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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA CAPI�TULO 1 - AGENTES PATOGE� NICOS E BIOSSEGURANÇA Mauricio Peixoto / Vinicius Canato Santana Introdução Nesta unidade estudaremos os mecanismos básicos de agressão e defesa, visando compreender os aspectos da imunologia, da microbiologia e da parasitologia. Para isso, vamos explorar as principais caracterı́sticas dos organismos patogênicos, tais como as bactérias, os fungos, os vı́rus e os parasitas. Você já imaginou como as áreas da imunologia, microbiologia e parasitologia podem estar relacionadas? Bactérias, vı́rus, fungos e parasitas, na maior parte das vezes, são vistos como organismos patogênicos capazes de provocar apenas doenças, mas você sabia que nem todos são malé�icos para os seres humanos? No decorrer desta unidade você conhecerá, também, a grande diversidade de microrganismos, suas caracterı́sticas, grupos distintos e classi�icação, bem como a estrutura, a morfologia, a virulência, a genética e o crescimento dos agentes infecciosos. Você irá se surpreender com a grande variedade desses agentes! Compreender a complexidade dos agentes patogênicos e de que modo a biossegurança pode impactar na vida das pessoas é de extrema importância para aqueles que desejam atuar na área da saúde. Você já se perguntou quais são os cuidados que os pro�issionais que atuam em ambientes onde os agentes patogênicos circulam devem tomar para evitar que sejam contaminados e contaminem terceiros? Para que você possa compreender melhor as medidas que podem auxiliar a minimizar os riscos relativos aos agentes patogênicos, nos dedicaremos aqui a estudar, sobretudo, a importância da aplicação das normas de biossegurança e de métodos quı́micos/fı́sicos para controle microbiano. Vem com a gente e bons estudos! 1.1 Bactérias, vírus, fungos e parasitas: estruturas, morfologia, virulência, genética e crescimento Os micróbios, também chamados de microrganismos, são seres vivos tão minúsculos que, em geral, é necessário um microscópio para sua visualização. Individualmente muito pequenos para serem visualizados a olho nu, o grupo inclui bactérias, fungos (leveduras e bolores), protozoários (um tipo de parasita) e algas microscópicas. Também inclui os vı́rus, que entidades acelulares muitas vezes consideradas como o limite entre o vivo e o não vivo (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016). Hoje, sabemos que os microrganismos são encontrados em quase todos os lugares e, apesar de apenas uma minoria dos microrganismos ser patogênica (causadora de doenças), o conhecimento prático sobre os micróbios é necessário para a medicina e para as ciências re- lacionadas à saúde, pois, apesar de termos a tendência de associar esses pequenos organismos apenas a infecções incômodas, a transtornos comuns, como alimentos deteriorados, ou a outras doenças mais severas, como a Aids. A maioria dos microrganismos, na verdade, auxilia na manutenção do equilı́brio da vida no nosso meio ambiente. Microrganismos marinhos e de água doce constituem a base da cadeia alimentar em oceanos, lagos e rios. Os micróbios do solo auxiliam na degradação de resı́duos e na incorporação do gás nitrogênio do ar em compostos orgânicos, reciclando, assim, elementos quı́micos do solo, água, organismos vivos e ar. Certos micróbios têm um papel fundamental na fotossı́ntese, pro- cesso gerador de oxigênio e alimento que é crucial para a vida na Terra. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016, p.2) Vemos, assim, que os microrganismos são essenciais para a sobrevivência dos seres humanos na terra e deles também depende o seu equilı́brio. Você já deve ter percebido que o estudo dos microrganismos pode ser bastante complexo, por isso, neste tópico, vamos estudar detalhadamente os principais deles, entendendo como cada grupo é classi�icado e quais são suas principais caracterı́sticas. Vamos lá? 1.1.1 Bactérias As bactérias estão entre os microrganismos mais conhecidos. São temidas por muitos, pois podem causar, em certas ocasiões, doenças bastante graves para os seres humanos. Por outro lado, elas também podem ser bené�icas, participando da microbiota normal do nosso corpo, protegendo superfı́cies corporais e até mesmo servindo para o uso em processos industriais. Neste item, vamos estudar algumas caracterı́sticas das bactérias, que são microrganismos pertencentes ao Reino Monera, e possuem como caracterı́stica serem unicelulares e procariontes, por não observarmos um envoltório nuclear protegendo seu material genético. Para que você conheça melhor algumas estruturas que compõem a célula bacteriana, e como a sua morfologia pode variar entre os diferentes grupos de bactérias, vamos, a partir daqui, estudar com mais detalhes a relação entre a morfologia e a estrutura. Com relação à sua estrutura, as bactérias de importância médica apresentam diferentes formatos. Seus