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726 Anatomia humana 
D descrever a relação das modificações histológicas 
na parede dos intestinos com as atividades diges- 
tórias dessas regiões. 
O intestino delgado é a parte mais longa do tubo 
digestório (ver Figura 23.1) e o sítio da maior parte da 
atividade enzimática e de praticamente toda a absorção 
dos nutrientes. A maioria das enzimas que agem no in- 
testino delgado não é secretada pelos intestinos, mas sim 
pelo pâncreas. Durante a digestão, o intestino delgado 
passa por movimentos de segmentação ativa, misturando 
o quimo para frente e para trás e, assim, maximizando 
seu contato com a mucosa que absorve nutrientes. O pe- 
ristaltismo impele o quimo através do intestino delgado 
em aproximadamente 3-6 horas. 
Anatomia macroscópica 
O intestino delgado é um tubo retorcido que vai do 
óstio pilórico, na região do epigástrio do abdome, até a 
primeira parte do intestino grosso, na região ilfaca (in- 
guinal) direita. Ele é mais curto em uma pessoa viva 
(2,7-5 metros) do que nos cadáveres conservados (6-7 
metros), onde a perda do tônus muscular e os efeitos dos 
conservantes o tornam mais alongado. 
O intestino delgado possui três divisões (ver Figu- 
ra 23.1): o duodeno (“12 dedos de comprimento”), o 
jejuno (“vazio”) e o ileo (“intestino retorcido”), que 
contribuem aproximadamente com 5%, 40% e 60% do 
seu comprimento, respectivamente. Enquanto a maior 
parte do duodeno, que tem a forma da letra C, é retrope- 
Mucosa 
com pregas 
Vesícula biliar 
Papila duodenal 
maior 
ritoneal, o jejuno e o fleo formam espirais suspensas na 
parte posterior do abdome pelo mesentério e emoldura- 
das pelo intestino grosso. O jejuno corresponde à parte 
superior dessa massa intestinal espiralada, enquanto 
que o íleo corresponde à parte inferior direita. 
Embora o duodeno seja a divisão mais curta do in- 
testino delgado, ele tem a maioria das características 
de interesse (Figura 23.19). Ele recebe enzimas di- 
gestórias do pâncreas via ducto pancreático e bile do 
fígado e da vesícula biliar via ducto colédoco. Esses 
ductos entram na parede do duodeno, onde formam um 
bulbo chamado ampola também chamada ampola he- 
patopancreática (“ampola do fígado e do pâncreas”), 
que se abre no duodeno em uma pequena saliência da 
mucosa chamada papila maior do duodeno. A entrada 
de bile e o suco pancredtico no duodeno é controlada 
por esfincteres de músculo liso que circundam a am- 
pola hepatopancreitica e pelas terminagoes dos ductos 
pancreitico e colédoco. 
Vasos e nervos O intestino delgado é inervado por 
neurdnios entéricos. As fibras parassimpdticas do vago 
e as fibras simpdticas dos nervos esplancnicos toraci- 
cos, ambas retransmitidas através do plexo mesentérico 
(e celiaco) superior, influenciam sua atividade. O su- 
primento arterial para o intestino delgado ocorre prin- 
cipalmente pela artéria mesentérica superior. As veias 
seguem em paralelo com as artérias e drenam normal- 
mente na veia mesentérica superior; a partir dai, o san- 
Ductos hepáticos 
direito e esquerdo_ 
Ducto hepático comum 
Ducto cfstico 
Ducto colédoco e esfincter. 
Ducto pancredtico acessório 
Cauda do pancreas 
Pancreas 
Jejuno 
Ducto pancreatico e esfinctel 
Ampola 
(hepatopancreatica) 
e esfincter 
Duodeno Cabega do pâncreas 
Figura 23.19 Duodeno e órgãos relacionados. A disseccio de cadaver à direta e a ilustração a esquerda 
mostram os ductos que se abrem no duodeno a partir do péancreas, vesicula biliar e figado.
gue venoso rico em nutrientes drena na veia porta que o 
conduz para o fígado. 
Anatomia microscópica 
Como observamos anteriormente, toda a absorção 
de nutrientes ocorre no intestino delgado, que é alta- 
mente adaptado para essa função. Além da enorme área 
de superfície para absorção proporcionada pela exten- 
são do intestino delgado, várias outras características 
estruturais proporcionam ainda mais área de superfície 
absorvente e também cumprem outras funções relacio- 
nadas à digestão. 
Modificações para a absorção A parede do intes- 
tino delgado possui três modificações estruturais que 
amplificam enormemente a sua superfície de absorção: 
Afluente venoso 
transportando sangue 
para a veia porta 
Camadas 
musculares 
Pregas 
circulares 
Vilosidades 
Capitulo 23 — Sistema digestório 727 
pregas circulares, vilosidades e amplas microvilosida- 
des (Figura 23.20). Como a maior parte da absorção 
ocorre na parte proximal do intestino delgado, essas es- 
pecializações diminuem em quantidade na direção da 
parte distal. 
As pregas circulares são cristas transversas perma- 
nentes da mucosa e da submucosa (Figura 23.20a). Elas 
têm aproximadamente 1 cm de altura. Além de aumen- 
tar a drea de superficie absorvente, essas pregas forcam 
o quimo a se mover em espiral através da luz intestinal, 
retardando o seu movimento e dando tempo para a ab- 
sorção completa dos nutrientes. 
As vilosidades são proje¢oes na mucosa, similares 
a dedos, e que conferem uma textura aveludada, muito 
parecida com as felpas macias de uma toalha. Com 
Figura 23.20 Modificagdes estruturais do intestino 
delgado que aumentam a área de 
superficie para digestão e absorção. (a) 
Ampliação de algumas pregas circulares 
exibindo as vilosidades associadas. 
(b) Estrutura de uma vilosidade. A 
ampliagdo mostra uma célula absortiva 
(enterécito) e parte de duas outras 
que exibem microvilosidades em 
sua superficie voltada para a luz. (c) 
Fotomicrografia da mucosa exibindo 
vilosidades (270x). (Para mais detalhes, 
consultar A brief atlas of the human 
body, 2. ed., Laminas 44 e 45.) 
T, 
L | A í ) 
Células 
absortivas 
Vilosidade 
caliciforme 
Capilares 
sanguíneos 
Tecido 
linfático 
associado 
amucosa 
Glandula 
intestinal 
(cripta) 
Muscular 
o 
Células 
enteroenddcrinas 
Vênula 
Vaso linfático 
Glândula 
duodenal 
(b) 
Submucosa 
Microvilosidades 
(borda em escova) 
Células absortivas 
(enterócitos) 
Células 
caliciformes 
(c) — Glândulaintestinal (cripta)
728 Anatomia humana 
mais de | mm de altura e, portanto, suficientemente 
grandes para serem vistas a olho nu, as vilosidades 
são cobertas por um epitélio simples prismático feito 
principalmente de células absortivas, chamadas en- 
terócitos, especializadas em absorver os nutrientes 
digeridos (Figuras 23.20b e c). Dentro do cerne de 
lâmina própria em cada vilosidade há uma rede de ca- 
pilares sanguíneos e um amplo capilar linfático (vaso 
lácteo) (ver p. 653). Os produtos finais da digestão 
dos carboidratos e proteínas entram nos capilares san- 
guíneos; as gorduras absorvidas entram nos capilares 
linfáticos. As implicações dessa distinção são impor- 
tantes. Os vasos sanguíneos que drenam o intestino 
delgado transportam os nutrientes absorvidos para o 
fígado via sistema porta (Capítulo 20, p. 638). No en- 
tanto, as gorduras absorvidas não seguem diretamente 
para o fígado, mas, em vez disso, passam pelos vasos 
linfáticos e drenam no sistema venoso próximo à veia 
braquiocefálica (ver Capítulo 21, p. 635 e 636). Desse 
modo, as toxinas lipossolúveis ingeridas e absorvidas, 
como os pesticidas ou herbicidas, conseguem circu- 
lar pelo corpo inteiro antes de chegar ao fígado para 
desintoxicação. 
Dentro do cerne de cada vilosidade há uma expan- 
são de músculo liso da muscular da mucosa que permite 
que a vilosidade se movimente durante a digestão. Es- 
ses movimentos melhoram a eficiência da absorção ao 
aumentar a quantidade de contato entre as vilosidades e 
os nutrientes na luz do intestino e também comprimem 
a linfa através dos lácteos. 
As superfícies apicais das células absortivas possuem 
muitas microvilosidades (Figura 23.20b). Embora essas 
projeções ocorram na maioria das superfícies epiteliais no 
corpo, as projeções no intestino delgado são excepcional- 
mente longas e densamente povoadas. Além de amplificar 
a superfície absorvente, a membrana plasmática dessas 
microvilosidadescontém enzimas que completam os está- 
gios finais da decomposição das moléculas de nutrientes. 
A quantidade de superficie absorvente no intestino 
delgado é notdvel. Juntas, as pregas circulares, vilosida- 
des e microvilosidades aumentam a drea de superficie do 
intestino em aproximadamente 200 metros quadrados, 
equivalente a drea média de uma casa de dois andares! 
Histologia da parede Todas as camadas comuns 
do tubo digestdrio ocorrem no intestino delgado. O epi- 
télio de revestimento da mucosa, que ocorre não apenas 
nas vilosidades, mas também na superficie intestinal 
entre essas vilosidades, contém as células absortivas 
previamente mencionadas, além de algumas células ca- 
liciformes e células enteroenddcrinas espalhadas (ver 
também a Figura 23.24, p. 734-735): 
* Células absortivas (enterécitos) (Figuras 23.20b 
e c). Essas células contém muitas mitocondrias 
porque a absor¢do dos nutrientes digeridos é um 
processo que exige grande quantidade de energia. 
Eles também contém um reticulo endoplasmatico 
abundante que transforma as moléculas de lipidio 
recém-absorvidas em complexos lipidico-proteicos 
chamados quilomicrons. Depois de produzidos, os 
quilomicrons entram nos capilares linfaticos (“ldc- 
teos”), a forma que a gordura absorvida entra na 
circulagdo. 
* Células caliciformes (Figuras 23.20b e c). Essas 
células secretam sobre a superficie interna do in- 
testino uma cobertura de muco que lubrifica o qui- 
mo e forma uma barreira protetora que impede a 
digestdo enzimdtica da parede do intestino. 
* Células enteroendécrinas (Figura 23.20b). As 
células enteroendéerinas do duodeno secretam 
vários horménios que sinalizam a vesicula biliar 
para liberar a bile armazenada e o pancreas para 
secretar enzimas digestérias e um suco rico em bi- 
carbonato para neutralizar o quimo ácido que entra 
no duodeno. 
