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Módulo 1 - O que é a defesa da concorrência

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Introdução à Defesa 
da Concorrência
O que é a defesa da 
concorrência1
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2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2021
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente 
Diogo Godinho Ramos Costa
Diretor de Educação Continuada
Paulo Marques
Coordenador-Geral de Educação a Distância 
Carlos Eduardo dos Santos
Conteudista/s 
Waleska de Fátima Monteiro (Conteudista, 2020).
Equipe responsável:
Ana Paula Medeiros Araújo (Direção de arte, 2021).
Isaac Silva Martins (Implementador Moodle, 2021).
Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenador de produção web, 2021).
Lavínia Cavalcanti Martini T. dos Santos (Coordenadora de desenvolvimento, 2020).
Vanessa Mubarak Albim (Diagramadora, 2021).
Curso produzido em Brasília 2021.
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / 
Laboratório Latitude e Enap.
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Unidade 1 - Conceitos básicos da defesa da concorrência ................. 5
1.1. Modelos de mercado .......................................................................................5
1.2. Modelos de mercado: concorrência perfeita ..................................................6
1.3. Modelos de mercado: monopólio .................................................................11
1.4. Modelos de mercado: oligopólios .................................................................15
1.5. Aspectos legais: ordem econômica e legislação específica ...........................20
Referências ..................................................................................... 27
Sumário
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Unidade 1 - Conceitos básicos da defesa da concorrência
1.1. Modelos de mercado
Ao final desta unidade, você será capaz de listar os conceitos básicos da defesa da concorrência 
no contexto econômico e jurídico.
Inicialmente, veremos alguns conceitos sobre defesa da concorrência.
Matias-Pereira, em seu artigo sobre as deficiências do sistema brasileiro de defesa da 
concorrência, publicado em 2006, a define como: conjunto de políticas que identificam 
determinados comportamentos das empresas como ilegais, por prejudicarem os consumidores 
e/ou diminuírem seu bem-estar.
Já segundo Massimo Motta e Lúcia Salgado, em sua obra de 2015 sobre a política da concorrência 
no Brasil, a defesa da concorrência é conceituada como o conjunto de políticas e leis que assegura 
que a concorrência no mercado não seja restringida de maneira prejudicial para a sociedade.
Destaque h, h, h, h, 
A defesa da concorrência parte do pressuposto de que é necessário garantir 
que a forma como as empresas se comportam não pode causar prejuízo aos 
consumidores.
Por isso, precisamos entender quais são os tipos de comportamento das empresas e quais as 
características básicas de cada um deles. A partir do conhecimento desses diferentes tipos de 
comportamento (também conhecido como estrutura de mercado), é possível compreender a 
importância da defesa da concorrência.
Na teoria econômica, todas as empresas, independente da estrutura de mercado, buscam o 
lucro máximo. Porém, dependendo do tamanho do mercado (demandantes e ofertantes), a 
forma como cada uma maximiza seu lucro pode causar distorções e prejudicar o lado mais fraco 
dessa estrutura. Vejamos como funcionam essas estruturas de mercado.
M
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o O que é a defesa da 
concorrência1
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• Concorrência Perfeita
Mercado que possui várias empresas, ausência de barreiras (impedimentos) à entrada, 
produtos homogêneos.
• Monopólio
Mercado dominado por uma única empresa, barreira à entrada, possibilidade de ganhos 
muito acima do normal.
• Oligopólio
Mercado com poucas empresas (maiores firmas são dominantes), com certa 
interdependência de suas decisões.
• Concorrência Monopolista
Mercado com número grande de empresas, livre entrada, porém os produtos são 
diferenciados, com possibilidade de lucros normais no longo prazo.
1.2. Modelos de mercado: concorrência perfeita
Quando analisamos os modelos de mercado, o objetivo é entender como as firmas tomam 
decisões de produção. Na concorrência perfeita, existem três pressupostos básicos que 
caracterizam o modelo:
• Aceitação de preços
Os agentes são tomadores de preços, isto é, existem muitas empresas concorrentes 
e cada uma com participação pequena no mercado. Desse modo, suas decisões não 
influenciam o preço individualmente.
• Homogeneidade de produtos
Os produtos são homogêneos, isto é, não há diferenças entre produtos de empresas 
concorrentes, de modo que o consumidor pode substituir um produto de uma empresa 
por outro de outra empresa sem prejuízo – conceito de substituição perfeita.
• Livre entrada e saída
As empresas não enfrentam barreiras significativas para entrar ou sair do mercado no 
qual elas atuam.
Na concorrência perfeita, obtém-se lucro alcançando a maior diferença possível entre as receitas 
totais obtidas e os custos totais:
 
• Receita total = Preço x Quantidade vendida
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• Custo total = Custo fixo + Custo variável, sendo:
 9 Custo fixo = Custos que não variam com a produção. Ex: aluguel. O aluguel é um 
custo fixo, pois mesmo que a produção da empresa seja igual à zero, a mesma 
terá que pagar o aluguel.