formatos são uma caracterı́stica genética e normalmente elas são monomór�icas (mantêm uma única forma). Clique nas abas a seguir e veja as suas diferentes formas: VOCÊ O CONHECE? O cientista alemão Paul Ehrlich foi o primeiro a pesquisar os agentes antimicrobianos. Ele desenvolveu o conceito de toxicidade seletiva no século XX e em seus trabalhos observou que, dependendo do agente utilizado, somente os microrganismos tinham uma coloração alterada, o que não era observado no tecido animal. Nessa época, ele descobriu vários agentes quıḿicos, como por exemplo, a Salvarsan, utilizada contra a sı�́ilis. Essas bactérias possuem um formato arredondado e podem ser encontradas em formas isoladas ou em grupos, denominados de colônias. As colônias recebem os nomes de acordo com o formato �inal. Quando se encontram aos pares, são chamadas de diplococos. Quando apresentam um • Cocos O formato é, portanto, um importante critério para a classi�icação das bactérias, uma vez que sua forma serve para diferenciá-las a partir de sua morfologia e estrutura. A seguir, estudaremos quais são as principais estruturas que uma bactéria possui. formato de cachos são classi�icadas de esta�ilococos e, quando estão en�ileiradas são chamadas de estreptococos. A forma menos frequente é a sarcina, em que as bactérias formam um cubo de oito cocos. São bactérias que possuem um formato de bastão. Alguns bacilos podem ter uma aparência muito similar a um coco. Essas bactérias são chamadas de cocobacilos (BRASIL, 2013). Bactérias que lembram o formato de uma vı́rgula. Bactérias que têm aparência espiralada. • • • VOCÊ SABIA? Em microbiologia o termo “bacilo” pode ser utilizado em dois sentidos. O primeiro se refere ao formato da célula, como vimos anteriormente; e o segundo quando nos referimos ao gênero de uma bactéria. Exemplos: Bacillus anthracis, Bacillus cereus e o Bacillus subtilis. Bacilos Vibriões Espirilos Para visualizar do que se compõe a estrutura de uma célula bacteriana, arraste os blocos e complete as lacunas, associando-as aos conceitos. Figura 1 - As diferentes formas de bactérias. Além das mais comuns, temos também as formas de espiroquetas e corynebacterium (bactérias bacilares pequenas). Fonte: Sakurra, Shutterstock, 2020. Independentemente de sua forma, as bactérias podem ser classi�icadas por um tipo de coloração, desenvolvida por um médico dinamarquês, chamado Hans Christian Joachim Gram. Clique nos botões a seguir e veja que a coloração de Gram classi�ica as bactérias da seguinte forma: Quadro 1 - Estruturas que compõem uma bactéria Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em MADIGAN et al., 2016. Gram-positiva Parede celular simples, composta principalmente por uma única macromolécula, mas com grande quantidade de peptidoglicano, em torno de 70% a 75%; quando coradas pela coloração de Gram elas adquirem coloração roxa. As bactérias possuem material genético em seu interior. Clique nos botões a seguir e veja que esse material pode ser encontrado e organizado de duas maneiras distintas: Gram-negativaParede celular complexa, formada por uma ou poucas camadas de peptideoglicano, não ultrapassando 5% na sua composição. Quando coradas pela coloração de Gram adquirem coloração rosa. Figura 2 - Esquema da estrutura de uma bactéria Fonte: BlueRingMedia, Shutterstock, 2020. Nucleoide O nucleoide não possui membrana nuclear. E� formado por uma única molécula de DNA dupla hélice, o cromossomo bacteriano. Plasmídeo São moléculas de DNA circulares, independentes do cromossomo bacteriano. Geralmente possuem poucos genes. Alguns genes de resistência a antibióticos são armazenados nessas estruturas. Nem todas as bactérias possuem plasmıd́eos. O citoplasma bacteriano é limitado pela membrana plasmática e não possui organelas membranosas (como complexo de Golgi e Retı́culo Endoplasmático). E� constituı́do de uma solução aquosa na qual estão dissolvidas partı́culas insolúveis necessárias ao metabolismo celular, como por exemplo: • • Figura 3 - Bacillus anthracis causador do Anthrax Fonte: Kateryna Kon, Shutterstock, 2020. Ribossomos Os estudos que relacionam genética e virulência são extremamente importantes para o pro�issional da área. Tendo isso em vista, vamos, a partir daqui, buscar abordar esse tema mais profundamente. O genoma bacteriano é constituı́do de cromossomos e plasmı́deos. Os cromossomos possuem o DNA que carrega a informação genética nos genes. O cromossomo bacteriano é um DNA dupla �ita circular, altamente empacotado, disperso no citoplasma (nucleoide). Já os plasmı́deos são moléculas de DNA dupla �ita circulares, menores que os cromossomos, que carregam informação genética não essencial à célula, mas conferem uma vantagem seletiva, sob diversas condições (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015). As mutações e as recombinações genéticas fornecem a variabilidade genética nas bactérias. As mutações podem ser geradas de