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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: O SURGIMENTO DO CONCEITO ......................... 5 3. COMO OBTER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CONSTRUÇÃO? ..................... 7 4. CERTIFICAÇÕES E LICENÇAS REGULAMENTARES ...................................... 9 5. COMO APLICAR PRÁTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .......................... 10 6. SIMULAÇÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFICAÇÕES ............... 11 7. ENVOLTÓRIA ................................................................................................... 12 8. ILUMINAÇÃO .................................................................................................... 13 9. CONDICIONAMENTO DE AR ........................................................................... 14 10. RESULTADOS DE PRÁTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................... 15 11. VISÃO INTERNACIONAL SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE .............................................................................................. 16 12. VISÃO NACIONAL SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE 19 13. SUSTENTABILIDADE ....................................................................................... 24 14. DEFINIÇÃO DE SUSTENTABILIDADE ............................................................. 25 15. CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE SUSTENTABILIDADE ......................... 27 15.1 Principais Características das Construções Sustentáveis .............................. 27 16. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................................ 28 17. ALTERNATIVAS PARA ALCANÇAR A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS EDIFICAÇÕES ......................................................................................................... 30 18. USO EFICIENTE DE JANELAS E VIDROS ....................................................... 30 19. COBERTURA VERDE ....................................................................................... 31 20. O AQUECIMENTO DE ÁGUA PELO SOL ......................................................... 33 21. O SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA POR ACUMULAÇÃO ..... 34 22. ENERGIA FOTOVOLTAICA .............................................................................. 36 23. ENERGIA EÓLICA ............................................................................................ 38 24. VENTILAÇÃO .................................................................................................... 40 25. MATERIAIS DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL UTILIZADO EM EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS ........................................................................................................ 41 26. TIJOLO ECOLÓGICO ....................................................................................... 42 27. CIMENTO ECOLÓGICO ................................................................................... 44 28. TUBULAÇÕES PEAD E PPR ............................................................................ 45 29. TORNEIRAS AUTOMÁTICAS ........................................................................... 46 30. BACIA COM DESCARGA DUPLA ..................................................................... 47 31. LÂMPADAS DE LED ......................................................................................... 48 32. TINTAS DE TERRA ........................................................................................... 49 33. PISO DE BAMBU .............................................................................................. 51 34. MADEIRA PLÁSTICA ........................................................................................ 52 35. TELHAS ECOLÓGICAS .................................................................................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 56 1. INTRODUÇÃO Figura 1: Sustentabilidade na construção civil. Fonte: https://www.sienge.com.br/blog/sustentabilidade-na-cosntrucao-civil-eficiencia-energetica- como-diferencial-para-construtoras/ Foi-se o tempo em que era possível imaginar a vida sem a eficiência energética na indústria da construção. Hoje em dia, somos fortes dependentes de equipamentos, máquinas e dispositivos eletrônicos nos processos da construção. Alguns itens que, rapidamente, tornaram-se indispensáveis na rotina da maioria ao redor do mundo. Um dos grandes desafios quando pensamos em sustentabilidade na construção civil, é trazer a eficiência energética para dentro do canteiro de obras. Para garantir uma construção em harmonia com o meio ambiente, além da utilização de materiais verdes e reciclados, blocos ecológicos e reutilização da água, é preciso atentar para o consumo de energia que o empreendimento demanda. A situação é urgente. Atualmente, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o setor construtivo é responsável por aproximadamente metade do total de quilowatts produzidos no planeta. No Brasil, o cenário não é menos alarmante. Segundo dados levantados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 44% de toda energia elétrica consumida no país é destinada ao setor da construção civil, seja nos setores residenciais, públicos ou comerciais. A necessidade de reduzir estes indicadores com eficiência energética, além de garantir a sustentabilidade na construção civil, passa também por tornar o empreendimento ainda mais rentável. Selos sustentáveis também agregam valor à obra e são um diferencial para toda construtora. Uma boa etiqueta no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) é fundamental para a valorização do imóvel. Por isso, é hora de buscar fazer mais com menos e aplicar a ideia de eficiência energética no empreendimento. https://www.sienge.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil-materiais-de-construcao-sustentaveis/ https://www.sienge.com.br/blog/tijolo-de-terra-bloco-ecologico-solucoes-para-sustentabilidade-na-construcao/ https://www.sienge.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil-reuso-de-agua/ https://www.iea.org/ https://www.iea.org/ http://ufsc.br/ https://www.sienge.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil-para-vender-mais/ https://www.sienge.com.br/blog/selos-de-sustentabilidade-agregando-valor-as-suas-obras/ https://www.sienge.com.br/blog/selos-de-sustentabilidade-agregando-valor-as-suas-obras/ http://www2.inmetro.gov.br/pbe/ http://www2.inmetro.gov.br/pbe/ 2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: O SURGIMENTO DO CONCEITO Figura 2: Eficiência Energética. Fonte: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=18&Cod=1494 Com valor agregado e ampla utilização, entra em jogo a sustentabilidade. O surgimento da eficiência energética corresponde à necessidade de repensar o consumo em prol do meio ambiente, das empresas e dos usuários em geral. O objetivo econômico foi o que motivou a proposta inicial do conceito. A partir daí, o setor da construção passou a contar com uma variedade de benefícios relacionados à eficiência energética. São exemplos: redução do desperdício, menores índices de poluição, uso mais eficaz dos recursos naturais, além da melhora na saúde e no bem-estar dos profissionais. As vantagens são tantas que foram criadas normas de avaliação e padronização. A Etiqueta PBE Edifica, criada pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é um bom exemplo. O selo mede a eficiência energética deconstruções, com o objetivo de incentivar o uso racional da eletricidade e reduzir gastos desnecessários. Mas qual o resultado? Metade do gasto energético em edifícios novos com classificação A e 30% a menos em reformas. A ABNT NBR 15575, em vigor há cinco anos, é uma norma de regulamentação que controla indicadores na construção civil, relacionando a qualidade da obra com seus impactos diretos na vida dos indivíduos. Em resumo, ela garante que “o bom desempenho de uma edificação habitacional possa ser medido de acordo com sua capacidade de atender às necessidades humanas. Assim, engloba áreas como estabilidade estrutural, http://www.pbeedifica.com.br/ https://www.enelx.com.br/blog/2017/03/etiqueta-mede-eficiencia-energetica-de-edificacoes/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2018/05/norma-de-desempenho-e-sustentabilidade/ desempenho térmico, luminoso e acústico, resistência contra fogo e, ainda, os sistemas hidrossanitários.” 