Entre as vilosidades, a mucosa contém invagina- 
ções chamadas glandulas (criptas) intestinais (Figura 
23.20b). As células epiteliais que revestem essas crip- 
tas secretam suco intestinal, um liquido aquoso que se 
mistura com o quimo na luz do intestino. Dois outros ti- 
pos de célula sdo encontrados nas glandulas intestinais. 
* Células epiteliais não diferenciadas revestem as 
glandulas intestinais e renovam o epitélio mucoso 
dividindo-se e movendo-se permanentemente so- 
bre as vilosidades. Elas estdo entre as células que 
se dividem mais rapidamente no corpo, renovando 
completamente o epitélio interno do intestino del- 
gado a cada 3-6 dias. Essa substitui¢ao rápida é ne- 
cessdria porque cada célula epitelial ndo consegue 
suportar por muito tempo os efeitos destrutivos das 
enzimas digestérias na luz do intestino. 
* Células de Paneth maduras (ver Figura 23.14, p. 
719) são encontradas na base da glandula. Essas 
células epiteliais secretam enzimas que destroem 
certas bactérias e que podem ajudar a determinar 
os tipos de bactérias que vivem na luz do intesti- 
no. Os residentes bacterianos permanentes da luz, 
chamados flora intestinal, produzem algumas vi- 
taminas essenciais que os intestinos absorvem. A 
vitamina K é uma substancia produzida pelas bac- 
térias do intestino. 
O intestino delgado contém muitas dreas de tecido 
linfatico. O tecido linfatico associado a mucosa (MALT) 
é encontrado na camada mucosa de todo o intestino e 
os nodulos linfdticos agregados (placas de Peyer) estao 
situados na submucosa do ileo (ver p. 666). 
A submucosa do intestino delgado é um tecido con- 
juntivo tipico. Apenas no duodeno ele contém um con- 
junto de glandulas duodenais tubulares compostas, 
cujos ductos se abrem para as criptas intestinais (ver Fi- 
gura 23.20b). Essas glandulas secretam um muco alcali-
no rico em bicarbonato que ajuda a neutralizar a acidez 
do quimo do estômago e contribui para a camada prote- 
tora de muco na superfície interna do intestino delgado. 
As camadas externas do intestino delgado (muscular 
e serosa) não possuem características incomuns. 
Intestino grosso 
O intestino grosso é o último órgão do tubo diges- 
tório (Figura 23.21). O material que chega até ele é um 
resíduo altamente digerido que contém poucos nutrien- 
tes. Durante as 12-24 horas que esse resíduo permanece 
no intestino grosso ocorre pouca decomposição adicio- 
nal do alimento, exceto quanto à pequena quantidade de 
digestão realizada pelas muitas bactérias que nele vivem. 
Embora o intestino grosso absorva esses poucos nutrien- 
tes restantes, sua função principal é absorver água e 
eletrólitos da massa digerida, resultando em fezes semis- 
sólidas. A propulsão através do intestino grosso é lenta e 
fraca, exceto pelos movimentos peristálticos de massa, 
que passam pelo colo algumas vezes por dia para forçar 
as fezes vigorosamente na direção do reto. 
Flexura direita 
do colo (hepática) 
Colo transverso 
Artéria — 
mesentérica 
superior 
Saculação 
do colo (haustro) 
Colo ascendente 
fleo 
Ostio ileal 
Apéndice 
vermiforme 
Canal anal 
(@) 
Capitulo 23 Sistema digestdrio 729 
Anatomia macroscépica 
O intestino grosso emoldura o intestino delgado 
em trés lados e meio, formando um retingulo aber- 
to (ver Figura 23.1). Esse 6rgio, que é mais largo do 
que o intestino delgado, porém com menos da metade 
do seu comprimento (1,5 metro), possui as seguintes 
subdivisoes: ceco, apéndice vermiforme, colo, reto e 
canal anal (Figura 23.21a). 
Ao longo de quase todo o seu comprimento, o intes- 
tino grosso exibe trés caracteristicas especiais: tênias 
do colo, saculações do colo (haustros) e apéndices 
omentais do colo (epiploicos). As ténias do colo são 
trés fitas longitudinais espacadas em intervalos iguais 
em volta da circunferéncia do ceco e do colo. Elas são 
espessamentos da camada longitudinal muscular, que 
é fina, exceto nesses locais. Como as ténias mantém 
o tonus muscular, ela faz com que o intestino grosso 
fique franzido em saculagdes do colo. Os apéndices 
omentais do colo são bolsas cheias de gordura do pe- 
riténio visceral que ficam suspensas no intestino. Sua 
importéancia é desconhecida. 
Flexura esquerda 
do colo (esplénica) 
Mesocolo 
transverso 
Apéndices 
omentais 
(epiploicos) 
Margem seccionada 
do mesentério 
Tênias do colo 
Colo sigmoide 
Esfincter externo do anus 
Figura 23.21 Anatomia macroscépica do intestino grosso. (a) Intestino grosso inteiro.
730 Anatomia humana 
Ceco e apêndice vermiforme O intestino grosso 
começa no ceco (“bolsa sem saida”) na fossa ilfaca 
direita. A abertura do fleo do intestino delgado para a 
parede medial do ceco é o óstio ileal’ (Figura 23.21a), 
limitado por duas margens elevadas de mucosa. Um 
esfíncter no ileo terminal mantém o óstio fechado até 
haver alimento no estômago, momento em que o es- 
fíncter relaxa reflexivamente e abre o óstio. À medida 
que o ceco enche, suas paredes se alongam, tracionan- 
do as margens do óstio, fechando-o. Essa ação impede 
o refluxo das fezes do ceco para o fleo. 
O apêndice vermiforme é um tubo sem saída que 
se abre na parede posterior do ceco. Embora quase sem- 
pre seja ilustrado suspenso inferiormente, na maioria 
das vezes ele está “aconchegado” na fossa ilfaca direita, 
posterior ao ceco. O apêndice tem massas grandes de 
tecido linfático em sua parede. Considerado frequente- 
mente um órgão residual, pesquisas recentes propõem 
que o apêndice funciona como um porto seguro para 
as bactérias benéficas que habitam o intestino grosso. 
De acordo com essa teoria, essas bactérias conseguem 
repovoar o intestino após uma doença infecciosa que 
provoca diarreia e remove a flora intestinal. 
APLICAÇÃO CLÍNICA 
Apendicite Inflamação aguda do apêndice, 
que resulta de uma obliteração que aprisiona as bac- 
térias infecciosas dentro da sua luz. Essa condição é 
causada frequentemente por uma massa de fezes ou 
por um intumescimento do tecido linfático da parede 
do apêndice induzido por virus. Incapaz de esvaziar o 
seu conteúdo,o apêndice incha com o muco que se- 
creta, espremendo a sua drenagem venosa e levando 
à necrose isquêmica e à infecção. Se o apêndice rom- 
per, as bactérias e fezes são liberadas no periténio, 
provocando peritorite. 
Como os sintomas da apendicite variam bastante, 
essa condição é notoriamente dificil de diagnosticar. 
Muitas vezes, porém, o primeiro sintoma é a dor na 
região umbilical, seguida por perda de apetite, febre, 
náusea, vômito e mudança da dor para a região ingui- 
nal (iliaca) direita da superficie abdominal. A palpação 
dessa região que provoca dor forte após o alívio da 
pressão (a conhecida hipersensibilidade de rebote) 
pode indicar apendicite. 
A remoção cirúrgica imediata do apêndice, cha- 
mada apendectomia, é o tratamento usual. 
Colo O colo possui vários segmentos distintos (Fi- 
gura 23.21a). A partir do ceco, o colo ascendente 
sobe ao longo do lado direito da parede posterior do 
abdome em uma posição retroperitoneal e chega ao 
nível do rim direito, onde faz uma volta de 90 graus, 
Válvula retal 
Reto 
Veias 
hemorroidais 
Músculo 
levantador 
do ânus 
Canal anal 
Esfincter anal 
externo 
Esfincter anal 
interno 
Colunas anais 
Vélvulas anais 
Linha pectinada 
Seios anais 
Anus 
(b) 
Figura 23.21 Anatomia macroscópica do intestino 
grosso, continuação. (b) Reto inferior 
e canal anal em corte frontal. 
a flexura direita do colo (também chamada flexura 
hepática porque o fígado se situa posterior à mesma). 
A partir dessa flexura, o colo transverso se estende 
intraperitonealmente para a esquerda através da cavi- 
dade peritoneal. Anteriormente ao baço, ele se curva 
agudamente para baixo na flexura esquerda do colo 
(esplênica) e desce ao longo do lado esquerdo da pa- 
rede posterior do abdome, novamente em uma posição 
retroperitoneal, como colo descendente. Inferiormen- 
te, o colo se torna intraperitoneal e entra na pelve ver- 
dadeira como colo sigmoide em forma de S (sigma = 
letra grega correspondente à letra s). 
Reto Na pelve, o colo sigmoide se une ao reto (Figu- 
ra 23.21a), que desce ao longo da metade inferior do sa- 
cro em uma posição retroperitoneal. O reto não possui 
tênias; sua camada muscular longitudinal é completa 
e bem desenvolvida, de modo que ele consegue gerar 
fortes contrações para a defecação. Apesar do nome 
“reto”, ele possui, na realidade, várias curvas fechadas. 
Internamente, essas curvas são representadas como três 
pregas transversas do reto (ou válvulas retais) (Figu- 
ra 23.21b), que evitam que as fezes sejam eliminadas 
junto com o flato (gases). 
Canal anal A última subdivisão do intestino gros- 
so é o canal anal (ver Figura 23.21b). Com cerca de 
3 m de comprimento, ele começa onde o reto atravessa 
o músculo levantador do ânus, o músculo que forma o 
3 Nota do revisor técnico: o óstio ileal é encontrado no ápice da papila ileal, limitado pelos lábios ileocólico e ileocecal que, segundo a nomenclatura 
anatômica, não constituem apropriadamente uma válvula ileocecal, ficando o seu mecanismo de fechamento no ileo terminal.
assoalho da pelve. Uma parte do levantador do ânus é 
responsável por manter o ângulo da junção anorretal, 
um ângulo agudo entre o ânus e o reto que contribui 
para a continência fecal. O canal anal situa-se inteira- 
mente externo à cavidade abdominopélvica no períneo. 
APLICAÇÃO CLÍNICA 
Diverticulose e diverticulite Quando a ali- 
mentação carece de fibras, o conteúdo do colo di- 
minui de volume e as contrações do músculo circular 
no colo exercem pressões maiores sobre sua parede. 
