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Teoria econômica e Economia Digital Introdução ao curso • O que é inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) • O que é moeda (dinheiro) e o que determina a taxa de juros • Quanto as firmas escolhem produzir? • Como consumidores decidem o que comprar? • Economia digital O que é economia Para os economistas clássicos (dos séculos 18 e 19, como Adam Smith), a economia é o estudo do processo de produção, distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços. Lionel Robbins (1932): a economia trata da relação entre objetivos dados e os meios escassos disponíveis para atingi-los. Ambas as definições são importantes e abordam aspectos diferentes da disciplina. Microeconomia A microeconomia é o estudo de como indivíduos tomam decisões de forma a maximizar a sua satisfação. Os dois tipos mais relevantes de indivíduos para nós são: • Consumidores, que decidem o que comprar, e • Produtores (firmas), que decidem o que e quanto produzir Macroeconomia Já a macroeconomia é o estudo agregado da economia: quanto todas as firmas produzem, todos os consumidores consomem. Ela estuda variáveis gerais da economia: o nível de emprego, balança de pagamento. Também estuda os preços agregados da economia: a taxa de juros, a taxa de câmbio e o nível de preços geral (cujo aumento é a inflação). Por que a economia é importante para Administradores • Entender porque os consumidores compram determinados produtos é importante para desenhar estratégias • Economia informa sobre como e quanto as firmas deveriam produzir • A evolução dos agregados econômicos é informativa sobre perspectivas de negócios QUIZ A microeconomia nos ajuda a traçar estratégias corporativas Os problemas de natureza econômica O problema fundamental da economia A atividade econômica em uma sociedade é realizada com o propósito de produzir bens e serviços que se destinem à satisfação das necessidades individuais ou coletivas de seus membros. Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas necessidades se ampliam continuamente, aumentando, em consequência, as exigências do consumo. Um número cada vez maior de pessoas procura bens e serviços que atendam às suas necessidades de lazer, educação, transporte coletivos etc. mesmo para as necessidades puramente biológicas, surgem novos desejos. As pessoas já não se satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas água. Quando possível, recorrem a refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, de modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas. Sabemos, por outro lado, que a produção de bens e de serviços exige a organização e a combinação dos fatores de produção existentes À disposição da sociedade. Entretanto, esses fatores são limitados e escassos, pois não existem na quantidade que seria desejável. A área agricultável de um país é limitada, finita, e o mesmo ocorre com a quantidade de pessoas que pode trabalhar e em relação a máquinas, ferramentas e equipamentos em geral. Temos, então, colocado o conflito que explica e justifica a existência da teoria econômica. De um lado, observa-se que as necessidades das pessoas são ilimitadas e, de outro, que os fatores disponíveis para a produção de bens e de serviços que satisfaçam a essas necessidades são limitados. Esse é o problema fundamental da economia, que os economistas chamam de lei da escassez. Naturalmente, a humanidade não ficou aguardando o surgimento da teoria econômica e dos economistas para resolver esse problema, pois sempre foram encontradas soluções. Assim, a teoria econômica procura conhecer e sistematizar essas soluções pela análise do comportamento dos agentes econômicos envolvidos nesse problema, para, posteriormente, propor soluções melhores. O problema fundamental da economia: é a impossibilidade de se produzirem bens e serviços em quantidades ilimitadas para satisfazer às necessidades humanas permanentes ampliadas, pois os fatores da produção existem em quantidades limitadas. Este fato também é conhecido como lei da escassez. Quatro perguntas fundamentais Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em virtude da escassez de recursos, quatro questões são levantadas, e suas respostas envolvem o problema fundamental da economia, isto é, o problema da escassez. A primeira pergunta diz respeito à natureza das necessidades humanas: “O que produzir?” A resposta significa identificar as necessidades e, consequentemente, o que irá satisfazê-las. dessa forma, a sociedade deve saber que precisa produzir, por exemplo, alimentos, roupas, casas, estradas, escolas etc. A segunda pergunta implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das necessidades: “Quanto produzir?” Esta questão complementa a anterior e tem sua importância definida na medida em que, como já vimos, é impossível produzir em quantidades ilimitadas todos os bens necessários. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma economia estão sendo utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e de serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, teremos de diminuir a quantidade de produção de outro ou outros bens. A terceira questão envolve um problema de ordem técnica: “Como produzir?” Para que se obtenha um determinado bem ou serviço, é necessário empregar os fatores trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, a proporção em que esses recursos serão combinados vai depender da abundância ou da escassez de cada um deles. Portanto, é natural imaginar que, em uma economia em que o fator trabalho seja mais abundante que o fator capital, a produção empregue uma quantidade proporcionalmente maior de trabalho. A quarta questão está diretamente relacionada ao consumo, à satisfação das necessidades dos indivíduos: "Para quem produzir?" A resposta a essa pergunta resolve o último problema da questão da satisfação das necessidades humanas. Ela vai nos dizer de que forma será distribuído o produto do trabalho coletivo aos elementos da sociedade. Quatro perguntas fundamentais: O que produzir: indica que é necessário identificar a natureza das necessidades humanas para saber quais bens e serviços produzir. Quanto produzir? : reconhece a limitação existente na disponibilidade dos fatores produtivos. Como produzir?: é uma questão técnica, a qual indica que há várias maneiras de combinar os fatores de produção para a obtenção de bens e serviços. Para quem produzir?: envolve a questão da distribuição dos bens e dos serviços produzidos entre os elementos da sociedade. Curva de possibilidades de produção Vamos imaginar que uma economia produza apenas dois tipos de bens: alimentos e roupas. Se todos os fatores disponíveis fossem destinados à produção de alimentos, poderia ser obtida a quantidade de 10 milhões de toneladas de alimentos. Naturalmente, nessas circunstâncias, não seria obtida uma única peça de vestuário. Por outro lado, se todos os fatores disponíveis fossem alocados na produção de roupas, poderiam ser obtidos 20 milhões de peças de vestuário. Neste caso, igualmente, não seria produzida uma única tonelada de alimento. Esse exemplo esclarece os limites que uma economia tem para produzir o necessário ao atendimento das necessidades das pessoas. No entanto, sabe-se que as pessoas gostariam de consumir roupas e alimentos. Nesse caso, a economia iria empregar os recursos disponíveis na produção de dois tipos de bens e, consequentemente, seriam obtidas quantidades menores de alimentos e roupas que as citadas anteriormente. Na Figura 3.1, representamos graficamente o exemplo dado. Nela, temos um sistema de eixos cartesianos. No eixo das abscissas (horizontal), representamos a quantidade de peças de vestuário que a nossa economia hipotética pode produzir.No eixo das ordenadas (vertical), representamos a quantidade de alimentos que pode ser produzida. A linha que une os pontos P e Q é denominada curva de possibilidades de produção. Essa curva indica as diferentes quantidades dos dois bens que podem ser produzidos em uma economia, quando todos os recursos disponíveis são utilizados. Imaginemos, inicialmente, que a nossa economia se encontre no ponto A. Nesse ponto, são produzidos 10 milhões de peças de roupas e 5 milhões de toneladas de alimentos, que são as quantidade disponíveis para satisfazer Às necessidades dessa sociedade. Se essa sociedade quisesse consumir mais alimentos, a economia deslocaria para a posição B, onde se produziriam 7,5 milhões de toneladas de alimentos. Entretanto, esses aumento na produção de alimentos. Entretanto, esse aumento na produção de alimentos só seria possível porque uma parte dos recursos que anteriormente estavam destinados à produção de peças de vestuário foi desviada para a produção de alimentos. Consequentemente, teria havido uma diminuição na produção de roupas, que cairia de 10 milhões de peças para 5 milhões de peças, conforme indica o ponto B. É importante observar que esse exemplo é bastante simplificado. Não é possível a existência de uma economia que produza apenas dois tipos de bens, pelo simples fato de que as pessoas têm mais do que dois tipos de necessidades. Por isso, o raciocínio desenvolvido anteriormente deve ser estendido para um grande e diversificado número de bens. É importante frisar também que a curva de possibilidades de produção pressupõe o pleno emprego dos fatores de produção disponíveis, ou seja, todos os fatores, em toda a sua extensão, devem estar empregados no processo de produção. Em razão disso, nenhuma quantidade pode estar indicada acima da linha que une os pontos P e Q, pois essa linha estabelece o limite máximo de disponibilidade e de emprego dos fatores de produção. Agora vamos introduzir o conceito de custo de oportunidade. Para uma economia que se encontra em pleno emprego, qual o custo de se