Buscar

politicas_educacionais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 148 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 148 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 148 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Políticas
Educacionais
Miguel de Jesus Castriani
PO
LÍT
IC
A
S
 ED
U
C
A
C
IO
N
A
IS
 
M
IG
U
EL D
E JES
U
S
 C
A
ST
RIA
N
I
Políticas
Educacionais
Miguel de Jesus Castriani
PO
LÍT
IC
A
S
 ED
U
C
A
C
IO
N
A
IS
 
M
IG
U
EL D
E JES
U
S
 C
A
ST
RIA
N
I
Políticas
Educacionais
Miguel de Jesus Castriani
PO
LÍT
IC
A
S
 ED
U
C
A
C
IO
N
A
IS
 
M
IG
U
EL D
E JES
U
S
 C
A
ST
RIA
N
I
Você já pensou sobre a sua importância, como cidadão, no desenvolvimento e 
aprimoramento da comunidade da qual faz parte, bem como sobre o seu papel na 
construção de um mundo melhor? Está consciente dos conceitos, dos fundamentos, 
das diretrizes e das legislações que normatizam o convívio em grupo, bem como das 
políticas públicas que conduzem os atores sociais, as instituições e o governo para 
o desenvolvimento de uma sociedade com mais conhecimento, desenvolvimento 
socioeconômico e cultural e justiça?
Esses são questionamentos muito importantes para a elaboração de uma crítica 
construtiva e necessária, que pode direcionar as instituições a uma revisão de seus 
conceitos e paradigmas e a novas propostas que realmente contribuam para a oferta 
de projetos e planos educacionais capazes de preparar as pessoas para uma era 
de conhecimento, na qual se deve imperar o espírito de solidariedade, igualdade, 
fraternidade, universalidade, democracia, responsabilidade, ética e constante senso 
de justiça.
Assim, sabendo que preparar as pessoas para essa era é responsabilidade primordial 
da educação, este livro convida o leitor para o estudo das políticas públicas 
educacionais implementadas e desenvolvidas no Brasil, desde o ano de 1500 até a 
contemporaneidade, com ênfase na análise das legislações, dos fundamentos e dos 
paradigmas educacionais, dos projetos pedagógicos e das perspectivas sobre os 
impasses e impactos que marcaram a história educacional do Brasil.
Código Logístico
59427
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6642-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 2 1
Políticas Educacionais 
Miguel de Jesus Castriani
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: donatas1205/goir/Evgeny Karandaev/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C349p
Castriani, Miguel de Jesus
Políticas educacionais / Miguel de Jesus Castriani. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE, 2020. 
144 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6642-1
1. Educação e Estado. 2. Políticas públicas - Brasil. 3. Planejamento 
educacional - Brasil. I. Título.
20-63815 CDD: 379.81
CDU: 37.014.5(81)
Miguel de Jesus 
Castriani
Mestre em Educação e especialista em Pesquisa 
Educacional pela Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUCPR). Especialista em Direito Processual Civil 
e Recursos pela Faculdade Educacional da Lapa (Fael). 
Graduado em Direito pela Faculdade Dom Bosco e em 
Filosofia pela PUCPR. Atuou como apresentador de 
programas de entrevistas em estúdio, como docente 
no ensino superior e como coordenador e gerente de 
cursos de graduação e de pós-graduação. É autor de livros 
didáticos para a educação básica e superior e responsável 
por projetos de responsabilidade social. Como advogado, 
atua na Área Cível, com escritório próprio.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Estado e políticas públicas 9
1.1 Princípios e organização do Estado 9
1.2 Sistema republicano de governo e democracia 17
1.3 Políticas públicas e educação 19
2 Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 27
2.1 A gratuidade da educação e o ensino leigo 28
2.2 A educação sob um plano nacional 34
2.3 A educação vinculada a valores cívicos e econômicos 38
2.4 O direito fundamental e universal à educação 41
3 Legislação educacional no Brasil: do século XV até 1990 50
3.1 A educação na Colônia e a Reforma Pombalina 51
3.2 Brasil Império e a Lei n. 01/1837 55
3.3 O Decreto Educacional n. 981/1890 61
3.4 O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 65
3.5 A LDB n. 4.024/1961 69
3.6 A LDB n. 5.692/1971 74
4 Planejamento educacional e sistemas de ensino, a partir de 1996 80
4.1 A LDB n. 9.394/1996 81
4.2 O PNE 2014-2024: Lei n. 13.005/2014 86
4.3 Os Parâmetros Curriculares Nacionais 93
4.4 Políticas educacionais vigentes 101
4.5 Legislação da educação superior 108
5 Gestão da educação: limites e perspectivas 116
5.1 A construção do projeto político-pedagógico 117
5.2 Políticas de financiamento da educação 123
5.3 Avaliação Institucional 128
5.4 Perspectivas, impasses e impactos 135
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
Você já pensou sobre a sua importância, como cidadão, no desenvolvimento 
e aprimoramento da comunidade da qual faz parte, bem como sobre o seu 
papel na construção de um mundo melhor? Está consciente dos conceitos, 
dos fundamentos, das diretrizes e das legislações que normatizam o convívio 
em grupo, bem como das políticas públicas que conduzem os atores sociais, 
as instituições e o governo para o desenvolvimento de uma sociedade com 
mais conhecimento, desenvolvimento socioeconômico e cultural e justiça? 
Esses são questionamentos muito importantes para a elaboração de uma 
crítica construtiva e necessária, que pode direcionar as instituições a uma 
revisão de seus conceitos e paradigmas e a novas propostas que realmente 
contribuam para a oferta de projetos e planos educacionais capazes 
de preparar as pessoas para uma era de conhecimento, na qual se deve 
imperar o espírito de solidariedade, igualdade, fraternidade, universalidade, 
democracia, responsabilidade, ética e constante senso de justiça. 
Assim, sabendo que preparar as pessoas para essa era é responsabilidade 
primordial da educação, convidamos você para o estudo que esta obra 
propõe, realizando um avançado contato com as políticas públicas 
educacionais implementadas e desenvolvidas no Brasil, desde o ano de 
1500 até a contemporaneidade, com ênfase na análise das legislações, dos 
dos projetos pedagógicos, das perspectivas, dos impasses e dos impactos 
que marcaram a história educacional do Brasil.
No primeiro capítulo, desenvolvemos um estudo e uma reflexão sobre a 
diversidade étnico-cultural que constitui o povo brasileiro, num paralelo com os 
conceitos epistemológicos e políticos do Estado, os princípios constitucionais 
que sustentam e normatizam o país, além das políticas públicas existentes e 
suas funções na formação de um povo.
Já o segundo capítulo promove uma reflexão sobre o direito à educação, 
presente nas Constituições que o Brasil teve e na que ainda está em vigor, com 
destaque aos dispositivos legais que indicam a educação como um direito 
fundamental na garantia da dignidade da pessoa humana, especificamente 
para aqueles que prescrevem, para o povo brasileiro, a educação gratuita, 
laica, universal e defensora de valores cívicos e econômicos.
Em seguida, no terceiro capítulo, por meio de umestudo e uma reflexão 
sobre a cultura educacional já desenvolvida e a vigente, a obra tramita pelos 
APRESENTAÇÃO
fundamentos políticos, econômicos e culturais que constituíram as principais 
legislações sobre educação, implantadas no Brasil até a década de 1990, 
visando compreender as estruturas conceituais, as funcionalidades, os 
impasses e os resultados dessas no cotidiano da sociedade.
No quarto capítulo, dando continuidade aos estudos das legislações 
relacionadas à educação no Brasil, o foco passa a ser a partir da década 
de 1990. Isso porque, após esse momento histórico, o país já tinha uma 
Constituição democrática e cidadã. Além disso, as legislações educacionais 
já teriam que abranger os fundamentos de uma educação de qualidade, 
universal e igualitária, que visasse à promoção da dignidade da pessoa 
humana e que fosse construída, democraticamente, pelos diversos atores da 
sociedade civil organizada e os governos. 
Por fim, no quinto capítulo, nosso estudo volta-se para as questões 
práticas do mundo escolar, especificamente para todo o processo de 
construção das propostas educacionais no estabelecimento de ensino, o 
projeto político-pedagógico (PPP) e a sua relação com a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) e com o Plano Nacional de Educação (PNE); também é dado 
enfoque às políticas de financiamento da educação, à avaliação institucional e 
aos impasses e impactos que os processos educacionais têm experimentado.
Bons estudos!
Estado e políticas públicas 9
1
Estado e políticas públicas
Compreendermos que toda comunidade é formada por uma 
diversidade cultural e étnica e, ainda, que é nessa comunidade que 
o Estado deve exercer a sua função se faz muito importante para 
iniciar nossos estudos sobre políticas públicas e, em especial, so-
bre as políticas educacionais. O Estado existe para a comunidade 
e, a fim de exercer o seu trabalho, deve atuar sob os princípios 
previstos na Constituição. Portanto, o Estado é uma instituição que 
deve estar à serviço do seu povo.
Nessa direção, esta reflexão tramitará pelos princípios do 
Estado brasileiro, pelo seu surgimento e pelos elementos que 
compõem o Estado – em especial o republicano. Por último, abor-
daremos quais são os atores que participam da construção das 
políticas públicas, considerando a representatividade como um 
elemento essencial da democracia, em uma sociedade que tem 
como objetivo maior a promoção da dignidade humana de todos 
os seus membros, sem qualquer distinção.
1.1 Princípios e organização do Estado 
Vídeo Para iniciarmos esta reflexão, é importante entendermos que o 
tema políticas educacionais está completamente ligado às políticas pú-
blicas, as quais são o principal motivo da existência do Estado. Assim, 
surgem as primeiras questões que este livro pretende elucidar: quando 
surgiu o Estado, quais seriam as suas funções e como ele tem atuado 
nos últimos tempos?