forma espontânea (geralmente ocasionadas por um erro durante a replicação do DNA), ou induzida (provocadas por um agente mutagênico fı́sico ou quı́mico). Já a recombinação pode ocorrer de três formas, sendo elas: Os ribossomos das bactérias são responsáveis pela sı́ntese de proteı́nas. Grânulos Os grânulos são responsáveis por compor outras estruturas celulares e servem, também, de substância de reserva. Transdução: quando o material genético é transferido por um bacteriófago de uma bactéria para outra. A grande variabilidade genética observada nas bactérias está diretamente ligada à aquisição e transferência dos genes que codi�icam os fatores de virulência. O termo virulência se refere à capacidade de uma bactéria, vı́rus, fungo ou parasita, produzir a doença no hospedeiro. E� , como o nome diz, determinada pelos fatores de virulência expressos nas células. São consideradas fatores de virulência bacterianos aquelas estruturas ou estratégias que permitem que a bactéria entre, replique-se, dissemine-se e sobreviva aos mecanismos de defesa do hospedeiro (BROOKS et al., 2014). 1.1.2 Crescimento O aumento no número de bactérias é o que chamamos de crescimento bacteriano. Esse aumento se dá por meio dos processos de reprodução das células, por �issão binária ou por brotamento. A �issão binária, processo de divisão assexuado, ocorre com a geração de duas células �ilhas com o genoma completo, e é comumente encontrada na maioria das bactérias. Essas duas células se dividem, originam quatro células e assim ocorre sucessivamente. Podemos chamar o tempo que uma célula leva para se dividir em duas de tempo de geração. Esse tempo é variável entre as bactérias, podendo ser de 1 até 24 horas (MADIGAN et al., 2016). Conjugação: quando o material genético é transferido por meio do contato entre duas células bacterianas. Transformação: quando o DNA livre é incorporado após uma lise celular. VOCÊ QUER LER? A autora e bióloga Alanna Collen, em seu livro “10% humano: como os micro- organismos são a chave para a saúde do corpo e da mente”, mostra as últimas pesquisas cientı�́icas sobre os microrganismos que habitam o corpo humano e a in�luência desses microrganismos no funcionamento do nosso sistema imunológico, como, por exemplo, sua relação com doenças como autismo, transtornos mentais, alergias, diabetes e outras. Vale a pena conferir! Para determinar o crescimento de uma bactéria experimentalmente, ela deve ser semeada em meio de cultura em estado lı́quido e acompanhada em condições controladas. O seu crescimento segue uma curva que pode ser dividida em quatro etapas. Explore o grá�ico a seguir, clicando em cada uma de suas etapas e correlacionando os eventos ocorridos com o tempo e número de bactérias no meio: 1.1.3 Vírus Os vı́rus são responsáveis por várias doenças infecciosas humanas e podem provocar desde um resfriado até o imunocomprometimento, como o causado pelo vı́rus do HIV. Eles são considerados parasitas celulares obrigatórios, pois não conseguem realizar suas atividades metabólicas se não estiverem no interior de uma célula hospedeira. Possuem o seu material genético (DNA ou RNA) envolto por um capsı́deo proteı́co, que pode ser recoberto por um envelope composto por proteı́nas, carboidratos e lipı́deos. Eles podem, ainda, infectar uma variedade de organismos, desde os vertebrados, as plantas e até fungos. (LA SCOLA et al., 2008, tradução nossa). A partı́cula viral infecciosa, chamada de vı́rion, possui o seu material genético (DNA ou RNA) protegido por uma camada de proteı́nas que além de proteger atua como veı́culo de transmissão de uma célula hospedeira para outra. Os vı́rus podem ter seu material genético sob forma de �ita simples ou �ita dupla. Dessa maneira, é possı́vel termos vı́rus com DNA �ita simples ou �ita dupla e RNA �ita simples ou �ita dupla. O capsı́deo viral, composto por proteı́nas, protege o material genético, formado por capsômeros, que são subunidades proteicas e podem ser de um único tipo ou ter uma variedade de tipos. Em alguns vı́rus, encontramos um envelope que recobre o capsı́deo e é composto por proteı́nas, lipı́deos e carboidratos. No entanto, nem todos os vı́rus possuem o envelope recobrindo o capsı́deo, nesse caso eles são chamados de vı́rus não envelopados (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016). Figura 4 - Representação do crescimento bacteriano em meio de cultura Fonte: WANG et al., 2015, p. 2. Os vı́rus envelopados são vulneráveis aos solventes orgânicos, como o éter, devido a presença de lipı́deos na composição de seu envelope. As glicoproteı́nas, presentes na composição do envelope, são os antı́genos principais dos vı́rus e estão associadas ao reconhecimento e ligação aos receptores celulares especı́�icos durante o processo de infecção das células. Figura 5 - Esquema da estrutura de um vı́rus envelopado Fonte: SkyPics Studio, Shutterstock, 2020. Em sua maioria, os vı́rus entram em seus hospedeiros pelas mucosas do trato gastrointestinal, ou trato respiratório. Isso ocorre, principalmente, por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, mas outras formas de transmissão também são possı́veis, como no caso das doenças virais sexualmente transmissı́veis como HIV, HPV ou pelo contato com sangue e hemoderivados contaminados. 