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Políticas Públicas 
e Educação
Unidade 2
Bases Legais da Educação
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria
PRICILA RIBEIRO ALIAS
AUTORIA
Pricila Ribeiro Alias
Sou formada em Ciências Biológicas, com habilitação em Química 
pela Fundação Santo André e realizei a especialização em Ciências da 
Natureza para crianças pela Universidade de São Paulo (USP). Além 
da graduação citada, sou formada em Pedagogia com habilitação em 
Direção e Supervisão Escolar pela Universidade Bandeirantes (Uniban). 
Com uma vasta experiência técnico-profissional na área educacional há 
mais de 24 anos, tenho, dentre eles, 18 anos na área de docência (como 
professora de Ciências e Química) e 13 anos na coordenação pedagógica 
do Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e Técnico, incluindo escolas 
municipais, estaduais e particulares. Foram 16 anos de docência na 
Secretaria Estadual de Educação e dois anos na ETEC Ribeirão Pires, 10 
anos na Prefeitura Municipal de São Paulo como professora de Ciências 
e Coordenadora Pedagógica, dois anos na Prefeitura Municipal de São 
Bernardo do Campo como coordenadora pedagógica e mais cinco anos 
na coordenação pedagógica de uma escola particular como minha 
penúltima experiência. Como última experiência profissional, exerci a 
função de consultora pedagógica na Editora FTD Educação, ministrando 
formações para diretores, coordenadores e professores, além da 
consultoria pedagógica para estudantes nas orientações de TCC. Já 
ministrei, também, cursinhos preparatórios para concurso público. Sou 
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida 
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada 
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Instâncias administrativas e organizacionais .....................................10
Órgãos responsáveis pela educação – MEC ............................................................... 11
A administração da escola nos processos educativos e seus recursos 16
Declaração Universal dos Direitos Humanos .....................................20
O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos? ................................. 20
Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos ............................... 21
Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos .................... 22
A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos ...................28
Declaração da UNESCO/ONU sobre educação ............................... 31
O papel da UNESCO ..................................................................................................................... 31
Constituição da República Federativa do Brasil ............................... 41
Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de 
205 a 214 ............................................................................................................................................... 41
7
UNIDADE
02
Políticas Públicas e Educação
8
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, trataremos da estrutura administrativa do sistema 
educacional brasileiro e seus órgãos responsáveis. Além da estrutura, 
iremos tratar de algumas conquistas que, através das políticas públicas 
educacionais, foram criadas, como: Declaração dos Direitos Humanos e 
a Declaração da Unesco (pela Organização das Nações Unidas (ONU). 
Sobre essas declarações, iremos falar sobre seus conceitos, históricos, 
sua importância e seus pressupostos. Para finalizar o capítulo desta 
unidade, iremos falar sobre a lei federal que rege todo o país, a 
Constituição Federal do Brasil de 1988.
Políticas Públicas e Educação
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar e entender a estrutura do sistema educacional brasileiro 
e seus órgãos responsáveis.
2. Entender sobre a declaração universal dos direitos humanos, seu 
histórico, pressupostos e sua importância para a educação da 
sociedade.
3. Compreender o papel da UNESCO no contexto dos direitos 
humanos.
4. Identificar as referências da Constituição Federal da República de 
1988 no que concerne a proteção e determinação das diretrizes 
educacionais do Brasil.
Então, preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Políticas Públicas e Educação
10
Instâncias administrativas e 
organizacionais
OBJETIVO:
Neste capítulo, faremos uma abordagem sobre a estrutura 
administrativa do sistema em níveis federal, estadual e 
municipal, conselhos e órgãos que normatizam o ensino 
com a finalidade de um correto funcionamento da escola, 
além da abordagem da administração escolar, seus 
recursos e a mudança pragmática de “administração” para 
“gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente 
do processo educativo mais democrático.
Com o objetivo de oferecer educação de qualidade para todos 
os cidadãos, a escola tem a responsabilidade de fazer cumprir as 
determinações constitucionais. A partir deste pressuposto, a missão da 
escola é funcionar administrando todo processo educacional dos seus 
alunos, fazendo o acompanhamento e registrando adequadamente o 
desenvolvimento físico, cognitivo, moral e emocional destes.
Para isso, a escola precisa administrar cumprindo as diretrizes 
administrativas e pedagógicas advindas das esferas federal, estadual 
e municipal. A gestão democrática das escolas as torna autônomas 
conforme a Lei de diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96, Art. 3º, Inciso VIII, 
porém, as suas atividades devem ser desenvolvidas em consonância com 
a legislação no Brasil.
Entende-se, portanto, que a escola não possui soberania, e sim 
autonomia escolar, devendo cumprir as leis que regem o sistema de 
ensino. A escola faz parte do sistema de ensino brasileiro e esse sistema, 
segundo Menezes (2004, p.138), é comparado a uma pirâmide, estando 
no topo a esfera federal, no meio a estadual, e na base, os municípios e 
a escola.
Políticas Públicas e Educação
11
Órgãos responsáveis pela educação – MEC
As atribuições do poder público federal em matéria de educação 
são exercidas pelo Ministério da Educação (MEC), estabelecido pela LDB. 
O MEC conta com a colaboração do Conselho Nacional de Educação e as 
Câmaras que o compõem ao desempenhar suas funções. 
A União, em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios, 
elabora, também, o Plano Nacional de Educação, que tem a função de 
estabelecer diretrizes e metas para os níveis e modalidadesde ensino, 
formação de professores e valorização do magistério e financiamento da 
gestão, para um prazo de 10 anos. 
Cabe ao MEC exercer as atribuições do poder público federal em 
matéria de educação. Cabe a ele, portanto, formular e avaliar a política 
nacional de educação, zelar pela qualidade de ensino e velar pelo 
cumprimento das leis que o regem. É o MEC que organiza as políticas 
para educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de 
jovens e adultos (EJA), educação indígena, educação especial e educação 
a distância (EAD).
Figura 1 - A educação a partir do poder público federal 
MEC
Conselho Nacional de Educação
Câmaras
Estados Federados
Municípios
Instituições de Ensino
Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996)
Políticas Públicas e Educação
12
Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei nº 9.394/96, cabe à União a 
coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes 
níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva 
em relação às demais instâncias educacionais, atribuição que exercerá 
executando as incumbências estabelecidas pelo artigo 9º:
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração 
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições 
oficiais do sistema federal de ensino e os dos Territórios;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios, exercendo sua função 
redistributiva e supletiva, com prioridade à escolaridade 
obrigatória;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a 
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, 
que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de 
modo a assegurar formação básica comum;
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a 
educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do 
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e 
superior, em colaboração com os sistemas de ensino, 
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da 
qualidade;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e de 
pós-graduação;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das 
instituições de educação superior;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e 
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de 
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema 
de ensino. Estas atribuições poderão ser delegadas aos 
Estados e ao Distrito Federal que mantiverem instituições 
de educação superior. (BRASIL, 1996)
O Artigo 9º prevê, ainda, a existência de um Conselho Nacional de 
Educação, em substituição ao anterior Conselho Federal de Educação, 
com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado 
por lei própria. 
