel ou no projeto. Por outro lado, para se conhecer o tamanho real de uma representação gráfica de um projeto que faz por exemplo uso da escala 1:25, devemos medir o comprimento do mesmo, utilizar a mesma equação, e substituir os respectivos valores: E = d/D 1/25 = 0,20/D, tal que, D = 5 metros 9.2 - Escalas do escalímetro. Hoje estão disponíveis no mercado os escalímetros encontrados em 3 diferentes formatos, e cada um deles possui escalas diferentes, que são utilizadas para diferentes aplicações: • Nº 1: possui as escalas 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. • Nº 2: possui as escalas 1:100, 1:200, 1:250, 1:300, 1:400, 1:500. • Nº 3: possui as escalas 1:20, 1:25, 1:33, 1:50, 1:75, 1:100. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 93 Vamos conhecer cada um dos escalímetros, e para qual finalidade são usados. O nº 1 é o mais utilizado. 9.2.1 - Escala 1:125. A escala 1:125 é comumente usada para representar plantas baixas, seções e fachadas de casas e edifícios. Essa escala enfatiza tanto o encolhimento que não acomoda níveis muito altos de detalhes. 9.2.2 - Escala 1:100. Para projetos com dimensões reduzidas, como residências unifamiliares, a escala 1:100 é frequentemente usada. Nesse caso, cada metro na dimensão real é representado por 1 centímetro no desenho. 9.2.3 - Escala 1:75. Essa escala também é comumente usada para plantas baixas, cortes e fachadas, proporcionando um nível de detalhamento maior do que as escalas anteriores. 9.2.4 - Escala 1:50. A escala 1:50 é muito utilizada porque permite a visualização detalhada do projeto. Frequentemente usada para planejamento e corte em projetos. 9.2.5 - Escala 1:25. A escala 1:25 permite uma representação mais detalhada de seus elementos, mas o tamanho da representação no papel é grande e difícil de usar. 9.2.6 - Escala 1:20. Contém ainda mais detalhes e tamanho maior. 9.2 - A utilização do escalímetro. Confira abaixo um vídeo explicativo de como utilizar o escalímetro para desenhar o mesmo objeto em diferentes escalas e tamanhos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 94 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA PEREIRA, Caio. O que é Escalímetro e como utilizá-lo. Escola Engenharia, 2018. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/escalimetro/. Acesso em: 24 de novembro de 2022. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=JBH74C0jU2g&t=41s. 9.3 - As aplicações da escala. Faz-se o uso da escala quando é preciso trabalhar a proporção de objetos na dimensão real, de modo a conseguir o enquadramento dentro do processo do papel, mas para isso é necessário fazer a redução ou ampliação do objeto, de modo que ele consiga ser representado no papel. Quando representamos objetos de grandes dimensões, precisamos desenvolver o desenho em escalas menores, ao contrário de peças e objetos de dimensões pequenas, que desenvolvemos em escalas maiores. Essa modificação do tamanho dos objetos nos desenhos permite a correta representação desde mapas, aeronaves e até mesmo peças como um relógio, para que ela aconteça de forma compreensível e para que eles consigam ser construídos. 9.4 - Definição de Escala. Escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do objeto, e pode ser entendida como o processo de mudança das dimensões reais para outras medidas no desenho. 9.5 - Representação de Escala. Outra noção que temos que ter em relação à escala é que ela é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do objeto, e nos desenhos de escala as medidas lineares do objeto real podem ser mantidas (como na escala real), mas na maioria das vezes são aumentadas ou reduzidas, em sua proporcionalidade, por termos a necessidade de representar dentro do espaço de uma folha de papel. Figura 02: Proporcionalidade em escala. Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te309%20aula%2005%20-%20aplicacao%20de%20escalas.pdf. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 95 É interessante que cada lado de B é uma vez menor que cada lado correspondente de A, e cada lado de C é igual duas vezes cada lado correspondente de A, o que nos leva a concluir que dentro da proporcionalidade, as figuras B e C estão representadas em A. Um dos possíveis exemplos é que a redução de uma figura como uma torre de transmissão dificilmente seria possível no papel, dada a sua dimensão, e por conta disso, devemos atuar na escala de modo que seja proporcionalmente representado no papel. Figura 03: exemplo de escala de redução. Fonte: <http://tecnometal.multiplus.com/. Como característica da escala, temos a necessidade de manter as medidas lineares do objeto que é desenhado em tamanho real. No caso de ampliação ou redução, as medidas lineares são aumentadas ou reduzidas proporcionalmente. Outra característica é que as dimensões lineares não se alteram quando aumentamos ou diminuímos a escala, tendo apenas variação escalar das medidas lineares dos lados dos ângulos que não influenciamno valor de sua medida em graus. Entende-se por escala natural a representação do desenho igual à dimensão real, e as medidas são transportadas para o desenho sem alterações, e é utilizada para a representação de pequenas peças e objetos. Um exemplo disso é o mouse de computador que permite ser colocado sobre um papel, sendo corretamente representado, em função de sua dimensão. Podemos representar como escala de redução, a representação do desenho sendo menor que a dimensão real, e sua utilização sendo usada na maior parte dos desenhos, em plantas, fotografias e mapas. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 96 As escalas de ampliação tomam a representação do desenho sendo maior que a dimensão real, e tem mais utilidade na representação de detalhes de peças muito pequenas. 9.5 - Tipos de escalas. Existem alguns tipos de notações que podem ser utilizadas, como por exemplo: • Escalas numéricas • Escalas gráficas Podemos fazer a notação por meio de escalas numéricas, informadas pela proporção entre dimensões reais e dimensões do desenho, através da razão entre as medidas. São utilizadas principalmente em desenhos de projetos e figuras. Geralmente se faz uso da palavra escala ou sua abreviatura ESC (seguida por um número), e as condições exigíveis para o emprego de escalas e suas designações em desenho são definidas pela norma ABNT/NBR 8196 – desenho técnico – emprego de escala. Ex: ESCALA 1:1 e ESC. 1:1 A designação completa de uma escala deve consistir na palavra “ESCALA”, seguida da indicação da relação: a) ESCALA 1:1, para escala natural. b) ESCALA X:1, para escala de ampliação (X > 1). c) ESCALA 1:X, para escala de redução (X < 1). O valor de “X” deve ser conforme a tabela abaixo. Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 Nota: as escalas da tabela podem ser reduzidas ou ampliadas na razão de 10. Fonte: ABNT/NBR 8196. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Dessa forma, o escalímetro pode ser identificado de forma visual, podendo ser reduzido ou ampliado ou representado em escala natural. As indicações de escala existentes nos escalímetros normalmente vendidos, como o caso do escalímetro N1, são de escala de redução – 1:2; 1:2,5; 1:50; 1:100; 1:75; 1:125 etc., e todos estão baseados no sistema ISO, acondicionados no sistema internacional em metros. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 97 ANOTE ISSO Leitura com escalas de redução. Podemos pegar a exemplificação abaixo para entender como se comporta uma peça de pequena escala, escrita como escala de redução de 1:20. Uma leitura comum de escalímetro de 1:20 deve ser realizada seguindo os passos: 1. Determinação quando vale a menor divisão do escalímetro. 2. Verificar quantas divisões existem de 0 a 1 m, observando a condição de que existem escalímetros de 0 a 10 metros, de 0 a 100 metros, e deve proceder da seguinte forma: como existem 50 divisões, logo cada divisão vale o equivalente a 0,02 metros (no de 0 a 10 metros valeria 0,2 m e no 0 a 10 valeria 2 m). 3. Contamos quantas divisões existem de zero até o final da peça. No exemplo abaixo são 65 divisões. Figura 04: uso de escala de redução. Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te309%20aula%2005%20-%20aplicacao%20de%20escalas.pdf. 4. A dimensão real da peça é de 1,3 metros, que é o resultado do produto de 65 (número de divisões no escalímetro do início ao final da peça) vezes 0,02 metros (valor da menor divisão deste escalímetro). Um processo parecido deve ser feito em relação à leitura com escalas de ampliação, como foi visto no exemplo anterior de como redigir desenhos diretamente utilizando o escalímetro, sem qualquer artifício, porém podemos fazer o uso de coisas como desenhos ampliados, que seriam escritos em escala 5:1, já que as escalas de ampliação são padronizadas, reescrevendo-a da seguinte forma: Figura 05: escala de desenhos ampliados. Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te309%20aula%2005%20-%20aplicacao%20de%20escalas.pdf. https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te309%20aula%2005%20-%20aplicacao%20de%20escalas.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 98 ISTO ESTÁ NA REDE ESCALA DE REDUÇÃO | Matemática - aula #3. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=cRWenHXeTH8. Neste caso em específico temos que a figura com uma escala de 5:1 seria 0,013 metros (13 mm) que é resultado do produto de 65 (número de divisões no escalímetro do início ao final da peça) vezes 0,0002 metros. As escalas gráficas são um tipo de representação feita por meio de uma figura a qual mostra a proporção do tamanho de um determinado desenho em relação à medida real, com seu uso mais associado a mapas e figuras. Figura 06: exemplo de notação gráfica de escala. Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te309%20aula%2005%20-%20aplicacao%20de%20escalas.pdf. Dentre as principais vantagens desse tipo de escala, há a possibilidade de que caso haja dilatação ou retração do papel, onde o desenho e a escala estão expostos, o mesmo acompanhará as variações. A vantagem da escala gráfica é que ela fornece as dimensões e o valor real das medidas executadas sobre o desenho, sem que seja necessário desenvolver cálculos, independentemente da redução ou ampliação que ele pode sofrer. A escala gráfica que podemos exemplificar para isso é a escala 1:3.000, 1 cm = 3.000 cm, ou seja 1 cm = 30 m. ou com sua ampliação É muito comum a execução do “talão”, que seria uma representação genérica e de maior dimensão, que toma a medida base por referência, cujas subdivisões são menores que as anteriormente ilustradas, podendo não ser ilustradas, como é o caso da escala de 1:30000. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 99 Dentre as principais aplicações, temos: Planta de edificações 1:50 Planta de edifícios maiores 1:100 e 1:200 Planta de arruamentos e loteamentos urbanos 1:500 e 1:1.000 Planta de propriedades rurais 1:1.000, 1:2.000 e 1:5.000 Planta cadastral 1:5.000, 1:10.000 e 1:20.000 Cartas de municípios 1:50.000 e 1:100.000 Mapas 1:200.000 a 1:10.000.000 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 100 CAPÍTULO 10 PLANTA BAIXA ARQUITETÔNICA Para entendermos o processo de desenvolvimento da planta baixa arquitetônica é necessário voltar a revisar o plano de projeção e sua relação com a perspectiva cônica. O fato é que toda estrutura de pensamento sobre desenvolvimento do projeto arquitetônico deriva diretamente do entendimento e do posicionamento do plano de projeção em relação ao objeto, e no caso da planta baixa, determinada altura do projeto e do objeto, conforme norma, passa a 1,5 do piso. Como a perspectiva cônica, os raios projetantes têm sua fonte tendendo ao infinito. As linhas que são representadas estão diretamente ligadas ao plano de projeção que passa exatamente onde o plano de projeção se desenvolve, logo há a representação das arestas nas quais o plano de projeção passa. Na projeção cilíndrica, que neste caso é ortogonal, há os raios projetantes em 90 graus. O desenho técnico faz mais uso das projeções ortogonais que consistem na representação plana de um objeto nas três direções ortogonais, sendo que apenas duas são para a confecção da planta. Podemos entender que uma planta nada mais é do que a relação de eixos de coordenadas X e Y, sobre a qual faremos as conexões entre os pontos, algo que também farão em obra, por meio do gabarito. Pense que cada ponto da planta precisa ter ao menos dois pontos de referência para que sejam marcados em obra. 10.2 - Transportando projeções para área do projeto arquitetônico. As normas que versam são: • Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT/NBR 6492 – Documentação Técnica para Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos – Requisitos, Rio de Janeiro. 27 páginas. • Associação Brasileira de Normas Técnicas- NBR 16636 – Elaboração e Desenvolvimento de Serviços Técnicos Especializados de Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos. Rio de janeiro. 17 páginas. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 101 Os desenhos básicos que compõem um projeto de arquitetura a partir de projeções ortogonais são: • As plantas baixas • Os cortes • As elevações ou fachadas • A planta de cobertura • A planta de localização • A planta de situação Vamos entender cada uma delas. Primeiramente, a planta: Podemos recorrer à própria norma para buscar uma definição base segundo o item 3.3 da ABNT/NBR 6492: “Planta de edificação. Vista superior do plano secante horizontal, localizado a, aproximadamente, 1,50 m do piso em referência. A altura desse plano pode ser variável para cada projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários”. A própria norma ressalta que as plantas de edificação podem ser do térreo, subsolo, jirau, sótão, cobertura, entre outros. A norma também coloca as diferenças em relação às etapas do projeto, aborda para cada tipo de etapa num nível de detalhamento do projeto, nas quais constam as fases e objetivos a serem atingidos, dando início ao que se chama de “programa de necessidades: caracterização do empreendimento cujo(s) edifício(s) será(ão) projetado(s) e a relação dos setores que compõem o empreendimento, suas ligações, necessidades de área, características especiais, posturas municipais (código de obras), códigos e normas pertinentes”. E a partir disso detalha as demais fases: Estudo preliminar: Tem por finalidade desenvolver o estudo da viabilidade de um programa e do partido arquitetônico a ser adotado para a aprovação do cliente. Pode servir à consulta prévia para aprovação em órgãos governamentais. Como documentação típica é colocada: planta de situação; plantas, cortes e fachadas; memorial justificativo. Nesta fase são representados os elementos construtivos, ainda que de forma esquemática, de modo a permitir a perfeita compreensão do funcionamento do programa e partidos DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 102 adotados, incluindo níveis e medidas principais, áreas, acessos, denominação de espaços, topografia e orientação. Anteprojeto: Nesta fase se define o partido arquitetônico e se desenvolve uma evolução significativa dos elementos construtivos, considerando os projetos complementares (estruturas, instalações, etc.). Além disso, é nessa etapa que o cliente deve aprovar, e que os órgãos oficiais envolvidos devem reter um detalhamento para possibilitar a contratação da obra, após a devida aprovação. Como documentos típicos temos: planta de situação; plantas, cortes e fachadas; memorial justificativo, que deve abranger os aspectos construtivos; discriminação técnica; e o quadro geral de acabamento (facultativo); nesse nível de aprovação deve- se constar os documentos para aprovação em órgãos públicos e uma lista preliminar de materiais, o que leva a um maior nível de detalhamento do projeto. Os elementos construtivos devem estar bem caracterizados, com indicação de medidas, níveis, áreas, e denominação de compartimentos, além de constar a topografia e orientação solar, e os eixos e coordenadas. Nesse aspecto, a descrição dos materiais adotados deve atender às necessidades da etapa. Projeto executivo: É a parte do projeto que apresenta de forma clara e organizada todas as informações necessárias à execução da obra assim como todos os serviços