 9 Custo variável = Custo que varia (depende) de acordo com a produção. Ex.: 
insumos, impostos como ICMS e ISS. Se a empresa não produzir nada, não haverá 
custo com insumo. Caso ela produza 100 unidades, terá um custo com insumo; e 
se produzir 200 unidades, terá outro custo.
Economicamente, dizemos que uma firma, em concorrência perfeita, maximiza lucro quando 
esta iguala a receita marginal com o custo marginal:
• Receita marginal = Aumento na receita total decorrente da produção de uma unidade 
a mais na produção.
RMg= ∆Rt/∆Q
• Custo marginal = Aumento no custo total decorrente da produção de uma unidade a 
mais na produção.
CMg= ∆Ct/∆Q
Portanto, a função do custo marginal é igual à derivada parcial da função custo total em relação 
à quantidade produzida.
Vale ressaltar que devido à característica de tomadores de preço (aceitação de preço), válida 
somente para empresas competitivas, também podemos inferir que a receita marginal é igual 
ao preço do bem. Vejamos como isso ocorre: sabemos que a receita total da firma é P x Q (preço 
vezes quantidade). Como P é fixo, quando as firmas aumentam Q em 1 unidade, a receita total 
aumenta em P reais (conceito de receita marginal). Logo, para empresas competitivas, a receita 
marginal é igual ao preço do bem.
Destaque h, h, h, h, 
Portanto, podemos afirmar que a firma maximiza o lucro produzindo a 
quantidade em que o custo marginal se iguala à receita marginal, que é igual 
ao preço.
Para melhor compreensão, vejamos um exemplo prático. Considere o mercado de leite, em que 
o preço do galão seja R$ 6,00. Vejamos como os cálculos acima podem ser feitos:
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Quantidade 
(em Galões) Preço (em R$) Receita Total 
(em R$)
Receita Marginal 
(em R$)
(Q) (P) (RT = P x Q) RMg = ΔRT/ΔQ
0 - - -
1 6 (6 x 1) = 6 RMg = (6-0)/(1-0) = 6
2 6 (6 x 2) = 12 RMg = (12-6)/(2-1) = 6
3 6 18 RMg = (18-12)/(3-2) = 6
4 6 24 6
5 6 30 6
6 6 36 6
7 6 42 6
8 6 48 6
Veja que a receita marginal é calculada de acordo com a variação da receita total e a variação da 
quantidade vendida. Quando a firma produz duas unidades, por exemplo, a variação da receita 
total foi 12 – 6 = 6, ou seja, quando a empresa produziu dois galões de leite, sua receita foi de 
R$ 12,00 e quando produziu apenas um galão sua receita foi R$ 6,00, totalizando uma diferença 
de R$ 6,00. Já a variação na quantidade foi de apenas uma unidade, isto é,a empresa aumentou 
a produção de um galão para dois galões de leite. Logo, ao dividir a variação da receita total (6) 
pela variação da quantidade vendida (1), a receita marginal será igual a R$ 6,00.
Ainda com o mesmo exemplo do mercado de leite, considere a tabela de custos abaixo:
Quantidade 
(em Galões) Preço (em R$) Receita Total (em R$) Receita Marginal 
(em R$)
(Q) (RT = P x Q) (CT = CF + CV) CMg = ΔCT/ΔQ
0 - 3 -
1 6 5 CMg = (5-3)/(1-0) = 2
2 12 8 CMg = (8-5)/(2-1) = 3
3 18 12 CMg = (12-8)/(3-2) = 4
4 24 17 5
5 30 23 6
6 36 30 7
7 42 38 8
8 48 47 9
Agora, perceba que o custo marginal é calculado de forma similar ao cálculo da receita marginal, 
isto é, a variação do custo total pela variação da quantidade vendida. Quando a firma produz 
duas unidades, por exemplo, a variação do custo total foi 8 - 5 = 3, ou seja, quando a empresa 
produziu dois galões de leite, seu custo foi de R$ 8,00 e, quando produziu apenas um galão, 
seu custo foi R$ 5,00, totalizando uma diferença de R$ 3,00. Já a variação na quantidade foi de 
9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
apenas uma unidade, isto é, a empresa aumentou a produção de um galão para dois galões de 
leite. Logo, ao dividir a variação do custo total pela variação da quantidade vendida, o custo 
marginal será igual a R$ 3,00.
Destaque h, h, h, h, 
Um fato interessante pode ser visto no valor do custo total quando a empresa 
produziu “0”. O valor de R$ 3,00 atribuído à produção zero corresponde ao 
custo fixo da empresa. Mesmo que ela não tenha produzido nada, haverá 
custo a ser pago, como o aluguel por exemplo.