3. COMO OBTER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CONSTRUÇÃO? Figura 3: Eficiência energética na construção. Fonte: http://fontes-energeticas.blogspot.com/ Em meio a tantos procedimentos internos e externos à organização, às vezes é complicado saber por onde começar. Afinal, como tornar as práticas da construção civil sustentáveis e, ao mesmo tempo, rentáveis? É junto à concepção do projeto que deve-se pensar nas adequações às condicionantes locais e, ao mesmo tempo, em soluções que gerem uma performance mais expressiva. A ventilação, a iluminação e o aquecimento são aspectos importantes, que precisam ser considerados ao desenvolver a planta de autoria. Maximizar a exposição da obra ao fluxo de ar favorece a iluminação natural e ganhos de calor. Ambientes com boa circulação entre as áreas interna e externa são mais sustentáveis, otimizando o uso de itens que consomem energia elétrica, como ares-condicionados, lâmpadas e aquecedores. Para localidades com temperaturas mais elevadas, ambientes gramados e/ou arborizados contribuem para a harmonização da temperatura ambiente. Existem várias outras técnicas que podem ser aplicadas, de acordo com as necessidades verificadas no projeto: resfriamento evaporativo e umidificação, ventilação vertical, inércia térmica e aquecimentos solar ou artificial são algumas delas. A racionalização do consumo de energia também pode estar inclusa na cor da tinta aplicada em paredes e tetos, na seleção dos materiais mais adequados, no sistema de aberturas de portas e janelas, no tipo de vidro empregado e no uso da vegetação para sombreamento. Assim, o projeto que busca diminuir o consumo de energia e melhorar a sustentabilidade também precisa adotar fontes de energia alternativas, como eólica e fotovoltaica. https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2016/11/materiais-de-construcao-civil/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2016/08/energia-solar-nas-construcoes/ Outros potenciais de economia incluem a captação da água da chuva e de ares- condicionados, bem como o reaproveitamento dessa água. Tudo isso levando em conta o terreno, o clima local e a rotina do público dessa edificação, com aplicação das estratégias bioclimáticas de forma integrada e complementar. 4. CERTIFICAÇÕES E LICENÇAS REGULAMENTARES Que a construção civil gera diversos impactos ambientais, não é novidade. Muitos deles são necessários para o desenvolvimento da indústria e, também, das cidades como um todo. Felizmente, é possível atingir o equilíbrio e continuar https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2016/08/como-reaproveitar-a-agua-no-canteiro-de-obras/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2018/05/impactos-ambientais-da-construcao/ investindo no setor de forma que os danos causados sejam minimizados — ou até mesmo evitados. O licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes é uma das maneiras de prever possíveis compensações e potenciais efeitos causados pelas intervenções no ecossistema, como erosão e assoreamento do solo, fauna e flora, nascentes e recursos hídricos, lagoas, dunas, mangues e outros cenários frágeis. Existem, ainda, diversas certificações que surgiram recentemente ou foram atualizadas, com o objetivo de atestar se uma obra é ou não sustentável. No Brasil, as principais são: Leadership in Energy and Environmental Design (LEED); Selo Procel de Edificações; Processo AQUA; Selo Casa Azul; Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), com quatro classificações: Geral, que inclui envoltória, iluminação e condicionamento de ar; Parcial da envoltória, que inclui fachadas, cobertura, aberturas envidraçadas e vãos; Parcial da envoltória e do sistema de iluminação; Parcial da envoltória e do sistema de condicionamento de ar. Lembrando que todas elas podem ser fornecidas tanto para a edificação completa, quanto para os blocos, pavimentos ou conjuntos de salas. Podemos encontrar diversas leis, regulamentações, licenças, etiquetas e certificações para garantir que o meio ambiente sofra o mínimo possível com as construções. Por outro lado, é possível também assegurar uma edificação sustentável desde a sua concepção. Quando o objetivo está em fazer mais e melhor, certamente haverá obras mais inteligentes, duráveis e benéficas. 5. COMO APLICAR PRÁTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 4: Eficiência energética. https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2018/02/licenciamento-ambiental-para-obras/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2017/01/principais-certificacoes-ambientais-que-as-construtoras-precisam-conhecer/ https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/2016/03/certificacao-leed-da-greenbuilding-o-que-voce-precisa-saber/ Fonte: http://www.motoreletrico.net/index.asp?InCdSecao=3&InCdEditoria=1&InCdMateria=337&pagina=&Si nais+dos+tempos Reduzir o consumo de energia e aplicar práticas de eficiência energética em edificações se torna um pouco mais complexo do que se pode observar no exemplo doméstico. Afinal, a eficiência energética nas construções não visa somente reduzir o consumo na obra, mas sim aplicar medidas que garantam uso inteligente de energia após a entrega, quando o empreendimento estará habitado e em pleno funcionamento. Medidas que valorizam o imóvel e garantem a sustentabilidade na construção civil. 6. SIMULAÇÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFICAÇÕES Uma simulação energética identifica pontos críticos de consumo de energia na edificação. Diversos softwares oferecem este serviço, como o S3E e o Energy Plus. A https://www.sienge.com.br/ebooks/o-desafio-dos-engenheiros-em-buscar-tecnologias-para-reduzir-o-consumo-de-energia/ http://www.s3e.ufsc.br/ https://energyplus.net/ partir deste diagnóstico, é possível determinar práticas para otimização do consumo de energia e melhores indicadores de sustentabilidade dentro da construção. A simulação energética pode ser realizada anteriormente à construção do edifício, a partir do projeto arquitetônico. Assim, antes mesmo de colocar a mão na massa, a construtora já tem uma projeção detalhada dos efeitos que diferentes ações podem gerar na obra. O que leva a descobrir qual será o impacto no consumo de energia se for utilizado determinado material na fachada, efeitos diretos de estruturas de sombreamento, entre outros fatores que influenciam a gestão de qualidade da obra. 7. ENVOLTÓRIA Figura 5: Utilização de eficiência energética. Fonte: https://imejunior.com.br/2017/12/03/eficiencia-energetica/ Quando pensa-se em eficiência energética, é muito importante centrar esforços na envoltória da construção. Afinal, ao entregar um empreendimento ineficaz nesse quesito, tem-se um edifício frio no inverno e muito quente no verão, exigindoum consumo elevado de energia com aquecedores, umidificadores e condicionadores de ar. As medidas que podem ser tomadas para uma envoltória eficiente variam de acordo com a realidade climática de cada região. A extensão territorial do Brasil e a disparidade climática entre regiões dificulta uma padronização de ações para envoltórias. No entanto, algumas das medidas mais aplicadas são para elevar a etiquetagem de um edifício no PBE são: Cobertura verde: ou telhado verde, filtra o gás carbônico na cobertura do prédio, reduzindo a temperatura e absorvendo até 90% mais calor que sistemas de cobertura tradicionais. Pintura clara: aplicada nas paredes externas e na cobertura do edifício, cores claras não retém calor e auxiliam na redução do consumo de energia do prédio. Vidros inteligentes: vidros eletrocrômicos permitem o controle de luz em determinada área, filtrando a radiação solar que incide sobre eles. Podem ser aplicados tanto na fachada do prédio quanto em ambientes internos. 8. ILUMINAÇÃO Figura 6: Iluminação. Fonte: https://ambscience.com/wp-content/uploads/2019/03/energia-eficiencia-energetica.png A lei é quase que universal: “o último a sair, apaga a luz”. No entanto para conseguir uma boa certificação no PBE e firmar o compromisso do empreendimento para com a sustentabilidade na construção civil, ela não vale. É preciso pensar em medidas que garantam o uso mais inteligente da energia elétrica dentro do edifício, otimizando o consumo e aumentando a eficiência energética. Confira algumas das medidas mais aplicadas para reduzir o consumo com iluminação: Sensores de desligamento automático: sensores de movimento são fundamentais para reduzir o consumo de energia. Luzes de corredores, por exemplo, só serão acionadas em casos de detecção de presença, evitando o desperdício. Energias renováveis: fazendo uso de pequenas turbinas eólicas, painéis fotovoltaicos ou, até mesmo, de sistemas de persianas automatizadas é possível captar e armazenar luz natural. Além da colaboração com a sustentabilidade na construção civil, a medida reduz os custos mensais com energia e ainda acumula uma reserva que pode ser de grande ajuda em casos de queda de energia, mantendo o abastecimento do edifício. Diversas empresas já entenderam o potencial que a luz solar tem para valorizar seus empreendimentos. 