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PsicologiaJuridica_Unidade2 nova revisão

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Unidade 2: Interface entre Direito e Psicologia 
 
Sumário 
UNIDADE II – INTERFACE ENTRE DIREITO E PSICOLOGIA .................................... 4 
OBJETIVOS ................................................................................................................. 4 
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 4 
1. Interface entre Direito e Psicologia ........................................................................... 5 
2. Contexto histórico da Psicologia Jurídica .................................................................. 7 
3. Contribuições da Psicologia para o Direito .............................................................. 11 
4. Refletindo sobre a prática ....................................................................................... 13 
5. Sugestões de Leitura .............................................................................................. 16 
RESUMO .................................................................................................................... 17 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO ........................................................................................ 18 
GABARITO ................................................................................................................. 19 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315222
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315223
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315224
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315230
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315231
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315232
file:///N:/Ana%20Carolina/EAD%20-%202020-1/Psicologia%20Juridica/PsicologiaJuridica_Unidade2.docx%23_Toc32315233
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MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Semiliberdade1 
 
 
 
 
Pretendemos que ao final deste livro, sendo este o segundo capítulo, você 
consiga compreender a importância do diálogo entre as duas disciplinas: Psicologia e 
Direito. Esse diálogo apresenta pontos de vista distintos, mas com a possibilidade de 
agregar diferentes abordagens e tomar decisões que decorram de posturas éticas. 
O objetivo com esse estudo é refletirmos sobre alguns conceitos, visando 
fundamentar a prática profissional diante de situações complexas que exigem respostas 
diversificadas, alcançadas por meio de ações contextualizadas e construídas 
coletivamente. 
Nesta Unidade, a proposta é a reflexão acerca da interface entre Direito e 
Psicologia. Conheceremos o contexto histórico da Psicologia Jurídica, bem como as 
contribuições da Psicologia para o Direito. Refletiremos os pontos teóricos aprendidos, 
a partir de uma intervenção prática realizada com o coletivo de adolescentes em 
cumprimento da medida socioeducativa de semiliberdade. Ao final das Unidades, 
vislumbra-se que seja possível aos alunos conhecerem e descreverem relações entre 
processos psíquicos e contextos jurídicos, desenvolverem técnicas de raciocínio e de 
argumentação nos processos de responsabilização jurídica, assim como articularem o 
conhecimento teórico com a resolução de problemas. 
 
1 A medida de inserção em regime de semiliberdade consiste na restrição da liberdade, devendo 
o adolescente ficar em uma instituição, sob a tutela do estado. Contempla a realização de 
atividades externas, conforme o Art. 120 do ECA, devendo a escolarização e a profissionalização 
serem realizadas utilizando os recursos existentes na comunidade (OLIVEIRA; MOEBUS, 2018, 
p. 175). 
OBJETIVOS 
 
 Problematizar a interface entre Direito e Psicologia apresentando 
alguns impasses, dificuldades e possibilidades. 
 Apresentar o contexto histórico da Psicologia Jurídica. 
 Apontar algumas contribuições da Psicologia para o Direito. 
 Refletir sobre a prática a partir de uma intervenção no coletivo de 
adolescentes em cumprimento da medida socioeducativa de 
 
 
UNIDADE II – INTERFACE ENTRE DIREITO E PSICOLOGIA 
APRESENTAÇÃO 
 
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1. Interface entre Direito e Psicologia 
 
 
 
Interface? 
O que isso quer dizer? 
 
 
 Sobre a questão da interface, (GARCIA, 2004) nos apresenta a construção de 
um conceito. 
A localização e a abordagem da interface diferem da abordagem 
meramente interdisciplinar ou multidisciplinar. Em nossa proposta, uma 
vez reconhecida como crucial a vizinhança entre duas disciplinas 
científicas – cada uma com objeto de estudo e metodologia que lhe são 
próprios – tal vizinhança levaria à implicação entre elas, abrindo 
espaço para um novo objeto de estudos (GARCIA, 2004, p.1). 
 
 Se fôssemos destacar as expressões principais do conceito apresentado, 
poderiam ser as seguintes: 
 vizinhança entre duas disciplinas científicas; 
 cada uma com seu objeto de estudo e metodologia; 
 implicação (envolvimento, comprometimento) entre elas e 
 novo objeto de estudos. 
Podemos observar que se trata de um encontro entre duas disciplinas que, 
mesmo preservando a especificidade de sua metodologia, ambas se implicam em prol 
de uma situação. É a essa interface que a Psicologia e o Direito são convidados. 
 
Aceitam o convite? Por gentileza, respondam isso ao final desta 
Unidade. Mas para uma melhor compreensão do que o autor nos 
apresentou, definamos interdisciplinaridade e multidisciplinaridade. 
 