produzir determinado bem? Tomemos o exemplo da economia que produz roupas e alimentos. Se as quantidades produzidas por essa economia encontram-se acima da curva de possibilidade de produção (como A ou B, na figura), o custo de oportunidade de se produzir uma unidade a mais é a quantidade de alimentos que devemos deixar de produzir. no caso, para produzir uma peça de roupa a mais, temos de reduzir nossa produção de alimentos em 0,5 unidade. Esse é o custo de oportunidade de uma peça de roupa. Curva de possibilidades de produção: indica as quantidades máximas de bens e de serviços que podem ser produzidas em uma economia quando todos os fatores de produção disponíveis estiverem empregados. QUIZ Sobre a escassez e escolhas econômicas: a sociedade estar na curva de possibilidades de produção significa que para produzir uma unidade a mais de um bem, terá que produzir menos de um produto. Os problemas econômicos O problema fundamental da economia Como vimos, a economia é o estudo de como a sociedade produz, distribui e consome os bens e serviços desejados pelas pessoas. Mas quanto mais as necessidades humanas são satisfeitas, mais as pessoas desejam! Elas são insaciáveis. Por outro lado, a quantidade de fatores: trabalho, terra e capital disponíveis é limitada – essa é a lei da escassez: não é possível satisfazer todos os desejos ao mesmo tempo. Assim, é necessário fazer escolhas, e a economia (principalmente microeconomia) é a ciência que estuda como fazemos essas escolhas. Quatro Questões • O que produzir? O sistema precisa identificar necessidades e desejos • Quanto produzir? Pela lei da escassez, é impossível produzir os bens necessários em quantidades ilimitadas: precisamos escolher • Como produzir? Precisamos empregar os fatores: capital, trabalho e recursos naturais • Para quem produzir? Todo esse produto social tem que ser distribuído pela sociedade, e será de forma mais ou menos desigual Curva de possibilidades de produção A lei da escassez implica que há um limite para quanto a sociedade pode produzir, então produzir mais de um bem implica produzir menos do outro. Isso pode ser representado graficamente por uma curva de possibilidades de produção. Ela será sempre negativamente inclinada, pois produzir mais de um bem implica produzir menos do outro. Custo de oportunidade Se temos que a todo momento fazer escolhas, então cada decisão implica deixar de escolher alguma outra coisa. É isso que chamamos de custo de oportunidade: as outras opções a que temos que renunciar para fazermos aquilo que queremos. Custos de oportunidade podem ser monetários, mas não precisam ser! Sempre poderíamos fazer outra coisa em vez do que escolhemos. QUIZ A curva de possibilidades de produção diz que para a sociedade produzir mais de algo, precisa produzir menos de alguma outra coisa. Sistema Econômico Definição do sistema econômico Nas sociedades modernas, em que é produzido um grande número de bens e serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe em uma metalúrgica, por exemplo, produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, casa, transporte etc. Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção das chapas de aço) por um salário que lhe permite adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico. Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos elementos participantes da produção e do consumo de bens e serviços que satisfazem às necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, jurídico, institucional etc. observe que os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles precisam estar organizados de tal forma que sua combinação resulte em algum bem ou serviço. As instituições em que são organizados os fatores de produção são denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois, em cada um desses lugares, os fatores de produção, trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum bem ou serviço. No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo. Uma fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como consumidores diretos dos seus produtos, o que também ocorre com uma empresa de processamento de dados. As chapas de aço e os serviços de computação são apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços. Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa específica, como o operário que mencionamos anteriormente, podem adquirir as coisas necessárias à satisfação de suas necessidades. A produção econômica pode ser classificada em 3 categorias, de acordo com sua destinação: • Bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que satisfazem às necessidades das pessoas quando consumidos no estado em que se encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc • bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemoscitar as chapas de aço empregadas na produção de automóveis, os serviços de computação oque preparam folhas de pagamentos para as empresas etc • bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos consumidores, mas destinam-se a aumentar a eficiência do trabalho humano no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc Sistema econômico: é a reunião dos diversos elementos (os fatores de produção) que participam da produção de bens e serviços para atender às necessidades da sociedade. Unidade produtora: é a instituição que reúne e organiza os fatores da produção com o objetivo de produzir um determinado bem ou serviço. Bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que se destinam ao atendimento direto das necessidades das pessoas. Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que entram na produção de outros bens e serviços. Bens de capital: são os bens que aumentam a eficiência do trabalho humano. Composição do sistema econômico No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores de produção para a obtenção de um determinado produto ou para a prestação ode um serviço. Entretanto, apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos classifica-las de acordo com as características fundamentais de sua produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas em 3 setores básicos que compõem o sistema econômico: • setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações substanciais em seus produtos. Fazem parte deste setor as unidades produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, sejam elas minerais, animais ou vegetais. • setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, por meio das quais os bens são transformados. Caracteriza-se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas e equipamentos. Indústrias de automóveis, de refrigerantes e de roupas são exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário • setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, como as instituições bancárias, as escolas, as empresas de transporte, o comércio etc Podemos ter uma ideia do grau de desenvolvimento de um país se observarmos a importância relativa dos 3 setores em seu sistema econômico. Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um bom nível de desenvolvimento, enquanto aquelas em que os setores secundários e terciário são preponderantes apresentam um maior grau de desenvolvimento. Há, entretanto, exceções a essa regra. Na Dinamarca, por exemplo, a agricultura (setor primário) tem um peso bastante elevado na economia, e esse país é desenvolvido e apresenta boa qualidade de vida. Por outro lado, em alguns países subdesenvolvidos, como o Brasil, o setor terciário apresenta uma importância significativa, decorrente da excessiva aglomeração urbana e do subemprego daí resultante. Sem emprego nos setores tradicionais, as pessoas acabam encontrando colocação precária em outras atividades, como no comércio informal. Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os recursos naturais, voltadas para atividades agrícolas, pecuárias e extrativa Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, por meio das quais os bens são transformados. Setor terciário: formado pelas unidades produtoras que prestam serviços, como instituições bancárias, empresas de transporte, hospitais, comércio etc. Os fluxos do sistema econômico Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários aos seus funcionários, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam. Este é um aspecto fundamental do sistema econômico e garante sua eficiência: as unidades produtoras, ao mesmo tempo que produzem bens e serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por toas as outras unidades produtoras. Uma pessoa que trabalha em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir apenas o produto de seu trabalho (roupas) com o salário que recebe. Precisa, também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, usar transporte coletivo etc. é por meio da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver. Pode-se dizer, portanto, que em um sistema econômico existem 2 fluxos: fluxo do produto/fluxo real formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico e fluxo de renda/fluxo monetário/fluxo nominal formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo. Esses dois fluxos tem um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer Às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-se, em geral, como a despesa que os agentes realizam, representando a demanda ou a procura da economia. Portanto, temos a seguinte igualdade: Produto = renda = despesa A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. É importante observar que o termo mercado, na teoria econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo, refere-se a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas por meio da venda e da compra de mercadorias e serviços. Os fluxos monetário e real do sistema econômico e a formação do mercado estão sintetizados no esquema da Figura 