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PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA PROF. MARCO ANTONIO ITABORAHY FILHO Reitor: Dr. Roberto Cezar de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Dr. Roberto Cezar de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. CURTOS-CIRCUITOS ................................................................................................................................................5 1.1 TIPOS DE CURTOS-CIRCUITOS .............................................................................................................................5 1.2 CONSEQUÊNCIAS DOS CURTOS-CIRCUITOS .....................................................................................................8 1.3 CAUSAS DAS FALHAS ELÉTRICAS ........................................................................................................................8 1.4 CONDIÇÕES ANORMAIS DE OPERAÇÃO ..............................................................................................................9 2. PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS ................................................................................................................. 10 2.1 ESTRUTURA BÁSICA DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO................................................................................. 11 2.2 REQUISITOS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO ................................................................................. 14 2.3 FUNÇÕES DE PROTEÇÃO ..................................................................................................................................... 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 18 CURTOS-CIRCUITOS E PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS PROF. MARCO ANTONIO ITABORAHY FILHO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS D E POTÊNCIA 4WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Os sistemas de potência estão, a todo tempo, sujeitos a perturbações com potencial de alterar seu funcionamento nominal, modificando os valores de corrente, tensão, frequência, potência etc. Essas perturbações podem ser consideradas sérios riscos à integridade dos equipamentos desses sistemas. Nesta unidade, iremos, primeiramente, apresentar algumas ferramentas úteis para a análise de curtos-circuitos em sistemas trifásicos e, em seguida, as características dos curtos- circuitos e os tipos de perturbações mais comuns e severas contra os quais um sistema elétrico de potência deve ser protegido. 5WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CURTOS-CIRCUITOS Os curtos-circuitos ocorrem quando acontece um rompimento do isolamento entre fases ou fase e terra, e sua corrente depende de fatores, como o tipo de curto-circuito, a capacidade de geração, a topologia da rede, o tipo de aterramento dos equipamentos e outros. 1.1 Tipos de Curtos-Circuitos O tipo mais comum de curto-circuito é o Fase-Terra, também chamado de monofásico, representando, aproximadamente, 70% de todas as ocorrências de curto-circuito. A segunda maior frequência de curto é a Fase-Fase, ou Bifásica, com 15% da ocorrências, seguida pela Bifásico-Terra, com 10%, e pelo curto-circuito trifásico, com apenas 5% dos casos. Apesar de ser o menos comum, o circuito trifásico é amplamente estudado por, em geral, ser o caso mais severo a que um circuito pode ser submetido e, portanto, o sistema deve ser projetado com esse tipo de curto em mente. Já o curto-circuito monofásico pode ter um valor de corrente de 25% a 125% da corrente de curto trifásico, sendo, na maioria dos casos, o caso menos severo desse tipo de perturbação de um sistema elétrico de potência. Dessa forma, muitos dos estudos de cálculo de curtos-circuitos levam em conta apenas o estudo dos curtos monofásicos e trifásicos. As Tabelas 1 e 2, a seguir, apresentam os valores de corrente de curto-circuito monofásico e trifásico nos barramentos de diferentes subestações de transmissão em alta tensão para comparação. Tabela 1 - Correntes de curtos-circuitos monofásicos (A). Subestação V (kV) 2008 2009 2010 2011 Joiram 69 4,7 4,7 5,0 5,0 Piracicaba 138 8,6 9,3 9,4 9,4 Nova Aparecida 138 19,8 20,2 20,2 21,9 Conselheiro Pena 138 12,8 12,8 12,9 12,9 Volta Redonda 138 15,6 15,6 15,7 7,5 Guarulhos 345 8,9 9,8 9,9 29,7 Itaipu 500 38,7 38,8 38,8 42,0 Ivaiporã 525 26,1 26,5 26,5 26,7 Ivaiporã 765 17,8 18,0 18,0 18,1 Fonte: Fujio e Freitas (2014). 6WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tabela 2 - Correntes de curtos-circuitos trifásicos (A). Subestação V (kV) 2008 2009 2010 2011 Joiram 69 14,4 14,7 20,4 20,4 Piracicaba 138 15,2 17,4 17,7 17,8 Nova Aparecida 138 30,4 31,7 32,0 35,1 Conselheiro Pena 138 9,9 9,9 9,9 9,9 Volta Redonda 138 24,4 24,5 24,6 16,2 Guarulhos 345 31,5 15,8 15,8 33,4 Itaipu 500 28,9 31,6 31,7 34,7 Ivaiporã 525 29,4 29,4 29,4 29,9 Ivaiporã 765 21,2 21,7 21,7 21,9 Fonte: Fujio e Freitas (2014). Analisando as Tabelas 1 e 2, podemos notar alguns pontos, como o fato de que, na subestação Joiram, a corrente de curto-circuito monofásica variou de 24,5% a 32,6% da corrente de curto-circuito trifásica, enquanto, na subestação Conselheiro Pena, essa magnitude é de 129,3% a 130,3%. A Figura 1 demonstra o comportamento das tensões e correntes dos diferentes tipos de curto-circuito como diagramas fasoriais. Figura 1 - Fasores de tensão e corrente de curto-circuito. Fonte: Fujio e Freitas (2014). 7WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os curtos-circuitos também podem ser classificados pelo setor onde eles ocorrem. Pela natureza do sistema de transmissão elétrica, é nas linhas de transmissão onde ocorre a maior parte dos curtos-circuitos, representando cerca de 89% de todosos curtos que ocorrem em um determinado sistema. Isso ocorre pelo fato de que as linhas de transmissão elétrica se estendem por grandes distâncias, abrangendo uma série de terrenos e climas diferentes. Além disso, o fato de todo o sistema de transmissão se encontrar em série diminui a confiabilidade desses circuitos. Temos, então, os curtos que ocorrem na geração elétrica, representando cerca de 6% das falhas de um sistema e 5% nas subestações. Os curtos-circuitos nos sistemas de distribuição podem ser desconsiderados nesse caso, pois eles não colocam em risco o sistema elétrico como um todo, tal quais as linhas de transmissão. Os curtos-circuitos também podem ser classificados como permanentes, que representam cerca de 4% das falhas, que são os curtos que não se revertem espontaneamente, havendo a necessidade de manutenção, incluindo a abertura dos disjuntores, o conserto e, então, o restabelecimento do funcionamento. Já os curtos-circuitos temporários (96%) são aqueles que ocorrem sem que existam defeitos permanentes na rede. Após a atuação dos disjuntores de proteção, o sistema pode ser restabelecido normalmente. Estes podem ocorrer por sobretensão causando arcos elétricos, chuva, galhos de árvore, pássaros, vento etc. A distribuição das falhas pela duração das interrupções (T em minutos) é: • 1 < T ≤ 3: 57% • 3 < T ≤ 15: 21% • 15 < T ≤ 30: 6% • 30 < T ≤ 60: 4% • 60 < T ≤ 120: 3% • T > 120: 9% O arco elétrico ocorre com o enfraquecimento do isolamento de parte do circuito, permitindo a ionização do ar e formando o arco elétrico. O arco é mantido pela tensão do sistema e, com a atuação do sistema de proteção, ele é extinto. Figura 2 - Exemplo de arco elétrico em subestação. Fonte: Portal Educadora (2020). 8WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Consequências dos Curtos-Circuitos Podemos escrever o trabalho dissipado por efeito Joule (aquecimento) em um equipamento utilizando a fórmula: Nela, é a resistência do equipamento em Ω, é a corrente que passa por esse equipamento em A, e é o tempo. Como sabemos que as correntes de curtos-circuitos são muito elevadas se comparadas às correntes nominais, temos, então, a geração de grandes quantidades de calor, capazes de causar diversos tipos de danos em condutores, motores, transformadores etc. Sendo assim, é necessário que o período de tempo em que essa corrente percorre os circuitos minimize os possíveis danos. A queda de tensão provocada no momento de curto-circuito também pode gerar transtorno para consumidores. Muitos sistemas elétricos (como iluminação, sistemas computacionais e sistema de controle) são sensíveis às quedas de tensão, assim como motores, cujo torque é proporcional ao quadrado da tensão, o que pode comprometer o equipamento. O desequilíbrio entre geração e cargas, após retirar circuitos faltosos, causa rápidas mudanças do sistema elétrico, podendo desencadear falhas, como sobretensões, sub ou sobrefrequências ou sobrecarga - que são consideradas condições anormais de operação. 