A atuação interdisciplinar requer construir uma prática político-
profissional que possa dialogar sobre pontos de vista diferentes, aceitar 
confrontos de diferentes abordagens, tomar decisões que decorram de 
posturas éticas e políticas pautadas nos princípios e valores 
estabelecidos nos Códigos de Ética Profissionais (CONSELHO 
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 27). 
 
 Dialogar, aceitar pontos de vista diferentes e isso influenciar no meu ponto de 
vista, vivenciar até mesmo alguns confrontos e tomar decisões balizadas eticamente, 
considerando a contribuição dessa diferença, eis o desafio desta Unidade. É importante 
ressaltar que o apontamento para a realização de um trabalho interdisciplinar está 
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relacionado à complexidade do objeto de trabalho, sendo que uma disciplina somente 
não daria conta, requerendo o olhar e intervenções de vários campos do saber, que com 
uma postura dialógica se aproximam uns dos outros e se deixam afetar por saberes 
diferentes, construindo, coletivamente, respostas diversificadas e mais qualificadas para 
as questões apresentadas. 
 Ainda relacionado ao trabalho conjunto de várias disciplinas, no entanto, numa 
outra vertente, está a multidisciplinaridade, que significa uma associação de disciplinas 
que trabalham conjuntamente, mas sem que cada disciplina tenha que modificar 
significativamente a sua própria visão das coisas. Trata-se de uma interação em menor 
proporção e intensidade que a interdisciplinaridade. 
 Abaixo se encontra um quadro comparativo com as principais características 
dessas duas formas de articulação entre disciplinas: 
 
Interdisciplinaridade Multidisciplinaridade 
- aproximação de diferentes 
disciplinas para a solução deproblemas específicos. 
 
- aproximação de diferentes 
disciplinas para a solução de 
problemas específicos. 
 
- compartilhamento de metodologia. 
 
- diversidades de metodologias: 
cada disciplina fica com a sua 
metodologia. 
- geração de novas disciplinas após 
muita cooperação. 
 
- os campos disciplinares, embora 
cooperem, guardam suas 
fronteiras e ficam imunes ao 
contato. 
 
- intensidade das trocas entre os 
profissionais e integração real dos 
conhecimentos dessas diferentes 
profissões. 
- tem-se apenas uma simples 
coexistência, realizando apenas 
um agrupamento. 
 
 
Apresentados os conceitos de interdisciplinaridade e multidisciplinaridade 
voltemos à interface. O autor nos disse que ela se difere dos dois outros conceitos, em 
especial, no que se refere ao nível de implicação, apresentando um nível ainda maior 
que o da interdisciplinaridade. 
Compreendido este ponto, passemos para o contexto histórico da Psicologia 
Jurídica. 
 
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 7 
2. Contexto histórico da Psicologia Jurídica 
 
Para discorrermos sobre o contexto histórico da Psicologia Jurídica, 
primeiramente apresentaremos alguns elementos sobre a história da Psicologia. A 
regulamentação da profissão de psicólogo ocorreu em 1962, através da Lei n.º 4119 de 
27 de agosto de 1962. A partir de então, ficou estabelecido que dia 27 de agosto se 
comemora o dia do psicólogo. Está previsto na referida Lei, no Art. 13, sobre o exercício 
da profissão de Psicologia que: “§ 2º É da competência do Psicólogo a colaboração em 
assuntos psicológicos ligados a outras ciências” (BRASIL, 1962). Sendo assim, desde 
a sua regulamentação, além de delimitar o campo privativo da psicologia, ficou 
demarcado que ela estabeleceria ligações com outros campos de saber. 
 
Para acessar a Lei na íntegra clique em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm 
 
 
Assim que se deu a sua regulamentação, a formação e a atuação do psicólogo 
estruturavam-se em torno de três principais áreas: a clínica, a escolar e a industrial. Na 
área clínica, a perspectiva era somente de atendimentos individualizados e curativos, 
visando o ajustamento do sujeito, sem considerar ou refletir acerca do sofrimento 
provocado pelo contexto de desigualdade social. Isso acarretou críticas relativas ao 
caráter elitista e individualista da Psicologia. De acordo com Ribeiro e Guzzo (2014) a 
principal crítica feita é que a Psicologia tradicional serviu como ferramenta ideológica 
para a manutenção do modo de produção capitalista e favorecimento da classe 
dominante, contribuindo para a discriminação, opressão e negligência. 
As críticas recebidas e as expressivas mudanças no cenário social, dentre elas 
citemos a promulgação da Constituição brasileira de 1988 e a implementação de 
diversas políticas públicas no campo da seguridade social, inaugura-se na Psicologia 
um movimento de abertura aos novos campos de atuação, em contraposição ao modelo 
clínico tradicional. A preocupação com o contexto histórico e político do país trouxe 
como consequência não simplesmente a inserção do psicólogo nas políticas sociais, 
mas a discussão do que realmente a psicologia tem a contribuir nesses novos contextos, 
obrigando a um compromisso social da profissão. 
Após a década de 90, constata-se uma inserção crescente do profissional de 
Psicologia no campo das políticas públicas, em especial o da Assistência Social. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm
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 8 
 