9. CONDICIONAMENTO DE AR Independentemente da região do país onde seu empreendimento seja erguido, uma coisa é certa: entre novembro e março faz muito calor. Neste caso, o uso do ar https://www.sienge.com.br/blog/energia-solar-como-alternativa-custos-e-beneficios/ https://www.sienge.com.br/blog/energia-solar-como-alternativa-custos-e-beneficios/ condicionado será imprescindível para garantir o bem estar de todos que irão trabalhar ou viver no edifício. Ainda assim, existem algumas alternativas para, se não eliminar o uso do ar condicionado, criar situações diminuam a necessidade de manter o ar condicionado ligado o dia inteiro e firmar mais uma vez seu compromisso com a gestão da qualidade e a sustentabilidade na construção civil: Ventilação natural: em dias de clima mais ameno, abaixo dos 25ºC graus, por exemplo, somente a ventilação natural já seria o bastante para arejar o ambiente. Uma alternativa é apostar na ventilação cruzada. Ela se vale de vãos de abertura que permitam entrada e saída de ar fresco, podendo ser opostos ou adjacentes, e sua eficiência vai depender de fatores como frequência, velocidade e direção do vento da região. Isolamento térmico: sistemas de isolamento térmico no edifício são responsáveis por manter a temperatura de um ambiente. Por isso, além da redução do ruído, o isolamento térmico garante um consumo de energia elétrica inferior e, consequentemente, mais sustentabilidade na construção civil. Renovação de ar condicionado: em casos de retrofit de edifícios mais antigos, já aparelhados com condicionadores de ar artificiais, é muito importante promover a manutenção das máquinas. Buscar por aparelhos mais novos, com um consumo de energia inferior, ainda que demande um certo custo, reduz os gastos. É um investimento que se paga ao longo da vida útil do edifício. 10. RESULTADOS DE PRÁTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 6: Sustentabilidade na construção civil. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbmsenergiasolar.com.br%2Fsustentabilidade -na-construcao-civil%2F&psig=AOvVaw0I- fAkgMzI4zCI7ksM4KEc&ust=1605656196409000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCLjl zM2diO0CFQAAAAAdAAAAABAD Sempre que uma construtora busca por alternativas para reduzir o consumo de energia em seus empreendimentos, colabora para melhores indicadores de sustentabilidade na construção civil no Brasil. Eficiência energética é selar um acordo de colaboração com o meio ambiente e compromisso social. Além disso, há vantagens financeiras direta para a empresa que vão além da conta de luz ao fim do mês. Segundo pesquisa do The Regeneration Roadmap, pessoas de países emergentes, como o Brasil, estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Daí a importância das etiquetas de sustentabilidade. Para eficiência energética, os selos são atribuídos pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Instituto Nacional de de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que classifica as edificações com etiquetas de A a E. Eficiência energética, portanto, além de colaborar para a sustentabilidade na construção civil, traz benefícios para a construtora e também para os ocupantes do edifício após a entrega e prolonga sua vida útil. Por isso, é hora de fazer mais com menos, e garantir um consumo racional de energia no empreendimento. 11. VISÃO INTERNACIONAL SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE http://theregenerationroadmap.com/ https://www.sienge.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil-para-vender-mais/ http://www.inmetro.gov.br/ http://www.inmetro.gov.br/ Normas de construção estabelecem padrões de desempenho como, por exemplo, nível máximo de consumo de energia para edificações de determinado porte ou padrões mínimos de eficiência energética de equipamentos ou da construção como um todo. Grande parte da Europa e da Ásia e algumas regiões da América do Norte e Austrália estabelecem padrões mínimos de desempenho energético em edificações comerciais e residenciais, tanto em novas edificações quanto nas existentes. Países como França e Alemanha tornaram o retrofit obrigatório para edificações após determinada idade de construção, exigindo a melhora no padrão de consumo energético do imóvel ao passar por reforma ou aumento de área útil ou impedindo edificações que não tiverem um padrão mínimo de desempenho energético de serem alugadas ou vendidas. Em 2004, 65% dos edifícios comerciais existentes na Suíça estavam em processo de retrofit. Além disso, diversas cidades e estados americanos tornaram obrigatória a etiquetagem energética de suas edificações, tornando público seu consumo de energia, entre eles as cidades de Nova York, Washington, D.C. e Austin e os estados da Califórnia e de Washington. O programa nacional de etiquetagem (ENERGY STAR Portfolio Manager) é adotado por cidades como Nova York, Chicago, Boston e Seattle. A cidade de Nova York exige a publicação do consumo energético (e hídrico, em alguns casos) de todas as edificações acima de 4,6 mil m² (50 mil ft²), com auditoria energética obrigatória. No âmbito federal, a agência nacional de habitação dos Estados Unidos (Federal Housing Administration/FHA) administra, desde 1992, o programa Energy Efficient Mortgage (EEM), que apoia a aquisição de imóveis com eficiência energética e projetos de retrofit focados em eficiência energética. Os créditos hipotecários tipo EEM têm como pressuposto a capacidade adicional de pagamentopelos proprietários de imóveis com eficiência energética devido à menor despesa mensal com contas de consumo. Caso o tomador do empréstimo tenha o crédito aprovado junto à instituição financeira para a aquisição de um imóvel, a FHA garante o empréstimo total, incluindo como receitas adicionais o resultado financeiro gerado com as ações de eficiência energética. Os países da União Européia dispõem de uma série de instrumentos financeiros voltados para energia renovável e eficiência energética nas edificações, dentre os quais se destacam os produtos do banco alemão de desenvolvimento KfW, que vinculam as condições de financiamento ao padrão de eficiência energética da edificação. Os empréstimos podem ter prazo de até 30 anos, incluindo 5 anos de carência e 10 anos de juros simples. Na geração de energia solar de forma distribuída, definida como uma fonte de energia elétrica conectada diretamente à rede de distribuição ou situada no próprio consumidor, o setor privado americano inovou ao oferecer a seus clientes residenciais alternativas de financiamento do sistema soluções com investimento inicial zero. No modelo PPA (Power Purchase Agreement), contrato de compra de energia, em português, o cliente paga pela energia produzida um valor fixo (abaixo do preço da concessionária) pela duração do contrato; no leasing, o cliente assume um pagamento mensal fixo, que pode ser reduzido mediante aporte inicial. Caso o cliente consuma menos do que produziu, pode colocar o excedente na rede e receber os créditos correspondentes. Em ambos os casos a instaladora cobre os custos de instalação, dá a garantia do equipamento e faz todo o monitoramento da geração de energia. Ao final do contrato, o cliente pode optar por fazer um upgrade do equipamento, trocando por módulos mais modernos, estender o contrato atual ou ter o sistema removido gratuitamente. Por dispensarem investimento inicial, diminuírem o risco para o proprietário do imóvel e gerarem uma despesa mensal menor do que sua fatura atual de energia, as opções de PPA e leasing tornaram-se nos últimos anos a opção preferida das residências americanas, tendo respondido por 72% das novas instalações em 2014. No entanto, a crescente familiaridade do consumidor americano com a geração solar distribuída, somada à contínua queda de preço dos módulos solares, têm levado analistas a projetarem uma retomada no número de sistemas comprados, que poderá novamente ultrapassar o número de sistemas sob os regimes PPA e leasing em 2020. Cabe ressaltar que a experiência internacional aponta vantagens das construções sustentáveis em relação às construções tradicionais para os diversos stakeholders. Para os empreendedores imobiliários, potenciais benefícios incluem prêmio de preço, custos mais baixos de construção e menor tempo para venda dos imóveis. Para os proprietários, um retorno mais rápido sobre o investimento por meio da diminuição da taxa do financiamento, menor depreciação do imóvel e menores custos de manutenção. Para os ocupantes, menores custos operacionais, mais saúde e bem-estar. 