Buscar

AULA 5

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIÁLOGOS URBANOS E 
PAISAGÍSTICOS 
(FUNDAMENTOS DE 
URBANISMO) 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daniela Tahira Munhoz da Rocha 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos dar início ao conceito de planejamento urbano e 
urbanismo, falaremos sobre alguns instrumentos do planejamento urbano e, por 
fim, daremos ênfase à questão da participação popular. 
CONTEXTUALIZANDO 
Como vimos em conteúdos anteriores, as cidades surgiram como 
assentamentos humanos e foram crescendo, aumentando seu território, assim 
como sua população. Já vimos algumas nomenclaturas utilizadas nesse 
processo histórico de formação das cidades e alguns termos utilizados até o 
período modernista. Nesta etapa, vamos estudar sobre o planejamento urbano, 
destacando sua diferença em relação ao urbanismo. Iniciaremos com o conceito, 
suas características e suas etapas, sempre tentando apresentar exemplos 
práticos. 
TEMA 1 – PLANEJAMENTO URBANO E URBANISMO 
1.1 Conceito 
O prefeito de Curitiba Rafael Greca, em 2020, referiu que planejamento 
é o terreno fértil que faz florescer no espaço urbano os frutos da cidade melhor, 
aquela que atende aos cidadãos em suas necessidades. E não há como falar de 
planejamento sem falar do espaço urbano e da cidade. 
Milton Santos (2005) considera o espaço como uma instância da 
sociedade, da mesma forma que a economia e a cultura. Para ele, a organização 
atual do espaço e a hierarquia entre lugares se deve a seus papéis no sistema 
produtivo, associando produção, circulação, distribuição e consumo como 
elementos construtores da cidade. 
Já a cidade é elemento vivo, volátil e dinâmico, em constante estado de 
evolução; é o local onde as pessoas moram, vivem e constroem sua história 
(Hayakawa; Rocha, 2020). Ao considerar as cidades sob o ponto de vista de sua 
organização e das diferentes formas de crescimento e ciclos de 
desenvolvimento, nota-se que elas buscam constantemente ser eficientes, 
exercer suas funções de centralidade, evidenciar forças econômicas, fortalecer 
 
 
3 
relacionamentos culturais e sociais e, ao mesmo tempo, enfrentam limitações 
que acabam por exigir novas formas de se trabalhar estratégias e interesses. 
Com base nisso, destacamos que: 
• urbanismo é inovação, inventividade. É o livre pensar sobre o que 
poderia ser a cidade ideal, sua forma e comportamento, suas prioridades, 
seu marco conceitual; a ideia que norteia e sustenta o planejamento 
(Reinert, 2008); 
• planejamento urbano é a “arte de fazer cidade”. O conjunto de 
instrumentos que nos permite determinar a forma desejada para a cidade 
que vivemos hoje e a do futuro. É operacional, marcado por projetos e 
programas, monitoramento e gerência que consolidam o conceito 
proposto pelo urbanismo. Um pacto regulador que assegura o 
desenvolvimento e administra o cotidiano. Lida com os processos de 
produção, estruturação e apropriação do espaço urbano. É a organização 
e o desenho dos assentamentos humanos com o objetivo de melhorar o 
viver (Reinert, 2008). 
1.2 Planejamento urbano – etapas 
Existem várias classificações das etapas que compõem o planejamento 
urbano. Para este curso, seguiremos a classificação adotada por Fábio Duarte 
(2012), para quem o planejamento urbano é dividido em quatro etapas: 
diagnóstico, prognóstico, propostas e gestão pública: 
• diagnóstico – é a análise de uma situação, compondo um cenário da 
realidade existente. Desse modo, toda análise depende de dados 
disponíveis ou a serem coletados. Um procedimento utilizado para a 
realização do diagnóstico é o quadro de Condicionantes, Potencialidades 
e Deficiências (CPD). Esse esquema CPD é bastante eficaz, pois dirige 
os procedimentos de coleta e análise de uma situação para propostas e 
para a gestão, como mostra a Figura 1, a seguir. É importante chegarmos 
ao final do diagnóstico conhecendo com segurança como a cidade está 
hoje e como ela chegou a esse ponto. Aí devem estar incluídos aspectos 
demográficos, físico-territoriais, legais, sociais e econômicos; 
 