Essa pressão promove a formação de vários sacos 
chamados divertículos, que são pequenas hérnias da 
mucosa através da parede do colo. A condição resul- 
tante se chama diverticulose. Essa condição surge na 
maioria das vezes no colo sigmoide. Ocorrendo em 
30% a 40% de todos os norte-americanos acima dos 
50 anos de idade, e na metade dos norte-americanos 
acima dos 70 anos de idade, a diverticulose leva a 
nada mais do que uma dor vaga, embora possa rom- 
per uma artéria no colo e produzir sangramento pelo 
ânus. Aumentar a quantidade de fibra na alimentação 
costuma aliviar os sintomas. 
Em cerca de 20% dos casos de diverticulose os 
pacientes desenvolvem uma condição mais grave cha- 
mada diverticulite, na qual os divertículos inflamados 
são infectados e podem perfurar, vazando fezes na 
cavidade peritoneal. Nos casos graves, a região do 
colo afetada é removida cirurgicamente e são admi- 
nistrados antibióticos para combater a peritonite. 
Divertículos na parede do colo sigmoide 
Internamente, a metade superior do canal anal con- 
tém pregas longitudinais de mucosa, as colunas anais. 
Essas colunas contêm as porções terminais da artéria 
e veia retais superiores (os vasos hemorroidais). As 
colunas anais vizinhas se juntam umas às outras infe- 
riormente em pregas transversas com a forma de lua 
Capitulo 23 — Sistema digestório 731 
crescente, chamadas válvulas anais. Os bolsos imedia- 
tamente superiores a essas válvulas são os seios anais, 
que liberam muco quando são comprimidos pelas fe- 
zes, proporcionando lubrificação que facilita a sua pas- 
sagem durante a defecação. 
A linha horizontal ao longo da qual as válvulas 
anais se situam se chama linha pectinada (“em forma 
de pente”). Como a mucosa superior a essa linha é iner- 
vada por fibras sensitivas viscerais, ela é relativamente 
insensivel a dor. Inferior à linha pectinada, a mucosa é 
sensivel a dor por ser suprida pelos nervos somaticos. 
A parede do canal anal contém dois misculos es- 
fincteres: o esfincter interno do ânus de misculo liso 
e o esfincter externo do ânus de miisculo esquelético 
(Figura 23.21b). O primeiro é um espessamento da ca- 
mada circular da muscular, enquanto que o tltimo é um 
misculo diferente (exibido na Figura 11.15, p. 310). O 
esfincter externo contrai voluntariamente para inibir a 
defecação, enquanto que o esfincter interno contrai in- 
voluntariamente, tanto para impedir que as fezes saiam 
do anus entre as defecações quanto para inibir a defe- 
cagdo durante o estresse emocional. Quando treinam 
para aprender a usar o banheiro, as criangas aprendem a 
controlar o esfincter externo do anus. 
“%’ APLICACAO CLINICA 
Hemorroidas As veias do plexo venoso retal 
varicosas no canal anal (ver Figura 23.21b) se cha- 
mam hemorroidas; muitas vezes elas resultam do es- 
forco no parto ou na defecação. Como elas estão es- 
ticadas e inflamadas, as veias intumescidas latejam e 
incham na luz do canal anal. As hemorroidas internas 
ocorrem acima da linha pectinada e as hemorroidas 
externas ocorrem abaixo dela. As hemorroidas exter- 
nas coçam e doem mais, mas apenas as hemorroidas 
internas tendem a sangrar. Cerca de 75% dos ameri- 
canos desenvolvem hemorroidas em algum momento 
de suas vidas.* 
Várias hemorroidas costumam ser tratadas amarran- 
do-as em sua base com pequenas tiras de borracha — 
depois desse procedimento, elas murcham e caem. Elas 
também podem ser injetadas com um agente endurece- 
dor ou expostas à eletricidade ou luz infravermelha forte 
para coagular o sangue no seu interior. Os tratamentos 
que parecem desagradveis são simples e eficazes, 
tendo eliminado em grande parte as dificeis remoções 
cirtrgicas que antes eram realizadas. 
Vasos e nervos A primeira metade do intestino 
grosso — até um ponto a dois terços do caminho ao 
longo do colo transverso — é suprida pelos vasos me- 
sentéricos superiores; sua inervação simpdtica pro- 
vém dos ganglios e plexos mesentéricos superiores e 
4 Nota do editor: no Brasil, não há dados precisos. mas, segundo especialistas, a crise hemorroidal atinge entre 10% a 15% da população.
732 Anatomia humana 
celiacos, e sua inervação parassimpática provém do 
nervo vago. 
A metade distal do intestino grosso, até a parte pro- 
ximal do reto, é suprida pelos vasos mesentéricos infe- 
riores. A parte inferior do reto e o canal anal recebem 
os ramos retais dos vasos ilfacos internos.A inervação 
simpitica da metade distal do intestino grosso se dá 
através dos plexos mesentérico inferior e hipogdstrico e 
a inervagdo parassimpitica, pelos nervos esplancnicos 
pélvicos. Assim como em outras dreas do tubo digestó- 
rio, a inervagdo auténoma influencia os neurônios en- 
téricos intrinsecos. A parte final do canal anal abaixo 
da linha pectinada é inervada pelos nervos somaticos, 
como o nervo pudendo. 
Defecação O reto geralmente fica vazio e os esfinc- 
teres do dnus, contraidos. Quando as fezes são impul- 
sionadas para o reto pelos movimentos peristalticos de 
massa, o estiramento da parede do reto inicia o reflexo 
de defecação (Figura 23.22 (1)). Mediado pela medula 
espinal sacral, esse reflexo parassimpitico sinaliza as 
Impulsos 
proverientes 
do córtex cerebral 
(controle 
consciente) 
Nervo motor 
voluntério para 
o esfincter extemo 
do anus 
Esfincter * — 
externo do ânus 
(músculo 
esquelético) 
(® se for conveniente defecar, os 
neurônios motores voluntários são 
inibidos, permitindo que o esfíncter 
externo do ânus relaxe para que as 
fezes possam ser eliminadas. 
Figura 23.22 Reflexo de defecação. 
paredes do colo sigmoide e do reto a contraírem e o es- 
fíncter interno do ânus a relaxar (Figura 23.22, @). Se 
uma pessoa decidir postergar a defecagio, as contrações 
reflexas terminam e o reto relaxa. Outro movimento de 
massa ocorre alguns minutos mais tarde, iniciando mais 
uma vez o reflexo de defecação — e assim por diante, 
até que a pessoa decida defecar (Figura 23.22, ()) ou 
até que a necessidade de defecar se torne inevitdvel. 
Durante a defecagdo, a musculatura do reto contrai 
para expelir as fezes. Esse processo é suplementado pela 
contragdo voluntéria do diafragma e dos músculos da pa- 
rede do abdome, aumentando a pressão intra-abdominal, 
e do misculo levantador do dnus (diagramado na p. 310), 
que ergue o canal anal, deixando as fezes em uma posi- 
ção inferior ao anus e, assim, fora do corpo. 
Anatomia microscépica 
A parede do intestino grosso (Figura 23.23) 
assemelha-se a do intestino delgado em alguns aspectos 
e difere em outros aspectos. 
Fibras nervosas 
sensitivas 
(D As fezes entram e 
distendem o reto, estimulando 
os receptores de distensão ali 
situados. Os receptores 
transmitem sinais ao longo das 
fibras aferentes para os 
neurônios da medula espinal. 
Receptores de distensão na parede 
@ um reflexo espinal é iniciado, no 
qual as fibras motoras (eferentes) 
parassimpáticas estimulam a contração 
das paredes do reto e o relaxamento do 
esfíncter interno do ânus. 
Nervo motor involuntário 
(parassimpático) 
Esfíncter interno do ânus 
(músculo liso)
* O epitélio mucoso do colo é um epitélio simples 
prismático contendo os mesmos tipos de célula do 
intestino delgado. As células caliciformes são mais 
abundantes no intestino grosso, por isso elas secre- 
tam grandes quantidades de muco lubrificante que 
facilita a passagem das fezes em direção ao fim do 
tubo digestório. As células absortivas (também 
chamadas colonócitos) absorvem água e eletrólitos 
(ver Figura 23.24, p. 734-735). 
* Nio existem vilosidades, o que reflete o fato de que 
menos nutrientes são absorvidos no intestino grosso. 
* —As glandulas intestinais estdo presentes como glin- 
dulas tubulares simples contendo muitas células 
caliciformes. Células-tronco nao diferenciadas ocor- 
rem nas bases dessas glandulas e as células epiteliais 
são totalmente substituidas semanalmente. 
As outras camadas da parede são bastante tipicas. A 
lamina prépria e a submucosa contém mais tecido linfá- 
tico do que em qualquer outra parte do tubo digestério, 
mas isso não é de surpreender, considerando a ampla 
flora bacteriana do intestino grosso. As especializações 
da muscular e da serosa, que são as ténias do colo e os 
apéndices omentais, foram discutidas na seção “Anato- 
mia macroscopica” (p. 729). 
O canal anal é uma zona de transição epitelial na 
qual o epitélio simples prismdtico do intestino muda 
abruptamente para epitélio estratificado pavimentoso 
perto da linha pectinada. Na extremidade mais inferior 
do canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira 
que circunda o ânus. 
O quadro Destaque — Processos digestérios (Fi- 
gura 23.24) resume as atividades digestérias em cada 
Colondcitos 
Células 
caliciformes 
Lâmina própria 
Glândula 
intestinal 
Muscular 
damucosa 
Figura 23.23 Mucosa do intestino grosso. 
Fotomicrografia. Repare na quantidade 
de células caliciformes (130x). 
Capitulo 23 Sistema digestório 733 
porção do tubo digestório. A histologia da muco- 
sa em cada região também é ilustrada, permitindo a 
comparação visual das características especiais dessa 
camada por todo o tubo digestório. As modificações 
da camada mucosa permitem diferenciar as regiões do 
tubo digestório. 
E Verifique seu conhecimento 
O 14. Qual é a expectativa de vida típica de uma célu- 
la epitelial do intestino? De que modo as células 
do epitélio são substituídas? 
DO 15. Mencione todas as partes do intestino grosso, 
começando pela sua junção com o íleo. 
[ 16. Cite os nomes das estruturas internas da vilo- 
sidade que recebem os nutrientes absorvidos. 
Que tipos de nutrientes são absorvidos em cada 
estrutura? 
(Veja as respostas no Apêndice B.) 
ANATOMIA DOS ÓRGÃOS 
ANEXOS 
Objetivo de aprendizagem: 
D descrever a anatomia macroscópica e microscó- 
pica, além das funções do fígado, vesícula biliar e 
pâncreas. 