Primeiramente, é importante compreendermos que a palavra Esta-
do deriva, etimologicamente, do termo latino status, que significa so-
berano, forte, sedimentado. Sendo o Estado soberano, ele se constitui 
como a instituição pública que existe para organizar, normatizar, aplicar 
10 Políticas Educacionais
e fiscalizar um conjunto de ações, planos, normas e regras existentes, 
ou que precisam existir, na comunidade, visando ao bem público, isto 
é, o bem para toda a população – inclusive para você –, que se encontra 
constituída em um determinado território, buscando a cidadania e uma 
vida digna. Entretanto, é importante entender que esse mesmo Estado 
também pode e deve utilizar-se de um aparato policial para buscar o 
equilíbrio social e o respeito às diferenças, às diversidades e às adver-
sidades, que são próprias de toda coletividade, principalmente quando 
os interesses individuais se sobrepõem aos coletivos, minando a cida-
dania e o respeito às leis.
A partir disso, temos outro questionamento importante. Quem sur-
giu primeiro? O Estado ou as leis? Em sistemas democráticos, é a comu-
nidade, por meio de seus representantes locais (vereadores), regionais 
(deputados estaduais) e nacionais (deputados federais e senadores), 
que faz a legislação; além disso, são essas leis que direcionam a exis-
tência e o funcionamento do Estado. De modo geral, a Constituição, o 
Código Civil, o Código Penal, o Código de Defesa do Consumidor, a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação, o Código Tributário, o Código de 
Trânsito, entre outros, devem ser produtos da comunidade, propostos 
democraticamente e não de maneira impositiva pelo Estado. No entan-
to, em alguns Estados, a produção de legislações ocorre de cima para 
baixo, isto é, a comunidade somente recebe o conjunto de normas e 
regras que precisa cumprir, sem ter participado de suas elaborações, 
o que, numa visão moderna, deveria ser considerada uma aberração.
As maneiras como os Estados executam esses processos de elabo-
ração das leis e das políticas públicas se diferem. Em monarquias ab-
solutas, por exemplo, esse processo é imposto e as comunidades não 
participam dele; já nas monarquias parlamentaristas, o parlamento é 
quem faz as legislações, assim como nas repúblicas presidencialistas 
ou parlamentaristas.
Naturalmente, no modelo republicano – que é a forma de governo 
adotada no Brasil –, a construção da legislação e, por consequência, 
das políticas de Estado é realizada pelos seus próprios cidadãos ou por 
seus representantes eleitos. Portanto, o Estado, no aspecto das legis-
lações, está para colocá-las em prática, conforme o desejo de quem 
as construiu. Porém, desde já se faz importante saber que o Estado se 
encontra, também, nas dinâmicas de outros poderes, como no Poder 
Cidadania vem do termo 
latino civitas e significa cidade; 
portanto, cidadão seria aquele 
que vive na cidade. No entanto, 
na atualidade, entende-se 
o cidadão como aquele que 
tem e vivencia o conjunto de 
direitos e deveres existentes no 
espaço territorial em que vive, 
podendo, conscientemente e 
com discernimento, intervir 
nesse meio, transformando-o a 
qualquer momento.
Saiba mais
Estado e políticas públicas 11
Executivo, nas prefeituras (prefeito e secretários), nos estados (gover-
nador e secretários) e na União (presidente e ministros), bem como 
no Poder Judiciário, por meio de juízes, desembargadores, e ministros. 
Sendo assim, o Estado é necessário para promover e regular a vida das 
pessoas que vivem em coletividade.
Entretanto, ainda ficam os questionamentos: você, como cidadão, 
tem visto o Estado dessa forma? Tem sido o Estado a instituição que, 
de fato, promove e regula a vida da coletividade? Especificamente aí, na 
sua localidade, considerando os acontecimentos envolvendo corrup-
ção e desrespeito a uma série de legislações, como nas questões de 
segurança nas escolas, da alimentação e do transporte escolar?
Com essas primeiras reflexões, já podemos compreender o Estado 
como aquele ente público que, por meio de uma série de instituições 
presentes no mundo dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário 
– nas esferas municipais, estaduais e a federal –, age como promotor, 
administrador e regulador dos interesses das coletividades que habi-
tam um determinado território, com base em políticas públicas. Porém, 
não só internamente, pois é, também, o ente público que promove as 
relações existentes entre suas coletividades internas e as coletividades 
existentes nos demais Estados e nações.
Veja, o interessante é percebermos que a comunidade, por falta de 
atenção ou de instrução, muitas vezes não sabe o quanto é importan-
te se fazer presente na constituição das funções do Estado. Por isso, 
quando, em um círculo vicioso, a comunidade não se faz presente, as 
políticas públicas instituídas pelo Estado não atingem as comunidades 
e elas facilmente continuam sem as devidas participações nas defini-
ções das políticas públicas. Além disso, precisamos chamar a atenção 
para essa ausência, que também acaba ocorrendo na definição das po-
líticaspúblicas educacionais – o que é muito sério.
Para Aristóteles (1997), o Estado é superior ao indivíduo, porquan-
to a coletividade é superior ao indivíduo e o bem comum superior 
ao bem particular. Unicamente, no Estado, pode-se satisfazer as ne-
cessidades do homem, uma vez que o homem é um animal social e 
político, não podendo realizar a sua perfeição. Sob as luzes da afirma-
ção de Aristóteles e dos conceitos desenvolvidos até este momento, 
podemos ainda afirmar que o governo deva agir de acordo com os 
interesses da comunidade?
Atentamente, reflita sobre a 
atuação do município onde você 
domicilia e descreva sobre, pelo 
menos, três planos governamen-
tais na área da Educação que 
têm contribuído para uma vida 
cidadã na comunidade. 
Atividade 1
Você concorda que, se as 
políticas públicas para a área da 
educação forem programadas 
conforme interesses exclusivos 
do governo, sem a participação 
da comunidade, pode-se gerar 
uma sociedade desinformada 
e desqualificada para o mundo 
da cidadania, da ciência e do 
conhecimento? Por quê?
Para refletir
12 Políticas Educacionais
Até aqui, questões sobre cidadania já se fizeram presentes, tanto 
em seu aspecto conceitual quanto em sua prática; governo, Estado, 
comunidade participativa e poderes também passaram pelas nossas 
primeiras reflexões. No entanto, faz-se necessário, agora, para desen-
volvermos uma percepção e um conhecimento mais amplo, que com-
preendamos como tudo isso aconteceu e nasceu, ou seja, as devidas 
origens do Estado, dos governos e da vida em cidadania.
Para entendermos a origem de coisas, ideias, pessoas etc., há estu-
diosos que fazem análises de acordo com a atual situação ou realidade 
desses objetos de estudo. Entretanto, desenvolver uma compreensão 
só dessa forma pode incorrer em afirmações que não se traduzem em 
conceitos completamente confiáveis.
Para facilitar a sua compreensão dos princípios do Estado, da estru-
tura conceitual e prática de Estado e das suas teorias, primeiramente 
vamos entender o que significa o termo princípio. Etimologicamente, 
significa início, causa primeira, proposições fundamentais. Princípio faz 
parte da estrutura conceitual de qualquer um dos entes materiais (coi-
sas) ou imateriais (ideias). Isso porque todas as coisas e ideias têm uma 
causa e/ou origem, que podem explicar a sua existência. Assim, o Esta-
do não seria diferente, pois também tem os seus princípios, enquanto 
proposições fundamentais para a sua existência.
Tem sido comum, nos meios acadêmicos, que a realidade seja vista 
sob as lentes da razão e da ciência; entretanto, deve ser igualmente 
importante que também seja percebida sob os pressupostos da moral 
e da ética, para, assim, ser compreendida em sua totalidade. Para esse 
fim, um olhar voltado a todos os elementos, que compõem alguma coi-
sa ou ideia, precisa ser iniciado na origem primeira, nos princípios que 
levaram à constituição dessa coisa ou ideia. No âmbito conceitual de 
Estado, essa reflexão também precisa ser feita. Por isso, a primeira per-
gunta a se buscar resposta deveria ser: quais seriam os princípios que 
sustentam a existência de um Estado?
Em uma primeira reflexão é importante procurarmos entender que 
princípios são raízes e matizes que levam à existência do Estado. Mas, 
conforme já discutimos, não existe Estado sem leis. Portanto, melhor 
seria dizer, então, que princípios são as raízes que levam à construção 
das leis, especificamente em relação às normas e regras que as consti-
tuem. Assim, podemos concluir que as normas e regras, que compõem 
as leis, seriam os primeiros princípios de um Estado.
O livro Aristóteles e a 
política traz uma reflexão 
muito especial sobre o 
pensamento do filósofo 
Aristóteles, que se refere 
às questões da política. 
WOLFF, F. São Paulo: Discurso 
Editorial, 1999. 
Livro
Estado e políticas públicas 13
Em um segundo momento, na busca pela compreensão da exis-
tência dos princípios do Estado, precisamos entender que normas e 
regras são feitas para pessoas que vivem em coletividade. Portanto, 
não se pode pensar na existência de Estado sem compreender a im-
portância da existência da coletividade. 
O Estado, entendido como ordenamento político de uma 
comunidade, nasce da dissolução da comunidade primitiva 
fundada sobre os laços de parentesco e da formação de co-
munidades mais amplas derivadas da união de vários grupos 
familiares por razões de sobrevivência interna e externas. 