O Distrito Federal e os estados são responsáveis por organizar, 
manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas 
Políticas Públicas e Educação
13
de ensino. Aos estados cabe assegurar o ensino fundamental e o ensino 
médio, conforme Art.10 da LDB nº 9.394/96. 
A administração em nível estadual e do Distrito Federal é constituída 
pela rede de escolas para o desenvolvimento da educação escolar, pelas 
secretarias ou departamentos de educação e pelos Conselhos Estaduais 
de Educação, que, por sua vez, são constituídos pela Câmara de Educação 
Básica e pela Câmara de Educação Superior.
As incumbências dos estados estão definidas no artigo 10 da Lei nº 
9.394/96:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições 
oficiais dos seus sistemas de ensino;
II - colaborar com os Municípios na oferta do ensino 
fundamental;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, 
em consonância com as diretrizes e planos nacionais de 
educação;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e 
avaliar os cursos das instituições de educação superior e 
os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - baixar normas complementares para o seu sistema de 
ensino;
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com 
prioridade, o ensino médio. (BRASIL, 1996)
No que se refere à competência dos municípios, observa-se que de 
acordo com o artigo 11, têm as seguintes atribuições:
I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições 
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às 
políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de 
ensino;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os 
estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - oferecer educação infantil em creches e pré-escolas, e, 
com prioridade, o ensino fundamental, só podendo atuar 
em outros níveis de ensino quando estiverem plenamente 
atendidas as necessidades de sua área de competência. 
(BRASIL, 1996)
Políticas Públicas e Educação
14
Ainda sobre a administração em nível municipal, os sistemas de 
ensino são organizados pelos próprios municípios, de forma que devem 
integrar-se às políticas e aos planos educacionais da União e dos estados. 
O ensino fundamental deve ser a prioridade do município, podendo 
oferecer também a educação infantil em creches e pré-escolas.
Figura 2 - Sistemas de ensino no âmbito municipal 
Sistema 
Municipal de 
ensino
Políticas 
educacionais 
estaduais
Políticas 
educacionais 
municipais
Políticas 
educacionais 
federais
Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996)
Para atuarem em outros níveis de ensino, as necessidades do 
ensino fundamental devem estar plenamente atendidas e os recursos 
estarem acima dos percentuais mínimos estabelecidos pela Constituição 
Federal para a manutenção e o desenvolvimento dessa área de ensino.
Faz parte da esfera municipal o Conselho Municipal de Educação, 
órgão que tem as funções normativa, consultiva, propositiva, mobilizadora, 
deliberativa e fiscalizadora, e o Plano Municipal de Educação, órgão que 
estabelece diretriz e metas para todos os níveis de ensino e modalidades 
de ensino do município.
A lei nº 9394/96 estabelece as atribuições dos estabelecimentos de 
ensino (art. 12). Estes, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema 
de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e 
financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula 
estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada 
docente;
Políticas Públicas e Educação
15
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor 
rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando 
processos de integração da sociedade com a escola;
VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência 
e o rendimento dos alunos e sobre a execução de sua 
proposta pedagógica. (BRASIL, 1996)
Percebe-se que se os envolvidos nas esferas federal, estadual, 
o Distrito Federal, os municípios, os estabelecimentos de ensino e os 
docentes desenvolverem de forma satisfatória as atribuições que a lei lhes 
confia, poderemos ter no Brasil uma educação básica de boa qualidade e 
acessível a todos.
Considera-se que é de grande importância e necessário o empenho 
da sociedade no sentido de fiscalizar e cobrar das diversas instâncias 
educacionais o cumprimento das suas obrigações. Nesse sentido, a 
sociedade organizada (associações diversas, entidades profissionais, 
empresas, igrejas, sindicatos, etc.) deve colaborar e exigir dos poderes 
públicos atenção prioritária e absoluta para o ensino fundamental, criando 
melhores condições de trabalho, destinando os recursos materiais, 
financeiros e humanos necessários à universalização da educação básica, 
por meio de uma política educacional séria e duradoura.
Com esse esforço conjugado, inclusive com as unidades escolares 
levandoa sério à questão administrativa na ótica democrática, poderemos 
estabelecer no Brasil uma educação de melhor qualidade.
ACESSE:
Para saber mais sobre os órgãos responsáveis pela 
educação no país, acesse o portal do MEC. Disponível aqui.
Para além das diretrizes estabelecidas no âmbito da LDB, o 
sistema educacional brasileiro pode contar com a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) que é um documento estruturado em âmbito nacional, 
cujo objetivo é auxiliar o funcionamento da educação básica no Brasil e, 
ainda, estabelecer metas de conhecimento e aprendizagem para todas as 
instituições de ensino do país. 
Políticas Públicas e Educação
https://bit.ly/36fEMVs
16
Dessa maneira, a partir da BNCC, os órgãos e instituições de 
ensino passam a se preocupar com uma dinâmica educacional mais 
integrativa, ou seja, deixa de lado a temática da acumulação de conteúdo 
e se concentra mais no estudo dos conteúdos a partir de uma ótica que 
vivencia a realidade de cada instituição. Seria, portanto, a situação das 
instituições começarem a atuar para além do funcionamento entre muros 
e, portanto, começar a compreender as necessidades da comunidade 
na qual a escola se encontra inserida para que se consiga conectar o 
conteúdo com a realidade. 
Figura 3 - Os efeitos da BNCC
 
O aluno compreende 
a realidade
O aluno desperta 
o senso crítico
O aluno constrói 
a realidade de 
maneira dinâmica e 
contextualizada
Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2017)
O que deve ser primordial para compreender um pouco melhor 
o funcionamento da BNCC é perceber que sua elaboração não ocorreu 
de maneira isolada, ou seja, várias questões sociais, normativas, políticas 
e econômicas foram levadas em consideração para que o texto fosse 
fechado. Entretanto, a grande meta de toda a introdução da BNCC era, tão 
somente, estimular e sistematizar mudanças reais na educação brasileira. 
A administração da escola nos processos 
educativos e seus recursos
A administração da escola, envolvendo recursos físicos, materiais, 
financeiros e humanos, foi o foco da ação da gestão no tempo da escola 
conservadora, elitista e orientada pelo paradigma Positivismo, que via os 
processos educacionais fragmentados e atuava sobre eles, um de cada 
vez e como um valor em si mesmo, para garantir a qualidade do ensino. 
Políticas Públicas e Educação
17
Segundo essa concepção paradigmática limitada, o diretor escolar 
dedicava a maior parte do seu tempo buscando garantir esses recursos 
para a escola, na expectativa de que os processos educacionais fluíssem 
naturalmente. 
Houve, porém, uma mudança paradigmática na dinâmica humana, 
associada às mudanças substanciais no modo de ser e fazer e nas 
dinâmicas sociais e de todos os empreendimentos humanos, implicando 
em mudanças da superação da ótica limitada da administração em si 
para a da gestão de caráter abrangente e interativo (Lück, 2007). Essa 
mudança paradigmática coloca a administração como uma dimensão de 
papel subsidiário para a ação educacional, no contexto de várias outras 
dimensões da gestão.
A gestão administrativa, portanto, se situa no contexto de um 
conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão escolar, 
passando a ser percebida como um substrato sobre o qual se assentam 
todas as outras, mas também percebido com uma ótica menos funcional 
e mais dinâmica.
