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FÍSICA APLICADA À BIOLOGIA Olá! As forças magnéticas estão presentes em diversos equipamentos e dispositivos que utilizamos no dia a dia. O campo magnético pode ser produzido por ímãs permanentes ou eletroímãs. Nesta aula, você vai entender as relações entre a corrente elétrica e o campo magnético, além de verificar que partículas carregadas, ou condutores com corrente elétrica, imersos em um campo magnético, sofrerão ação de forças magnéticas. Também, vai aprender a calcular a intensidade, a direção e o sentido da força magnética em condutores retilíneos com corrente elétrica, sob a ação de campos magnéticos. Bons estudos! AULA 07 - ELETROMAGNETISMO 7 UMA BREVE HISTÓRIA DO ELETROMAGNETISMO Segundo relatos, os gregos perceberam alguns fenômenos magnéticos por volta de seis séculos antes de Cristo. Na região da Ásia, que na época fazia parte da Grécia, foi encontrada um tipo de pedra que conseguia atrair pedaços de ferro. O nome dessa região, chamada Magnésia, deu origem ao termo magnetismo. Tal pedra é, na verdade, um óxido de ferro (Fe3O4) chamado magnetita, e é um ímã natural. Os ímãs são geralmente objetos que podem atrair ferro ou aço, sendo feitos de ferro, cobalto, níquel ou ligas contendo esses elementos. Muito tempo depois dos gregos, por volta do século X da Era Cristã, os chineses aprenderam um processo simples de imantação, criando, assim, os primeiros ímãs artificiais. Com uma pedra de magnetita, esfregavam um corpo de ferro sempre no mesmo sentido, transformando-o em ímã. Atualmente, os ímãs apresentam-se em diversos formatos e tamanhos, com quantidades variadas de ferro, níquel e cobalto em sua composição. Quando colocamos um ímã em contato com limalhas de ferro, observaremos que existem duas áreas específicas nele, nas quais a quantidade de limalha de ferro condensada é maior, ou seja, as duas áreas onde o efeito magnético do ímã é mais evidente. Essas regiões são chamadas de polos do ímã. Para determinar a polaridade de um ímã basta suspendê-lo por um fio amarrado ao seu centro de gravidade e aguardar que ele atinja o equilíbrio. Ele ficará disposto aproximadamente na direção norte – sul geográfica. Adota-se como polo norte do ímã a sua extremidade voltada para o norte geográfico e como polo sul do ímã a extremidade voltada para o sul geográfico. A Terra se comporta como um ímã, o que explicaria a orientação da bússola aproximadamente na direção norte – sul, como pode ser visto na Figura 1. Highlight Highlight Figura 1 - Representação dos polos magnéticos da Terra e suas linhas de indução Fonte: https://shutr.bz/3JX208n. Dois fatos importantes foram verificados experimentalmente, que constituem princípios básicos do magnetismo: Princípio da atração e repulsão magnéticas Polos magnéticos de mesma polaridade se repelem, e polos magnéticos de polaridades contrárias se atraem, conforme mostrado na Figura 2. Figura 2 - Princípio da atração e repulsão magnéticas Fonte: https://bit.ly/3TVqkvH. Inseparabilidade dos polos magnéticos Não existe ímã com apenas um polo. Highlight Todas as tentativas de isolar um único polo magnético não tiveram sucesso. Se dividirmos um ímã em partes, na área onde ocorre a divisão, haverá dois polos opostos, de forma que cada pedaço terá dois polos e assim será um ímã. Se pudermos deduzir o processo pelo qual os ímãs se quebram, separando-os cada vez mais, obtemos o átomo, que, como você verá, é um ímã com dois polos opostos. Conclusão: um único polo magnético não pode existir isoladamente. Em outras palavras, a estrutura magnética mais simples é dipolar (Figura 3). Figura 3 – Inseparabilidade dos polos magnéticos Fonte: https://bit.ly/3TVqkvH. O eletromagnetismo é fundamental para o avanço tecnológico e a transformação da sociedade conforme conhecida atualmente. Devidos aos estudos do eletromagnetismo, foi possível criar equipamentos essenciais para a vida contemporânea, como os motores elétricos, transformadores de tensão, fornos micro- ondas, antenas de transmissão de dados e os cartões magnéticos. Os telefones móveis funcionam através das ondas eletromagnéticas, eles são necessários para as comunicações sem fio. 7.1 Campo magnético A região do espaço ao redor de um ímã é chamada de campo magnético. É representado por linhas de campo ou linhas de indução, sendo linhas imaginárias fechadas saindo do polo norte e entrando no polo sul (Figura 4). Figura 4 – Campo magnético Fonte: https://bit.ly/3G5ikCV. No interior do ímã, as linhas de campo vão do polo Sul para o polo Norte. Cada ponto de um campo magnético é caracterizado por um vetor 𝐁⃗ denominado vetor de indução magnética ou vetor campo magnético, sempre tangente às linhas de campo e no mesmo sentido delas. Quando o campo magnético 𝐁⃗ for constante em todos os pontos, o campo magnético é dito uniforme. As linhas de indução magnética são retas paralelas e igualmente espaçadas. 