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FACULDADE UNINASSAU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA:Fundamentos da Fenomenologia e Existencialismo
Estudo Dirigido Para AV2
	= ALUNO
	
	MATRÍCULA
	
	DISCIPLINA
	Fundamentos da Fenomenologia e Existencialismo
	DATA DA PROVA
	
	PROFESSOR
	TIPO DE PROVA
	
	TURMA
	
	CÓDIGO DA TURMA
	
	NOTA
	
Na clínica da gestalt-terapia, bem como nas demais propostas humanistas, o conceito de “presença do terapeuta” é de suma importância, discuta o que você entende sobre este assunto.
Pensar no papel do terapeuta na relação terapêutica em Gestalt-terapia, é pensar em algo que se constituiu ao longo do tempo, de acordo com o desenvolvimento da teoria que é a base do trabalho desse terapeuta.
O trabalho do terapeuta é ajudar seus clientes na descoberta de si, acompanhando-os nessa caminhada, de modo a ampliar sua "awareness", seu crescimento e seu amadurecimento.
A relação que se estabelece entre cliente e terapeuta é um dos aspectos mais importantes do processo psicoterapêutico e a psicoterapia utiliza a postura dialógica, priorizando o humano que há no outro. Assim, o objetivo da terapia é uma experiência mútua, de estar em relação com a pessoa, é uma experiência de encontro, um encontro genuíno, onde o cliente é recebido como ele é, com suas forças e fraquezas, limites e possibilidades.
Por isso, a Gestalt-terapia é uma prática que requer disponibilidade do terapeuta para investir, para "caminhar junto" com o cliente e para se envolver num processo humano. Portanto, ele precisa ter algumas características, como empatia, capacidade de ouvir e prestar atenção no outro, não julgar, estar disponível e aberto ao encontro genuíno, ser curioso, criativo e observador, se abrir para o novo, permitir-se ser ignorante, ou seja, perguntar querendo conhecer, estar pronto para o inesperado, além de viver de verdade sua vida, entre tantas outras.
A teoria que embasa o processo da relação terapeuta-cliente nessa abordagem é a filosofia de Martim Buber, conhecida como relação dialógica, na qual as palavras-princípio Eu-Tu e Eu-Isso demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo que fundamentam a existência do homem.
De acordo com Ribeiro (2007), a Gestalt-terapia é uma abordagem que tem por objetivo a arte do contato. É através do contato, na promoção de um encontro mais rico e criativo, que o mal-estar vivido pelo cliente pode ser ampliado e transformado em novas formas de existência. Discuta o lugar deste conceito de “contato” na Gestalt terapia e demais propostas.
Teoria do Contato
A Gestalt foi por muito tempo, e ainda é considerada a terapia do contato. Atualmente é nomeada como Gestalt-Terapia, a qual teve como catedrático Fritz Perls em 1951, este adaptou os conceitos filosóficos da Gestalt para a prática de maneira simples e clara.  Ribeiro (1985, p.132) assegura que, “[...] a Gestalt-Terapia é uma proposta humanística de ver o homem em toda a sua plenitude, em pleno desenvolvimento de suas potencialidades”.
Dessa forma percebe-se que a Gestalt-Terapia, tem raízes na teoria holística e na fenomenologia. A primeira das teorias defende as mudanças do indivíduo, ou seja, a evolução procedente do contato, pois somente assim a pessoa se mantém viva. Já a fenomenologia, asseverada por Ribeiro (1985), consiste no processo pelo qual a realidade objetiva da pessoa é transposta para a mesma de tal modo que sua compreensão tenha também chegado à sua essência, isto é, faz tomar posse daquilo que de fato, o caracteriza como ser no mundo, um dado absoluto que individualiza e formaliza.
Com relação ao contato, Ribeiro (2007b, p. 11) enfatiza que; “[...] é pelo contato com o outro que me percebo como existente”, isso vem a significar que a terapia do contato está presente nas relações intra e interpessoais dos indivíduos enquanto seres existenciais. Para Ginger, S. e Ginger, A. (1995, p. 17, grifo do autor) acentua que: “[...] a Gestalt, para além de uma simples psicoterapia, apresenta-se como uma verdadeira filosofia existencial, uma arte de viver, uma forma particular de conceber as relações do ser vivo com o mundo”.