4.1 Fluxo de produto ou real: é a totalidade dos bens e serviços finais produzidos pelas unidades produtoras. Constitui a oferta da economia. Fluxo de renda ou nominal ou monetário: é a totalidade da remuneração dos fatores de produção empregados pelas unidades produtoras. Constitui a demanda ou a procura da economia. Mercado: é formado pelos fluxo de produto e de renda, respectivamente, a oferta e a demanda da economia. A circulação no sistema econômico No item anterior foram apresentados os elementos fundamentais do sistema econômico: o fluxo de produto, o fluxo de renda e o mercado para onde os fluxos se dirigem. Falaremos agora a respeito do funcionamento do sistema econômico, que se caracteriza pelo permanente transito dos fluxos de produto e de renda, tanto no sentido do mercado como no sentido contrário. Entretanto, para discutir melhor esse fenômeno, que corresponde à circulação no sistema econômico, é necessário que se introduzam mais alguns conceitos importantes. Inicialmente,vamos admitir que nosso sistema econômico seja fechado, ou seja, não mantém relações econômicas com outros sistemas. Como um sistema econômico corresponde a um país, o que estamos dizendo é que esse país não realiza transações de importação ou exportação de bens e serviços com outros países. Admitamos, ainda, que esse sistema econômico não possua setor público, ou seja, governo. Essa suposição não é de natureza política, mas econômica, pois o governo tem um papel importante no sistema econômico. E sua exclusão, assim como a das relações com outros sistemas econômicos. E sua exclusão, assim como a das relações com outros sistemas econômicos, tem como única finalidade tornar mais simples o raciocínio. Convém dizer, ainda, que nesse sistema econômico toda a renda recebida pelos proprietários dos fatores de produção é gasta em bens e serviços de consumo, e que toda a produção das empresas é vendida, não havendo formação de estoques. Dessa forma, nosso sistema econômico será formado pelas empresas e pelas famílias. As empresas e as famílias são entidades econômicas, formadas pelas unidades produtivas, no caso das empresas, e pelas pessoas que consomem bens e serviços possuem os fatores de produção, no caso das famílias. Normalmente, um sistema econômico é formado por mais duas entidades: o setor público, ou governo, e os outros países, ou setor externo. Entretanto, para facilitar o raciocínio, consideraremos apenas as empresas, cujo conjunto vamos chamar de aparelho produtivos, e as famílias. Agora, podemos recolocar a discussão do sistema econômico em termos dessas duas entidades econômicas. O aparelho produtivo contrata, junto às famílias, os fatores de produção (trabalho, capital etc), originando-se aí o fluxo de renda. Por outro lado, o aparelho produtivo organiza os fatores de produção de que agora dispõe e estabelece o fluxo de produto, que equivale À oferta de bens e de serviços produzidos. Esses dois fluxos se encontram no mercado, no qual as famílias trocam sua renda (ou fluxo de renda) pelo produto (ou fluxo de produto) para satisfazer às suas necessidades. Entretanto, o funcionamento do sistema econômico não termina aqui. Observemos que, no mercado, os fluxos trocam de mãos: o fluxo de produto passa para as mãos das famílias onde será consumido, pois se tratam de bens e serviços, enquanto o fluxo de renda passa para as mãos do aparelho produtivo, como pagamento pelos bens e serviços vendidos. Quando as famílias tiverem consumido os bens e serviços adquiridos no mercado, precisarão oferecer novamente os seus fatores de produção ao setor produtivo, para receber em troca a renda que lhes permitirá dirigir-se novamente ao mercado. Ness ínterim, as empresas podem contratar novamente os fatores de produção com as famílias, pois agora estão de posse do fluxo de renda, que foi obtido no mercado com a venda de sua produção de bens e de serviços. Tivemos, portanto, uma volta completa dos fluxos de renda e de produto, que saíram, no primeiro instante, das mãos das famílias e empresas, dirigiram-se ao mercado, trocaram de mãos e, novamente pela contratação dos fatores de produção, estão nas mãos das entidades originais, ou seja, o fluxo de renda com as famílias e o de produto com o aparelho produtivo. A partir daí, eles se dirigem novamente para o mercado, onde o processo é reiniciado. É importante observar que, na realidade, os fluxos de renda e de produto estão, ao mesmo tempo, tanto com as famílias e empresários como no mercado, não sendo necessário haver uma volta completa para que se reiniciem. Portanto, cumpre destacar o caráter dinâmico do sistema econômico, em que todos os agentes econômicos exercem seu papel ininterruptamente. Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema econômico, que é importantíssimo para que esse sistema cumpra seu papel, produzindo bens e serviços e fazendo-os chegar às pessoas para satisfazer às suas necessidades. O processo de circulação no sistema econômico está esquematizado na Figura 4.2, na qual os fluxos de produto são representados por linhas contínuas e os fluxos de renda, por linhas segmentadas. Circulação: é o processo pelo qual os fluxos de renda e de produto circulam entre as entidades do sistema econômico, possibilitando-lhes adequadamente o seu papel. Macroeconomia e microeconomia Agora que já temos uma ideia do que é um sistema econômico e de como nele se produzem e se distribuem os bens e os serviços, trataremos dos esforços dos economistas para entender mais profundamente, e em detalhes, o funcionamento de um sistema econômico. Atualmente, a teoria econômica é dividia em dois ramos básicos que não se excluem, mas, pelo contrário, complementam-se. O primeiro é a microeconomia, que se preocupa em estudar os elementos mais simples do sistema econômico, como o consumidor individual, ou seja, a pessoa que se dirige ao mercado com uma determinada renda para adquirir bens e serviços. Outro exemplo do objeto de estudo da microeconomia é a unidade produtora tomada isoladamente, que passaremos a chamar de empresa. A microeconomia estuda a maneira como o consumidor gasta sua renda, de forma a ter o maior grau de satisfação possível. Estuda, também, a maneira como a empresa emprega os fatores de produção para obter o maior lucro possível. O segundo ramo, a macroeconomia, preocupa-se em estudar o conjunto dos consumidores de uma sociedade, assim como o conjunto de empresas dessa mesma sociedade. Seu interesse é determinar os fatores que influenciam o nível total de renda e do produto do sistema econômico. No esquema da Figura 4.3, podem-se visualizar melhor a divisão da teoria econômica e o objeto de estudo de cada um de seus ramos. Microeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos individualmente, como o consumidor e a empresa. Macroeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos em seu conjunto. Tem como principal objetivo determinar os fatores que interferem no nível total da renda e do produto de uma economia. QUIZ Sobre o fluxo circular da renda: o capital é ofertado às firmas pelas famílias. Sistema Econômico O sistema econômico e seus fluxos O sistema econômico é a forma que a sociedade se organiza para produzir bens e serviços. Vivemos em uma economia capitalista, em que tanto o produto social quanto os fatores de produção são transacionados em mercado. Os fatores de produção são organizados em unidades produtoras, que no mundo atual geralmente são de propriedade privada. Composição do sistema O setor primário é o setor de produção que utiliza-se de recursos naturais para produzir bens (frequentemente intermediários): agricultura, pecuária e extrativa. O setor secundário é formado pelas atividades industriais. Já o setor terciário é o setor de serviços, que produz bens não tangíveis, como finanças, comércio, transporte e educação. Fluxos no sistema econômico A oferta e procura de bens e serviços forma o mercado, “onde” esses bens são transacionados. Há também o mercado de fatores de produção, e nele são comercializados o trabalho, o capital e os recursos naturais. Em um sistema fechado, a oferta de bens (produto) tem que ser igual à demanda (renda) da economia. Circulação do Sistema Econômico Há dois tipos de fluxos na circulação do sistema econômico: o fluxo de renda e o fluxo de produtos. Famílias ofertam fatores de produção ao sistema produtivo, que retornam com bens e serviços pelo mercado às famílias. Na mão inversa, famílias pagam por bens e serviços às firmas, que retornam esse dinheiro às famílias na forma de salários e lucros. QUIZ Os problemas econômicos: na sociedade atual, a maior parte das unidades produtoras é de propriedade privada. AVALIATIVA 1- Sobre fluxo circular econômico: o fluxo circularda renda envolve dois mercados, o de fatores e o de bens finais. 2- Leia este depoimento de uma aluna na reportagem da BBC Brasil “Por que brasileiros que sonham em ser médicos estão indo para Argentina”, publicada em 01/12/2022. “Eu estava muito longe do conteúdo do ensino médio. Não tinha uma base boa e teria que fazer muito tempo de cursinho. As particulares começavam em R$ 8 mil e tinha algumas que chegavam a custar R$ 12 mil”, afirma. Foi então que ela começou a procurar por faculdades na Argentina e se mudou para o país em 2018. No início, entrou na UBA (Universidade de Buenos Aires), uma das principais referências em ensino público na América Latina. Assim como as particulares, não é necessário prestar vestibular para ingressar na instituição de ensino”. A partir da leitura do trecho e, com base no conceito de custo de oportunidade, já que não é um custo monetário como o custo da: cursar uma universidade, mesmo que gratuita, tem maior custo quanto maior é o salário do indivíduo no mercado de trabalho.
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