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COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS: UMA VISÃO GLOBAL Ronaldo Laranjeira Marcos Zaleski Lilia Ratto O QUE É COMORBIDADE? Comorbidade pode ser definida como uma ocorrência de duas entidades diagnósticas em um mesmo indivíduo. No estudo de dependência de álcool e outras drogas, as manifestações de transtornos mentais e comportamentos por conta do uso de substâncias vem sendo bastante estudado desde os anos 80. ABUSO DE SUBSTÂNCIAS É considerado o transtorno coexistente mais frequente entre os portadores de transtornos mentais. De importância um diagnóstico correto das patologias envolvidas. Os trantornos mais comuns são: T. DE HUMOR: DEPRESSÃO UNI/BIPOLAR; T. DE ANSIEDADE; T. DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE; T. ALIMENTARES E DE PERSONALIDADE E; ESQUIZOFRENIA (MENOS FREQUENTE) 3 CLASSES DE COMORBIDADES Patogênica 1. Um transtorno leva a um outro, podendo estar relacionados Exemplo: Pessoa com depressão e ansiedade pode apresentar um abuso ou dependência do uso de álcool ou drogas. (Kaplan e Feinstein) Diagnóstica 2. Dois ou mais transtornos (critérios se baseiam em sintomas não específicos) Prognóstica 3. Dois ou mais transtornos que desencadeiam um terceiro ESTUDOS SOBRE O USO DE SUBSTÂNCIAS Nas clínicas psiquiátrica estão sendo reconhecidas diversos co- ocorrências de transtornos e transtorno mentais por conta do uso de substâncias psicoativas. Nos Estados Unidos e Europa têm relatado efeitos negativos deste uso e uma dependência nos pacientes com transtornos mentais. Tentando assim estabelecer diferenças entre o diagnóstico, tratamento e prognóstico. Existem evidências que comprovam que pacientes com transtornos mentais que utilizam algumas substâncias, mesmo que em doses pequenas, tem um índice de graves consequências, sendo mais sérias do que na população em geral. EPIDEMIOLOGIA O abuso ou dependência de substancias e transtornos mentais graves tem aumentado drasticamente e tal fenômeno tem sido atribuído a aumento e disponibilidade de álcool e drogas na população gera 1 Além do mais, é importante diferenciar os pacientes com transtornos mais graves que abusam de drogas psicoativas daqueles que apresentam apenas quadro de dependência a essas drogas. Uma vez que, parece haver uma tendência maior ao abandono daqueles que apresentam quadro de dependência. 2 Assim sendo, percebe-se que diversas são as limitações a que estão sujeitos os estudos de pacientes com transtornos mentais graves e transtornos por uso de substâncias psicoativas. Pois tal estudo varia de indivíduo para indivíduo. 4 Há inclui evidências de que mesmo o uso infreqüente e de pequenas doses de drogas, legais ou ilegais, pode levar o indivíduo com transtornos mentais graves a conseqüências mais séria 5 Partindo desta premissa, corre-se o risco de associar qualquer uso de drogas por estes pacientes a um uso nocivo de substâncias, e assim, muitos estudos podem estar superestimando o real envolvimento dessa população com drogas. 6 DIAGNÓSTICO Muitas drogas podem produzir sintomas psicóticos, depressivos ou ansiosos durante a intoxicação e também na abstinência. Uma das maiores dificuldades na abordagem de pacientes com comorbidades está no diagnóstico primário inicial. Não é possível estabelecer a influência das drogas psicoativas sobre a psicopatologia. No Brasil, os critérios diagnósticos mais utilizados são o CID- 10 e o DSM-IV. DSM-IV: Cada eixo fornece informações sobre as características dos pacientes. DSM-IV No eixo I - Critérios diagnósticos para transtornos psicóticos, transtornos de humor e transtornos de ansiedade. No eixo II - Transtornos de Personalidade. FATORES PARA UM DIAGNÓSTICO ADEQUADO: História familiar e questões específicas sobre possíveis distúrbios psiquiátricos