 
 
4 
Quadro 1 – Quadro CDP Planos Regionais de Curitiba 
 
Fonte: IPPUC, 2018 
• prognóstico – não se trata de futurologia ou achismos, é a etapa do 
planejamento que considera a situação atual, a história e as tendências, 
e se nada for feito, como essa cidade será amanhã? Essa etapa do 
planejamento é chamada de prognóstico. Por ser um organismo vivo, a 
cidade provoca suas próprias transformações internas e recebe 
transformações externas de diferentes escalas. Algumas delas podem 
acontecer de forma imprevisível e afetam muito a cidade, como, por 
exemplo, a situação da pandemia de Covid-19 enfrentada em 2020. Nem 
por isso podemos eliminar essa etapa do planejamento, que trabalha a 
base segura do diagnóstico para se prever a realidade com a qual se deve 
trabalhar e o resultado que se quer alcançar; 
 
 
5 
• propostas – as propostas partem do resultado de um processo de 
planejamento urbano e transformam um futuro previsível em um futuro 
possível. Nessas propostas entram aspectos de obras de infraestrutura, 
mudanças nas leis, assim como a criação de formas alternativas de 
participação do cidadão no dia a dia da cidade; 
• gestão urbana – segundo Acioly e Forbes Davidson, Gestão Urbana “é 
um conjunto de instrumentos, atividades, tarefas e funções que visam a 
assegurar o bom funcionamento de uma cidade”. São fundamentais para 
essa etapa do planejamento: leis que regulamentam o plano diretor, a 
clareza do provimento de recursos necessários, o corpo técnico 
capacitado para implementar e gerenciar as propostas e envolvimento da 
sociedade civil organizada. 
Nas palavras e Turbay e Cassilha, “As políticas urbanas são criadas para 
resolver questões efetivas da sociedade, e para que se convertam em efeitos 
reais, são necessárias regulamentações e orientações que serão desdobradas 
em planos e instrumentos”. 
A seguir, teremos uma visão mais detalhada de dois importantes 
instrumentos de planejamento urbano, que são o plano diretor e o plano de uso 
do solo. 
TEMA 2 – INSTRUMENTO DO PLANEJAMENTO URBANO – PLANO DIRETOR 
A obrigatoriedade do plano diretor foi prevista no art. 182 da CF/88, tendo 
sido, posteriormente, regulamentado pela Lei n. 10.257, de 2001, conhecida 
como Estatuto da Cidade. 
O plano diretor, que deve ser revisado a cada 10 anos, certamente é um 
dos mais importantes instrumentos na elaboração de políticas públicas e 
planejamento urbano, eis que é o responsável por delimitar os parâmetros 
urbanísticos de todo o município, servindo de base para a aplicação de diversos 
outros instrumentos, definindo os requisitos para identificação da função social 
da propriedade em diferentes áreas da cidade etc. 
Os arts. 39 e 40 do Estatuto da Cidade preveem: 
Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende 
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no 
plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos 
cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao 
 