1.1.4 Crescimento Por serem parasitas celulares obrigatórios, é extremamente difı́cil acompanhar o crescimento do vı́rus como fazemos com as bactérias em meios de culturas. Entretanto, os vı́rus podem se multiplicar de duas formas: pelo ciclo lı́tico ou pelo ciclo lisogênico. CASO Você sabia que as pessoas infectadas pelo vıŕus HIV são tratadas com medicamentos que chamamos de antirretrovirais? A terapia antirretroviral é uma combinação de medicamentos que impede a replicação do vıŕus. Se o tratamento for seguido �ielmente, ele pode reduzir consideravelmente o número de vıŕus presente no sangue. Recentemente, foi publicado um estudo, na conceituada revista cienti�ica The Lancet, con�irmando que o tratamento e�icaz com os antirretroviraisimpedia a transmissão do vıŕus HIV entre os casais (COHEN, 2019). Isso é possıv́el uma vez que a pessoa infectada possui nıv́eis indetectáveis do vıŕus por conta do tratamento com antirretrovirais. Temos, aqui, um exemplo da importância de se conhecer o agente infeccioso para que se possa utilizar o tratamento mais e�iciente e e�icaz. Esse ciclo é dividido em cinco etapas: adsorção, penetração, biossı́ntese, maturação e liberação. Iniciando pela adsorção, as partı́culas virais “colidem” com a célula na qual ocorre a ancoragem dessas partı́culas. Após a adsorção, ocorre a penetração, momento em que o vı́rus injeta seu material genético na célula. Quando o material genético alcança o citoplasma da célula hospedeira, ele inicia o comando para a sı́ntese de proteı́nas e ácidos nucleicos “virais” e, assim, inicia-se a etapa da biossı́ntese. Na etapa de maturação novas partı́culas virais são montadas, ocorrendo o rompimento da membrana da célula hospedeira e a liberação dos vı́rus, que podem invadir novas células e iniciar o processo de multiplicação. • Ciclo lítico 1.1.5 Fungos Os fungos são seres eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, quimio-heterotró�icos, que utilizam a matéria orgânica do ambiente para obter energia e carbono para realizar suas atividades metabólicas. Fungos não realizam fotossı́ntese e a sua reserva energética é o glicogênio (MORAES; PAES; HOLANDA, 2009). Suas células possuem uma parede celular constituı́da de quitina, um carboidrato. Algumas espécies de fungos são parasitas e outras são saprófagos, pois decompõem matéria orgânica. Entre as mais de cem mil espécies de fungos descritas na literatura, somente duzentas podem causar doenças em seres humanos, animais e plantas. Existem, ainda, fungos aeróbicos e anaeróbicos. Na indústria, são utilizadas, por exemplo, as espécies anaeróbias facultativas para os processos de fermentação. 1.1.6 Estrutura e morfologia Todas as células dos fungos possuem seu material genético (DNA) envolvido por carioteca. A seguir, você verá as principais estruturas das células fúngicas. Parede celular: composta de quitina ou por polissacarídeos de natureza celulósica, ela fornece rigidez para a célula. A presença de glicocálice, ancorado pelas glicoproteínas e glicolipídios, fornece um reforço da superfície celular e promove o reconhecimento entre as células, ajudando estas a se unirem. As células eucarióticas não possuem peptideoglicanas, o que impede que os antibióticos, como a penicilina, que têm como alvo peptideoglicanas afetem as células de quem está sendo tratado por esse medicamento. Membrana plasmática: possui duas camadas de fosfolipídios revestidas por proteínas. As invaginações presentes na membrana dão origem a um sistema de vesículas ou vacúolos que realizam o contato com o meio externo e o interno. Nesse ciclo não ocorre a morte da célula hospedeira. Aqui, o vı́rus insere seu ácido nucleico na célula hospedeira, que continua funcionando normalmente. O material genético do vı́rus, então, é incorporado ao DNA da célula hospedeira que, ao realizar mitose, gera células �ilhas com o novo genoma viral. Assim, a célula que foi infectada transmite o material genético para todas as células �ilhas, que também estarão, portanto, infectadas. • • • Ciclo lisogênico Citoplasma: no citoplasma encontramos as mitocôndrias, vacúolos, ribossomos, retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, glicogênio (responsável pela reserva energética), peroxissomos e lisossomos. Núcleo: podem ter mais de um núcleo envolto por uma carioteca. Dentro do núcleo, encontra-se o nucléolo (contém DNA, RNA e proteínas). Cápsula: alguns fungos apresentam uma cápsula mucopolissacarídica, composta por polímeros de cadeias ramificadas. Os diferentes níveis de ramificações desses polímeros da cápsula podem interferir