(BOBBIO, 1987, p. 73)
É fato que comunidade também é um termo abstrato, consideran-
do que envolve uma somatória de indivíduos coabitando em uma 
determinada localidade. Por isso, nesse caso, as raízes já compreen-
didas vêm das próprias pessoas que, com experiências históricas na 
formação de suas consciências, vão definindo suas estruturas mais 
firmes e os interesses que irão formar o seu comportamento em gru-
pos nas comunidades em que vivem. Em Platão (2007), registra-se um 
diálogo entre Sócrates e Glauco em que podemos perceber que a lei 
não visa o bem-estar absoluto de uma só classe de cidadãos, mas de 
uma lei que procura promover a concórdia entre todas as classes, 
seja por meio da persuasão ou coação, de modo que a todas é dado 
o direito de repartir a contribuição que cada um está em condição de 
trazer para a coletividade. 
Naturalmente, cada sujeito, por meio de suas experiências históri-
cas, constrói a própria consciência, com os seus princípios e valores, 
normas e regras. No entanto, como é de costume na vida em grupo, 
essas consciências individuais são chamadas a alguns ajustes, de modo 
que uma consciência individual não esteja sobreposta à consciência do 
outro que habita a mesma comunidade, nascendo, assim, a regra, a 
norma, a lei e os costumes para uma determinada comunidade.
Desse modo, os princípios pessoais se ajustam e formam os sociais 
e comunitários. Consequentemente, princípios sociais se constituem 
em princípios regadores, que sustentam as estruturas do Estado nas 
suas mais diversas dimensões. Por isso, podemos afirmar, em um pri-
meiro momento, que alguns dos princípios que estruturam as dinâmi-
cas do Estado são:
14 Políticas Educacionais
a. legal (normas e regras sociais);
b. cultural (produções literárias, artísticas, arquitetônicas, cinemato-
gráficas, pinturas, esculturas, danças etc.);
c. educacional (ensino, pesquisa e extensão, tanto nas escolas e 
universidades quanto no mundo das informalidades);
d. econômico (produções industriais, agropecuárias, turísticas, co-
merciais, financeiras etc.);
e. social (relações entre os grupos e comunidades locais, regionais e 
nacionais e outras nações);
f. científico (mundo das ciências, dos conhecimentos etc.).
No caso específico do Brasil, é preciso salientar que a Constituição 
Federal, em seu artigo 1º (BRASIL, 1988), apresenta os princípios que 
definem o Estado, a saber.
Princípios que 
definem o Estado Princípio da dignidade da pessoa humana: compreende e garante os direitos fundamentais a todos os cidadãos.
Princípio do valor social do trabalho: diz respeito à 
ideia de que todos os cidadãos precisam viver seus direitos 
enquanto trabalhadores.
Princípio da soberania: traduz a ideia 
de que o Estado tem poder soberano sobre os demais 
entes e perante a comunidade internacional.
Princípio da cidadania: remete à noção de que 
todos os indivíduos podem participar das decisões do Estado.
Princípio da pluralidade política: demonstra a perspectiva 
de que se deve ter a garantia da existência de variadas 
ideologias e políticas.
Como podemos observar, o Estado pode muito; entretanto, mesmo 
que soberano, só pode fazer o que a lei permite. Por isso, é importan-
te ficar claro que o Estado atua sob os princípios delineados, sempre 
Estado e políticas públicas 15
visando a uma administração pública de maneira justa e solidária, sem 
preconceito de raça, gênero, origem, situação financeira, idade etc.
Nessa direção, para que a questão da soberania ocorra de modo 
solidário e não seja discricionariedadedo governante, a própria 
Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 37, delimita alguns 
princípios para a Administração Pública, definindo que todo gover-
nante precisa respeitá-la, patrociná-la e promovê-la, sob a consequên-
cia de, em caso contrário, incorrer em irresponsabilidade e ser punido 
legalmente. Esses princípios, definidos a seguir, garantem que o gover-
no aja para todos, sem qualquer distinção ou interesses pessoais.
a. Princípio da legalidade: impõe que as ações e decisões dos 
agentes públicos só devem ser tomadas de acordo com o que a 
lei permite.
b. Princípio da impessoalidade: determina que os atos dos agentes 
públicos não podem ser guiados por interesses próprios.
c. Princípio da moralidade: estabelece que as ações dos agentes 
públicos devem ter como base os valores legais, éticos e de boa-fé.
d. Princípio da publicidade: determina que os atos dos agentes 
públicos sejam públicos e divulgados.
e. Princípio da eficiência: impõe que os agentes públicos devam 
produzir resultados com qualidade e rapidez, eficiência e 
efetividade.
Podemos afirmar, portanto, que o Estado é a instituição que pro-
grama, organiza, administra e julga os interesses de uma determinada 
população em um certo território, conforme o estabelecido pelas leis. 
Por isso, o governante – seja local, regional ou nacional – precisa ter 
competências, ser conhecido pela sua comunidade e sempre atuar sob 
os princípios da Constituição e da Administração Pública, considerando 
a função que tem e que precisa exercer na comunidade.
Outra questão, nessa mesma linha conceitual, é procurarmos sa-
ber se o governo existente em uma determinada coletividade tem le-
gitimidade. Mas o que seria essa tal legitimidade? Para Weber (2004), 
considerado um dos fundadores da sociologia, a legitimidade de um 
governo ocorre de acordo com três modelos, descritos a seguir. 
a. Tradicional: em que se acredita que o governo deva ser como 
fora no passado – provavelmente, porque as experiências do 
passado foram boas e eficientes;
Sendo o Brasil uma comunidade 
formada por grande diversidade 
étnica (portugueses, africanos, 
alemães, italianos, árabes, 
russos, latino-americanos, indí-
genas, entre outros), como ser 
soberano e, ao mesmo tempo, 
solidário? Reflita sobre isso pelas 
lentes da razão e da ética.
Para refletir
discricionariedade: estar livre 
de condições, sem qualquer 
limitação para poder agir.
Glossário
Considerando os atuais 
resultados das políticas públicas 
programadas no seu município 
e estado, em relação à saúde 
e à segurança (quantidade e 
qualidade de postos de saúde 
e hospitais e a presença das 
polícias municipal e militar), 
seria possível afirmar que são 
políticas realizadas por governos 
competentes? 
Atividade 2
16 Políticas Educacionais
b. Carismático: em que se acredita nas qualidades pessoais do 
governante, como a virtuosidade e atos heroicos – que, muitas 
vezes, não se traduzem em governo democrático;
c. Racional ou legal: em que se acredita que os atos do governo 
estariam de acordo com as leis.
No aspecto da legitimidade, é fato que há a necessidade de o gover-
no ficar próximo de sua comunidade, uma vez que precisa saber o que 
a população deseja para, então, poder atingir o bem público almejado 
por todas as pessoas, de modo que essa sociedade se veja como uma 
nação soberana.
Estamos, agora, ingressando em uma reflexão que inclui alguns ter-
mos que, apesar de serem bastante utilizados por todos, muitas vezes 
não são compreendidos em sua totalidade. Você sabe o que significa 
governo, soberania, território, população e nação? Mesmo que a 
resposta a essa pergunta seja sim, vale a pena, neste momento, uma 
revisão conceitual.
Governo: é a 
autoridade que 
tem como objetivo 
administrar 
e levar ao 
desenvolvimento 
uma determinada 
populaçã, seja ela 
local, regional ou 
nacional.
População: 
representa todos 
que habitam 
o território, 
mesmo que 
temporariamente 
ou que não 
tenham qualquer 
vínculo com o 
Estado.
Território: é 
o lugar – solo, 
subsolo, águas 
territoriais, ilhas, 
rios, lagos, portos 
e mar – onde, sob 
um ordenamento 
jurídico, está 
fixada a população 
sobre a qual o 
governo exerce 
seus atos.
Soberania: é o 
poder indivisível, 
inalienável e 
imprescritível 
que o Estado tem 
de se organizar 
juridicamente e 
de fazer valer, 
em seu território, 
seus interesses 
nos limites e nos 
fins éticos de 
convivência entre 
todos.
Nação/povo: 
define quando 
a população 
de um mesmo 
território possui, 
em comum, 
a legislação e 
cultura. 
Para continuarmos nossos estudos sobre princípios do Estado, é 
importante compreendermos que o Estado é um ente que governa de 
maneira soberana (elemento político-jurídico) uma população (elemen-
to humano) que habita um determinado território (elemento geográfi-
co), visando a cidadania e a construção de uma verdadeira nação. 
Mas de que modo isso pode ser feito? Veja que, no caso do Brasil, a 
Constituição Federal expressa, em seu artigo 3º (BRASIL, 1988), objetivos 
fundamentais que precisam ser coordenados pelo governo, por meio de 
suas instituições, para que exista uma verdadeira nação. São eles: 
“I – construir uma sociedade livre, justa e solidária”, aqui, o Estado deve 
propiciar o bem-estar, a harmonia social e a qualidade de vida, garantir 
todos os meios necessários para que a comunidade viva a plena demo-
cracia; “II – garantir o desenvolvimento nacional”, nesse caso, o governo 
precisa prover o bem-estar social, desenvolvendo uma série de políticas 
públicas para todas as regiões do país e tratando os iguais de maneira 
igual e os desiguais de maneira especial para que atinjam o devido equi-
líbrio e cheguem à igualdade como os demais; “III – erradicar a pobreza e 
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, como 
nos demais objetivos, aqui se buscam condições mais apropriadas à pro-
moção da dignidade e do respeito à pessoa humana, visando à igualda-
de de todos, tanto local quanto regional; e, por fim, “IV – promover o bem 
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação”, ou seja, nesse aspecto, o governo pre-
cisa reconhecer as possíveis condições referentes à igualdade, evitando 
a discriminação e promovendo a harmonia entre as comunidades que 
compõem a sociedade e a população brasileira.