 
6 
desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes 
previstas no art. 2º desta Lei. 
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento 
básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. 
§ 1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento 
municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o 
orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. 
§ 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um 
todo. 
§ 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a 
cada dez anos. 
O plano diretor é obrigatório para municípios com mais de 20 mil 
habitantes, sendo importante lembrar que, para municípios com mais de 500 mil 
habitantes também é obrigatório implementar um Plano Integrado de 
Transportes. Esse instrumento é de fundamental importância para a adoçãoe o 
planejamento de políticas públicas, por isso deve ser elaborado com a 
participação de diversos segmentos da sociedade, desde técnicos urbanistas, 
políticos, organizações da sociedade civil até a população em geral. 
Nesse sentido, Fábio Duarte (2012) entende que a responsabilidade pela 
elaboração e implantação com sucesso do plano diretor é de toda a sociedade, 
defendendo que “uma vez que todos têm direito à participação nas audiências 
públicas, o sucesso da elaboração, implantação e fiscalização do plano diretor 
tornou-se responsabilidade de todos os cidadãos”. 
A visão multilateral é fundamental para a elaboração de um plano diretor 
de qualidade e efetivo: 
diretrizes básicas do plano diretor são propostas por um corpo técnico 
formado por urbanistas, engenheiros, médicos, agrônomos, 
economistas, enfim, profissionais de diferentes áreas – diversidade 
que tende a tornar o plano mais bem estruturado. [...] Essa participação 
externa à prefeitura geralmente traz visões diferentes daquelas dos 
que estão em contato cotidiano com os problemas da cidade. (Duarte, 
2012) 
Para que se garanta a efetiva participação de todos os segmentos da 
sociedade acima mencionados, são de fundamental importância as audiências 
públicas, que permitem o contato direto entre os agentes públicos e os 
integrantes da sociedade civil. Esse contato, via de regra, traz aperfeiçoamentos 
e visões diferentes para o gestor público, sendo igualmente importante para que 
o cidadão também possa compreender as razões que levam a determinados 
projetos, trazendo benefícios para todos os envolvidos. 
 A importância da transparência e participação popular é tão grande que 
o Estatuto da Cidade, em seu art. 40, parágrafo 4º, prevê expressamente que: 
 
 
7 
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento 
básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. [...] 
§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de 
sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais 
garantirão: 
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação 
da população e de associações representativas dos vários segmentos 
da comunidade; 
II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; 
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações 
produzidos. 
A elaboração e aplicação de um plano diretor segue uma série de etapas 
que são imprescindíveis para sua qualidade e efetividade. Nas palavras de Fábio 
Duarte (2012): 
Há etapas na elaboração do plano diretor, não importa a dimensão da 
cidade, que são comuns. Em alguns municípios algumas dessas 
etapas merecem mais ou menos atenção. Porém, todas elas são 
fundamentais para o sucesso de um plano diretor, principalmente 
quando, desde a primeira etapa (o diagnóstico) até a última 
(gerenciamento e atualizações), todas estejam presentes na 
consciência dos envolvidos na elaboração do plano – dos técnicos à 
população e aos políticos. 
Tão importante quanto a elaboração do plano diretor é sua 
implementação. De nada adianta a elaboração do mais perfeito plano diretor se 
este não for aplicado na prática. Para isso, são fundamentais disciplina e atenção 
do gestor público e fiscalização constante por parte da sociedade. 
Não se pode perder de vista que o plano diretor não é algo estático que 
se imobiliza no momento de sua aprovação, sendo, ao reverso, em “ser vivo” 
que necessita de cuidado e adaptações nos dez anos previstos em lei para sua 
revisão. 
Em suma, o plano diretor é o instrumento pelo qual o bom gestor público 
fixa as diretrizes para o estabelecimento das políticas públicas dos próximos 
anos, já antevendo e preparando a cidade para os problemas e o 
desenvolvimento das próximas décadas. 
TEMA 3 – INSTRUMENTO DO PLANEJAMENTO URBANO – LEI DE USO E 
OCUPAÇÃO DO SOLO 
A definição das regras para uso e ocupação do solo é de fundamental 
importância, visto que incide na forma da utilização das propriedades urbanas. 
Nas palavras de Turbay e Cassilha, o uso e a ocupação do solo devem “ser 
 