1.3 Causas das Falhas Elétricas Ao projetar um sistema, é necessário entender as principais causas de falhas em sistemas elétricos e onde essas falhas geralmente ocorrem, de forma que o projetista possa antecipá-las e, possivelmente, evitá-las com um projeto adequado. A primeira origem de falhas são os problemas de isolação. Eles podem ocorrer por desenho da isolação dos equipamentos, estruturas ou isoladores, má qualidade dos materiais empregados, problemas de fabricação ou pelo envelhecimento natural dos materiais. A segunda fonte de falhas são os problemas mecânicos provocados por elementos da natureza, como vento, neve, contaminação, árvores etc. Também há os problemas elétricos intrínsecos da operação do sistema, como descargas atmosféricas, surtos de manobra ou sobretensão no sistema. As falhas elétricas também podem ocorrer por problemas térmicos que podem prejudicar a isolação do sistema, como a sobrecorrente e a sobretensão do sistema. A manutenção inadequada, como a substituição inadequada de peças e equipamentos, uso de pessoal não qualificado e inspeção não adequada também são fontes de falhas elétricas. E, por último, temos problemas pontuais de outra natureza que podem ocorrer, como atos de vandalismo, queimadas, inundações, desmoronamentos ou acidentes. 9WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 Condições Anormais de Operação A primeira situação de anormalidade que será estudada é a sobrecarga. Ela é causada pela passagem de corrente elétrica acima do nominal, ou seja, da esperada. Essa condição de operação pode causar a deterioração de equipamentos e isolamentos elétricos. A Figura 3 representa o tempo máximo admitido para cargas em estado de sobrecargas, em relação à corrente do circuito. Figura 3 - Curva de sobrecarga do transformador de potência. Fonte: Fujio e Freitas (2014). A sobretensão é causada pela retirada da carga após uma falha, principalmente em hidrelétricas. A tensão do gerador dispara, alcançando valores capazes de comprometer os isolamentos dos enrolamentos. Em sistemas de extra-alta tensão, a sobretensão pode também surgir graças ao efeito capacitivo das linhas de transmissão. 10WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Figura 4 apresenta uma curva de sobre-excitação permitida em transformadores de potência. Figura 4 - Curva de sobre-excitação do transformador de potência. Fonte: Fujio e Freitas (2014). 2. PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS De forma geral, a proteção de um sistema elétrico é feita com base em fusíveis e relés incorporados a um dispositivo disjuntor, que é a parte mecânica responsável pela abertura do circuito, desconectando a parte afetada pela falha da fonte de alimentação. Os fusíveis são dispositivos que se baseiam na fusão de elementos metálicos de proteção. Eles são utilizados em sistemas de média tensão e raramente em redes de alta tensão, por sua baixa confiabilidade. Já os relés são dispositivos com as mais diferentes formas de construção e funções incorporadas para diversas aplicações, como os relés sobre o disjuntor ou religador, que são responsáveis pela desconexão do circuito elétrico. Leia o material Curtos-Circuitos Trifásicos no Sistema Elétrico, escrito pelo professor Carlos Medeiros, da PUC-Goiás, dispo- nível em http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/ arquivosUpload/18795/material/05)SistEletricosCap05-Cur- toTrif.pdf. 11WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A detecção de defeitos em sistemas elétricos pode ser feita medindo-se uma série de características, como: • Elevação da corrente elétrica do circuito; • Elevação ou redução da tensão elétrica; • Inversão do sentido da corrente elétrica; • Alteração da impedância do sistema; • Comparação de módulo e ângulo de fase na entrada e saída do sistema. Algumas características de um sistema elétrico, às quais um projetista deve estar ciente ao desenvolver certo projeto de proteção, são: • Corrente nominal: o valor de corrente que pode circular permanentemente no relé; • Corrente de ajuste: o valor da corrente ajustada no relé; acima dela, o relé atuará; • Corrente de acionamento: valor de corrente que provoca a atuação do relé de proteção; • Corrente máxima admissível: o valor máximo da corrente que pode suportar os componentes do relé durante um tempo especificado (por exemplo: bobinas, contatos, elementos eletrônicos etc.); • Consumo: o valor da energia solicitada pelo relé aos equipamentos de medida, aos quais está conectado durante o seu funcionamento; • Potência nominal: o valor de potência que é requerido pelo relé e fornecido pelos transformadores depotencial e de corrente; • Tensão nominal: o valor da tensão para o qual foi isolado o dispositivo; • Tensão de serviço: a tensão do sistema ao qual o relé está conectado; • Tensão máxima admissível: o valor de tensão máxima a que pode ficar submetido o relé em operação; • Temporização: o valor do tempo, normalmente em segundos, ajustado no relé, para o qual o mesmo atuará. 2.1 Estrutura Básica dos Dispositivos de Proteção De forma geral, o funcionamento básico de um relé de proteção pode ser descrito pelos seus componentes: • Unidade de entrada: corresponde aos equipamentos que fazem as medidas dos distúrbios do sistema elétrico (como os transformadores de corrente e de potencial) e enviam esses sinais às unidades de conversão de sinal do relé de proteção. Elas também oferecem um isolamento elétrico entre o sistema e os dispositivos de proteção, evitando que tensões e correntes elevadas sejam conduzidas a esses dispositivos. • Unidade de conversão de sinal: é um elemento interno dos relés, que recebe os sinais dos transformadores de corrente e potencial e os modula para um formato adequado para o funcionamento dos relés. Na proteção com relés primários, a corrente e tensão da rede são aplicadas diretamente sobre a unidade de disparo do disjuntor e, portanto, não utilizam a unidade de conversão. 12WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Unidade de medida: faz a comparação das características dos sinais da unidade de conversão com os valores de referência de operação. Caso esses sinais ultrapassem os valores preestabelecidos, a unidade de medida envia um sinal à unidade de saída. • Fonte de tensão auxiliar: é a unidade que fornece energia às unidades de medida para o processamento de informações e à unidade de saída. Também fornece energia à unidade de acionamento. Em geral, a fonte de tensão auxiliar é uma bateria, porém, em alguns casos, ela pode ser um circuito interno, que converte a corrente que chega da unidade de entrada em uma baixa tensão apropriada para os dispositivos de proteção. • Unidade de saída: em geral, é uma bobina que aciona um contato auxiliar ou uma chave semicondutora. • Unidade de acionamento: normalmente, é uma bobina montada no corpo do elemento de desconexão do sistema, que pode ser um disjuntor ou interruptor. A unidade de acionamento é característica dos sistemas de proteção com relés secundários. Na proteção com relés primários, a unidade de acionamento é ativada diretamente pelas unidades de entrada A Figura 5 descreve a estrutura dos diferentes componentes de um relé de proteção. Figura 5 - Esquema básico de funcionamento de um relé de proteção. Fonte: Fujio e Freitas (2014). 13WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Figura 6 apresenta uma visão geral de um sistema de proteção detalhada. Figura 6 - Estrutura básica de um esquema de proteção. Fonte: Fujio e Freitas (2014). Os dispositivos são: • TC: Transformador de corrente, equipamento que irá prover a corrente que será avaliada pelo sistema. • TP: Transformador de potencial, equipamento responsável pela transformação da tensão que se quer controlar a valores mais adequados. • D: Interruptor ou disjuntor responsável pela abertura do circuito. • F: Fonte auxiliar de corrente que alimenta os demais elementos de proteção. Em geral, é uma fonte de corrente contínua. • A: Elemento de avaliação de corrente e tensão, que tem a função de gerenciar os componentes elétricos protegidos e decidir, a partir dos valores medidos, se há a necessidade de interrupção do sistema. • B: Elemento lógico da estrutura de proteção. Recebe as informações do elemento de avaliação, procede à comparação com os valores ajustados e libera o sinal de atuação para o interruptor ou disjuntor. • C: Elemento que modula o sinal de disparo do interruptor ou disjuntor. • S: Elemento de sinalização ótica ou sonora de todas as operações realizadas na estrutura básica de proteção. • K: Elemento responsável pela recepção de sinais de comandos, originados ou não de pontos distantes da parte do sistema sob proteção. Pode ser a própria régua de borne dos condutores dos circuitos de proteção. 14WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2 Requisitos Básicos de um Sistema de Proteção Um projeto de proteção deve ter algumas propriedades fundamentais para que seu desempenho seja considerado adequado, quais sejam: a. Seletividade Técnica na qual somente o elemento mais próximo do defeito desconecta a parte defeituosa do sistema elétrico, evitando que áreas com funcionamento normal sejam desconectadas sem necessidade. b. Zonas de atuação Durante uma falha no sistema elétrico, a proteção deve ser capaz de detectar se a falha está nos limites da zona protegida. Se estiver, o elemento de proteção deve atuar e realizar a abertura do disjuntor associado. Caso a ocorrência esteja fora do limite da zona protegida, o relé não deve se sensibilizar pelo defeito elétrico. c. Velocidade Desde que seja definido um tempo mínimo de operação para um elemento de proteção, a velocidade de atuação deve ser a menor possível a fim de propiciar as seguintes condições: • Reduzir ou eliminar as avarias no sistema; • Reduzir o tempo de variação de tensão durante falhas; • Permitir ressincronização de motores. d. Sensibilidade É a capacidade de o elemento de proteção reconhecer com precisão as faixas de valores de operação e de não operação. e. Confiabilidade É a propriedade do elemento de garantir que suas funções desejadas sejam cumpridas com exatidão. f. Automação É a propriedade de um elemento de proteção de operar automaticamente quando necessário, podendo abrir e fechar o circuito sem necessidade de intervenção humana, se conveniente. Além dessas propriedades, os sistemas de bom desempenho devem: • Não se sensibilizar com sobrecargas e sobretensões momentâneas; • Não se sensibilizar com oscilações naturais do sistema de tensão, corrente e frequência; • Devem ter um pequeno consumo de energia; • Devem ter suas características inalteradas para diferentes configurações do sistema elétrico. 15WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Funções de Proteção As funções de proteção e manobra em sistemas elétricos são caracterizadas por um código numérico que indica o tipo de proteção à qual aquele relé se dedica. Alguns exemplos das funções mais comuns são a função 50, que é a feita por uma unidade instantânea, e a 51, que é uma unidade temporizada. Essa numeração de funções foi padronizada pela American National Standards Institute (ANSI) e é aplicada em projetos de proteção no Brasil e em vários países. O Quadro 1 apresenta os códigos numéricos das funções de proteção e manobra. Código Função Código Função 1 Elemento principal 50 Relé de sobrecorrente instantâneo 2 Relé de partida ou fechamento temporizado 51 Relé de sobrecorrente-tempo 3 Relé de verificação ou interbloqueio 52 Disjuntor e corrente alternada 4 Contactor principal 53 Relé para excitatriz ou gerador em corrente contínua 5 Dispositivo de interrupção 54 Disjuntor de corrente contínua, alta velocidade 6 Disjuntor de partida 55 Relé de fator de potência 7 Disjuntor de anodo 56 Relé de aplicação de campo 8 Dispositivo de desconexão da energia de controle 57 Dispositivo para aterramento ou curto- circuito 9 Dispositivo de reversão 58 Relé de falha de retificação 10 Chave de sequência das unidades 59 Relé de sobretensão 11 Reservada para futura aplicação 60 Relé de balanço de tensão/queima de fusíveis 12 Dispositivo de sobrevelocidade 61 Relé de balanço de corrente 13 Dispositivo de rotação 62 Relé de abertura temporizada 14 Dispositivode subvelocidade 63 Relé de pressão de nível ou de fluxo, de líquido ou gás 15 Dispositivo de ajuste de velocidade ou frequência 64 Relé de proteção de terra 16 Reservado para futura aplicação 65 Regulador 17 Chave de derivação ou de descarga 66 Dispositivo de supervisão do número de partidas 16WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração 67 Relé direcional de sobrecorrente em corrente alternada 19 Contactor de transição partida-marcha 68 Relé de bloqueio 20 Válvula operada eletricamente 69 Dispositivo de controle permissivo 21 Relé de distância 70 Reostato eletricamente operado 22 Disjuntor equalizador 71 Dispositivo de detecção de nível 23 Dispositivo de controle de temperatura 72 Disjuntor de corrente contínua 24 Relé contra sobre-excitação 73 Contactor de resistência de carga 25 Dispositivo de sincronização/ conferência de sincronismo 74 Relé de alarme 26 Dispositivo térmico do equipamento 75 Mecanismo de mudança de posição 27 Relé de subtensão 76 Relé de sobrecorrente de corrente contínua 28 Reservado para futura aplicação 77 Transmissor de impulsos 29 Contactor de isolamento 78 Relé de medição ângulo fase/proteção falta de sincronismo 30 Relé anunciador 79 Relé de religamento em corrente alternada 31 Dispositivo de excitação em separado 80 Reservado para futura aplicação 32 Relé direcional de potência 81 Relé de frequência 33 Chave de posicionamento 82 Relé de religamento em corrente contínua 34 Chave de sequência, operada por motor 83 Relé de seleção de controle/ transferência automática 35 Dispositivo para operação das escovas 84 Mecanismo de operação 36 Dispositivo de polaridade 85 Relé receptor de onda portadora ou fio piloto 37 Relés de subcorrente ou subpotência 86 Relé auxiliar de bloqueio de segurança 38 Dispositivo de proteção de mancal 87 Relé de proteção diferencial 39 Reservado para futura aplicação 88 Motor auxiliar ou motor gerador 17WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 40 Relé de campo 89 Chave seccionadora 41 Disjuntor ou chave de campo 90 Dispositivo de regulação 42 Disjuntor ou chave de operação normal 91 Relé direcional de tensão 43 Dispositivo ou seletor de transferência manual 92 Relé direcional de tensão e potência 44 Relé de sequência de partida das unidades 93 Contactor de variação de campo 45 Reservado para futuras aplicações 94 Relé de desligamento ou de livre atuação 46 Relés de reversão ou balanceamento de corrente de fase 95 Empregado em aplicações não definidas 47 Relé de sequência de fase de tensão 96 Empregado em aplicações não definidas 48 Relé de sequência incompleta/partida longa 97 Empregado em aplicações não definidas 49 Relé térmico para máquina ou transformador 98 Empregado em aplicações não definidas Quadro 1 - Códigos numéricos das funções ANSI. Fonte: Fujio e Freitas (2014). 18WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, estudamos brevemente os curtos-circuitos e os diferentes tipos de curtos- circuitos possíveis: monofásico, bifásico, bifásico-terra e trifásico, permanente e temporário. Vimos suas consequências, possíveis causas e as condições anormais de operação que podem ocorrer durante um curto-circuito. Vimos também como é a estrutura básica dos dispositivos de proteção em um sistema de proteção de sistemas elétricos de potência, os requisitos básicos que um sistema de proteção deve atingir e, finalmente, vimos as funções de proteção às quais os dispositivos de proteção podem servir. 1919WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 21 1. TRANSFORMADORES DE MEDIDA ........................................................................................................................22 1.1 TRANSFORMADORES DE CORRENTE ..................................................................................................................22 1.2 TRANSFORMADOR DE POTENCIAL .....................................................................................................................23 2. RELÉS DE PROTEÇÃO .............................................................................................................................................25 2.1 RELÉS DE SOBRECORRENTE (50/51) .................................................................................................................25 2.2 RELÉS DE SOBRECORRENTE NÃO DIRECIONAIS .............................................................................................27 2.3 RELÉS DE SOBRECORRENTE SECUNDÁRIOS ...................................................................................................30 2.4 RELÉS DE SOBRECORRENTE DIFERENCIAL (87) ............................................................................................. 31 TRANSFORMADORES DE MEDIDA E RELÉS DE PROTEÇÃO PROF. MARCO ANTONIO ITABORAHY FILHO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS D E POTÊNCIA 2020WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.5 RELÉS DIRECIONAIS (67) .................................................................................................................................... 31 2.6 RELÉS DE SOBRETENSÃO (59) ........................................................................................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................32 21WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será exposto aos conceitos de transformadores de medidas, que são utilizados para facilitar a medição de altos valores de tensão e corrente de sistemas de potência, assim como os conceitos de relés de proteção, dispositivos feitos para proteção de um sistema elétrico de potência contra falhas elétricas, como sobrecorrente, sobretensão e inversão de fluxo de potência. 22WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. TRANSFORMADORES DE MEDIDA Quando falamos em sistemas elétricos de potência, estamos falando em sistemas de alta e média tensões, de forma que os equipamentos utilizados nessas redes devem ser projetados para suportar os altos valores de tensão e corrente desses circuitos, o que muitas vezes encarece a criação e manutenção dos equipamentos. Os transformadores de medida são equipamentos que permitem que as medidas elétricas de um sistema de alta ou média tensão sejam feitas com instrumentos de baixa tensão e, consequentemente, mais baratos. Isso é feito com a utilização dos chamados Transformadores de Corrente (TC) e Transformadores de Potencial (TP). 