Diante dos cálculos apresentados, podemos afirmar que a empresa do mercado de leite maximiza 
seu lucro (Cmg = Rmg = P) quando produz 5 galões: 
Quantidade 
(em Galões) Preço (em R$) Lucro Total 
(em R$)
Custo Total 
(em R$)
Receita 
Marginal 
(em R$)
Custo 
Marginal 
(em R$)
0 - -3 3 - -
1 6 1 5 6 2
2 6 4 8 6 3
3 6 6 12 6 4
4 6 7 17 6 5
5 6 7 23 6 6
6 6 6 30 6 7
7 6 4 38 6 8
8 6 1 47 6 9
Preço igual ao custo marginal: nos mercados competitivos, nenhuma empresa ou consumidor 
individualmente possui poder sobre os preços e, desta forma, o preço nestes mercados é formado 
a partir da interseção entre a oferta e a demanda.
A lógica que se encontra por trás desta constatação é a de que enquanto a receita marginal (RMg) 
for maior do que o custo marginal (CMg), ao se produzir unidades adicionais, o lucro irá crescer: 
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Quantidade 
(em Galões) Preço (em R$) Lucro Total 
(em R$)
Custo Total 
(em R$)
Receita 
Marginal 
(em R$)
Custo 
Marginal 
(em R$)
0 - -3 3 - -
1 6 1 5 6 2
2 6 4 8 6 3
3 6 6 12 6 4
4 6 7 17 6 5
5 6 7 23 6 6
6 6 6 30 6 7
7 6 4 38 6 8
8 6 1 47 6 9
Caso contrário, quanto menor for a receita marginal em relação ao custo marginal, ao se produzir, 
menor será o lucro: 
Quantidade 
(em Galões) Preço (em R$) Lucro Total 
(em R$)
Custo Total 
(em R$)
Receita 
Marginal 
(em R$)
Custo 
Marginal 
(em R$)
0 - -3 3 - -
1 6 1 5 6 2
2 6 4 8 6 3
3 6 6 12 6 4
4 6 7 17 6 5
5 6 7 23 6 6
6 6 6 30 6 7
7 6 4 38 6 8
8 6 1 47 6 9
Destaque h, h, h, h, 
• Se RMg > CMg, quanto maior a produção, maior o lucro. 
• Se RMg < Cmg quanto maior a produção, menor o lucro. 
• Assim, a maximização de lucro será atingida no nível de produção em que 
 RMg = CMg.
No mundo real, os pressupostos da concorrência perfeita são muito difíceis de existir, pois as 
empresas sempre tentarão diferenciar os seus produtos dos demais, garantindo que não sejam 
totalmente homogêneos. Um exemplo seria o mercado de cremes dentais: apesar de ser 
possível substituir um pelo outro, as diferenças de marcas, sabores, tamanho, fazem com que 
um consumidor esteja disposto a pagar mais por esse produto que outro.
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1.3. Modelos de mercado: monopólio
O monopólio é um modelo de mercado no qual a produção e a oferta no mercado são feitas 
por uma única empresa, decorrente da presença de algum tipo de barreira à entrada de outras 
empresas. Nesta qualidade, o produtor pode decidir elevar o preço sem se preocupar com 
concorrentes, que poderiam cobrar preços menores e ficar com uma participação maior do 
mercado.
A barreira à entrada pode ter três origens:
1. Propriedade de um insumo chave na produção.
2. O governo concede a uma única firma o direito exclusivo de produção.
3. Os custos de produção tornam um único produtor mais eficiente do que se tivessem 
vários produtores (economia de escala) – também conhecido como monopólio natural.
Contudo, o monopolista não pode ofertar seu produto a qualquer preço, pois os consumidores 
podem simplesmente decidir não consumir este produto, ou apenas uma pequena parcela fazê-
lo. Assim, embora o monopolista tenha muito poder sobre os preços do mercado, se ele pretende 
maximizar o lucro, não pode elevar muito seu preço sob pena da demanda cair demais e a receita 
resultante não ser suficiente para cobrir seus custos.
Destaque h, h, h, h, 
A diferença entre o monopolista e a concorrência, é que enquanto a firma 
competitiva é tomadora de preços, a firma monopolista é formadora de preços.
Para que você possa analisar o comportamento do monopolista na busca pela maximização de 
seu lucro, é importante entendermos suas decisões.
A maximização do lucro para empresas em situação de monopólio também se dará a partir da 
mesma racionalidade da concorrência perfeita, neste caso, quando a receita marginal for igual 
ao custo marginal (RMg = CMg). Assim, na figura abaixo, você pode ver como essa condição 
se estabelece, evidenciando a decisão ótima para o monopolista em relação à quantidade de 
produção que maximiza seu lucro.
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O gráfico acima mostra as curvas de uma empresa monopolista. Perceba que a curva de custo 
marginal (CMg) é positivamente inclinada, pois à medida que aumenta a quantidade produzida, 
aumenta também o custo variável da empresa. Já a curva da receita marginal é decrescente 
(diferente da concorrência perfeita, que tem a receita marginal constante e igual ao preço). Em 
uma empresa monopolista, a variação da quantidade produzida causa dois efeitos na receita 
total (P x Q):
1. O efeito quantidade: é vendida uma quantidade maior, de modo que Q aumenta, o que 
tende a aumentar a receita total.
 
2. O efeito preço: o preço cai, de modo que P é menor, o que tende a reduzir a receita 
total.