 
8 
articulados juntamente com o zoneamento, ambos por meio de leis municipais 
definidas no plano diretor”. Os autores pontuam ainda que: 
O uso e ocupação do solo definem o desenvolvimento socioeconômico 
municipal por meio da determinação do valor da terra para cada zona 
municipal, principalmente pelas densidades estipuladas. Por isso é 
muito importante considerar a participação de toda a comunidade 
quando da elaboração dos planos diretores, para que o espaço seja 
pensado visando o bem comunitário, evitando quaisquer privilégios 
para uma minoria. (Turbay; Cassilha) 
O uso do solo urbano está ligado à atividade que será desenvolvida, que 
é definida pelo planejador urbano, devendo atender às necessidades atuais do 
município e, sobretudo, prever demandas futuras para que a cidade se antecipe 
e esteja sempre preparada. 
Turbay e Cassilha referem que essas atividades são 
[...] normalmente divididas em permitidas, permissíveis, toleradas e 
proibidas. O uso permitido orienta o que o planejamento urbano deseja 
e entende como compatível àquela determinada zona. O uso tolerado 
direciona a possibilidade de exercício da referida atividade, desde que 
em acordo com certos critérios e orientações específicas. O uso 
tolerado, que muitas vezes se relaciona com usos existentes que 
conflitam com uma nova orientação da lei de uso e ocupação do solo, 
indica um tipo de uso não prioritário para aquela zona urbana, mas que 
se capacita mediante especificidades. O uso proibido indica atividades 
que seriam incompatíveis com a área em questão ou mesmo com seu 
entorno, com potencial geração de prejuízos à sociedade e ao 
ambiente. 
De modo geral, as atividades urbanas normalmente estão distribuídas em 
atividade residencial, comercial, industrial, institucional e lazer. Para Turbay e 
Cassilha 
Também é importante observar que dentro dos usos observados, 
detalham-se tipologias específicas, a atividade residencial pode ser 
abrigada por casas unifamiliares, ou por edifícios de habitação coletiva. 
O comércio e os serviços variam entre um serviço vicinal, próprio da 
vizinhança, como uma pequena lavanderia, uma mercearia, serviços 
de bairro como mercados, galerias ou centros comerciais, ou serviços 
setoriais como hipermercados e shopping centers. Usos industriais 
também podem variar em porte e potencial de impactos indesejáveis, 
como poluição atmosféricas e trânsito de veículos de grande porte, 
neste sentido é importante distinguir as atividades secundárias, ou de 
transformação. 
Deve-se diferenciar ainda uso e ocupação do solo. Enquanto o uso do 
solo se detém às atividades urbanas, a ocupação do solo se refere a orientações 
de como utilizar os lotes e as áreas urbanas, muitas vezes por meio de medidas 
geométricas lineares, de área e volume representativas do potencial construtivo 
e da relação com o entorno do lote, seja a via, sejam lotes vizinhos. A ocupação 
 