A passagem de uma ótica fragmentada da educação para uma 
ótica organizada pela visão de conjunto (Lück, 2007) tem implicações de 
grande repercussão sobre a gestão da escola, demandando a contínua 
articulação entre o modo de pensar e de fazer o trabalho educacional e a 
necessidade de promoção de articulações e interações, análise conjunta 
dos diferentes aspectos da realidade, análise do relacionamento entre os 
objetivos específicos de cada área de atuação, com os objetivos gerais 
da educação e do projeto pedagógico escolar e a associação desses 
objetivos com o uso educacional de espaços, bens materiais e físicos e 
recursos financeiros, voltados para a sua realização.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre ações, projetos e vários programas 
com premiações e formações, acesse o site do Conselho 
Nacional de Secretários de Educação. Disponível aqui.
Políticas Públicas e Educação
https://bit.ly/35cOF6i
18
Nesse sentido, há uma mudança de significado dos recursos, que 
passam a valer não por sua existência na escola, mas pelo uso que se faz 
deles no processo educacional, conforme definido no quadro a seguir.
Quadro 1 - Mudança de significado de recursos utilizados em educação 
diante da mudança de paradigma de administração para gestão
Administração Gestão
 A disponibilidade de recursos a servirem 
como insumos constituem-se em 
condição que garante a qualidade do 
ensino. Uma vez garantidos os recursos, 
estes, naturalmente, garantiriam a 
qualidade do ensino.
Recursos não valem por si mesmos, mas 
pelo uso que deles se faz, a partir do 
significado a eles atribuído pelas pessoas 
e a forma como são utilizados por elas na 
realização do processo educacional.
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
Portanto, a gestão administrativa ganha perspectivas dinâmicas e 
pedagógicas. Essa gestão é referida pelo Prêmio Nacional de Referência 
em Gestão Escolar (Consed, 2007) como sendo gestão de serviços e 
recursos, abrangendo “processos e práticas eficientes e eficazes de 
gestão dos serviços de apoio, recursos físicos e financeiros”.
São destacados como indicadores de qualidade dessa dimensão: a 
organização dos registros escolares, a utilização adequada das instalações 
e equipamentos, a preservação do patrimônio escolar, a interação escola/
comunidade e a captação e aplicação de recursos didáticos e financeiros.
VOCÊ SABIA?
Você sabia que o site do Consed contém um programa de 
educação financeira voltado para escolas e possui diversos 
materiais de apoio para formação desse tema? Dentre 
eles, os livros para alunos e professores dos ensinos médio 
e fundamental I e II. Esses livros estão disponíveis para 
download ou leitura on-line. É só acessar o site e saber mais 
sobre isso.
Políticas Públicas e Educação
19
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, 
vamos rever algo do que vimos. Fizemos uma abordagem 
sobre a estrutura administrativa do sistema em níveis federal, 
estadual e municipal, conselhos e órgãos que normatizam 
o ensino com a finalidade de um correto funcionamento da 
escola, além da abordagem da administração escolar, seus 
recursos e a mudança pragmática de “administração” para 
“gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente 
do processo educativo mais democrático.
Políticas Públicas e Educação
20
Declaração Universal dos Direitos 
Humanos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender o 
que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da 
mesma, seus pressupostos e sua importância. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
O que é a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos?
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento base 
da luta contra a opressão e a discriminação, defendendo a igualdade e 
a dignidade das pessoas, reconhecendo que os direitos humanos e as 
liberdades fundamentais devem ser aplicados a todo cidadão do planeta.
Foi aprovada na Assembleia Geral da ONU em 1948. Os direitos 
humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que 
haja discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por 
qualquer outro motivo (como religião e opinião política). 
Eles podem ser civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade 
perante a lei e à liberdade de expressão. Podem também ser econômicos, 
sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à educação e coletivos, 
como odireito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos 
universais é feita por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por 
exemplo.
Políticas Públicas e Educação
21
Histórico da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos começou a ser 
pensada quando o mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra 
Mundial, encerrada em 1945. Outros documentos já haviam sido redigidos 
em reação a tratamentos desumanos e injustiças, como a Declaração 
de Direitos Inglesa (elaborada em 1689, após as Guerras Civis Inglesas, 
para pregar a democracia) e a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (redigida em 1789, após a Revolução Francesa, a fim de proclamar 
a igualdade para todos).
Depois da Segunda Guerra e da criação da ONU (também em 1945), 
líderes mundiais decidiram complementar a promessa da comunidade 
internacional de nunca mais permitir atrocidades como as que haviam 
sido vistas na guerra. Assim, elaboraram um guia para garantir os direitos 
de todas as pessoas e em todos os lugares do globo.
O documento foi apresentado na primeira Assembleia Geral da 
ONU, em 1946, e repassado à Comissão de Direitos Humanos para que 
fosse usado na preparação de uma declaração internacional de direitos.
Na primeira sessão da comissão, em 1947, seus membros foram 
autorizados a elaborar o que foi chamado de “esboço preliminar da 
Declaração Internacional dos Direitos Humanos”. Um comitê formado por 
membros de oito países recebeu a declaração e se reuniu pela primeira 
vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, viúva do presidente 
americano Franklin D. Roosevelt. O responsável pelo primeiro esboço da 
declaração, o francês René Cassin, também participou. 
O primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
que contou com a participação de mais de 50 países na redação, foi 
apresentado em setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em 
menos de dois anos. 
Políticas Públicas e Educação
22
Pressupostos da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas 
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos partiu dos seguintes pressupostos:
 • O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros 
da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o 
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.
 • Que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram 
em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e 
que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem 
de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a 
salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta 
aspiração do ser humano comum.
 • Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam 
protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja 
compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a 
opressão.
 • Ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas 
entre as nações.
 • Que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé 
nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor 
da pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da 
mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores 
condições de vida em uma liberdade mais ampla.
 • Que os países-membros se comprometeram a promover, em 
cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos 
direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância 
desses direitos e liberdades.
 • Que uma compreensão comum desses direitos e liberdades 
é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse 
compromisso.
Políticas Públicas e Educação
23
A Assembleia Geral proclamou a presente Declaração Universal dos 
Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos 
e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão 
da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por 
meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos 
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional 
e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios países-membros 
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Fica promulgado:
Artigo 01
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em 
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência 
e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade.
Artigo 02
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos 
e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem 
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, 
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou 
qualquer outra condição. 
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada 
na condição política, jurídica ou internacional do país ou 
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um 
território independente, sob tutela, sem governo próprio, 
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 03
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à 
segurança pessoal.
Artigo 04
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a 
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em 
todas as suas formas.
Artigo 05
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou 
castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo 06
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo 07
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer 
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a 
Políticas Públicas e Educação
24
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal 
discriminação.
Artigo 08
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais 
nacionais competentes remédios efetivos para os atos 
que violem os direitos fundamentais que lhe sejam 
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo 09
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a 
uma justa e pública audiência por parte de um tribunal 
independente e imparcial, para decidir seus direitos e 
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal 
contra ele.