inerentes à essa etapa e apresenta como documentação típica: planta de locação; plantas, cortes e fachadas; detalhamento; discriminação técnica; quadro geral de acabamentos (facultativo); especificações dos materiais e suas respectivas listas, assim como um quadro geral de áreas (que pode ser entendido como facultativo, porém existe a necessidade de se aplicar um quadro de esquadria), entre outras informações necessárias que amparam o desenvolvimento da obra. Por conta disso, é o projeto que usamos como referência para a explicação da importância da obra. O nível de detalhamento da informação deve ser corretamente amparado e indicado em todos os materiais usados, assim como suas respectivas quantidades, além da disposição dos detalhes construtivos essenciais, e recomendações necessárias para a correta execução. Pelo item 5.3.1.2 da norma ABNT/NBR 6492, é necessário que esses projetos contenham no mínimo plantas, cortes e fachadas, que devem conter minimamente: • simbologias de representação gráfica conforme as prescritas nesta Norma; DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 103 • indicação do norte; • caracterização dos elementos do projeto: fechamentos externos e internos, acessos, circulações verticais e horizontais, áreas de serviço e demais elementos significativos; • indicação dos nomes dos compartimentos; • cotas gerais; • cotas de níveis principais; • escalas; • notas gerais, desenhos de referência e carimbo. O que mostra que independentemente da etapa e nível de detalhamento, é necessário que sejam indicadas estas condições. O próprio texto da norma coloca como sendo necessário que conste ao menos o sistema estrutural, eixos do projeto, e cotas complementares. Já a norma que trata da elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos, a ABNT NBR 16636-2, entende que é necessário desenvolver a organização das etapas e os níveis de detalhamento, e vê o projeto de concepção arquitetônica como um todo, o qual coloca segundo o seu item 4.1.1: “A determinação e a representação dos ambientes e seus compartimentos, seus elementos, componentes e materiais de edificação, com a sua organização, agenciamento, definição estética e ordenamento do espaço construído para uso humano ou representativo, de cunho cultural ou monumental”. (ABNT NBR 16636-2, 2017, p.1). A norma também coloca como sendo essencial para: “Edificações novas; construções; edificações existentes; ampliação, redução, modificação, remanejamento, reciclagem, reconversão, recuperação, reforma, preservação, conservação, reparação, restauração, pré-fabricação e pré-moldagem”. (ABNT NBR 16636-2, 2017, p.2). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 104 ANOTE ISSO Considerando a completude de informações necessárias para a colocação do projeto, o nível de detalhamento é grande. Os elementos da edificação e seus componentes construtivos nos aspectos arquitetônicos são os seguintes: • fundações. • estruturas. • coberturas. • forros. • vedos verticais, paredes, esquadrias, proteções e complementos. • revestimentos e acabamentos em ambientes exteriores, interiores e intermediários. • sistemas de instalações prediais. • instalações elétricas. • instalações mecânicas. • instalações hidráulicas e sanitárias. • jardins e paisagismo. A norma dá especial destaque para as condições das fases do projeto e o objetivo em relação ao fluxo, e entende que os estágios de execução da atividade técnica do projeto arquitetônico para as edificações consideram duas fases principais: fase de preparação e fase de elaboração e desenvolvimento. O projeto deve atender ao menos as constantes informações técnicas mínimas. Como por exemplo: “Registrar a caracterização de cada objeto específico de construção (edificação, elementos e componentes construtivos, materiais para construção e sistemas prediais de instalações), os atributos funcionais, formais e técnicos considerados, contendo os seguintes requisitos prescritivos e de desempenho”. (ABNT NBR 16636-2, 2017, p.4). E com isso fazer menção direta à condição da elaboração do projeto executivo arquitetônico ser orientado em cada uma das suas etapas, por: “A) informações de referência e informações técnicas específicas a serem utilizadas; b) informações técnicas a serem produzidas; c) documentos técnicos a produzire a apresentar”. (ver ABNT NBR 6492 e ABNT NBR 16636-2, 2017, p.5). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 105 10.3 – Normas e a representação de planta arquitetônica. A planta baixa pode ser também denominada como planta de pavimento, e é o elemento conhecido como projeto arquitetônico. E por meio dele que representa- se cômodos, portas, janelas, louças, metais, escadas, pisos e demais informações restantes para o entendimento do projeto. Planta baixa, ou simplesmente planta é a representação gráfica do que acontece nos planos horizontais de vista ortográfica seccional, que está em uma determinada altura da parede, o que significa passar ao meio o plano seccional da casa quando passamos a visualização de cima da casa, de altura média de 1,20 a 1,50 m em relação ao piso do pavimento em questão. São elementos gráficos da planta baixa: Cômodos: A identificação dos cômodos é feita através de nomes padronizados, geralmente fazendo uso de exemplos como escritório, sala de estar, varanda, sacada, cozinha, entre outros. Caso haja cômodos com a mesma função, utiliza-se numeração sequencial. Além da nomenclatura, outras informações precisam estar presentes, dentre elas: • área útil. • acabamento do piso. • pé direito. • acabamento das paredes. • acabamento da laje ou forro. • equipamentos fixos. É necessário que seja indicado os equipamentos fixos, como bacias sanitárias, pias, tanques e chuveiros, já que são essenciais para a elaboração dos projetos complementares, uma vez que estes direcionaram os projetos estrutural, elétrico e hidrossanitário. Estas informações são essenciais, pois servem de referência para o posicionamento e dimensionamento de tubulações, eletrodutos, pilares e demais elementos. É importante salientar que todos os detalhes necessários para o desenvolvimento dos demais projetos evitam que informações se percam ao longo do processo, mesmo que não sejam exigidos para a aprovação da prefeitura. Indicação de cortes também é um elemento necessário à planta baixa, porém com o intuito de representar uma seção vertical da edificação, e sua indicação na planta baixa mostra o sentido de representação do corte. As janelas em planta baixa precisam ser representadas de modo a avaliar a iluminação e a ventilação do ambiente (análise muito comum em prefeituras), e a compatibilização DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 106 dos demais projetistas, que se relacionam nos projetos complementares (especialmente no projeto estrutural, que prevê o alívio de cargas da alvenaria). O responsável da obra precisa do posicionamento das aberturas da alvenaria na hora de soltar as frentes de trabalho, antecipando o gabarito de assentamento da alvenaria. A representação gráfica também precisa informar as dimensões, altura do peitoril, e tipo de janela a ser utilizada, normalmente seguidos do referenciamento de símbolos e tabela de esquadrias. Geralmente quando fazemos o uso da especificação das janelas, é necessário entender que tipo de janela é aplicada em relação à orientação solar e de ventilação, o que ajuda a entender, ainda durante o projeto, a relação de insolação e de ventilação associada à condição do tipo de ventilação. A representação da mobília fica em função do que se pretende atingir com a planta. Não é um direcionamento muito comum para a obra, mas tem utilidade por exemplo em hospitais, hotéis, e outros tipos de funcionalidades institucionais, já que podem ser cobradas por órgãos reguladores, ou para uma análise mais específica, considerando as normas de um determinado setor. As mobílias também são importantes no desenvolvimento da planta baixa, que embora seja opcional na maioria das vezes, podem ser colocadas na concepção do projeto para que consigamos dimensionar a relação dos layouts com a condição de circulação, também relevantes em algumas edificações institucionais. O norte geográfico é essencial para posicionar a edificação no terreno e desenvolver possíveis análises da incidência solar e do conforto térmico. As paredes e divisórias e seus posicionamentos são de indiscutível importância na colocação da planta baixa, no entanto é importante que estes estejam representados no modo que serão executados, considerando inclusive a espessura do tijolo e a espessura do revestimento e de sua composição; nos casos em que utilizamos diferentes tecnologias, é necessário fazer uso de legendas e outros artifícios para a correta representação. É comum, mesmo antes da elaboração do projeto estrutural, considerar o posicionamento das vigas e pilares, a fim de prever espaços para o posicionamento destes elementos, considerando escondê-los sempre que possível. As portas são elementos indispensáveis tais como as esquadrias, e devem estar representadas na planta baixa. É importante também indicar suas dimensões e o sentido da abertura. O projetista deve pensar no seu posicionamento de modo a não atrapalhar o fluxo de pessoas. Na projeção, há elementos não visíveis, que são elementos representados na planta baixa e se encontram abaixo de 1,5 m de altura a partir do plano de piso acabado, DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 107 porém quando o elemento é relevante para se compreender a edificação e a execução, deve ser representado mesmo que esteja escondido. A representação sempre é feita com linhas tracejadas e pontilhadas para a diferenciação dos elementos visíveis e alguns elementos escondidos. Alguns exemplos de elementos escondidos são: marquise, sacada, alçapão e alvenaria sob bancada. A representação de shafts são previstos para a passagem de tubulações hidráulicas, eletrodutos, e demais elementos que precisam atravessar os pavimentos, e é importante o planejamento para a facilitação da compatibilização entre os projetos, evitando futuras alterações no projeto arquitetônico. Elementos textuais da planta baixa: Entre eles temos o alinhamento predial em que a linha imaginária separa o terreno do passeio público, e é importante sua representação a fim de referenciar a posição correta da obra no terreno. Cotas são as medidas que indicam as dimensões e distâncias dos elementos construtivos, e devem ser em quantidade suficiente para que não haja dúvidas nem ambiguidades sobre o local onde um elemento deve ser construído, além de dar informações essenciais para a dimensão. Escala é a indicação de um fator de redução ou aumento do desenho em relação às dimensões reais, por exemplo: a escala indicada de 1:100 que 1 m na folha representa na realidade 1 m da edificação. É necessário também fazer a indicação de rampas além dos seus níveis e dimensões, e indicar a inclinação das rampas, para facilitar a construção e para oferecer informações, evitando o surgimento de dúvidas. Da mesma forma devemos proceder com as informações da escada, que é um dos elementos mais emblemáticos da edificação, portanto, todo cuidado é pouco para especificá-las, e o ideal é que seja fornecido o máximo de informações possíveis, como por exemplo a altura dos espelhos, a largura do degraus, o número de degraus, níveis de patamares, entre outras informações. Os níveis são outra importante informação sobre a altura do piso acabado em relação à referência escolhida, e usualmente adota-se o nível do terreno como sendo o nível 0 (zero). Os pisos são geralmente representados em forma de textos ou símbolos e é necessário que sejam indicados para calcular os quantitativos e orçamentos da obra. Além disso, as áreas são utilizadas pela prefeitura para verificação dos critérios exigidos para aprovação do projeto e para o cálculo de áreas úteis. 10.4 – Planta e sua visualização a partir da inserção de plano de seção. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 108 A planta precisa ser desenvolvida considerando que iremos passar um plano seccional à uma altura de 1,20 a 1,50 m, e sempretendo o sentido do plano voltado para baixo, de modo que passe em meio aos vãos de janelas e portas, consideramos que estamos passando em meio a paredes. A representação da linha da parede é a linha que veremos imediatamente no plano, e por conta disso ela acaba sendo representada com uma linha mais grossa, ao passo que as linhas dos peitoris são representadas, e a linha intermediária e as linhas de piso, por estarem mais distantes do plano seccional, devem ser representadas com linhas mais finas. Percebe-se que pela representação do plano de secção (que nada mais é do que um corte), mas no sentido horizontal da construção, existe algumas possíveis interferências que são representadas acima, como por exemplo escadas que ficam em parte visíveis na parte de baixo e representadas por linhas pontilhadas acima do plano de corte. Considerando o sentido de visualização do observador de cima para baixo, acrescida de informações técnicas. Figura 10: planta. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. Perceba que no desenho acima a planta contém apenas informações para delimitação de espaços, além das condições de posicionamento de aberturas (portas e janelas). Existe também a necessidade de posicionarmos as condições das peças sanitárias e áreas molhadas, o que dentro do jargão da arquitetura chamamos de “molho”. Com essa etapa de projeto exige uma evolução de estudos, uma vez que se estabelece o layout final, e que partimos para as definições, como por exemplo a inserção das indicações como corte, nomenclatura dos ambientes, e suas respectivas áreas, assim como a indicação do tipo de acabamento no piso. É comum que nestas fases de colocação das cotas, façamos também a indicação das aberturas como portas e janelas, seja por medidas diretas locadas subsequentes à condição de desenvolvimento http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 109 do desenho, ou por colocação de uma simbologia que possa ser compreendida em associação à uma tabela de esquadrias. Figura 11: planta com informações dimensionais e indicações de cortes. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. Planta de locação (ou implantação) e cobertura: É um tipo de locação de edificação que mostra onde a construção está localizada dentro do terreno, e indicada por cotas de amarração, além disso considera as distâncias do limite do terreno (muro, cerca viva, outra edificação, etc.) até o ponto inicial da obra. Neste tipo de planta podemos definir a locação, vegetação, calçadas, agenciamento etc., e buscamos cotar o que chamamos de “amarrando o terreno”. Na planta coberta, segue-se os mesmos procedimentos de cobertura, com a indicação das águas, a inclinação, e quantidade de águas da cobertura. Além disso, pode-se representar a projeção da construção, e indicar o tipo de telha e sua inclinação (%). A planta de locação e cobertura, em geral, é desenhada na escala de 1:100 ou 1:200. Nela também é indicada a orientação (norte). http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 110 Figura 16: planta de implantação. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA A planta de situação serve para o entendimento da locação de uma obra em relação ao local exato que ela ocupará no lote, e para isso normalmente se faz a obtenção de dados cadastrais da prefeitura em relação à quadra, de modo a demonstrar os recuos frontais, laterais e fundos. São características deste tipo de planta: Figura 17: características da planta de situação. Fonte: autor. http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 111 Como exemplo temos: Figura 18: Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. ISTO ESTÁ NA REDE O vídeo a seguir é interessante pois mostra a relação direta sobre o projeto em relação ao projeto de arquitetura. NBR 6492 COMENTADA - COMO REPRESENTAR PROJETOS DE ARQUITETURA. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=uhHkaU-3aao. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 112 CAPÍTULO 11 VISTA E ELEVAÇÃO Vimos que há uma condição de representação da épura que está diretamente associada à condição de entendimento de representação do objeto dentro dos sistemas de projeção, que chamamos planos de projeção, e com isso o posicionamento do observador é essencial para que se compreenda a noção de vista, e no caso do projeto arquitetônico, de elevação. Para que consigamos entender este conceito é essencial a compreensão do que é uma vista, do ponto de vista normativo, e de como a norma entende ser crucial essa informação para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, o qual contempla também a condição da elevação dentro do projeto arquitetônico. 11.1 – Distinção entre um corte e uma elevação. Um dos primeiros pontos que todo profissional precisa saber é a compreensão e distinção do que é corte e elevação, e como é necessário fazer uso do plano de secção para confecção destes, e que em ambos utiliza-se o posicionamento em relação à vertical. No corte, o plano seccional passa exatamente ao meio do objeto a ser representado, e no caso da elevação, o plano é posicionado externo a este objeto. A própria Norma NBR 6492/1994 tem em seu item 3.4: “Corte plano secante vertical que divide a edificação em duas partes, seja no sentido longitudinal, seja no transversal. Nota: o corte, ou cortes, deve(m) ser disposto(s) de forma que o desenho mostre o máximo possível de detalhes construtivos. Pode haver deslocamentos do plano secante onde necessário, devendo ser assinalados, de maneira precisa, o seu início e fim. Nos cortes transversais, podem ser marcados os cortes longitudinais e vice-versa”. (NBR 6492, 1994, P.1). Ao passo que o item 3.5 entende que fachada é: “Representação gráfica de planos externos da edificação. Os cortes transversais e longitudinais podem ser marcados nas fachadas”. (ABNT/ NBR 6492, 1994, P.2). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 113 E no item 3.6 entende-se que as elevações são uma representação gráfica de planos internos ou de elementos da edificação, o que pode causar certa confusão por parte dos profissionais no uso dos termos. Sendo assim, em uma representação externa à composição, como a própria definição de norma, é necessário o uso do termo “fachada”. Temos que olhar com atenção para o que a norma ABNT/NBR 6492 entende como recursos gráficos essenciais, para atender as fases e níveis de detalhamento do projeto, pois manifesta que a fachada deve ser usada como meio de documentar o projeto, considerando especificamente os requisitos de desenho, como por exemplo em seu item 5.3.2.5 - fachadas, que consta a obrigatoriedade de: • simbologias de representação gráfica conforme as prescritas nesta norma. • eixos do projeto. • indicação de cotas de nível acabado. • escalas. • notas gerais, desenhos de referência e carimbos. • marcação dos cortes longitudinais ou transversais. Vemos que a fachada é também parte integrante das diversas peças gráficas de composição do projeto e necessária para a compreensão do mesmo. 11.2 – Qual a função da fachada? A fachadaé um elemento gráfico que deriva diretamente do desenvolvimento dos cortes, mais especificamente de quando fazemos a correlação entre as respectivas alturas dos elementos estruturais, e das indicações das aberturas. Os cortes além de fazerem a indicação dos elementos estruturais, permitem a conformação de como a cobertura ficará em sua estrutura. Assim, podemos referenciar os desenhos das inclinações dos telhados, e a conformação em relação à estrutura. A fachada também tem a função de fazer as indicações, especialmente para o referenciamento do tipo de acabamento e demais itens de composição da fachada, logo, tem grande importância para a determinação da composição. Se a planta e os cortes lançam os aspectos dimensionais, e as indicações de simbologias, temos que entender que a fachada, em relação às demais peças gráficas que compõem o projeto, é de suma importância como instrumento de formalização da composição final da volumetria do projeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 114 11.3 – A indicação de fachadas. Como peça gráfica, a fachada é na essência o plano vertical subjacente ao plano de representação da fachada. É necessário que seja feito o correto referenciamento do que será representado em planta, logo, devemos fazer uso de simbologias que permitem a correta indicação. Dentre as simbologias mais usuais, e que são indicadas pela norma NBR 6492 (1994, P.22), temos: Figura 01: indicação de fachadas. Fonte: NBR 6492 (1994, P.22). Temos também a possibilidade de desenvolver a representação da seguinte forma: Figura 02: indicação de fachadas. Fonte: NBR 6492 (1994, P.22). Embora haja esta recomendação por parte da norma, é muito comum que profissionais façam uso da condição de criar sua própria representação, de modo a personalizar as simbologias, de acordo com o padrão de seu escritório. 11.4 – O entendimento na prática do projeto e uso de fachadas. Um projeto de arquitetura é representado tomando por referência a pessoa que o vê, portanto deriva diretamente da capacidade de analisar, imaginar e desenhar o objeto, e, segundo o seu ponto de vista, especificar as melhores condições no dimensionamento das aberturas, das relações entre as paredes, das inclinações da cobertura, etc. Porém todos estes referenciados no plano de projeção horizontal, que passa imediatamente à frente do objeto, representam a edificação. A formalização da fachada está diretamente relacionada à condição de como entendemos o plano coincidente com o papel e a tela do computador. O ponto de atenção é que a fachada trabalha em conjunto com as medidas colocadas na planta e com as condições colocadas em termos de altura no corte, o que demonstra DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 115 a necessidade de o profissional correlacionar, mesmo que de forma empírica, o plano de corte horizontal que passa pela planta, e o plano de corte vertical que passa pelo corte. Por isso, o profissional precisa dominar a tridimensionalização do objeto, ao mesmo tempo que domina a escala. Em relação às linhas da fachada, é interessante que trabalhemos da mesma forma com a qual nosso olho está acostumado a ver na realidade: linhas mais próximas mais evidentes, e linhas mais afastadas menos evidentes; só que neste caso, devemos ter um plano de representação imediatamente relacionado à fachada, tornando-as mais “grossas” se comparadas às que estão mais afastadas. Neste sentido, é necessário que se observe as espessuras que devemos manter nas linhas de contorno. No primeiro plano de representação da parede, a silhueta da figura é mantida em uma representação mais grossa do que a que está mais distante, em relação a um segundo plano, havendo assim uma gradação de mais grossa para mais fina, à medida que há afastamento deste plano. E pelas esquadrias estarem ligeiramente afastadas do primeiro plano, vemos que as representações das linhas das janelas e esquadrias também seguem esse modelo. As representações das linhas que estiverem atrás da parede devem ter o posicionamento de uma “caixa d’água”, e as linhas de telhado devem ser representadas de forma tracejada. 11.4.1 - As fachadas no desenho arquitetônico. A fachada é um dos componentes do projeto arquitetônico que tem a função primordial de visualizar as partes externas da edificação, e seus elementos componentes precisam ser planificados (sem deixar de lado a hierarquia dos volumes dos corpos da edificação). Por não ter a função de conter as medidas, a fachada normalmente tem por função indicar os componentes como janelas, portas, sacadas, telhados e demais elementos externos que se fazem presentes, além disso é necessário que façamos uso da fachada para indicar tipos de materiais, acabamentos (sempre fazendo o uso de linha de chamadas). Buscamos correlacionar a especificação dos materiais, com o uso das indicações das linhas, por meio de espessuras, e também fazendo uso de certa condição cênica, usando os raios projetantes sobre a volumetria do projeto, criando assim um certo realismo, especialmente quando a fachada tem a função de apresentar o projeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 116 Esta estratégia ajuda a salientar e dar profundidade à fachada, sempre seguido da orientação solar para dar realismo e expressar corretamente o volume. figura 03 : fachada Fonte: https://blog.portaleducacao.com.br/as-fachadas-no-desenho-arquitetonico/. Outro ponto a se observar é que sempre buscamos fazer uso de quantos planos de projeção forem necessários, para fazer a representação da fachada, em todas as orientações do projeto, e todas as faces. ANOTE ISSO Figura 04: requisitos da fachada. Fonte: autor DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 117 Se fizéssemos um paralelo com a caixa de vidro, teríamos: Figura 05: a relação de plantas, cortes e elevações considerando uma casa. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. Planta de cobertura é uma forma de olhar a vista superior da obra, tornando necessário a representação de todos os detalhes relativos à cobertura, como: a - Tipo de telha; b - Inclinação correspondente ao tipo de telha; c - Indicar beiral, platibanda, rufos, marquises, caso seja necessário; d - Determinar as cotas parciais e totais da edificação. ANOTE ISSO A nomeação das fachadas é outro importante ponto a ser observado. Ela preferencialmente segue a orientação geográfica da edificação no lote de inserção. É muito comum as denominações como sendo fachada norte, leste, oeste e sul, mas existe também a vontade do projetista em denominar por exemplo por números, sendo esta opção menos comum. Temos também a possibilidade de desenvolver esta nomeação considerando a definição de acessos, como a fachada frontal, fachada lateral direita e fachada lateral esquerda, ou mesmo a fachada posterior. 11.4.2 - Mas o que uma fachada deve conter? O que devemos considerar na representação de elementos em fachadas: 11.4.2.1 - Janelas. Deve-se estar sempre atento à representação correta e ao formato. São traçadas todas as linhas que identificam esquadrias, persianas, soleiras e suas divisões. 11.4.2.2 - Portas. Deve-se atentar-se para os detalhes do tipo de porta, como: trabalho em folhas de porta, almofadas (desenho das portas), etc. Outro detalhe importante é a posição correta das molduras, soleiras e fechaduras a 1,00 m. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 118 É interessante que sejam representadas considerando os níveis a partir do solo, e eventuais soleiras, escadas ou outros elementos que façam conjunto com as portas. 11.4.2.3 - Revestimentos. É um tipo de detalhe que pode ser específico para cada tipo de projeto. Podem ser representados por meio de hachuras, as quais expressamo tipo de material utilizado para enfeitar ou compor a fachada. 11.4.2.4 - Especificações. É comum que as fachadas sejam representadas sem medidas, no entanto podemos complementar a informação sempre que necessário com especificações referentes aos tipos de acabamentos, revestimentos, e outras informações textuais que enriquecem o entendimento desses acabamentos. 11.4.2.5 - Detalhes compositivos. Muitos profissionais buscam aumentar a expressividade da fachada adicionando desenhos de plantas e figuras humanas, mas suas condições de escala e dimensão vêm auxiliar a observação do desenho como um todo, assim como a presença de figuras humanas apoiam a interpretação do tamanho dos elementos da fachada e contribuem ainda mais para a humanização do desenho. 11.4.2.6 - Passo a passo para desenhar fachadas. Podemos proceder com a construção dos desenhos da seguinte forma: Fonte: autor. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 119 Este método é rápido, e seu referenciamento ajuda a não cometer erros nas medidas. Devido ao fato de o desenvolvimento de plantas e cortes ser normalmente representado na escala 1/50, é comum que a fachada siga esta orientação de escala. Na essência, o método tem a condição de apoiar o design da fachada já que faz parte do planejamento da obra, e do detalhamento das fachadas principais da edificação. Por meio da representação dos elementos arquitetônicos e estruturais, como esquadrias, platibandas, lajes em balanços, muros, entre outros elementos, que se consegue desenvolver o design da fachada. ANOTE ISSO Em termos de representação, a fachada faz parte dos serviços que devem ser apresentados junto com o projeto arquitetônico, sendo aplicada até para novas edificações como reformas (inclusive nesse caso é ainda mais importante já que faz parte da reformulação da edificação). Para fins documentais é importantíssimo que seja apresentada junto com os projetos de aprovação, na prefeitura. Um dos primeiros pontos de importância da fachada é a representação estática, já que ela é a um cartão de visita do imóvel, e isso pode ser uma característica determinante para que o contratante consiga entender as soluções adotadas, e consiga comprar a ideia compositiva, podendo assim atrair clientes para o desenvolvimento do comércio da edificação. Mesmo em moradias, a fachada exerce grande impacto sobre a satisfação do usuário, e consequentemente na sua qualidade de vida. Independentemente da simplicidade da edificação, a fachada deve receber um cuidado especial por parte do profissional, e a aparência e os acessórios utilizados podem ser a expressividade da personalidade estética, e podem deixar transparecer a essência da edificação e de seus futuros moradores. Outra importante função da fachada além da estética, é que ela pode ser usada como elemento de conforto por usuários da edificação. Considerando a orientação solar, o posicionamento desta pode ser determinante para o tipo de acabamento, tipo de esquadria, e quantidade de aberturas e o tipo de abertura correta, para fins de ventilação e insolação nas épocas que estas sejam determinantes. É relevante também na questão do conforto, quando o posicionamento das aberturas levam em consideração a poluição sonora do entorno imediato, propondo assim, barreiras (vegetação) para filtrar o alto ruído derivado de vias de alto fluxo, e DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 120 a determinação de janelas com tratamento antirruído ou com isolamento acústico condizente. ISTO ESTÁ NA REDE Como representar os planos externos do seu projeto? Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=kZDkzDDkdT0. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O vídeo mostra como fazer uma representação de uma FACHADA FRONTAL. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=_JXlUdTCIMQ. https://www.youtube.com/watch?v=kZDkzDDkdT0 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 121 CAPÍTULO 12 CORTES E DETALHAMENTOS Quando estamos desenvolvendo um projeto arquitetônico, grande parte das informações construtivas são passadas pelos cortes, informações cruciais estas referentes aos elementos estruturais, espessuras de materiais, e a relação dos “encaixes” entre esses materiais. Por esse motivo, é muito importante que façamos a verificação dos pontos específicos sobre o detalhamento. 12.1 - O que os cortes devem demonstrar? Para a confecção dos cortes, normalmente fazemos uso das plantas para indicar os lugares nos quais precisamos passar informações acerca de alturas, espessuras, e as relações entre elas. É comum desenvolvermos os cortes quando temos por exemplo aberturas, peitoris, escadas, rampas, entre outros elementos que precisam das informações sobre alturas, ângulos, e outras medidas que consigam demonstrar essas alturas. 12.2 - O plano vertical de secção. Se a planta fornece as condições de desenvolvimento para os dimensionais horizontais, os cortes demonstram as alturas, o que, de certo modo, são tridimensionais à espacialidade do ambiente. Existe alguma regra para a inserção dos planos verticais no corte? Em termos de percepção do plano de corte, temos: Figura 01: representação do plano de corte. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 122 É importante que sejam indicados quantos sucessivos cortes forem necessários, para a compreensão dos aspectos dimensionais verticais, visto que tudo que passa pelo plano está representado em verdadeira grandeza. Figura 02: plano vertical de secção. Fonte: https://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/representacao-de-projetos. Perceba que pela figura 01 os cortes trazem uma série de informações cruciais, como por exemplo a inclinação do telhado, os elementos estruturais e de vedação, a relação do espaço no qual o plano seccional está direcionado, etc. Figura 03: Posicionamento do corte e a condição de visualização do corte. Fonte: https://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/representacao-de-projetos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 123 Para se entender um corte, a figura 02 mostra o posicionamento de um observador e as condições pelas quais o corte passou, como por exemplo o plano seccional passando pela porta e janela, e todas as paredes que estão relacionadas a estes elementos. Por uma questão didática, as paredes estão representadas em preto, pois estão diretamente ligadas ao plano seccional, e quando planificadas precisam estar representadas em linhas mais grossas, e as esquadrias (portas e janelas) estão representadas por linhas mais finas. As seções e cortes podem ser obtidos por planos de secção vertical, que interceptam as paredes, janelas, portas e lajes, com a finalidade de permitir esclarecimentos que facilitem a execução da obra, em especial considerando as alturas. Mas é normal que o profissional estabeleça mais de um plano seccional, considerando todos os elementos que precisam ser representados nas alturas, logo, é comum colocarmos cortes, tanto no sentido longitudinal como no transversal, para fins de conseguir pegar o maior número possível de elementos que precisam ter as alturas e as espessuras representadas, tais como portas, escadas, etc. Há especial atenção por parte dos profissionais para indicar estes cortes, passando por áreas molhadas, as quais possuem diferenciação de alturas, de níveis dos pisos, de elementos hidráulicos, entre outros, que sejam necessários para a compreensão da execução da obra. ANOTE ISSO Por este motivo, quase sempre um projeto pode apresentar pelo menos dois cortes ou seções, que podem ser feitos no sentido longitudinal e transversal. Os cortes são bons para a representação, considerandoos seguintes aspectos: Figura 04: o que deve ser considerado no corte. Fonte: autor. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 124 12.3 – A representação técnica de corte. Conhecendo os fundamentos dos planos seccionais de um corte, é necessário voltarmos ao entendimento de quais efetivamente precisam ser representados por linhas mais grossas, e quais linhas precisam ser representadas por linhas mais finas, e com qual finalidade devemos desenvolver essas coisas, para que o projeto tenha o correto entendimento em obra, refletindo sobre a execução. Uma vez estabelecido o plano seccional a partir da planta, ele fica diretamente ligado à necessidade de representar as alturas e espessuras dos materiais. É crucial que façamos a distinção das espessuras dos materiais que estão diretamente ligados ao plano de seção, para conseguir indicar quais são os elementos estruturais e quais não são da vedação, além de elementos como as esquadrias e portas. É comum que os profissionais coloquem, a partir da planta, a indicação dos elementos como vigas (baldrame e de laje), com indicação do material, usando linhas mais grossas, e depois indiquem as paredes de vedação, com linhas ligeiramente mais finas, ao mesmo tempo que estão indicadas as alturas de esquadrias como portas e janelas. É interessante colocar as linhas que estão distantes dos planos seccionais, e que são representadas por linhas ligeiramente mais finas. Vemos na figura 05 que essa parte da cobertura também tem a representação das linhas considerando os planos seccionais, o que está imediatamente relacionado ao plano de secção. Elas seriam representadas com linhas mais grossas, e as que estão distantes com linhas mais finas. Figura 05: cortes longitudinal e transversal. Fonte: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wp-content/uploads/sites/16/2014/10/Representa%C3%A7%C3%A3o-Desenho-Arquitet%C3%B4nico.pdf. Devido ao fato de o corte ser necessário para indicar níveis e alturas, é crucial que o mesmo tenha o amparo de cotas indicadoras das respectivas alturas, além das diferenças de níveis, tanto em termos de desenho, como em termos de representação da simbologia, conforme previsto na ABNT. Muitos profissionais também fazem uso da indicação de nomenclatura dos ambientes, de modo a facilitar a leitura do desenho no momento em que o mesmo encontra-se usado em obra. Como desenvolver o corte? O domínio dos planos verticais que podem seccionar o objeto é a parte primordial do projeto, usando o desenvolvimento dos planos transversais ou longitudinais do projeto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 125 Devemos posicionar a linha de corte na planta baixa, que deve ter obrigatoriamente uma orientação de sentido para desenvolver o corte que precisa ser representado. Figura 06: fazendo o corte no método de sobreposição do papel em relação à indicação do corte. Fonte: https://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/representacao-de-projetos. A escolha do posicionamento do corte deve obrigatoriamente apresentar os objetos cortados e a espessura representada. Todo corte é desenvolvido considerando a escala da planta baixa. Pressupõe-se que a planta esteja finalizada no momento do desenvolvimento do corte, sendo que o corte inicia-se pela indicação da linha de terra sobre a qual a edificação será colocada. Através de linhas prolongadas do plano seccional da planta, começamos a traçar as diretrizes para a confecção do corte, que neste caso denominamos linhas de chamadas, sobre as quais podemos marcar as alturas correspondentes. No passado, o desenho era efetuado sobre um papel; hoje é necessário desenvolver o desenho assistido por computador, considerando a linha de referência do corte e do prolongamento, para a estrutura do corte. Figura 07 : Desenvolvendo o corte. Fonte: https://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/representacao-de-projetos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 126 Quando estamos desenvolvendo um corte, é interessante que façamos a indicação de algumas partes da edificação, principalmente ao fazer uso de jargões, como por exemplo: Cumeeira: a parte mais elevada da edificação, relacionada à cobertura ou ao encontro de águas do telhado. É comum fazer o desenho dos elementos estruturais da cobertura. Beiral: a parte em que o telhado se projeta para além da edificação, e tem a função primordial de proteger contra a chuva e sol, seguindo a inclinação do telhado. Embasamento: é a diferença entre o nível do terreno e o piso da edificação, tendo uma relação entre os níveis que compõem a edificação e o resto do terreno. Pé-direito: é considerado a altura entre o piso até a parte mais alta da parede ou forro, ou parte mais baixa do telhado. Peitoril: parte inferior da janela até o piso, sendo medida em relação ao nível do piso interno. Verga: é considerada a parte de cima de uma janela ou porta, normalmente para dar suporte ao vão, sendo de opção do profissional o uso de elementos estruturais para fazer tal função. Água: porção do telhado que se inclina, e tem este nome justamente para indicação da inclinação. Figura 08: uso de termos técnicos e a confecção dos cortes. Fonte: adaptado de Fonte:https://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/representacao-de-projetos. 12.4 – Uso de linha e a representação de cortes: Precisamos fazer o referenciamento em relação aos planos de corte. As espessuras aqui indicadas consideram a escala de 1:50, que representa a maioria dos projetos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 127 ANOTE ISSO Linhas Sua especificação Linhas de contorno – Contínuas: usadas geralmente para representação de paredes, habitualmente colocadas em espessuras de ± 0,6 mm. Linhas internas – Contínuas: usadas para a representação de móveis, esquadrias etc., ± 0,4 mm. Linhas situadas além do plano do desenho - utilizadas na representação de objetos que estão por trás do plano de desenho. Linhas situadas além do plano do desenho – Tracejadas com mais ou menos ± 0,2 mm, utilizadas na representação de objetos que estão por trás do plano de desenho. Linhas de eixos ou coordenadas: fazem uso de linha e ponto e são utilizadas na representação dos eixos de elementos, como por exemplo, a modulação estrutural da edificação com ± 0,2 mm, cujos eixos são desenhados com traços longos e espessura inferior às linhas internas. Linhas de cotas – Contínuas: Utilizadas na construção das linhas de base, que sustentam os textos das cotas, com ± 0,2 mm. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 128 Linhas auxiliares – Contínuas: Utilizadas na construção de desenhos, guias de letras e números, com traço o mais leve possível, com ± 0,1 mm. Linha de silhueta – Traço e ponto: Utilizada na representação de objetos que estão situados por trás do plano do desenho, com ± 0,2 mm. Linha de interrupção de desenho – Linha em zigue-zague: Utilizada na representação de quebras ou rupturas no desenho, com ± 0,2 mm. Fonte: adaptado da norma ABNT/NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenho – tipos de linhas – largura das linhas. ISTO ESTÁ NA REDE O link abaixo mostra quais são os requisitos essenciais para o desenvolvimento dos cortes, assim como os procedimentos e especificações das linhas. Acesse o link: https://www.vivadecora.com.br/pro/corte-de-planta-baixa/. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O vídeo mostra de forma simplificada a condição de desenvolvimento de um corte fazendo uso tradicional de uma lousa branca, com diferentes cores de canetas para facilitar a compreensão do desenvolvimento de cortes. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=1SiKzLRKceI. https://www.vivadecora.com.br/pro/corte-de-planta-baixa/ https://www.youtube.com/watch?v=1SiKzLRKceIDESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 129 CAPÍTULO 13 DESENHO 2D EM AUTOCAD Se hoje temos disponíveis aplicativos que auxiliam no desenvolvimento do desenho por computador, precisamos os encarar como uma ferramenta da mesma forma que usamos uma lapiseira ou uma régua ou um esquadro, já que são ferramentas que auxiliam no processo de desenvolvimento das peças gráficas do projeto arquitetônico. Mas porque devo estudar primeiro os fundamentos do desenho técnico ao invés de fazer o estudo direto dos aplicativos? É importante incorporar primeiro os requisitos normativos de desenho, muitos deles criados primeiramente para o desenho à mão, para depois fazer o uso de ferramentas. Só depois o computador e os aplicativos são efetivamente encarados como ferramentas. Seguimos os requisitos normativos para que a nossa representação confira ao desenho uma universalidade, e para que seja passível de interpretação aos profissionais envolvidos no processo de construção, e compreensível a todos. O processo de desenvolvimento do projeto vem passando por inúmeras inovações desde a chegada do computador nos escritórios de arquitetura e engenharia, o que visa o ganho de produtividade, a melhoria dos processos de representação, e a armazenação de uma série de informações acerca do projeto e seu histórico. Neste sentido, as ferramentas CAD/CAM auxiliam os profissionais de projeto no ganho de produtividade, ao mesmo tempo que permitem uma uniformização do desenho dentro da linguagem eletrônica e impressa. 13.1 - O que significa CAD/CAE/CAM? O que significa CAD/CAM? É a sigla mais usada na área de engenharia e arquitetura, serve para sistemas computacionais que auxiliam os desenhos assistidos por computador (Computer Aided Design), e são recursos computacionais para auxiliar a criação, a modificação, a análise e a otimização de um projeto. Na mesma época em que a sigla CAD começou a fazer parte dos processos de arquitetura e engenharia, foram lançados aplicativos no mercado que também auxiliavam DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 130 no processo de design em outras áreas, e eram mais direcionados à engenharia e suas especificidades, como é o caso do CAE – Engineering (engenharia) e do CAM – Manufacturing (manufatura). Logo, as ferramentas de apoio do processo de desenho cumpriram um foco de atuação e se direcionaram para propósitos específicos, tendo ferramentas específicas para as respectivas áreas de atuação. Esses softwares foram inicialmente criados para o design de máquinas industriais, nos anos 70. Hoje existe no mercado uma série de aplicativos que possuem o intuito de favorecer o processo de projeto, e dentre eles podemos citar um dos mais populares, o AutoCAD. A adesão do mercado a tal aplicativo se dá pelas suas constantes atualizações, que criam facilidades para agilizar os processos de projeto, como peças de desenho técnico em duas dimensões, e modelos tridimensionais. Enquadram-se também dentro da sigla CAD, aplicativos como: Inventor CAM, SketchUp, SolidWorks, 3DS Max, Maya, Revit, Civil 3D. Mas a evolução dos processos de projeto, e da dinâmica colaborativa que eles têm exigido entre diversos profissionais, têm forçado o mercado a trabalhar cada vez mais com informações incorporadas aos processos, criando uma nova metodologia de trabalho, a BIM (building information modeling), que é a modelagem CAD associada à parametrização dos processos de desenho, o que confere a exatidão típica dos sistemas CAD à condição de favorecer o gerenciamento das informações. 13.1 – Qual a vantagem do uso do CAD? Como vimos, as plataformas CAD são na verdade ferramentas de auxílio ao desenho por meio de tecnologia computadorizada, cujo foco é no produto e na documentação das fases do projeto. Originalmente, as ferramentas CAD/CAM vieram no sentido de automatizar os processos de elaboração do desenho técnico, mais especificamente o desenho técnico 2D (desenho plano), buscando a aplicação das diversas informações do projeto, dos requisitos normativos, e dos aspectos essenciais do projeto (como dimensões, ajustes, tolerâncias, materiais e acabamento). Mas qual seria o ganho de produtividade em relação ao desenho à mão? Quando desenvolvemos o projeto à mão, temos o inconveniente de ter a necessidade de desenvolvimento de grande parte do desenho ou do desenho como um todo, e, a qualquer modificação, confere um grande gasto de energia e dispêndio de horas de trabalho. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 131 Com o advento das tecnologias CAD/CAM tivemos um ganho expressivo no processo de criação e otimização do tempo, o que liberou o profissional para o desenvolvimento do projeto na parte da criação, modificação e ajustes e reajustes. Assim, houve uma expressiva melhora no processo do projeto, com ganho de produtividade. Pelo desenho ser na maioria das vezes compartilhado com outros profissionais de projeto e de obra, é necessário entender que também houve ganho significativo na contribuição dos processos comunicacionais, além de que houve a criação de uma base eletrônica e banco de dados para o desenvolvimento de edificações. 13.1.1 - Vantagens do uso da ferramenta 2D. Vimos que boa parte dos requisitos normativos do desenho é derivada do processo de projeto e desenvolvimento do desenho feito à mão. Esse desenho era desenvolvido somente numa folha, sendo que um “erro” ou “falha”, dependendo da técnica utilizada (nanquim, por exemplo), poderia inviabilizar o término do mesmo. Os sistemas CAD foram criados para o desenvolvimento do desenho por camadas, ou melhor, por conjuntos de informações, que poderiam ser agrupadas de modo a conter a mesma especificação de linha, cor, espessura etc., o que demonstra que dependendo do tipo de informação a ser trabalhada, pode-se isolar as demais em detrimento de apenas uma que precisa ser modificada. Pela condição de conseguir diferenciar os tipos de layers (camadas), é possível dotar as informações em específico para a condição da parte do desenho que se deseja modificar. No desenho 2D podemos condicionar a criação de layers com atributos específicos, fazendo “sistemas construtivos” ou sistemas auxiliares, em termos de desenho (parede, esquadria, etc.). Os sistemas CAD trabalham essencialmente com a condição vetorial para o desenvolvimento do 2D. Podemos referenciar o projeto em um sistema de coordenadas relativas, e assim entender que qualquer desenho pode em seus pontos ser referenciado na relação entre o “X” e “Y” do sistema computacional. Os sistemas CAD são de amplo uso nos diversos tipos de indústrias, mas tem mais uso nas áreas de arquitetura e engenharia, por possuírem diversas rotinas que garantem o expressivo incremento da produtividade, além de permitir uma impressão de maior qualidade do desenho e processos correlacionados. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 132 Este processo de projeto, em auxílio ao CAD, denomina-se PDM (Product Data Management), já que é diretamente ligado à condição de gerir melhor as documentações de um projeto e permitir maior controle sobre o produto que está sendo desenvolvido. O CAD é um grande facilitador do processo de projeto, pois permite essas quatro principais propriedades: • Manter o histórico de desenvolvimento do projeto; • Corrigir a especificação e precisão da informação; • Ajudar na parametrização dimensional do projeto; • Auxiliar na aplicação de restrições que garantem que o processo do desenho atenda precisamente ao projeto, mitigando erros que possam se direcionar à obra. Tais restrições estão associadas à determinação de dimensões da própria conformação do projeto, e dos diferentes elementos de modelagem que envolvem o projeto. 13.1.2 - Vantagens do uso do sistema CAF como ferramenta 3D. Os sistemas CAD não foram criados somente para a abordagem de sistemasde coordenadas “X” e “Y”, pois possuem, entre suas funcionalidades, a possibilidade de desenvolvimento de desenhos de modelagem em 3D. Estes softwares são um auxílio para a melhor representação dos trabalhos desenvolvidos, possibilitando uma verificação 3D com relação ao mesmo, logo, é a inserção de um terceiro eixo “Z”, que permite a condição de entender o processo de projeto. • Os benefícios que o 3D traz ao projeto: • Melhor visualização do produto e comunicação entre as equipes de design; • Remoção de atualizações manualmente; • Redução de erros com verificação de interferência e colisão; • Facilidade na reutilização de modelos existentes; • Aceleração de ciclos de desenvolvimento por meio de testes virtuais e otimização; • Aumentos expressivos da produtividade de projetos para fabricação; • Auxílio na identificação e criação de listas de materiais, além do gerenciamento de dados. 13.2 - Usando o Autocad. A ferramenta de Autocad é uma das mais populares disponíveis no mercado. É interessante que tenhamos um certo entendimento de como fazer sua utilização. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 133 Hoje é necessário um computador que possua as seguintes configurações mínimas: • Processador com clock de 2.5 GHz a 2.9 GHz; • 8GB de memória RAM; • Placa de vídeo com GPU de 1GB; • Pelo menos 6GB de HD (para instalar o software). Tais recomendações são do fabricante do aplicativo. Como tais aplicativos direcionam- se à exploração da interface gráfica, muitas vezes os computadores apresentam melhor desempenho quando auxiliados por uma placa de vídeo em apoio à configuração, em especial quando necessitamos fazer uso da interface 3d. É interessante que consigamos desenvolver um pouco do entendimento da interface deste tipo de aplicativo, para que consigamos direcionar melhor as ações de uso quando o adotamos como ferramenta auxiliar de apoio ao desenho. O fabricante do Autocad permite o uso de versões para estudantes quando vinculados a instituições de ensino, mas apresenta assinatura anual quando é usado para fins profissionais. Figura 01: o aplicativo AutoCad. Fonte: https://www.autodesk.com.br/products/autocad/overview?term=1-YEAR&tab=subscription. Ao abrir o aplicativo na área de trabalho de seu computador, uma das primeiras telas que aparecerão será a condição de desenvolvimento da abertura de um arquivo que tem especificidade. Figura 02: o aplicativo AutoCad. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. Na aba “start” temos as funcionalidades da parte inicial do aplicativo, como por exemplo: DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 134 “Get start” contém o ícone “start drawing” (comece a desenhar) que direciona ao início de um novo desenho. “Recent documents” (documentos recentes) consta a lista de documentos que foram abertos recentemente. “Notifications” (notificações): mostra as notificações do autocad. Figura 03: Painéis. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. “Barra de títulos”. É possível perceber que ao abrir o primeiro arquivo, conforme template do próprio Autocad, ele recebe o nome de drawing e a sua extensão é em “.dwg”, o que significa a extensão do arquivo que será salvo. No entanto este não é o único padrão gerado pelo Autocad, sendo um padrão que dá os atributos de trabalhar os arquivos de forma vetorial. Existem outros aplicativos que podem gerar a extensão .dwg, e nem todo arquivo .dwg é gerado pelo Autocad. Drafting & annotation: é nesta seção que iremos escolher o formato da área de trabalho (workspace) e como gostaríamos de trabalhar no Autocad. Para isto, precisamos fazer a configuração com o botão esquerdo do mouse, para que a seguinte janela seja aberta com as opções de drafting & annotation: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 135 Figura 04: drafting & annotation. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. “Janela de comandos” - é a parte em que o Autocad possui os comandos que usamos, e que são acessados por meio de ícones, digitados na barra de comando e acessados por atalhos que aceleram o processo de projeto, algo que muitos profissionais entendem ser a maneira mais rápida de desenvolver o projeto. “Barra de menu suspenso” - possui todos os comandos do Autocad separados por função, e pode ser habilitada apenas colocando na barra de comando “MENUBAR”, seguido da opção 01. “Ribbons” - são considerados atalhos para os comandos que estão disponíveis na barra de menu suspenso. Cada ribbon está relacionado à uma função do Autocad, e podemos fazer ajustes em “ribbon modify” no menu suspenso, mesmo lugar onde podemos ver a disponibilidade do ribbon draw. “Área de trabalho” - é todo o espaço que podemos ter para o desenvolvimento do desenho. “Barra de status” - nela estão contidos diversos recursos do Autocad, os quais devem ser mostrados na forma de ícones, que podem ser exibidos conforme a preferência do profissional, acessando a opção “customization”. Figura 05: customização da área de trabalho. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. Abrindo e salvando arquivos: Ao abrir os arquivos, é possível notar que o Autocad possui uma série de ícones que são acessados na barra de títulos com o nome de drawing1.dwg, e apresenta a interface do Autocad. https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 136 Em muitos casos, podemos trabalhar com mais de um arquivo, ou mesmo abrir um arquivo já salvo em nosso computador, após abrir o Autocad. Temos como acessar estas opções por meio do Autocad, e podemos reparar que na barra de títulos é possível acessar os ícones apresentados da seguinte forma: Figura 06: ícones para abertura de arquivos. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. “New”: Ao clicar em “new”, temos como ação direta a abertura de uma janela, e a opção de renomear o novo arquivo; após o “click” podemos acessar outros menus em cascata, como por exemplo o “open”. O cuidado aqui é setar para o sistema métrico (sistema internacional). Figura 07: open. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. “Open”: Quando acessamos o open temos uma nova janela que se abre, e com ela podemos escolher o local onde se encontra o arquivo que desejamos abrir. Figura 08: Local de salvamento eabertura de arquivo. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. “Save”: Quando estivermos em meio ao desenvolvimento de um arquivo, é necessário que de modo cuidadoso façamos o salvamento do arquivo para fins de evitar problemas https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 137 em relação ao computador, ou mesmo para manter o arquivo atualizado com a última versão. Sempre terá a raiz de referência para o salvamento que também pode ser configurado como automático. Figura 09: local de salvamento. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto- cad/4577026. ANOTE ISSO Existe uma possibilidade, considerando a necessidade de uma salvamento automático, de gerar um arquivo com o mesmo nome do original, mas com a extensão “.bak”, que nada mais é do que uma versão backup, no mesmo local onde o arquivo original está salvo. O arquivo poderá ser novamente acessado se renomearmos com a extensão “.dwg”, o que facilita a vida dos profissionais envolvidos no projeto, e também gera ganho expressivo de tempo. ISTO ESTÁ NA REDE O seguinte site apresenta a interface do Autocad, direto de um fabricante: https://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/autocad-lt/learn/caas/qsarticles/ user-interface.html. https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-do-rio-grande-do-sul/desenho-tecnico-ii-c/aula-01-01-apresentando-a-interface-do-auto-cad/4577026 https://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/autocad-lt/learn/caas/qsarticles/user-interface.html https://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/autocad-lt/learn/caas/qsarticles/user-interface.html DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 138 CAPÍTULO 14 ABNT/NBR 9050 Uma vez que se compreende os aspectos essenciais do desenho universal, podemos buscar o aprofundamento da norma de acessibilidade ABNT/NBR 9050, verificando que ela objetiva estabelecer os requisitos gerais de acessibilidade pela indicação e demonstração de requisitos dimensionais, e de como podemos fazer uso deste tipo de informação para aplicação direta no desenho de nossos projetos de arquitetura e engenharia. Foi publicada a última versão da Norma ABNT NBR 9050 em 2020 que trata sobre acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos, e estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade. 14.1 - Escopo da norma ABNT/NBR 9050. Quando nos referimos a escopo, precisamos entender que ele é o conjunto de informações que precisam ser abordadas e direciona a meta final que se pretende atingir. A ABNT/NBR 9050 estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados no projeto de construção, e procede à instalação e adequação dos edifícios urbanos às condições de acessibilidade. Para estabelecer esses critérios e parâmetros técnicos, e os aspectos dimensionais essenciais para o projeto, a norma estabelece diferentes condições de mobilidade, detalhes construtivos e dimensionais, diretamente aplicados no ambiente, que precisam ser considerados para atender uma ampla faixa de biotipos, incluindo ou não dispositivos na ação dos usuários, como próteses, suportes, equipamentos, cadeiras de rodas, bengalas, sistemas de escuta assistida, ou qualquer outro para complementar as necessidades individuais de limitação de locomoção, ou algum tipo de restrição nos usos dos sentidos. Assim sendo, a norma ABNT/NBR 9050 visa proporcionar o uso autônomo, independente e seguro dos ambientes, edificações, móveis, equipamentos e elementos DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 139 urbanos ao maior número de pessoas possível, independentemente de idade, altura ou limitação de mobilidade e percepção. Mas é importante salientar que ela é aplicada somente a ambientes de amplo uso, e alguns lugares que têm a obrigatoriedade de atender à acessibilidade nos seus espaços comuns, como edifícios, equipamentos e ambientes urbanos, prédios residenciais multifamiliares, condomínios e moradias. Enquanto outros lugares ficam isentos das obrigações e requisitos da norma, como áreas de serviço técnico, e áreas restritas (como casas de máquinas, passagens técnicas, barriletes, etc.). Todos os espaços de edificações mobiliárias e equipamentos urbanos projetados, construídos, montados e implantados, bem como reformas e ampliações de prédios e equipamentos urbanos, atendem ao disposto nesta norma. 14.2 - Outras referências normativas. A norma ABNT NBR 9050/2020 vem sendo atualizada em média a cada 5 anos, para incorporar novos requisitos normativos, e para considerar a atualização de outras normas que podem direta ou indiretamente interferir nos requisitos estabelecidos, pois muitos de seus critérios e parâmetros técnicos quanto ao projeto, construção, instalação, adaptação e condições de acessibilidade no meio urbano e rural, também se amparam em outras normas. Não é uma norma que se isola nela mesma, e, sempre que necessário, temos que recorrer a outras normas que expõem informações relevantes sobre sistemas específicos, como iluminação, rotas de fuga, entre outros. O profissional deve ter o discernimento de quando fazer o uso de outras normas e em quais momentos considerar especificamente os requisitos contidos na ABNT/NBR 9050. Podemos citar a título de exemplificação, outras normas que estão citadas dentro da norma de acessibilidade: • ABNT NBR 9077: saídas de emergência em edifícios; • ABNT NBR 10898: sistemas de iluminação de emergência; • ABNT NBR 11003: tintas ‒ determinação da aderência; • ABNT NBR 11785: barra antipânico ‒ requisitos; • ABNT NBR 13434 (todas as partes): sinalização de segurança contra incêndio e pânico; • ABNT NBR 14718: guarda-corpos para edificação; • ABNT NBR ISO 9386 (todas as partes): plataformas de elevação motorizadas para pessoas com mobilidade reduzida ‒ requisitos para segurança, dimensões e operações. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 140 14.3 - Relação entre “acessibilidade” e “acessível”. É comum entre os profissionais de arquitetura e engenharia haver uma certa dificuldade na compreensão do uso de termos como “acessibilidade” e “acessível”, assim dos termos “adaptável” e “adaptado”. Você sabe a diferença entre eles e quando fazer o uso deles dentro do contexto da norma? A própria norma nos dá o indicativo de quando usar. Se tomarmos por referência o item 3.1.1 da norma ABNT NBR 9050:2020, podemos amparar o conceito de acessibilidade da seguinte forma: “Acessibilidade: possibilidadee condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida”. (ABNT NBR 9050:2020, p.2). E na sequência coloca “acessível” como sendo: “Espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa”. (ABNT NBR 9050:2020, p.2). O termo acessibilidade é mais amplo, e “acessível” acaba se direcionando para o atendimento de requisitos mais específicos, em especial nos objetos. A norma coloca a necessidade de especificar e entender como os termos “adaptável” e “adaptado” acontecem, e por meio da própria norma esclarece o primeiro termo como sendo a condição de que o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características possam ser alteradas se torne acessível, e no segundo caso seria como se as características originais fossem alteradas posteriormente para serem acessíveis. A ABNT 9050/2020 tem especial atenção em deixar claro a definição do que é desenho universal, e coloca o item 3.1.16 para definir o que é desenho universal. “Desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem utilizados por todas as pessoas, sem a necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva [...]. O conceito de desenho universal tem como pressupostos: equiparação das possibilidades de uso, flexibilidade no uso, uso simples e intuitivo, captação da informação, tolerância ao erro, mínimo esforço físico, dimensionamento de espaços para acesso, uso e interação de todos os usuários”. (ABNT NBR 9050:2020, p.2). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 141 ANOTE ISSO Neste sentido, a própria norma coloca que o conceito de desenho universal tem pressupostos que estão disponíveis no anexo A: “Este conceito propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano e na sua diversidade. Estabelece critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendam a um maior número de usuários, independentemente de suas características físicas, habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma melhor ergonomia para todos. Para tanto, foram definidos sete princípios do Desenho Universal, apresentados a seguir, que passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade”. (ABNT NBR 9050:2020, p.138). Assim sendo, podemos recorrer ao anexo A da referida norma, para entendimento de quais são estes requisitos: Fonte: ABNT NBR 9050:2020 (p.138 – 139). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 142 14.4 - Parâmetros antropométricos. Os parâmetros podem ser entendidos como sendo a condição ou o estabelecimento de uma função que reconhece em uma determinada população, valores numéricos que podem referenciar esta população, podendo se tratar de um valor representativo para modelizar a realidade. É interessante entender que a referida norma faz menção a dimensões que podem ser colocadas como referenciais para a maior parte da população, e esta norma em específico considera a possibilidade de atender entre 5% e 95% da população brasileira. É uma norma que traz na linguagem visual, a capacidade de transmitir boa parte das informações que normalmente precisamos para o projeto, ajudando a referenciar os requisitos de acessibilidade em nossos projetos. Vemos que boa parte do item 4 da Norma ABNT/NBR 9050 é dedicada para dar os parâmetros dimensionais, considerando por exemplo as seguintes situações: • Uma bengala; • Duas bengalas; • Andador com rodas; • Andador rígido – vistas frontal e lateral; muletas tipo canadense; apoio de tripé; sem órtese; • Bengala longa – vistas lateral, frontal e superior; com cão-guia. Boa parte do item 4.2 é dedicada ao entendimento de aspectos dimensionais de cadeira de roda (P.C.R.), inclusive indicando as seguintes situações: • Vista frontal aberta; • Vista frontal fechada; • Vista lateral (1,00 d); • Vista frontal – (cadeira cambada). E ainda coloca o entendimento do que seria um módulo de referência: Figura 01: Módulo de referência (M.R). Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 143 Coloca também a condição de área de circulação e manobra das cadeiras, considerando a linha de deslocamento de uma pessoa cadeirante em linha reta, mostrando a relação dimensional da cadeira com o módulo básico da cadeira. Figura 02: Uma pessoa na cadeira de rodas (vista frontal e superior). Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 03: Um pedestre e uma pessoa com cadeira de rodas (vista frontal e superior). Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 04: Duas pessoas em cadeiras de rodas (vista frontal e superior). Fonte: ABNT 9050/2020. Quando vamos nos aprofundando no estudo da norma, podemos observar que existem alguns aspectos dimensionais que precisamos considerar para o uso da cadeira de rodas, e com o desenho da edificação, precisamos considerar os dimensionais da cadeira, as condições de manobras que ela faz, e as interações específicas com partes da edificação, pois estas são ações típicas e extensionais do cadeirante às ações de locomoção. Especificamente, o item 4.3.3 que trata de mobiliários na rota acessível dão diversos exemplos de como alguns tipos de mobiliários urbanos precisam ser projetados e DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 144 como eles podem ou não interferir na relação das pessoas, mesmo com limitações e com apoio de bengalas, muletas ou cadeira de rodas no deslocamento. Em termos dimensionais, uma das partes mais relevantes ao projetista, é a parte 4.3.4 que dá por referência as dimensões mínimas para as áreas de manobra de cadeira de rodas e o deslocamento previsto, tais como: a) para rotação de 90° = 1,20 m × 1,20 m; b) para rotação de 180° = 1,50 m × 1,20 m; c) para rotação de 360° = círculo com diâmetro de 1,50 m. Figura 05: modulação e movimentação da cadeira de rodas para rotações. Fonte: ABNT 9050/2020. O item 4.3.5, fala da manobra de cadeira de rodas com deslocamento e faz a exemplificação das condições para manobras mais específicas, além do ajuste de edificações. Figura 06: manobras e a configuração da edificação. Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 07: manobras com cadeiras de rodas e configuração da edificação. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 145 Figura 08: deslocamento e área de manobras para cadeiras em deslocamento. Fonte: ABNT 9050/2020. Um dos cuidados que a norma tem é de criar os dispositivos de segurança essenciais para a proteção contra queda ao longo das rotas acessíveis, principalmente quando falamos de passeios, desníveis, rampas ou qualquer outro tipo de caminho que cadeirantes, usuários de muletas e bengala podem usar. Figura 09: dispositivos de segurança. Fonte: ABNT 9050/2020. 14.5 - Área de transferência, área de aproximação e área de alcance manual. Estes são três conceitos distintos, mas de igual relevância para a acessibilidade. Segundo o glossário contido na própria norma, temos: Segundo o item 3.1.11, área de transferência: “Espaço livre de obstáculos, correspondente ao mínimo de um módulo de referência, a ser utilizado para transferência por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, observando as áreas de circulação e manobra”. (ABNT NBR 9050:2020 -p.3). DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 146 A áreade transferência deve comportar as dimensões do módulo de referência (MR) da referida norma, assim como deve assegurar as condições de deslocamento e manobra do posicionamento do MR, junto ao local de transferência. É muito comum associar esta condição em relação aos banheiros, e o módulo de referência das cadeiras de rodas deve assegurar que os alcances dos membros dos cadeirantes não sejam submetidos a condições extremas de tração e compressão dos membros dos cadeirantes. Cabe neste aspecto consultar o item 4.2.2 da referida norma. Área de aproximação, segundo o item 3.1.7: “Área de aproximação do espaço sem obstáculos, destinado a garantir manobra, deslocamento e aproximação de todas as pessoas, para utilização de mobiliário ou elemento com autonomia e segurança”. (ABNT NBR 9050:2020. P.3). A área de aproximação deve ser garantida para o posicionamento frontal e o lateral, considerando o módulo de referência (MR) em relação ao objeto que o cadeirante fará uso, e deve ser avançado entre 0,25 m e 0,50 m, em função da atividade a ser desenvolvida. Sobre o alcance manual, a norma entende o referenciamento do corpo como amplitude de movimento, considerando os diversos tipos de alcance, as dimensões máximas, mínimas e confortáveis, tanto para pessoas que não apresentam nenhum tipo de restrição, como para as que possuem algum tipo de limitação. Dentro da própria norma, há uma série de figuras, que ajudam no entendimento dos alcances manuais, frontais e laterais, de pessoas em pé ou sentadas, sejam elas usuárias de cadeiras de rodas ou não. Como a atividade laboral é um ponto de atenção, há especial preocupação em relação à condição de 4.6.3. Superfície de trabalho: Figura 10: superfície de trabalho. Fonte: ABNT 9050/2020. E a norma entende como superfície de trabalho acessível, um plano horizontal ou inclinado para o desenvolvimento de tarefas manuais ou leitura. A norma também considera o seguinte: DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 147 • A1 × A2 = 1,50 m × 0,50 m = alcance máximo para atividades eventuais; • b) B1 × B2 = 1,00 m × 0,40 m = alcance para atividades sem necessidade de precisão; • c) C1 × C2 = 0,35 m × 0,25 m = alcance para atividades por tempo prolongado. Além disso, a norma recomenda que a superfície de trabalho tenha condições para o apoio dos cotovelos, e que no plano frontal haja projeções angulares entre 15° e 20° de abertura do braço em relação ao tronco, e no plano lateral com 25° em relação ao tronco. Em termos de organização do espaço, considerando o posicionamento da cadeira em relação à superfície de trabalho, é necessário que consideremos o posicionamento da cadeira em relação à esta superfície, na qual as pernas se projetam conforme disposto na figura abaixo: Figura 11: posicionamento da cadeira. Fonte: ABNT 9050/2020. 14.6 - Altura de comandos e controles. A norma dedica-se ao entendimento do que são as operações típicas de um cadeirante e de como podemos planejar os diferentes tipos de dispositivos ao alcance do cadeirante e como podemos respeitar as alturas recomendadas para o posicionamento de diferentes controles e comandos. Figura 12: posicionamento de comandos e suas alturas. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 148 Percebe-se que as variações de alturas estão em sua grande maioria posicionadas entre alturas de 0,80 m e 1,00 m, facilitando que os profissionais projetistas consigam atender à grande maioria dos aspectos dimensionais, considerando este intervalo, ao mesmo tempo que conseguem atender tanto cadeirantes quanto pessoas que não possuem algum tipo de restrição. 14.7 - Parâmetros visuais. Outro importante parâmetro da norma é em relação ao alcance visual que precisamos observar em relação à condição dos espaços que estamos projetando, considerando pessoas sentadas e em pé, para condição dos planos horizontais e verticais. Há assim, uma condição de tolerância da norma para que o pescoço se movimente em 8 graus em relação aos seus eixos, em especial no plano horizontal. Figura 13: referências dimensionais para visualização em pé e sentado. Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 14: referências angulares em relação ao plano horizontal. Fonte: ABNT 9050/2020. Perceba que a figura apresenta um plano denominado LH, que o coloca como horizonte visual considerando a altura do CV (cone visual), que corresponde à área de visão apenas com o movimento inconsciente dos olhos. 14.8 - Parâmetro auditivo. Se os aspectos visuais são importantes para a programação dos processos de projeto, é necessário entender que a acessibilidade é o conjunto das informações DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 149 obtidas pelos sentidos, e com isso podemos entender que dentro das limitações físicas sensoriais o ser humano ainda assimila o conteúdo, e assim temos que considerar que o som produzido pelo ambiente é necessário, seja de modo não intencional ou intencional para que o ser humano compreenda o espaço circundante e consiga observar todos os aspectos essenciais para uso do ambiente. É necessário que consigamos entender que os avisos sonoros promotores da acessibilidade precisam se distinguir do som de fundo, tendo transparência e contraste em relação ao que é emitido e configurado como ruído de fundo. Tanto o som como o ruído tem as mesmas caracterizações: frequência, intensidade e duração, e quando adotamos o ambiente com dispositivos de segurança sonoros, é necessário entender quais são as faixas audíveis e como potencializá-las em relação ao seu uso. O ouvido humano pode perceber melhor os sons na faixa de frequência de 20 Hz a 20.000 Hz. Ruídos com intensidade de 20 dB a 120 dB e duração mínima superior a 120 dB por 1 segundo causam incômodo, e ruídos acima de 140 dB podem causar dor. Diante de nossa rotina diária, é comum que façamos o nivelamento dos sinais em uma faixa que varia de 80 a 90 DB, dentro dos limites de frequência que explicitamos. 14.9 - Informações essenciais. Sobre acessibilidade, precisamos entender para quais fins se destinam as informações que pretendemos passar, o meio pelo qual o transeunte se assimila, como devemos dotá-los nos espaços projetados nas edificações, nos mobiliários e nos equipamentos urbanos, quais são os melhores meios de aplicação, como proceder em relação à instalação e à categoria, e como ter os diversos tipos (o visual, o tátil e o sonoro). Tabela 01: aplicação e forma de informação e sinalização. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 150 As seguintes exemplificações são os pontos mais comuns de acontecerem no desenvolvimento do projeto: a sinalização de degraus, sinalização de portas e passagens, planos e mapas acessíveis, sinalização de pavimento, sinalização de degraus, sinalização de elevadores e plataformas elevatórias, sinalização tátil e visual no piso, sinalização de emergência. Devemos olhar com carinho para a norma, considerando os acessos e suas condições gerais, assim como as rampas. Por uma questão didática, devemos entender pelo menos o que seria a aplicação da sinalização de degraus e alguns aspectos dos acessos, e trabalhar mais algumas informações acerca do que seria a aplicação em rampas. Especificamente para rampas, temos o cuidado de atender com requisitos de segurança, o uso de artifícios visuais com a aplicação aos pisos e espelhos em suas bordas laterais e/ou nas projeções dos corrimãos, contrastantes com o piso adjacente, preferencialmente fotoluminescente ou retroiluminado. Figura 15: degraus. Fonte: ABNT 9050/2020. Quando se trata de saídas de emergência e/ou rotas de fuga, há algumas condições colocadas pela norma, tais como: serem iguais ou maiores que a projeção dos corrimãos laterais, terem no mínimo 7 cm de comprimento e 3 cm de largura, fotoluminescentes ou retro iluminadas. Recomenda-seestender a sinalização no comprimento total dos degraus, com elementos que incorporem características antiderrapantes. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 151 É interessante observar que para a sinalização tátil e visual no piso, consulta-se ABNT NBR 16537. A norma dedica boa parte de sua estrutura a como se deve providenciar a acessibilidade em sanitários, banheiros e vestiários, e como devemos obedecer aos parâmetros dela. Banheiros acessíveis sempre deixam profissionais atentos, em especial quando estão desenvolvendo projetos que atendem uma gama ampla de público. A norma estabelece as quantidades mínimas necessárias, e a localização e dimensões dos itens hidráulicos, com os posicionamentos e características em relação a acessórios de barras de apoio e comandos, além de considerar as características de pisos e desníveis. Os espaços, peças e acessórios devem atender à acessibilidade, com áreas mínimas de circulação, de transferência e de aproximação, e é necessário entender como se dá o alcance manual, a empunhadura e o ângulo visual. Devemos olhar principalmente para dois pontos da norma. Um deles é em relação à sua exigibilidade e a outra em relação aos seus aspectos dimensionais. Edificação de uso Situação da edificação Número mínimo de sanitários acessíveis com entradas independentes Público A ser construída 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um para cada sexo, em cada pavimento, onde houver sanitários Existente Um por pavimento, onde houver ou onde a legislação obrigar a ter sanitários Coletivo A ser construída 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um em cada pavimento, onde houver sanitários A ser ampliada ou reformada 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um em cada pavimento acessível, onde houver sanitários Existente Uma instalação sanitária, onde houver sanitários Privado, em áreas de uso comum A ser construída 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um, onde houver sanitários A ser ampliada ou reformada 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um por bloco Existente Um no mínimo As instalações sanitárias acessíveis que excederem a quantidade de unidades mínimas podem ser localizadas na área interna dos sanitários. Tabela 02: exigibilidade. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 152 Em relação aos aspectos dimensionais, temos que observar a relação da dimensão com as áreas de transferências, como em manobras de uso da bacia sanitária e lavatórios, e até mesmo medidas mínimas que podemos aplicar nesses ambientes. A norma dá a condição de colocação das peças auxiliares para o apoio ao cadeirante dentro do sanitário, e exemplifica as condições que podemos considerar, em termos dimensionais. As figuras que serão colocadas aqui, são apenas uma amostra do que está contido no item 7 da ABNT/NBR 9050/2020, referente a sanitários, banheiros e vestiários. É interessante que tal verificação seja feita diretamente na norma. ISTO ESTÁ NA REDE Como a norma é de utilidade pública, é interessante sempre fazer uma consulta, para fins de projeto. Acesse o link: https://www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR- 9050-15-Acessibilidade-emenda-1_-03-08-2020.pdf. As figuras abaixo mostram como podemos fazer a inserção de um MR dentro do projeto, considerando um banheiro de dimensões mínimas, tentando enquadrar a condição de uma cadeira de rodas e seu raio de giro em torno de seu eixo. Figura 16: MR e raio de giro. Fonte: ABNT 9050/2020. https://www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-emenda-1_-03-08-2020.pdf https://www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-emenda-1_-03-08-2020.