Para melhor compreensão, vejamos um exemplo prático: considere o mercado de leite, e 
considere que exista apenas um vendedor monopolista (suponha que o governo tenha liberado 
a exploração do mercado em forma de monopólio, ou seja, não há infração legal neste mercado). 
Vejamos como os cálculos podem ser feitos:
Asus VivoBook
Highlight
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Qtde 
(Galões)
Preço 
(R$)
Receita 
Total (R$)
Receita 
Média 
(R$)
Receita 
Marginal 
(R$)
Custo 
Total (R$)
Custo 
Marginal 
(R$)
Lucro 
Total (R$)
0 11 0 - - 8 - -8
1 10 10 10 10 11 3 -1
2 9 18 9 8 16 5 2
3 8 24 8 6 20 4 4
4 7 28 7 4 24 4 4
5 6 30 6 2 26 2 4
6 5 30 5 0 26,5 0,5 3,5
7 4 28 4 -2 27 0,5 1
8 3 24 3 -4 27,5 0,5 -3,5
Se um monopolista aumenta sua produção, ele precisa reduzir o preço (maior quantidade 
ofertada pressiona os preços para baixo), e essa redução reduz também a receita advinda das 
unidades vendidas antes. Como resultado, a receita marginal do monopolista é menor que o 
preço. Por conta desse comportamento, a receita marginal é decrescente.
O gráfico também mostra as curvas de custo médio (CMe) e receita média (RMe). Os valores 
médios são os valores totais divididos pela quantidade produzida. Clique nos termos abaixo para 
ver suas definições:
• Receita Média (RMe)
Receita Média = Receita total dividida pela quantidade produzida.
 RMe= Rt/Q
• Custo Médio (CMe)
Custo Médio = Custo totaldividido pela quantidade produzida.
 CMe= Ct/Q
A diferença em relação à concorrência perfeita é que, uma vez maximizado o lucro, o preço 
escolhido no monopólio equivale à receita média (RMe), o que acaba sendo maior que o preço 
concorrencial. Ou seja, enquanto na concorrência a maximização de lucro ocorre no ponto em 
que P = RMg = CMg (no gráfico P = 4 e Q = 4); no monopólio, a maximização ocorre quando a RMg 
= Cmg, porém com o preço igual à RMe (no gráfico P = 7 e Q = 4).
Destaque h, h, h, h, 
Isso porque, como há apenas uma empresa no mercado, a demanda de mercado 
é representada pela receita média, e a decisão ótima do monopolista é vender 
os produtos no maior preço possível, dada a demanda dos consumidores.
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Lembre-se:
Se, na concorrência perfeita, o preço será igual ao custo marginal, enquanto, no mercado do tipo 
monopólio, o preço será maior e a quantidade escolhida para produção será menor, você nota 
que o consumidor sai perdendo no mercado com monopólio.
Destaque h, h, h, h, 
As perdas dos consumidores serão maiores que os ganhos dos monopolistas, 
comparando a relação entre o excedente do consumidor e o excedente do 
produtor.
Entenda bem esses conceitos:
• Excedente do consumidor (ou bem-estar do consumidor)
Refere-se à diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar por um bem e o 
preço efetivamente pago.
• Excedente do produtor
É o lucro obtido por ele, isto é, refere-se à diferença entre o preço que o bem é vendido 
no mercado e o seu preço de custo.
• Bem-estar econômico (ou bem-estar social)
É a soma das medidas de bem-estar de todos os agentes na economia, consumidores 
e empresas.
15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Saiba mais 
Você pode assistir ao vídeo da Khan Academy, intitulado Introdução do excedente 
do consumidor (link: https://www.youtube.com/watch?v=4k0ZVOkBKss). A 
Khan Academy é uma organização sem fins lucrativos que oferece uma coleção 
grátis de vídeos de matemática, medicina e saúde, economia e finanças, física, 
química, biologia, ciência da computação, entre outras matérias. Todo o 
conteúdo criado pela Khan Academy está disponível gratuitamente em www.
khanacademy.org.
1.4. Modelos de mercado: oligopólios
Esse mercado se caracteriza pela pouca quantidade de empresas, podendo os produtos serem 
ou não diferenciados.
Destaque h, h, h, h, 
O importante, no oligopólio, é que apenas algumas empresas são responsáveis 
pela maior parte ou por toda a produção.
A presença de poucas empresas se dá, normalmente, pela existência de barreiras à entrada. Tal 
cenário com poucas concorrentes permite a obtenção de lucros substanciais.
O oligopólio ocorre, normalmente, em indústrias como as dos setores automobilísticos, aço, 
petroquímica, farmacêutica, eletroeletrônicos e de equipamentos de informática.
No Brasil, o setor de telecomunicações móvel é um exemplo de mercado oligopolista. Segundo 
dados divulgados pela ANATEL, em 2020, temos atualmente 8 empresas de telefonia móvel, 
porém 80% da rede nacional está concentrada em apenas 3 empresas. Há, portanto, a presença 
de poucas empresas com produtos similares (lembrando que o produto das operadoras 
são os pacotes de ligação e serviço de internet e não os aparelhos telefônicos), bem como 
interdependência nas decisões, uma vez que as empresas menores tendem a seguir as decisões 
das “líderes”.