Artigo 11
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem 
o direito de ser presumido inocente até que a sua 
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em 
julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas 
todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou 
omissão que, no momento, não constituíam delito perante 
o direito nacional ou internacional. Também não será 
imposta pena mais forte de que aquela que, no momento 
da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 12
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, 
na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem 
a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem 
direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção 
e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, 
inclusive o próprio e a esse regressar.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito 
de procurar e de gozar asilo em outros países. 
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de 
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito 
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios 
das Nações Unidas.
Políticas Públicas e Educação
25
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua 
nacionalidade, nem do direitode mudar de nacionalidade.
Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer 
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito 
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de 
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e 
sua dissolução. 
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno 
consentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade 
e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo 17
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em 
sociedade com outros. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua 
propriedade.
Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, 
consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de 
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar 
essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo 
culto em público ou em particular.
Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião 
e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem 
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e 
transmitir informações e ideias por quaisquer meios e 
independentemente de fronteiras.
Artigo 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e 
associação pacífica. 
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma 
associação.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no 
governo de seu país diretamente ou por intermédio de 
representantes livremente escolhidos. 
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço 
público do seu país. 
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; 
essa vontade será expressa em eleições periódicas e 
Políticas Públicas e Educação
26
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou 
processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo 22
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito 
à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela 
cooperação internacional e de acordo com a organização 
e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, 
sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre 
desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha 
de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e 
à proteção contra o desemprego. 
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a 
igual remuneração por igual trabalho. 
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma 
remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, 
assim como à sua família, uma existência compatível 
com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se 
necessário, outros meios de proteção social. 
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a 
neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive 
a limitação razoável das horas de trabalho e a férias 
remuneradas periódicas.
Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz 
de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive 
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os 
serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em 
caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice 
ou outros casos de perda dos meios de subsistência em 
circunstâncias fora de seu controle. 
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e 
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro 
ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução 
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e 
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A 
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem 
como a instrução superior, está baseada no mérito;
Políticas Públicas e Educação
27
2. A instrução será orientada no sentido do pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do 
fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano 
e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá 
a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as 
nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as 
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da 
paz;
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero 
de instrução que será ministrada aos seus filhos.
Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente 
da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de 
participar do progresso científico e de seus benefícios;
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses 
morais e materiais decorrentes de qualquer produção 
científica literária ou artística da qual seja autor.
Artigo 28
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e 
internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos 
na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, 
na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua 
personalidade é possível;
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser 
humano estará sujeito apenas às limitações determinadas 
pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido 
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de 
outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, 
da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade 
democrática;
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese 
alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e 
princípios das Nações Unidas.
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder 
ser interpretada como o reconhecimento a qualquer 
Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer 
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição 
de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. 
(CHRISTOFARO, 1948)
Políticas Públicas e Educação
28
VOCÊ SABIA?
Todo ano no dia 10 de dezembro é comemorado o Dia da 
Declaração dos Direitos Humanos.
A importância da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos foi fruto de uma 
evolução de pelo menos de sete séculos e representou um marco 
histórico em matéria de ética. Nas diferentes civilizações da antiguidade, 
cada povo considerava seus valores éticos, consolidados em costumes 
tradicionais, como superiores aos dos demais povos, os quais eram tidos, 
por isso mesmo, como bárbaros, senão como inimigos. Além disso, no 
mundo antigo, os indivíduos achavam-se absorvidos no grupo social, não 
tendo praticamente nenhuma autonomia de vida e atuação.
A Declaração Universal veio alterar radicalmente essa concepção 
ética, ao proclamar, desde o seu artigo de abertura, que “todos os seres 
humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos”. Se todos nós, 
humanos, possuímos a mesma dignidade, nenhum povo, etnia, grupo 
religioso ou gênero sexual pode se considerar superior aos outros. 
Além disso, essa situação de substancial igualdade humana passou a 
concretizar-se em direitos; vale dizer, na capacidade reconhecida a cada 
qual – indivíduo ou grupo social – de exigir dos demais o respeito à sua 
dignidade.
Com isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos veio 
anunciar a abertura de uma nova era na evolução histórica: a unificação 
da humanidade. Superando as divisões tribais, nacionais, étnicas ou 
religiosas, passamos todos a ter consciência de que formamos um só 
grupo na face da Terra, unido pela condição de natural solidariedade. 
Tudo o que prejudica um indivíduo, povo ou etnia prejudica também, 
necessariamente, a humanidade inteira. Mas a História, obviamente, 
não cessa de evoluir. A partir de 1948, duas novas dimensões de direitos 
humanos surgiram, e passaram a ser objeto de documentos internacionais.
Políticas Públicas e Educação
29
A primeira delas diz respeito ao chamado direito à diferença. Com 
efeito, se reconhecemos, de um lado, que a nossa espécie comporta dois 
sexos, cada qual com peculiaridadespróprias e igualmente respeitáveis, 
e se, de outro lado, verificamos que possuímos, todos, uma capacidade 
de permanente criação cultural, é impossível negar que somos, pela 
nossa essência, diferentes uns dos outros. Em 27 de novembro de 1978, 
na Declaração sobre Raça e Preconceito Racial, a UNESCO, reiterando 
que nenhum povo pode considerar-se superior aos demais, afirmou 
que “todos os povos têm o direito de ser diferentes, de se considerarem 
diferentes e de serem vistos como tais”.
A segunda dimensão dos direitos humanos, reconhecida 
posteriormente à Declaração Universal de 1948, é a existência de direitos 
dos povos e de direitos da humanidade. Dentre os primeiros, declarados, 
por exemplo, na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Direitos 
dos Povos de 1981, figuram o direito dos povos a uma existência livre e 
autônoma, bem como o direito ao desenvolvimento, à paz e à segurança.
Por fim, quanto aos direitos da própria humanidade, devem ser 
lembrados, entre outros, o de preservação do meio ambiente mundial 
e o reconhecimento, como declarado pela UNESCO em 1999, de que o 
genoma humano constitui um “patrimônio da humanidade”, sendo, nessa 
condição, insuscetível de apropriação privada para fins empresariais, 
como se tentou obter, em inúmeras ocasiões.
Hoje, cada vez mais, tomamos consciência, pura e simplesmente, 
de que a preservação dos direitos humanos é uma condição de 
sobrevivência da humanidade.
VOCÊ SABIA?
A sede internacional da ONU está localizada em Nova 
Iorque, nos Estados Unidos, e foi projetada por uma equipe 
de arquitetos de diversos países, liderada por Wallace 
Harrison, sendo o projeto final baseado nas propostas 
de Oscar Niemeyer (Brasil) e Le Corbusier (Francês). Foi 
construída entre 1949 e 1952 e está localizada no setor leste 
de Manhattan.
Políticas Públicas e Educação
30
Figura 4 - Sede da ONU
Fonte: Freepik.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, 
vamos rever algo do que vimos. Você foi capaz de entender 
o que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da 
mesma, seus pressupostos e sua importância.