12. VISÃO NACIONAL SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE Ao analisar a regulamentação brasileira no que concerne a agenda de edificações sustentáveis e eficiência energética observa-se que no nível federal, a norma NBR 15.575 (2013), conhecida como a “norma de desempenho” das edificações habitacionais, representa um marco para a modernização tecnológica da construção brasileira e estabelece padrões mínimos de desempenho em diversos aspectos da obra, como desempenho acústico, desempenho térmico, durabilidade dos materiais e vida útil do imóvel. No entanto, além do problema do desconhecimento da regulação, existem desafios em sua fiscalização. Ademais, ainda não se estabelece punição em caso de descumprimento da norma, embora o Código de Defesa do Consumidor vete o fornecimento de produtos ou serviços em desacordo com normas técnicas existentes. No âmbito da geração de resíduos, a resolução Conama n. 307/2002 estabelece diretrizes para a gestão de resíduos da construção civil (RCD). No Brasil, 73% dos municípios possuem serviço de manejo de resíduos de construção civil, obrigando as construtoras a fazer a destinação correta desses resíduos. No nível subnacional, o Estatuto das Cidades (2001) instituiu o plano diretor como o instrumento básico de desenvolvimento e expansão urbana. No âmbito da construção sustentável, esse instrumento trata de questões como o uso misto de edificações (comercial no piso térreo e residencial nos demais), adensamento populacional nos bairros (evitando grandes deslocamentos pela cidade), cota de solidariedade (reserva de unidades para habitação social de baixa renda) e limitação do número de vagas para veículos. Alguns municípios estabeleceram a obrigatoriedade de instalação de placas solares para AQS (águas quentes sanitárias) nas novas construções — ex.: São Paulo (2007), Porto Alegre (2007), Campinas (2008); projetos de lei em tramitação no Rio e em Belo Horizonte. No uso de água, observa-se um crescimento do número de leis estaduais e municipais determinando a individualização de hidrômetro em edifícios de determinado porte — ex.: Recife (2002), Distrito Federal (2005), Diadema (2005), Campinas (2006), Natal (2007), Campo Grande (2007) e Salvador (2009). A recente crise hídrica em algumas regiões do país também aumentou a pressão por políticas de captação de água pluvial e de reuso da água. Ainda assim, existem lacunas no marco regulatório da construção civil no Brasil, tais quais: Energia: inexistência de requerimentos mínimos de desempenho em novas construções; etiquetagem obrigatória (eficiência energética) e obrigação de geração por fontes renováveis em novas construções. Água: inexistência de requerimentos mínimos de desempenho em novas construções; etiquetagem obrigatória (eficiência hídrica); legislação e ferramentas para implantação de fontes de água não potável; limites de vazão e pressão em projeto e equipamentos. Resíduos: inexistência de incentivos para garantir o desempenho das edificações a longo prazo (consumo de água e luz e geração de resíduos); realizar e publicar análises de energia embutida e emissão de GEE das construções (resultantes do processo de fabricação de materiais e equipamentos utilizados); demolição controlada com plano de gestão de resíduos de construção e demolição (RCD). Alguns municípios brasileiros têm incentivado a adoção de medidas de preservação ambiental em imóveis residenciais, com o instrumento chamado IPTU Verde. Em recente operação em alguns municípios e em discussão em outros, esse instrumento pode vir a se constituir em um importante incentivo fiscal, estabelecendo desconto no Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) para construções sustentáveis certificadas (novas e retrofit). O objetivo deste mecanismo é estabelecer medidas de recuperação e preservação do meio ambiente, por meio da concessão de benefício tributário ao contribuinte, de acordo com o grau de certificação do empreendimento. Em São Paulo, o projeto de lei prevê desconto de 4%, 8% e 12% no IPTU, de acordo com grau de certificação que a edificação conseguir obter de selos reconhecidos, como LEED ou AQUA. Em Guarulhos (SP), a lei de 2011 oferece desconto de até 20% no valor anual do IPTU de edificações que adotarem medidas previstas na lei 6.793/2010 (Art.61), tais como acessibilidade nas calçadas, sistema de captação de água da chuva, telhado verde, separação de resíduos sólidos, utilização de energia solar e eólica e arborização do terreno. O convênio ICMS 16/2015, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), estabelece a isenção de ICMS sobre as operações internas de micro e minigeração distribuída de energia,ou seja, em relação à energia elétrica injetada na rede de distribuição pela unidade consumidora e aos créditos de energia originados nessa unidade e utilizados posteriormente. Vinte estados já aderiram ao convênio, representando mais de 80% da população, dos quais 11 já publicaram decreto estadual efetivando o benefício. Sete estados ainda precisam aderir ao convênio. No âmbito da geração de energia a partir de fontes renováveis, a resolução normativa Aneel nº 482/2012 estabeleceu as bases legais para a micro e minigeração distribuída de energia a partir da criação de um Sistema de Compensação de Energia Elétrica, que permite que o excedente gerado por pessoas físicas e jurídicas seja convertido em crédito junto à distribuidora, que pode ser abatido da conta de energia. A resolução normativa Aneel n. 687/2015 ampliou os incentivos à micro e minigeração distribuída, permitindo o autoconsumo remoto (créditos gerados em uma e abatidos em outra unidade consumidora de titularidade de uma mesma Pessoa Jurídica (PJ), incluindo matriz e filiais) e a geração compartilhada (reunião de consumidores Pessoa Física e Pessoa Jurídica dentro da mesma área de concessão, por meio de consórcio ou cooperativa) e ampliando o prazo de utilização dos créditos de 36 para 60 meses. Além da regulamentação e incentivos fiscais, vem crescendo no País o mercado de certificação de construções sustentáveis. Segundo o U.S. Green Building Council (USGBC), o Brasil é o quinto país do mundo em número de certificações LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), com 991 projetos certificados em 2015, atrás dos Estados Unidos (53.908), Canadá (4.814), China (2.022) e Índia (1.883). Além disso, o selo AQUA conta com 167 empreendimentos imobiliários certificados. Ainda há poucas edificações no Brasil buscando a certificação BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method, da Inglaterra) e o selo concedido pela DGNB (Conselho Alemão de Construção Sustentável), mais recentes no país. Destaca-se ainda o selo Casa Azul, uma metodologia de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal. Seis categorias são avaliadas: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, gestão da água, conservação dos recursos materiais e práticas sociais. Por fim, existe ainda a presença do selo EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiency), certificação do World Bank (Banco Mundial) que disponibiliza uma ferramenta de forma gratuita e já certificou um edifício na cidade de Belo Horizonte. Especificamente para aquisição de painéis solares fotovoltaicos, o INMETRO desenvolveu um selo de qualidade, o IEC 61215, que atesta que o equipamento atende aos requisitos considerados mundialmente necessários para um painel ter a durabilidade, desempenho e segurança necessária para ser comercializado em países como os da Europa, Japão, China, EUA e outros. Desta maneira, os painéis solares que possuem a etiqueta IEC 61215 possuem uma probabilidade maior de ter um bom desempenho e não apresentarem problemas precoces, sendo assim o requisito mínimo para ser comercializado no Brasil. Em relação a normas e certificações, desenvolvido especialmente