Portanto contato é a troca de experiências, de sentimentos e/ou de relação não apenas com o outro, mas consigo mesmo e com o mundo, pois é pelo contato com o outro que me percebo como existente. Ribeiro (1985) relata que a pessoa deve ser vista em seu comportamento e compreendida a partir de sua visão dentro de um determinado campo com o qual ela se encontra relacionando.
Por sua vez, Lopes (1987) descreve que mesmo em um momento inoportuno, ocorre contato, que provem de estímulos presentes. O que confere em modificações advindas do meio externo, que consequentemente altera o ser em seu aspecto biopsicossocioespiritual. Na teoria de Goodmam sobre o contato, este enfatiza quatro fases principais abordadas por Ginger, S. e Ginger, A. (1995, p.130-131) que são:
· Pré-contato: fase de sensações, durante a qual a percepção ou excitação nascente em meu corpo, geralmente por um estímulo do meio, tornar-se-á a figura que solicita meu interesse.
· Tomar contato: fase ativa, no decorrer da qual o organismo vai enfrentar o meio. Trata-se aqui, não do contato estabelecido, ou seja, de um estado, mais sim de um processo.
· Contato final ou contato pleno: é o momento essencial de confluência saudável, de indiferenciação entre o organismo e o meio, entre o eu e o tu, momento de abolição da fronteira, unificação do aqui agora.
· Pós-contato ou retratação: fase de assimilação, que favorece o crescimento.
· 
Para Jaccard (1990) a fronteira de contato, relacionada ao contato final ou contato pleno, consiste no estudo da maneira como a pessoa funciona em seu meio social, sendo os seus pensamentos, ações e reações, comportamentos e mesmo as emoções. Já para Ginger, S. e Ginger, A. (1995), a fronteira é o ajustamento entre o organismo e o meio, assim a fronteira de contato ou limite, é a adequação da pessoa a uma determinada situação alocada.
Segundo Ribeiro (2007b, p. 13) “[...] todo contato implica uma relação. Primeiro eu existo, depois sinto, penso, faço e falo. Primeiro eu percebo a realidade fora de mim, depois eu percebo que percebi e percebo o que percebi”. Isso vem assegurar que o contato procede a partir da awareness, que é o ato de se ter consciência da própria consciência.
Fazer contato é indagar para onde as coisas correm naturalmente, é se ver projetado no amanhã. O contato só ocorre quando diferenças ocorrem. Ao ter uma percepção do outro já está havendo um contato, pois o outro lhe é referência, existindo no pensamento.
Não se deve esquecer que para a Gestalt só se aprende quando se compartilha experiências, Macedo (2002, não paginado) profere que “o simples fato de dizer não sei, já significa que o mesmo tem a capacidade de se conhecer, e compreendendo suas limitações está trocando informações, que seria contato intrapessoal”. Tal contato refere-se à troca perceptiva de experiências do eu para com o eu.
No entanto para Prette, Z. A. P. e Prette, A. D. (2009), todos utilizam de formas diferenciadas na troca das relações. Dessa forma a relação no cônjuge que tende, a ser uma expectativa de liberdade e transparência, nem sempre é presenciada, pois o casal se prende em fortes tabus, que não os permitem se aproximar um do outro acarretando conflitos, desgastes e infidelidades. Geralmente o vínculo amoroso consiste num desejo de que um seja o cúmplice do outro, onde o marido e a esposa se compreendam e aceite as suas desigualdades (diferenças) tais como são.
Defina e discuta o conceito deawareness.
O conceito de awareness em Gestalt-terapia, tem como característica a tomada de consciência do sujeito de forma global no momento presente, como um conjunto da percepção pessoal, emocional, interior e ambiental.
Quanto maior a awareness alcançada em uma terapia, maior a possibilidade do ser humano ser protagonista ou artista de sua história. Sendo assim, a terapia gestáltica é capaz de trazer o paciente para o aqui-e-agora, e nesta oportunidade, diante de um suporte na relação terapêutica,o paciente é capaz de elaborar questões, novas experiências e transformar padrões de relacionamento consigo próprio, com os outros e com o mundo. Tal processo exige que o terapeuta crie técnicas e experimentos a partir de sua criatividade, desde que não deixe de lado os princípios epistêmicos fenomenológicos que caracterizam a abordagem gestáltica e os objetivos desta terapia. Desta forma é possível criar técnicas associadas às artes, tais como dança, música, desenho entre outras, a fim de alcançar a awareness.