Observando a realidade na 
sua comunidade, pode-se 
afirmar que o Estado brasileiro 
tem cumprido com os seus 
objetivos inscritos no artigo 
3º da Constituição? O governo 
realmente tem sido soberano 
na comunidade local e na 
internacional, considerando os 
últimos acontecimentos? Existe 
uma nação brasileira, levando 
em conta certos fatos que envol-
vem conflitos culturais entre as 
regiões? E, quanto ao território, 
o Brasil realmente se encontra 
bem definido, considerando 
a extensão fronteiriça que se 
encontra sem os adequados 
controles de segurança?
Para refletir
Konstantinos Kokkinis/Shutterstock
1.2 Sistema republicano de 
governo e democracia Vídeo
República vem dos termos latinos res + pública, que, juntos, significam 
coisa pública ou o que é comum. Por isso, república é entendida como 
bem público.
Com as crescentes demandas da sociedade, hou-
ve a necessidade de um Estado liberal, democrá-
tico e social forte, que garantisse os direitos civis 
de proteção à vida, à propriedade e à liberdade e 
que assegurasse, a cada indivíduo, um tratamento 
com respeito, independentemente de classe so-
cial, etnia, cor, gênero, raça, religião ou cultura, 
em um sistema participativo quanto à definição 
de políticas, instituições e do exercício da res-
ponsabilidade. Desse modo, refere-se a um 
sistema comprometido 
com o interesse público, 
com a capacidade efetiva 
de reformar instituições e 
Estado e políticas públicas 17
18 Políticas Educacionais
fazer cumprir a lei; um sistema dotado de legitimidade, sendo eficaz e 
eficiente no seu desempenho; um sistema que garanta a estabilidadee a soberania do Estado. Para Skinner (1990), a manutenção de nossas 
obrigações na comunidade é indispensável para a manutenção da li-
berdade de todos que nela vivem. Entretanto, podemos ser coagidos a 
virtudes e compelidos a sustentar uma liberdade que, se fosse deixada 
unicamente a nosso cargo, teríamos destruído.
Todavia, é importante destacarmos que Estados republicanos se 
diferenciam de um país para outro. Eles são democráticos, mas há 
exemplos de países republicanos cujas ideias liberais vivenciaram, e/
ou vivenciam, conflitos endêmicos em suas dinâmicas de governo, o 
que pode ser explicado pela falta de patriotismo.
O patriotismo se baseia em uma identificação com os outros em 
um empreendimento particular comum. Eu não me dedico a de-
fender a liberdade de qualquer um, mas sinto o vínculo de soli-
dariedade com meus compatriotas em nosso empreendimento 
comum, a expressão comum de nossa dignidade respectiva. 
(TAYLOR, 1995, p. 1.888)
No Estado republicano, o bem comum está acima dos interesses 
pessoais de classes e das corporações, ampliando-se no tempo; já a 
liderança e/ou o governo é temporário.
O fato é que esse sistema já existe desde a idade Média e tem mais 
de 2 mil anos. Entretanto, ainda carece de aperfeiçoamento para evitar 
a corrupção e o desvirtuamento das ações. Segundo Mill (2006, p. 188), 
o ideal seria que os servidores do Estado fossem
responsáveis pela violação de quaisquer regras, e a autoridade 
administrativa central apenas supervisionaria a sua execução; e, 
caso não fossem adequadamente postas em prática, apelaria ao 
tribunal específico para que este fizesse cumprir a lei de forma 
que se livrasse dos funcionários que não as tivessem executado 
de acordo. 
Na Idade Moderna, a República se configurou nos governos pós-
-Independência dos Estados Unidos (1776) e pós-Revolução Francesa 
(1789). Com influências do Iluminismo 2 , surge uma república com as 
premissas de que os governados são cidadãos e verdadeiros titulares 
da soberania e de que o governo é o encarregado pela organização do 
Movimento intelectual 
que celebrava a razão, com 
independência dos poderes e 
uma fiel garantia de liberdades 
individuais.
2
Estado e políticas públicas 19
Estado e proteção do interesse público. Portanto, nesse modelo, o go-
verno deve exercer suas funções sob os fundamentos da impessoalida-
de, da prudência e da publicidade de seus atos, fazendo prevalecer o 
bem público.
Veja que, com base nessas premissas, podemos pensar que o me-
lhor sistema é o republicano. No entanto, quando observamos a monar-
quia parlamentar, há pressupostos que vêm ao encontro da república, 
como a representatividade da comunidade, a escolha do governo por 
meio do voto direto na república presidencialista, e por meio do voto 
indireto na monarquia parlamentar, e a coexistência dos poderes Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário, que atuam de maneira interdependente. 
Por isso, é fato que nos dois sistemas há o bônus do bem público.
Acredita-se, no meio acadêmico, 
que república e monarquia par-
lamentar, bem como república 
parlamentar e monarquia parla-
mentar, assemelham-se numa 
série de aspectos. Em quais 
aspectos ocorrem convergências 
entre esses sistemas e formas de 
governo?
Atividade 3
1.3 Políticas públicas e educação 
Vídeo Sabemos que o Estado deve estar para a implementação, promo-
ção, normatização e avaliação de projetos e ações, que levem à sua 
comunidade o bem público, sempre respeitando as diversidades de 
raça, cor, religião, gênero e cultura dos indivíduos que a compõem. 
No entanto, o Estado também está para a aplicação da ordem quando 
houver qualquer forma de degeneração no cumprimento das normas 
públicas pelos cidadãos, inclusive com o uso de forças policiais, caso 
necessário. Isso não poderia ser diferente, considerando que o ser hu-
mano é um animal político. Segundo Aristóteles (1991, p. 3),
viver em sociedade é condição essencial para a manutenção da 
vida de qualquer indivíduo. Dessa forma, estar fora de um cír-
culo social significa estar fora da condição humana, isto é, ser 
algo diferente do homem, mais precisamente – uma besta ou um 
deus. Sendo o homem diferente de uma besta ou de um deus, 
necessita inequivocamente da política, exercer a cidadania, par-
ticipar das decisões da comunidade, a fim de que possa atingir 
maior plenitude na sua vida.
Nessa direção, para que a comunidade não esteja submetida apenas 
aos seus instintos de animais e tenha, também, um espírito baseado 
nos fundamentos da racionalidade, o Estado deve proporcionar uma 
educação que promova os elementos, procedimentos e processos que 
20 Políticas Educacionais
levem a pensamentos e ações coletivas, os quais tenham como objeti-
vo o bem público, com a participação dos diversos atores sociais que, 
juntos, constroem as políticas públicas, em especial as educacionais.
De modo geral, políticas públicas são um conjunto de ações, metas, 
planos e decisões, promovidas e aplicadas pelo Estado conforme as de-
mandas e expectativas da sociedade civil organizada, visando alcançar 
o bem-estar e o interesse público em todos os setores que abarcam a 
vida dos indivíduos, tais como:
a. educação, ciência e tecnologia;
b. saúde e atendimento;
c. segurança e liberdade;
d. transporte e sistemas viários;
e. habitação e recursos hídricos;
f. lazer e esportes;
g. meio ambiente e qualidade de vida;
h. assistência social.
Mas, atenção, segundo Limongi (apud DAHL, 1997), nas sociedades 
que se apresentam como plurais, nenhum grupo social deveria ter 
acesso exclusivo a qualquer recurso e nem poderia garantir sua pre-
ponderância sobre os demais porque, se isso ocorresse, o resultado 
seria a neutralização recíproca dos grupos.
O fato é que, mesmo tendo como objetivo o bem público, as diver-
sas áreas sofrem oposição uma das outras – um processo que pode 
levar a resultados talvez não esperados e desejados pela comunidade. 
Entretanto, é preciso compreender que, em um sistema plural, se acei-
tam, se toleram, se reconhecem e se promovem diversas formas de 
se lidar com as diferentes posições, ideias e projetos, por serem algo 
próprio da democracia.
É importante destacar, ainda, que, como são diversas as demandas, 
cabe ao governo fazer as devidas seleções conforme a prioridade da 
comunidade, a urgência, as condições orçamentárias e a expectativa de 
resultados. Quando as coisas ocorrem dessa forma, consideramos que 
o governo é de interesse público; porém, quando o governo atende de-
mandas desnecessárias para a maioria da comunidade, consideramos 
que é um governo de classe.
O que seriam essas tais políticas 
públicas? Você já pensou nesse 
assunto? Já viveu as conse-
quências das políticas públicas 
programadas pelo governo do 
seu estado ou da União?
Para refletir
Estado e políticas públicas 21
Nas dinâmicas das políticas públicas, fazem-se presentes variados 
atores que, se ausentes em determinados processos, são capazes de 
prejudicar o planejamento e os resultados, os quais podem, ainda, não 
alcançar sua aplicabilidade, caso sua legalidade seja questionada nos 
específicos tribunais da justiça. Assim, nos processos de elaboração de 
política públicas, devem-se fazer presentes alguns atores que tenham 
relação direta com a localidade e a área.
a. Atores privados, que não possuem vínculo direto com a estrutura 
administrativa do Estado, entre eles:
 • associações da sociedade civil organizada;
 • associação de moradores;
 • sindicatos dos trabalhadores e patronais;
 • entidades de representação empresarial;
 • centros de pesquisas e universidades;
 • imprensa;
 • organizações não governamentais.
b. Atores estatais, oriundos dos governos municipais, estaduais e o 
federal, entre eles:
 • servidores públicos;
 • empregados públicos que, nos termos da Lei n. 9.962/2000, 
são os ocupantes de emprego público na administração 
direta, autarquias e fundações e os na administração pública 
indireta, nas empresas públicas, nas sociedades de economia 
mistae nas fundações públicas de direito privado – ambos 
contratados sob o regime da CLT;
 • comissionados.
c. Atores políticos, que estão presentes no Estado e divididos pelos 
poderes Executivo e Legislativo:
 • prefeito, secretários e vereadores;
 • governador, secretários e deputados estaduais;
 • presidente, ministros, deputados federais e senadores.