na fagocitose, mediados pelos sistemas de complemento e impedir a produção de óxido nítrico pelos macrófagos (CORDERO et al., 2011, tradução nossa). Logo, são importantes na virulência do fungo patogênico. As caracterı́sticas morfológicas permitem identi�icar os diferentes fungos, que podem ser classi�icados como: bolores, leveduras e cogumelos. Levedura: são unicelulares, ovais ou alongadas; se reproduzem por brotamentos. Bolores ou fungos filamentosos: são multicelulares e multinucleados; possuem micélio vegetativo pluricelular filamentoso. Nesse tipo de fungo as várias células que o compõe se organizam formando estruturas denominadas hifas. Por sua vez, um conjunto de hifas (filamentos longos e delgados) é denominado micélio. • • • • • Cogumelos: possuem uma parte do corpo crescendo abaixo do solo e uma parte aérea, com formato de chapéu. Essa parte aérea é chamada micélio reprodutivo, ou corpo de frutificação, porque é nela que ocorre a reprodução sexuada e a formação de estruturas que darão origem aos esporos, responsáveis pela reprodução assexuada. 1.1.7 Classificação e virulência Os fungos podem ser classi�icados em cinco �ilos diferentes: Ascomicetos, Basidiomicetos, Zigomicetos, Oomicetos e Deuteromicetos. A maioria dos fungos patogênicos são pertencentes ao �ilo Deuteromicetos. A maior parte dos fungos sapró�itos podem ser patógenos primários ou oportunistas. São denominados de primários aqueles que são capazes de penetrar em tecidos saudáveis, desenvolver-se e provocar danos no hospedeiro imunocompetente. Os fungos considerados oportunistas são aqueles que causam uma enfermidade aos seres humanos quando o sistema de defesa não está responsivo. As principais vias de transmissão são as vias aéreas ou por contato direto com objetos contaminados. Para que uma infecção por fungos se aloje, vai depender da virulência do fungo e como o sistema imunológico do hospedeiro se encontra no momento do contato. Os indivı́duos imunocomprometidos são os mais atingidos pelas infecções fúngicas. 1.1.8 Crescimento Figura 6 - A� esquerda, observamos a estrutura de uma célula de um fungo �ilamentoso. A� direita, temos a estrutura de uma levedura. Fonte: Designua, Shutterstock, 2019. • Os fungos podem se reproduzir assexuadamente ou sexuadamente. As hifas que compõem o micélio podem atingir a superfı́cie e entrar em contato com o ar. Essas hifas podem desenvolver em suas extremidades os esporos, chamados de conı́dios. Os conı́dios são assexuados e altamente resistentes à desidratação. Existem fungos que produzem diferentes esporos sexuais. Os esporos dos bolores são originados da fusão de gametas unicelulares ou de gametângios (hifas especializadas). Já em outros tipos de fungos, temos a formação de esporos por meio da fusão de duas células haploides, após meiose e mitose, resultando em esporos individuais. 1.1.9 Parasitas: protozoários e helmintos Todos os protozoários são unicelularese eucariontes. Existe uma enorme variedade de formas que podem ser de vida livre ou parasitas, que podem se reproduzir sexuadamente (com a união de gametas), ou assexuadamente (divisão celular). Dentre os protozoários que se reproduzem sexuadamente, há a formação de gametas masculinos e femininos que, após a união, formam uma célula diploide. Já os protozoários que fazem a reprodução assexuada, podem realizar a divisão binária, merogonia, esporogonia e a esquizogonia. Os protozoários se diferenciam dos fungos, pois não apresentam parede celular rı́gida (COURA, 2013). Inúmeros protozoários são causadores de doenças como malária, doença de Chagas, leishmanioses, toxoplasma, entre outras. Os helmintos, comumente conhecidos como vermes, são pluricelulares de vida livre ou parasitas, seus hospedeiros incluem o ser humano. Clique nas abas a seguir e veja que podemos classi�icar os protozoários em três �ilos, sendo: Os parasitas podem apresentar ciclos de vida monóxeno ou heteróxeno. O que caracteriza o ciclo de vida monóxeno é a necessidade de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo de vida (por exemplo, Ascaris, Enterobius,Strongyloides). Diferentemente, os parasitas que possuem o ciclo heteróxeno necessitam de dois ou mais hospedeiros para completar seu ciclo de vida (por exemplo, Taenia, Plasmodium, Trypanosoma, Leishmania). 