Políticas Públicas e Educação
31
Declaração da UNESCO/ONU sobre 
educação
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender o 
que é a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO 
e a declaração universal sobre raça e preconceito. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
O papel da UNESCO
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação 
Ciência e Cultura é uma agência especializada das Nações Unidas. Ela 
contribui para a construção da paz mundial através da preservação da 
cultura. Como mencionado no tópico anterior, o sistema das Nações 
Unidas tem por objetivo o processo de disseminação de políticas sociais 
que valorizem os Direitos Humanos e, para que isso seja possível, se 
utilizam de instrumentos que assegurem a paz e a segurança internacional, 
conforme estabelece o artigo 2º da Carta das nações Unidas, que se 
encontra disposta da seguinte maneira:
Artº. 2 A Organização e os seus membros, para a realização 
dos objetivos mencionados no Artº. 1, agirão de acordo 
com os seguintes princípios:
A Organização é baseada no princípio da igualdade 
soberana de todos os seus membros; 
Os membros da Organização, a fim de assegurarem a 
todos em geral os direitos e vantagens resultantes da sua 
qualidade de membros, deverão cumprir de boa-fé as 
obrigações por eles assumidas em conformidade com a 
presente Carta;
Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as 
Nações Unidas a intervir em assuntos que dependam 
essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, 
ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos 
a uma solução, nos termos da presente Carta; este 
Políticas Públicas e Educação
32
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas 
coercitivas constantes do capítulo VII.
A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha 
para atender a suas estratégias de atuação em seus países 
membros, institucionais, sociais e econômicas. (ONU, 1945)
Sendo assim, logo no início, já é possível compreender o 
nível de responsabilidade que a ONU assume no que se refere aos 
Direitos Humanos. Ainda, atribui responsabilidades às suas agências 
especializadas, em virtude da quantidade de países e assuntos que 
precisa gerenciar, se tornando impossível administrar todas as questões 
ao mesmo tempo.
Figura 5 – As agências especializadas da ONU
Auxiliam em assuntos específicos
Monitoram o cumprimento das diretrizes estabelecida sem âmbito internacional
Colaboram para o cumprimento dos Direitos Humanos
Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1945)
Neste cenário de agências especializadas apresentado pela 
Organização das Nações Unidas, destaca-se a UNESCO que de acordo 
com Souza e Lara (2014 p.141) observa-se que:
A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha 
para atender as suas estratégias de atuação em seus 
países membros, institucionais, sociais e econômicas. As 
Resoluções que citamos nesse trabalho são da ONU, as 
quais se difundem por diversas regiões do globo. Contudo, 
o conteúdo e a linguagem se configuram no discurso da 
UNESCO, presentes nas diferentes publicações da agência 
sobre a juventude no Brasil, desde 1997 até 2000. (SOUZA; 
LARA, 2014 p.141)
Ainda sobre a criação da UNESCO, observa-se a existência de 
Conferências de Londres, que é o documento jurídico capaz de estruturar 
a UNESCO. Entretanto, como é possível observar anteriormente, sua 
composição é pensada desde a Carta de São Francisco, mais especificamente 
no artigo 57º, conforme especifica STANCMAUSTEA (2015 p. 14)
Políticas Públicas e Educação
33
O Artigo 57 da Carta das Nações Unidas constitui a 
fundação espiritual da UNESCO, pois prevê a criação de 
uma agência especializada para à cooperação nas esferas 
educacionais e culturais, que ‘derrotaria o espírito maligno’ 
e combateria as ideias que levaram a duas guerras 
mundiais e que poderiam levar à aniquilação sistemática 
da vida humana. (STANCAMUSTEA, 2015, p.14)
Dessa maneira, em virtude de sua estrutura e de suas funções 
estabelecidas pela Conferência de Londres, a UNESCO passa a ter as 
seguintes responsabilidades: 
a. Promover a incorporação dos princípios enunciados na presente 
Declaração nas estratégias de desenvolvimento elaboradas no 
seio das diversas entidades intergovernamentais.
b. Servir de instância de referência e de articulação entre os estados, os 
organismos internacionais governamentais e não governamentais, 
a sociedade civil e o setor privado para a elaboração conjunta de 
conceitos, objetivos e políticas em favor da diversidade cultural.
c. Dar seguimento a suas atividades normativas, de sensibilização 
e de desenvolvimento de capacidades nos âmbitos relacionados 
com a presente Declaração dentro de suas esferas de competência.
d. Facilitar a aplicação do Plano de Ação, cujas linhas gerais se 
encontram apensas a presente Declaração.
Ainda sobre o processo de criação da UNESCO, destaca-se que 
a situação observada no pós Segunda Guerra Mundial foi marcada por 
muitos desafios estruturais, políticos e econômicos. De maneira que 
foi necessário que a organização internacional acolhesse informações 
voltadas à ciência, no intuito de analisar e amadurecer as questões 
nucleares para que se evitasse viver novamente situações como a de 
Hiroshima e Nagasaki. 
Observa-se, portanto, que durante todo o período de existência 
da UNESCO muitas medidas foram tomadas no sentido de evidenciar a 
importância da cultura na sociedade e, em especial, nos jovens.
Políticas Públicas e Educação
34
No tocante à temática juventude, a ONU/ Unesco, 
durante sua existência, elaborou diversas resoluçõescom 
proposições e ações geradas nas conferências, fóruns e 
congressos, destinadas a esse estrato social. Em 1965, 
lança a Resolução nº 2.037, denominada Declaração sobre 
a difusão entre os jovens dos ideais de paz, respeito mútuo 
e compreensão entre os povos, com a assertiva de que 
os jovens foram as maiores vítimas na Segunda Guerra 
Mundial. Esse grupo desempenha um papel essencial nas 
várias esferas da sociedade, visto que dirigirá os rumos da 
humanidade. Portanto, é preciso protegê-los. A juventude 
deve conhecer, respeitar e desenvolver o acervo cultural 
da humanidade e de seu país; a educação dos jovens e a 
troca entre os mesmos deve permitir e contribuir com as 
relações internacionais e fortalecer a paz e a segurança 
(ONU, 1965). A Declaração é uma chamada para os 
governos, organizações não governamentais (ONG’s) 
e movimentos de juventude para que esses agentes 
políticos reconheçam os princípios e orientações contidos 
na Declaração e assegurem o respeito aos valores das 
Nações Unidas para os jovens. (SOUZA; LARA 2014 p.141)
No intuito de compreender um pouco mais sobre as questões 
relacionadas com o funcionamento e composição da UNESCO, observa-
se as informações apresentadas por Leitão (s.d, online) ao destacar que 
existem 195 países membros da agência especializada da ONU.
Sede localizada em Paris, na França, a UNESCO conta com 
195 Estados-membros e 8 membros associados. A maior 
parte dos países-membros da ONU integram a UNESCO, 
com exceção dos Estados Unidos, Israel e Liechtenstein. 
Entre os países-membros da UNESCO que não integram 
a ONU estão as Ilhas Cook, Niue e o Estado da Palestina. 
A Palestina tornou-se membro da UNESCO em 2011 após 
uma votação onde a entrada do país foi apoiada por 107 
votos e reprovada por apenas 14 votos. Como represália 
à entrada da Palestina na UNESCO, os Estados Unidos 
acusaram a organização de ser antissemita e deixaram de 
integrar os Estados-membros em 2018, seguido por Israel.” 