Market Share em nº de acessos*
Vivo 33%
Claro 24,5%
TIM 23,1%
Oi 16,3%
Acessos das principais empresas de telefonia móvel em agosto/2020. 
Fonte: https://www.anatel.gov.br/paineis/acessos. Acessad em 31/08/2020.
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Administrar uma empresa oligopolista é complexo porque as decisões relativas a preço, nível 
de produção, propaganda e investimentos envolvem decisões estratégicas importantes. Como 
há poucas empresas no mercado, cada uma deve considerar cautelosamente como suas ações 
afetarão as concorrentes, bem como as possíveis reações delas.
Essas considerações estratégicas são altamente complexas porque o mercado é extremamente 
dinâmico e evolui ao longo do tempo. O administrador precisa avaliar as potenciais consequências 
de suas decisões e, ainda, deve supor que seus concorrentes são igualmente racionais e 
inteligentes.
Embora seja difícil prever como serão os comportamentos de decisão na busca pelo lucro nas 
empresas oligopolistas, a teoria econômica desenvolveu inúmeros modelos que procuram 
entender estas situações com uso da teoria dos jogos.
Saiba mais 
Conheça mehor a teoria dos jogos consultando a publicação Uma 
Introdução a Teoria dos Jogos (Link: https://www.ime.usp.br/~rvicente/
IntroTeoriaDosJogos.pdf).
Dentre os modelos mais conhecidos de oligopólios está o Modelo de Cournot. A essência desse 
modelo é que, ao decidir quanto produzir; cada empresa considera fixo o nível de produção da 
concorrente.
Saiba mais 
Para conhecer outros modelos oligopolistas, assista aos vídeos:
• Duopólio (Link: https://www.youtube.com/watch?v=tR31E03h6pk ).
• Stackelberg (Link: https://www.youtube.com/watch?v=VgJsshc6laQ).
• Concorrência Monopolística (Link: https://www.youtube.com/
watch?v=HGfGdxtTzjY).
Diante disso, as empresas tomam sua decisão de maximização de lucro considerando a quantidade 
a ser produzida pelo seu concorrente. Assim como no modelo monopolista, a maximização do 
lucro ocorre quando a receita marginal iguala o custo marginal, como indicado no gráfico abaixo. 
Como o custo marginal é menor que o preço, a oferta no Modelo de Cournot é menor que a 
oferta na concorrência perfeita. Em consequência, o preço do Cournot será mais elevado que o 
do preço concorrência perfeita (quanto menor a oferta, maior o preço), tendendo a uma situação 
próxima ao monopólio.
17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
EC = Excedente do consumidor 
π = Lucro das firmas
Fonte: Kupfer e Hasenclever (2013)
O preço de mercado (p) é fixado em um nível tal que a demanda se iguala à quantidade total 
produzida por todas as empresas (). Como cada empresa tem a quantidade definida pelos seus 
concorrentes como algo dado, o resultado tende a uma situação de monopólio, porque os preços 
são maiores quando comparados à concorrência perfeita.
Na competição perfeita, preços e quantidades são estabelecidos pela oferta e demanda; logo, 
o equilíbrio de mercado produz a maior quantidade possível com o menor preço possível. No 
monopólio, o preço será estabelecido pelo produtor, sendo este maior se comparado ao preço 
do mercado competitivo, porém será sempre um valor que haja consumidores dispostos a pagar. 
Como o preço é elevado, a quantidade produzida por um monopólio será menor que a quantidade 
produzida em um mercado competitivo. Já no mercado oligopolista, o preço do produto não será 
o preço de equilíbrio do mercado competitivo, assim como a quantidade produzida não será 
igual a do mercado competitivo.
Destaque h, h, h, h, 
Contudo, com o objetivo de alcançar o maior patamar possível da lucratividade, 
as empresas oligopolistas tendem a trabalhar com preços e quantidades o 
mais próximo possível do monopólio.
Como o mercado oligopolista possui poucas empresas, essas podem se articular e se comportar 
como se fossem monopólios para alcançar o maior lucro possível. Esse comportamento realizado 
de maneira explícita ou implícita é conhecido como conluio.
18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Entenda bem esses conceitos:
• Conluio
Ocorre quando as empresas rivais concordam em coordenar ou colaborar entre si, 
fixando preços mais altos, produzindo quantidades mais baixas ou dividindo o mercado 
com o intuito de aumentar os lucros.
• Conluio tácito
É formado por um grupo de empresas que agem de maneira implícita, coordenando as 
suas produções e ações baseadas nas reações das outras empresas.
• Conluio explícito
Ocorre quando as empresas negociam entre si acordos de preços,processos de 
produção e/ou quantidade produzida, como uma forma de reduzir a concorrência e 
majorar o lucro.