Fígado 
O fígado é a maior glândula no corpo, pesando 
aproximadamente 1,4 kg em um adulto de porte mé- 
dio. Espantosamente versátil, ele desempenha mais de 
500 funções. Sua função digestória é produzir bile, um 
líquido alcalino verde que é armazenado na vesícu- 
la biliar e secretado no duodeno, onde os sais de bile 
emulsionam as gorduras no intestino delgado; ou seja, a 
decomposição dos nutrientes gordurosos em partículas 
minúsculas, do mesmo modo que o detergente decom- 
põe uma poça de pingos de gordura em uma assadeira. 
Essas partículas menores são mais acessíveis para as 
enzimas digestórias do pâncreas. O fígado também de- 
sempenha muitas funções metabólicas, tais como: 
* — absorver glicose do sangue rico em nutrientes que re- 
torna do tubo digestório e armazenar esse carboidrato 
como glicogênio para o uso subsequente pelo corpo; 
* — processar gorduras e aminoácidos e armazenar cer- 
tas vitaminas; 
* — desintoxicar muitos venenos e fármacos no sangue; 
* —produziras proteinas do sangue. 
Quase todas essas funções são executadas por um 
tipo de célula chamada hepatócito ou simplesmente 
célula hepática.
pancreaticoduodenal inferior 
Divide-se nos ramos anterior e 
posterior que ascendem de cada 
Pancreaticoduodenal A. mesentérica lado da cabeça do pâncreas, Porção distal do duodeno e 
inferior superior anastomosando-se com ramos cabeça do pâncreas 
semelhantes da A. 
pancreaticoduodenal superior 
“Para fins descritivos, a artéria hepática frequentemente é dividida em artéria hepática comum, desde sua origem até a origem da artéria 
gastroduodenal, e artéria hepática própria, formada pelo restante do vaso. 
V. gástrica curta 
V. gástica esquerda 
V. gástrica direita 
Ducdeno V. gastromental direita 
V. mesentérica inferior 
Vela mesentérica superior 
Vista anterior 
Figura 2.41 Veias do estômago, duodeno e baço. A drenagem venosa da parte abdominal do esôfago, estômago, parte 
superior do duodeno (partes superior e descendente alta), pâncreas e baço se faz para a veia porta, direta ou indiretamente 
através da veia esplênica ou mesentérica superior (VMS). As veias gástricas acompanham a posição e o trajeto das artérias. 
A inervação simpática do estômago, proveniente dos segmentos T6 a T9 da medula espinal, segue para o plexo celiaco 
por intermédio do nervo espldncnico maior e é distribuída pelos plexos ao redor das artérias gástricas e gastromentais. (Ver 
também “Resumo da inervação das vísceras abdominais”,mais adiante). 
Intestino delgado 
O intestino delgado, formado pelo duodeno, jejuno e íleo (Figura 2.43), é o principal local de absorção de nutrientes dos 
alimentos ingeridos. Estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao ceco (a primeira parte do intestino 
grosso). A parte pilórica do estômago esvazia-se no duodeno, sendo a admissão duodenal controlada pelo piloro. 
DUODENO 
O duodeno, a primeira e mais curta (25 cm) parte do intestino delgado, também é a mais larga e mais fixa. O duodeno segue 
um trajeto em formato de C ao redor da cabeça do pâncreas (Figuras 2.43C e 2.44A e C); comega no piloro no lado direito e 
termina na flexura (junção) duodenojejunal no lado esquerdo (Figuras 2.44B e C). Essa junção ocorre aproximadamente 
no nível da vértebra L II, 2 a 3 cm à esquerda da linha mediana. A junção geralmente assume a forma de um ângulo agudo, a 
flexura duodenojejunal. À maior parte do duodeno está fixada pelo peritônio a estruturas na parede posterior do abdome e é 
considerada parcialmente retroperitoneal. O duodeno é dividido em quatro partes (Figuras 2.44C e 2.45; Quadro 2.8): 
* Parte superior (primeira): curta (aproximadamente 5 cm), situada anterolateralmente ao corpo da vértebra L [ 
* Parte descendente (segunda): mais longa (7 a 10 cm), desce ao longo das faces direitas das vértebras L I a L III 
* Parte inferior (terceira): 6 a 8 em de comprimento, cruza a vértebra L 1l 
* Parte ascendente (quarta): curta (5 cm), começa à esquerda da vértebra L III e segue superiormente até a margem 
superior da vértebra L Il. 
Os primeiros 2 cm da parte superior do duodeno, imediatamente distais ao piloro, têm mesentério e são móveis. Essa parte
livre, chamada ampola (bulbo duodenal), tem uma aparência diferente do restante do duodeno quando observada 
radiologicamente usando-se meio de contraste (Figura 2.37C e E). Os 3 cm distais da parte superior e as outras três partes do 
duodeno ndo tém mesentério e sdo imóveis porque sdo retroperitoneais. As principais relagdes do duodeno são mostradas nas 
Figuras 2.44 e 2.45 e resumidas no Quadro 2.8. 
A parte superior do duodeno ascende a partir do piloro e é superposta pelo figado e pela vesicula biliar. O peritônio 
cobre sua face anterior, mas não ha periténio posteriormente, com exce¢do da ampola. A parte proximal tem o ligamento 
hepatoduodenal (parte do omento menor) fixado superiormente e o omento maior fixado inferiormente (ver Figura 2.26). 
A parte descendente do duodeno segue inferiormente, curvando-se ao redor da cabega do pancreas (Figuras 2.44 e 2.45; 
Quadro 2.8). Inicialmente, situa-se a direita da VCI e paralela a ela. Os ductos colédoco e pancredtico principal entram em 
sua parede posteromedial. Esses ductos geralmente se unem para formar a ampola hepatopancreitica, que se abre em uma 
eminéncia, chamada papila maior do duodeno, localizada posteromedialmente na parte descendente do duodeno. A parte 
descendente do duodeno é totalmente retroperitoneal. A face anterior de seus tergos proximal e distal é coberta por peritonio; 
entretanto, o peritonio é refletido de seu tergo médio para formar o mesentério duplo do colo transverso, o mesocolo 
transverso. 
Drenagem intética 
— Drenagem inicial 
— Drenagem secundria (subsequente) 
A. Vista anterior 
A 
Nn. asplancnioos — <L =2 & 
== Nervas e ganglios 
simpáticos 
mmm Norvos parassimpáticos 
== Ploxos (simpático e 
parassimpático) 
B. Vista anterior 
Figura 2.42 Drenagem linfatica e inervação do estômago e do intestino delgado. A. As setas indicam o sentido do fluxo 
linfático para os linfonodos. B. O estômago tem inervação parassimpática, pelos nervos vagos (NC X) via plexo esofágico, e 
simpática, via nervo esplancnico maior (abdominopélvico), plexo celiaco e plexos periarteriais.
Parte gastrocólica do 
omento maior (rebatida) 
Figura 2.43 Intestinos delgado e grosso. A. Observe as alças do intestino delgado in situ, circundadas nos três lados pelo 
intestino grosso e reveladas pelo rebatimento do omento maior. B. As alças do intestino delgado foram afastadas superiormente 
para mostrar o mesentério. C. Este desenho de orientação do sistema digestório mostra a posição geral e as relações dos 
intestinos. D. Irrigação sanguínea da região ileocecal. 
A parte inferior (horizontal) do duodeno segue transversalmente para a esquerda, passando sobre a VCI, a aorta e a 
vértebra L III. É cruzada pela artéria e veia mesentéricas superiores e pela raiz do mesentério do jejuno e íleo. Superiormente 
a ela está a cabeça do pâncreas e seu processo uncinado. A face anterior da parte horizontal é coberta por peritônio, exceto na 
parte em que é cruzada pelos vasos mesentéricos superiores e pela raiz do mesentério. Posteriormente, é separada da coluna 
vertebral pelo músculo psoas maior direito, VCI, aorta e vasos testiculares ou ováricos direitos. 
A parte ascendente do duodeno segue superiormente e ao longo do lado esquerdo da aorta para alcançar a margem 
inferior do corpo do pâncreas. Aí, ela se curva anteriormente para se unir ao jejuno na flexura duodenojejunal, sustentada pela 
fixação de um músculo suspensor do duodeno (ligamento de Treitz). Esse músculo é formado por uma alça de músculo 
esquelético do diafragma e uma faixa fibromuscular de músculo liso da terceira e quarta partes do duodeno. A contração desse 
músculo alarga o ângulo da flexura duodenojejunal, facilitando o movimento do conteúdo intestinal. O músculo suspensor do 
duodeno passa posteriormente ao pâncreas e à veia esplênica e anteriormente à veia renal esquerda.
A hepática própria 
A gástrica esquerda 
Tronco celiaco 
A esplônica 
A hepática comum 
A, gastroduodenal 
A pancredtica dorsal 
Ramos anterior e posterior da 
A pancreaticoducdnal inferior 
A pancreaticoduodenal inferior 
A. mesentérica superior 
A jejunal 
Vasos esplênicos 
Baço 
A.e V. cólicas direitas 
V.e A leocólicas 
B. Vista anterior 
A. e V. gástricas esquerdas — Tronco celíaco 
Linfonodo 
E Processo uncinado 
anterior o inferior posterior 
C. Vista posterior 
Figura 2.44 Duodeno, pancreas e bago. A. Duodeno, pancreas e bago, junto com sua irrigação sanguinea, são revelados pela 
retirada do estdmago, colo transverso e peritonio. B. Face anterior do duodeno, pancreas e vascularizagéo relacionada. O 
duodeno é moldado ao redor da cabega do pancreas. C. Face posterior do duodeno e do pancreas. A parte abdominal da aorta e 
a veia cava inferior ocupam a concavidade vertical posteriormente à cabeça do pancreas e a terceira parte do duodeno. O 
processo uncinado é a extensão da cabega do pancreas que passa posteriormente aos vasos mesentéricos superiores. O ducto 
colédoco desce em uma fissura (aberta) na parte posterior da cabega do pancreas. VCI = veia cava inferior; VMS = veia 
mesentérica superior. 
As artérias do duodeno originam-se do tronco celiaco e da artéria mesentérica superior (Figura 2.44). O tronco celiaco, 
por intermédio da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal superior, supre a parte do duodeno 
proximal à entrada do ducto colédoco na parte descendente do duodeno. A artéria mesentérica superior, por meio de seu 
ramo, a artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal a entrada do ducto colédoco. As artérias 
pancreaticoduodenais situam-se na curvatura entre o duodeno e a cabega do péncreas e irrigam as duas estruturas. A 
anastomose das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior (i. e., entre o tronco celiaco e a artéria mesentérica superior) 
ocorre entre a entrada do ducto biliar (colédoco) e a junção das partes descendente e inferior do duodeno. Aqui ocorre uma 
importante transi¢do na irrigagdo do sistema digestorio: na parte proximal, estendendo-se oralmente (em diregdo a boca) até 
inclusive a parte abdominal do esdfago, o sistema digestorio é irrigado pelo tronco celiaco; na regido distal, estendendo-se
aboralmente (afastando-se da boca) até a flexura esquerda do colo, o sangueprovém da AMS. A base dessa transição na 
irrigação sanguínea é embriológica; esse é o local da junção do intestino anterior com o intestino médio. 