(LEITÂO, s.d., online)
Atualmente, destaca-se que a Organização Internacional está 
sendo analisada e se propõe a analisar elementos que se relacionam com 
a educação, cultura e ciência. 
Políticas Públicas e Educação
35
Mas, a UNESCO, após 73 anos de sua criação, ainda é 
referência nas questões relativas à educação, cultura 
e ciência. No âmbito cultural, destaca-se desde a sua 
constituição, a preocupação com o patrimônio que é 
possível verificar, entre outros documentos, no item c do 
primeiro artigo da Constituição da UNESCO, que discorre 
acerca dos propósitos e funções desta organização: 
Manter, expandir e difundir o conhecimento, garantindo 
a conservação e a proteção do legado mundial de livros, 
obras de arte e monumentos de história e de ciência, 
recomendando as convenções internacionais necessárias 
às nações envolvidas. (VIDAL; FONTOURA, 2018 p.03)
Portanto, observa-se que o objetivo principal da UNESCO é 
disseminar uma prática de cultura pelo mundo através dos jovens, visto 
que eles são os sujeitos principais para modificar a realidade do País. Além 
do mais, compreende-se que, ao informar e formar os jovens, a sociedade 
também se beneficiará das práticas de formação cultural da sociedade e, 
consequentemente, o país também colherá os frutos de uma sociedade 
bem instruída, visto que as diferenças poderão ser mais bem equilibradas 
e, assim, a humanidade terá condições de viver em harmonia. Nesse 
mesmo sentido, Souza e Lara (2014 p.142) destacam que:
A declaração nº 2.037/1965, em seu primeiro ponto, 
reporta-se à educação, advertindo que todos os jovens 
devem ser educados no espírito da paz e do respeito 
mútuo, para que promovam a igualdade de direitos dos 
seres humanos, o crescimento econômico e social, na 
busca da paz e da segurança internacional. Todos os meios 
de educação e de ensino à juventude devem fomentar 
os ideais de paz, humanismo, liberdade e solidariedade 
internacional. (SOUZA; LARA, 2014 p.142)
Ainda sobre a importância e maneira de se trabalhar com os 
jovens pelo mundo, a Organização das Nações Unidas (1965) evidencia 
a necessidade de se enaltecer os valores da dignidade e igualdade 
entre os povos, ou seja, os povos não devem permitir um tratamento 
discriminatório entre sua população e, portanto, deve favorecer acesso 
amplo e igualitário para todos os direitos e obrigações. 
É preciso que os jovens sejam educados nos princípios e 
orientações de dignidade e igualdade entre os homens, 
independente de raça, cor, etnia e credo. As organizações 
Políticas Públicas e Educação
36
juvenis devem se adequar a essas direções e buscar 
continuamente o respeito entre as etnias e o intercâmbio 
de jovens de diferentes nações. (ONU, 1965, p. 2)
Figura 6 – Os fundamentos do trabalho com a juventude
Respeito Solidariedade
Igualdade Direitos Humanos
Cooperação
Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02)
Sendo assim, diante do que é possível observar até o presente 
momento, quando a UNESCO defende a promoção da educação, da 
ciência e da cultura, observa-se, portanto, uma conexão estreita com a 
paz e a segurança internacional.
O objetivo da Unesco é promover a paz e a segurança 
mundial por meio da Educação, da Ciência e da Cultura 
entre os seus 193 países membros. Sua sede atual 
localiza-se em Paris e dispõe do Instituto Internacional 
de Planejamento Educacional, que oferece cursos para 
equipes das administrações nacionais. (ROSEMBERG, 2000) 
Figura 7 – A educação como ferramenta da paz mundial
O jovem que estuda
É um jovem que pensa
É um jovem que reflete
É um jovem capaz de mudar uma realidade violenta e desigual
Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02)
Políticas Públicas e Educação
37
De acordo com o que se apresenta na figura acima, um jovem 
que tem acesso à educação será capaz de refletir sobre as causas 
e consequências dos problemas que está vivenciando e, assim, terá 
condições de identificar como a realidade em que vive deveria se 
apresentar para, em seguida, encontrar uma solução adequada para o 
problema em que se encontra diretamente inserido. 
Dessa maneira, a consciência crítica e reflexiva são elementos que 
podem modificar a realidade de qualquer país, independentemente de 
sua condição, pois o desejo de mudar combinado com a competência 
técnica adquirida a partir de estudos especializados, evitará grandes 
problemas sociais, políticos e econômicos. 
Sobre os problemas que a UNESCO se ocupa, destaca-se o caso do 
fechamento das escolas durante a pandemia da Covid-19, onde a agência 
especializada da ONU evidenciou a importância de se evitar o fechamento 
prolongado, sem necessidade, das escolas, visto que os danos para o 
aprendizado serão significativos e, em alguns casos até irreversíveis.
A UNESCO e seus parceiros da Coalizão Global de Educação 
têm defendido a reabertura segura das escolas, insistindo 
que os fechamentos completos sejam usados apenas 
como último recurso. Desde o início da pandemia, em 
todo o mundo, as escolas permaneceram completamente 
fechadas por uma média de 18 semanas (quatro meses 
e meio). Se forem considerados os fechamentos parciais 
(por localidade ou por nível educacional), a duração média 
dos fechamentos em todo o mundo é de 34 semanas (oito 
meses e meio), ou quase um ano acadêmico completo. 
Interrupções prolongadas ou repetidas de aulas, assim 
como o fechamento das escolas, ocorridos durante os 
últimos dois anos acadêmicos, resultaram em perdas 
de aprendizagem e no aumento das taxas de evasão, 
afetando de maneira desproporcional os estudantes mais 
vulneráveis. (UNESCO, 2021)
No que se refere à influência que a UNESCO exerce sobre o Brasil, 
destaca um vasto panorama, onde é possível compreender que para 
cada proposta apresentada pela Organização Internacional, existe a 
estruturação de um plano que coaduna educação, plano de alimentação e 
trabalho, como é o caso do programaFome-Zero e do Primeiro Emprego. 
Políticas Públicas e Educação
38
Conforme destaca Lara e Souza (2014 p.149) no que se refere ao trabalho 
da UNESCO, observa-se que:
As metas desses espaços e deliberações integram os 
princípios da Unesco: igualdade de direitos, liberdade, 
dignidade, cidadania, paz, diversidade e tolerância. A 
concepção de educação para a agência é encontrada 
em um de seus mais famosos relatórios, conhecido 
comumente por Delors (1998), no qual a educação é 
salientada como um meio de tornar os indivíduos cientes 
de suas raízes étnicas e responsável pela edificação de 
um mundo solidário para aceitar as diferentes culturas. 
No bom sentimento, do reconhecimento das diferenças, 
distinto da abordagem economicista do BM e da Comissão 
Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL). A 
concepção de educação no Relatório Delors (1998) possui 
um caráter de promover mudanças no ser individual, 
propondo metas para a educação mundial de forma que 
todas as culturas atendam essa perspectiva de educação. 