 
9 
tem como base de cálculo a densidade, seja demográfica, construída, pretendida 
para uma determinada zona urbana. 
De acordo com Turbay e Cassilha, os parâmetros de ocupação do solo 
mais comumente utilizados são os seguintes: 
• lote mínimo – o lote mínimo deve variar de acordo com o uso principal de 
uma determinada zona urbana; lotes industriais devem minimamente 
permitir a manobra de veículos de carga, garantir certo afastamento em 
relação a lotes vizinhos e certo recuo em relação às vias para o plano em 
exercício de atividades correlatas ao uso industrial; 
• coeficiente de aproveitamento (potencial construtivo) – este é o índice 
que indica a metragem quadrada máxima que pode ser construída em um 
lote, sendo que esta metragem pode ser dividida em quantos pavimentos 
forem necessários, ou ainda permitidos na zona em questão; 
• taxa de ocupação – a taxa de ocupação de um lote é definida pela 
projeção da edificação no terreno emque haverá a construção. 
Determinada por um percentual, ela representa a porção do lote sobre o 
qual existe alguma construção, determinando consequentemente a 
superfície permeável que será mantida; 
• altura máxima – a relação entre taxa de ocupação (TO) e coeficiente de 
aproveitamento (CA) pode resultar na altura do edifício, em uma situação 
convencional como quando o CA é igual a 1 e o TO é definido como 50% 
do lote. A altura da edificação, ao ocupar e aproveitar o potencial total do 
lote, define uma edificação de dois pavimentos; 
• recuos obrigatórios em relação à via ou ao espaço público – o recuo 
mínimo obrigatório pode variar dependendo de condicionantes da área ou 
de acordo com o uso do solo da zona urbana – em sítios históricos, onde 
o conjunto arquitetônico está no alinhamento predial, e em áreas 
consolidadas, onde não se prevê novas intervenções urbanas que 
impactem o alinhamento predial. Em áreas residenciais de baixa à média 
densidade, é muito comum que os recuos obrigatórios sejam de 5,0 
metros, porém em áreas industriais, especialmente localizadas em 
rodovias ou grandes infraestruturas pela circulação de veículos e carga 
de grande porte, inclusive para o atendimento das faixas de domínio dos 
eixos rodoviários, o recuo comumente é de 15,0 metros; 
 
 
10 
• taxa de permeabilidade – a taxa de permeabilidade se refere a uma 
porção do lote que deve permitir a permeabilidade do solo às águas 
pluviais como uma forma de reduzir o volume e retardar a velocidade de 
escoamento das águas chuvas para as galerias de drenagem pluvial. A 
taxa de permeabilidade também funciona para mitigar os impactos sobre 
o clima. É importante que novas ferramentas urbanas e parâmetros 
inovadores sejam exigidos no sentido de mitigar os efeitos da urbanização 
sobre o meio ambiente. 
Outro exemplo que se pode citar é o zoneamento, que, para Turbay e 
Cassilha: 
é um instrumento presente nos planos diretores municipais utilizado 
para garantir a organização do território, enquadrando-o em porções 
chamadas de zonas e setores. As atividades possíveis de serem 
instaladas e desenvolvidas em cada zona são descritas através de 
diretrizes e índices urbanísticos, estabelecidos com vistas a minimizar 
possíveis impactos negativos da urbanização, além da busca por 
otimizar as relações urbanas sob os aspectos econômico e social. 
Por meio do zoneamento, é possível realizar o uso e a ocupação do solo 
para cada região de acordo com as características relevantes existentes, como: 
sistema viário, topografia e infraestrutura. As zonas e os setores possuem 
ocupações e adensamentos distintos, sendo geralmente delimitados fisicamente 
por vias ou elementos topográficos. 
Como destacado por Turbay e Cassilha: 
Os zoneamentos possibilitam diversas categorias de ocupação dentro 
do município, como, por exemplo, zonas residenciais, comerciais ou 
industriais, cada uma com subcategorias e especificidades de 
adensamento, porte ou capacidade de construção, determinando 
características gerais, socioespaciais e paisagens distintas para cada 
localidade do município. O zoneamento tem alguns objetivos, como: 
controlar o crescimento urbano, proteger áreas inaptas à ocupação 
(como encostas e áreas de proteção ambiental), minimizar possíveis 
conflitos de uso do solo, controle do tráfego (através de diretrizes do 
sistema viário). 
TEMA 4 – MAIS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO 
O planejador urbano deve demandar em diferentes escalas, o que, por 
óbvio, leva à necessidade de instrumentos que se adaptem a essas diferentes 
necessidades. Assim, os planos regionais são um dos instrumentos previstos no 
Estatuto da Cidade e que atendem a um planejamento em escalas macro. 
Para Turbay e Cassilha: 
 