1.1.10 Classificação e virulência Grande parte dos protozoários faz uso da fagocitose para englobar e ingerir partı́culas sólidas. Outros protozoários possuem o citostoma para “engolir” uma célula bacteriana inteira ou pequenas células eucarióticas. Os protozoários podem ser classi�icados pelo seu modo de locomoção (NEVES, 2016). Os Sarcodinas (amebas) são aqueles que se locomovem por movimentos ameboides. Platyhelminthes Vermes que possuem o corpo achatado e possuem um tubo digestivo ausente ou primitivo. São representantes desse �ilo: Taenia solium, Taenia saginata e Schistosoma mansoni. Nemathelminthes Vermes que possuem o corpo cilı́ndrico e o tubo digestivo completo. São representantes desse �ilo: Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale e Enterobius vermicularis. Annelida São vermes que não parasitam. Os que utilizam os �lagelos chamamos de Mastigophora (ou �lagelados), e os de cı́lios, de Ciliophora (ou ciliados). Os protozoários imóveis são denominados de Apicomplexa (ou esporozoários). Veja, a seguir, alguns exemplos de cada grupo. Figura 7 - O Trypanosoma cruzi é o agente causal da doença de Chagas Fonte: Kateryna Kon, Shutterstock, 2020. Tripanossoma cruzi, causador da Doença de Chagas. Entamoeba histolytica, que pode provocar uma disenteria amebiana ou amebı́ase. O representante mais conhecido é o Paramecium. • • • • Mastigophora Sarcodinas Ciliophora Apicomplexa Neste tópico tivemos por objetivo estudar a estrutura, morfologia, virulência, genética e crescimento das bactérias, fungos e parasitas. Agora que você já está familiarizado com esse universo de microrganismos, passaremos a estudar mais especi�icamente as normas de biossegurança e os procedimentos que devemos ter com relação a elas. Um de seus principais representantes são os plasmódios (causadores da malária). 1.2 Procedimentos de biossegurança e aplicação no controle microbiano O objetivo da aplicação das normas de biossegurança em ambientes da área de saúde, seja para �ins educacionais ou hospitalares, é evitar ou minimizar os riscos de acidentes no uso desses ambientes. A biossegurança, por de�inição, compreende: um conjunto de ações (normas) destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracteriza-se como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável sendo de fundamental importância para avaliar e prevenir os possı́veis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde. (BRASIL, 2010 a , p. 15) Para re�letir sobre o conceito de biossegurança e como aplicá-la em situações reais, considere a situação apresentada a seguir. Em 8 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou as normas regulamentadoras (NRs) referentes à segurança e saúde do trabalhador. Especi�icamente, a NR-9 estabeleceu a obrigatoriedade do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) como medida de proteção à saúde e integridade do trabalhador. Os tipos de riscos ambientais são classi�icados como: riscos de acidentes; ergonômico; fı́sico; quı́mico e biológico. Esse último se refere aos agentes biológicos que podem causar danos à saúde do trabalhador, como, por exemplo as bactérias, vı́rus, fungos ou protozoários. Os agentes biológicos podem ser classi�icados em cinco classes de risco biológico, conforme as “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico” (BRASIL, 2010 b ). São elas: classe de risco I (baixo risco individual e coletivo): baixa probabilidade de o agente causar uma enfermidade. Exemplo: Lactobacillus; classe de risco II (risco moderador para o individual e limitado risco para a comunidade): pode vir a causar uma infecção, porém, existem medidas terapêuticas e profiláticas. Exemplo: Schistosoma mansoni; VAMOS PRATICAR? A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a gripe é um dos g desa�ios da saúde pública. Segundo dados da mesma organização, a ca estima-se que um bilhão de pessoas podem se contaminar com o vıŕus d conhecido como in�luenza. O controle da disseminação desse vıŕus é um desa�io, uma vez que ele é de fácil transmissão. Situação-problema: Você já deve ter ouvido falar que criança, sobretudo quando começa a freq a creche, vive doente. Em ambientes fechados ou semifechados, como as cr escolas, a propagação do vıŕus causador da gripe é mais elevada. As crian mais suscetıv́eis a terem complicações graves causadas pela gripe. Todo a estações mais frias, quando os locais �icam sem circulação de ar, aumen casos de gripe. A forma de prevenção de contaminação entre crianças cuidadores já são bastantes difundidas. Baseado nessa informação, você, n de diretor(a) de uma creche, tomaria quais medidas para evitar um s doença, caso soubesse da presença de uma criança ou adulto gripado? • • classe de risco III (alto risco individual e risco moderado para a comunidade): os agentes biológicos de classe III podem causar graves infecções em humanos e animais, mas existem tratamentos eficazes. Exemplo: Bacillus anthracis; classe de risco IV (alto risco para o individual e para a comunidade): os agentes biológicos de classe IV são de fácil propagação e não existem medidas profiláticas e nem terapêuticas eficazes. São altamente patogênicos. Exemplo: vírus Ebola; classe de risco V (alto risco de contaminação em animais e do meio ambiente): são os agentes biológicos que não existem no país, como o Achantina fulica (caramujo-gigante-africano trazido para o Brasil). Somente em 1995, o Brasil instituiu uma lei que criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, determinou os diferentes nı́veis de biossegurança, denominando-os de NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. As NBs determinam os critérios para os nı́veis de segurança na manipulação de agentes biológicos. Para se determinar o nı́vel de biossegurança, deve-se seguir alguns critérios de avaliação, como origem e virulência do agente, modo de transmissão, entre outros (CDC, 1999, tradução nossa). • • • VOCÊ QUER VER? Não deixe de assistir o �ilme “Epidemia", de 1995, com direção de Wolfgang Petersen. O �ilme conta sobre uma possıv́el epidemia nos EUA, provocada por um vıŕus semelhante ao Ebola. Nele, você poderá observar todos os nıv́eis de biossegurança nos laboratórios, desde o nıv́el 1 ao 4, e a importância da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs). As principais funções das normas são garantir um ambiente seguro para quem está manipulando o agente biológico, a proteção para o meio ambiente e para a comunidade. Especi�icamente para os pro�issionais da área de saúde, foi criada também a NR-32, que tem como �inalidade “estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL, 2005). Além de todos as normas já elencadas, algumas outras regras são importantes para reduzir ou minimizar os riscos em um ambiente hospitalar e em laboratórios, como, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, jalecos, óculos e máscaras. 1.2.1 Métodos químicos para controle microbiano Os métodos utilizados para o controle dos microrganismos visam eliminá-los por meio da perda da capacidade de reprodução, reduzindo e inibindo o seu crescimento. Por meio da utilização de métodos quı́micos ou fı́sicos, é possı́vel causar a destruição total de todas as formas de vida, impedindo, ou reduzindo- o a umataxa aceitável, o seu crescimento em um ambiente. Métodos quı́micos utilizam agentes quı́micos para fazer a eliminação dos microrganismos. Os principais grupos de agentes quı́micos são: álcoois; compostos fenólicos (fenóis, timol, cresóis); aldeı́dos e derivados (aldeı́do fórmico, aldeı́do glutárico); halogênios e derivados (iodo, cloro); biguanidas (clorexidine); agentes de superfı́cie (detergentes); conservantes quı́micos de alimentos; quimioesterelizantes gasosos (óxido de etileno); agentes oxidantes (peroxigênios) e metais pesados (sais de prata). NB-1: aplica-se a laboratórios de ensino médio com manipulação somente de agentes de classe 1. Necessidade de se adotar boas práticas laboratoriais. NB-2: laboratórios clı́nicos e hospitalares, onde ocorre manipulação de agentes de classe 2. Necessidade de se adotar boas práticas laboratoriais, instalação de barreiras fı́sicas primárias (cabine de segurança biológica) e uso de EPI. NB-3: laboratórios onde ocorre a manipulação de grande quantidade de agentes de classe 2 ou de classe 3. Além da estrutura requerida em um laboratório de nı́vel 2, deve-se construir áreas de trabalho especiais. NB-4: laboratório de contenção máxima, onde há manipulação de agentes de classe 4. Nesse laboratório, deve-se ter todos os nı́veis de contenções exigidos nos laboratórios anteriormente citados, e barreiras de contenções e procedimentos de segurança especiais. Os principais agentes quı́micos podem ter função desinfetante ou esterilizante. Os esterilizantes atacam os microrganismos e os desinfetantes diminuem a carga microbiana a ponto de não representar mais perigo. Os álcoois possuem atividade bactericida, pois desnaturam as proteı́nas e solubilizam os lipı́deos. Em ambientes hospitalares e laboratoriais, usualmente é utilizado álcool 70%. Nesses casos, a diluição do álcool etı́lico se faz necessária, pois na ausência de água, as proteı́nas não são desnaturadas, por isso, o álcool etı́lico absoluto é menos e�iciente que a versão diluı́da em água. Os aldeídos utilizam o mecanismo de alquilação direta dos grupos funcionais das proteı́nas que aumentam seu poder bactericida. Em ambientes hospitalares, é comumente utilizada a metenamina como antisséptico urinário. A sua atividade está ligada à liberação do aldeı́do fórmico. Já os fenóis atuam em qualquer proteı́na, e para atuarem como bactericida, necessitam estar em uma concentração de 0,2% a 1%. Em ambientes hospitalares, é comum utilizar a creolina (cresóis) para desinfetar excretas, pisos etc. VAMOS PRATICAR? Como vimos, os vıŕus são parasitas intracelulares obrigatórios e possue grande capacidade de se multiplicar quando encontram uma condição fa Ao longo dos anos, com a descobertas das vacinas contra determinados v possıv́el “exterminar” ou declarar que uma determinada doença foi ext algum paıś ou mesmo no mundo todo. Nessa atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma s relacionada à erradicação de um determinado vıŕus e o seu armazename laboratórios de pesquisas. Situação-problema: Após uma campanha de vacinação no mundo todo contra a varıóla, que tev em 1966, essa doença foi considerada erradicada em 1980. Porém, gru pesquisadores do Centro de Doenças e Prevenção de Doenças, o CDC, nos Unidos