A educação é designada como um meio para “construir” a 
solidariedade, o respeito das diferentes culturas e, acima 
de tudo, de promover a paz. (LARA; SOUZA, 2014 p.149)
Mais uma vez, observa-se que a proposta da UNESCO, no 
que se refere ao fortalecimento do sistema educacional, tem como 
pressuposto essencial transformá-lo em instrumento de solidariedade e, 
consequentemente, de paz. Dessa maneira, pensando no compromisso 
com a plena realização dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais proclamadas na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos e em outros instrumentos universalmente reconhecidos, como 
os dois Pactos Internacionais de 1966 relativos respectivamente, aos 
direitos civis e políticos e aos direitos econômicos, sociais e culturais e 
que o Preâmbulo da Constituição da UNESCO afirma: 
“(...) que a ampla difusão da cultura e da educação da 
humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são 
indispensáveis para a dignidade do homem e constituem 
um dever sagrado que todas as nações devem cumprir 
com um espírito de responsabilidade e de ajuda mútua” 
e consciente do mandato específico confiado à UNESCO, 
no seio do sistema das Nações Unidas, de assegurar a 
preservação e a promoção da fecunda diversidade das 
culturas. (UNESCO, 2002)
Políticas Públicas e Educação
39
Destacam-se alguns princípios essenciais para que seja possível 
construir um cenário democrático na sociedade, ou seja, em que as 
pessoas tenham acesso à educação e aos demais direitos que se 
encontram conectados com a educação. 
IDENTIDADE, DIVERSIDADE E PLURALISMO
Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da 
humanidade
Artigo 2 – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural
Artigo 3 – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento
DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS HUMANOS
Artigo 4 – Os direitos humanos, garantias da diversidade 
cultural
Artigo 5 – Os direitos culturais, marco propício da 
diversidade cultural
Artigo 6 – Rumo a uma diversidade cultural acessível a 
todos
DIVERSIDADE CULTURAL E CRIATIVIDADE
Artigo 7 – O patrimônio cultural, fonte da criatividade
Artigo 8 – Os bens e serviços culturais, mercadorias 
distintas das demais
Artigo 9 – As políticas culturais, catalisadoras da 
criatividade
DIVERSIDADE CULTURAL E SOLIDARIEDADE 
INTERNACIONAL
Artigo 10 – Reforçar as capacidades de criação e de 
difusão em escala mundial
Artigo 11 – Estabelecer parcerias entre o setor público, o 
setor privado e a sociedade civil (UNESCO, 2002)
Figura 8 – Os efeitos da aplicação dos princípios da UNESCO
Integram Valorizam a reflexão
Aperfeiçoam a 
democracia
Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESCO (2002)
Políticas Públicas e Educação
40
Portanto, diante do que se observa e baseado nos trabalhos 
desenvolvidos pela UNESCO, destaca-se que existe um vasto trabalho 
que vem sendo desenvolvido pela agência especializada em estudo 
e que, portanto, o compromisso em se utilizar da educação como 
instrumento essencial para construção da paz é ponto focal dos trabalhos 
do órgão. Nesse sentido, é possível identificar que a agência especializada 
integra as diretrizes estabelecidas na Agenda 2030 que versam sobre os 
objetivos do desenvolvimento sustentável. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, 
vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é 
a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO e a 
declaração universal sobre raça e preconceito.
Políticas Públicas e Educação
41
Constituição da República Federativa do 
Brasil
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender o 
que é a Constituição da República Federativa do Brasil e 
seu capítulo sobre a educação, cultura e desporto. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Capítulo III – Da educação, da cultura e 
do desporto – Artigos de 205 a 214 
A Constituição Brasileira de 1988 foi escrita pelo Congresso Nacional 
do Brasil e aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte em 22 de 
setembro de 1988 e promulgada em 5 de outubro de 1988. A Constituição 
é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de 
validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do 
ordenamento jurídico. Durante esses 30 anos, após a promulgação da Lei, 
muitas Emendas Constitucionais foram acrescentadas.
No texto abaixo, segue os artigos relacionados à EDUCAÇÃO e à 
regularização em relação às emendas. Como visto anteriormente, segue 
abaixo os artigos de 205 a 214 já com as regularizações das emendas 
constitucionais. 
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
SEÇÃO I
DA EDUCAÇÃO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e 
da família, será promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)
Políticas Públicas e Educação
42
Diante do que se observa no dispositivo transcrito, o ordenamento 
jurídico considera que a educação é instrumento essencial para a 
solidificação da cidadania, ou seja, de um sistema capaz de incluir e 
aceitar as diferenças a partir de reflexões pessoais e coletivas. Destaca-se, 
portanto, que será através da educação que o sistema social será capaz de 
ser modificado, de forma, portanto, que não se admite um poder público 
que venha a minimizar a importância da educação no âmbito social.
No que se refere aos princípios que fundamentam o direito à 
educação no sistema jurídico brasileiro, destaca-se que se baseiam 
essencialmente na massificação da educação para todos os povos, 
ou seja, não pode haver entraves para que a população tenha acesso 
direto ao sistema educacional do País. Essa questão está explicitamente 
apresentada no artigo 206 da Constituição Federal e, encontra-se disposta 
da seguinte maneira:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência 
na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos 
oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, 
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com 
ingresso exclusivamente por concurso público de provas 
e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais 
da educação escolarpública, nos termos de lei federal. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). 
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de 
trabalhadores considerados profissionais da educação 
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou 
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
(BRASIL, 1988)
Políticas Públicas e Educação
43
Os princípios acima elencados visam, como observado 
anteriormente, o amplo acesso ao estudo, independentemente de 
condições pessoais, políticas, econômicas e sociais. Além do mais, muito 
embora esteja evidenciada a priorização do ensino gratuito para todos os 
brasileiros e não apenas para as pessoas que se encontram em estado 
de vulnerabilidade social, não se pode afastar o direito de pessoas de 
alta renda se beneficiarem da gratuidade da educação. Essa questão 
é meramente de igualdade de oportunidades para todas as pessoas, 
por isso o poder público deve estar organizado para oferecer amplas 
oportunidades para quem deseje ou precise ter acesso à educação.
No que se refere ao acesso dos jovens às Instituições de Ensino 
Superior, os artigos 206 e 207 da Constituição Federal apresentam 
peculiaridades, pois ao passo em que se afirma a obrigatoriedade do 
ensino gratuito, destaca-se que em virtude da ausência de IES de ensino 
superior para suprir as demandas da sociedade, surgem as IES de ensino 
superior privadas e que podem acolher jovens que desejem frequentar e 
realizar cursos superiores ou técnicos. 
Além do mais, o artigo 207 estabelece questões relacionadas 
ao funcionamento estrutural das IES de ensino superior e, portanto, 
estabelece autonomia funcional e patrimonial às IES públicas ou privadas, 
mas devem cumprir com as determinações apresentadas por lei, como 
é o caso do cumprimento das questões relacionadas com o ensino, 
pesquisa e extensão. 
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, 
e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre 
ensino, pesquisa e extensão.
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, 
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996)
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de 
pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 11, de 1996). (BRASIL, 1988)
Ainda no que se refere à obrigatoriedade da educação gratuita, 
convém destacar que os elementos estão indicados no artigo 208 da 
CF e se referem apenas à educação básica que vai dos 4 aos 17 anos. 