Para uma melhor compreensão sobre o tema, é importante que sai-
bamos que agente público é “todo aquele que exerce, ainda que transi-
toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, man-
22 Políticas Educacionais
dato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo 
anterior” (BRASIL, 1992).
Outra questão que exige compreensão, quando estudamos políti-
cas públicas, é a das possíveis fases e/ou ciclos no processo de formu-
lação dos planos e ações de governo, tais como:
a. a formação da agenda em que ocorre a seleção das prioridades, 
momento no qual, além dos atores específicos, também devem 
fazer parte o corpo técnico da Administração Pública, porque são 
eles que têm o conhecimento das ferramentas, das finanças, dos 
recursos humanos etc.;
b. a formulação de políticas para encaminhamentos e as devidas 
soluções dos projetos e planos escolhidos, conforme a agenda, 
por meio de decretos, resoluções e leis;
c. a padronização de operações, visando à acomodação dos pontos 
de conflitos, que abranjam as diferentes formas de atuação dos 
atores envolvidos;
d. a execução dos planos, com controle e monitoramento das 
medidas definidas – a racionalidade, o carisma, a capacidade de 
mobilização e o espírito de unidade dos atores envolvidos – que, 
nesse momento, são ainda mais relevantes;
e. a avaliação nas diversas fases, visando permitir que o gestor 
busque ações para produzir melhores resultados;
f. a prestação de contas, da justificativa das ações, de responder se o 
processo e os procedimentos adotados foram eficientes e efetivos e 
de anotar se existe alguma possibilidade de que sejam reutilizadas 
tais informações e processos em futuras políticas públicas.
É importante destacar que, no  sentido político, política pública é 
tudo o que um governo faz e deixa de fazer, com todos os impactos de 
suas ações e omissões no processo de decisão; enquanto no sentido 
administrativo, trata-se de um conjunto de projetos, programas e ativi-
dades realizadas pelo governo (AZEVEDO, 2003).
A política pública pode ser uma política de Estado, sendo indepen-
dente da vontade do governo e devendo ser implementada porque é 
amparada na Constituição – ou em uma política de governo. Daí a ne-
cessidade de a comunidade conhecer a Constituição, pois é nela que 
constam quais são as políticas de Estado.
O filme A árvore dos 
tamancos desenvolve 
uma importante reflexão 
sobre a situação de vida 
simples e humilde de 
um grupo com quatro 
famílias camponesas, que 
são remuneradas por 
produtividade. Uma das 
famílias, ao perceber que 
o filho tem potencial, o 
envia para uma escola, 
apesar de todas as 
dificuldades existentes. 
O longa é ganhador de 
muitos prêmios – dentre 
eles, o Palma de Ouro de 
Cannes – e traz uma rele-
vante visão sobre a vida 
em comunidade, na qual 
a ausência de políticas 
públicas deixa todos em 
uma situação de extrema 
vulnerabilidade.
Direção: Ermmano Olmi. Itália; 
França: Gaumont, 1978. 
Filme
Estado e políticas públicas 23
1.3.1 Políticas educacionais: primeiras reflexões
Política pública educacional é tudo aquilo que um governo faz ou 
deixa de fazer na área da educação.
A avaliação de políticas, programas e projetos sociais e educacio-
nais foi incorporada, de fato, à agenda governamental brasileira no 
início dos anos de 1990. Dentre os fatores que contribuíram para 
isso destacam-se: a consolidação democrática, o ajuste econômico 
e consequente redução dos recursos para a área social, as maio-
res exigências impostas pelos órgãos financiadores, especialmente 
internacionais, em relação ao controle de gastos e resultados etc. 
Uma dinâmica de racionalização, que incluiu a observância dos cri-
térios de eficácia, efetividade e eficiência na utilização dos recursos 
financeiros, e uma preocupação crescente com passaram a envol-
ver a gestão pública brasileira. (RUS PEREZ, 2010, p. 2)
Naturalmente, as pessoas são instruídas na família, na vizinhança, na 
igreja, no ambiente de trabalho, no clube, pela mídia, redes sociais etc. 
Mas há ambientes específicos em que ocorre a educação para as ciências, 
cultura e trabalho, com natureza formal, como a escola, a universidade e 
os centros de pesquisas, articulados por estudantes, professores e pes-
quisadores, sob ações de governos municipais, estaduais ou o federal.
As políticas públicas educacionais, portanto, abarcam diversos 
momentos dos cidadãos em seus processos e ambientes de ensino e 
aprendizagem, com ações governamentais que programem políticas 
de projetos pedagógicos, planos de ensino, estrutura física escolar, 
contratação de docentes e valorização profissional, bem como uma 
gestão escolar comprometida com os interesses da educação.
Por isso, faz-se necessário destacar que as políticas públicas para 
a educação devem ser políticas de Estado, porque se encontram na 
Constituição Federal de 1988; portanto, não dependem do querer ou 
não fazer deste ou daquele governo.
Ao estudarmos os artigos 208 e 214 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), podemos concluir que a educação é política pública por excelên-
cia, pois faz prevalecer pressupostos que navegam por outras políticas, 
uma vez que:
a. é obrigatória e universal;
b. deve ter qualidade, ser efetiva e preparar para a cidadania, para 
a cultura e para o mundo do trabalho;
24 Políticas Educacionais
c. precisa ser especializada às pessoas com deficiência (PcD);
d. deve tramitar por meio de ações integradas dos poderes;
e. deve disponibilizar programas de material didático, transporte, 
alimentação e assistência à saúde.
Art. 8º, §2º: Os processos de elaboração e adequação dos planos 
de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
de que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla 
participação de representantes da comunidade educacional e da 
sociedade civil. (BRASIL, 2014)
Nessa direção, visando tornar os pressupostos da Constituição apli-
cáveis, já se encontra definido na Lei n. 13.005/2014 que os atores edu-
cacionais precisam construir o plano com fundamentos sociológicos, 
antropológicos, filosóficos, epistemológicos e jurídicos; caso contrário, 
o plano educacional estaria incompleto e teria sua eficácia prejudicada.
Assim, na direção do que prescr3eve a lei, precisamos compreender 
que a escola é para todos, que os processos educacionais precisam ser 
de qualidade, que é necessário eliminar o deficit de aprendizagem, que é 
preciso combater a evasão escolar, que a escola precisa ser um ambien-
te acolhedor e de excelência e que, por fim, a escola deve estar intima-
mente ligada às questões da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As comunidades vivem sob normas e regras, inscritas em costumes 
e/ou em leis, não tornando possível, em nenhuma delas, que seus indi-
víduos façam somente o que querem ou deixem de fazer o que devem. 
Mesmo sendo o indivíduo completamente livre, ele ainda é ordenado em 
uma vida social e comunitária.
A implantação de planos, projetos e ações para o bem da comunidade 
vai sempre depender de discussões e estudos com a participação de todos 
ou, no mínimo, das lideranças e atores das áreas que permeiam a vida das 
pessoas – como a da saúde, da segurança, do meio ambiente e, principal-
mente, da educação, porque é nessa área que se concentram as ideias e 
políticas que podem contribuir para os melhores caminhos do desenvolvi-
mento da consciência coletiva, da ciência, do conhecimento e da cultura da 
comunidade. Portanto, estudar esse processo é e sempre será necessário, 
uma vez que a reflexão favorece a produção de novas ideias e projetos,podendo garantir a evolução dos interesses individuais, bem como a dos 
coletivos, em uma dinâmica de respeito às diferenças e às adversidades.
Estado e políticas públicas 25
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ARISTÓTELES. Política. 3 ed. Brasília: UNB, 1997.
AZEVEDO, S. Políticas públicas: discutindo modelos e alguns problemas de implementação. 
In: SANTOS JÚNIOR, O. A. et al. Políticas públicas e gestão local: programa interdisciplinar de 
capacitação de conselheiros municipais. Rio de Janeiro: FASE, 2003.
BRASIL. Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992.  Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 3 jun. 1992. Disponível em:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.
htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
DAHL, R. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp, 1997.
MILL, J. S. Sobre a liberdade. Lisboa: Edições 70 LDA, 2006.
PLATÃO. A república. 2. ed. São Paulo: Escala, 2007.
RUS PEREZ, J. R. Por que pesquisar Políticas Públicas Educacionais atualmente? Educação 
e sociedade, Campinas, v. 31, n. 113, out./dez. 2010. Disponível em: www.scielo.br/pdf/es/
v31n113/07.pdf. Acesso: 12 mar 2020.
SKINNER, Q. The Republican Ideal of Liberty. In: BOCK, G.; SKINNER, Q.; VIROLI, M. Machiavelli 
and Republicanism: Ideas in Context. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
TAYLOR, C. Philosophical Arguments. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da Sociologia compreensiva. São Paulo: 
UNB, 2004.