De inspiração existencial-fenomenológica, a Gestalt-terapia apoia-se em um certo número de técnicas, jogos e exercícios dentro do contexto de sua abordagem. Na Gestalt-terapia, discuta o objetivo do processo terapêutico.
O trabalho do terapeuta é ajudar seus clientes na descoberta de si, acompanhando-os nessa caminhada, de modo a ampliar sua "awareness", seu crescimento e seu amadurecimento.
A Gestalt-terapia é uma prática psicoterapêutica que se orienta por uma visão integradora do homem, procurando vê-lo como um todo, não como um "neurótico", um "esquizofrênico" ou como um "isso" ou "aquilo". A patologia é apenas mais uma das várias partes do todo que aquele indivíduo é, e sua "doença" é encarada como a maneira mais "saudável" que encontrou para enfrentar situações insuportáveis ou conscientemente inconciliáveis.
Não significa que há uma negação do estado patológico, do sofrimento do paciente pelo estado em que se encontra. Somente é feito um novo enfoque, baseado na constatação que - através de tal estado - a pessoa foi capaz de sobreviver e de chegar até ali, ao ponto em que está. E, assim como houve uma necessidade para esta pessoa organizar-se desta maneira, a Gestalt-terapia questiona se não haveria outras maneiras, outras formas de ser e viver, que possam atender mais precisamente ao momento na qual a pessoa vive - suas necessidades atuais (RODRIGUES, 2000).
Ela parte do pressuposto que cada indivíduo apresenta sua específica organização interna, pois cada ser é único e inigualável e o seu funcionamento é sua melhor tentativa de se adaptar ao meio. Logo, se houve uma estrutura constituída para dar conta de um problema sofrido, esta estrutura teve sua necessidade, surgiu para uma função em alguma época e se hoje é tida como uma "doença" é porque se encontra desatualizada em relação ao contexto presente de vida.
Por isso, o trabalho clínico é voltado para uma ampliação da consciência do indivíduo sobre seu próprio funcionamento, sobre como ele age ou como se bloqueia em sua tentativa para alcançar seu próprio equilíbrio.
Dessa forma, o foco terapêutico é deslocado das mãos do terapeuta e vai para a relação terapêutica, onde o terapeuta trabalha para que o indivíduo perceba a responsabilidade sobre suas escolhas e alcance dentro de seu próprio tempo e possibilidades, uma atitude mais autônoma e autossustentada.
Analise e discuta sobre a figura, discuta os conceitos que estão nela:
"Self” não é um conceito fácil de ser traduzido em português, porque não se pode fazê-lo com uma única palavra. Em inglês, "self", é um nome, um substantivo, algo, portanto, com existência própria. Como você definiria o conceito de Self para a Gestalt terapia?
É composto por ego, id e personalidade e é o sistema de contatos em qualquer momento, sendo flexível e variado de acordo com as necessidades orgânicas e os estímulos, é um sistema de respostas que tem como atividade formar figuras e fundos, em suma é a fronteira de contato em funcionamento.
O corpo e o momento catártico são um importante fatores a serem ressaltados no psicodrama e nas psicoterapias humanistas dentro do contexto clínico. A catarse rompe a armadura corporal, levando-nos a vivenciar o corpo de forma mais adequada às circunstâncias atuais. Por outro lado, essas novas experiências corporais nos sustentam e nos capacitam a escolher comportamentos que tenham mais relação com as nossas preferências, em vez de agirmos de acordo com as velhas maneiras e de nos permitirmos ser governados por padrões. (Gershoni, 2008.) Discuta o papel das emoções e do corpo nas psicoterapias de base humanista.
No humanismo, o indivíduo é visto como um ser holístico. Ou seja, como um todo, seu corpo, mente, espírito e emoções. O ser humano é considerado um ser único, com sua psique naturalmente saudável e como um indivíduo bom. As pessoas são seres ativos e capazes de se desenvolverem, em busca da sua autorrealização.
