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Políticas Públicas e Educação Unidade 2 Bases Legais da Educação Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria PRICILA RIBEIRO ALIAS AUTORIA Pricila Ribeiro Alias Sou formada em Ciências Biológicas, com habilitação em Química pela Fundação Santo André e realizei a especialização em Ciências da Natureza para crianças pela Universidade de São Paulo (USP). Além da graduação citada, sou formada em Pedagogia com habilitação em Direção e Supervisão Escolar pela Universidade Bandeirantes (Uniban). Com uma vasta experiência técnico-profissional na área educacional há mais de 24 anos, tenho, dentre eles, 18 anos na área de docência (como professora de Ciências e Química) e 13 anos na coordenação pedagógica do Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e Técnico, incluindo escolas municipais, estaduais e particulares. Foram 16 anos de docência na Secretaria Estadual de Educação e dois anos na ETEC Ribeirão Pires, 10 anos na Prefeitura Municipal de São Paulo como professora de Ciências e Coordenadora Pedagógica, dois anos na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo como coordenadora pedagógica e mais cinco anos na coordenação pedagógica de uma escola particular como minha penúltima experiência. Como última experiência profissional, exerci a função de consultora pedagógica na Editora FTD Educação, ministrando formações para diretores, coordenadores e professores, além da consultoria pedagógica para estudantes nas orientações de TCC. Já ministrei, também, cursinhos preparatórios para concurso público. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Instâncias administrativas e organizacionais .....................................10 Órgãos responsáveis pela educação – MEC ............................................................... 11 A administração da escola nos processos educativos e seus recursos 16 Declaração Universal dos Direitos Humanos .....................................20 O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos? ................................. 20 Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos ............................... 21 Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos .................... 22 A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos ...................28 Declaração da UNESCO/ONU sobre educação ............................... 31 O papel da UNESCO ..................................................................................................................... 31 Constituição da República Federativa do Brasil ............................... 41 Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de 205 a 214 ............................................................................................................................................... 41 7 UNIDADE 02 Políticas Públicas e Educação 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade, trataremos da estrutura administrativa do sistema educacional brasileiro e seus órgãos responsáveis. Além da estrutura, iremos tratar de algumas conquistas que, através das políticas públicas educacionais, foram criadas, como: Declaração dos Direitos Humanos e a Declaração da Unesco (pela Organização das Nações Unidas (ONU). Sobre essas declarações, iremos falar sobre seus conceitos, históricos, sua importância e seus pressupostos. Para finalizar o capítulo desta unidade, iremos falar sobre a lei federal que rege todo o país, a Constituição Federal do Brasil de 1988. Políticas Públicas e Educação 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar e entender a estrutura do sistema educacional brasileiro e seus órgãos responsáveis. 2. Entender sobre a declaração universal dos direitos humanos, seu histórico, pressupostos e sua importância para a educação da sociedade. 3. Compreender o papel da UNESCO no contexto dos direitos humanos. 4. Identificar as referências da Constituição Federal da República de 1988 no que concerne a proteção e determinação das diretrizes educacionais do Brasil. Então, preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Políticas Públicas e Educação 10 Instâncias administrativas e organizacionais OBJETIVO: Neste capítulo, faremos uma abordagem sobre a estrutura administrativa do sistema em níveis federal, estadual e municipal, conselhos e órgãos que normatizam o ensino com a finalidade de um correto funcionamento da escola, além da abordagem da administração escolar, seus recursos e a mudança pragmática de “administração” para “gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente do processo educativo mais democrático. Com o objetivo de oferecer educação de qualidade para todos os cidadãos, a escola tem a responsabilidade de fazer cumprir as determinações constitucionais. A partir deste pressuposto, a missão da escola é funcionar administrando todo processo educacional dos seus alunos, fazendo o acompanhamento e registrando adequadamente o desenvolvimento físico, cognitivo, moral e emocional destes. Para isso, a escola precisa administrar cumprindo as diretrizes administrativas e pedagógicas advindas das esferas federal, estadual e municipal. A gestão democrática das escolas as torna autônomas conforme a Lei de diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96, Art. 3º, Inciso VIII, porém, as suas atividades devem ser desenvolvidas em consonância com a legislação no Brasil. Entende-se, portanto, que a escola não possui soberania, e sim autonomia escolar, devendo cumprir as leis que regem o sistema de ensino. A escola faz parte do sistema de ensino brasileiro e esse sistema, segundo Menezes (2004, p.138), é comparado a uma pirâmide, estando no topo a esfera federal, no meio a estadual, e na base, os municípios e a escola. Políticas Públicas e Educação 11 Órgãos responsáveis pela educação – MEC As atribuições do poder público federal em matéria de educação são exercidas pelo Ministério da Educação (MEC), estabelecido pela LDB. O MEC conta com a colaboração do Conselho Nacional de Educação e as Câmaras que o compõem ao desempenhar suas funções. A União, em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios, elabora, também, o Plano Nacional de Educação, que tem a função de estabelecer diretrizes e metas para os níveis e modalidadesde ensino, formação de professores e valorização do magistério e financiamento da gestão, para um prazo de 10 anos. Cabe ao MEC exercer as atribuições do poder público federal em matéria de educação. Cabe a ele, portanto, formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade de ensino e velar pelo cumprimento das leis que o regem. É o MEC que organiza as políticas para educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos (EJA), educação indígena, educação especial e educação a distância (EAD). Figura 1 - A educação a partir do poder público federal MEC Conselho Nacional de Educação Câmaras Estados Federados Municípios Instituições de Ensino Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996) Políticas Públicas e Educação 12 Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei nº 9.394/96, cabe à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais, atribuição que exercerá executando as incumbências estabelecidas pelo artigo 9º: I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e os dos Territórios; III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, exercendo sua função redistributiva e supletiva, com prioridade à escolaridade obrigatória; IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade; VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e de pós-graduação; VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior; IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. Estas atribuições poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal que mantiverem instituições de educação superior. (BRASIL, 1996) O Artigo 9º prevê, ainda, a existência de um Conselho Nacional de Educação, em substituição ao anterior Conselho Federal de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei própria. O Distrito Federal e os estados são responsáveis por organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas Políticas Públicas e Educação 13 de ensino. Aos estados cabe assegurar o ensino fundamental e o ensino médio, conforme Art.10 da LDB nº 9.394/96. A administração em nível estadual e do Distrito Federal é constituída pela rede de escolas para o desenvolvimento da educação escolar, pelas secretarias ou departamentos de educação e pelos Conselhos Estaduais de Educação, que, por sua vez, são constituídos pela Câmara de Educação Básica e pela Câmara de Educação Superior. As incumbências dos estados estão definidas no artigo 10 da Lei nº 9.394/96: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II - colaborar com os Municípios na oferta do ensino fundamental; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação; IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio. (BRASIL, 1996) No que se refere à competência dos municípios, observa-se que de acordo com o artigo 11, têm as seguintes atribuições: I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - oferecer educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, só podendo atuar em outros níveis de ensino quando estiverem plenamente atendidas as necessidades de sua área de competência. (BRASIL, 1996) Políticas Públicas e Educação 14 Ainda sobre a administração em nível municipal, os sistemas de ensino são organizados pelos próprios municípios, de forma que devem integrar-se às políticas e aos planos educacionais da União e dos estados. O ensino fundamental deve ser a prioridade do município, podendo oferecer também a educação infantil em creches e pré-escolas. Figura 2 - Sistemas de ensino no âmbito municipal Sistema Municipal de ensino Políticas educacionais estaduais Políticas educacionais municipais Políticas educacionais federais Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996) Para atuarem em outros níveis de ensino, as necessidades do ensino fundamental devem estar plenamente atendidas e os recursos estarem acima dos percentuais mínimos estabelecidos pela Constituição Federal para a manutenção e o desenvolvimento dessa área de ensino. Faz parte da esfera municipal o Conselho Municipal de Educação, órgão que tem as funções normativa, consultiva, propositiva, mobilizadora, deliberativa e fiscalizadora, e o Plano Municipal de Educação, órgão que estabelece diretriz e metas para todos os níveis de ensino e modalidades de ensino do município. A lei nº 9394/96 estabelece as atribuições dos estabelecimentos de ensino (art. 12). Estes, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; Políticas Públicas e Educação 15 V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos e sobre a execução de sua proposta pedagógica. (BRASIL, 1996) Percebe-se que se os envolvidos nas esferas federal, estadual, o Distrito Federal, os municípios, os estabelecimentos de ensino e os docentes desenvolverem de forma satisfatória as atribuições que a lei lhes confia, poderemos ter no Brasil uma educação básica de boa qualidade e acessível a todos. Considera-se que é de grande importância e necessário o empenho da sociedade no sentido de fiscalizar e cobrar das diversas instâncias educacionais o cumprimento das suas obrigações. Nesse sentido, a sociedade organizada (associações diversas, entidades profissionais, empresas, igrejas, sindicatos, etc.) deve colaborar e exigir dos poderes públicos atenção prioritária e absoluta para o ensino fundamental, criando melhores condições de trabalho, destinando os recursos materiais, financeiros e humanos necessários à universalização da educação básica, por meio de uma política educacional séria e duradoura. Com esse esforço conjugado, inclusive com as unidades escolares levandoa sério à questão administrativa na ótica democrática, poderemos estabelecer no Brasil uma educação de melhor qualidade. ACESSE: Para saber mais sobre os órgãos responsáveis pela educação no país, acesse o portal do MEC. Disponível aqui. Para além das diretrizes estabelecidas no âmbito da LDB, o sistema educacional brasileiro pode contar com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que é um documento estruturado em âmbito nacional, cujo objetivo é auxiliar o funcionamento da educação básica no Brasil e, ainda, estabelecer metas de conhecimento e aprendizagem para todas as instituições de ensino do país. Políticas Públicas e Educação https://bit.ly/36fEMVs 16 Dessa maneira, a partir da BNCC, os órgãos e instituições de ensino passam a se preocupar com uma dinâmica educacional mais integrativa, ou seja, deixa de lado a temática da acumulação de conteúdo e se concentra mais no estudo dos conteúdos a partir de uma ótica que vivencia a realidade de cada instituição. Seria, portanto, a situação das instituições começarem a atuar para além do funcionamento entre muros e, portanto, começar a compreender as necessidades da comunidade na qual a escola se encontra inserida para que se consiga conectar o conteúdo com a realidade. Figura 3 - Os efeitos da BNCC O aluno compreende a realidade O aluno desperta o senso crítico O aluno constrói a realidade de maneira dinâmica e contextualizada Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2017) O que deve ser primordial para compreender um pouco melhor o funcionamento da BNCC é perceber que sua elaboração não ocorreu de maneira isolada, ou seja, várias questões sociais, normativas, políticas e econômicas foram levadas em consideração para que o texto fosse fechado. Entretanto, a grande meta de toda a introdução da BNCC era, tão somente, estimular e sistematizar mudanças reais na educação brasileira. A administração da escola nos processos educativos e seus recursos A administração da escola, envolvendo recursos físicos, materiais, financeiros e humanos, foi o foco da ação da gestão no tempo da escola conservadora, elitista e orientada pelo paradigma Positivismo, que via os processos educacionais fragmentados e atuava sobre eles, um de cada vez e como um valor em si mesmo, para garantir a qualidade do ensino. Políticas Públicas e Educação 17 Segundo