GABARITO
1. Com exceção dos projetos pedagógicos – que são construídos pelos diversos atores 
envolvidos diretamente com a educação –, a educação se encontra comprometida 
com projetos, dos quais toda a comunidade é convidada a participar, voltados para 
os estudantes, abordando a segurança destes enquanto se encontram nas instala-
ções da escola, a sua alimentação/merenda, bem como com o transporte escolar para 
aqueles que vivem em ambiente rural. Para responder o enunciado dessa primeira 
atividade, você deve analisar se isso de fato ocorre em planos e projetos do seu muni-
cípio, nessas três áreas que abarcam a educação. Os dados podem ser solicitados na 
Secretaria Municipal de Educação, pois é de obrigação do município a disponibilização 
de todas essas informações a todos os munícipes.
2. Primeiramente, é importante que você faça uma pesquisa sobre a formação escolar 
e experiência que o prefeito e os secretários de seu município têm. Depois, pesquise 
para saber quantos existem e como se encontram os postos de saúde e hospitais que 
atendem a sua comunidade, bem como se a comunidade está contente com a pre-
sença das polícias municipal e militar pelos bairros. Com esses dados, você consegue 
responder a essa questão. O município é obrigado a disponibilizar essas informações 
a todos os munícipes.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
26 Políticas Educacionais
3. Com base nos estudos desenvolvidos neste capítulo, em relação às características do 
sistema republicano e da monarquia parlamentar, há uma série de convergências, 
dentre elas, o fato de a comunidade escolher os membros do parlamento, a participa-
ção do povo nas discussões sobre políticas públicas e a existência de uma interdepen-
dência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 27
2
Políticas educacionais 
numa perspectiva 
histórico-constitucional
Compreender a educação enquanto um direito fundamental 
é dar a ela todo significado para a construção da cidadania e a 
promoção e garantia da dignidade do ser humano. No intuito de 
atingir esses objetivos, a educação deve ser gratuita, laica, uni-
versal e defensora de valores cívicos e econômicos, de modo que 
todos possam dela usufruir sem qualquer discriminação, e os go-
vernantes tenham as condições necessárias para proporcioná-la 
por meio de projetos e ações construídos por toda a comuni-
dade, na forma representativa, sob as melhores estruturas e de 
maneira continuada.
Por isso, este capítulo identificará os pressupostos inscritos 
nas Constituições do Brasil em relação a esses elementos, para 
que, assim, possamos conhecer como os processos ocorreram 
e relacionaram-se na trajetória histórica da nossa educação. E, 
nessa dinâmica, serão analisados dispositivos de emendas cons-
titucionais e partes de planos de ensino que têm relação com os 
elementos indicados, uma vez que não seria possível analisar to-
dos os pressupostos e princípios constitucionais, neste momento. 
Também, observaremos os avanços que ocorreram, bem como os 
recuos que podem ser explicados pelas dinâmicas e conjunturas 
políticas e sociais, em seus devidos tempos.
28 Políticas Educacionais
2.1 A gratuidade da educação e o ensino leigo
Vídeo Para iniciar esta seção, é importante compreender como fazer a lei-
tura e a interpretação de dispositivos legais. É possível ler e interpretar 
uma lei da mesma maneira que uma matéria jornalística? Você sabe 
como ocorre a elaboração das leis?
Segundo a literatura jurídica, esses processos devem levar em con-
ta o texto da norma (interpretação gramatical), a conexão da lei com 
outras normas, princípios e costumes (interpretação sistemática), a fi-
nalidade da lei (interpretação teleológica) e os aspectos históricos aos 
quais a lei se vincula (interpretação histórica). Agora, como o nosso 
foco é a interpretação de dispositivos constitucionais e planos cujo 
teor é a educação, além desses elementos, também será necessária a 
aplicação de uma metodologia própria que, segundo Maliska (2001), 
considera a educação como direito de todos, dever do Estado e da 
família, com a colaboração da sociedade, e que deve buscar o pleno 
desenvolvimento da pessoa, bem como o preparo desta para o exer-
cício da cidadania e a qualificação para o trabalho.
Portanto, é importante sempre observarmos todos esses elemen-
tos que são intrínsecos aos dispositivos legais sobre a educação, de 
modo que as análises sejam amplas, complexas e atinjam a totalida-
de da norma. Em um segundo momento, outro ponto que também 
precisamos compreender é a formação das declarações de direitos, 
especificamente do direito à educação, sempre como resultado de 
um processo histórico, de uma sucessão de fatos e acontecimentos 
envolvendo a natureza humana, os costumes dos povos, a evolução 
do pensamento e das necessidades da comunidade e as relações 
com outras sociedades. Portanto, é preciso aceitar que processos 
históricos ocorrem na coletividade, independentemente dos dese-
jos das individualidades.
De acordo com Bobbio (2004), o processo histórico para a constru-
ção dos direitos teria passado por três fases:
a. A primeira, compreendendo o momento do respeito aos direitos 
naturais que, por natureza, são inalienáveis.
b. A segunda, marcada pela legitimação e pelo reconhecimento 
dos direitos naturais, expressando-se em direitos de liberdade 
e de participação da população no poder, evidentes nas 
primeiras declarações 1 .
Para compreender melhor 
questões referentes a direitos 
humanos e processos históricos, 
há vários escritores que você 
pode estudar, mas, um deles é 
fundamental. Norberto Bobbio 
(1909-2004) é um filósofo e 
historiador do pensamento 
político que ficou conhecido 
pela sua ampla capacidade de 
escrever sob os ângulos da razão 
e da liberdade. Dentre tantas 
obrasescritas por ele sobre esse 
tema, Teoria da Norma Jurídica, 
A era dos direitos e Igualdade e 
liberdade são leituras que podem 
contribuir, e muito, com a 
qualidade de seus estudos.
Saiba mais
Segundo Norberto Bobbio (2004), 
a construção histórica dos direitos 
humanos se encontra dividida em 
quatro etapas ou declarações: na 
primeira, firmaram-se os direitos 
individuais, de liberdade, ou um 
não agir do Estado; na segunda, 
os direitos sociais, de convivência 
entre os indivíduos, ou uma ação 
positiva do Estado; na terceira, 
os direitos coletivos dos povos de 
viverem em solidariedade; e, na 
quarta, os direitos à biotecnologia 
e à bioengenharia, sob a manta 
de uma ética universal.
1
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 29
c. A terceira, correspondendo à proclamação dos 
direitos sociais, como o bem-estar e a igualdade 
dirigidos a todas as pessoas – o momento em 
que a sociedade passou a usufruir de políticas 
públicas, e, no caso, de políticas educacionais de 
maneira gratuita, leiga e universal.
Bobbio (2004) chama a atenção, ainda, quanto a 
uma série de elementos que precisam ser observa-
dos em relação aos direitos sociais, como a diversi-
dade de gênero e de raças, as fases da vida (infância, 
adolescência, juventude, velhice), dentre outros. Dando 
continuidade a essa reflexão, Boto (2005, p. 791) afirma 
que as conquistas pelo direito à educação iniciam-se com 
a universalização dos direitos fundamentais, a saber:
1. Direitos civis do indivíduo na sua condição de agente políti-
co [...]; 2. A necessidade de ancorar os direitos dessa liberdade 
primeira em condições de políticas públicas adequadas para o 
bem-estar da maioria [...]; 3. A percepção de que ser livre e ser 
igual, não elimina o desejo de marcar identidades variadas e dis-
tintas especificidades humanas [...].
O fato é que, com a consolidação dos direitos civis, bem como com 
a necessidade de promoção e desenvolvimento de novos direitos, a es-
cola deveria se tornar o lugar de excelência para novos conhecimentos 
e aprimoramento dos já adquiridos. Por isso o direito de todos a um en-
sino público ou particular de boa qualidade ter sido, nas Constituições 
do Brasil, uma preocupação.
Entretanto, devemos pensar que não seria suficiente apenas a existência 
de escolas; é preciso que estas se tornassem um lugar em que se escutam 
os movimentos das ideias e dos comportamentos que ocorrem em seus 
espaços, conforme Bourdieu (1982 apud BOTO, 2005, p. 788) afirmou: 
a educação escolar exerce sobre as camadas populares níveis so-
brepostos de violência simbólica, dado que, além de referendar 
o capital cultural dos alunos pertencentes às camadas privilegia-
das da população, convence aqueles que não são herdeiros da 
mesma cultura erudita de que são eles os responsáveis por seu 
próprio malogro na escola.
Para entendermos um pouco mais dos padrões ideológicos, da 
legitimação e do reconhecimento dos direitos expressos na primei-
ra fase (BOBBIO, 2004), é preciso voltarmos ao que Boto (2005) afirma. 
SSSSS
SSSSSSSSSSSSSSSSSS
Considerando que a educação 
tem como pilares ser gratuita, 
leiga e universal, e observando 
a realidade de seu município, é 
possível afirmar que as escolas 
próximas a você atendem 
a todos esses pilares com a 
competência esperada pela 
comunidade? Para responder 
à questão, você precisará 
fazer uma pesquisa no site 
da Secretaria de Educação ou 
conversar com profissionais 
envolvidos na vida da escola, 
e/ou envolvidos nas políticas 
públicas do seu município. 
Atividade 1
30 Políticas Educacionais
Segundo a autora, no momento da legitimação e do reconhecimento, 
para que o resultado seja o mais eficiente à formação dos docentes, a 
definição de diretrizes para a educação, a seleção de conteúdos a serem 
ensinados, os métodos que estejam em consonância com as realidades 
de cada localidade e as identidades que constituem a comunidade preci-
sam se fazer presentes. Veja que o processo não é tão simples.
Indo na direção da terceira fase, Boto (2005) defende que de-
vem existir políticas educacionais que se pautem pela tolerância no 
processo de encontro de culturas e convivências, de modo que haja 
harmonia em todos os aspectos e sejam realmente proclamados os 
direitos sociais. Assim, fechamos a interpretação sobre os processos 
dos direitos que estão constituídos por três momentos: o respeito aos 
direitos naturais, a legitimação desses direitos (via dispositivos legais) e 
a proclamação deles na realidade das comunidades.