Políticas Públicas e Educação
44
Observa-se ainda, que o mesmo dispositivo evidencia não apenas a 
obrigatoriedade da educação gratuita, mas também da necessidade de 
se colocar as crianças e jovens na escola. A referida questão relaciona-
se com a responsabilidade direta das famílias ou responsáveis para com 
a educação das crianças e jovens, podendo inclusive responder por 
abandono caso se omita no processo de educação das crianças. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado 
mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) 
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive 
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram 
acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional 
nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores 
de deficiência, preferencialmente na rede regular de 
ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças 
até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa 
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às 
condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da 
educação básica, por meio de programas suplementares 
de material didático escolar, transporte, alimentação 
e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito 
público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder 
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade 
da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos 
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, 
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. 
(BRASIL, 1988)
Políticas Públicas e Educação
45
Ainda, no que se refere ao disposto no artigo 208, observa-se 
a necessidade do poder público estar devidamente organizado para 
oferecer a educação para sua população na faixa etária entre 4 e 17 anos 
e, por ser obrigatória, não pode existir a possibilidade de ausência de 
vaga, de estrutura ou de profissionais. Portanto, da mesma maneira que 
os responsáveis pela criança ou jovem podem ser responsabilizados por 
omissão, as autoridades competentes podem ser responsabilizadas pelo 
descumprimento dos preceitos constitucionais estabelecidos. 
Ainda, no que se refere ao ensino básico, observa-se que existe 
um ponto importante no processo de educação das crianças e jovens, a 
necessidade da escola estar devidamente em contato com as famílias ou 
responsáveis pelo indivíduo, ou seja, o dever de zelar e motivar o processo 
de ensino e aprendizagem é tanto da escola, como também das famílias 
ou responsáveis. 
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as 
seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder 
Público. (BRASIL, 1988)
No que se refere à possibilidade de oferecer instrução educacional, 
como foi observado anteriormente, cabe tanto a iniciativa privada como ao 
poder público. Entretanto, o poder público tem a função direta de autorizar e 
avaliar periodicamente os cursos que são provenientes de iniciativa privada. 
O objetivo é, portanto, fiscalizar o tipo de serviço que está sendo prestado 
e, se for o caso, como deve melhorar a prestação de serviço. 
Figura 9 – Órgãos responsáveis pelo serviço educacional
Autorizado e fiscalizado 
pelo poder público
Público
Privado
Educação
Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1988)
Políticas Públicas e Educação
46
No que se refere aos conteúdos que se destinam ao cumprimento 
das diretrizes pedagógicas das séries, o BNCC estabelece uma dinâmica 
diferenciada para os novos currículos, onde partirá da ideia de uma 
reestruturação na gestão pedagógica e, ainda, no próprio curriculum 
escolar, pois visa um sistema que integra a realidade escolar com o 
sistema social. Em outras palavras, a escola deverá aplicar as diretrizes 
pedagógicas a partir da realidade que a Instituição de Ensino se encontra 
devidamente inserida. 
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino 
fundamental, de maneira a assegurar formação básica 
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, 
nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em 
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas 
também a utilização de suas línguas maternas e processos 
próprios de aprendizagem. (BRASIL, 1988)
Importante
No que se refere aos objetivos traçados pela BNCC, destaca-se o 
evidenciado por Brasil (2017) ao especificar que:
A partir de 2020 os professores devem começar a ser 
formados para o trabalho com os novos referenciais 
curriculares alinhados à Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC). Você terá um papel fundamental:é o responsável 
por liderar a revisão do Projeto Pedagógico (PPP ou PP) 
e a formação continuada dos professores na escola, 
duas ações imprescindíveis para que os novos currículos 
cheguem às salas de aula e apoiem cada dia mais 
professores e alunos. (BRASIL, 2017)
No que se refere ao sistema de colaboração entre a União, o 
Distrito Federal, Estados e Municípios, destaca-se um regime essencial 
de ordenação de interesses e competências, visto que cada setor acima 
mencionado irá dispor uma função específica e, de forma alguma, poderá 
invadir as competências jurisdicionais dos demais setores responsáveis 
pela educação. O que é importante compreender neste processo é a 
capacidade de integração inerente à condição da prestação de serviço 
Políticas Públicas e Educação
47
educacional e, portanto, os setores devem estar trabalhando de maneira 
a cumprir os princípios da educação. 
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios organizarão em regime de colaboração seus 
sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o 
dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas 
federais e exercerá, em matéria educacional, função 
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização 
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de 
qualidade do ensino mediante assistência técnica e 
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente 
no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a 
universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente 
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
53, de 2006). (BRASIL, 1988)
No que se refere aos valores financeiros que se destinam a 
educação, o artigo 212 da Constituição Federal evidencia de maneira clara, 
as porcentagens de cada ente, qual seja, federal, municipal ou estadual. 
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de 
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de 
impostos, compreendida a proveniente de transferências, 
na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela 
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é 
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, 
receita do governo que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no “caput” 
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino 
Políticas Públicas e Educação
48
federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na 
forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará 
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino 
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia 
de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano 
nacional de educação. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e 
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão 
financiados com recursos provenientes de contribuições 
sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de 
financiamento a contribuição social do salário-educação, 
recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Decreto 
nº 6.003, de 2006)
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da 
contribuição social do salário-educação serão distribuídas 
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na 
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). 
(BRASIL, 1988)
Ainda no que se refere à possibilidade de repasse de recursos 
públicos para instituições de ensino do setor privado, destaca-se o 
evidenciado no artigo 213 da Constituição Federal que especifica esta 
possibilidade, desde que se comprove como instituição sem fins lucrativos. 
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas 
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus 
excedentes financeiros em educação;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra 
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao 
Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser 
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental 
e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem 
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas 
e cursos regulares da rede pública na localidade da 
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado 
a investir prioritariamente na expansão de sua rede na 
localidade.
Políticas Públicas e Educação
49
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo 
e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou 
por instituições de educação profissional e tecnológica 
poderão receber apoio financeiro do Poder Público. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 
2015). (BRASIL, 1988)
Diante do que foi exposto, observa-se que a Constituição Federal 
é um instrumento complexo, mas completo de questões relacionadas 
ao sistema educacional. Essa percepção apresenta uma característica 
integrativa com os documentos internacionais analisados neste estudo, 
como é o caso da Convenção que cria UNESCO. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, 
vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é 
a Constituição da República Federativa do Brasil e seu 
capítulo sobre a educação, cultura e desporto.
Políticas Públicas e Educação
50
REFERÊNCIAS
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do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível 
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nº 248, 23.12.96, p. 27833-27841. Disponível em: http://bit.ly/37R0D6i. Acesso 
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Políticas Públicas e Educação
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VIEIRA, S. L. Política educacional no Brasil: introdução histórica. 
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Políticas Públicas e Educação
	tituloviiicapituloiiisecaoi
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	art208i.
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	art211§1.
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	art212
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	art212§5.
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	art213i
	art213ii
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	art213§2.
	Instâncias administrativas e organizacionais
	Órgãos responsáveis pela educação – MEC
	A administração da escola nos processos educativos e seus recursos
	Declaração Universal dos Direitos Humanos
	O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos?
	Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos
	Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
	A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos
	Declaração da UNESCO/ONU sobre educação
	O papel da UNESCO
	Constituição da República Federativa do Brasil
	Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de 205 a 214

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