O conluio tácito ocorre pela dinâmica apresentada no mercado oligopolista. As empresas 
formam suas estratégias, agem de acordo com as estratégias definidas e as demais firmas rivais 
rapidamente reagirão a essa ação. Diante desse cenário dinâmico (especialmente nos tempos 
atuais, caracterizados pela velocidade da informação), a reação das firmas rivais é quase que 
imediata à ação da primeira firma. Esse comportamento próximo ao mercado competitivo (que 
pode ter, por exemplo, uma disputa acirrada de preço, qualidade ou benefícios extras) é benéfico 
e perceptível aos consumidores.
Destaque h, h, h, h, 
Lembre-se, no entanto, que não será um mercado competitivo, pois há poucas 
empresas no mercado; apenas algumas empresas são responsáveis pela 
maior parte ou por toda a produção; e há presença de barreiras à entrada, 
característica essa que não condiz com a livre entrada no mercado competitivo.
O gráfico a seguir ilustra o que ocorre quando as firmas apresentam comportamento de conluio 
explícito. Perceba que, quando as empresas combinam preços maiores (P2), a quantidade 
produzida será menor que a do mercado competitivo; o lucro, porém, será maior, pois todas 
as empresas estarão vendendo com o mesmo preço, deixando o consumidor sem opção. Tal 
situação permite que as empresas oligopolistas que participaram do acordo, formando cartel, 
alcancem lucros elevados.
19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: elaborada a partir de Pindyck e Rubinfeld (2013).
Um cartel é um grupo de empresas competidoras que fizeram uma coalizão de forma a maximizar 
seus lucros, comportando-se como se fossem uma empresa monopolista. No entanto, dois 
aspectos diferem os cartéis dos monopólios: 
• Os cartéis raramente controlam todo o mercado: eles necessitam considerar de que 
maneira suas decisões de preço afetarão os níveis de produção das empresas não 
pertencentes ao cartel. No monopólio, não há essa preocupação, pois há apenas 
uma empresa.
• Os cartéis tendem a ser instáveis e de curta duração: alguns membros podem ficar 
tentados a “enganar” os parceiros, fazendo redução de preços para obter uma fatia 
maior do mercado.
Destaque h, h, h, h, 
Para a defesa da concorrência, a principal preocupação em relação aos 
oligopólios é a possibilidade de organização de cartéis. Essa prática é proibida 
no Brasil e é um dos principais crimes a serem combatidos pela defesa da 
concorrência.
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1.5. Aspectos legais: ordem econômica e legislação específica
Período do Estado Novo (1937-1946)
No período da Segunda Guerra Mundial, o Brasil controlava os preços em muitos setores, e a 
maioria das grandes organizações industriais ou eram empresas públicas ou eram empresas 
privadas monopolistas com permissão do Estado. Esse período foi marcado por aumentos 
abusivos de preços em vários setores e, com isso, surgiram as primeiras iniciativas do Brasil para 
combater o abuso econômico.
Dois decretos foram publicados, durante a era do Estado Novo, com o objetivo de coibir condutas 
abusivas. O primeiro, Decreto nº 869 de 18/11/1938 e o segundo, Decreto nº 4.407 de 07/10/1942 
(que substituiu o primeiro), previam punição com multa e prisão para crimes contra a economia 
popular que tinham objetivo de impedir a concorrência. Além disso, previam que esses crimes 
seriam inafiançáveis e julgados pelo Tribunal de Segurança Nacional. Em 1945, com a destituição 
do presidente Getúlio Vargas, o decreto foi revogado.
A Constituição de 1946
A Constituição de 1946 incluiu dispositivo com o mesmo objetivo de coibir condutas abusivas. 
O projeto de lei que regulamentou o dispositivo constitucional tramitou por muitos anos no 
Congresso e foi editado com a Lei nº 4.137, em 1962. A lei criou regras antitrustes bem como o 
órgão responsável pela aplicação: o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Destaque h, h, h, h, 
Desde sua criação, o Cade age como tribunal administrativo, ao mesmo tempo 
em que é responsável por investigar e julgar práticas que são consideradas 
danosas à concorrência.
Durante os governos militares, não havia espaço para a atuação do Cade, uma vez que parte 
das empresas no Brasil ou eram públicas ou eram privadas com permissão do Estado para atuar 
como monopolista e aquelas que não cumpriam essas características lidavam com o controle de 
preços adotado pelo Estado.
A Constituição de 1988
Foi apenas com a promulgação da Constituição de 1988 que a defesa da concorrência no Brasil 
voltou a dar importância ao controle do abuso de poder econômico. A legislação brasileira 
relacionada à defesa da concorrência passou por diversas modificações. Essas alterações 
acompanharam o processo histórico e econômico pelo qual o país passou e a Constituição Federal 
promoveu a redefinição de livre concorrência com a proteção do consumidor como princípios da 
ordem econômica. Dentro da estrutura do texto constitucional, o Título VII trata especificamente 
da ordem econômica e traz, já no art. 170, alínea IV, o princípio da livre concorrência.
21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Mais à frente, o artigo 173, parágrafo 4º, afirma que “... a lei reprimirá o abuso do poder 
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento 
arbitrário dos lucros”.