A educação é um dos direitos naturais e inalienáveis. Ofertá-la de 
maneira leiga, gratuita, universal e com excelência são alguns dos ca-
minhos para construir a cidadania, bem como para superar as possibili-
dades de discriminações existentes, especialmente em sociedades com 
ampla diversidade, como é o caso da brasileira. Tendo a educação essa 
excelência, já estaremos nas esferas dos direitos sociais.
Deste ponto em diante, o foco do capítulo será nos pressupostos 
da educação gratuita e leiga, uma vez que são esses elementos que 
podem sustentar uma política educacional promotora da universalida-
de de acesso nas escolas. Por isso, passaremos por uma análise da 
trajetória histórica das Constituições brasileiras – promulgadas e ou-
torgadas –, especificamente em dispositivos que expressaram direitos 
à educação.
Sendo a educação gratuita, todos têm as mesmas oportunidades 
de acesso, e sendo leiga, uma ordem pluralista de pensamentos, cren-
ças e ideologias é possibilitada no ambiente escolar. Por isso, há a im-
portância desses dois pressupostos. Observe que Carneiro (1988, p. 35) 
traz uma sustentação para essa ideia quando afirma que “a gratuida-
de do ensino público em estabelecimentos oficiais é uma questão de 
grandíssimo alcance social. O contribuinte paga a escola, quando paga 
seus impostos. O princípio da gratuidade do ensino decorre, assim, das 
responsabilidades públicas”.
Inalienável: aquilo que não 
pode ser vendido ou cedido. 
Glossário
Constituição promulgada é a 
Constituição construída por 
um Parlamento representativo 
da sociedade via Assembleia 
Constituinte – no Brasil, foram 
as dos anos de 1891, 1934, 1946 
e 1988. Já Constituição outor-
gada é a Constituição imposta 
ao povo pelo governante, sem a 
participação do Parlamento – no 
Brasil, foram as dos anos de 
1824, 1937 e 1967.
Saiba mais
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 31
No Brasil, o direito a uma educação gratuita está garantido em dis-
positivos constitucionais em quase todas as Constituições que o país 
teve (1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967) e tem (1988).
Na Constituição de 1824 (BRASIL, 1824), observamos que os direi-
tos civis e políticos e a gratuidade da instrução primária para todos 
aqueles considerados cidadãos (artigo 179 caput e inciso XXXII) estão 
expressos; mas, em relação à educação ser leiga ou eclesiástica, não 
há referências. Entretanto, nem todas as crianças teriam tido acesso à 
escola em face do número de professores atraídos pelo projeto e pela 
baixa remuneração, devido à precariedade das instalações escolares 
e à deficiência dos métodos aplicados ao ensino, além do fato de que 
negros e escravizados alforriados não podiam estudar na escola.
Já na Constituição de 1891 (BRASIL, 1891), percebemos que houve 
uma preocupação em discriminar a competência legislativa da União 
e dos estados em matéria educacional, cabendo a estes legislar sobre 
o ensino secundário e primário. É aqui, definitivamente, que se deter-
mina a laicização (artigo 72, § 6º) – rompendo com a adoção de uma 
religião oficial do ensino nos estabelecimentos públicos –, mas não há 
referência a um ensino gratuito. Por isso, podemos afirmar que houve 
certo retrocesso em relação ao acesso à educação, que antes era gratuito.
Essa realidade levou a consequências muito importantes. 
No artigo 70, § 1º, inciso II, ficou determinado que analfabetos – a maio-
ria constituída de filhos de escravos e de agricultores– não tivessem 
direito ao voto. Além disso, as estatísticas para o ensino primário nos 
primeiros 40 anos da República não foram nada promissoras. Para 
Werebe (1997), durante esse período, o desenvolvimento do ensino 
primário se exprime pelos seguintes números de alunos a cada mil ha-
bitantes: 18 em 1889; 41 em 1920; e 54 em 1932. Em 1890, 85% da po-
pulação brasileira era de analfabetos; 75% em 1900 e em 1920.
É nesse momento que se deflagra a Revolução de 1932 que, com 
o seu desenrolar, exigiu uma rápida industrialização no país para 
atender às necessidades do próprio movimento. No entanto, surgiu o 
seguinte problema: onde buscar mão de obra para essa nova econo-
mia, uma vez que a urbanização ainda era incipiente e o analfabetis-
mo muito expressivo?
32 Políticas Educacionais
Se antes, na estrutura oligárquica, as necessidades de instru-
ção não eram sentidas, nem pela população nem pelos pode-
res constituídos (pelo menos em termos de propósitos reais), 
a nova situação implantada na década de 30 veio modificar 
profundamente o quadro das aspirações sociais, em matéria 
de educação, e, em função disso, a ação do próprio Estado. 
(ROMANELLI, 1999, p. 59)
Nessa circunstância, repercutiram novas propostas de políticas pú-
blicas para a educação: de um lado, discutidas por intelectuais liberais, 
socialistas, comunistas (agrupados em torno do movimento conhecido 
como Escola Nova); e do outro, católicos e conservadores de variadas 
correntes ideológicas, dando luz à ideia da obrigatoriedade e gratui-
dade do ensino elementar para todos e de um currículo escolar laico. 
Nessa direção, a Constituição de 1934 contemplou, em seus disposi-
tivos, a educação e o ensino sob um plano nacional (artigo 150), com 
uma educação primária integral, gratuita e obrigatória, e a implantação 
de um sistema de ensino nos Estados com previsão de recursos, de 
imunidade de impostos para os estabelecimentos particulares, de auxí-
lio para alunos carentes e de obrigatoriedade de concurso para cargos 
do magistério oficial (BRASIL, 1934).
Apesar de todos os esforços da Escola Nova, vem o 
Estado Novo (1937-1946) com a Constituição de 1937. Nesta, dentre 
outros dispositivos, não se vislumbrava mais a exigência de um plano 
nacional de educação e não se exigia mais uma educação como direito 
de todos, apesar de instruir que o ensino primário fosse obrigatório e 
gratuito (BRASIL, 1937).
Em uma interpretação normativa de outros dispositivos dessa Cons-
tituição, podemos concluir que, ao deixar a educação sem a mediação 
do Estado quanto aos recursos – isso porque a vinculação obrigatória 
destes para a pasta foi extinta –, o Brasil não defendeu um ensino para 
todos, concentrando seus esforços na educação profissionalizante das 
classes menos favorecidas apenas pela necessidade de mão de obra. 
Por isso, e por outros motivos que não pretendemos discutir neste 
momento, essa Constituição representou um grande retrocesso para 
a educação, o que não significa que, por meio de outros documentos, 
decretos etc., não tenham ocorrido mudanças importantes na área. 
Todavia, nosso objetivo é uma apreciação das questões da educação 
apenas sob os dispositivos constitucionais.
Você observou que nas 
Constituições anteriores a 
educação rural foi contemplada, 
como fora na Constituição de 
1934? O fato é que o Brasil era 
um país eminentemente agrário, 
até então, mas a economia in-
dustrial passou a evidenciar uma 
preocupação do parlamento e do 
governo com a formação de mão 
de obra que viria a movimentar a 
nova economia.
Curiosidade
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 33
Em seguida, o país estabeleceu a Constituição de 1946, na qual 
a educação voltou a ser definida como direito de todos, com ensino 
primário obrigatório e gratuito (BRASIL, 1946), e a restabelecer a vincu-
lação de recursos para a pasta, visando à manutenção e ao desenvolvi-
mento do ensino. Também, estados e Distrito Federal voltaram a ter a 
atribuição de organizar os seus sistemas de ensino. Por isso, segundo 
Saviani (2002), essa foi uma Constituição como instrumento de demo-
cratização da educação pela via da universalização da escola.
Com novas correntes ideológicas sendo implantadas pelo mundo, para 
não ficar alheio a essas mudanças, o Estado brasileiro, sob o governo de 
militares, impôs uma nova Constituição – a Constituição de 1967 –, con-
templando as ideologias relativas ao seu sistema educacional, que passou 
a fortalecer o ensino particular em detrimento do ensino público oficial.
O livro Política e educação 
no Brasil – o papel do 
Congresso Nacional na 
legislação do ensino 
propõe uma reflexão 
crítica sobre a política que 
tem desempenhado o 
Congresso Nacional nos 
processos legislativos 
que buscam estruturar 
os princípios e as normas 
que definem a organi-
zação do ensino, indo 
além de uma análise me-
ramente administrativa, 
pedagógica e sociopolítica, 
que tem prevalecido. É 
uma obra indicada para 
todos os estudantes que 
buscam um entendimen-
to mais profundo das 
dinâmicas políticas do 
Parlamento na construção 
de legislações sobre a 
educação.
SAVIANI, D. 7. ed. Campinas, SP: 
Autores Associados, 2015.
Livro
Desde 1964, o país vivia sob governos militares e, dentre a fi-
losofia implantada por esses governos, buscava consolidar uma 
identidade nacional e a sua plena soberania. Por isso, foi retirado 
do título da Constituição de 1964 o termo Estados Unidos, o qual 
aparecia anteriormente nos títulos das Constituições, para que o 
nome oficial do Brasil não fosse confundido com o dos EUA.
Vale destacar que, nesse período em que os militares governaram o 
país, foram realizados vários acordos entre o Ministério da Educação e 
Cultura do Brasil (MEC) e Agência norte-americana de financiamento do 
desenvolvimento no exterior, com o intuito de receber investimentos 
no campo educativo, o que, para Leite (2002), teriam sido positivas. No 
entanto, teriam estrangulado a escola pública e permitido a expansão 
de um ensino comercializado.