7.2 Direção e sentido da força que atua sobre fios (regra da mão direita) Todas as pessoas utilizam a força magnética. Ela está presente em motores elétricos, cinescópios de televisão, fornos de micro-ondas, alto-falantes, impressoras de computadores e discos magnéticos usados nos computadores (YOUNG; FREEDMAN, 2012). Ainda no século XVIII, o físico dinamarquês, Hans Christian Orsted, verificou que um fio condutor percorrido por corrente elétrica produzia uma interação com a agulha de uma bússola, sendo que, quando esta se aproximava do fio, a agulha sofria uma deflexão. Essa demonstração foi extremamente importante para começar a entender as relações entre a eletricidade e o magnetismo. Foi, então, que o físico francês, André- Marie Ampère, propôs que toda partícula carregada em movimento gera um campo magnético próprio. Ou seja, cargas elétricas em movimento geram campos magnéticos. Um condutor elétrico percorrido por corrente elétrica cria um campo magnético circular a ele, como pode ser visto na Figura 5. Figura 5 - Linhas de campo em um condutor retilíneo Fonte:https://bit.ly/2rti36t. O sentido do campo magnético pode ser determinado a partir da regra da mão direita, que diz que, se apontarmos o dedo polegar, conforme visto na Figura 6, na direção da corrente e fecharmos os demais dedos, teremos que o campo magnético é circular ao condutor e tem o mesmo sentido que apontam os dedos fechados. Figura 6 - Regra da mão direita para o campo elétrico Fonte:https://bit.ly/2rti36t. De maneira semelhante, analisaremos um condutor, com direção horizontal e saindo da tela, conforme visto na Figura 7a. Quando uma corrente percorre esse condutor no sentido para fora do plano da tela, o campo magnético é dado também pela regra da mão direita. Assim, o campo magnético será circular e com sentido anti- horário. Figura 7 - Direção e sentido do campo magnético em um fio condutor a) com corrente saindo da tela e b) com corrente entrando na tela Fonte:https://bit.ly/2rti36t. Assim, a direção e o sentido do campo magnético produzido por distribuições de corrente elétrica são dados pela regra prática da mão direita. Aplicando esta regra, em uma espira circular, é possível utilizarmos a indicação de sentido, horário ou anti- horário, para a corrente. Assim, o polegar aponta para a direção do campo magnético. Dessa forma, uma espira com corrente circulando no sentido anti-horário tem o campo magnético resultante no centro dela e direção horizontal saindo da tela, conforme observamos na Figura 8b, com sentido para fora do plano da tela. Figura 8 - Direção e sentido do campo magnético em uma espira a) com corrente no sentido horário e b) com corrente no sentido anti-horário Fonte: https://bit.ly/2rti36t. 7.3 Lei deAmpère André-Marie Ampère (1775 – 1836), matemático e físico francês, descobriu que na ausência de qualquer ímã, dois fios exercem um sobre o outro, uma ação atrativa ou repulsiva, consoante o sentido das correntes que os percorrem. Sugeriu a existência de correntes moleculares e apresentou uma explicação das propriedades magnéticas em termos da eletricidade. Em 1822, Ampère descobriu os princípios da telegrafia elétrica (ARAGÃO, 2006). Após o Congresso Internacional de Eletricidade em 1908, em Londres, o seu nome ficou ligado ao da intensidade da corrente elétrica. É importante lembrar que cargas elétricas em movimento, ou seja, correntes elétricas criam um campo magnético na região do espaço que as circunda, sendo, portanto, fontes de campo magnético. Considerando uma linha curva qualquer, fechada contida em um meio que existe um campo magnético 𝐁⃗ e representando por ∆l o comprimento de um trecho elementar (“pedacinho”) dessa linha e por “i” (soma de todas as correntes) a intensidade constante da corrente