 
11 
Os planos regionais devem ser elaborados com a participação de 
diversas áreas de conhecimento e de diversos setores da sociedade 
de modo a abordar a multiplicidade de elementos e temas 
característicos dos estudos territoriais, e, também, garantir que os 
setores envolvidos participem das tomadas de decisão que afetam 
suas vidas. O território dos planos regionais pode ser definido por uma 
bacia hidrográfica, por um setor econômico, pela relação entre 
polarização e influência entre territórios, como no caso os municípios 
de uma região metropolitana, entre outras possíveis associações a 
depender de critérios específicos. 
No outro extremo do espectro encontram-se os planos complementares, 
que detalham os planos setoriais e os planos regionais, conforme destacado por 
Turbay e Cassilha: 
um município apresenta diversas realidades territoriais que merecem 
um olhar no que chamamos de microescala no planejamento urbano, 
que se detém a núcleos urbanos específicos. Além de decretos, 
portaria e outras forças de lei comumente complementarem as 
orientações dos PDMs, planos específicos devem ser desenvolvidos 
neste sentido de corroborar a política e o planejamento urbano, rumo 
à sua efetivação em melhoria de qualidade de vida e bem-estar. 
Os instrumentos que podem variar de escala de acordo com a temática 
de um determinado tema/objeto são os planos setoriais, podendo-se citar como 
exemplos: planos de mobilidade, habitação, controle ambiental, segurança etc. 
TEMA 5 – CENÁRIO DO URBANISMO NO SÉCULO XXI 
Para que possamos compreender o cenário do urbanismo no século XXI, 
é necessário que façamos uma breve análise de sua evolução nas últimas 
décadas. 
Para Turbay e Cassilha, “A história do urbanismo no século XX foi 
baseada no crescimento global da industrialização, especialmente na segunda 
metade do século”. De fato, no último século, o mundo assistiu, ainda que em 
diferentes escalas e espaço de tempo, uma alteração radical do modelo 
econômico e social, com a transição das sociedades predominantemente 
agrícolas para as sociedades industriais. Essa alteração do paradigma 
econômico ocasionou um grande êxodo das populações que antes viviam na 
zorna rural e que migraram em grande escala para as zonas urbanas. É evidente 
que essa mudança de perfil influenciou diretamente o urbanismo, trazendo novos 
e diferentes desafios ao planejador urbano. 
Para Reinert (2008), em uma sociedade que se “urbaniza” rapidamente, 
o planejamento tem sido usado muito mais como ferramenta com a qual se 
estabelece um “diagnóstico” e um “tratamento” do que como instrumento do 
 
 
12 
pensamento. Essa metáfora implica que os planejadores, quase que 
naturalmente, olhem para o sítio a ser planejado como um organismo “doente”, 
carente de “alopatias” cada vez mais poderosas e eficazes, capazes de permitir 
uma sobrevida a este ser agonizante a que chamamos cidade. Ou a tratem com 
medidas preventivas, supondo que, em algum momento, ela estará “doente”. 
Segundo Le Corbusier, “fazer um plano é fixar ideias. Para isto é preciso 
ter tido ideias e a partir daí, ordenar estas ideias para que se tornem 
compreensíveis, possíveis e transmissíveis”. 
Para Reinert (2008), o urbanismo inovação, inventividade, livre pensar é 
posto de lado. No entanto, quase tudo que se pratica atualmente e que é 
confundido com planejamento urbano nada mais é do que um conjunto de 
estudos com visão setorial e perspectiva específica, dissociado do que 
acreditamos que seja o planejamento urbano e, mais ainda, do que seja 
urbanismo. Cada vez mais os planos de transporte, infraestrutura, habitação, 
mobilidade, meio ambiente se tornam o próprio planejamento. Estudos e planos 
que não “se falam”. Estudos e planos que se justificam por sua própria existência. 
Estudos e planos em que o componente humano, a razão desse planejar, é 
colocado à margem, dando lugar, novamente, à visão parcial: no transporte, o 
debate é o modal; na habitação, a área disponível para assentamentos; no meio 
ambiente, a proibição de uso em prol de uma preservação quantitativa e não 
qualitativa. 
A crítica acima é, especialmente, válida nos dias de hoje, visto que, comoveremos adiante, vivenciamos atualmente, sobretudo após o início do século 
XXI, uma nova mudança de paradigma, passando de uma sociedade industrial 
para uma sociedade tecnológica, que rompe com os modelos tradicionais de 
produção, distribuição e serviços. 
Com efeito, o avanço dos sistemas de comunicação e o desenvolvimento 
tecnológico promovem, cada vez mais, pouquíssimas restrições quanto à 
localização das atividades produtivas, de habitação, de lazer. Isso gera um 
sistema disperso que extrapola as barreiras político-administrativas e que 
precisa de um olhar mais amplo e, principalmente, um horizonte temporal muito 
superior à maioria dos planos diretores. 
O fenômeno da evolução tecnológica, que avança em ritmo sem 
precedentes na história humana, torna obsoleto hoje o negócio que era 
dominante poucos anos atrás. Exemplos desse fenômeno são abundantes, 
 