Mas algo parecia fortalecer o pensamento de que ainda era possível 
melhorar. A partir de 1969, duas importantes alterações na Constitui-
ção ocorreram por meio de emendas constitucionais e refletiram nos 
processos educacionais. São elas:
a. Emenda Constitucional n. 1 (1969), que traz a possibilidade 
de intervenção, pelo Estado, no Município, quando esse ente 
federativo não tiver aplicado, em cada ano, no ensino primário, 
20% da sua receita tributária, pelo menos.
34 Políticas Educacionais
b. Emenda Constitucional n. 12 (1978), que alterou a Constituição 
vigente, visando à garantia da educação especial e gratuita aos 
deficientes.
Com a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), passou a ser garantida 
a participação da comunidade na implementação de políticas públicas 
tendo em vista o pleno exercício dos direitos sociais, individuais, da liber-
dade, da segurança, do bem-estar, do desenvolvimento e da igualdade.
Em relação a essas proposituras democráticas, a educação passa a 
ser ofertada gratuitamente e de maneira laica, abrangendo:
a. igualdade de condições para acesso e permanência na escola;
b. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
c. coexistência de instituições públicas e privadas;
d. gratuidade do ensino público e obrigatório em estabelecimentos 
oficiais.
Assim, a tramitação pelas Constituições do país, iniciando em 1824 
até a que se encontra em vigor, atendeu ao objetivo de buscar como 
cada uma delas promoveu a gratuidade e a laicização do ensino.
2.2 A educação sob um plano nacional
Vídeo Você sabe o que é um Plano Nacional de Educação? A resposta é sim-
ples: trata-se de um plano pensado e organizado por representantes dos 
docentes, das secretarias de educação, dos sindicatos e da Associação 
de Pais e Professores, objetivando um projeto para a educação que aten-
da local, regional e nacionalmente em um período decenal. Complemen-
tando esse conceito, o Conselho Nacional de Educação diz tratar-se de 
“umdocumento-referência que contempla dimensões e problemas so-
ciais, culturais, políticos e educacionais brasileiros, embasado 
nas lutas e proposições daqueles que defendem uma 
sociedade mais justa e igualitária e, por decor-
rência, uma educação pública, gratuita, 
democrática, laica e de qualidade, para 
todos, em todos os ní-
veis (CNE, 1997, p. 2)”.
A discussão sobre um Plano Nacio-
nal de Educação iniciou no governo 
Para estudiosos da educação, a 
Constituição de 1967 foi um re-
trocesso porque teria fortalecido 
o ensino particular mediante 
previsão de substituição do 
ensino oficial gratuito por bolsas 
de estudo. Na sua visão, tem 
sentido essa crítica? Por quê?
Atividade 2
PS
SS
SS
PS
SPS
PS
SS
SS
SS
SS
SS
SS
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 35
Vargas (1930–1946), um período em que se desejava construir uma 
forte identidade nacional. Para isso, em 1930, criou-se o Ministério 
dos Negócios da Educação e Saúde Pública e, em 1931, houve a 
Reforma Francisco Campos, resultando no Conselho Nacional de 
Educação (CNE), órgão promotor da formatação do Plano Nacional, 
contemplando um conjunto de metas para todo o território nacional 
– no início, sob duas abordagens:
a. Formação de cidadãos por meio de escolas democráticas e que 
incentivassem a formação humana e crítica dos estudantes. 
Participaram, dentre outros, Fernando de Azevedo, Anísio 
Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida 
Junior, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e 
Cecília Meireles – os Pioneiros da Educação.
b. Ensino tradicional em que o professor era o detentor do 
conhecimento. Mobilizado por D. Sebastião Leme, o grupo foi 
formado por intelectuais, políticos e diplomatas ligados à Igreja 
Católica.
Fruto desses embates, em 1932, foi publicado o Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova, visando ao Plano Nacional de Educação, 
de modo que abrangesse os seguintes princípios:
a. Ser a educação pública, obrigatória, gratuita e leiga.
b. Ser a educação única para toda a sociedade.
c. Ser a educação um elemento articulado com todas as fases do 
desenvolvimento da pessoa.
d. Estar a educação em consonância com as regionalidades.
e. Ser a educação funcional e de acordo com os interesses naturais 
dos estudantes.
Como não poderia ser diferente, nesse contexto, foi elaborada a 
Constituição do Brasil de 1934, que, em seus artigos 150 e 152, faz, 
pela primeira vez, referência direta a um Plano Nacional de Educação 
para o país.
Art. 150 – Compete à União:
a) fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino 
de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coorde-
nar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do País; [...].
Art. 152 – Compete precipuamente ao Conselho Nacional de 
O Conselho Nacional de 
Secretários de Educação 
(CONSED) é uma associação de 
direito privado, sem fins lucrati-
vos, criada em 1986, para fins de 
reunir as Secretarias de Educação 
dos estados e do Distrito Federal, 
com a finalidade de promover a 
integração das redes estaduais 
de educação, intensificar a 
participação dos estados nos 
processos das políticas nacionais 
de educação e motivar a força 
colaborativa entre as unidades 
federativas para o desenvolvi-
mento da escola pública.
Saiba mais
No documentário Era 
Vargas, você poderá 
compreender como o 
poder se movimentou 
naquele momento, como 
Getúlio se consolidou e 
que legado ele deixou.
Direção: Eduardo Escorel. Brasil: 
Brasil 1500, 2011.
Filme
36 Políticas Educacionais
Educação, organizado na forma da lei, elaborar o plano nacional 
de educação para ser aprovado pelo Poder Legislativo e sugerir 
ao Governo as medidas que julgar necessárias para a melhor so-
lução dos problemas educativos bem como a distribuição ade-
quada dos fundos especiais. (BRASIL, 1934, grifos nossos)
O fato é que, ao final do ano de 1934, ocorreu um importante gol-
pe político no país, implantando o Estado Novo (1937-1946), cujos 
poderes representativos (incluindo a Câmara Federal, na qual o PNE 
se encontrava) foram fechados, engavetando os direcionamentos 
do Plano Nacional de Educação que se encontrava em construção. 
Infelizmente, a próxima Constituição – a de 1946 – também não fez 
referência a um PNE, mas mencionou algo que conhecemos, hoje, 
como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): “compete 
à União: [...]; XV - legislar sobre: [...] d) diretrizes e bases da educação 
nacional” (BRASIL, 1946).
O Plano Nacional de Educação voltou a ser discutido apenas nos 
governo Goulart (1961-1964) com a Lei n. 4.024, que foi a primeira 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Art. 7º – O Conselho Nacional de Educação, composto pelas 
Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior, terá atribui-
ções normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro 
de Estado da Educação e do Desporto, de forma a assegurar a par-
ticipação da sociedade no aperfeiçoamento da educação nacional.
§ 1º – Ao Conselho Nacional de Educação, além de outras atribui-
ções que lhe forem conferidas por lei, compete:
a) subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do 
Plano Nacional de Educação. (BRASIL, 1961, grifos nossos)
No entanto, todo esse progresso pretendido com um PNE, que 
deveria buscar uma educação crítica e democrática, não deu certo. 
Nos anos seguintes, houve um aumento da educação particular por 
meio de incentivos do governo para facilitar a abertura de escolas 
privadas, e a educação pública foi cada vez menos valorizada. Além 
disso, eliminou-se a vinculação orçamentária que obrigava a União, 
os estados e os municípios a destinarem um percentual mínimo de 
recursos para a educação. No entanto, esse contexto foi favorável 
para os debates sobre a unificação de metas e objetivos para a edu-
cação nacional, dando origem à LDB n. 9.394, e as questões relativas 
a um PNE voltaram a ser contempladas:
Políticas educacionais numa perspectiva histórico-constitucional 37
Art. 9º – A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional 
de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios [...].
Art. 10 – Os Estados incumbir-se-ão de: [...]. III - elaborar e exe-
cutar políticas e planos educacionais, em consonância com as 
diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coorde-
nando as suas ações e as dos seus Municípios;
Art. 11 – Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter 
e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas 
de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da 
União e dos Estados. (BRASIL, 1996)
Desde já, é importante darmos o devido destaque para o artigo 79, 
§ 2º, da atual LDB (BRASIL, 1996), uma vez que nele constam os motivos 
pelos quais um Plano Nacional de Educação deve existir:
a. Fortalecimento das práticas socioculturais e da língua materna de 
cada comunidade indígena.
b. Manutenção de programas para a formação de pessoal especializado, 
destinado à educação escolar nas comunidades indígenas.
c. Desenvolvimento de currículos e programas específicos, neles 
incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respectivas 
comunidades.
d. Elaboração e publicação, de maneira sistemática, de material 
didático específico e diferenciado.
Com os atores da educação envolvidos democraticamente nos 
interesses da comunidade e ansiosos por políticas educacionais 
que fizessem os direitos constitucionais acontecerem de verdade, 
em 2001, foi aprovado e implantado o primeiro PNE por meio da 
Lei n. 10.172 (BRASIL, 2001), o qual trouxe, entre os seus objetivos, a 
necessidade de se implantar metodologias adequadas que levassem 
ao fim do analfabetismo, o atendimento escolar universal, a apli-
cação de uma educação única e de qualidade, uma educação que 
não privilegiasse grupos ou classes sociais, o uso do meio ambiente 
de modo sustentável, uma educação humana e que estivesse em 
sintonia com a ciência e a tecnologia, a aplicação de recursos públi-
cos para a educação, uma

Outros materiais