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 153 Da mesma forma, precisamos entender como acontece a utilização da pia e como podemos fazer a programação do módulo de referência em relação à uma pia, e de como a cadeira pode se encaixar em relação à utilização da mesma. Figura 17: MR e uso da pia. Fonte: ABNT 9050/2020. As figuras a seguir mostram como podemos portar a cadeira de rodas dentro dos sanitários e como pode acontecer as aproximações considerando o MR: Figura 18: raio de giro da cadeira. Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 19: Outros tipos de aproximações. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 154 É importante salientar que a norma obriga os profissionais que estão projetando banheiros acessíveis, a portabilizarem uma série de dispositivos de segurança, e seus posicionamentos em relação ao vaso, para que a manobra do cadeirante seja satisfatória. Um exemplo disso é a barra. Figura 20: dispositivos de segurança. Fonte: ABNT 9050/2020. As rampas e os dimensionamentos são pontos de atenção para edificações com grande fluxo de público, para que os profissionais consigam, dentro dos requisitos da norma, atender às declividades exigidas na norma. A inclinação das rampas deve ser calculada conforme a seguinte equação: i é a inclinação, expressa em porcentagem (%); h é a altura do desnível; c é o comprimento da projeção horizontal. Figura 21: rampa em planta. Fonte: ABNT 9050/2020. Figura 22: rampa em vista. Fonte: ABNT 9050/2020. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 155 Além disso, é necessário compreender os seguintes dimensionamentos: Tabela 03: dimensionamentos de rampa. Fonte: ABNT 9050/2020. A norma entende que podem ser enquadradas como rampas as superfícies cuja diferença de nível tenha declividade igual ou superior a 5%, e devem, conforme exigência da norma, atender às condições dos quadros que colocamos. Para que uma rampa seja considerada acessível é necessário que sejam definidos os limites máximos de inclinação, assim como os desníveis a serem vencidos e o número máximo de segmentos. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Como calcular uma rampa com a NBR 9050:2020 I Acessibilidade Aplicada. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=uV_TpMlLD7M&t=176s. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 156 CAPÍTULO 15 PRINCÍPIOS DO DESIGN UNIVERSAL COMO FERRAMENTAS PARA A INCLUSÃO; ACESSIBILIDADE Quando propomos a discussão sobre o entendimento dos princípios do design universal, especialmente em uma disciplina de desenho, precisamos entender que existe a necessidade de se discutir a inclusão social de pessoas que possuem limitações (como limitação de mobilidade, restrição visual, etc.), que nem sempre a condição de projeto que desenvolvemos consegue atender, e isto é mais comum do que imaginamos em nossa sociedade. Ainda falta por parte dos profissionais e dos órgãos reguladores uma certa consciência de fazer valer o direito dessas pessoas, em especial no uso das edificações e espaços públicos. Esta temática precisa ainda ser incorporada na base de formação dos profissionais, algo que não deve ser encarado como uma temática ou conceito isolados, e os profissionais devem se cercar de mecanismos e ferramentas que amparam o processo de projeto, para fazer a inclusão de pessoas que têm igual direito de ir e vir, e de usar as edificações da mesma forma que uma pessoa que não possui restrição de mobilidade, para que não fique à margem do processo de cidadania. Outra questão a ser abordada, é que os profissionais devem ser os primeiros a defender os acessos universais e sem segregações nos projetos, permitindo o amplo uso. O desenho universal é um conceito que tem como objetivo definir projetos de produtos e ambientes os quais consigam contemplar toda a diversidade humana, incorporando todos os biotipos possíveis (crianças, adultos, idosos, gestantes, obesos, pessoas com qualquer tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, etc.). Como profissionais, devemos ser os porta-vozes de uma sociedademais humana e cidadã, e devemos determinar quais são os caminhos a serem seguidos. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 157 15.1 - Quando se começa a discutir o Desenho Universal? De forma bem incipiente, o desenho universal nasce concomitantemente com a discussão sobre a massificação dos processos produtivos, e principalmente dos produtos que dali seriam massificados, e que deveriam atender a maior quantidade possível de pessoas. Especificamente no que se refere à condição do projeto e da edificação, com as consequências da Revolução Industrial, houve a necessidade de tentar entender o ambiente construído e a salubridade necessária para atender as reais necessidades das pessoas que ali habitavam. Além de entender as reais necessidades dos usuários, era necessário criar padrões de atendimento destas necessidades para se fazer um modelo de massa que embora não fosse igual para todos, conseguisse atender a maior quantidade de pessoas possível, em termos de habitação e ambiente construído. Entra nesta condição, a discussão acerca da relação dos indivíduos quanto à sua altura, dimensão, idade, destreza, força, e outras características. Esta discussão entra efetivamente em pauta no século XX, quando em 1961, países como o EUA, Japão e nações europeias, discutem na Suécia como reformular o velho conceito que reproduz o dito “homem padrão”, originalmente criado na Revolução Industrial, que nem sempre é o “homem real”. Em 1963, em Washington, nasceu a Barrier Free Design, que é uma comissão que objetivava discutir desenhos de equipamentos, edifícios e áreas urbanas adequados à utilização por pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, e estas discussões levaram à evolução do conceito de desenho universal, que viria a ser um padrão construtivo para atender um grande número de pessoas, com soluções de desenho de produtos e edificações. Especificamente no Brasil, o debate aconteceu de forma tardia, e com o viés de trabalhar a consciência dos profissionais da área de construção. E isto vem de encontro ao que aconteceu em 1981, ano em que foi declarado o ano internacional de atenção às pessoas com deficiência, o que alinharia as condições brasileiras à discussão mundial que acontecia naquele momento, e implantou de vez tal conceito em diversas normativas e legislação, inclusive fazendo uso do termo “desenho universal”. A partir daquele ano, diversas leis brasileiras promulgaram-se para regulamentar o acesso a todos, garantindo que a parcela da população com deficiência ou mobilidade reduzida tivesse as mesmas garantias que todos os cidadãos, visto que pagavam os mesmos impostos. Em 1985, criou-se a norma técnica brasileira relativa à acessibilidade: DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 158 “acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência”, passando por diversas revisões até sua última versão, validada em 2015. 15.2 - O que é o Desenho Universal? O desenho universal desenvolve-se primordialmente entre os profissionais da área da arquitetura, tendo a Universidade da Carolina do Norte como sendo uma das primeiras a estudar o tema, com foco no projeto de produtos e ambientes para serem usados por todos, na máxima extensão possível. Para que isso acontecesse, era necessário que houvesse projeto especializado ou adaptação para pessoas com deficiência. Deste modo, o projeto universal é um processo de criar produtos os quais são acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas características, da idade ou das habilidades individuais e sensoriais. O desenho universal tem como meta atender qualquer ambiente ou produto que pode ser alcançado, manipulado ou usado, sem restrições, pelas pessoas, não fazendo distinção de indivíduo, postura ou mobilidade. Logo, o desenho universal não é uma tecnologia que se direciona apenas aos que dele necessitam, mas deve atender um espectro amplo de pessoas. A ideia do desenho universal é justamente evitar a necessidade de produtos e ambientes dedicados somente a pessoas com deficiência, para que possam ser seguramente usados por uma ampla gama de pessoas, com segurança e autonomia, nos diversos espaços construtivos de objetos. Temos que olhar pelo viés pessoal também, pois ao longo de nossas vidas, mudamos nossas características e nossas atividades com o envelhecimento. Quando somos crianças temos dimensões que nos impedem de alcançar ou manipular uma série de objetos; enquanto adultos, encontramos várias situações que podem nos apresentar limitações, mesmo que temporariamente, em nosso relacionamento com o ambiente, como por exemplo: gestações, fraturas, o carregamento de objetos grandes e pesados, entre outros. Às vezes, os profissionais esquecem que também são usuários de objetos e ambientes. Com o advento da velhice, a nossa força e resistência decrescem, os sentidos ficam menos aguçados, e a memória decai. Ao longo da vida, o ser humano vai se tornando cada vez menos diverso em termos de possibilidades de uso do ambiente e dos produtos. Assim, o estado de normalidade é que os usuários sejam mais diferentes e que deem usos distintos do que é usado no ambiente. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 159 15.3 - Os sete princípios do Desenho Universal. Temos os sete princípios: 15.3.1 - Igualitário/uso equiparável. Equiparável = tornar igual, igualar, pôr em paralelo. São exemplos: espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais. Podemos exemplificar com portas com sensores que abrem sem que haja a extensão do esforço físico e por pessoas de variadas alturas. 15.3.2 - Adaptável/uso flexível. Flexível = que pode dobrar, curvar, alterar; maleável, adaptável. Aplicado a design de produtos ou espaços os quais devem atender pessoas com deficiência, sempre sendo adaptáveis a quaisquer tipos de uso. Exemplo: o uso do computador com diversos tipos de aplicativos que permitem que pessoas com algum tipo de limitação visual e auditiva ou sem façam uso dele. 15.3.3 - Óbvio/uso simples e intuitivo. Intuitivo = que se conhece facilmente; óbvio = incontestável, claro, evidente. Que tenha fácil compreensão e entendimento para que qualquer tipo de pessoa possa compreender independentemente de sua experiência, conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração. Exemplo: simbologias e sinalizações que normalmente vemos em estacionamentos, sanitários, entre outros lugares do nosso dia a dia. 15.3.4 - Conhecida/informação de fácil percepção. Percepção = ato ou efeito de perceber; combinação dos sentidos no reconhecimento de um objeto. É usada quando colocamos a informação necessária e transmitimos de forma a atender às necessidades de um receptor, fazendo uso de diferentes maneiras de comunicação, tais como símbolos e letras em relevo, braille e sinalização auditiva. Exemplos: recursos que podemos fazer em mapas com informações em alto relevo para que as pessoas com deficiência visual consigam identificar os ambientes as quais se encontram; maquetes táteis de obras de arte de grande porte ou mesmo obras de arquitetura. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 160 15.3.5 - Seguro/tolerante ao erro: tolerante = que tolera, perdoa; sensibilizado ao erro. São dispositivos para minimizar riscos e possíveis consequências de ações que podem levar a acidentes. Podemos citar como exemplos, os avisos sonoros em elevadores ou quaisquer dispositivos que tenham acionamento automático a partir de ação humana. 15.3.6 - Sem esforço/baixo esforço físico: economiza energia; de fácil manipulação. Pode ser usado de modo eficiente em dispositivos tais como torneiras e fechaduras, as quais podem ser acionadas por meio de sensores que evitam a fadiga. 15.3.7 - Abrangente/dimensão e espaçopara aproximação e uso. Dimensão = sentido em que se mede a extensão para avaliar; medida. É capaz de estabelecer dimensões e espaços apropriados para o acesso, alcance, manipulação ou uso, independentemente do tamanho do corpo (obesos, anões, gestantes, idosos, crianças) da postura ou mobilidade do usuário (pessoas com cadeira de rodas, carrinhos de bebê, usuários de bengala). Exemplo: as diversas formas de assentos em cinemas, ou sanitários dotados de dispositivos para o atendimento de cadeira de rodas, permitindo também que pessoas não cadeirantes façam o uso. 15.4 - Como aplicar o conceito do Desenho Universal. O primeiro ponto é que, enquanto profissionais, precisamos ter pleno domínio das normativas e legislações que abordam o conceito de desenho universal. No caso do Brasil é a norma da ABNT/NBR 9050/2015 que aborda acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Algumas legislações municipais podem incorporar a obrigatoriedade de atendimento desta norma, o que transforma em lei todos os requisitos nela contidos. É importante salientar que desde a organização do layout até as recomendações sobre as larguras das aberturas de portas e corredores, deve haver a largura mínima de 0,80 metros, para comportar a passagem de cadeiras de rodas, e atender os demais públicos em associação com a cadeira de rodas. A ideia básica da norma é dispor de acessórios que atendam públicos específicos como idosos e crianças, ou pessoas que tenham algum tipo de deficiência física. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 161 Outro exemplo da aplicação da norma ABNT/NBR 9050 é a proposição de banheiros que permitam que cadeiras de rodas consigam fazer o giro, e para isso é necessário que o banheiro a ser projetado tenha ao menos a capacidade de um círculo de 1,5 m, de forma que o cadeirante consiga fazer uso de maneira independente, sem ajuda de terceiros, juntamente com a série de barras previstas na norma. A locomoção do cadeirante em condição de segurança vem seguido de uma série de especificações diretamente ligadas à sua locomoção dentro de edificações, como o planejamento de escadas e rampas, evitação de desníveis perigosos, colocação de pisos antiderrapantes, instalação de campainhas de segurança em quartos e banheiros. Para janelas, é necessário entender o posicionamento que dê a visibilidade necessária, tendo o peitoril colocado a pelo menos 0,60 m do piso, garantindo a visibilidade para o exterior, sem impedimento visual. Para tomadas, interruptores, comandos de acionamento de luz, maçanetas, balcões, mesas de atendimento, é necessário que tenham o encaixe da cadeira, não extrapolem a amplitude de um cadeirante, e sejam em altura que permita o acesso sem dificuldades. Há especificações de mobiliários adequados a este tipo de público, como por exemplo, camas que tenham entre 0,46 e 0,60 m, para atender cadeirantes e idosos. Outro exemplo de desenho universal é o uso de rampas com a correta inclinação, menor que 8,33%, cujos corrimões estejam posicionados a pelo menos 0,80 metros de altura, permitindo que os mais diversos públicos consigam fazer o uso. Talvez o ambiente que possa exigir mais dos profissionais em relação aos cuidados com especificações seja a cozinha, que possui os mais diversos tipos de riscos, mas que ainda pode atender os mais diversos tipos de públicos e propor um ambiente seguro, quando é observada corretamente pelos projetistas em relação aos requisitos normativos mínimos. É possível por exemplo dotar o ambiente com armários e soleiras (rodapés) que permitam o acesso da cadeira de rodas em alturas razoáveis para que possam ser manipulados por diversos públicos, sem que se coloque em risco qualquer tipo de pessoa. Os dispositivos de acionamento de luz, de aquecedores e fogões devem ser planejados para que sejam acessíveis e tenham dispositivos de segurança, como avisos sonoros e timers de uso. É possível que façamos uso de instalações de puxadores e maçanetas que possam ser acionadas quando os cadeirantes quiserem, usando um ideal tipo de alavanca. O desenho universal não é somente requerido para condições de ambientes internos, mas também para ambientes externos e urbanos. No Brasil, tem se tornado cada vez DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 162 mais necessário o atendimento de legislações específicas, de modo a oferecer boas condições de trafegabilidade, fácil manutenção e qualidade urbana. São exemplos disto as rampas e pisos táteis, e precisamos colocar, nesse circuito, semáforos sonoros nas esquinas de travessia de pedestres para que pessoas com deficiência visual também possam atravessar a rua com autonomia e segurança. Até mesmo o transporte público e o conjunto de mobiliários urbanos que se destinam a este fim precisam estar aderentes aos aspectos normativos de segurança. O desenho universal não é somente aplicado a edificações, mas também a cidades, para que estejam preparadas para receber qualquer tipo de pessoa, independentemente da idade ou limitação física, em tudo que compõe o cotidiano das pessoas nas atividades triviais. 