essa concepção paradigmática limitada, o diretor escolar dedicava a maior parte do seu tempo buscando garantir esses recursos para a escola, na expectativa de que os processos educacionais fluíssem naturalmente. Houve, porém, uma mudança paradigmática na dinâmica humana, associada às mudanças substanciais no modo de ser e fazer e nas dinâmicas sociais e de todos os empreendimentos humanos, implicando em mudanças da superação da ótica limitada da administração em si para a da gestão de caráter abrangente e interativo (Lück, 2007). Essa mudança paradigmática coloca a administração como uma dimensão de papel subsidiário para a ação educacional, no contexto de várias outras dimensões da gestão. A gestão administrativa, portanto, se situa no contexto de um conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão escolar, passando a ser percebida como um substrato sobre o qual se assentam todas as outras, mas também percebido com uma ótica menos funcional e mais dinâmica. A passagem de uma ótica fragmentada da educação para uma ótica organizada pela visão de conjunto (Lück, 2007) tem implicações de grande repercussão sobre a gestão da escola, demandando a contínua articulação entre o modo de pensar e de fazer o trabalho educacional e a necessidade de promoção de articulações e interações, análise conjunta dos diferentes aspectos da realidade, análise do relacionamento entre os objetivos específicos de cada área de atuação, com os objetivos gerais da educação e do projeto pedagógico escolar e a associação desses objetivos com o uso educacional de espaços, bens materiais e físicos e recursos financeiros, voltados para a sua realização. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre ações, projetos e vários programas com premiações e formações, acesse o site do Conselho Nacional de Secretários de Educação. Disponível aqui. Políticas Públicas e Educação https://bit.ly/35cOF6i 18 Nesse sentido, há uma mudança de significado dos recursos, que passam a valer não por sua existência na escola, mas pelo uso que se faz deles no processo educacional, conforme definido no quadro a seguir. Quadro 1 - Mudança de significado de recursos utilizados em educação diante da mudança de paradigma de administração para gestão Administração Gestão A disponibilidade de recursos a servirem como insumos constituem-se em condição que garante a qualidade do ensino. Uma vez garantidos os recursos, estes, naturalmente, garantiriam a qualidade do ensino. Recursos não valem por si mesmos, mas pelo uso que deles se faz, a partir do significado a eles atribuído pelas pessoas e a forma como são utilizados por elas na realização do processo educacional. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Portanto, a gestão administrativa ganha perspectivas dinâmicas e pedagógicas. Essa gestão é referida pelo Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar (Consed, 2007) como sendo gestão de serviços e recursos, abrangendo “processos e práticas eficientes e eficazes de gestão dos serviços de apoio, recursos físicos e financeiros”. São destacados como indicadores de qualidade dessa dimensão: a organização dos registros escolares, a utilização adequada das instalações e equipamentos, a preservação do patrimônio escolar, a interação escola/ comunidade e a captação e aplicação de recursos didáticos e financeiros. VOCÊ SABIA? Você sabia que o site do Consed contém um programa de educação financeira voltado para escolas e possui diversos materiais de apoio para formação desse tema? Dentre eles, os livros para alunos e professores dos ensinos médio e fundamental I e II. Esses livros estão disponíveis para download ou leitura on-line. É só acessar o site e saber mais sobre isso. Políticas Públicas e Educação 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos rever algo do que vimos. Fizemos uma abordagem sobre a estrutura administrativa do sistema em níveis federal, estadual e municipal, conselhos e órgãos que normatizam o ensino com a finalidade de um correto funcionamento da escola, além da abordagem da administração escolar, seus recursos e a mudança pragmática de “administração” para “gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente do processo educativo mais democrático. Políticas Públicas e Educação 20 Declaração Universal dos Direitos Humanos OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da mesma, seus pressupostos e sua importância. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos? A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento base da luta contra a opressão e a discriminação, defendendo a igualdade e a dignidade das pessoas, reconhecendo que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados a todo cidadão do planeta. Foi aprovada na Assembleia Geral da ONU em 1948. Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que haja discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por qualquer outro motivo (como religião e opinião política). Eles podem ser civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade perante a lei e à liberdade de expressão. Podem também ser econômicos, sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à educação e coletivos, como odireito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos universais é feita por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por exemplo. Políticas Públicas e Educação 21 Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos começou a ser pensada quando o mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, encerrada em 1945. Outros documentos já haviam sido redigidos em reação a tratamentos desumanos e injustiças, como a Declaração de Direitos Inglesa (elaborada em 1689, após as Guerras Civis Inglesas, para pregar a democracia) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (redigida em 1789, após a Revolução Francesa, a fim de proclamar a igualdade para todos). Depois da Segunda Guerra e da criação da ONU (também em 1945), líderes mundiais decidiram complementar a promessa da comunidade internacional de nunca mais permitir atrocidades como as que haviam sido vistas na guerra. Assim, elaboraram um guia para garantir os direitos de todas as pessoas e em todos os lugares do globo. O documento foi apresentado na primeira Assembleia Geral da ONU, em 1946, e repassado à Comissão de Direitos Humanos para que fosse usado na preparação de uma declaração internacional de direitos. Na primeira sessão da comissão, em 1947, seus membros foram autorizados a elaborar o que foi chamado de “esboço preliminar da Declaração Internacional dos Direitos Humanos”. Um comitê formado por membros de oito países recebeu a declaração e se reuniu pela primeira vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, viúva do presidente americano Franklin D. Roosevelt. O responsável pelo primeiro esboço da declaração, o francês René Cassin, também participou. O primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que contou com a participação de mais de 50 países na redação, foi apresentado em setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em menos