para a realidade brasileira, o selo Procel Edificações, um programa de governo coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e executado pela Eletrobrás, é voltado para eficiência energética em edificações. Criado no fim de 2014 e de adesão voluntária, já é exigido para novas edificações públicas federais e em projetos de retrofit. O selo também se apresenta como um caminho alternativo para quem busca as certificações LEED ou AQUA, servido de comprovação do atendimento de requisitos mínimos de eficiência energética, conforto térmico e de qualidade do ar desses selos. O selo Procel Edificações oferece vantagens adicionais: por trabalhar com poucos indicadores, é um selo mais barato de se perseguir e é facilmente mensurável e comparável (como as etiquetas de eficiência energética presente nos eletrodomésticos de linha branca). E, embora foque em eficiência energética, possui um efeito indutor para outras boas práticas nas construções: o aumento da eficiência dos equipamentos de aquecimento, ventilação e ar condicionado pode depender de um bom projeto de envoltória, a redução no consumo de água reduz o consumo de energia pela diminuição da necessidade de bombeamento para os andares mais altos. Para o setor financeiro, as certificações podem ser uma ferramenta importante para que os bancos se concentrem no aspecto financeiro do investimento imobiliário, deixando a responsabilidade pelo acompanhamento técnico da obra com empresas especializadas em garantir o bom desempenho operacional em relação à sustentabilidade da edificação. As instituições financeiras brasileiras já disponibilizam algumas linhas de financiamento específicas para retrofit e construções sustentáveis, e também mecanismos específicos para aquisição de painéis solares fotovoltaicos não necessariamente atrelados a um projeto de edificações sustentáveis 13. SUSTENTABILIDADE Figura 7: Sustentabilidade. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbrasilescola.uol.com.br%2Feducacao%2Fsu stentabilidade.htm&psig=AOvVaw35fbf_6UDUZ2O7QBFdCS6W&ust=1605656297399000&source=i mages&cd=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCLjA7_2diO0CFQAAAAAdAAAAABAD 14. DEFINIÇÃO DE SUSTENTABILIDADE Sustentabilidade é o termo utilizado para definir todas as atividades e ações que, possuem como objetivo suprir as necessidades atuais dos seres humanos, relacionadas à qualidade de vida no geral, sem comprometer as futuras gerações. A sustentabilidade está ligada ao desenvolvimento econômico e social de uma determinada região, sem agredir de modo significativo o meio ambiente, minimizando o consumo dos recursos naturais primários, substituindo-os por recursos renováveis. Em outras palavras: “Sustentabilidade é a característica de um sistema que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas necessidades” (MATTAR, 2007). A construção sustentável no Brasil A sociedade atual tem buscado um padrão de vida cada vez melhor para suprir suas necessidades, proporcionado pelas novas construções que, hoje estão em ritmo acelerado de crescimento, principalmente no Brasil. Porém, a mesma também necessita de uma maior conscientização dos efeitos causados pelas construções ao meio ambiente, a fim de minimizar o impacto ambiental e a qualidade de vida no futuro. Além das necessidades relacionadas às construções de infraestrutura no Brasil, a demanda pelas construções residenciais vem crescendo de modo acelerado e fora de controle. Devido à velocidade deste processo, é necessário que haja com urgência uma intervenção sustentável neste setor. Atualmente, algumas incorporadoras brasileiras estão utilizando técnicas de construções sustentáveis em suas obras como forma de estratégia de negócios, ou seja, como sendo um diferencial de venda para o consumidor. Porém, ainda existem muitos desafios a serem superados para que a maioria das edificações espalhadas por todo território brasileiro sejam sustentáveis. Entre os desafios para o desenvolvimento de construções residenciais sustentáveis no Brasil, está a necessidade de maiores investimentos em pesquisas no setor (estudo de novas tecnologias construtivas sustentáveis, ecomateriais e sistemas de gestão sustentáveis), adoção de novos paradigmas para todos os profissionais da área envolvidos, desde o projeto até a execução do empreendimento, implantação de regulamentações e conscientização das empresas públicas e privadas visando um menor impacto ambiental.15. CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE SUSTENTABILIDADE 15.1 Principais Características das Construções Sustentáveis Uma construção sustentável, seja ela de pequeno ou grande porte, leva em consideração o processo na qual o projeto é concebido, quanto tempo terá sua vida útil, quais materiais serão empregados e, se esses, poderão ser reaproveitados no futuro, quem irá usufruir a edificação e qual o impacto que este causa em seu entorno. Dessa forma, os principais conceitos relacionados ao processo de construção sustentável são: • Eficiência energética das edificações; • Gestão sustentável da água; • Reuso de materiais e elementos de construção; • Uso de materiais e técnicas ambientalmente corretas; • Conforto e qualidade interna dos ambientes; • Gestão do canteiro de obras de baixo impacto ambiental. 16. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Figura 8: Desenvolvimento sustentável. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.ecycle.com.br%2F3093- sustentabilidade.html&psig=AOvVaw35fbf_6UDUZ2O7QBFdCS6W&ust=1605656297399000&source =images&cd=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCLjA7_2diO0CFQAAAAAdAAAAABAJ A definição sobre desenvolvimento sustentável teve início na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, com o objetivo de alinhar o desenvolvimento econômico de uma cidade, estado ou país, sem impactar de forma relevante o meio-ambiente. Com o crescente agravamento dos problemas ambientais, a população mundial vem se mobilizando para atingir o desenvolvimento sustentável. Lembrando que: “desenvolvimento sustentável deve ser ao mesmo tempo ecologicamente equilibrado, economicamente viável e socialmente justo” (COELHO, 2008). São características do desenvolvimento sustentável: • Gestão eficiente dos recursos naturais; • Redução significativa da perda da biodiversidade; • Controle dos níveis de poluição oriundos do desenvolvimento de uma região; • Aumento da reutilização e da reciclagem de produtos; • Interação do homem com o meio-ambiente. Sustentabilidade na pós-ocupação A sustentabilidade na pós-ocupação consiste na preocupação com a edificação ao longo de sua vida útil, ou seja, se os materiais empregados na sua construção irão causar danos futuros ao meio-ambiente e, principalmente, se os usuários terão o mesmo conforto e qualidade de vida inicialmente proposto pelo empreendimento. Para se atingir a sustentabilidade na pós-ocupação é necessária que haja uma mudança de paradigma no início no projeto arquitetônico, onde a construção deve ser orientada com foco na climatização natural do ambiente, dimensionada conforme o clima no qual ela está inserida. Dessa forma, consegue-se minimizar os gastos futuros com aparelhos eletrônicos climatizadores como, por exemplo, o ar condicionado. Além disso, o projeto inicial deve prever instalações hidráulicas com separação das águas potáveis e não potáveis, para que futuramente possa-se executar um sistema de reaproveitamento de águas da chuva. Outra característica que deve ser incorporada ao projeto é a instalação elétrica que, deve ser dimensionada de forma que a edificação seja apta para implantação de equipamentos de baixo consumo de energia (eficiência energética). 17. ALTERNATIVAS PARA ALCANÇAR A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS EDIFICAÇÕES Neste tópico, serão abordadas algumas alternativas para se alcançar a eficiência energética nas edificações. Para diminuir o consumo de energia e os impactos ambientais das edificações, várias medidas devem ser implantadas logo no início do projeto. A implantação do futuro empreendimento deve ser estrategicamente estudada e planejada, de forma a se atingir a melhor integração do edifício ao clima da região a onde o mesmo será construído. Dessa forma, a separação térmica entre as partes internas e externas da edificação é atingida, minimizando assim os gastos com equipamentos de climatização, como por exemplo, o ar condicionado. Segundo SALVATERRA (2010), as metas energéticas de projetos habitacionais se apoiam nos seguintes elementos: • O uso do projeto voltado ao clima, que incorpora técnicas passivas para reduzir o consumo de energia associado à calefação, à refrigeração e ao aquecimento de água; • A utilização de sistemas de vedação externa capazes de criar uma separação térmica adequada entre o interior e o exterior por meio de estanqueidade ao ar, isolamento térmico, eliminação de pontes de térmicas, seleção de materiais de acabamento externos adequados, localização e uso de janelas e vidros de alto desempenho apropriados; • A possibilidade de controle da ventilação; • Escolha de equipamentos e eletrodomésticos eficientes em energia. 