As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam para a veia porta, algumas diretamente e outras indiretamente, 
pelas veias mesentérica superior e esplênica (Figura 2.41). 
Os vasos linfáticos do duodeno acompanham as artérias. Os vasos linfáticos anteriores drenam para os linfonodos 
pancreaticoduodenais, localizados ao longo das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior, e para os linfonodos 
pilóricos, situados ao longo da artéria gastroduodenal (Figura 2.46). Os vasos linfáticos posteriores seguem posteriormente à 
cabeça do pâncreas e drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos 
duodenais drenam para os linfonodos celiacos. 
Os nervos do duodeno derivam do nervo vago e dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maior e menor por meio 
dos plexos celiaco e mesentérico superior. Os nervos seguem para o duodeno via plexos periarteriais que se estendem até as 
artérias pancreaticoduodenais (ver também “Resumo da inervação das vísceras abdominais”, mais adiante). 
JEJUNO E ÍLEO 
A segunda parte do intestino delgado, o jejuno, começa na flexura duodenojejunal, onde o sistema digestório volta a ser 
intraperitoneal. A terceira parte do intestino delgado, o íleo, termina na junção ileocecal, a união da parte terminal do íleo e o 
ceco (Figuras 2.43C e 2.47). Juntos, o jejuno e o ileo têm 6 a 7 m de comprimento, o jejuno representa cerca de dois quintos 
e o ileo cerca de três quintos da parte intraperitoneal do intestino delgado. 
A maior parte do jejuno está situada no quadrante superior esquerdo (QSE) do compartimento infracólico, ao passo que a 
maior parte do íleo está no quadrante inferior direito (QID). A parte terminal do íleo geralmente está na pelve, de onde 
ascende, terminando na face medial do ceco. Embora não haja uma linha de demarcação nítida entre o jejuno e o íleo, eles 
têm características distintas, que são cirurgicamente importantes (Figura 2.48B a E; Quadro 2.9). 
O mesentério é uma prega de peritônio em forma de leque que fixa o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome 
(Figuras 2.43B e 2.48A). A origem ou raiz do mesentério (com aproximadamente 15 cm de comprimento) tem direção 
obliqua, inferior e para a direita (Figura 2.49A). Estende-se da flexura duodenojejunal no lado esquerdo da vértebra L II até a 
junção ileocólica e a articulação sacroilíaca direita. O comprimento médio do mesentério, desde a raiz até a margem do 
intestino, é de 20 cm. A raiz do mesentério cruza (sucessivamente) as partes ascendente e horizontal do duodeno, parte 
abdominal da aorta, VCI, ureter direito, músculo psoas maior direito e vasos testiculares ou ovaricos direitos. Entre as duas 
camadas do mesentério estdo os vasos mesentéricos superiores, linfonodos, uma quantidade variável de gordura e nervos 
auténomos. 
A artéria mesentérica superior (AMS) irriga o jejuno e o ileo via artérias jejunais e ileais (Figura 2.49B). 
A AMS geralmente origina-se da parte abdominal da aorta no nivel da vértebra L I, cerca de 1 em inferior ao tronco 
celiaco, e segue entre as camadas do mesentério, enviando 15 a 18 ramos para o jejuno e o ileo (ver também Figuras 2.54 e 
2.55). As artérias se unem para formar algas ou arcos, chamados arcos arteriais, que dão origem a artérias retas, 
denominadas vasos retos (Figuras 2.48B e 2.49B). 
A veia mesentérica superior drena o jejuno e o íleo (Figura 2.49B). Situa-se anteriormente e à direita da AMS na raiz do 
mesentério (Figura 2.49A). A VMS termina posteriormente ao colo do pancreas, onde se une a veia esplénica para formar a 
veia porta (Figura 2.44C). 
Os vasos linfaticos especializados nas vilosidades intestinais (pequenas projecdes da túnica mucosa) que absorvem 
gordura são denominados lactiferos. Eles drenam seu liquido leitoso para os plexos linfaticos nas paredes do jejuno e do ileo. 
Por sua vez, os vasos lactiferos drenam para os vasos linfaticos entre as camadas do mesentério. No mesentério, a linfa 
atravessa sequencialmente trés grupos de linfonodos (Figura 2.50): 
* Linfonodos justaintestinais: localizados perto da parede intestinal 
* Linfonodos mesentéricos: dispersos entre os arcos arteriais 
* Linfonodos centrais superiores: localizados ao longo da parte proximal da AMS. 
Os vasos linfaticos eferentes dos linfonodos mesentéricos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos 
linfaticos da parte terminal do ileo seguem o ramo ileal da artéria ileocolica até os linfonodos ileocolicos. 
A AMS e seus ramos são circundados por um plexo nervoso periarterial por meio do qual os nervos sdo conduzidos até 
as partes do intestino irrigadas por essa artéria (Figura 2.51). As fibras simpaticas nos nervos para o jejuno e o ileo originam- 
se nos segmentos T8 a T10 da medula espinal e chegam ao plexo mesentérico superior por intermédio dos troncos 
simpdticos e nervos espldncnicos (maior, menor e imo) tordcicos abdominopélvicos. As fibras simpaticas pré-ganglionares 
fazem sinapse nos corpos celulares dos neurdnios simpéticos pos-ganglionares nos gdnglios celiaco e mesentérico superior
(pré-vertebral). As fibras parassimpáticas nos nervos para o jejuno e íleo provêm dos troncos vagais posteriores. As fibras 
parassimpáticas pré-ganglionares fazem sinapse com os neurônios parassimpáticos pos-ganglionares nos plexos mioentérico e 
submucoso na parede intestinal (ver também “Resumo da inervação das vísceras abdominais”, mais adiante). 
v 
porta 
Vesicula 
billr (aberta) 
Ligamento / 
hepatoduodenal - = 
(cmento mencr] : : 
A . — 7 T omento 
maior 
(seccionado) 
Ducto 
colédoco 
Papila menor do duodeno. 
Papila maior do duodeno Y À M. suspensor 
Ampola hepatopancreática 2 á i chbdana 
Ducto pancredtico 
Perítônio Flexura 
R Qunção) 
Partes do duodeno: duodenojejunal 
A Inraperitoneal * Porgoes da 
B Retroperitoneal / parte superior 
Jejuno 
V. mesentérica superior 
Raiz do 
mesccolo 
transverso 
Figura 2.45 Relações do duodeno. O duodeno segue um trajeto em formato de C ao redor da cabeça do pâncreas. VCI = veia 
cava inferior. 
Quadro 2.8 Relações do duodeno. 
Ducto colédoco 
Peritônio A. 
Superior (12 Vesicula biliar gastroduodenal Piloro Colo da Colo do Anterolateral a 
parte) (A e B) | Lobo quadrado vesicula biliar pancreas vértebra L I 
do figado Veia porta 
VCI 
Colo il I Cabega do 
transverso "o rena a 
direito pâncreas 
Descendente :::g\(/xe)::o Vasos renais Ducto Parte superior Parte inferior x[/);.ª'bªrgsªí e 
(22 parte) (C) do duodeno do duodeno Lm 
Alças do Ureter pancreático 
intestino M. psoas maior | Ducto 
afelzin colédoco 
M. psoas maior Cabega e 
AMS direito processo 
uncinado do 
Inferior VMS VCI pancreas Algas de . 
(horizontal) (32 intestino A[1ter|0r a 
vértebra L III 
parte) (D) Alças de Aorta Vasos delgado (ilio) 
intestino mesentéricos 
delgado Ureter direito superiores 
M. psoas maior AMS, VMS, 
Início da raiz esquerdo & ' 
Ascendente do mesentério proçeszo Corpo do Alças de Esquerda da 
(4 parte) (E) Alças de Margem zgcma o pâncreas jejuno vértebra L III 
jejuno esquerda da a 
aorta pâncreas 
AMS = artéria mesentérica superior; VCI = veia cava inferior; VMS = veia mesentérica superior. 
Linfonodos 
pancreaticossplénicos Troncos vagais G (posteriores a0 estômago) 
Nn. esplâncnicos 
abdominopélvicos (maior e menor) 
ver 
Ganglio e plexo cellaco 
V. porta 
Ganglios e plexo 
mesentéricos superiores 
Linfonodos 
Figura 2.46 Drenagem linfática e inervação do duodeno, pâncreas e baço. A proximidade desses órgãos resulta em 
compartilhamento total ou parcial dos vasos sanguíneos, vasos linfáticos e vias nervosas. 
Figura 2.47 Jejuno e ileo. O jejuno começa na flexura duodenojejunal e o ileo termina no ceco. O termo combinado jejunoileo é 
usado às vezes como expressão do fato de que não há linha externa nítida de demarcaçãoentre o jejuno e o leo. QSE = quadrante 
superior esquerdo; QID = quadrante inferior direito.
A estimulação simpática reduz a atividade peristáltica e secretora do intestino e atua como um vasoconstritor, reduzindo ou 
interrompendo a digestão e disponibilizando sangue (e energia) para “fugir ou lutar”. A estimulação parassimpática aumenta a 
atividade peristáltica e secretora do intestino, restaurando o processo de digestão após uma reação simpática. O intestino 
delgado também tem fibras sensitivas (aferentes viscerais). O intestino é insensível à maioria dos estímulos dolorosos, 
inclusive incisão e queimadura; entretanto, é sensível à distensão que é percebida como cólica (dor abdominal espasmódica). 
Intestino grosso 
O intestino grosso é o local de absorção da água dos resíduos indigeríveis do quimo líquido, convertendo-o em fezes semis- 
sólidas, que são temporariamente armazenadas e acumuladas até que haja defecação. O intestino grosso é formado pelo ceco; 
apêndice vermiforme; colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide; reto e canal anal (Figura 2.52). O intestino 
grosso pode ser distinguido do intestino delgado por: 
Mesentério Perítônio visceral 
(serosa) 
Subserosa 
Camada 
fongitudinal }Muu,um 
D. Parte proximal do jejuno 
}mmmn 
Camada externa 
circular 
E. Parte proximal do fleo 
F. Parte terminal do leo 
B. Artérias do jejuno e fleo C. Antérias do ileo 
Figura 2.48 Estrutura e mesentério do intestino delgado: caracteristicas distintivas do jejuno e ileo. A. O mesentério é 
uma prega bilaminar de peritônio visceral que suspende o intestino e conduz vasos e nervos oriundos da parede posterior do 
corpo. B a E. llustração das características do jejuno e do ileo apresentadas no Quadro 2.9. 