elétrica que atravessa a superfície envolvida pela linha (Figura 9). A Lei de Ampère é dada pela seguinte expressão: ∑B ∆l cos θ = µ0i Figura 9 - Circulação do vetor 𝐁⃗ em um percurso fechado percorrido por uma corrente elétrica de intensidade constante Fonte: HELOU et al., 2007. De maneira idêntica à Lei de Gauss, a terceira equação fundamental do eletromagnetismo (Lei de Ampère) permite calcular o campo magnético produzido por uma distribuição de correntes com elevada simetria. Uma aplicação dessa lei muito conhecida pelos alunos é o cálculo da intensidade do campo magnético gerado por um condutor retilíneo infinito (Figura 10). Nessa situação, pela simetria, é possível ver que a intensidade de 𝐁⃗ é a mesma em todos os pontos da linha de indução e que o cos θ = 1. Então, para esse caso, a Lei de Ampère se torna: B∑ ∆l = µ0i Figura 10 - Representação da circulação do vetor campo magnético ao redor de um condutor retilíneo infinito percorrido por uma corrente elétrica Fonte: HELOU et al., 2007. Como o percurso é uma circunferência de raio r, tem-se que a soma ∑ ∆l é igual ao comprimento do círculo (2πr), logo a intensidade do campo magnético é: Figura 11 - Mapa conceitual sobre a Lei de Ampère Fonte: HELOU et al., 2007. 7.4 Lei de Faraday Michael Faraday (1791 – 1867), físico e químico britânico, é um dos grandes nomes da ciência mundial. Aos 14 anos tornou-se aprendiz de um encadernador de livros e passou a ler com voracidade todos os livros de ciência que lhe caíam às mãos. Ele descobriu que um ímã exerce força sobre uma corrente elétrica e, através disso, inventou o primeiro motor elétrico da história. Em 1831, Faraday descobriu um dos fenômenos mais fundamentais do eletromagnetismo, a indução eletromagnética e, com base nisso, inventou o primeiro gerador de corrente elétrica de natureza puramente eletromagnética. Ele criou o conceito de campo elétrico e magnético para interpretar seus experimentos. Interessou-se pela investigação no domínio da indução eletrostática, construindo a primeira gaiola de Faraday (ARAGÃO, 2006). Faraday terá sido considerado o melhor experimentalista na história da ciência, mesmo não conhecendo a Matemática avançada, como o cálculo infinitesimal. A quarta e última equação fundamental do eletromagnetismo (Lei de Faraday) é derivada da teoria da indução eletromagnética. A teoria diz que se houver variação no fluxo magnético através de um circuito, aparecerá uma força eletromotriz induzida nesse circuito, a qual existirá enquanto o fluxo estiver variando; cessada a variação do Highlight fluxo, desaparecerá a força eletromotriz (ou diferença de potencial). O campo elétrico criado pela diferença de potencial é responsável por gerar uma corrente elétrica no circuito, chamada de corrente induzida. Para saber o sentido da corrente induzida, existe a Lei de Lenz. Essa lei estabelece que a corrente induzida surge em um sentido tal que produz um fluxo magnético contrário à variação provocada. Matematicamente, a Lei de Faraday mostra que esta força eletromotriz induzida média (ε induzida) é proporcional ao negativo da variação média do fluxo magnético durante um intervalo de tempo: É importante dizer que a Lei de Lenz está implícita na Lei de Faraday por meio do sinal de menos (-). Outra informação relevante é que se a taxa de variação ∆ΦB/∆t for constante com o tempo, a força eletromotriz média induzida єinduzida coincidirá com a força eletromotriz induzida em um instante qualquer (instantânea). O princípio da indução eletromagnética é o responsável pelo funcionamento do gerador elétrico, esse é um dispositivo que converte energia mecânica em energia elétrica. Figura 12 - Mapa conceitual sobre a Lei de Faraday Fonte: HELOU et al., 2007. Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGÃO, M. J. História da Física. Ed. Interciência. Rio de Janeiro, 2006. HELOU, R. D.; GUALTER, J. B.; NEWTON, V. B. Tópicos de Física. Ed. Saraiva. 18 ed. v. 3. São Paulo, 2007. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III: eletromagnetismo. São Paulo: PEARSON, 2012. 7 UMA BREVE HISTÓRIA DO ELETROMAGNETISMO 7.1 Campo magnético 7.2 Direção e sentido da força que atua sobre fios (regra da mão direita) 7.3 Lei de Ampère 7.4 Lei de Faraday REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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