de dois anos. Políticas Públicas e Educação 22 Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos partiu dos seguintes pressupostos: • O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. • Que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum. • Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão. • Ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. • Que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. • Que os países-membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância desses direitos e liberdades. • Que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso. Políticas Públicas e Educação 23 A Assembleia Geral proclamou a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios países-membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Fica promulgado: Artigo 01 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo 02 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Artigo 03 Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 04 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 05 Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo 06 Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. Artigo 07 Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a Políticas Públicas e Educação 24 igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 08 Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédios efetivos para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 09 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10 Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo 11 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo 12 Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Artigo 13 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar. Artigo 14 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Políticas Públicas e Educação 25 Artigo 15 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direitode mudar de nacionalidade. Artigo 16 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Artigo 17 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo 18 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. Artigo 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Artigo 20 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 21 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e Políticas Públicas e Educação 26 legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo 22 Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 23 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo 24 Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas. Artigo 25 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo 26 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito; Políticas Públicas e Educação 27 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz; 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada aos seus filhos. Artigo 27 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios; 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor. Artigo 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo 29 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível; 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática; 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Artigo 30 Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. (CHRISTOFARO, 1948) Políticas Públicas e Educação 28 VOCÊ SABIA? Todo ano no dia 10 de dezembro é comemorado o Dia da Declaração dos Direitos Humanos. A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal de Direitos Humanos foi fruto de uma evolução de pelo menos de sete séculos e representou um marco histórico em matéria de ética. Nas diferentes civilizações da antiguidade, cada povo considerava seus valores éticos, consolidados em costumes tradicionais, como superiores aos dos demais povos, os quais eram tidos, por isso mesmo, como bárbaros, senão como inimigos. Além disso, no mundo antigo, os indivíduos achavam-se absorvidos no grupo social, não tendo praticamente nenhuma autonomia de vida e atuação. A Declaração Universal veio alterar radicalmente essa concepção ética, ao proclamar, desde o seu artigo de abertura, que “todos os seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos”. Se todos nós, humanos, possuímos a mesma dignidade, nenhum povo, etnia, grupo religioso ou gênero sexual pode se considerar superior aos outros. Além disso, essa situação de substancial igualdade humana passou a concretizar-se em direitos; vale dizer, na capacidade reconhecida a cada qual – indivíduo ou grupo social – de exigir dos demais o respeito à sua dignidade. Com isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos veio anunciar a abertura de uma nova era na evolução histórica: a unificação da humanidade. Superando as divisões tribais, nacionais, étnicas ou religiosas, passamos todos a ter consciência de que formamos um só grupo na face da Terra, unido pela condição de natural solidariedade. Tudo o que prejudica um indivíduo, povo ou etnia prejudica também, necessariamente, a humanidade inteira. Mas a História, obviamente, não cessa de evoluir. A partir de 1948, duas novas dimensões de direitos humanos surgiram, e passaram a ser objeto de documentos internacionais. Políticas Públicas e Educação 29 A primeira delas diz respeito ao chamado direito à diferença. Com efeito, se reconhecemos, de um lado, que a nossa espécie comporta dois sexos, cada qual com peculiaridadespróprias e igualmente respeitáveis, e se, de outro lado, verificamos que possuímos, todos, uma capacidade de permanente criação cultural, é impossível negar que somos, pela nossa essência, diferentes uns dos outros. Em 27 de novembro de 1978, na Declaração sobre Raça e Preconceito Racial, a UNESCO, reiterando que nenhum povo pode considerar-se superior aos demais, afirmou que “todos os povos têm o direito de ser diferentes, de se considerarem diferentes e de serem vistos como tais”. A segunda dimensão dos direitos humanos, reconhecida posteriormente à Declaração Universal de 1948, é a existência de direitos dos povos e de direitos da humanidade. Dentre os primeiros, declarados, por exemplo, na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Direitos dos Povos de 1981, figuram o direito dos povos a uma existência livre e autônoma, bem como o direito ao desenvolvimento, à paz e à segurança. Por fim, quanto aos direitos da própria humanidade, devem ser lembrados, entre outros, o de preservação do meio ambiente mundial e o reconhecimento, como declarado pela UNESCO em 1999, de que o genoma humano constitui um “patrimônio da humanidade”, sendo, nessa condição, insuscetível de apropriação privada para fins empresariais, como se tentou obter, em inúmeras ocasiões. Hoje, cada vez mais, tomamos consciência, pura e simplesmente, de que a preservação dos direitos humanos é uma condição de sobrevivência da humanidade. VOCÊ SABIA? A sede internacional da ONU está localizada em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e foi projetada por uma equipe de arquitetos de diversos países, liderada por Wallace Harrison, sendo o projeto final baseado nas propostas de Oscar Niemeyer (Brasil) e Le Corbusier (Francês). Foi construída entre 1949 e 1952 e está localizada no setor leste de Manhattan. Políticas Públicas e Educação 30 Figura 4 - Sede da ONU Fonte: Freepik. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos rever algo do que vimos. Você foi capaz de entender o que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da mesma, seus pressupostos e sua importância. Políticas Públicas e Educação 31 Declaração da UNESCO/ONU sobre educação OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO e a declaração universal sobre raça e preconceito. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! O papel da UNESCO UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura é uma agência especializada das Nações Unidas. Ela contribui para a construção da paz mundial através da preservação da cultura. Como mencionado no tópico anterior, o sistema das Nações Unidas tem por objetivo o processo de disseminação de políticas sociais que valorizem os Direitos Humanos e, para que isso seja possível, se utilizam de instrumentos que assegurem a paz e a segurança internacional, conforme estabelece o artigo 2º da Carta das nações Unidas, que se encontra disposta da seguinte maneira: Artº. 2 A Organização e os seus membros, para a realização dos objetivos mencionados no Artº. 1, agirão de acordo com os seguintes princípios: A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros; Os membros da Organização, a fim de assegurarem a todos em geral os direitos e vantagens resultantes da sua qualidade de membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas em conformidade com a presente Carta; Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este Políticas Públicas e Educação 32 princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do capítulo VII. A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha para atender a suas estratégias de atuação em seus países membros, institucionais, sociais e econômicas. (ONU, 1945) Sendo assim, logo no início, já é possível compreender o nível de responsabilidade que a ONU assume no que se refere aos Direitos Humanos. Ainda, atribui responsabilidades às suas agências especializadas, em virtude da quantidade de países e assuntos que precisa gerenciar, se tornando impossível administrar todas as questões ao mesmo tempo. Figura 5 – As agências especializadas da ONU Auxiliam em assuntos específicos Monitoram o cumprimento das diretrizes estabelecida sem âmbito internacional Colaboram para o cumprimento dos Direitos Humanos Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1945) Neste cenário de agências especializadas apresentado pela Organização das Nações Unidas, destaca-se a UNESCO que de acordo com Souza e Lara (2014 p.141) observa-se que: A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha para atender as suas estratégias de atuação em seus países membros, institucionais, sociais e econômicas. As Resoluções que citamos nesse trabalho são da ONU, as quais se difundem por diversas regiões do globo. Contudo, o conteúdo e a linguagem se configuram no discurso da UNESCO, presentes nas diferentes publicações da agência sobre a juventude no Brasil, desde 1997 até 2000. (SOUZA; LARA, 2014 p.141) Ainda sobre a criação da UNESCO, observa-se a existência de Conferências de Londres, que é o documento jurídico capaz de estruturar a UNESCO. Entretanto, como é possível observar anteriormente, sua composição é pensada desde a Carta de São Francisco, mais especificamente no artigo 57º, conforme especifica STANCMAUSTEA (2015 p. 14) Políticas Públicas e Educação 33 O Artigo 57 da Carta das Nações Unidas constitui a fundação espiritual da UNESCO, pois prevê a criação de uma agência especializada para à cooperação nas esferas educacionais e culturais, que ‘derrotaria o espírito maligno’ e combateria as ideias que levaram a duas guerras mundiais e que poderiam levar à aniquilação sistemática da vida humana. (STANCAMUSTEA, 2015, p.14) Dessa maneira, em virtude de sua estrutura e de suas funções estabelecidas pela Conferência de Londres, a UNESCO passa a ter as seguintes responsabilidades: a. Promover a incorporação dos princípios enunciados na presente Declaração nas estratégias de desenvolvimento elaboradas no seio das diversas entidades intergovernamentais. b. Servir de instância de referência e de articulação entre os estados, os organismos internacionais governamentais e não governamentais, a sociedade civil e o setor privado para a elaboração conjunta de conceitos, objetivos e políticas em favor da diversidade cultural. c. Dar seguimento a suas atividades normativas, de sensibilização e de desenvolvimento de capacidades nos âmbitos relacionados com a presente Declaração dentro de suas esferas de competência. d. Facilitar a aplicação do Plano de Ação, cujas linhas gerais se encontram apensas a presente Declaração. Ainda sobre o processo de criação da UNESCO, destaca-se que a situação observada no pós Segunda Guerra Mundial foi marcada por muitos desafios estruturais, políticos e econômicos. De maneira que foi necessário que a organização internacional acolhesse informações voltadas à ciência, no intuito de analisar e amadurecer as questões nucleares para que se evitasse viver novamente situações como a de Hiroshima e Nagasaki. Observa-se, portanto, que durante todo o período de existência da UNESCO muitas medidas foram tomadas no sentido de evidenciar a importância da cultura na sociedade e, em especial, nos jovens. Políticas Públicas e Educação 34 No tocante à temática juventude, a ONU/ Unesco, durante sua existência, elaborou diversas resoluçõescom proposições e ações geradas nas conferências, fóruns e congressos, destinadas a esse estrato social. Em 1965, lança a Resolução nº 2.037, denominada Declaração sobre a difusão entre os jovens dos ideais de paz, respeito mútuo e compreensão entre os povos, com a assertiva de que os jovens foram as maiores vítimas na Segunda Guerra Mundial. Esse grupo desempenha um papel essencial nas várias esferas da sociedade, visto que dirigirá os rumos da humanidade. Portanto, é preciso protegê-los. A juventude deve conhecer, respeitar e desenvolver o acervo cultural da humanidade e de seu país; a educação dos jovens e a troca entre os mesmos deve permitir e contribuir com as relações internacionais e fortalecer a paz e a segurança (ONU, 1965). A Declaração é uma chamada para os governos, organizações não governamentais (ONG’s) e movimentos de juventude para que esses agentes políticos reconheçam os princípios e orientações contidos na Declaração e assegurem o respeito aos valores das Nações Unidas para os jovens. (SOUZA; LARA 2014 p.141) No intuito de compreender um pouco mais sobre as questões relacionadas com o funcionamento e composição da UNESCO, observa- se as informações apresentadas por Leitão (s.d, online) ao destacar que existem 195 países membros da agência especializada da ONU. Sede localizada em Paris, na França, a UNESCO conta com 195 Estados-membros e 8 membros associados. A maior parte dos países-membros da ONU integram a