 
13 
como o negócio de videolocadoras, TV por assinatura, livrarias e bancas de 
revistas etc. E essa nova realidade acrescenta novos desafios ao planejador 
urbano. 
A expansão urbana coloca as cidades, de maneira geral, em dois grandes 
grupos de características distintas: o modelo da cidade contínua de crescimento 
ilimitado, estruturada segundo a lógica do transporte e dos corredores de 
infraestrutura, e o modelo policêntrico, que propõe as cidades-jardim, com sua 
forte determinação de limitar o tamanho do urbano. 
As cidades, sejam elas contínuas ou policêntricas, entretanto, não 
conseguem impedir o surgimento do subúrbio, da “franja marginal” que não se 
quer, mas que aparentemente não se consegue evitar. A explicação para esse 
fenômeno pode estar no fato de que, historicamente, qualquer que seja a 
corrente de pensamento, o aglomerado urbano é sempre dividido entre “a 
cidade” e “seus bairros”. E o que é cidade? Qual o limite perceptível dessa 
transição? O que caracteriza a cidade? Quais as diferenças entre a cidade e o 
bairro? Essas mesmas dúvidas persistem na escala regional. Qual a cidade de 
fato em contraponto à cidade de direito? 
Hoje, com a globalização, não competem somente países, competem e 
cooperam muito mais as cidades. O planejamento e os mecanismos de gestão 
precisam evoluir, a fim de superar a rigidez derivada da complexidade 
burocrática que, frequentemente, limita a capacidade de resposta da sociedade. 
Além disso, a transformação econômico-social permanente e cada vez mais 
acelerada que atinge a sociedade põe à mostra a grande fragilidade dos planos 
diretores, normalmente muito ligados a fatores locais e demasiadamente rígidos 
para se adaptarem a essas mudanças. 
TROCANDO IDEIAS 
Após os conceitos apresentados, seguem abaixo algumas considerações 
para reflexão e discussão: 
• interdisciplinaridade – o planejamento urbano não pode ser restrito a 
uma disciplina específica, nesse sentido, o campo se abre para 
conhecimentos e metodologias que abrangem aspectos da sociologia, da 
economia, da geografia, da engenharia, do direito e da administração 
(Duarte, 2012). 
 