Quadro 2.9 Características que diferenciam o jejuno e o ileo no corpo vivo (Figura 2.48). 
Cor Vermelho-vivo Rosa-daro 
Calibre 2a4cm 2a3am 
Parede Espessa e pesada Fina e leve 
Vascularidade Maior Menor 
(8) © 
Vasos retos Longos Curtos 
Arcos ABuTES ES Muitas alças curtas 
grandes 
Gordura no mesentério Menos Mais 
Pregas circulares Grandes, altas e bem próximas (D) B.ª'xªs SE D) EIEETES T9 pT 
distal (F) 
Nódulos linfoides (placas de ES Muitos (F) 
Peyer) 
*As letras entre parênteses referem-se às figuras individuais na Figura 2.48. 
Pâncreas 
Artéria mesentérica 
superior (AMS) 
Veia mesentérica 
superior (VMS) 
Jejuno 
B. Vista anterior 
Figura 2.49 Irrigação arterial e mesentérios dos intestinos. A. Irrigação arterial do intestino grosso. Os mesocolos transverso 
e sigmoide e o mesentério do jejuno e do ileo foram seccionados em suas raizes. As artérias ileocólica e cólica direita no lado 
direito e as artérias cólica esquerda e sigmóidea no lado esquerdo originalmente seguiam nos mesentérios (mesocolos 
ascendente e descendente) que, depois, se fundiram à parede posterior; é possível fazer o restabelecimento cirúrgico. B. Irrigação 
arterial e drenagem venosa do intestino delgado. Com exceção da porção proximal do duodeno, todo o intestino mostrado em B é
irrigado pela AMS (bem como a maior parte do colo transverso, não mostrado). A VMS drena o sangue das mesmas partes do 
intestino para a veia porta. 
Cistema do quilo 
Tronco — 
lintático 
intestinal 
Linfonodos 
Uinfonodos, mesentéricos 
superiores 
=== Linfonodos 
centrais 
Veocólicos 
Parte 
terminal 
do leo 
Ceco 
Figura 2.50 Linfonodos mesentéricos. Os linfonodos mesentéricos superiores formam um sistema no qual os linfonodos 
centrais, na raiz da artéria mesentérica superior, recebem linfa dos linfonodos mesentéricos, ileocólicos, cólicos direitos e cólicos 
médios, que, por sua vez, recebem linfa dos linfonodos justaintestinais. Os linfonodos justaintestinais adjacentes ao intestino são 
mais abundantes. Há menos linfonodos ao longo das artérias. 
* —Apêndices omentais do colo: projeções pequenas, adiposas, semelhantes ao omento 
* Ténias do colo: três faixas longitudinais distintas: (1) tênia mesocólica, a qual se fixam os mesocolos transverso e 
sigmoide; (2) tênia omental, à qual se fixam os apêndices omentais; e (3) tênia livre, à qual não estão fixados mesocolos 
nem apêndices omentais 
* Saculações: saculações da parede do colo entre as tênias 
* Calibre (diâmetro interno) muito maior. 
As tênias do colo (faixas espessas de músculo liso que representam a maior parte da camada longitudinal) começam na 
base do apêndice vermiforme como a camada longitudinal espessa do apêndice vermiforme que se divide para formar três 
faixas. As tênias seguem por todo o comprimento do intestino grosso, com alargamento abrupto e nova fusão na junção 
retossigmoide, formando uma camada longitudinal contínua ao redor do reto. Como sua contração tônica encurta a parte da 
parede associada, o colo adquire uma aparência sacular ou “de bolsas” entre as tênias, formando as saculações. 
CECO E APÊNDICE VERMIFORME 
O ceco é a primeira parte do intestino grosso; é continuo com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal cega, que mede 
aproximadamente 7,5 cm de comprimento e largura. Situa-se na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdome, 
inferiormente à sua junção com a parte terminal do íleo (Figuras 2.52 e 2.53). Quando distendido por fezes ou gases, o ceco 
pode ser palpável através da parede anterolateral do abdome. 
O ceco geralmente está situado a 2,5 cm do ligamento inguinal; é quase totalmente revestido por peritônio e pode ser 
levantado livremente. Entretanto, não tem mesentério. Em vista de sua relativa liberdade, pode ser deslocado da fossa ilíaca, 
mas costuma estar ligado à parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais de peritônio (Figura 2.53B). A parte 
terminal do íleo entra no ceco obliquamente e invagina-se em parte para o seu interior. 
Na dissecção, o óstio ileal entra no ceco entre os lábios ileocólico e ileocecal (superior e inferior), pregas que se 
encontram lateralmente e formam cristas chamadas de frênulos do óstio ileal (Figura 2.53A). Acreditava-se que quando o 
ceco fosse distendido ou quando se contraísse, ocorreria contração ativa dos frênulos, que fecharia a válvula para evitar 
refluxo do ceco para o ileo. No entanto, a observação direta por endoscopia em pessoas vivas não confirma essa descrição. O 
músculo circular é mal desenvolvido ao redor do óstio; portanto, é improvável que a válvula tenha alguma ação esfincteriana 
que controle a passagem do conteúdo intestinal do íleo para o ceco. O óstio, porém, geralmente é fechado por contração 
tônica, apresentando-se como uma papila ileal no lado cecal (Figura 2. 53B). A papila provavelmente atua como uma válvula 
unidirecional relativamente passiva, que impede o refluxo do ceco para o íleo quando houver contrações para impulsionar o 
conteúdo para o colo ascendente e colo transverso (Magee e Dalley, 1986). 
O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego (6 a 10 cm de comprimento) que contém massas de tecido 
linfoide. Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal. O apêndice vermiforme tem um 
mesentério triangular curto, o mesoapêndice, originado da face posterior do mesentério da parte terminal do íleo (Figura 
2.52A). O mesoapêndice fixa-se ao ceco e à parte proximal do apêndice vermiforme. A posição do apêndice vermiforme é 
variável, mas geralmente é retrocecal (Figura 2.53C). As correlações clínicas associadas ao apêndice vermiforme são 
apresentadas no boxe azul, mais adiante. 
A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica, o ramo terminal da AMS (Figuras 2.54 e 2.55; Quadro 
2.10). A artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica, irriga o apêndice vermiforme. A drenagem venosa do ceco e do 
apêndice vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia ileocólica (Figura 2.56A). 
A drenagem linfática do ceco e do apêndice vermiforme segue até os linfonodos no mesoapêndice e até os linfonodos 
ileocólicos situados ao longo da artéria ileocólica (Figura 2. 56B). Os vasos linfáticoseferentes seguem até os linfonodos 
mesentéricos superiores. 
A inervação do ceco e do apêndice vermiforme provém dos nervos simpáticos e parassimpáticos do plexo mesentérico 
superior (Figura 2.56C). As fibras nervosas simpáticas originam-se na parte torácica inferior da medula espinal, e as fibras 
nervosas parassimpáticas provêm dos nervos vagos. As fibras nervosas aferentes do apêndice vermiforme acompanham os 
nervos simpáticos até o segmento T10 da medula espinal (ver também “Resumo da inervação das vísceras abdominais”, mais 
adiante). 
Trigono do N. vago —— [ 
Núcleo posterior do — 
Seção do tronco 
encefálico (bulbo) 
Parte torácica da Raiz Corpo da célula sansitiva em 
Tronco simpético posterior MT'" espinal (T&-T10) |:: Sangio sensitivo (nodoso) do 
-” N. vago 
Gângiio do 
tronco simpático Min 
Como lateral da 
Ganglio sensitivo substancia cinzenta (IML) 
do nervo espinal : 
> N. vago direito 
Nervo espinal 
para vasos & 
glândulas 
da pele 
Nervos do Intestino delgado: 
| Fibras simpáticas 
------- Pré-ganglionares 
Pós-ganglionares 
| Fibras parassimpáticas 
- Prégangionares 
Pós-ganglionares 
| Fibras aterentes 
| Fibras aferentes viscerais 
' Fibras aferentes somáticas 
Gânglio do —— 
tronco ó 
simpático Plexo nervoso 
= periarterial ao 
redor da AMS 
e seus ramos 
Figura 2.51 Inervação do intestino delgado. As fibras nervosas simpáticas pré-ganglionares originam-se dos segmentos T8 
ou T9 até os segmentos T10 ou T11 da medula espinal e chegam ao plexo celiaco por intermédio dos troncos simpáticos e nervos 
esplancnicos (abdominopélvicos) maior e menor. Após fazer sinapse nos gânglios celiacos e mesentéricos superiores, as fibras 
nervosas pós-ganglionares acompanham as artérias até o intestino. As fibras aferentes estão relacionadas com reflexos e dor. Os 
nervos parassimpáticos pré-ganglionares (vago) originam-se no bulbo e seguem até o intestino via tronco vagal posterior. Eles 
fazem sinapse com neurônios pós-ganglionares intrínsecos localizados na parede intestinal. AMS = artéria mesentérica superior. 
COLO 
O colo é dividido em quatro partes — ascendente, transversa, descendente e sigmoide — que sucedem uma à outra formando 
um arco (Figuras 2.43C e 2.52). O colo circunda o intestino delgado, o colo ascendente à direita do intestino delgado, o colo 
transverso superior e/ou anteriormente a ele, o colo descendente à esquerda e, por fim, o colo sigmoide inferiormente a ele. 
O colo ascendente é a segunda parte do intestino grosso. Segue para cima na margem direita da cavidade abdominal, do
ceco até o lobo hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática). Essa flexura situa- 
se profundamente às costelas IX e X e é superposta pela parte inferior do figado. 
O colo ascendente é mais estreito do que o ceco e é secundariamente retroperitoneal ao longo da face direita da parede 
posterior do abdome. O colo ascendente é coberto por peritônio anteriormente e nas suas laterais; entretanto, tem um 
mesentério curto em aproximadamente 25% das pessoas. O colo ascendente é separado da parede anterolateral do abdome 
pelo omento maior. Um sulco vertical profundo revestido por peritônio parietal, o sulco paracólico direito, situa-se entre a 
face lateral do colo ascendente e a parede adjacente do abdome (Figura 2.49A). 