O humanismo propõe uma abordagem terapêutica não-diretiva e centrada na pessoa. Parte-se do pressuposto que é o indivíduo que possui a responsabilidade pela condução e pelo sucesso do tratamento.
O humanismo é considerado como uma abordagem otimista. Enfatiza que todo indivíduo deve se transformar na melhor pessoa que deseja e pode ser.
O objetivo da terapia humanista é propor confrontos e questionamentos que levem o indivíduo a refletir sobre o seu “eu ideal” e sua autoimagem, buscando a congruência, pois é o indivíduo que possui o controle do processo terapêutico. Dessa forma, o psicoterapeuta deve possuir três qualidades: congruência, empatia e oferecer consideração positiva incondicional.
A empatia consiste em se colocar no lugar do cliente, enxergar as coisas como ele vê e sentir como ele sente, e é importante comunicar a ele esse processo, para que ele tenha confiança no método. A consideração positiva incondicional trata-se de receber a pessoa e aceitá-la como ela é, demonstrando respeito. E por último, a congruência é manter a relação profissional com o cliente de forma autêntica, para conduzir a pessoa nesse processo.
Discuta sobre a ênfase da Gestalt-terapiano "aqui e agora", seus mitos e de como a psicoterapia absorve este conceito.
A definição de aqui-e-agora
As definições de aqui-e-agora apresentadas nas entrevistas versam sobre a temática do Fluxo de Temporalidade. Dessa forma, o aqui-e-agora é entendido como articulação de uma unidade temporal em que passado, presente e futuro se revelam continuamente a cada momento e não podem ser compreendidos separadamente: "Passado e futuro se constelam no aqui-e-agora. Eles se configuram no aqui-e-agora. Eles existem no aqui-e-agora" (E3).
O aqui-e-agora é compreendido como interação unificada da totalidade de forças passadas, presentes e futuras mutuamente influenciáveis. Ou seja, a perspectiva de linearidade e causalidade temporal é substituída por uma concepção fluida de campo, em que os todos os tempos estão constantemente sendo atualizados: "Aqui-agora é fluxo de temporalidade (...) no fluxo da temporalidade eu escolho abordar o momento presente, o instante, o imediato, a experiência, a vivência" (E1).
Ao escolher trabalhar em psicoterapia a experiência imediata, invariavelmente escolhem-se também os momentos passado e futuro que se articulam nesse fluxo temporal e que organizam o fundo sobre o qual o sujeito se constitui. Mesmo que o trabalho psicoterapêutico se debruce em uma memória passada ou em uma condição de possibilidade futura, a expressão da pessoa é figura de um campo de totalidade na relação não apenas com o mundo, mas com um mundo atravessado pela temporalidade: "o passado existe quando se lembra de alguma coisa" (E3). Por isso os eventos passados e futuros referidos são processos fluidos que não se manifestam de forma definitiva, mas são figuras emergentes no campo aqui-e-agora, que por sua fluidez, podem vir a ser outra figura logo a seguir:
o aqui-e-agora, de fato, é a única coisa que você pode ter acesso. Se você me contar a história da sua vida que aconteceu até hoje, você vai falar isso no agora, não tem outro jeito (...) aquilo que o paciente se lembra, se recorda, traz como história, como passado, não é necessariamente o que aconteceu. É aquilo que ficou registrado (...) e o que nós estamos interessados é como isto é vivido e que sentido tem para o paciente naquele momento (E3).
Dessa forma, passado, presente e futuro são entendidos a partir de suas instabilidades e mutabilidades, e especialmente, a partir de suas tensões e articulações, seja como fundoque constitui o sujeito, seja como elemento formador de novas figuras, os eventos estão continuamente se transformando e só podem ser desvelados no aqui-e-agora.
Identifica-se que nesse grupo há uma recuperação ontológica do sentido de temporalidade que rompe com as concepções lineares e determinantes do sujeito. O aqui-e-agora está concebido, no discurso dos entrevistados, pela permanência de todos os tempos vividos e, por isso, passado e futuro encontram lugar na estrutura da realidade presente. Isso, entretanto, não significa apenas a análise da memória e da antecipação como atos no presente, ou seja, a presentificação de todos os tempos, mas também, como observa F. Perls (2012) é a noção de que o presente é uma experiência em transformação constante. O aqui-e-agora se refere a uma configuração atual e em constante mudança que contém material novo do ambiente e não apenas a reunião de situações passadas, "é, portanto, diferente do que poderia ser relembrado (ou conjecturado)" (Perls et al., 1997, p. 48).