18. USO EFICIENTE DE JANELAS E VIDROS O desenvolvimento da tecnologia de vidros e janelas cresceu muito ao longo dos últimos 30 anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o uso de janelas com vidros duplos e isolamento térmico virou regra. Ainda que não sejam comuns, janelas com vidros triplos já estão disponíveis no mercado, e também janelas com vidros duplos que incorporam uma ou mais películas de poliéster, que podem alcançar ou até superar o desempenho de janelas com vidros triplos sem o peso adicional da terceira vidraça. Outra solução comumente encontrada nas edificações sustentáveis é o vidro duplo termo-acústico, composto por lâminas de vidro intercaladas de diferentes espessuras e uma camada de ar seco. A utilização deste sistema proporciona uma economia de energia considerável, com a redução do emprego do ar condicionado e aquecedores, além de gerar um maior isolamento acústico. 19. COBERTURA VERDE Figura 9: Cobertura verde. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.gazetadopovo.com.br%2Fhaus%2Fsust entabilidade%2Fnova-lei-telhado-verde-blumenau-aumenta-area- edificavel%2F&psig=AOvVaw1NcfjJQAx0_Wg9jjgVgxCL&ust=1605656516792000&source=images&c d=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCKikx-aeiO0CFQAAAAAdAAAAABAD As coberturas verdes, ou telhados ecológicos, possuem muitos benefícios em sua utilização, sendo uma técnica construtiva bastante eficaz para minimizar os gastos de energia com o aquecimento ou resfriamento interno das edificações. Pode ser aplicado tanto em superfícies planas, quanto em superfícies inclinadas. As plantas utilizadas na cobertura verde resistem a grandes períodos de secas, tornando dessa forma sua manutenção simples e barata, podendo ser realizada por qualquer profissional de jardinagem. Sua aplicação nas edificações proporciona os seguintes efeitos positivos: • Melhora o conforto térmico interno da edificação; • Ajuda no isolamento da transmissão de ruídos; • Devolvem o verde as cidades; • Agrega valor ao projeto arquitetônico; • Reduzem o escoamento da água da chuva, ajudando desta forma no combate as enchentes; • Contribuição significativa para diminuição da poluição do ar, efeito produzido pela vegetação da cobertura; • Melhoria da qualidade do ar, devido à absorção do dióxido de carbono (CO2) pelas plantas e árvores; • Promove uma nova área de lazer para os usuários do empreendimento. 20. O AQUECIMENTO DE ÁGUA PELO SOL Figura 10: Aquecimento de água pelo Sol. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.ecoplanetenergy.com%2Fpt- br%2Fagua-quente-do- sol%2F&psig=AOvVaw2EdkIummAG05E0xwKoCWF5&ust=1605656596572000&source=images&cd =vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCMDPxIufiO0CFQAAAAAdAAAAABAD A maneira mais simples e de menor custo para se reduzir o consumo de energia de um empreendimento é diminuir a demanda de água quente. A princípio essa afirmação parece ser trivial, porém aindaé pouco utilizada nos projetos de edificações espalhados por todo o Brasil. Através desta prática, o tamanho do sistema solar de aquecimento de água pode ser reduzido, diminuindo desta forma os custos iniciais de sua incorporação. O aquecimento da água pelo Sol é muito efetivo na redução dos custos, principalmente quando aplicado nas construções residenciais. Para reduzir a energia utilizada no aquecimento da água, é necessário se pensar em todas as partes constituintes de uma instalação, selecionar os tipos de equipamentos e materiais de forma a potencializar a eficiência energética da edificação. 21. O SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA POR ACUMULAÇÃO Figura 11: Sistema de aquecimento solar de água por acumulação Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.volneireisprojetoseletricos.com%2F201 8%2F10%2Faquecimento-de-agua-quente- solar.html&psig=AOvVaw2EdkIummAG05E0xwKoCWF5&ust=1605656596572000&source=images&c d=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCMDPxIufiO0CFQAAAAAdAAAAABAI No aquecedor de água por acumulação, o reservatório também funciona como coletor. O resultado é que uma parte do calor coletado durante o dia é perdido durante a noite. Para limitar as perdas, o reservatório é colocado dentro de uma caixa isolada, que por sua vez, deve ser colocada em um local capaz de maximizar a captação do calor do sol, instalada normalmente na cobertura da edificação. Uma das laterais da caixa é coberta por vidro e orientada para o sol, que entra pelo vidro e aquece a água dentro do reservatório. A água entra pela parte inferior do reservatório e é evacuada pela saída em sua parte superior. Quando a água quente é usada, a pressão do sistema faz com que a água fria passe pela entrada de água do aquecedor de acumulação. Como a água presente no reservatório solar é estratificada pela temperatura, a água mais quente é forçada para a saída de água na parte superior do reservatório e é conduzida para a tubulação que abastece a residência. Quando é necessário um aquecimento adicional, usa-se gás ou eletricidade, e quando o Sol aquecer a água acima da temperatura programada acrescenta-se água fria, mediante o uso de uma válvula para impedir o fornecimento de água escaldante. O sistema de aquecimento solar de água por acumulação, além de contribuir diretamente para a diminuição do impacto ambiental, por ser uma alternativa de tecnologia sustentável, possui como principal vantagem à economia financeira para o usuário. Apesar do custo inicial de instalação ser maior do que o custo de uma instalação convencional, durante pouco tempo fica visível à valorização da edificação que incorpora esse tipo de sistema, por quê: • O Gasto mensal com a conta de energia pode ser reduzido em até 40%, já que o maior consumo nas residências é devido ao uso do chuveiro elétrico; • Em geral, em cinco anos o dono da edificação que utiliza essa tecnologia sustentável já consegue recuperar o investimento inicial; • O projeto que possui em seu escopo a instalação do aquecimento solar de água é mais valorizado, visto que a eficiência energética das edificações têm se tornado um diferencial na compra e venda de imóveis. 22. ENERGIA FOTOVOLTAICA Figura 12: Energia Fotovoltaica. Fonte: https://www.neosolar.com.br/aprenda/saiba-mais/energia-solar-fotovoltaica O Sol gera eletricidade, através do uso de células fotovoltaicas, que são responsáveis por converter a energia da luz em energia elétrica. O seu funcionamento se inicia quando a radiação solar incide sobre uma célula fotovoltaica, o que ocasiona a liberação de elétrons pelo silício gerando, dessa forma, a eletricidade. Lembrando que a radiação solar depende da latitude local e das condições atmosféricas, tais como nebulosidade e umidade relativa do ar. As células fotovoltaicas são agrupadas para dar origem aos painéis fotovoltaicos. Estes podem ser fixados e posicionados de forma a maximizar a exposição aos raios solares. São utilizados conectores elétricos para realizar as ligações entre os componentes do sistema de energia fotovoltaica. Normalmente, são utilizados nos sistemas de energia fotovoltaica, inversores para converter a corrente contínua proveniente dos painéis, para corrente alternada comumente utilizada nas edificações. Além disso, a energia produzida por esse sistema pode ser ligada a rede pública. Isto proporcionada uma vantagem, pois se o sistema solar produzir mais energia do que a demanda exigida pela residência, a rede pública pode obter o excedente e o reverter em créditos para o usuário, diminuindo dessa forma o valor dos gastos com a energia elétrica. Atualmente, consideram-se os sistemas fotovoltaicos como sendo um investimento de médio em longo prazo, já que o custo para a implantação do sistema é alto. Porém, o custo dos componentes de um sistema fotovoltaico vem diminuindo com o passar dos anos, enquanto o custo da energia elétrica vem aumentando. Segundo MOCELLINI (2011), num prazo de cinco até dez anos, o preço da energia elétrica compensará a utilização de sistemas fotovoltaicos já como um investimento de curto prazo. Segundo a ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Equipamento), apenas um metro quadrado de coletor solar instalado evita: • O uso de 215 quilos de lenha por ano; • O consumo de 66 litros de diesel por ano; • O consumo de 55 litros de gás por ano; • Evita a inundação de quase 56 m² de terras férteis para a construção de hidrelétricas e usinas nucleares que trazem enormes riscos a população. 