Tênia 
Ramo lleal da 
A. ileocólica 
s“wm} Recesso 
Inferior ) jigocacais 
A.Vista anterior 
B. Incidência anteroposterlor (com contraste) . Incidôncia anteroposterior (estudo com duplo contraste) 
Figura 2.52 Parte terminal do ileo e intestino grosso (incluindo apéndice vermiforme). A. As tênias, as saculações e os 
apéndices omentais gordurosos, caracteristicos do colo, não estéo associados ao reto. B. Para examinar o colo, foi administrado 
um enema baritado após enema de limpeza para eliminagdo do material fecal intestinal. Os exames contrastados simples com 
bario mostram as pregas semilunares que demarcam as saculagdes. C. Após o exame com contraste simples, o paciente evacuou 
o bario e o colo foi distendido com ar para este exame com contraste duplo. A superficie do lúmen ainda esta revestida por uma 
fina camada de bario. A = colo ascendente; C = ceco; D = colo descendente; G = colo sigmoide; H = flexura direita do colo ou 
hepética; R = reto; S = flexura esquerda do colo ou esplénica; T = colo transverso; U = saculagdes. (B cortesia do Dr. C. S. Ho, 
Professor of Medical Imaging, University of Toronto, Toronto, ON, Canada; C cortesia do Dr. E. L. Lansdown, Professor of Medical 
Imaging, University of Toronto, Toronto, ON, Canada.)
Figura 2.53 Parte terminal do ileo, ceco e apêndice vermiforme. A. O ceco foi enchido de ar até secar e, depois, aberto. 
Observe a papila ileal e o óstio ileal. O frénulo é uma prega (mais evidente em cadaveres) que se inicia na papila ileal e segue ao 
longo da parede na junção do ceco e colo ascendente. B. Interior do ceco, mostrando a aparéncia endoscépica (no individuo vivo) 
da papila ileal. C. Incidéncias aproximadas de varias localizagdes do apéndice vermiforme, com base na andlise de 10.000 casos. 
Airrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita do colo provém de ramos da AMS, as artérias ileocdlica e 
cólica direita (Figuras 2.54 e 2.55; Quadro 2.10). Essas artérias anastomosam-se entre si e com o ramo direito da artéria 
colica média, o primeiro de uma série de arcos anastomoéticos que é continuado pelas artérias colica esquerda e sigmoidea 
para formar um canal arterial continuo, o arco justacélico (artéria marginal). Essa artéria é paralela ao colo e acompanha 
todo seu comprimento perto de sua margem mesentérica. 
A drenagem venosa do colo ascendente segue por meio de tributérias da VMS, as veias célica direita e ileocdlica (Figura 
2.56A). A drenagem linfdtica segue primeiro até os linfonodos epicolicos e paracélicos, perto dos linfonodos célicos 
direitos intermediarios e ileocdlicos, e dai para os linfonodos mesentéricos superiores (Figura 2.56B). A inervação do colo 
ascendente é derivada do plexo mesentérico superior (Figura 2.56C). 
B. Vista anterior 
A. Vista anterior 
Figura 2.54 Irrigação arterial do intestino. 
Quadro 2.10 Irrigagao arterial dos intestinos. 
Parte do sistema 
digestério derivada 
do intestino médio 
Mesel'iténca Parte abdominal da aorta Segue na raiz do mesentério até a junção 
superior ileocecal 
Intestinal (jejunal e Jejuno e ileo 
ileal) (n = 15a18) Passa entre duas camadas de mesentério 
Artéria mesentérica superior 
Ascende no retroperitônio e passa entre 
Cólica média Colo transverso 
camadas de mesocolo transverso 
ATrm diro; Segue no retroperitônio para chegar ao 
Cólica direita €9 P P g Colo ascendente 
colo ascendente 
) Ramo termin: A. n raiz do mesentéri Íleo, ceco Tleocólica amo terminal da Segue ao longo da raiz do mesentério e leo, e colo 
mesentérica superior divide-se em ramos ileal e cdlico ascendente 
Apendicular 
Passa entre as camadas de 
A. ileocdlica A 
mesoapéndice 
Apéndice vermiforme 
Mesentérica 
inferior 
Desce no retroperitdnio a esquerda da 
Parte abdominal da aorta e omíhe) da csr 
Irriga parte do 
sistema digestório 
derivada do intestino 
posterior 
Cólica esquerda 
Segue no retroperitônio para a esquerda 
do colo descendente 
Sigmóidea (n =3 a 
4) 
Colo descendente 
Artéria mesentérica inferior 
Segue no retroperitônio para a esquerda 
do colo descendente 
Colos descendente e 
sigmoide 
Retal superior 
Ramo terminal da artéria 
P Desce no retroperitdnio até o reto 
mesentérica inferior 
Parte proximal do 
reto 
Retal média Artéria iliaca interna Segue no retroperitdnio até o reto Parte média do reto 
Retal inferior 
Cruza a fossa isquioanal para chegar ao 
Artéria pudenda interna reto 
Parte distal do reto e 
canal anal 
Gás no colo — 
transverso 
ascendente 
A ileocólica 
Cateter 
Incidência AP A apendicular 
Figura 2.55 Arteriografia mesentérica superior. Um contraste radiopaco foi injetado na correntesanguínea por um cateter 
introduzido na artéria femoral e avançado através das artérias iliacas e da aorta até a abertura da artéria mesentérica superior. 
(Cortesia do Dr. E. L. Lansdown, Professor of Medical Imaging, University of Toronto, Toronto, ON, Canada.) 
O colo transverso é a terceira parte do intestino grosso, a mais longa e mais móvel (Figura 2.52). Atravessa o abdome da
flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde se curva para baixo e dá origem ao colo descendente. A flexura 
esquerda do colo (flexura esplênica) geralmente é superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo. 
Situa-se anteriormente à parte inferior do rim esquerdo e fixa-se ao diafragma através do ligamento frenocólico (ver Figura 
2.26). O colo transverso e seu mesentério, o mesocolo transverso, faz uma volta para baixo, amiúde inferior ao nível das 
cristas ilíacas (Figura 2.57B). O mesentério adere à parede posterior da bolsa omental ou se funde com ela. A raiz do 
mesocolo transverso (ver Figura 2.49A) situa-se ao longo da margem inferior do pâncreas e é contínua com o peritônio 
parietal posteriormente. Sendo livremente móvel, a posição do colo transverso é variável, geralmente pendendo até o nível do 
umbigo (nivel da vértebra L III) (Figura 2.57A). No entanto, em pessoas magras e altas, o colo transverso pode estender-se 
até a pelve (Figura 2.57B). 
A irrigagdo arterial do colo transverso provém principalmente da artéria colica média (Figuras 2.54 e 2.55; Quadro 
2.10), um ramo da AMS. Entretanto, o colo transverso também pode receber sangue arterial das artérias colicas direita e 
esquerda por meio de anastomoses, parte da série de arcos anastomoticos que coletivamente formam o arco justacolico 
(artéria marginal). 
A drenagem venosa do colo transverso é feita pela VMS (Figura 2.56A). A drenagem linfitica do colo transverso se da 
para os linfonodos colicos médios, que, por sua vez, drenam para os linfonodos mesentéricos superiores (Figura 2. 56B). 
A inervagdo do colo transverso provém do plexo mesentérico superior via plexos periarteriais das artérias colicas direita e 
média (Figura 2.56C). Esses nervos conduzem fibras nervosas simpaticas, parassimpaticas (vagais) e aferentes viscerais (ver 
também “Resumo da inervação das visceras abdominais™, mais adiante). 
O colo descendente ocupa posi¢do secundariamente retroperitoneal entre a flexura esquerda do colo e a fossa iliaca 
esquerda, onde é continua com o colo sigmoide (Figura 2.52). Assim, o peritônio cobre o colo anterior e lateralmente e o liga 
a parede posterior do abdome. Embora retroperitoneal, o colo descendente, sobretudo na fossa iliaca, tem mesentério curto 
em aproximadamente 33% das pessoas; entretanto, em geral não é longo o suficiente para causar vólvulo (torgdo) do colo. Ao 
descer, o colo passa anteriormente à margem lateral do rim esquerdo. Como o colo ascendente, o colo descendente tem um 
sulco paracdélico (o esquerdo) em sua face lateral (Figura 2.49A). 
O colo sigmoide, caracterizado por sua alga em forma de S com comprimento varidvel, une o colo descendente ao reto 
(Figura 2.52). O colo sigmoide estende-se da fossa iliaca até o terceiro segmento sacral (S III), onde se une ao reto. O fim das 
ténias do colo, a aproximadamente 15 cm do anus, indica a jungdo retossigmoide. 
O colo sigmoide geralmente tem mesentério longo — o mesocolo sigmoide — e, portanto, tem grande liberdade de 
movimento, principalmente sua parte média. (Ver, no boxe azul, “Vélvulo do colo sigmoide”, adiante.) A raiz do mesocolo 
sigmoide tem fixação em formato de V invertido, que se estende primeiro medial e superiormente ao longo dos vasos iliacos 
externos e, depois, medial e inferiormente a partir da bifurcagdo dos vasos iliacos comuns até a face anterior do sacro. O 
ureter esquerdo e a divisdo da artéria iliaca comum esquerda situam-se no retroperitonio, posteriormente ao apice da raiz do 
mesocolo sigmoide. Os apéndices omentais do colo sigmoide são longos (Figura 2.52A); eles desaparecem quando o 
mesocolo sigmoide termina. As ténias do colo também desaparecem quando o musculo longitudinal na parede do colo se 
alarga para formar uma camada completa no reto. 
A irrigagdo arterial do colo descendente e do colo sigmoide provém das artérias colica esquerda e sigméidea, ramos 
da artéria mesentérica inferior (Figura 2.54; Quadro 2.10). Assim, aproximadamente na flexura esquerda do colo, há uma 
segunda transição na irrigagdo da parte abdominal do sistema digestério: a AMS que irriga a parte oral (proximal) à flexura 
(derivado do intestino médio embrionério), e a AMI que irriga a parte aboral (distal) à flexura (derivada do intestino posterior 
embriondrio). As artérias sigmoideas descem obliquamente para a esquerda, onde se dividlem em ramos ascendentes e 
descendentes. O ramo superior da artéria sig-moidea superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria colica 
esquerda, assim formando uma parte da artéria marginal. A drenagem venosa do colo descendente e do colo sigmoide é 
feita pela veia mesentérica inferior, geralmente fluindo para a veia esplénica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o 
figado (Figuras 2.56A e 2.75B). 
A drenagem linfitica do colo descendente e do colo sigmoide é conduzida por vasos que seguem até os linfonodos 
epicolicos e paracolicos e depois através dos linfonodos célicos intermedidrios ao longo da artéria colica esquerda (Figura 
2.56B). A linfa desses linfonodos segue para os linfonodos mesentéricos inferiores situados ao redor da AMI. Entretanto, a 
linfa proveniente da flexura esquerda do colo também pode drenar para os linfonodos mesentéricos superiores. 
Oralmente (em direção a boca ou proximal) a flexura esquerda do colo, as fibras simpéticas e parassimpaticas seguem 
juntas a partir do plexo aórtico abdominal através dos plexos periarteriais para chegarem a parte abdominal do trato alimentar 
(Figura 2.56C); entretanto, aboralmente (em sentido oposto a boca ou distal) a flexura, seguem vias distintas. 