Costa (2004) descreve que a organização das memórias de pessoas que compartilharam uma mesma experiência, se dá de maneiras distintas. As relações que dão sentido e significado à experiência são retidas de diferentes for-mas e, portanto, são particulares, de modo que o sujeito não tem a posse do tempo passado, mas a retenção de como esse passado aparece agora para ele. Isto se apresenta em consonância com a perspectiva temporal husserliana, em que passado e futuro não estão no presente, mas se revelam por meio dele. Nesse sentido, Perls et al. (1997) acrescentam que qualquer passado que não seja de interesse do sujeito, ou seja, não está aparecendo através do presente, não é psicologicamente real.
Essa perspectiva de temporalidade que vem sustentar a compreensão do aqui-e-agora se encaixa nos próprios princípios gestálticos de totalidade, e sendo compreendida como fluxo, ela abarca o todo temporal ao invés de dividir partes da vida da pessoa em instantes estanques de passado, presente e futuro. Além disso, essa compreensão se faz inevitável, já que é o entendimento do aqui-e-agora enquanto fluxo temporal que oferece fundamentação ao estabelecimento do trabalho clínico e norteia o próprio fazer gestáltico.
O lugar do aqui-e-agora na clínica	
Este último grupo reúne as descrições dos participantes sobre o lugar que o aqui-e-agora ocupa em sua prática clínica e apresenta os desdobramentos práticos das definições e fundamentações teóricas apresentadas nos eixos anteriores. Foi dividido nas seguintes unidades temáticas: 1. Conexão com a totalidade temporal da experiência; 2. Responsabilização; 3. Ressignificação; 4. Postura do terapeuta e; 5. Problemática da utilização do aqui-e-agora enquanto técnica.
Na primeira, o aqui-e-agora é compreendido como unidade temporal que articula passado, presente e futuro. Há uma compreensão de que a possibilidade de conexão com a totalidade da experiência se vivencia no aqui-eagora e permite concentração ao imperativo da situação clínica, ao "que acontece naquele momento (...) ao que está acontecendo entre as duas pessoas" (E2).
Se o aqui-e-agora é definido por meio do fluxo de temporalidade, o termo, aplicado ao trabalho psicoterapêutico, pode se constituir como uma compreensão que produz uma certa inteligibilidade sobre as relações do cliente com a totalidade da sua experiência "Você fez isso daqui (fechar a mão) quando estava falando determinada coisa, que que isso quer dizer?. É uma maneira do sujeito se conectar como toda essa experiência" (E2). Ou como podemos testemunhar no exemplo de E3 que descreve um momento de seu atendimento clínico:
Então, neste aqui-e-agora, neste momento que ela [paciente] disse: 'fiz minhas unhas pela primeira vez', ela estava atualizando todo um passado, ela está trazendo todo um (...) 'eu consegui assumir minha 'mulheridade'. (...) Você percebe que neste momento (que ela mostra as unhas), isto é um momento, é num aqui e num agora que ela me mostra o esmalte das unhas. Que em si mesmo, objetivamente falando, não precisa ter um significado é só um esmalte qualquer: Risqué, Impala... Mas esse momento fala de toda uma história de vida passada e futura. Eu quase ousaria dizer que é um 'turning', né, um ponto de virada. Foi um momento decisivo para o processo dessa mulher, de parar de sofrer. Ela sempre se considerou vítima de um pai que a abusou, e ela foi vítima desse pai; mas ela não é mais. Não a impede de pintar as unhas e ser mulher atraente.
O aqui-e-agora aparece, então, como possibilidade de conexão do sujeito à totalidade da sua experiência temporal como demonstra E1 ao defender a consideração também dos eventos passados: "isso não significa anular o meu passado, porque na verdade é a inversão, significa assim: Aproprie-se do teu passado como teu".
