Unidade 3 AULA 3

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Unidade 3
O novo capitalismo consciente
Aula 3
ESG no mundo: para começar a conversa
Objetivo da Aula:
Apresentar as perspectivas e desafios do ESG no mundo.
Entender como as transformações no capitalismo ocorreram.
Analisar de que maneira essas transformações do capitalismo estão alinhadas com os princípios ESG.
Conceitos Abordados:
Economia, Capitalismo, Investimentos, Desigualdade
Fundamentação Teórica
Às vezes, é difícil acreditar, principalmente em tempos de pandemia, quando tantas conquistas sociais e econômicas, materiais e de bem-estar social, vão andando para trás. Mas houve sim uma evolução do mundo em direção a uma maior igualdade socioeconômica nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos 1990.
 
No século 19, por exemplo, propriedades e riquezas eram concentradas nas mãos de poucos, com uma distância entre miséria e prosperidade muito maior do que a da atualidade. Não havia, praticamente, o meio termo, da classe média. Era não só injusto, mas produzia muito menos crescimento para ser distribuído do que foi possível no século 20, especialmente a partir da segunda metade após a Segunda Guerra Mundial. No período depois da chamada Grande Guerra houve estímulo para produção e consumo (que acabou sendo excessivo ao longo dos anos, vale pontuar) com o objetivo de reerguer as nações atingidas direta ou indiretamente pelo conflito.
No entanto, ainda falta muito para que o desenvolvimento econômico venha acompanhado por um equilíbrio de direitos em todo e qualquer país. Um dos pensadores mais expoentes da atualidade é o economista francês Thomas Piketty, que incomodou uns e despertou o interesse de outros ao lançar em 2014 o livro O Capital no Século XXI, colocando as desigualdades de renda e patrimônio novamente no centro de um debate acalorado, especialmente na Europa e no Estados Unidos. Em entrevista ao jornal espanhol El País, Piketty, professor da Escola de Economia de Paris, afirmou:
O bom resultado é aquele que funciona. Defendo um sistema de socialismo participativo. Também se pode falar de economia participativa ou circular. A ideia é que precisamos da participação de todos, não apenas na vida política, mas também na econômica. Não pode haver hiperconcentração do poder em um pequeno número de pessoas. O poder deve circular. E esse movimento está em andamento: o capitalismo hoje é diferente daquele do século XIX. O capitalismo puro consiste em concentrar todo o poder dos proprietários e nos acionistas, poder demitir quem quiser e quando quiser, ou triplicar o aluguel do inquilino da noite para o dia. Um capitalista do século XIX veria como uma heresia os regulamentos atuais para limitar os direitos dos proprietários.
(El País, 24 de novembro de 2019)
Note que, apesar de fazer um contraponto ao capitalismo com uma possível nova forma de socialismo (e que relaciona e aproxima a um tipo de economia já ocorrendo, que é a participativa ou circular), o especialista indica que o capitalismo hoje é muito menos selvagem do que foi em seu estado puro ao surgir. Porém, as desigualdades socioeconômicas persistentes nos mais diferentes territórios indicam que estamos distantes de justiça e equilíbrio.
Ao pensarmos os pilares e a essência que dão forma ao conceito ESG, estão em consonância com as ideias de Piketty. É preciso distribuir riqueza e, apesar do ESG ser parte de um sistema que nasceu para privilegiar lucro acima de tudo o mercado financeiro, já não é mais um sistema sustentável para uma empresa se manter competitiva em médio e longo prazos. Talvez nem mesmo no curto. Lembrem-se da mudança de paradigmas que vem com as atuais gerações Millennials e Z. Para começar a conversa com a sociedade, o ESG no mundo deve estar alinhado com perspectivas que de fato distribuam melhor os resultados financeiros e encontre alternativas para a não exploração ambiental.
Videoaula
Contextualização
Boa parte de governos, empresas e consumidores já compreendeu a importância por trás da sigla ESG, mas os países em desenvolvimento e seus mercados emergentes ainda estão para trás na conversa. Além disso, estão sob pressão para que alinhem o quanto antes os critérios de sustentabilidade, responsabilidade social e governança crescentes globalmente para continuarem a receber investimentos. Políticas de combate ao desmatamento em lugares como a Amazônia, por exemplo, estão na mira dos investidores, dos pequenos aos gigantes.
A conclusão é de um relatório da Fitch Ratings, uma das três maiores agências de classificação de risco de crédito, divulgado em dezembro de 2020.
Esperamos que as políticas de bancos de mercados emergentes cubram mais questões ESG ao longo do tempo, embora as políticas dos bancos de mercados desenvolvidos também estejam em expansão
afirmou na ocasião Mervyn Tang, analista da Fitch.
O documento mostrou que bancos são essenciais no impulsionamento da adoção de políticas ESG pelas empresas. São os que mais influenciam a política ambiental das corporações (e suas transformações). Afinal, depende do setor desde empréstimos até a coordenação de vendas de ações e títulos. São até mais determinantes do que sanções governamentais. Assim, muitas organizações agora fazem parte de iniciativas que promovem produtos financeiros verdes, como empréstimos atrelados à sustentabilidade e incorporam metas antidesmatamento para alcançarem linhas de financiamento.
É preciso ressaltar que, globalmente, ainda são poucos os investidores que têm restrições amplas para o investimento em setores ligados ao desmatamento, por exemplo. Por isso, se faz tão necessária a pressão da sociedade civil.
 
Referências Bibliográficas
BASSETS, Marc. Thomas Pikkety: “Proponho um imposto que permita dar 120.000 euros a todo mundo aos 25 anos ``. 24 de novembro de 2019. El País. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/22/economia/1574426613_189002.html> Acesso em abril de 2021.
PIKKETY, Thomas. O Capital no século XXI. Editora Intrínseca. São Paulo. 2014.
Bancos de países em desenvolvimento estão atrasados em ESG, diz Fitch. 11 de dezembro de 2020. Agência Bloomberg via Exame. Disponível em: <https://invest.exame.com/esg/bancos-de-paises-emergentes-pressionados-para-adotar-financiamento-verde> Acesso em abril de 2021.
Qual é o futuro do investimento ESG. 8 de outubro de 2020. Exame Invest Pro. Disponível em: <https://exame.com/invest-pro/qual-e-o-futuro-dos-investimentos-em-esg/> Acesso em abril de 2021.
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