Com paciente, familiares e amigos Exames laboratoriais Alterações típicas de consumo crônico de álcool, alterações metabólicas e hormonais, doenças infecto-contagiosas, exames neurológicos e detecção de drogas na urina Escolha de exame: considerar história do indivíduo, perfil de consumo de drogas e outros distúrbios psiquiátricos 1 2 Questionários ou testes direcionados, gerais ou específicos Testes psicológicos Mais usado: Inventário de Beck para depressão Observação clínica Observar a persistência ou não de sintomas psiquiátricos durante período de desintoxicação - consumo da substância dificulta diagnóstico diferencial Conhecimento adequado e aplicação dos critérios diagnósticos da CID-10 e do DSM-IV Para detecção das principais comorbidades associadas a dependência química 3 4 5 6 O diagnóstico correto através das entrevistas iniciais e observação da evolução clínica pode facilitar a abordagem terapêutica, estratégias de prevenção e de recaída. Os estágios de mudança sugeridos por Prochaska e Diclemente, empregados no tratamento de dependentes químicos, podem ser influenciados por estados depressivos ou psicóticos. São eles: a) Pré contemplação b) Contemplação c) Preparação para a mudança d) Ação e) Manutenção } Podem ser acelerados pormedicação correta, melhora doconvívio e adaptação familiar esocial TRATAMENTO O tratamento de pacientes com comorbidade psiquiátricas em dependência química sofre influencia da dificuldade em se estabelecer o diagnóstico. Técnicos que trabalham em serviços de psiquiatria não têm experiência no manejo de pacientes que abusam de drogas psicoativas. Perdem a paciência Aplicam medidas punitivas Não aceitam esses pacientes nas clínicas e moradias Serviços de atendimento ao pacientes dependentes não têm experiência com pacientes psicóticos, bipolares ou com graves transtornos de personalidade. Serviços voltados à confrontação são impróprios para pacientes com transtornos mentais graves Têm limites estreitos de tolerância a recaída e uso de tom emocional muito alto nas sessões de terapia X SINERGISMO DOS SINTOMAS Redução do risco de recaídas Aumento da qualidade de vida Melhoras no quadro psiquiátrico com abuso de substâncias está associada a uma evolução favorável desta última ABORDAGEM INTEGRADA O manejo do paciente deve ser baseado em uma abordagem compreensiva e integrada com uma equipe multidisciplinar e terapeuta individual. Melhor do que o tratamento “sequencial” - iniciado pelo problema considerado mais agudo - ou pelo tratamento “paralelo” - tratamento distintos em dois settings terapêuticos diferentes Usar técnicas psicossociais para aumentar a motivação, auxiliar na resolução de problemas ambientais e no manejo de situações difíceis Considerar a combinação específica da comorbidade e o estágio de motivação ao escolher o melhor método de tratamento. ESTRATÉGIAS DE MANEJO BIOPSICOSSOCIAL ZIEDONIS E BRADY 1 Considerar o uso de farmacoterapia para o tratamento do transtorno psiquiátrico, desintoxicação e fase inicial de recuperação e prevenção de recaídas. 2 3 Fornecer apoio familiar e informação sobre tratamento adicional de apoio, como grupos baseados nos 12 passos de Alcoólicos Anônimos e outros grupos de auto-ajuda. 4 Apoio psiquiátrico para o controle de sintomas psicóticos, mania e depressivos com ou sem risco de suicídio. 5 3 ESTRATÉGIAS DE MANEJO BIOPSICOSSOCIAL ZIEDONIS E BRADY RESUMO DOS CRITÉRIOS DE ACESSAMENTO DE PACIENTES COM COMORBIDADE PSIQUIÁTRICA E DEPENDÊNCIAS DE SUBSTÂNCIAS História Familiar Entrevista e questionários direcionados gerais ou específicos Testes Psicológicos Diagnóstico Diferencial CID-10 ou DSM-IV Tratamento preferencialmente Integrado em serviço adequado Abordagem Biopsicossocial para tratamento e prevenção de recaída
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