A segunda unidade temática pretende mostrar que a noção do aqui-e-agora alicerça uma psicoterapia em que há o estímulo à apropriação e responsabilização do paciente pela sua própria vida e pelos eventos que está narrando. A maneira com que isso ocorre na prática clínica, entretanto, aparece de formas diversas para os dois entrevistados que discorreram sobre o tema. Para E1 o aqui-e-agora seria a forma de integrar a pessoa à sua própria experiência, retirando-a de um mero "falar sobre":
observar quanto que o paciente conseguia vivenciar uma parte da fala dele. Isso eu sempre fico atento. O que ele fala, vamos dizer, é uma fala presente ou uma fala etérea? (...) é como se (o paciente) estivesse falando em terceira pessoa. Então o aqui-e-agora seria uma espécie de convite para ele se apropriar disso 'oh essa vida que você tá falando aqui é tua'!
Enquanto para E3, nenhuma fala do paciente seria etérea e, portanto, independente do conteúdo, esta também levaria a integração do sujeito à sua experiência. Ou seja, inclusive a narrativa aparentemente desconexa está implicada na conexão com a totalidade temporal do paciente:
A minha experiência é: não importa o que o cliente esteja falando, ele está falando de coisas que estão acontecendo agora. Sempre. E ele está falando de coisas importantes de serem ditas. Ainda que essa forma de dizer possa ser algo como: 'Nossa, ontem choveu, né'; ou 'Ah! Eu vou viajar esse fim de semana, queria tanto que não chovesse!'. Parece que é uma fala que não tem nada haver. E a princípio não tem. (...) Conforme o paciente fala mais coisas você vai percebendo que tem uma ligação. As coisas estão ligadas (...). Nada do que dizemos, fazemos ou pensamos é à toa.
Seria, então, por meio da apropriação e responsabilização da pessoa pelos eventos da sua própria vida que a ressignificação (terceira unidade temática) pode se dar, isto é, conectar o fluxo temporal permite a mudança terapêutica de ressignificação:
Eu não sou vítima de um passado, eu posso mudar isso e eu posso até transformar isso, né (...) questão da possibilidade de transformação a partir de você se dar conta dos recursos que você tem. Não que você mude o que aconteceu, você muda a compreensão que você tem daquilo. E na medida que você muda a compreensão você pode usar, passar a usar aquilo como um recurso" (...) E nesse sentido, o passado de novo se faz presente. Só que aí de uma outra forma, não como lembrança mas como transformação. E aí transforma inclusive o passado. Então, nenhum passado é estático (E3).
A implicação para que a autonomia do paciente seja restituída na relação psicoterapêutica é que haja uma mudança da postura do próprio terapeuta (quarta unidade temática) de modo que os acontecimentos são compreendidos a partir dessa relação, como fica demonstrado no exemplo de E3 sobre um atendimento assistido no qual estava participando:
a problemática que o paciente traz é a dificuldade com mulheres, e eu: 'e é mesmo, mas porque, como...'. Aí o [instrutor] me interrompe e diz assim: 'Você é uma mulher'! (...) 'Fala comigo, como é comigo?'. Está aqui, a gente não precisa ir lá. Mas não é fácil perceber isso, não é fácil.
O aqui-e-agora também aparece, nesta unidade, como um momento em que a presença,a possibilidade genuína de aceitação e disponibilidade, excede a comparência e permite alcançar o ponto de virada, de conscientização, ou de percepção que a pessoa possa ter de si mesmo e que promove transformação. É, portanto, para além de qualquer técnica, um momento que permite a emergência da situação clínica: "Aqui-e-agora não é o mesmo que presente (...) aqui-agora é como se fosse uma ênfase, uma escolha, um ponto de partida; como se fosse um porto-seguro, uma âncora pra qual eu possa basear uma ação interventiva" (E1).
A quinta unidade temática (a problemática da utilização do aqui-e-agora enquanto técnica) surge como forma de reiterar o aqui-e-agora enquanto fluxo de temporalidade. Isso porque o termo não aparece, na prática clínica descrita pelos entrevistados, relacionado a uma técnica específica. Ou seja, os exemplos práticos estão de acordo com a concepção processual de sujeito e não de um caminho facilitado pela técnica, que saciaria o julgamento do terapeuta mais do que possibilitaria ao paciente usar seus recursos quando disponíveis.