Saiba mais 
Consulte no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm, o texto da Constituição Federal de 1988.
Dessa forma, a defesa da concorrência no Brasil, de acordo com Maria Tereza L. Mello, professora 
e pesquisadora na área de Direito & Economia, decorre da norma constitucional (art. 173, 
parágrafo 4o). No entanto, a “livre concorrência” também é princípio constitucional (cf. art. 170, 
IV), o que significa uma diretriz geral que deve orientar todas as ações dos poderes públicos 
(tanto a produção legislativa quanto as ações de governo e as decisões judiciais).
Destaque h, h, h, h, 
Portanto, uma política de defesa da concorrência não se resume apenas à 
lei antitruste e ao arcabouço institucional voltado para sua aplicação, mas 
também a todas as ações do Estado direta ou indiretamente relacionadas a ela. 
A concorrência pode (e deve) ser promovida e defendida em vários âmbitos de 
atuação do Estado.
Ainda segundo a professora Mello, em seu texto sobre o sistema de defesa da concorrência 
no Brasil publicado em 2001, a política de defesa da concorrência busca limitar o exercício do 
poder de mercado, já que firmas oligopolistas com comportamento monopolista (portanto, que 
detêm esse poder) são capazes de prejudicar o processo competitivo, gerando ineficiências como 
resultado de seu exercício.
É importante observar que a lei antitruste não torna o poder de mercado - nem os monopólios - 
ilegal, mas apenas tenta controlar a forma pela qual esse poder é adquirido e mantido.
Destaque h, h, h, h, 
Assim, a lei procura reprimir o exercício abusivo de poder de mercado, e não o 
poder em si; ele não será ilícito quando resultar de processo natural decorrente 
da maior eficiência de um agente em relação a seus competidores.
A Administração Pública, ao fazer uma concessão, estabelece a não exclusividade do serviço 
concedido (quando isso for economicamente viável), age não apenas de acordo com a legislação 
diretamente pertinente (as leis de concessão de serviços públicos), mas também aplica o 
princípio da concorrência. Por exemplo, quando o Ministério da Saúde promove uma política 
de medicamentos genéricos, tem em vista diminuir o poder de mercado de certas empresas 
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
propiciado pela marca registrada, criando condições para uma maior concorrência no setor 
farmacêutico; essa ação, em um certo sentido, é uma “defesa da concorrência”, embora não se 
consubstancie propriamente na aplicação da lei antitruste.A Lei de Defesa da Concorrência (1994)
Além de a Constituição Federal assegurar a livre concorrência e reprimir crimes contra a 
dominação de mercado, leis posteriores vieram no sentido de reforçar o combate a crimes 
contra a liberdade econômica no Brasil. Em 1994, a Lei nº 8.884 foi promulgada em 11 de junho 
conferindo poder de decisão ao Cade. Isto é, o Cade era responsável por julgar os processos 
administrativos relativos a crimes contra a ordem econômica, anticompetitiva, além de apreciar 
os atos de concentração submetidos à sua aprovação.
A Lei também atribuiu competências relevantes para sua aplicação a dois outros órgãos 
governamentais: a Secretaria de Direito Econômico – SDE, do Ministério da Justiça, e a Secretaria 
de Acompanhamento Econômico – SEAE, do antigo Ministério da Fazenda.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (2010), 
a lei teve três alterações antes de se estabelecer a Lei de Defesa da Concorrência atual:
Entenda o Programa de Leniência
Por meio da celebração do Acordo de Leniência, a empresa e/ou pessoa física 
integrante do cartel denunciado receberá imunidade administrativa e criminal, desde 
23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
que mantenha seu dever de colaboração e cumpra os demais requisitos previstos na 
Lei 12.529/2011.
Veja mais sobre o Programa de Leniência e outros temas de interesse para este curso 
na publicação Guia do Programa de Leniência Antitruste do Cade (Link: https://www.
gov.br/cade/pt-br).
Nova Lei de Defesa da Concorrência (2011)
Em 30 de novembro de 2011, a Lei nº 12.529 foi promulgada, e com isso entrou em vigência a Nova 
Lei de Defesa da Concorrência. A lei estruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência 
(SBDC), composto pelo Cade e pela SEAE, extinguindo a SDE.
Destaque h, h, h, h, 
A Lei 12.529 dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem 
econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, 
livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e 
repressão ao abuso do poder econômico.
Logo, o objetivo da lei é proteger o processo competitivo, uma vez que este ocasiona um melhor 
bem-estar social. Dessa forma, ela é de interesse de toda a sociedade - e não deste ou daquele 
concorrente em particular - sendo caracterizado como um interesse difuso, de que é titular um 
grupo indeterminável de pessoas. A Lei 12.529/11 é bastante clara a esse respeito, uma vez 
que afirma logo no art. 1o, parágrafo único, que “a coletividade é a titular dos bens jurídicos 
protegidos por esta lei”.