1.1 Transformadores de Corrente Os transformadores de corrente operam com tensão variável e possuem, em geral, poucas espiras em sua bobina primária e um secundário, que padroniza a corrente nominal do sistema para um valor equivalente a 5 A, diminuindo os valores de corrente necessários de medição. A corrente real do primário pode ser calculada multiplicando-se a corrente nominal do circuito pela razão entre a corrente medida e 5 A. Em alguns casos, o primário do transformador pode ser substituído por um barramento, no TC tipo barra ou, até mesmo, o próprio condutor do sistema elétrico, no TC tipo janela. Figura 1 - TC tipo Barra. Fonte: Mamede Filho (1997). 23WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR ICOS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 - Transformador de corrente de janela. Fonte: Mamede Filho (1997). Exemplo: Um amperímetro conectado em série com um determinado transformador de corrente apresenta uma medição de 8 A. Sabendo que a corrente nominal do primário do circuito é igual a 150 A, qual a corrente atual no primário do transformador? Resposta: 1.2 Transformador de Potencial Similarmente ao que acontece com os TCs, os Transformadores de Potencial são utilizados para a medição segura da tensão de um sistema elétrico de potência, utilizando valores mais baixos de tensão e possibilitando o uso de técnicas mais baratas de medição, com componentes menores e de baixo isolamento. De forma simplificada, os TPs possuem um enrolamento primário com várias espiras e um enrolamento secundário projetado de forma que a tensão nominal do sistema refletida nos terminais do secundário seja igual a 115 V ou 115/√3 V. A tensão do sistema elétrico é calculada a partir da tensão nominal, multiplicada pela razão entre tensão medida no secundário e a tensão nominal do secundário. 24WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Exemplo: Uma determinada subestação possui um TP de tensão nominal de 230 kV. Sabendo-se que a tensão, de normalmente 115 V, do secundário foi aferida como sendo uma tensão de 185 V, qual a tensão que seria medida no primário neste momento? Resposta: Figura 3 - Instalação de conjunto de TCs e TPs em uma subestação elétrica. Fonte: Mamede Filho (1997). Podemos fazer um paralelo entre o uso de transformadores de medida e o sistema Por Unidade (PU). Ambos os sistemas utilizam maneiras de facilitar a medição em sistemas elétricos de potência. O sistema PU transforma os valores nominais de tensão e corrente em 1 PU e os transformadores nos valores descritos anteriormente. Podemos, então, por exemplo, dizer que a base PU de corrente medida é 5 A. 25WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os transformadores de potencial podem ser do tipo indutivo, um tipo mais simples de transformador. Eles são utilizados para valores de tensão de até 138 kV. Esses transformadores são um enrolamento primário envolvendo um núcleo de ferro-silício, que é comum ao enrolamento do secundário. O segundo tipo de transformador de potencial são os transformadores capacitivos. Nesse tipo de transformadores, a tensão de entrada do primário é reduzida utilizando um conjunto de capacitores em série. Esses capacitores agem como divisores de tensão e são conectados entre a fase e a terra. Uma derivação intermediária desse divisor alimenta, então, o primário do transformador, como se pode observar na Figura 4. Figura 4 - Esquemático de um TP Capacitivo. Fonte: Mamede Filho (1997). 2. RELÉS DE PROTEÇÃO 2.1 Relés de Sobrecorrente (50/51) Um relé de sobrecorrente é um dispositivo de proteção que responde à corrente que flui no elemento do sistema que se quer proteger, agindo quando o valor de corrente supera um valor predeterminado. Todos os segmentos de um sistema elétrico de potência são normalmente protegidos por relés de sobrecorrente, que são considerados a proteção mínima que deve ser garantida. Sendo assim, os relés de sobrecorrente são os mais simples e comuns dispositivos de proteção utilizados. 26WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Apesar de se esperar que a proteção de um sistema aja instantaneamente, por questões de seletividade entre os vários elementos de proteção, é necessário permitir uma temporização dos relés. Logo, eles podem ser considerados instantâneos ou temporizados. Os relés instantâneos não apresentam nenhum tipo de atraso intencional, apenas aquele causado pelas características físicas e construtivas do mecanismo de proteção. Portanto, não se qualificam para esquemas seletivos em que os valores de corrente de curto-circuito em diferentes pontos do circuito são similares. Já os relés temporizados podem ser classificados como sendo dependentes ou independentes. Os dependentes são os mais utilizados em sistemas elétricos em geral e apresentam uma curva de tempo de atuação inversamente proporcional à corrente, ou seja, quanto maior a corrente medida, mais rápido o relé irá agir na proteção do circuito, como se pode observar na Figura 5. Figura 5 - Exemplo de curva de temporização com retardo dependente. Fonte: Mamede Filho (1997). Já os relés temporizados com retardo independente são caracterizados pelo tempo de atuação constante, independentemente da magnitude da falha de operação do sistema elétrico. O tempo de atuação é ajustado de acordo com as necessidades do projeto. Os relés de proteção de sobrecorrente são utilizados em alimentadores de média tensão, linhas de transmissão, geradores, motores, reatores e capacitores, podendo ser divididos em quatro categorias: • Relés de sobrecorrente não direcionais; • Relés diferenciais de sobrecorrente; • Relés direcionais de sobrecorrente; • Relés de sobrecorrente de distância. Os primeiros relés de proteção de sistemas de alta e média tensão utilizavam a tecnologia dos relés indutores, em que uma bobina funcionava como um eletro-ímã, abrindo o circuito em situações de alta corrente. Mais recentemente, a tecnologia dos relés estáticos foi introduzida, porém, ambas essas técnicas se encontram obsoletas e não são mais utilizadas em grande escala. Atualmente, os disjuntores microprocessados trazem uma maior confiabilidade, com a possibilidade de facilmente modificarem as curvas de atuação desses equipamentos apenas modificando sua programação interna. 27WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para a função temporizada, são normalmente definidas nove famílias de curvas de atuação, que são utilizadas em diferentes situações a depender do projeto: • Curva de tempo definido; • Curva de tempo inverso; • Curva de tempo normalmente inverso; • Curva de tempo muito inverso; • Curva de tempo extremamente inverso; • Curva de tempo inverso longo; • Curva de tempo ultrainverso; • Curva de tempo I x T; • Curva de tempo I2 x T. 2.2 Relés de Sobrecorrente Não Direcionais Chamados também apenas de relés de sobrecorrente, podem ser classificados como relés primários, que atuam mecanicamente sobre o disjuntor por meio de hastes isolantes, ou como relés secundários, que acionam os disjuntores por meio do fechamento de um contato interno, inserindo uma fonte externa, normalmente um banco de baterias, sobre a bobina de abertura do disjuntor. Os relés de sobrecorrente primários não são aceitos pela norma brasileira NBR 14039 para a proteção geral de unidades consumidoras alimentadas em média tensão; porém, eles são utilizados nas demais partes dos sistemas de média tensão, internos à unidade consumidora. Os relés primários são utilizados pela sua simplicidade e economia, não havendo necessidade da utilização de fontes externas de alimentação do sistema de proteção. Sua principal desvantagem é a impossibilidade da utilização desses relés na proteção de neutro utilizado na proteção contra curtos-circuitos fase-terra. Os relés primários podem ser dos tipos fluidodinâmicos, eletromagnéticos e estáticos. • Relés fluidodinâmicos: são aqueles que utilizam líquidos, como o óleo de vaselina, como um elemento temporizador. Eles possuem um êmbolo móvel, que se desloca no interior de um recipiente onde está presente uma quantidade de óleo. O êmbolo se desloca pela ação do campo magnético gerado por uma bobina ligada diretamente ao circuito que está sendo protegido. Esse tipo de relé não é mais utilizado, de acordo com a norma NBR 14039. O equivalente dos relés 50/51 em um circuitoresidencial seriam os relés termomagnéticos presentes no painel elétrico desta casa. Em caso de acidentes com curto-circuito, a proteção instantânea age pela ação da parte eletromagnética do relé. Já em casos de sobrecarga, como o uso de muitos equipamentos de alta potência simultaneamente por longos períodos de tempo, a parte térmica do relé irá proteger o sistema. 28WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 - Componentes de um relé fluidodinâmico. Fonte: Mamede Filho (1997). • Relés eletromagnéticos: utilizam o princípio de eletromagnetismo. Sua construção básica é a de uma bobina envolvendo um núcleo magnético, com uma peça móvel que atua sobre um contato fixo, permitindo a continuidade do circuito elétrico. Altos níveis de corrente na bobina são, então, capazes de mover esse elemento móvel, interrompendo a ligação do circuito elétrico. Figura 7 - Esquemático de um relé eletromagnético. Fonte: Mamede Filho (1997). 29WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Relés de sobrecorrente estáticos: também chamados de relés eletrônicos, são fabricados de componentes estáticos em uma caixa metálica blindada de interferências e instalados nos terminais de fonte dos disjuntores. Estes relés não necessitam de alimentação auxiliar, tornando-os mais convenientes em subestações de pequeno e médio portes, com tensões inferiores a 38 kV. Eles são formados por três módulos: o transformador de corrente, que determina a corrente nominal do relé; os circuitos eletrônicos, que fazem o processamento da lógica de atuação do relé; e os dispositivos de saída, que são um sistema mecânico que age de acordo com um sinal enviado pelo processador lógico do relé. As curvas de atuação desse tipo de relé podem ser facilmente ajustadas utilizando uma série de seletores em seu painel frontal, fazendo com que esse tipo de relé facilite a coordenação das proteções de diferentes setores do circuito elétrico. Figura 8 - Exemplo de um relé estático. Fonte: Mamede Filho (1997). Assista ao vídeo Relés! O que são e como funcionam!, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=StBCiTJfG4k. 30WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Atualmente, pelo avanço tecnológico, apenas os relés estáticos ainda são produzidos e instalados, embora muitas instalações ainda possuam essas tecnologias mais antigas. Portanto, é importante que o profissional tenha uma noção básica de seu conhecimento. Para o estudo dos próximos tipos de relés, iremos nos focar apenas nas suas versões estáticas. 2.3 Relés de Sobrecorrente Secundários Os relés de ação indireta, ou secundários, trifásicos são dotados das funções de proteção instantânea (50/50N) e temporizada (51/51N), agindo quando pelo menos uma de suas fases atinge o valor ajustado para aquela função em particular. Atualmente, os relés de sobrecorrente secundários estáticos trazem uma série de vantagens sobre suas contrapartes indutivas, como o baixo consumo, a compatibilidade e a precisão de suas medições. Os relés de sobrecorrente normalmente oferecem proteção ao transformador para faltas externas. Para casos de transformadores de potência acima de 5 MVA, é necessário o uso de relés diferenciais para proteção, enquanto os relés de sobrecorrente protegem o restante dos componentes da instalação. Figura 9 - Diagrama de bloco de um relé estático. Fonte: Mamede Filho (1997). Leia o texto Aplicações e características de relés de proteção de sobrecorrente (ANSI 50, 51), disponível em https:// crushtymks.com/pt/energy-and-power/613-applications-and- characteristics-of-overcurrent-potection-relays-ansi-50-51. html. 31WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 Relés de Sobrecorrente Diferencial (87) A proteção diferencial de sistemas elétricos funciona baseada na comparação entre as correntes elétricas entre dois terminais de um equipamento que se queira proteger. Em casos nos quais existem diferenças de módulos entre essas correntes (o que significa falha em algum ponto do circuito), o relé envia um sinal de atuação para o disjuntor, fazendo a proteção do sistema. De maneira geral, as correntes entre os terminais dessas medidas são feitas através de transformadores de corrente. A seção do sistema compreendida entre esses dois terminais é chamada de zona protegida, ou seja, qualquer defeito que ocorrer entre aqueles terminais irá causar a atuação do disjuntor. 2.5 Relés Direcionais (67) As redes de distribuição e as linhas de transmissão radiais são, em geral, protegidas por relés de sobrecorrente temporizados, porém, em configurações de rede em que o sistema é alimentado pelas duas extremidades ou em anel, é necessário o uso de relés sensibilizados pelo sentido em que a corrente flui. Portanto, os relés direcionais são capazes de reconhecer o fluxo de corrente ou potência de um sistema e agir em casos em que essa direção está inversa à direção normal. O sentido normal de corrente é na direção fonte-carga. Em casos de falhas, como na Figura 10, é possível que o fluxo seja invertido em um ponto do sistema. Figura 10 - Indicação de proteção direcional de sobrecorrente em quatro linhas de transmissão. Fonte: Mamede Filho (1997). 2.6 Relés de Sobretensão (59) Os relés de sobretensão são aparelhos de proteção de componentes e sistemas a valores de tensão superiores à tensão máxima admitida, a fim de garantir a integridade dos mesmos. Os relés de sobretensão não devem ser ajustados com valores inferiores a 115% da tensão de operação para a unidade temporizada e a 120% para a unidade instantânea, podendo ser utilizada em ambos os sistemas, monofásicos e trifásicos. 32WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, fomos apresentados aos conceitos necessários para o entendimento dos principais dispositivos utilizados para proteção de equipamentos elétricos, os transformadores de corrente e potencial e os relés de proteção, com suas funções de proteção contra sobrecorrente, sobrecorrente diferencial, direcionais, sobretensão etc. Com essa base de conhecimento, podemos agora estudar os esquemas de proteção que são utilizados nas diferentes partes de um sistema elétrico de potência. 3333WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................35 1. PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ..........................................................................................................36 1.1 PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE ........................................................................................................................37 1.2 AJUSTE DA UNIDADE TEMPORIZADA .................................................................................................................37 1.2.1 UNIDADE TEMPORIZADA DE FASE ....................................................................................................................37 1.2.2 UNIDADE DE TEMPO DEFINIDO DE NEUTRO..................................................................................................38 1.3 AJUSTE DA UNIDADE DE TEMPO DEFINIDO ......................................................................................................38 1.3.1 UNIDADE DE TEMPO DEFINIDO DE FASE .........................................................................................................38 1.3.2 UNIDADE DE TEMPO DEFINIDO DE NEUTRO..................................................................................................38PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO E TRANSFORMADORES PROF. MARCO ANTONIO ITABORAHY FILHO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS D E POTÊNCIA 3434WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 SELEÇÃO DA CURVA DE ATUAÇÃO DOS RELÉS ..................................................................................................39 1.5 PROTEÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE ................................................................................................39 1.6 PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA ...................................................................................................................................39 1.7 PROTEÇÃO DE SOBRETENSÃO ............................................................................................................................40 2. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES ...................................................................................................................40 2.1 AJUSTES DE RELÉS ................................................................................................................................................ 41 2.2 PROTEÇÃO POR FUSÍVEL ....................................................................................................................................43 2.3 PROTEÇÃO POR RELÉS DE SOBRECORRENTE .................................................................................................44 2.4 PROTEÇÃO POR RELÉ DIFERENCIAL DE SOBRECORRENTE ...........................................................................45 2.5 PROTEÇÕES INTRÍNSECAS DE UM TRANSFORMADOR ..................................................................................45 2.5.1 PROTEÇÃO INTRÍNSECA TÉRMICA ..................................................................................................................45 2.5.2 PROTEÇÕES INTRÍNSECAS MECÂNICAS .......................................................................................................46 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................48 35WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Dois dos principais componentes de um sistema elétrico de potência são as linhas de transmissão e os transformadores de alta potência. Sendo assim, é importante o estudo de como a proteção desses dispositivos deve ser realizada. Nesta unidade, iremos estudar quais as funções comumente utilizadas, os tipos de relés usados e como são feitos os ajustes desses relés com vistas à proteção das linhas de transmissão e transformadores. 36WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO As linhas de transmissão são os elementos de um sistema elétrico de potência de maior suscetibilidade a incidentes como curtos-circuitos. Isso se dá pelas grandes distâncias percorridas por esses elementos e sua exposição a eventos significativos, como vandalismos, descargas atmosféricas, queimadas, ventos fortes e outros. Para proteção das linhas de transmissão de média e alta tensão, são utilizadas três principais medidas de proteção ao longo de seu percurso: • Cabos-guarda, condutores posicionados acima dos condutores para a proteção de descargas atmosféricas. • Para-raios de sobretensão contra picos de corrente originados de descargas atmosféricas ou surtos de manobra. • Disjuntores e relés de proteção contra sobrecorrente e sobretensão. As linhas de transmissão podem ser classificadas de acordo com os diferentes níveis de tensão. As redes de 230, 345, 500 kV e acima são consideradas linhas de transmissão, enquanto as linhas de tensão 69, 88 e 138 kV são classificadas como de distribuição. As linhas também podem ser classificadas como urbanas ou rurais. A proteção de linhas de transmissão devem utilizar relés de atuação rápida, porém, a utilização desses relés depende da comunicação entre terminais a quilômetros de distância entre si, elevando o custo de proteção. Esses custos do sistema diminuíram com a utilização de novas tecnologias como as fibras óticas, permitindo a coordenação de sistemas complexos, como o apresentado na Figura 1. Figura 1 - Sistema de transmissão com subestações e linhas de transmissão. Fonte: Mamede Filho (1997). Um dos motivos pelos quais a proteção de linhas de transmissão é tão importante é porque é a parte do Sistema Elétrico de Potência mais suscetível a curtos- circuitos e outras falhas elétricas, dado que estes podem se estender por centenas de quilômetros. 37WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As funções de proteção mais utilizadas nos terminais de linhas de transmissão são: •Função 21: proteção de distância. •Função 21N: proteção de distância de neutro. •Função 27: proteção contra subtensão. •Função 32P: direcional de potência ativa. •Função 46: desbalanço de corrente de sequência negativa. •Funções 50: proteção instantânea de fase. •Funções 50N: proteção instantânea de neutro. •Função 50BF: proteção contra falha de disjuntor. •Função 51: proteção temporizada de fase. •Função 51N: proteção de tempo definido de neutro. •Função 59: proteção contra sobretensão. •Função 67: proteção direcional de fase. •Função 67N: proteção direcional de neutro. •Função 79: religamento. •Função 85: proteção auxiliar de carrie (bloqueio de abertura do disjuntor). •Função 86: bloqueio de segurança. •Função 87L: proteção diferencial de linha. 1.1 Proteção de Sobrecorrente A proteção de sobrecorrente de uma linha de transmissão é considerada a proteção básica e é empregada em praticamente todos os níveis de tensão, desde que associada a outros tipos de proteção de primeira linha, como as proteções de distância, direcional e diferencial. 1.2 Ajuste da Unidade Temporizada O ajuste da corrente de tape (valor do ajuste do relé) da unidade temporizada deve ser feito utilizando as seguintes regras: 1.2.1 Unidade temporizada de fase A corrente de tape da unidade temporizada de fase é: Onde: é o fator de multiplicação da sobrecorrente admitida, que pode variar entre 1,2 e 1,5. é a corrente de carga em A. E é a relação de transformação de corrente. 38WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2.2 Unidade de tempo definido de neutro A corrente de tape da Unidade de tempo definido de neutro é ajustada de acordo com a equação: Onde é o fator de multiplicação da corrente de desequilíbrio admitida, que pode variar entre 0,1 e 0,3. 1.3 Ajuste da Unidade de Tempo Definido Os ajustes da unidade de tempo definido do relé de sobrecorrente devem ser efetuados como descrito a seguir. 1.3.1 Unidade de tempo definido de fase A corrente de tape da unidade de tempo definido de fase deve ser ajustada de acordo com a equação: Onde: Iccf – corrente de curto-circuito trifásica, valor eficaz, em A; Fa – fator de assimetria da corrente de curto-circuito trifásica; Ff – fator de multiplicação de ajuste da corrente de fase: pode ser utilizado um valor entre 0,60 e 0,80; Iatf – corrente de acionamento da unidade temporizada de fase, em A. 1.3.2 Unidade de tempo definido de neutro A corrente de tape da unidade de tempo definido de neutro deve ser ajustada de acordo com a equação: Onde: Icft – corrente de curto-circuito fase e terra, valor eficaz, em A; Fn – fator de multiplicação de ajuste da corrente de neutro: pode ser utilizado um valor entre 0,60 e 0,80; Fa – fator de assimetria; Iatn – corrente de acionamento da unidade de tempo definido de neutro, em A. 39WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA1.4 Seleção da Curva de Atuação dos Relés A seleção da curva de atuação do relé é feita com base no múltiplo da corrente de acionamento e no tempo requerido para o disparo do disjuntor, como na equação: Onde: M – múltiplo da corrente de acionamento. Im – corrente máxima admitida no circuito, que pode ser uma corrente de sobrecarga ou de curto-circuito. 1.5 Proteção Direcional de Sobrecorrente Quando uma linha de transmissão conecta duas subestações em que a fonte de geração é aplicada em apenas uma dessas subestações, a corrente flui somente no sentido da geração para a carga; porém, quando se tem na outra subestação uma segunda fonte de geração, é obrigatório o uso de relés direcionais de sobrecorrente (função 67) nas duas extremidades da linha de transmissão, já que o fluxo de corrente pode ocorrer nos dois sentidos. Essa proteção também é obrigatória em sistemas de anel fechado, independentemente do número de subestações, e também quando duas subestações são conectadas por duas ou mais linhas de transmissão. Os critérios de proteção direcional de sobrecorrente são: • Proteção instantânea: quando a corrente inversa for superior a 80% da corrente nominal no sentido normal. • Proteção temporizada: quando a corrente inversa for superior a 25% da corrente nominal no sentido normal. 1.6 Proteção de Distância O ajuste de proteção de sobrecorrente depende das condições operacionais do sistema. Essas condições sofrem alterações ao longo do tempo, o que pode afetar a eficiência dos relés de sobrecorrente, dado que a impedância de uma linha de proteção pode mudar. Sendo assim, para realizar a proteção de uma linha de transmissão até um determinado ponto do seu comprimento, é utilizada a proteção de distância (função 21). A proteção de distância possibilita a coordenação da proteção desejada em uma linha de transmissão, independentemente da condição operacional. Esse sistema de proteção funciona a partir da comparação de fase entre as duas extremidades da linha de transmissão. A proteção de distância é feita através do cálculo da impedância do circuito. Isso é feito através das medições de tensão e corrente dos TCs e TPs, através da lei de Ohm. Enquanto a impedância medida estiver acima do valor ajustado, o relé não atuará; quando a medição indicar uma impedância abaixo da ajustada, o relé de distância irá atuar, protegendo as linhas de transmissão. 40WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.7 Proteção de Sobretensão Os sistemas de potência estão sujeitos a níveis de sobretensão elevados, em geral, resultantes do desequilíbrio entre a quantidade de energia gerada e a quantidade de energia consumida. Isso ocorre pela abertura de um disjuntor, retirando uma grande carga do circuito e causando um excesso de energia. A proteção das linhas de transmissão à sobretensão (função 59) é feita, então, por relés com os seguintes ajustes: • Proteção instantânea: 125% da tensão nominal; • Proteção temporizada: 120% da tensão nominal. 2. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES O transformador de alta potência é o principal componente de uma subestação de um SEP, sendo assim, a proteção desses equipamentos contra surtos e faltas é de grande importância. As proteções necessárias a um transformador dependem de sua capacidade nominal e da importância da carga que ele alimenta. Os transformadores de distribuição são normalmente protegidos por chaves fusíveis. Já os transformadores de força de instalações industriais de até 300 kVA são, em geral, protegidos por chaves seccionadoras, acionadas por fusíveis. Os transformadores industriais de capacidade de até 2000 kVA são protegidos por relés digitais, com as funções 50/51 e 50/51N. Para transformadores acima de 2000 kVA de potência, além da proteção 50/51 e 50/51N, é também conveniente o uso de proteção com relés diferenciais de sobrecorrente e imagem térmica. Essas proteções são utilizadas em conjunto com as proteções intrínsecas de um transformador (como relés de gás, nível de óleo, pressão etc.) e podem ser instaladas tanto no lado do primário quanto no secundário do transformador. Assista ao vídeo Proteção de linhas de transmissão, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=11ONpoT_h24. Quais as vantagens e desvantagens da utilização de relés do lado da bobina de maior e de menor tensão? Há alguma diferença no ajuste do relé que precisaria ser feita? 41WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Ajustes de Relés O ajuste dos relés de sobrecorrente de fase para transformadores deve se comprometer entre a proteção completa do sistema e o fornecimento de energia elétrica. Caso o relé seja ajustado próximo aos valores nominais de funcionamento, o transformador irá vivenciar um maior nível de proteção, porém, o risco de descontinuidade de fornecimento de energia por pequenas sobrecargas (fenômeno normal em qualquer sistema elétrico) aumenta. Já os ajustes muito acima dos valores nominais irão garantir uma maior leniência com pequenas falhas, mas com a desvantagem de uma maior chance de danificação dos transformadores. Os valores utilizados na maior das situações situam-se entre 110% e 130% da capacidade nominal do transformador, porém, valores superiores a esses podem ser utilizados em certos casos, principalmente quando existem outras proteções adicionais instaladas simultaneamente. Os ajustes de tempo normalmente são escolhidos considerando a coordenação com outros elementos de proteção instalados no circuito, sendo limitados pela curva máxima de tempo x corrente fornecida pelo fabricante, que garantem que o aquecimento excessivo das bobinas cause algum dano ao equipamento, como na Figura 2. Figura 2 - Curva máxima de corrente x tempo de um transformador. Fonte: Mamede Filho (1997). 42WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Neste exemplo, uma sobrecorrente de 10 vezes a corrente nominal do transformador é suportável por até 18 segundos, como é possível observar na curva. De forma geral, os transformadores de potência devem ser protegidos contra: • Sobrecarga; • Curtos-circuitos entre fases e fase-terra; • Sub e sobretensões; • Presença de gás (relé de Buchholz); • Sobrepressão de óleo e gás; • Temperatura do ponto mais quente e do topo do óleo. As funções mais adequadas para proteção de um transformador de potência são: • Função 23: dispositivo de controle de temperatura. • Função 26: proteção térmica. • Função 27: proteção contra subtensão. • Função 30: dispositivo anunciador de eventos. • Função 49RMS: proteção de sobrecarga por imagem térmica. • Função 50: proteção de sobrecorrente instantânea de fase. • Função 50N: proteção de sobrecorrente instantânea de neutro. • Função 51: proteção de sobrecorrente temporizada de fase. • Função 51N: proteção de sobrecorrente temporizada de neutro. • Função 51 NS: proteção de neutro sensível. • Função 51G: proteção contra sobrecorrente de terra temporizada. • Função 59: proteção contra sobretensão. • Função 63: proteção contra a presença de gás (relé de Buchholz). • Função 63A: proteção contra sobrepressão de gás do transformador. • Função 63C: proteção contra a presença de gás no comutador de derivação. • Função 63A/C: proteção contra sobrepressão de gás no comutador de derivação. • Função 64: proteção de terra. • Função 71: detector de nível de óleo do transformador. • Função 71C: detector de nível de óleo do comutador de derivação. • Função 80: proteção para fluxo de óleo do comutador de derivação do regulador de tensão. • Função 81: proteção contra subfrequência e sobrefrequência (dispensada quando instalada na geração). 43WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA• Função 87T: proteção diferencial de sobrecorrente. • Função 90: regulação de tensão. A Tabela 1 apresenta recomendações de ajustes das proteções de sobrecarga e de curto- circuito de um transformador de potência. Tabela 1 - Recomendações de ajuste das proteções de sobrecarga e curto-circuito. Tipo de Evento Dispositivo de Proteção Código de Função Ajuste Recomendado Sobrecarga Termostato 26 Alarme: 95º C Atuação: 100º C 49T Alarme: 150º C Atuação: 160º C 49RMS Alarme: 100% C Atuação: 120% C Constante de tempo: 10 a 30 minutos Relé Térmico - Atuação: superior a In Curto-Circuito Fusível - NBR 5410 Relé de fase instantâneo 50 Inferior ao valor de ICC Relé de fase de tempo definido 51 Inferior a 5xIn Relé de fase de tempo inverso 51 Temporização: igual ou superior ao tempo ajustante + intervalo de coordenação Relé diferencial 87T Curva: igual ou superior a 15% Relé de Buchhzolz 63 - Fonte: Mamede Filho (1997). 2.2 Proteção por Fusível Os fusíveis são o elemento de proteção mais simples que pode ser empregado na proteção de um transformador, normalmente utilizados para proteção de curto-circuito de natureza externa, pois eles não são capazes de detectar faltas internas em um transformador. Em geral, eles são utilizados em transformadores de até 7,5 MVA e tensão de até 138 kV. Como eles são elementos de atuação monopolar e sua fusão não ocorre simultaneamente, pode- se ter uma condição de operação em que a corrente de curto-circuito pode passar pelos trafos do transformador, causando danos irreparáveis. Por esse motivo, as concessionárias costumam utilizar os fusíveis para proteção do lado de tensão superior e associam a esse esquema uma chave de aterramento rápido, acionada pelos demais relés de proteção, como os relés de gás, pressão etc. e também a proteção diferencial de sobrecorrente. 44WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para a proteção de transformadores de redes aéreas de distribuição, os fusíveis são, em geral, limitados pelas concessionárias a redes de potência e tensão nominal de 225 kVA e 13,8 kV, respectivamente. A Figura 3 apresenta uma estrutura de transformação e proteção em uma dessas redes aéreas. Figura 3 - Estrutura de transformação de uma rede de distribuição aérea. Fonte: Mamede Filho (1997). Já em sistema de transformação em subestações de consumidor, como as presentes em prédios residenciais, comerciais e industriais acima de 300 kVA, a utilização de fusíveis é proibida pela NBR 14039 e, além disso, a utilização de fusíveis em subestações de consumidores pode causar uma série de danos a equipamentos e pessoas devido aos arcos elétricos resultantes da abertura do circuito. 2.3 Proteção por Relés de Sobrecorrente Relés de sobrecorrente são, em geral, dispositivos de proteção baratos, porém, pouco confiáveis. Eles possuem limitações quanto à sensibilidade dos ajustes para faltas internas dos transformadores, oferecendo, então, um baixo nível de proteção. Os relés de sobrecorrente são muito utilizados como proteção de retaguarda ou no sistema secundário para faltas externas, principalmente em conjunto com proteções diferenciais. 45WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para transformadores de 7,5 MVA de potência e 138 kV ou menos, os relés de sobrecorrente são muitas vezes empregados como a única proteção tanto para faltas internas quanto externas. 2.4 Proteção por Relé Diferencial de Sobrecorrente Os relés de proteção diferencial de sobrecorrente podem ser utilizados em uma série de sistemas de proteção, desde que existam dois ou mais conjuntos de transformadores de corrente limitando a zona de proteção desejada. Os principais tipos de falhas, e também os mais difíceis de serem eliminados, são aqueles que afetam apenas uma espira do enrolamento cuja corrente resultante é muito inferior à corrente de carga nominal do equipamento. Para restringir os danos no transformador, é comum o uso de relés diferenciais de sobrecorrente nos lados de maior e menor tensões do transformador, protegendo-o de falhas internas, que, normalmente, não seriam facilmente detectadas por relés de sobrecorrente 50/51. 2.5 Proteções Intrínsecas de um Transformador As proteções intrínsecas são as proteções inseridas no interior do transformador durante a fabricação, podendo ser solicitadas pelo comprador ou vindas de projeto do fabricante. A quantidade de proteções intrínsecas está diretamente relacionada com a potência e a importância da carga alimentada, uma vez que, por exemplo, um relé de Buchholz não seria economicamente viável para proteção de um transformador de 150 kVA. Normalmente, os transformadores de distribuição não possuem proteções intrínsecas devido ao custo da proteção. 2.5.1 Proteção intrínseca térmica Possuem o objetivo de não permitir que a temperatura interna do transformador alcance níveis à temperatura máxima dos enrolamentos, normalmente guardando uma diferença mínima de 10º C de segurança. Os ventiladores primários de resfriamento, quando existirem, devem ser ligados quando a carga atingir entre 50% e 60% do carregamento nominal do transformador. Já os ventiladores de segundo estágio devem ligar com a temperatura entre 70% e 80% do carregamento nominal. Um desses dispositivos é o indicador de temperatura no topo do óleo (função 26): uma ampola ou bulbo conectado ao medidor visual de temperatura. O equipamento é cheio de um líquido específico, que aumenta e diminui de volume de acordo com a temperatura e, assim, é medida a temperatura através de capilares conectados ao medidor. Um exemplo está presente na Figura 4. 46WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 - Exemplo de um indicador de temperatura de topo de óleo. Fonte: Mamede Filho (1997). Outro dispositivo de segurança térmico é o indicador de temperatura de enrolamento, realizando a função 49. É uma sonda térmica embutida no interior dos enrolamentos do transformador e conectada por capilares a um medidor de temperatura. O relé de temperatura do tanque é montado diretamente com o tanque do transformador de forma a medir a sua temperatura e é dotado de contatos elétricos capazes de fazer os disjuntores atuarem. Eles são muito utilizados em transformadores com enrolamentos ligados somente em estrela com núcleo envolvido, nos quais o fluxo magnético pode induzir correntes parasitas na carcaça do transformador, criando aquecimento. 2.5.2 Proteções intrínsecas mecânicas São dispositivos de ação mecânica, capazes de controlar os disjuntores de proteção das bobinas do transformador, e são normalmente utilizados contra a presença de gás no interior do transformador, sobrepressões e temperaturas elevadas. O relé por acumulação de gás, ou relé de Buchholz (função 63), é aplicado em transformadores com reservas de óleo e sem espaço de gás dentro do tanque do equipamento. O relé é instalado no tubo que liga o tanque principal ao vaso conservador de óleo. Em casos de falhas nas espiras do transformador, núcleo etc. com geração de arcos elétricos, gases são gerados no óleo de refrigeração. O relé Buchholz é capaz de detectar pequena presença de gases, concluir que há uma falha interna ocorrendo e é capaz de ativar o funcionamento do disjuntor de proteção. A proteção por relé detector de gás é instalada na tampa do transformador de potência com a finalidade de detectar a presença de gás decorrente de arcos elétricos provenientes de falhas. O relé é caracterizado por um medidor de nível de líquido magnético, provido de uma câmara contendo óleo do próprio transformador e capaz de detectar um aumento da concentração de gases no óleo. 47WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A proteção por relé de súbita pressão se divide entre os de pressão de gás e os de pressão de óleo. Ambos têm a finalidade de detectar aumento de pressão na câmara interna dos transformadores decorrente da liberação de gases e/ou expansão do óleo por aquecimento, sendo capazes de acionar os disjuntores para proteção do sistema. Em casos de extrema pressão, as válvulas de alívio de pressão e as válvulas de explosão são capazes de liberar parte dessa pressão a fim de proteger os componentes internos e qualquer objeto ou pessoa próximos. Leia o material Revista O Setor Elétrico, volume Proteção e seletividade, Capítulo IX: Proteção dos transformadores - Parte I, 2010, disponível em https://www.osetoreletrico.com.br/wp- content/uploads/2010/10/ed56_fasc_protecao_capIX.pdf. 48WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, estudamos as principais funções que os relés de proteção devem realizar a fim de manter a integridade dos sistemas de linhas de transmissão, assim como os transformadores de potência. Vimos também, brevemente, como são feitos os ajustes desses relés a fim de projetar um sistema seguro, sem interrupções de ligação desnecessárias. 4949WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 51 1. PROTEÇÃO DE GERADORES ...................................................................................................................................52 1.1 FUNÇÕES DE PROTEÇÃO .......................................................................................................................................52 1.2 PROTEÇÃO DIFERENCIAL DE CORRENTE (87) ..................................................................................................53 1.3 PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA DE FASE (21) ............................................................................................................54 1.4 PROTEÇÃO CONTRA FALTAS NA REDE ELÉTRICA .............................................................................................55 1.5 PROTEÇÃO CONTRA SOBRECARGA ....................................................................................................................56 1.6 PROTEÇÃO CONTRA SUB E SOBRETENSÕES (27/59) .....................................................................................57 2. PROTEÇÃO DE MOTORES ELÉTRICOS .................................................................................................................57 PROTEÇÃO DE GERADORES E MOTORES ELÉTRICOS PROF. MARCO ANTONIO ITABORAHY FILHO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS D E POTÊNCIA 5050WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 FALHAS DOS MOTORES ELÉTRICOS ...................................................................................................................58 2.2 FUNÇÕES DE PROTEÇÃO DOS MOTORES ELÉTRICOS .....................................................................................58 2.3 PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES ..........................................................................................................59 2.4 RELÉS DIFERENCIAIS DE SOBRECORRENTE .................................................................................................... 61 2.5 PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA ................................................................................................................................... 61 2.6 DETECTORES TÉRMICOS ....................................................................................................................................62 2.7 PROTEÇÃO CONTRA SUB E SOBRETENSÃO ......................................................................................................62 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................63 51WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos estudar as técnicas de proteção de dois tipos de equipamentos de grande importância em sistemas elétricos de potência: o gerador e o motor elétrico. Os geradores são as fontes de energia elétrica de um SEP, sendo assim, sua proteção é imprescindível, pois avarias nesse equipamento podem causar graves problemas no funcionamento geral do sistema elétrico. Já os motores elétricos são a principal carga em sistemas elétricos industriais, além de serem equipamentos caros e que devem receber a proteção devida. 52WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PROTEÇÃO DE GERADORES Os geradores são de suma importância dentro de um sistema elétrico de potência, visto que sua falha ou interrompimento de funcionamento provoca graves consequências em todo o sistema, caso não esteja disponível outro gerador para sua substituição. Consequentemente, o esquema de proteção de um gerador é o mais robusto de um SEP, cobrindo um grande número de possíveis falhas, muitas vezes tornando o sistema de proteção complexo. Os dispositivos de proteção de um gerador síncrono devem atender a dois requisitos básicos: evitar a ocorrência de defeitos e, caso eles aconteçam, minimizar os danos decorrentes. Por exemplo, em um caso de defeito entre duas espiras de um enrolamento, os danos devem ficar limitados a apenas aquela bobina, com o funcionamento adequado dos elementos de proteção, evitando, assim, novos danos em outras partes do gerador. As principais fontes de falhas nas unidades geradoras de energia são: • Falhas construtivas e de materiais, como falha nos materiais isolantes ou introdução de corpos estranhos no interior do gerador. • Origem externa, como sobrecargas, curtos-circuitos, sobretensões, sobrevelocidade, sobreaquecimento. • Origem interna, como curtos-circuitos no rotor, estator ou terminais. • Origem nos equipamentos agregados, como curtos nos transformadores de corrente e potencial, nos transformadores etc. 1.1 Funções de Proteção É necessário explicar que não existem relés e esquemas que sejam capazes de proporcionar proteção total ao gerador. O número de funções de proteção adotadas em cada caso é uma questão técnica e econômica. Deve haver um balanço entre custos e o nível de proteção adequado, dependendo da importância do gerador e carga. As funções de proteção que podem ser empregadas nos geradores são: Função 12: proteção contra sobrevelocidade. Função 21: proteção de distância. Função 24: proteção contra sobre-excitação. Função 25: dispositivo de sincronização. Função 26: proteção térmica. Função 27: proteção contra subtensão. Função 30: dispositivo anunciador. Função 32G: proteção direcional contra potência ativa: antimotorização. Função 32Q: proteção direcional contra potência reativa. Função 37: proteção contra perda de excitação. Função 40: proteção por perda de campo. Função 46: proteção contra desequilíbrio de corrente, também conhecida como proteção de sequência negativa. Função 49: proteção de imagem térmica. Função 50: proteção instantânea de fase. Função 50N: proteção instantânea de neutro. Função 50IE: proteção contra energização involuntária. 53WWW.UNINGA.BR PR OT EÇ ÃO D E SI ST EM AS E LÉ TR IC OS D E PO TÊ NC IA | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Função 51: proteção temporizada de fase. Função 51N: proteção temporizada de neutro. Função 51G: proteção contra sobrecorrente temporizada de terra. Função 59: proteção contra sobretensão. Função 60: proteção contra desequilíbrio de tensão. Função 61: defeitos entre espiras do estator. Função 64R: proteção de terra do rotor. Função 64G: proteção
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