23. ENERGIA EÓLICA Figura 13: Energia eólica. Fonte: https://www.tecmundo.com.br/ciencia/147726-brasileiros-criam-metodo-baratear-producao- energia-eolica.htm Igualmente a energia solar, a energia eólica é uma fonte renovável de energia, limpa e intermitente. Porém a produção de energia é considerada descontínua, pois nem sempre atua com 100% da potência já que a velocidade do vento é muito variável. A força do vento pode ser usada nas construções de várias maneiras, como por exemplo: • No bombeamento da água; • No acionamento de alguns tipos de máquinas; • No funcionamento de moinhos e; • Na transformação de energia eólica para energia elétrica. Existem as turbinas com eixo vertical e as com eixo horizontal. A potência das turbinas depende, principalmente, de dois fatores, que são a altura e a aerodinâmica do projeto. Quanto à altura, as turbinas podem chegar a 80 metros, sendo que quanto maior for sua altura, maior será à força do vento, o que proporcionará desta forma, mais energia. Já quanto à aerodinâmica, leva-se em consideração a ação do empuxo que atua perpendicularmente ao fluxo do vento e, o arrasto, que atua paralelamente ao mesmo. Para a construção de uma usina eólica, é de extrema importância o conhecimento da região na qual ela será implantada, suas principais características geográficas como latitude e longitude, e físicas como a velocidade e duração dos ventos. A obtenção de energia eólica é feita pelas turbinas eólicas, que são constituídas por quatro partes fundamentais: pás do rotor, eixo, rotor e gerador elétrico. As pás do rotor atuam como barreiras para o vento, captando a energia cinética produzida pela força destes e transferindo-as para o rotor. Por sua vez, o rotor gira transformando a energia cinética em mecânica. Esta energia é transferida para o eixo e, logo em seguida, para o gerador elétrico. O gerador elétrico que é conectado a extremidade do rotor, recebe essa energia mecânica e transforma-a em eletricidade. Esse sistema necessita de baterias para realizar o armazenamento da energia (para dias sem vento). 24. VENTILAÇÃO Figura 14:Sistema de ventilação. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.ostiposde.com%2Ftipos-de- ventilacao- arquitetura%2F&psig=AOvVaw22uXfcC0qRcUX2YofKXezn&ust=1605656996787000&source=images &cd=vfe&ved=0CAkQjhxqFwoTCJDpws2giO0CFQAAAAAdAAAAABAJ Nas zonas urbanas com uma alta densidade de população, a falta de ventilação gera desconforto, tensão ou até mesmo transmissão de doenças aos usuários da edificação. Além disso, uma situação que deve ser destacada é a relação do conforto interno com o movimento do ar externo, assim como os fluxos do ar no ambiente interno. Para solucionar este problema, é recomendada a utilização da ventilação cruzada, que é essencial não só no projeto de apenas um cômodo, mas também na organização do edifício e da sua urbanização. Zonas que possuem micro climas de ar calmo devem ser evitadas ao executar as construções, sendo mais indicado desenvolver urbanizações de baixa densidade, para que os vizinhos não sejam prejudicados com as zonas de ar calmo que são formadas entre os edifícios. 25. MATERIAIS DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL UTILIZADO EM EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS A seguir, serão apresentados os principais materiais utilizados em construções residenciais sustentáveis. 26. TIJOLO ECOLÓGICO Figura 15: Tijolo ecológico. Fonte: https://www.amigoconstrutor.com.br/sua-casa/tijolo-ecologico/ Também conhecido como tijolo de solo-cimento – BTC (bloco de terra comprimida). O tijolo ecológico possui em sua composição: cimento, água e terra. É considerado um produto mais ecológico porque sua produção não utiliza a queima da madeira, como os tijolos cerâmicos. Sua produção é realizada através da prensagem hidráulica. Com isso, o consumo de recursos naturais é nulo, tornando-o dessa forma um material de menor impacto ambiental. São muito eficazes na construção de alvenarias estruturais externas, pois depois de secos adquirem uma alta resistência e ótimas propriedades acústicas. Hoje, esse tipo de produto pode ser facilmente encontrado no mercado da construção civil, com diversos formatos e tamanhos. Os tijolos ecológicos possuem saliências e rebaixos, permitindo dessa forma o perfeito encaixe entre as peças. O encaixe entre as peças requer apenas a utilização de um filete de cola branca, dispensa o uso da argamassa e, consequentemente, reduz em até 50% no tempo de execução da obra. A instalação dos dutos elétricos e hidráulicos em uma construção com esse material é facilitada, devido à presença dos furos nas peças. Esse material, assim como os blocos de concreto e blocos cerâmicos, pode ser utilizado de diversos modos, tais como: Parede reta; Coluna vazada; Coluna sólida ; Cantos. 27. CIMENTO ECOLÓGICO Figura 16: Cimento ecológico. Fonte: http://blogaecweb.com.br/blog/cimento-ecologico/ O cimento ecológico foi originalmente desenvolvido para aplicação em construções de barragens, tubulações e obras de saneamento (com aplicação em projetos de adutoras de água), porém é comum sua utilização em obras residenciais. Sua fabricação incorpora certa de 35 a 70% de resíduos oriundos dos altos fornos das siderúrgicas. Além disso, esse material causa um menor impacto ambiental, pois emite menor quantidade de gás carbônico para a atmosfera durante seu processo de fabricação. Possui as seguintes vantagens: • Maior impermeabilidade; • Grande flexibilidade de aplicação, compatível com todas as etapas da obra; • Maior resistência se comparado ao cimento comum, devido ao processo de hidratação mais lento; • Menor probabilidade de fissuras térmicas; • Durabilidade 40% superior à do cimento CPII. 28. TUBULAÇÕES PEAD E PPR Figura 17: Tubulações pead e ppr Fonte: https://www.aecweb.com.br/emp/cont/m/amanco-ppr-praticidade-e-economia-na-conducao- sustentavel-de-agua-quente-e-fria_9126_5920 As tubulações de PEAD (polietileno de alta densidade) e as de PPR (polipropileno copolímero random) incorporam em sua fabricação materiais menos agressivos ao meio ambiente. As primeiras, feitas de PEAD, são indicadas para o uso em instalações de água fria, pois resistem a temperaturas entre 40 °C e 60 °C. Já as de PPR, servem tanto para água fria como para água quente e ainda suportam temperaturas de até 110 °C. Esses dois tipos de materiais, além de mais resistentes, são totalmente atóxicos, dispensam o isolamento térmico das peças e proporcionam uma redução de 20% no custo se comparados a instalações de água quente de cobre. 29. TORNEIRAS AUTOMÁTICAS Figura 18: Torneira automática. Fonte: https://www.casadastorneiras.com.br/torneira-sensor-a-p985456?tsid=16 Um dos principais desperdícios de água nas edificações decorre das torneiras. Segundo a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (PRODESP), uma torneira pingando pode desperdiçar em um único dia 46 litros de água. Com isso, a busca pelo uso racional da água, principalmente em lugares públicos como shoppings, restaurantes, bares, clubes, entre outros, tem crescido cada dia mais. As torneiras com sensores automáticas têm sido incorporadas as edificações visando o uso racional da água. As torneiras automáticas possuem sensores que só são ativados quando detectam a presença de alguma pessoa e possuem fechamento automático com tempo pré-determinado. Chegam a economizar até 55% de água, se comparada a outros produtos convencionais. 