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A lei de defesa da concorrência – também conhecida como lei antitruste – não impõe aos 
agentes econômicos a obrigação de efetivamente competir nem diz por qual forma os agentes 
devem competir. Apenas busca canalizar as forças de mercado e as estratégias das empresas na 
direção da competição, da inovação e da eficiência, evitando que o processo concorrencial seja 
restringido por agentes com poder suficiente para fazê-lo.
Nesse sentido, não age diretamente sobre os resultados desse processo (não os determina), 
mas sim nos meios que levam a esse resultado. Em outras palavras, a lei não impõe aos agentes 
obrigações “de fazer” que assegurem diretamente o alcance dos aspectos positivos associados 
idealmente à concorrência; trata-se, ao contrário, de um tipo de regulação reativa do Estado 
que impõe, basicamente, obrigações de “não fazer”: um agente “cumpre” a lei enquanto não 
prejudica o processo concorrencial.
A defesa da concorrência é implementada, conforme disposto em lei, por meio de três tipos de 
ações:
• Ação repressiva
Referente às condutas dos agentes no processo competitivo
Na ação repressiva, a lei prevê punições às práticas anticompetitivas (restritivas da 
concorrência) derivadas do exercício (abusivo) de poder de mercado.
De acordo com o artigo 36 da Lei de Defesa da Concorrência, uma conduta anticompetitiva 
(infração à ordem econômica) ocorre quando sua adoção, independente de culpa, 
tem como objetivo ou possa acarretar os seguintes efeitos, mesmo que não tenha 
alcançado: limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência; 
aumentar arbitrariamente os lucros do agente econômico; dominar mercado relevante 
de bens ou serviços; ou quando tal conduta significar que o agente econômico está 
exercendo seu poder de mercado de forma abusiva.
Com objetivo exemplificativo, e não exaustivo, o parágrafo 3º da Lei, elenca algumas 
condutas que podem caracterizar infração à ordem econômica, tais como:
 9 Cartel (nacional, internacional, em licitações, etc.). 
 9 Influência de conduta uniforme.
 9 Preços predatórios.
 9 Fixação de preços de revenda.
 9 Restrições territoriais e de base de clientes. 
 9 Acordos de exclusividade.
 9 Venda casada.
 9 Abuso de posição dominante. 
 9 Recusa de contratar.
 9 Sham Litigation. 
 9 Criar dificuldades ao concorrente.
• Ação preventiva
25Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Relacionada aos parâmetros estruturais que condicionam tais condutas
Na ação preventiva, a lei evita o surgimento de estruturas de mercado mais concentradas 
– que aumentem a probabilidade de exercício (abusivo) de poder de mercado – por meio 
do controle preventivo sobre os chamados atos de concentração (fusões, aquisições, 
joint-ventures etc.), que também podem apresentar natureza horizontal ou vertical.
• Ação educativa
Referente à ação dos órgãos na instrução da sociedade como um todo
Na ação educativa, a SEAE e o Cade devem:
 9 Disseminar a cultura da concorrência.
 9 Instruir o público em geral sobre as diversas condutas que possam prejudicar a 
livre concorrência.
 9 Incentivar e estimular estudos e pesquisas acadêmicas sobre o tema, firmando 
parcerias com universidades, institutos de pesquisa, associações e órgãos do 
governo.
 9 Realizar ou apoiar cursos, palestras, seminários e eventos relacionados ao tema.
Saiba mais 
Como surgiu o termo antitruste?
O termo antitruste surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, durante o 
crescimento dos trustes, expressão que virou sinônimo de companhias muito 
grandes. Tecnicamente, o trust, do verbo to trust em inglês – traduzido por 
confiar – é um dispositivo legal usado para coordenar vários proprietários 
através de uma estrutura de gerenciamento unificada. Os empresários 
combinam seus interesses em uma única entidade legal - o trust. Os vários 
proprietários apontam um agente fiduciário (ou vários fiduciários) para atuar 
no interesse dos proprietários coletivos, e os proprietários individuais retêm 
ações de dividendos no fundo.
Um trust pode ser estabelecido dentro de uma única empresa para unir 
os acionistas majoritários com o objetivo de controlar as decisões da 
administração. Como alternativa, pode ser criado um trust para coordenar 
várias empresas de propriedade separada, operando como um cartel, que 
combinam preços ou reduzem a produção.
Ficou marcado, na história dos Estados Unidos, o funcionamento da empresa 
Standard Oil, de propriedade do bilionário John Rockefeller. Em 1882, seu 
advogado criou um fundo para facilitar uma combinação estreita de refinarias 
de petróleo que poderiam ditar o preço e o fornecimento dos derivados de 
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
petróleo, como gasolina, além de evitar impostos e regulamentos corporativos 
no nível estadual. O uso dos trusts para consolidação industrial multiplicou-se 
ao longo da década de 1880 e, em resposta, vários estados e o governo federal 
americano aprovaram leis antitrustes para regular a concorrência comercial, 
com foco na coordenação entre empresas e táticas comerciais usadas para 
monopolizar indústrias.
O termo antitruste e o termo defesa da concorrência são usados como 
sinônimos.
27Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Referências
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Microeconomia. São Paulo: Atlas, 2006.

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