UNESCO, com exceção dos Estados Unidos, Israel e Liechtenstein. Entre os países-membros da UNESCO que não integram a ONU estão as Ilhas Cook, Niue e o Estado da Palestina. A Palestina tornou-se membro da UNESCO em 2011 após uma votação onde a entrada do país foi apoiada por 107 votos e reprovada por apenas 14 votos. Como represália à entrada da Palestina na UNESCO, os Estados Unidos acusaram a organização de ser antissemita e deixaram de integrar os Estados-membros em 2018, seguido por Israel.” (LEITÂO, s.d., online) Atualmente, destaca-se que a Organização Internacional está sendo analisada e se propõe a analisar elementos que se relacionam com a educação, cultura e ciência. Políticas Públicas e Educação 35 Mas, a UNESCO, após 73 anos de sua criação, ainda é referência nas questões relativas à educação, cultura e ciência. No âmbito cultural, destaca-se desde a sua constituição, a preocupação com o patrimônio que é possível verificar, entre outros documentos, no item c do primeiro artigo da Constituição da UNESCO, que discorre acerca dos propósitos e funções desta organização: Manter, expandir e difundir o conhecimento, garantindo a conservação e a proteção do legado mundial de livros, obras de arte e monumentos de história e de ciência, recomendando as convenções internacionais necessárias às nações envolvidas. (VIDAL; FONTOURA, 2018 p.03) Portanto, observa-se que o objetivo principal da UNESCO é disseminar uma prática de cultura pelo mundo através dos jovens, visto que eles são os sujeitos principais para modificar a realidade do País. Além do mais, compreende-se que, ao informar e formar os jovens, a sociedade também se beneficiará das práticas de formação cultural da sociedade e, consequentemente, o país também colherá os frutos de uma sociedade bem instruída, visto que as diferenças poderão ser mais bem equilibradas e, assim, a humanidade terá condições de viver em harmonia. Nesse mesmo sentido, Souza e Lara (2014 p.142) destacam que: A declaração nº 2.037/1965, em seu primeiro ponto, reporta-se à educação, advertindo que todos os jovens devem ser educados no espírito da paz e do respeito mútuo, para que promovam a igualdade de direitos dos seres humanos, o crescimento econômico e social, na busca da paz e da segurança internacional. Todos os meios de educação e de ensino à juventude devem fomentar os ideais de paz, humanismo, liberdade e solidariedade internacional. (SOUZA; LARA, 2014 p.142) Ainda sobre a importância e maneira de se trabalhar com os jovens pelo mundo, a Organização das Nações Unidas (1965) evidencia a necessidade de se enaltecer os valores da dignidade e igualdade entre os povos, ou seja, os povos não devem permitir um tratamento discriminatório entre sua população e, portanto, deve favorecer acesso amplo e igualitário para todos os direitos e obrigações. É preciso que os jovens sejam educados nos princípios e orientações de dignidade e igualdade entre os homens, independente de raça, cor, etnia e credo. As organizações Políticas Públicas e Educação 36 juvenis devem se adequar a essas direções e buscar continuamente o respeito entre as etnias e o intercâmbio de jovens de diferentes nações. (ONU, 1965, p. 2) Figura 6 – Os fundamentos do trabalho com a juventude Respeito Solidariedade Igualdade Direitos Humanos Cooperação Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02) Sendo assim, diante do que é possível observar até o presente momento, quando a UNESCO defende a promoção da educação, da ciência e da cultura, observa-se, portanto, uma conexão estreita com a paz e a segurança internacional. O objetivo da Unesco é promover a paz e a segurança mundial por meio da Educação, da Ciência e da Cultura entre os seus 193 países membros. Sua sede atual localiza-se em Paris e dispõe do Instituto Internacional de Planejamento Educacional, que oferece cursos para equipes das administrações nacionais. (ROSEMBERG, 2000) Figura 7 – A educação como ferramenta da paz mundial O jovem que estuda É um jovem que pensa É um jovem que reflete É um jovem capaz de mudar uma realidade violenta e desigual Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02) Políticas Públicas e Educação 37 De acordo com o que se apresenta na figura acima, um jovem que tem acesso à educação será capaz de refletir sobre as causas e consequências dos problemas que está vivenciando e, assim, terá condições de identificar como a realidade em que vive deveria se apresentar para, em seguida, encontrar uma solução adequada para o problema em que se encontra diretamente inserido. Dessa maneira, a consciência crítica e reflexiva são elementos que podem modificar a realidade de qualquer país, independentemente de sua condição, pois o desejo de mudar combinado com a competência técnica adquirida a partir de estudos especializados, evitará grandes problemas sociais, políticos e econômicos. Sobre os problemas que a UNESCO se ocupa, destaca-se o caso do fechamento das escolas durante a pandemia da Covid-19, onde a agência especializada da ONU evidenciou a importância de se evitar o fechamento prolongado, sem necessidade, das escolas, visto que os danos para o aprendizado serão significativos e, em alguns casos até irreversíveis. A UNESCO e seus parceiros da Coalizão Global de Educação têm defendido a reabertura segura das escolas, insistindo que os fechamentos completos sejam usados apenas como último recurso. Desde o início da pandemia, em todo o mundo, as escolas permaneceram completamente fechadas por uma média de 18 semanas (quatro meses e meio). Se forem considerados os fechamentos parciais (por localidade ou por nível educacional), a duração média dos fechamentos em todo o mundo é de 34 semanas (oito meses e meio), ou quase um ano acadêmico completo. Interrupções prolongadas ou repetidas de aulas, assim como o fechamento das escolas, ocorridos durante os últimos dois anos acadêmicos, resultaram em perdas de aprendizagem e no aumento das taxas de evasão, afetando de maneira desproporcional os estudantes mais vulneráveis. (UNESCO, 2021) No que se refere à influência que a UNESCO exerce sobre o Brasil, destaca um vasto panorama, onde é possível compreender que para cada proposta apresentada pela Organização Internacional, existe a estruturação de um plano que coaduna educação, plano de alimentação e trabalho, como é o caso do programaFome-Zero e do Primeiro Emprego. Políticas Públicas e Educação 38 Conforme destaca Lara e Souza (2014 p.149) no que se refere ao trabalho da UNESCO, observa-se que: As metas desses espaços e deliberações integram os princípios da Unesco: igualdade de direitos, liberdade, dignidade, cidadania, paz, diversidade e tolerância. A concepção de educação para a agência é encontrada em um de seus mais famosos relatórios, conhecido comumente por Delors (1998), no qual a educação é salientada como um meio de tornar os indivíduos cientes de suas raízes étnicas e responsável pela edificação de um mundo solidário para aceitar as diferentes culturas. No bom sentimento, do reconhecimento das diferenças, distinto da abordagem economicista do BM