 
14 
Figura 1 – Interdisciplinaridade no planejamento urbano 
 
Fonte: Hayakawa; Rocha, 2020. 
• exequibilidade – Jaime Lerner comenta que nada do planejamento vale 
a pena se não puder ser implementado, e Paranhos complementa que se 
não tiver certeza de poder controlar a qualidade de implementação, então 
é melhor nem começar, porque pior do que não fazer é fazer malfeito 
(citados por Hayakawa; Rocha, 2020); 
• visão global – Alberto Paranhos (citado por Hayakawa; Rocha, 2020) diz 
que há um equívoco quando se fala em planejamento urbano: 
Tem muitos casos em que a pessoa fala de planejamento e considera 
que acaba quando terminou de ser desenhado no papel. Pelo contrário, 
é aí que começa. A fase da discussão antes de desenhar é 
planejamento, como também a implementação. Porque ter uma mala 
cheia de papel desenhado não é, necessariamente, planejamento. 
NA PRÁTICA 
Que tal você dar uma olhadinha no site do Instituto de Pesquisa e 
Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) (www.ippuc.org.br). Lá vai encontrar 
diversos temas que apresentamos nesta etapa. É interessante observar que 
dentro do plano diretor temos alguns subtemas, como planos, programas, 
projetos, lei de zoneamento, sistema de monitoramento, gestão e orçamento. 
 
 
15 
Gostaria de destacar aqui um exemplo de instrumento urbanístico, que é a 
transferência do potencial construtivo de asas históricas e áreas verdes. 
Figura 2 – Transferência de potencial construtivo de casas históricas e áreas 
verdes 
 
Fonte: Hayakawa; Rocha, 2020. 
Em 1982, Curitiba criou a figura do direito de construção virtual, 
inicialmente com o objetivo de preservar edifícios históricos. É possível o 
aumento do potencial construtivo de unidades habitacionais mediante a 
transferência de potencial construtivo de unidades de interesse de preservação. 
Depois foram desenvolvidos instrumentos urbanísticos de transferência de 
potencial construtivo para promover a produção de habitação de interesse social 
e para a preservação de áreas verdes. Essa é uma das soluções inteligentes 
que a capital paranaense desenvolveu e que foi incorporada no Estatuto da 
Cidade. 
 
 
 
16 
FINALIZANDO 
Por fim, o gestor público deve ter sempre em vista o fato de que todos os 
instrumentos do planejamento urbano devem ser utilizados de forma harmônica 
e orgânica, permitindo que se busque sempre atingir a maior eficiência e 
efetividade. 
Para Turbay e Cassilha, “É função do planejador urbano, em conjunto com 
equipes multidisciplinares, com a população local e setores sociais, promover o 
convívio harmonioso entre ambiente e sociedade”. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Acesso em: 29 
jun. 2023. 
BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso 
em: 29 jun. 2023. 
CURITIBA. Planos regionais 2021 – Regional Bairro Novo. Disponível em: 
<https://www.ippuc.org.br/planos-regionais>. Acesso em: 29 jun. 2023. 
DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: Intersaberes, 2012. 
HAYAKAWA, I. F.; ROCHA, D. T. M. Traços de Curitiba: 50 anos de 
planejamento urbano. Curitiba, 2020. 
HAYAKAWA, I.; ROCHA, D. Traços de Curitiba: 50 anos de planejamento 
urbano. Curitiba: Edição do autor, 2020. 
MACEDO, R. Espaço urbano. Revista do Instituto de Pesquisa e 
Planejamento Urbano de Curitiba, n. 13, dez. 2020. 
REINERT, R. Urbanismo e planejamento urbano: ciclo de capacitação em 
planejamento urbano. Curitiba, 2008. 
SANTOS, M. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec; Edusp, 2005. 
SCOPEL, V. Estudo da cidade. Porto Alegre: SAGAH, 2020. 
 
	Conversa inicial
	contextualizando
	TEMA 1 – PLANEJAMENTO URBANO E URBANISMO
	1.1 Conceito
	1.2 Planejamento urbano – etapas
	TEMA 2 – instrumento do planejamento urbano – plano diretor
	TEMA 3 – instrumento do planejamento urbano – lei de uso e ocupação do solo
	TEMA 4 – mais instrumentos do planejamento urbano
	TEMA 5 – CENÁRIO DO URBANISMO NO SÉCULO XXI
	Trocando ideias
	Na prática
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

Continue navegando