e em Koltsovo, na Rússia, ainda detêm amostras desse vıŕus e laboratórios. Se pensarmos no quanto essa doença é fatal, o mais lógic eliminarmos essas amostras, para que não houvesse nenhum risco dess voltar a circular no mundo. Essa questão é tão polêmica que a Orga Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU reuniram mais de uma vez para decidir o futuro dessas amostras. E você pensa sobre esse assunto? Colocando todos os prós e contras sobre a man dessas amostras em laboratório, dê o seu veredito: as amostras devem ou destruıd́as? O representante dos halogênios, comumente utilizados em hospitais e laboratórios, é a tintura de iodo. Por ter a função fungicida, bactericida e esporocida, é um potente antisséptico. O iodo em solução alcoólica de 2% tem uma ação imediata. E� utilizado na prática cirúrgica. Outro exemplo desse grupo é o cloro, que ataca os grupos alfa-aminados das proteı́nas, afetando as funções de enzimas vitais. Os agentes de superfı́cie (detergentes catiônicos) mais utilizados são: cloreto de benzalcônio, cloreto de benzetônico, cloreto de cetilpiridı́neo e cetrimida. Eles têm ação sobre a permeabilidade da membrana, inibem a respiração e a glicólise das bactérias, vı́rus e esporos bacterianos. Dentro do grupo das biguanidas, a clorohexidine é utilizada nos centros cirúrgicos na antissepsia de pele, na lavagem das mãos e na preparação dos pacientes. Ela adsorve a parte externa dos microrganismos, ligando-se ao grupo fosfato da parede e da membrana, provocando danos e liberação do conteúdo citoplasmático. Os agentes classi�icados como metais pesados têm ação bacteriostática. O nitrato é comumente utilizado em soluções oftalmológicas, a 1%, como prevenção da oftalmia neonatorum. Os agentes oxidantes, como a água oxigenada, liberam o oxigênio nascente, que oxida os sistemas enzimáticos essenciais para a sobrevivência dos microrganismos. O uso comum para a água oxigenada é a lavagem de feridas e mucosas nas quais haja tecido necrosado, pois a ação da catalase facilita a limpeza da área. O óxido de etileno, representante dos esterilizantes gasosos, é utilizado na esterilização de instrumentos cirúrgicos, pois inativa enzimas cruciais para os microrganismos por meio da alquilação direta dos grupos hidroxilas, sul�idrilas e carboxilas. Os principais locais de ação dos agentes quı́micos são: Parede celular e membrana: a ação dos agentes quıḿicos afeta a permeabilidade e favorece a lise celular. Proteıńas: causa desnaturação ou inativação das proteıńas. Material genético (DNA ou RNA): causa degradação do material genético; pode inibir os processos de replicação e tradução. 1.2.2 Métodos físicos para controle microbiano Os métodos fı́sicos são aqueles que permitem a eliminação dos microrganismos por meio de técnicas que desnaturam as proteı́nas, oxidam, destroem o DNA, interrompem o metabolismo. • • • No caso dos agentes fı́sicos, o calor é um dos métodos mais utilizados em ambientes de saúde, como clı́nicas e hospitais. A autoclavação, utilizando calor úmido e os fornos, utilizando calor seco, estão entre os métodos mais e�icientes e práticos. Por outro lado, as baixas temperaturas são utilizadas principalmente para o controle Quadro 2 - Os métodos fı́sicos para eliminação de microrganismos podem ser divididos em cinco grupos Fonte: TRABULSI; ALTHERTUM, 2015. do crescimento dos microrganismos, conservando produtos médico/hospitalares. Ao utilizarmos esses métodos fı́sicos e quı́micos podemos obter os resultados desejados, conceitualmente conhecidos como: antissepsia (utilização de produtos sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir os micro-organismos em sua superfı́cie); esterilização (total eliminação da vida microbiológica em materiais); desinfecção (processo capaz de eliminar a maioria dos organismos causadores de doenças presente em superfı́cies e materiais). Figura 8 - Autoclave utilizada para esterilização de materiais Fonte: Al7, Shutterstock, 2020. Conclusão Chegamos ao �inal de nossos estudos! Abordamos aqui os conceitos introdutórios sobre os agentes infecciosos e suas caracterı́sticas e, também, tratamos das normas de biossegurança na área da saúde. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: estudar sobre os agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos e protozoários); identificar as principais estruturas e características dos vírus, das bactérias, dos fungos e dos protozoários; conhecer o cientista responsável pelo método Gram de identificação, método que é utilizado até os dias atuais; compreender os procedimentos de biossegurançae as normas regulatórias para a área da saúde; conhecer as metodologias utilizadas para o controle microbiano. • • • • • Bibliografia BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 6: detecção e identi�icação de bactérias de importância médica. Brası́lia: Anvisa, 2013. BRASIL. 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