e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL). A concepção de educação no Relatório Delors (1998) possui um caráter de promover mudanças no ser individual, propondo metas para a educação mundial de forma que todas as culturas atendam essa perspectiva de educação. A educação é designada como um meio para “construir” a solidariedade, o respeito das diferentes culturas e, acima de tudo, de promover a paz. (LARA; SOUZA, 2014 p.149) Mais uma vez, observa-se que a proposta da UNESCO, no que se refere ao fortalecimento do sistema educacional, tem como pressuposto essencial transformá-lo em instrumento de solidariedade e, consequentemente, de paz. Dessa maneira, pensando no compromisso com a plena realização dos direitos humanos e das liberdades fundamentais proclamadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em outros instrumentos universalmente reconhecidos, como os dois Pactos Internacionais de 1966 relativos respectivamente, aos direitos civis e políticos e aos direitos econômicos, sociais e culturais e que o Preâmbulo da Constituição da UNESCO afirma: “(...) que a ampla difusão da cultura e da educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis para a dignidade do homem e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com um espírito de responsabilidade e de ajuda mútua” e consciente do mandato específico confiado à UNESCO, no seio do sistema das Nações Unidas, de assegurar a preservação e a promoção da fecunda diversidade das culturas. (UNESCO, 2002) Políticas Públicas e Educação 39 Destacam-se alguns princípios essenciais para que seja possível construir um cenário democrático na sociedade, ou seja, em que as pessoas tenham acesso à educação e aos demais direitos que se encontram conectados com a educação. IDENTIDADE, DIVERSIDADE E PLURALISMO Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da humanidade Artigo 2 – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural Artigo 3 – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS HUMANOS Artigo 4 – Os direitos humanos, garantias da diversidade cultural Artigo 5 – Os direitos culturais, marco propício da diversidade cultural Artigo 6 – Rumo a uma diversidade cultural acessível a todos DIVERSIDADE CULTURAL E CRIATIVIDADE Artigo 7 – O patrimônio cultural, fonte da criatividade Artigo 8 – Os bens e serviços culturais, mercadorias distintas das demais Artigo 9 – As políticas culturais, catalisadoras da criatividade DIVERSIDADE CULTURAL E SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL Artigo 10 – Reforçar as capacidades de criação e de difusão em escala mundial Artigo 11 – Estabelecer parcerias entre o setor público, o setor privado e a sociedade civil (UNESCO, 2002) Figura 8 – Os efeitos da aplicação dos princípios da UNESCO Integram Valorizam a reflexão Aperfeiçoam a democracia Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESCO (2002) Políticas Públicas e Educação 40 Portanto, diante do que se observa e baseado nos trabalhos desenvolvidos pela UNESCO, destaca-se que existe um vasto trabalho que vem sendo desenvolvido pela agência especializada em estudo e que, portanto, o compromisso em se utilizar da educação como instrumento essencial para construção da paz é ponto focal dos trabalhos do órgão. Nesse sentido, é possível identificar que a agência especializada integra as diretrizes estabelecidas na Agenda 2030 que versam sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO e a declaração universal sobre raça e preconceito. Políticas Públicas e Educação 41 Constituição da República Federativa do Brasil OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é a Constituição da República Federativa do Brasil e seu capítulo sobre a educação, cultura e desporto. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de 205 a 214 A Constituição Brasileira de 1988 foi escrita pelo Congresso Nacional do Brasil e aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte em 22 de setembro de 1988 e promulgada em 5 de outubro de 1988. A Constituição é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico. Durante esses 30 anos, após a promulgação da Lei, muitas Emendas Constitucionais foram acrescentadas. No texto abaixo, segue os artigos relacionados à EDUCAÇÃO e à regularização em relação às emendas. Como visto anteriormente, segue abaixo os artigos de 205 a 214 já com as regularizações das emendas constitucionais. CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO SEÇÃO I DA EDUCAÇÃO Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988) Políticas Públicas e Educação 42 Diante do que se observa no dispositivo transcrito, o ordenamento jurídico considera que a educação é instrumento essencial para a solidificação da cidadania, ou seja, de um sistema capaz de incluir e aceitar as diferenças a partir de reflexões pessoais e coletivas. Destaca-se, portanto, que será através da educação que o sistema social será capaz de ser modificado, de forma, portanto, que não se admite um poder público que venha a minimizar a importância da educação no âmbito social. No que se refere aos princípios que fundamentam o direito à educação no sistema jurídico brasileiro, destaca-se que se baseiam essencialmente na massificação da educação para todos os povos, ou seja, não pode haver entraves para que a população tenha acesso direto ao sistema educacional do País. Essa questão está explicitamente apresentada no artigo 206 da Constituição Federal e, encontra-se disposta da seguinte maneira: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolarpública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (BRASIL, 1988) Políticas Públicas e Educação 43 Os princípios acima elencados visam, como observado anteriormente, o amplo acesso ao estudo, independentemente de condições pessoais, políticas, econômicas e sociais. Além do mais, muito embora esteja evidenciada a priorização do ensino gratuito para todos os brasileiros e não apenas para as pessoas que se encontram em estado de vulnerabilidade social, não se pode afastar o direito de pessoas de alta renda se beneficiarem da gratuidade da educação. Essa questão é meramente de igualdade de oportunidades para todas as pessoas, por isso o poder público deve estar organizado para oferecer amplas oportunidades para quem deseje ou precise ter acesso à educação. No que se refere ao acesso dos jovens às Instituições de Ensino Superior, os artigos 206 e 207 da Constituição Federal apresentam peculiaridades, pois ao passo em que se afirma a obrigatoriedade do ensino gratuito, destaca-se que em virtude da ausência de IES de ensino superior para suprir as demandas da sociedade, surgem as IES de ensino superior privadas e que podem acolher jovens que desejem frequentar e realizar cursos superiores ou técnicos. Além do mais, o artigo 207 estabelece questões relacionadas ao funcionamento estrutural das IES de ensino superior e, portanto, estabelece autonomia funcional e patrimonial às IES públicas ou privadas, mas devem cumprir com as determinações apresentadas por lei, como é o caso do cumprimento das questões relacionadas com o ensino, pesquisa e extensão. Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático- científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. § 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996) § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996). (BRASIL, 1988) Ainda no que se refere à obrigatoriedade da educação gratuita, convém destacar que os elementos estão indicados no artigo 208 da CF e se referem apenas à educação básica que vai dos 4 aos 17 anos. Políticas Públicas e Educação 44 Observa-se ainda, que o mesmo dispositivo evidencia não apenas a obrigatoriedade da educação gratuita, mas também da necessidade de se colocar as crianças e jovens na escola. A referida questão relaciona- se com a responsabilidade direta das famílias ou responsáveis para com a educação das crianças e jovens, podendo inclusive responder por abandono caso se omita no processo de educação das crianças. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. (BRASIL, 1988) Políticas Públicas e Educação 45 Ainda, no que se refere ao disposto no artigo 208, observa-se a necessidade do poder público estar devidamente organizado para oferecer a educação para sua população na faixa etária entre 4 e 17 anos e, por ser obrigatória, não pode existir a possibilidade de ausência de vaga, de estrutura ou de profissionais. Portanto, da mesma maneira que os responsáveis pela criança ou jovem podem ser responsabilizados por omissão, as autoridades competentes podem ser responsabilizadas pelo descumprimento dos preceitos constitucionais estabelecidos. Ainda, no que se refere ao ensino básico, observa-se que existe um ponto importante no processo de educação das crianças e jovens, a necessidade da escola estar devidamente em contato com as famílias ou responsáveis pelo indivíduo, ou seja, o dever de zelar e motivar o processo de ensino e aprendizagem é tanto da escola, como também das famílias ou responsáveis. Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. (BRASIL, 1988) No que se refere à possibilidade de oferecer instrução educacional, como foi observado anteriormente, cabe tanto a iniciativa privada como ao poder público. Entretanto, o poder público tem a função direta de autorizar e avaliar periodicamente os cursos que são provenientes de iniciativa privada. O objetivo é, portanto, fiscalizar o tipo de serviço que está sendo prestado e, se for o caso, como deve melhorar a prestação de serviço. Figura 9 – Órgãos responsáveis pelo serviço educacional Autorizado e fiscalizado pelo poder público Público Privado Educação Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1988) Políticas Públicas e Educação 46 No que se refere aos conteúdos que se destinam ao cumprimento das diretrizes pedagógicas das séries, o BNCC estabelece uma dinâmica diferenciada para os novos currículos, onde partirá da ideia de uma reestruturação na gestão pedagógica e, ainda, no próprio curriculum escolar, pois visa um sistema que integra a realidade escolar com o sistema social. Em outras palavras, a escola deverá aplicar as diretrizes pedagógicas a partir da realidade que a Instituição de Ensino se encontra devidamente inserida. Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. (BRASIL, 1988) Importante No que se refere aos objetivos traçados pela BNCC, destaca-se o evidenciado por Brasil (2017) ao especificar que: A partir de 2020 os professores devem começar a ser formados para o trabalho com os novos referenciais curriculares alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Você terá um papel fundamental:é o responsável por liderar a revisão do Projeto Pedagógico (PPP ou PP) e a formação continuada dos professores na escola, duas ações imprescindíveis para que os novos currículos cheguem às salas de aula e apoiem cada dia mais professores e alunos. (BRASIL, 2017) No que se refere ao sistema de colaboração entre a União, o Distrito Federal, Estados e Municípios, destaca-se um regime essencial de ordenação de interesses e competências, visto que cada setor acima mencionado irá dispor uma função específica e, de forma alguma, poderá invadir as competências jurisdicionais dos demais setores responsáveis pela educação. O que é importante compreender neste processo é a capacidade de integração inerente à condição da prestação de serviço Políticas Públicas e Educação 47 educacional e, portanto, os setores devem estar trabalhando de maneira a cumprir os princípios da educação. Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988) No que se refere aos valores financeiros que se destinam a educação, o artigo 212 da Constituição Federal evidencia de maneira clara, as porcentagens de cada ente, qual seja, federal, municipal ou estadual. Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no “caput” deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino Políticas Públicas e Educação 48 federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Decreto nº 6.003, de 2006) § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988) Ainda no que se refere à possibilidade de repasse de recursos públicos para instituições de ensino do setor privado, destaca-se o evidenciado no artigo 213 da Constituição Federal que especifica esta possibilidade, desde que se comprove como instituição sem fins lucrativos. Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. Políticas Públicas e Educação 49 § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015). (BRASIL, 1988) Diante do que foi exposto, observa-se que a Constituição Federal é um instrumento complexo, mas completo de questões relacionadas ao sistema educacional. Essa percepção apresenta uma característica integrativa com os documentos internacionais analisados neste estudo, como é o caso da Convenção que cria UNESCO. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é a Constituição da República Federativa do Brasil e seu capítulo sobre a educação, cultura e desporto. Políticas Públicas e Educação 50 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: https://bit.ly/2EBWWYJ. Acesso em: 19 jan. 2021. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996, D.O.U., a. CXXXIV, nº 248, 23.12.96, p. 27833-27841. Disponível em: http://bit.ly/37R0D6i. Acesso em: 19 jan. 2021. BRASIL. PARECER CNE/CBE nº 07/2010 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. 562p. Disponível em: https://bit.ly/3uUg4ax. Acesso em: 20 set. 2021. ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. (217 [III] A). Paris. (1948) Disponível em: https://uni.cf/3loeYkv. Acesso em: 19 jan. 2021. DEMO, P. Educação e qualidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2001. MENEZES, E. 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Instâncias administrativas e organizacionais Órgãos responsáveis pela educação – MEC A administração da escola nos processos educativos e seus recursos Declaração Universal dos Direitos Humanos O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração da UNESCO/ONU sobre educação O papel da UNESCO Constituição da República Federativa do Brasil Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de 205 a 214