30. BACIA COM DESCARGA DUPLA Figura 19: Descarga dupla. Fonte: https://www.aecweb.com.br/emp/cont/m/sistema-duplo-acionamento-para-bacias- sanitarias_9143_1899 Uma empresa de origem espanhola desenvolveu a bacia de descarga dupla foi desenvolvida por uma empresa de origem espanhola. O sistema agrega todas as características dos modelos de bacias comuns, porém, possui um diferencial com duas opções de volume de descarga, de três e seis litros. A incorporação da bacia de descarga dupla apresenta as seguintes vantagens: • São resistentes a altas pressões; • Possuem fácil instalação e regulagem; • Economia de 60% se comparado aos modelos de bacias comuns; • Funcionamento silencioso, tanto na descarga quanto no abastecimento de água. 31. LÂMPADAS DE LED Figura 20: Lâmpada de Led. Fonte: https://www.cirilocabos.com.br/kit-com-10-lampadas-led-super-economica-e27-12w-6500k- 7477/p Mais eficientes do que as lâmpadas comuns, as lâmpadas de LED consomem apenas quatro watts e são muito mais eficientes do que as lâmpadas comuns (dicróica tradicional), gerando uma economia de energia de 80%. Esse tipo de lâmpada produz um foco de alta intensidade, não gerando raios infravermelhos ou ultravioletas, e com vida útil de 35 mil horas (10 vezes mais que as lâmpadas comuns). No Brasil, uma empresa pioneira na fabricação de lâmpadas de baixo consumo de energia, desenvolveu uma modelo de lâmpada LED que consome apenas 1 watt, normalmente aplicada em forros falsos e nichos. 32. TINTAS DE TERRA Figura 21: Tinta de terra. Fonte: https://www.biohabitate.com.br/tinta-de-terra/ Um material que vem sendo comumente utilizado nas edificações novas são as tintas de terra. Estas tintas ecológicas são produzidas sem a utilização de insumos derivados do petróleo. São formuladas com matérias-primas naturais, de forma a minimizar os impactos ao meio ambiente. As tintas de terra possuem como seu principal componente a terra crua. É um material atóxico, ao contrario da maioria das tintas convencionais, preservando dessa forma o meio ambiente e a camada de ozônio. Essas tintas podem ser aplicadas em fachadas ou nas paredes interioresde uma edificação, com as seguintes vantagens: • Aplicação em paredes internas, o que proporcionada um ambiente mais saudável por não fechar os poros das superfícies; • Aplicação em paredes externas auxilia no isolamento térmico da construção, diminuindo dessa forma os gastos com aparelhos climatizadores; • Produto disponível no mercado atual em sete cores: terracota, cerâmico, amarelo, verde, chocolate, preto e branco; • Rendimento de um m² por litro com duas demãos; • Não desbotam. 33. PISO DE BAMBU Figura 22: Piso de bambu. Fonte: http://reformafacil.com.br/produtos/pisos_revestimentos/piso-de-bambu-vantagens-aplicacao- e-dicas/ Bambu é o nome que se dá as plantas da subfamília Bambusoideae, da família das gramíneas. O bambu é considerado um recurso natural abundante e renovável, de altíssima taxa de absorção de carbono, o que o torna uma excelente opção para renovação do ar que respiramos. O piso de bambu apresenta muitas vantagens em sua aplicação, se comparado com os pisos convencionais de madeira, como: • Maior resistência e durabilidade em comparação aos pisos de madeira comuns; • Maior facilidade de instalação e manutenção; • Apresenta diversas tonalidades diferentes, podendo de essa forma ser combinado com todos os tipos de projetos. 34. MADEIRA PLÁSTICA Figura 23: Madeira plástica. Fonte: https://m.dutramaquinas.com.br/page404 A madeira plástica é a alternativa ideal para um uso eficientemente ecológico de forma consciente e lucrativa. É fabricado com diversos tipos de plásticos reciclados e resíduos vegetais de agroindústrias. É uma opção para ser utilizada preferivelmente em áreas externas, por exemplo, em “decks” (Figura 21), “piers”, fachadas, entre outros, já que a madeira plástica é resistente à corrosão de intempéries, imune às pragas, cupins, insetos e roedores. Podem ser comprados como madeira convencional e trabalhados com as mesmas ferramentas. São ainda apresentados em diversas cores para que atendam às principais necessidades de quem projeta e constrói. Como vantagens têm-se: • Não empena, não racha e não solta farpas; • Não absorve umidade; • Não mofa e não cria fungos; • Não é pintada, é pigmentada, portanto não desbota; • Alta durabilidade (centenas de anos); • Antiderrapante. 35. TELHAS ECOLÓGICAS Figura 24: Telha ecológica. Fonte: https://www.leroymerlin.com.br/telha-ecologica-stilo-3d-vermelho-2,00mx95cm- onduline_90658393?region=grande_sao_paulo&gclid=EAIaIQobChMIo_2whaSI7QIVgwiRCh1lgg9OE AQYBCABEgIfW_D_BwE A aplicação desse material, além de não prejudicar o meio ambiente e a saúde dos usuários, possui características mecânicas melhores e são mais leves do que as telhas de fibra de vidro, por exemplo. As telhas ecológicas são feitas de placas prensadas de fibras naturais ou de materiais reciclados, principalmente, os plásticos. Além disso, as telhas recicladas produzidas por embalagens de Tetra Pak (embalagem composto por papel, polietileno de baixa densidade e alumínio), por apresentar uma película de alumínio, refletem a luz solar garantindo uma condição térmica agradável nos ambientes internos da edificação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos problemas oriundos das atividades relacionadas à construção de um empreendimento, como a produção de grandes quantidades de resíduos, a utilização de mais de 40% da demanda da energia mundial e o notável consumo dos recursos naturais, verificou- se a importância de se investir em novas tecnologias e alternativas sustentáveis. Sendo assim, este trabalho teve como finalidade apresentar os principais conceitos aplicados nas construções sustentáveis, como o uso racional da água, a eficiência energética nas edificações, as oportunidades de reuso de matérias e elementos de construção, entre outros. Os sistemas de captação de água da chuva e o reuso de águas cinzas, ambos para fins não potáveis, são algumas alternativas que foram apresentadas para se atingir a gestão sustentável da água. Verificou-se que estes sistemas, quando aplicados corretamente nas edificações, contribuem para a redução da escassez da água, além de proporcionar a diminuição dos custos para seus usuários. No entanto, apesar de todas as vantagens, concluiu-se que essas alternativas sustentáveis de aproveitamento de água ainda são pouco utilizadas no Brasil devido, principalmente, ao seu custo inicial elevado se comparado com os sistemas construtivos convencionais. A utilização das chamadas energias limpas, como a fotovoltaica e a eólica, o uso dos sistemas de aquecimento de água pelo sol, e também a aplicação das coberturas verdes, contribuem de modo significativo para se alcançar a eficiência energética nas edificações. Segundo MOCELLINI (2011), apesar do custo inicial ser alto, esse investimento será recuperado com o passar do tempo, em geral, no prazo de 10 anos, pois haverá economia na conta de energia elétrica, além de ocorrer maior valorização do imóvel. A idéia de lixo ou desperdício faz parte da filosofia da sociedade do “joga fora”, e não da sociedade do “reutilize e recicle” (ADDIS, 2010). Dessa forma, o que deve ser mudado é o paradigma de ver os materiais que chegam ao fim de sua vida útil como um problema, estes devem ser vistos como novas oportunidades. O reuso e a reciclagem de elementos provenientes da construção civil se realizados de forma adequados, diminuem os gastos econômicos envolvidos na construção de um determinado empreendimento e, principalmente, reduzem os impactos ambientais gerados pelo mesmo. Além disso, outro benefício da prática do reuso e reciclagem dos materiais de construção é a redução do consumo de energia. A incorporação de materiais formados por resíduos pode reduzir o consumo de energia, tanto porque no processo de produção de novos produtos são necessárias grandes quantidades de energia, quanto porque podem reduzir a distância do transporte da matéria prima até o local de sua fabricação. Uma empresa que em seus projetos de construção considera como sendo uma de suas prioridades a coleta, o reuso e a reciclagem de materiais e produtos gerados em suas obras possui um diferencial, que é mais valorizado a cada ano que passa. Em outras palavras, conclui-se que uma empresa que procura a prática sustentável em seus empreendimentos ganha destaque entre as demais do mesmo setor de atuação. Atualmente, está havendo uma grande mudança no foco de grande parte das empresas brasileiras que atuam no setor da construção civil. Algumas estão incorporando conceitos sustentáveis por meio de soluções de projeto, o que representa grandes melhorias ambientais, enquanto outras estão buscando obter certificados e premiações que também contribuem consideravelmente para a diminuição do impacto ambiental. REFERÊNCIAS BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. Censo Demográfico, 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. BUNDESMINISTERIUMS FÜR WIRTSCHAFT UND ENERGIE [BMWi]. 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