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Logo Materias de Construção Professor: Engº M.Sc. Marcelo Otaviano Barbosa e Silva ADITIVOS QUÍMICOS Universidade da Amazônia - UNAMA Curso de Graduação em Engenharia Civil ADITIVOS QUÍMICOS 1. Introdução 1.1. Definição: Segundo a NBR 11.768/2011, são produtos que, adicionados em pequenas quantidades a concretos de cimento Portland, modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor adequá-las a determinadas condições. Obs: Este conceito pode ser extendido para pastas, argamassas e grautes de cimento Portland, cuja dosagem varia de 0,05% à 5% sobre a massa de material cimentício. 1.2. Funções Básicas dos Aditivos: ESTADO FRESCO ESTADO ENDURECIDO Ajustar a Consistência (trabalhabilidade) Aumentar a resistência mecânica Ajustar a Coesão (resistência à segregação) Aumentar a durabilidade Ajustar o Tempo de Pega Aumentar a Impemeabilidade Reduzir a Relação a/c Ajsutar a Viscosidade Plástica ADITIVOS QUÍMICOS 2. Classificação Os aditivos químicos podem ser classificados de acordo com a função que exercem. Obs I: R-Retardador, N-Pega Normal, A-Acelerador (NBR 11.768/2011). Obs II: O superplastificante tipo II significa de 3ª geração. Aditivos Químicos Redutores de água/Plastificantes PR, PN, PA Redutores de água de alta eficiência/Superplastificantes Tipo I SP-I R, SP-I N, SP-I A Redutores de água de alta eficiência/Supeplastificantes Tipo II SP-II R, SP-II N, SP-II A Incorporadores de Ar IA Aceleradores de Pega AP Aceleradores de Resistência AR Retardadores de Pega RP ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água: Segundo a NBR 11.768/2011 é todo aquele que, sem modificar a consistência do concreto no estado fresco, permite reduzir o seu conteúdo de água ou, sem alterar a quantidade de água, modifica a consistência do concreto, aumentando o abatimento e a fluidez. Concreto A Abatimento = 5cm Relação a/c = 0,60 Concreto B Abatimento = 5cm Relação a/c = 0,45 Concreto C Abatimento = 5cm Relação a/c = 0,60 Concreto D Abatimento = 15cm Relação a/c = 0,60 ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.1. Plastificantes: É um aditivo redutor de água, cuja composição química é baseada no lignossulfonato, que é um rejeito químico do processo de extração da polpa da celulose da madeira. Foram os primeiros aditivos redutores de água comercialmente introduzidos no mercado no início da década de 1960. Permitem uma redução de água entre 5% e 10%. São adicionados entre 0,2% e 1,0% sobre a massa de cimento. Quando dosados em grandes quantidades podem retardar o início da pega do cimento. É considerado um plastificante de primeira geração. Exemplo de uma unidade repetitiva de um polímero de lignossulfonato. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.1. Plastificantes (modo de ação): O principal mecanismo de ação dos aditivos redutores de água (plastificantes) é a dispersão eletrostática das partículas de cimento com a consequente liberação da água aprisionada entre as mesmas. Partículas de cimento se atraem devido à interações eletrostáticas na sua superfície. Com a adição de água ocorre uma floculação das partículas de cimento provocando um aprisionamento desta água entre estas partículas. Moléculas aniônicas de plastificante aderem a superfície do cimento tornando-a negativamente carregada. Esta igualdade de cargas faz com que as partículas de cimento se afastem umas das outras além de liberar a água aprisionada. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.1. Plastificantes (modo de ação): Atração eletrostática entre as partículas de cimento. Aprisionamento da água entre as partículas de cimento. Moléculas de plastificante aderidas ao cimento. Dispersão eletrostática das partículas de cimento. Partículas de cimento anidro Água aprisionada Ação do aditivo Dispersão do cimento 1 2 3 4 ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.2. Superplastificantes: É um aditivo redutor de água de uma faixa mais ampla de ação, cuja composição química é baseada em sais condensados de naftaleno sulfonato ou melanina sulfonato, que são moléculas sintéticas que produzem uma ação dispersante mais elevada. Foram os segundos aditivos redutores de água comercialmente introduzidos no mercado no final da década de 1970. Permitem uma redução de água de até 25%. São adicionados entre 0,2% e 3,0% sobre a massa de cimento. Podem ser usados em maiores quantidades do que os lignossulfonatos, pois não possuem açucares na sua composição. O seu mecanismo de ação é o mesmo dos plastificantes. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.3. Polifuncionais: É um aditivo redutor de água de média eficiência, cuja composição química é baseada em sais condensados de naftaleno sulfonato e melanina sulfonato com uma porcentagem de lignossulfonatos. Atualmente é o dispersante mais usado na indústria do concreto devido à são boa relação custo/benefício. Permitem uma redução de água de 5% até 18%. São adicionados entre 0,2% e 1,2% sobre a massa de cimento. Se adicionados em pequenas quantidades, funcionam como plastificantes e em quantidades maiores como superplastificantes. São também conhecidos como mid range water reducer (redutores de água de média eficiência). O seu mecanismo de ação é o mesmo dos plastificantes e superplastificantes. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.4. Superplastificantes de alto desempenho: É um aditivo redutor de água de alta eficiência, cuja composição química é baseada em polímeros de éteres policarboxilatos, cuja ação se deve ao efeito estérico. É o principal responsável pelo advento do concreto alto-adensável (CAA) e concretos de alta fluidez. Permitem uma redução de água de até 40%. Se adicionados em quantidades que variam de 0,2% a 1,5% sobre a massa de cimento. O seu mecanismo de ação é o efeito estérico que permite uma maior manutenção da dispersão das partículas de cimento sem retardar o processo de pega. São conhecidos como plastificantes de 3ª geração ou hiperplastificantes. ADITIVOS QUÍMICOS 3.1. Redutores de Água 3.1.4. Superplastificantes de alto desempenho (modo de ação): Além da repulsão eletrostática entre as partículas de cimento, o polímero de policarboxilato mantém essas partículas afastadas umas das outras por um efeito físico devido à cadeias laterais presas a cadeia principal deste polímero. Estas cadeias laterais mantém as partículas de cimento mais afastadas se comparadas aos plastificantes anteriores. Disperão eletrostática Disperão estérica ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.1. Redutores de Água 3.1.4. Superplastificantes de alto desempenho (modo de ação): ADITIVOS QUÍMICOS 3.1. Redutores de Água 3.1.5. Dosagem: A dosagem dos dispersantes ou plastificantes é sempre feita em porcentagem sobre a massa de material cimentício (cimento + adições). Atenção deve ser dada à massa específica e ao teor de sólidos de cada aditivo para a sua correta dosagem em concretos e argamassas. EX 01: Determinar a quantidade de um aditivo polifuncional a ser adicionado à uma mistura de concreto cujo consumo de aglomerantes é de 420kg/m3 de concreto. Dados: % sobre a massa de aglomerantes = 0,8% Massa específica do aditivo = 1,18g/cm3 Teor de sólidos = 45% Solução: massa de aditivo = 0,008 x 420 = 3,36kg Volume de aditivo (sólidos) = 3,36/1180 = 0,0028m3 x 1000= 2,8litros Volume a ser adicionado (sólidos + água) = 2,8/,45 = 6,2litros ADITIVOS QUÍMICOS 3.1. Redutores de Água 3.1.6. Principais Finalidades: Reduzir o consumo de água para uma mesma consistência, aumentando assim, a resistência e a durabilidade do concreto. Ex: Slump = 15±2cm e a/c = 0,5 (sem aditivo) ou Slump = 15±2cm e a/c = 0,4 (com aditivo). Aumentar a fluidez do concreto sem alterar o consumo de água. Ex: Slump = 15±2cm e a/c = 0,5 (sem aditivo) ou Slump = 22±2cm a a/c = 0,5 (com aditivo). Reduzir a quantidade de cimento do concreto, mantendo a consistência e a resistência à compressão com o objetivo de reduzircustos e ainda reduzir retrações plásticas e térmicas. Ex: Slump = 15±2cm e a/c = 0,5 (sem aditivo) ou Slump = 15±2cm, a/c = 0,5 água e cimento (com aditivo). ADITIVOS QUÍMICOS 3.1. Redutores de Água 3.1.5. Finalidades: ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.2. Incorporadores de Ar (IA) Segundo a NBR 11.768/2011 é todo aquele usado intencionalmente para introduzir, em argamassas e concretos, um sistema de bolhas de ar microscópico que seja estável e uniforme. Tem uma composição química é baseada em agentes tensoativos (surfactantes) que são os responsáveis pela formação e estabilização das micro-bolhas de ar. Usados principalmente para prevenir a deteriorização causada por ciclos de gelo-degelo em concretos ou para plastificar argamassas de reboco e de assentamento. São adicionados em quantidades que variam de 0,05% a 0,3% sobre a massa de cimento. Também pode ser usado, em pequenas quantidades, para promover uma melhor compactação de concretos com baixo consumo de cimento (<250kg/m3) ou concreto “farofa”. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.2. Incorporadores de Ar (modo de ação) Quando adicionados à argamassas e concretos, os agentes surfactantes se concentram na interface ar-água e reduzem a sua tensão superficial. Uma molécula de surfactante possui um lado da sua cadeia apolar (hidrofóbico) e o outro lado polar (hidrofílico). A parte hidrofílica é orientada em direção à água enquanto a parte hidrofóbica é orientada na direção do ar formando um filme semelhante a um filme de sabão com resistência e elasticidade suficientes para estabilizar as bolhas de ar. Por apresentarem cargas negativas na sua superfície, esta bolhas de ar se repelem mutuamente fazendo com que as mesmas se distribuam uniformemente no sistema cimentício. Por fim, esta bolhas se aderem às partículas de cimento e agregados por meio de atração eletrostática. ADITIVOS QUÍMICOS 3.2. Incorporadores de Ar 3.2.1. Mecanismo de ação (no concreto): Mecanismo de ação dos incorporadores de ar junto ás partículas de cimento. Ação do ar incorporado no congelamento da água dos poros capilares. Formação de gelo no interior dos vazios incorporados. Vazio capilar Vazio incorporado ADITIVOS QUÍMICOS 3.2. Incorporadores de Ar 3.2.1. Mecanismo de ação: Obs: Não confundir ar incorporado com ar aprisionado. Os primeiros são muito menores (diâmetro médio entre 10 e 100μm). Os segundos possuem diâmetro médio maiores do que 1000μm). ADITIVOS QUÍMICOS 3.2. Incorporadores de Ar 3.2.1. Mecanismo de ação (na argamassa): Sem incorporador de ar Dispersão do cimento3 Com incorporador de ar Comportamento das argamassas diante da utilização de aditivos incorporadores de ar. ADITIVOS QUÍMICOS 3. Tipos 3.3. Modificadores de Pega Segundo a NBR 11.768/2011, os aditivos modificadores de pega são classificados da seguinte forma: Modificadores de Pega Aceleradores de Pega Aceleradores de Resistência Retardadores de Pega Estabilizadores de Pega ADITIVOS QUÍMICOS 3.3. Modificadores de Pega 3.3.1. Aceleradores de Pega: São aditivos usados para reduzir os tempos de início e fim de pega do concreto por acelerarem a taxa de hidratação do cimento Portland. Os mais comuns são agrupados em sais solúveis inorgânicos (cloretos, brometo, fluoretos, carbonatos, nitritos, nitratos, etc). O mais usado mundialmente é o cloreto de cálcio. Porém este aditivo pode causar corrosão da armaduras no caso de estruturas de concreto armado. De acordo com a NBR 12.655/2016, os máximos teores de íons cloreto, de acordo com a estrutura, são os seguintes: NBR 12.655 ASTM C 1218 Concreto Protendido 0,05 0,06 Concreto armado exposto a íons cloreto nas condições de serviço da estrutura 0,15 0,15 Concreto armado não exposto a íons cloreto nas condições de serviço da estrutura 0,40 1,00 Demais concstruções em concreto armado 0,30 0,30 Tipo de Elemento Máximo teor de íon cloreto solúvel (% massa de cimento) ADITIVOS QUÍMICOS 3.3. Modificadores de Pega 3.3.1. Aceleradores de Pega: Segundo a NBR 11.768, aditivos isentos de cloretos são aqueles com concentração de cloretos solúveis em água menor ou igual a 0,15% de sua massa. Aditivos de base orgânica (alcanolaminas) estão substituindo, aos poucos, os de base cloreto de cálcio. ADITIVOS QUÍMICOS 3.3. Modificadores de Pega 3.3.2. Retardadores de Pega: São aditivos usados para aumentar os tempos de início e fim de pega do concreto por reduzirem a solubilidade dos compostos hidratados no cimento Portland. Estes aditivos reagem formando uma camada pouco permeável ao redor dos grãos impedindo a evolução da hidratação por algum tempo. São usados para melhorar as condições de transporte, lançamento e acabamento do concreto, principalmente em locais de clima quente ou quando este concreto precisa ser transportado a longas distâncias. Sua dosagem varia entre 0,1% a 0,5% sobre a massa de cimento ou aglomerantes. A NRB 11.768 estabelece alguns requisitos de desempenho de acordo com a tabela abaixo: Min: +1h Máx: +3,3h Min: +1h Máx: +3,3h ≥ 110 (3, 7, 28, 90 dias) Retardador de pega plastificante Classificação Tempo de inícioda pega (em relaçao a mistura de concrole) Resistência à compressão mínima (% sobre a mistura de controle) Retardador de Pega ≥ 90 (3, 7, 28, 90 dias) ADITIVOS QUÍMICOS 3.3. Modificadores de Pega 3.3.3. Estabilizadores de hidratação: São também conhecidos como inibidores de hidratação pois possuem a capacidade de controlarem a hidratação do cimento Portland. Sua principal aplicação é na reutilização da água de limpeza e mistura de concretos em centrais concreteiras. Esta água pode permanecer de uma dia para o outro no balão do caminhão sem reagir com o cimento remanescente podendo ser reutilizado em novas misturas. A idéia é a economia de água de lavagem dos caminhões betoneira. ADITIVOS QUÍMICOS 3.4. Redutores de retração (expansores) São aditivos que visam reduzir os efeitos causados pela retração de concreto e argamassas, com aplicações mais comuns em pisos industriais, pisos de estacionamentos e lajes de grandes dimensões. Sua dosagem varia na faixa de 1,0% a 2,5% sobre a massa de cimento ou aglomerantes. Ensaios de laboratório devem ser realizados para a determinação da expansão para cada teor de aditivo usado em uma mistura de concreto ou argamassa.
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