15.5 - Quais são as legislações e normas que falam do desenho universal? A criação de leis e normas são essenciais para garantir os direitos das pessoas que não possuem seus direitos essenciais atendidos no dia a dia. Foi a partir do Ano Internacional de Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência (1981), que surgiu a necessidade de criar normas específicas para se aplicar o desenho universal, e foi somente em 2004 que publicou-se o Decreto Federal 5.296, dando ao Desenho Universal a força de lei. O Decreto define, em seu artigo 8º e inciso IX, o “Desenho Universal” como: “Concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade”. Quanto à implementação desta definição, o artigo 10º determina que: “a concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as regras contidas no Decreto”. Isto obriga profissionais a entenderem que o desenho universal não mais depende somente de boa vontade, pois é uma determinação que deve ser cumprida, e coloca tanto profissionais quanto clientes e gestores, a verem o desenho universal como sendo garantia do direito de ir e vir e da qualidade de vida de todos os cidadãos, independentemente de suas limitações e características físicas e sensoriais. Desta legislação derivam as demais legislações que hoje se aplicam no âmbito estadual e municipal, assim como dá força de leis a todas as normas que versam sobre o assunto. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 163 ANOTE ISSO Dentre as normas podemos citar: • NBR 9050 – Acessibilidade a Edificações, Mobiliários, Espaços e Equipamentos Urbanos; • NBR 13994 – Elevadores de Passageiros – Elevadores para Transporte de Pessoas Portadoras de Deficiência; • NBR 14020 – Acessibilidade à Pessoa Portadora de Deficiência – Trem de Longo Percurso; • NBR 14021 - Transporte - Acessibilidade no Sistema de Trem Urbano ou Metropolitano; • NBR 14022 – Acessibilidade à Pessoa Portadora de Deficiência em Ônibus e Trólebus para Atendimento Urbano e Intermunicipal; • NBR 14273 – Acessibilidade à Pessoa Portadora de Deficiência no Transporte Aéreo Comercial; • NBR 14970-1 - Acessibilidade em Veículos Automotores - Requisitos de Dirigibilidade; • NBR 14970-2 - Acessibilidade em Veículos Automotores - Diretrizes para Avaliação Clínica de Condutor; • NBR 14970-3 - Acessibilidade em Veículos Automotores - Diretrizes para Avaliação da Dirigibilidade do Condutor com MobilidadeReduzida em Veículo Automotor Apropriado; • NBR 15250 - Acessibilidade em Caixa de autoatendimento Bancário. • NBR 15290 - Acessibilidade em Comunicação na Televisão; • NBR 15320:2005 - Acessibilidade à Pessoa com Deficiência no Transporte Rodoviário; • NBR 14022:2006 - Acessibilidade em Veículos de Características Urbanas para o Transporte Coletivo de Passageiros; • NBR 15450:2006 - Acessibilidade de Passageiros no Sistema de Transporte Aquaviário; ISTO ESTÁ NA REDE As Normas Técnicas relativas à acessibilidade podem ser baixadas gratuitamente no site: www.acessibilidade.org.br. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Podemos acessar as normas e seus requisitos fazendo observação dos diversos aspectos envolvidos. Acesse o link: http://acessibilidade.unb.br/images/PDF/NORMA_NBR-9050.pdf. http://www.acessibilidade.org.br http://acessibilidade.unb.br/images/PDF/NORMA_NBR-9050.pdf DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 164 CONCLUSÃO No presente trabalho, desenvolvemos um pouco mais o conhecimento acerca do desenho técnico e universal, olhando em específico para as condições normativas que se relacionam com o desenho técnico e os requisitos essenciais deste tipo de desenho. Como o desenho técnico é um tipo de linguagem que precisa ser universalmente aceita, é essencial entender os requisitos de desenho que precisamos atender para que seja universalmente lido, já que quem cria o projeto nem sempre está diretamente ligado à execução e vice-versa. Para isto, precisamos entender de estratégias de desenho e de normas de referência, que vão desde a especificação do papel, tamanho de letras e espessuras de linhas, até de como dispor informações cruciais para que o desenho seja legível dentro da condição técnica. Desta forma, buscamos também entender qual a relação do desenho técnico com as condições da geometria descritiva e do desenho geométrico, e como estes podem permitir os desdobramentos necessários. Uma vez entendido o papel das projeções, é necessário que tenhamos também o conhecimento da forma com a qual devemos nos envolver no desenvolvimento do desenho, em especial pelas projeções, agora elaboradas dentro de escalas, e como elas podem refletir sobre as condições de representações de plantas, cortes, elevações e detalhamentos. É importante salientar que todas as normas foram criadas tendo em vista o desenvolvimento do desenho feito à mão, porém na atual conjuntura do mercado, é importante ressaltar o desenho auxiliado por computador no processo do projeto. Além disso, quando há uma discussão sobre os direitos das pessoas, é interessante discutir sobre o ponto de vista filosófico e social, a respeito da importância do desenho universal, e da condição de desenvolvimento e aplicação dos requisitos do desenho, considerando aspectos previstos pela norma ABNT 9050/2020, e os princípios do design universal como ferramenta para a inclusão e acessibilidade. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 165 ELEMENTOS COMPLEMENTARES LIVRO Título: Desenho técnico (Currículo comum) Autor: [SENAI - SP, Editora (22 janeiro 2018) Editora: SENAI-SP Editora (22 janeiro 2018) Sinopse: a arte de representar um objeto ou fazer sua leitura por meio de desenho técnico é tão importante quanto a execução de uma tarefa, pois é o desenho que fornece todas as informações precisas e necessárias para a construção de uma peça. O objetivo desta publicação é dar os primeiros passos no estudo de desenho técnico. Neste sentido, são estudadas as formas de representação de um objeto; recursos e materiais necessários para sua representação; caligrafia técnica; figuras e sólidos geométricos; projeção ortogonal; cotagem e escala. FILME Título: A Vida de Leonardo da Vinci Ano: 2019 Sinopse: A Vida de Leonardo da Vinci é considerado o melhor e mais completo filme sobre esse grande mestre. Foi em boa época para entender o quanto o seu desenho fez parte do processo na concepção do desenho. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 166 WEB A ABNT/NBR 9050/2020: no estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar as necessidades individuais. https://www.causc.gov.br/post/normaabnt_acessibilidade/. https://www.causc.gov.br/post/normaabnt_acessibilidade/ DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 167 REFERÊNCIAS Cap 01 BLAINEY, G. Uma breve história do mundo. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2008. Amadeo, Marcello. Schubring, Gert. A École Polytechnique de Paris: mitos, fontes e fatos. ISSN 1980-4415. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1980-4415v29n52a01 disponível em https://www.scielo.br/j/bolema/a/bhSPfdtGbjVcHYJ4JxRZtKt/?lang=pt&format=pdf Acesso em 19.11.2022 KLEIN, F. Development of Mathematics in the 19th Century. Trad. M. Ackerman do original Vorlesungen uber die Entwicklung der Mathematik im 19 Jahrhundert (1928) Massachusetts: Math Sci Press, 1979 Cap 02 Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 6492:1994 – Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro - 27 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 8196:1994 – Emprego de escalas em desenho técnico. Rio de Janeiro. 2 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 8403:1984 – Aplicação de linhas em desenhos. Rio de Janeiro 5 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10067:1987 – Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro 14 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10068:1987 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro 4 páginas DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 168 Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10126:1987 – Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro 13 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10582:1988 – Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro 4 paginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10647:1989 – Desenho técnico. Rio de Janeiro 2 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 13142:1994 – Dobramento de cópia de desenho técnico. Rio de Janeiro 3 páginas Cap 03 BS EN ISO 216:2007 Writing paper and certain classes of printed matter. Trimmed sizes. A and B series, and indication of machine direction is classified in these ICS categories:85.080.10 Office paper Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT/NBR 8402/1994 - Execução de caráter para escrita em desenho técnico. 4 páginas Cap 04 TOLEDO, C. F. M.; FRANÇA, P. M.; MORABITO, R. Proposta de um modelo conjunto de programação da produção e dimensionamento de lotes aplicado a uma indústria de bebidas. In: Encontro Nacional de Engenharia da Produção, 22, 2002, Curitiba-PR, Anais... 2002. DREXL, A.; KIMMS, A. Lot sizing and scheduling: survey and extensions. European Journal of Operational Research, v. 99, n. 2, p. 221-235, 1997. JOHNSON, L. A.; MONTGOMERY, D. C. Operations -research in production planning, scheduling and inventory control New York: Wiley, 1974. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 169 Cap 05 Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 6492:1994 – Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro - 27 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 8196:1994 – Emprego de escalas em desenho técnico. Rio de Janeiro. 2 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 8403:1984 – Aplicação de linhas em desenhos. Rio de Janeiro 5 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10067:1987– Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro 14 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10068:1987 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro 4 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10126:1987 – Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro 13 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10582:1988 – Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro 4 paginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 10647:1989 – Desenho técnico. Rio de Janeiro 2 páginas Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT /NBR – 13142:1994 – Dobramento de cópia de desenho técnico. Rio de Janeiro 3 páginas Cap 06 Camarotto, João Alberto. Projeto de Unidades Produtivas. São Carlos – 2006 UFSCar - DEP Universidade Federal De São Carlos, Centro De Ciências Exatas E De Tecnologia. Departamento De Engenharia De Produção DEJOURS, C. A loucura do Trabalho. 1a. edição São Paulo. OBORÉ, 1987 DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 170 DOLL, W. J. and VONDEREMBSE, M. A. The Evolution of Manufacturing Systems. in: OMEGA, v. 19, n. 5. England. PERGAMON PRESS, 1991. pag. 401 a 411. Cap 07 GERDES, Paulus; Sobre o Despertar do Pensamento Geométrico. UFPR, Curitiba,1992.105p JORGE, Sonia ; Desenho Geométrico Idéias & Imagens.2ªed.,Saraiva, São Paulo.2002.175p KALEFF;Ana Maria M. R.Vendo e entendendo POLIEDROS, 2° ed. EdUFF. 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Cap 10 Associação brasileira de normas técnicas ABNT/NBR 6492 – Documentação Técnica para Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos – Requisitos, Rio de Janeiro 27 páginas DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 172 Associação brasileira de normas técnicas ABNT/NBR 9050 – Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. Rio de janeiro 148 páginas Associação brasileira de normas técnicas - NBR 16636 – Elaboração e Desenvolvimento de Serviços Técnicos Especializados de Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos Rio de janeiro 17 páginas Cap 11 NBR 6492 – Documentação Técnica para Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos – Requisitos NBR ISO 16283 – Acústica – Medição de Campo do Isolamento Acústico nas Edificações e nos Elementos de Edificações Parte 3: Isolamento de Fachada a Ruído Aéreo NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho Parte 1: Requisitos Gerais Parte 4: Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas — SVVIE NBR 16636 – Elaboração e Desenvolvimento de Serviços Técnicos Especializados de Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos Cap 12 Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT/NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenho – tipos de linhas – largura das linhas; Rio de Janeiro - 5 paginas Associação Brasileira de Normas Técnicas Norma ABNT/NBR 10647 – Desenho técnico – terminologia: Rio de Janeiro - 2 páginas DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 173 Cap 13 Camarotto, João Alberto. Projeto de Unidades Produtivas. São Carlos – 2006 UFSCar - DEP Universidade Federal De São Carlos, Centro De Ciências Exatas E De Tecnologia. Departamento De Engenharia De Produção. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 3ed, 2009. LEE, Q. Projeto de Instalações e Local de Trabalho São Paulo: IMAM, 1998. Cap 14 Associação Brasileira de Normas técnicas - ABNT NBR 9077, Saídas de emergência em edifícios, Rio de Janeiro, 148 páginas. Associação Brasileira de Normas técnicas ABNT NBR 10898, Sistema de iluminação de emergência. Rio de Janeiro. 24 páginas Associação Brasileira de Normas técnicas ABNT NBR 11003, Tintas ‒ Determinação da aderência. Rio de Janiero 13 páginas Associação Brasileira de Normas técnicas ABNT NBR 11785, Barra antipânico ‒ Requisitos, Rio de Janeiro 23 páginas Associação Brasileira de Normas técnicas ABNT NBR 13434 (todas as partes), Sinalização de segurança contra incêndio e pânico. Rio de janeiro. 11 páginas Associação Brasileira de Normas técnicas ABNT NBR 14718, Guarda-corpos para edificação. Rio de Janeiro. 27 páginas. Cap 15 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma NBR 9050, Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. Rio de Janeiro, 2004. DESENHO TÉCNICO PROF. FLAVIO AUGUSTO CARRARO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 174 CAMBIAGHI, Silvana Serafino. Desenho Universal – métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007. PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO/SEPED/CPA. Acessibilidade - Mobilidade Acessível na Cidade de São Paulo, 2005. _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.47lnds5impnq _heading=h.1fob9te _heading=h.2et92p0 _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.2et92p0 _heading=h.tyjcwt _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.hg2zv5b5jrx5 _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.2et92p0 _heading=h.tyjcwt _heading=h.n9cik81n948z _heading=h.3dy6vkm _heading=h.7s65w0ozl54l _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.kxtquuhixacu _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs_heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs Desenho Técnico e Universal Normas relacionadas ao desenho técnico formato de papel e letras e algarismos Técnica do uso de material de desenho Sistemas de projeção Geometria descritiva desenho geométrico Cotagem em desenho técnico Escalas Planta baixa arquitetônica vista e elevação cortes e detalhamentos Desenho 2D em AutoCAD ABNT/NBR 9050 Princípios do design universal como ferramentas para a inclusão; acessibilidade