Nesse sentido, dois entrevistados não mencionaram o termo associado a nenhuma técnica e um deles ainda destacou que apesar da dificuldade em fugir da utilização de artifícios, recursos e estratégias para "promover" o aqui-e-agora, é necessário refletir sobre a problemática que isso pode acarretar:
Então ele acaba sendo confundido com uma técnica e não é 'Ah eu uso o aqui agora' 'Tá, você usa o aqui agora, que legal... você usa o aqui agora, ainda bem porque se não, né?' Porque se eu usasse o passado eu jamais teria uma terapia, né, eu sempre marcaria e desmarcaria porque já foi, né (...) até entendo que é razoável pensar tecnicamente. Só que de novo pensar tecnicamente assim é reduzir o aqui-e-agora a um construto, uma operatividade, criando inclusive um problema terrível do tipo: 'eu vou criar formas para que isso aconteça, eu vou criar técnicas para que...'. Então tá, vamos criar técnicas para o apaixonamento (...) é uma mitologia que se cria. E aí paradoxalmente se perde o fluxo, né (E1).
Neste grupo foi possível perceber que os exemplos práticos que abrangem o tema são congruentes com as definições teóricas do eixo anterior. Nessa perspectiva, o aqui-e-agora não é considerado por meio de uma operatividade, isto é, enquanto técnica, mas como o que fundamenta a visão de homem livre e autônomo, a prática clínica direcionada à responsabilização do paciente por sua própria vida e o trabalho com os recursos disponíveis no momento. Portanto, falar na conexão com a totalidade de experiência proporcionada pelo aqui-e-agora não significa objetivar o termo, mas inseri-lo como constituinte da visão de homem não determinado temporalmente com a qual o terapeuta embasará seu trabalho.
Esta concepção de experiência dada no fluxo de temporalidade parece restituir a autonomia e a responsabilidade do paciente, além de possibilitá-lo a ressignificação. Considerando que desde seu surgimento essa dinâmica terapêutica pretendia se distanciar da psicologia que estava sendo articulada, a aplicação prática dessa abordagem implica na mudança de postura do terapeuta que renuncia uma posição de autoridade e não mais detém o poder da interpretação sobre as manifestações do paciente. Dessa forma, podemos afirmar que o aqui-e-agora não implica apenas na conexão à totalidade da experiência do paciente, mas também na concepção de experiência do terapeuta perante a relação clínica que se estabelece.
A partir da abordagem gestáltica é possível considerar o indivíduo de forma global, plena e como ser indivisível constituído na relação constante com o ambiente. A manutenção desta relação, então, se efetiva pelo ajustamento criativo que, ao mesmo tempo em que possibilita ao indivíduo satisfazer suas necessidades, também propicia a adaptação a situações diversas, sendo, então, uma forma saudável de manter o equilíbrio do organismo. Discut o conceito de ajustamento criativo.
São os ajustamentos criativos que atuam no processo de autorregulação do organismo na medida em que é através do potencial criativo de inventar novos modos de interação com o meio que se estabelece o equilíbrio entre aquilo que se necessita com aquilo que o meio dá como possibilidade.
O ajustamento criativo é “uma forma que [...] o indivíduo emprega em sua vida visando uma manutenção de um equilíbrio interno” (MAGALHÃES, 2009, p. 62). “Também pode ser entendido como expressão, a cada momento, da melhor forma possível desse indivíduo autorregular-se no contato com o mundo” (AGUIAR, 2005, p. 70).
-Para a Gestalt-terapia é fundamental que o ser humano conheça o mais profundamente possível a sua dinâmica psíquica e identifique a intencionalidade de suas ações. Isso justifica a Gestalt-Terapia ser compreendida como: “Abordagem original, não deturpada e natural da vida; isto é, do pensar, agir e sentir do homem. O indivíduo comum, sendo criado numa atmosfera cheia de rupturas, perdeu sua Inteireza, sua Integridade” (PERLS et al., 1997, p. 32). Discuta o trecho acima a partir das suas leituras
Gestalt-Terapia é uma abordagem de inspiração fenomenológica; é definida por seus criadores como a abordagem original, não-deturpada e natural da vida: isto é, do pensar, agir e sentir do homem originariamente inteiro e mergulhado no mundo.

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