A inervagdo simpdtica dos colos descendente e sigmoide provém da parte lombar do tronco simpético via nervos 
esplancnicos lombares (abdominopélvicos), do plexo mesentérico superior e dos plexos periarteriais que acompanham a artéria 
mesentérica inferior e seus ramos. 
A inervagdo parassimpdtica provém dos nervos espldncnicos pélvicos através do plexo e nervos hipogastricos (pélvicos)
inferiores, que ascendem retroperitonealmente a partir do plexo, independentemente da irrigação arterial para essa parte do 
sistema digestório (Figura 2.56D). Oralmente à porção média do colo sigmoide, fibras aferentes viscerais que conduzem a 
sensação de dor seguem retrogradamente com fibras simpáticas para os gânglios sensitivos dos nervos espinais 
toracolombares, enquanto aquelas que conduzem informações reflexas seguem com as fibras parassimpáticas para os gânglios 
sensitivos vagais. Aboralmente à porção média do colo sigmoide, todas as fibras aferentes viscerais acompanham as fibras 
parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos dos nervos espinais S2—S4 (ver também “Resumo da inervação das 
vísceras abdominais”, mais adiante). 
E= Nervos e gânglios 
Íticos 
C. Inervação do colo via 
plexo aórtico abdominal 
= Plexos (simpático & 
parassimpático) 
Plexo hipogástrico 
inferior (pélvico) 
direito 
D. Nervos parassimpáticos para os 
colos descendente e sigmoide 
Figura 2.56 Veias, linfonodos e nervos do intestino grosso. A. A drenagem venosa pelas veias mesentéricas superior e 
inferior corresponde ao padrão das artérias mesentéricas superior e inferior. B. A linfa do intestino grosso flui em sequência para 
os linfonodos epicólicos (sobre o intestino), linfonodos paracólicos (ao longo da margem mesentérica), linfonodos cólicos médios 
(ao longo das artérias cólicas) e, depois, para os linfonodos mesentéricos superiores ou inferiores e os troncos intestinais. C. A 
inervação do colo é feita porplexos periarteriais mistos que se estendem a partir dos gânglios mesentéricos superiores e 
inferiores ao longo das respectivas artérias. D. As fibras parassimpáticas dos niveis S2-S4 da medula espinal ascendem 
independentemente a partir dos plexos hipogástricos inferiores (pélvicos) até chegarem ao colo sigmoide, colo descendente e 
parte distal do colo transverso.
* O epitélio mucoso do colo é um epitélio simples 
prismático contendo os mesmos tipos de célula do 
intestino delgado. As células caliciformes são mais 
abundantes no intestino grosso, por isso elas secre- 
tam grandes quantidades de muco lubrificante que 
facilita a passagem das fezes em direção ao fim do 
tubo digestório. As células absortivas (também 
chamadas colonócitos) absorvem água e eletrólitos 
(ver Figura 23.24, p. 734-735). 
* Nio existem vilosidades, o que reflete o fato de que 
menos nutrientes são absorvidos no intestino grosso. 
* —As glandulas intestinais estdo presentes como glin- 
dulas tubulares simples contendo muitas células 
caliciformes. Células-tronco nao diferenciadas ocor- 
rem nas bases dessas glandulas e as células epiteliais 
são totalmente substituidas semanalmente. 
As outras camadas da parede são bastante tipicas. A 
lamina prépria e a submucosa contém mais tecido linfá- 
tico do que em qualquer outra parte do tubo digestério, 
mas isso não é de surpreender, considerando a ampla 
flora bacteriana do intestino grosso. As especializações 
da muscular e da serosa, que são as ténias do colo e os 
apéndices omentais, foram discutidas na seção “Anato- 
mia macroscopica” (p. 729). 
O canal anal é uma zona de transição epitelial na 
qual o epitélio simples prismdtico do intestino muda 
abruptamente para epitélio estratificado pavimentoso 
perto da linha pectinada. Na extremidade mais inferior 
do canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira 
que circunda o ânus. 
O quadro Destaque — Processos digestérios (Fi- 
gura 23.24) resume as atividades digestérias em cada 
Colondcitos 
Células 
caliciformes 
Lâmina própria 
Glândula 
intestinal 
Muscular 
damucosa 
Figura 23.23 Mucosa do intestino grosso. 
Fotomicrografia. Repare na quantidade 
de células caliciformes (130x). 
Capitulo 23 Sistema digestório 733 
porção do tubo digestório. A histologia da muco- 
sa em cada região também é ilustrada, permitindo a 
comparação visual das características especiais dessa 
camada por todo o tubo digestório. As modificações 
da camada mucosa permitem diferenciar as regiões do 
tubo digestório. 
E Verifique seu conhecimento 
O 14. Qual é a expectativa de vida típica de uma célu- 
la epitelial do intestino? De que modo as células 
do epitélio são substituídas? 
DO 15. Mencione todas as partes do intestino grosso, 
começando pela sua junção com o íleo. 
[ 16. Cite os nomes das estruturas internas da vilo- 
sidade que recebem os nutrientes absorvidos. 
Que tipos de nutrientes são absorvidos em cada 
estrutura? 
(Veja as respostas no Apêndice B.) 
ANATOMIA DOS ÓRGÃOS 
ANEXOS 
Objetivo de aprendizagem: 
D descrever a anatomia macroscópica e microscó- 
pica, além das funções do fígado, vesícula biliar e 
pâncreas. 
Fígado 
O fígado é a maior glândula no corpo, pesando 
aproximadamente 1,4 kg em um adulto de porte mé- 
dio. Espantosamente versátil, ele desempenha mais de 
500 funções. Sua função digestória é produzir bile, um 
líquido alcalino verde que é armazenado na vesícu- 
la biliar e secretado no duodeno, onde os sais de bile 
emulsionam as gorduras no intestino delgado; ou seja, a 
decomposição dos nutrientes gordurosos em partículas 
minúsculas, do mesmo modo que o detergente decom- 
põe uma poça de pingos de gordura em uma assadeira. 
Essas partículas menores são mais acessíveis para as 
enzimas digestórias do pâncreas. O fígado também de- 
sempenha muitas funções metabólicas, tais como: 
* — absorver glicose do sangue rico em nutrientes que re- 
torna do tubo digestório e armazenar esse carboidrato 
como glicogênio para o uso subsequente pelo corpo; 
* — processar gorduras e aminoácidos e armazenar cer- 
tas vitaminas; 
* — desintoxicar muitos venenos e fármacos no sangue; 
* —produziras proteinas do sangue. 
Quase todas essas funções são executadas por um 
tipo de célula chamada hepatócito ou simplesmente 
célula hepática.
734 Anatomia humana 
Processos digestórios e 
Destaque histologia do tubo digestório 
Figura 23.24 
Enquanto um hambúrguer passa pelo tubo digestório, as secreções digestórias decompõem seus 
componentes em unidades absorvíveis. A estrutura da parede do tubo digestório reflete as atividades que 
ocorrem em cada região. 
Processos da digestão 
Órgãos 
Boca e órgãos L 
anexos (dentes, 
língua, glândulas 
salivares) 
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Faringe e eséfago M 
Funcdes principais 
Ingestao: O alimento é colocado 
voluntariamente na cavidade oral. 
B Propulsão: A deglutição é iniciada pela 
língua; impele o alimento para a faringe. 
M Decomposição mecânica: Mastigação 
pelos dentes e movimentos de mistura 
pela língua. 
Digestão: Decomposição quimica do amido 
e das gorduras é iniciada por amilase salivar 
e lipase secretada pelas glândulas salivares. 
Propulsão: Ondas peristlticas movem 
0 bolo alimentar para o estômago. 
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 Estômago L) 
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Decomposição mecânica e propulsão: 
M Ondas peristálticas misturam o alimento com 
suco gástrico e o impelem para o duodeno. 
M Digestão: A digestão das proteinas é 
iniciada pela pepsina. A lipase gástrica 
digere gorduras. 
Absorção: Absorve algumas substâncias 
lipossolúveis (aspirina, álcool, alguns fármacos). 
Intestino delgado — l 
e órgãos acessórios L 
associados (fígado, 
vesícula biliar, 
pâncreas) 
Decomposição mecânica e propulsão: 
Segmentação pelo músculo liso do 
intestino delgado mistura o conteúdo com 
os sucos digestórios e impele o alimento 
a0 longo do intestino delgado e através da 
valvula ileocecal em um ritmo lento. 
Digestão: A bile do fígado e da vesícula 
biliaremulsiona a gordura; as enzimas 
digestórias do pâncreas e as enzimas da 
borda em escova acopladas às membranas 
das microvilosidades completam a digestão 
de todas as classes de alimento. 
Absorção: Os produtos de decomposição 
da digestão dos carboidratos, proteínas, 
gorduras e ácidos nucleicos, além das 
vitaminas, eletrólitos e água, são absorvidos 
por mecanismos ativos e passivos. 
Intestino grosso | | 
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Digestão: Alguns resíduos alimentares 
restantes são digeridos por bactérias 
entéricas (que produzem vitamina K e 
vitaminas do complexo B) 
Absorção: Absorve a maior parte da água 
restante, eletrólitos (principalmente NaCl) 
e vitaminas produzidas pelas bactérias. 
Propulsão: Impele as fezes para o reto 
através da agitação das saculações e dos 
movimentos de massa. 
Defecagéio: Reflexo desencadeado pela 
distensão do reto; elimina as fezes do corpo, 
Esófago, camada mucosa (100x) 
Sistema digestório 735 
Células na mucosa 
Epitélio estratificado 
pavimentoso não 
ueratinizado 
rotege os tecidos subjacentes 
Célula mucosa superficial 
Secreta muco 
Célula mucosa do colo 
Secreta muco 
Célula oxintica (parietal) 
Secreta HCI e fator 
gastrico intrinseco 
Célula inorganica (principal) 
Secreta pepsinogénio; inicia 
adigestao das proteinas 
Célula enteroendócrina 
Secreta gastrina, que 
estimula a secregao pelas 
células oxinticas 
Intestino delgado, camada mucosa (55x) 
Célula absortiva (enterocito) 
Completa a digestão e 
absorve nutrientes pelas 
microvilosidades 
Célula caliciforme 
Secreta muco 
Célula enteroendécrina 
Secreta secretina ou 
colecistoquinina (CCK), que 
estimula a liberação de bile e 
suco pancredtico, além de inibir 
as secreções estomacais 
Célula de Paneth 
Secreta substancias 
que destroem bactérias 
Intestino grosso, camada mucosa (115x) 
Célula absortiva (colonécito) 
Absorve agua, 
eletrolitos e vitaminas 
Célula caliciforme 
Secreta muco
736 Anatomia humana

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