 
 Waclaw Radecki 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para saber mais leia: 
http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/revista_ppp/article/viewFile/837/651 
 
 
O foco do trabalho do psicólogo passou a ser a subjetividade política dos 
usuários, deixando de trabalhar somente nos consultórios para intervir em serviços, 
programas e projetos sociais, de forma interdisciplinar, tendo como diretriz central a 
garantia dos direitos dos cidadãos e a construção do protagonismo e da autonomia. 
 
E quando começou o diálogo da Psicologia com o Direito? 
 
Quem nos contará essa história será Sonia Liane Reichert Rovinski (2009). 
 
Os dados de história mais remotos divulgados quanto à Psicologia 
Jurídica restringem-se a profissionais e serviços prestados no Estado 
do Rio de Janeiro. Neste estado, a história da Psicologia Jurídica 
aparece vinculada diretamente ao surgimento da Psicologia (p.11). 
 
Nessa citação, a autora não nos apresenta uma data, mas na sequência ela 
relata, a partir da contribuição de Jacó-Vilela (1999), que vários profissionais 
estrangeiros chegaram ao Brasil e contribuíram para a Psicologia Jurídica. Citemos um 
deles: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atentemo-nos para a data citada relacionada a iniciativas da Psicologia Jurídica: 
1920, anterior à regulamentação da Psicologia em 1962. 
 
 
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931982000100001 
Chegou ao Brasil em 1920 e criou o 
laboratório de Psicologia da Colônia de 
Psicopatas de Engenho de Dentro, no RJ; 
 
 
http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/revista_ppp/article/viewFile/837/651
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931982000100001
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 9 
 
 
 Eliezer Schneider 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outro importante precursor da Psicologia Jurídica foi Eliezer Schneider, um dos 
primeiros brasileiros com formação acadêmica em Psicologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rovinski (2009) registrou que, após a regulamentação da Psicologia, Eliezer 
Schneider passou a trabalhar em alguns cursos de formação e sempre procurou inserir 
na grade curricular a disciplina de Psicologia Jurídica. Além da sua atuação na 
academia, ele ampliou a concepção que marcou inicialmente a Psicologia Jurídica que 
consistia na aplicação de testes e estudos de laboratório para identificar a personalidade 
do autor de um crime. Ele preocupou-se com as influências sociais, culturais e 
econômicas também. 
Segundo a autora, algumas iniciativas marcaram o início da Psicologia Jurídica 
pelo Brasil, após 1962: 
 São Paulo: 1978 ocorreu o 1º concurso público para psicólogos 
trabalharem no Instituto de Medicina Social e Criminológica. 
Com formação inicial em Direito, depois dirigiu 
seu interesse à Medicina Legal e à Psicologia. 
Em 1941 ele ingressou no Instituto de 
Psicologia, vinculado à Universidade Federal do 
Brasil (atual Universidade Federal do Rio de 
Janeiro). 
 
 
Fonte: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2015/03/100anos.pdf 
 
Quero ainda chamar a atenção de vocês, alunos do curso de 
Direito, para Eliezer Schneider, inicialmente formado na mesma 
área de vocês e foi um dos pioneiros na interlocução da Psicologia 
com o Direito. Essa conversa é antiga e iniciada também pelo 
Direito, o que mais uma vez justifica a sua importância! 
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2015/03/100anos.pdf
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 10 
 Porto Alegre: 1966, ocorreu o início das atividades junto ao Instituto 
Psiquiátrico Forense. 
 Paraná: iniciou-se o trabalho com egressos do sistema prisional. 
 Santa Catarina: década de 70, iniciou-se o trabalho com presos adultos 
e jovens vinculados à Fundação Catarinense de Bem-Estar do Menor. 
 Minas Gerais: 1987, ocorreu a inserção do psicólogo no quadro de 
oficiais da Polícia Militar. 
Importante observarmos que as iniciativas foram diferentes em cada estado, mas 
tiveram como ponto em comum serem em áreas que não estavam relacionadas ao 
Poder Judiciário, aonde o ingresso dos psicólogos ocorreu um pouco mais tarde. Cita-
se como exemplo, em Minas Gerais,em 2001, a oficialização no Tribunal de Justiça do 
Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental 
Infrator – PAI-PJ, através da Portaria Conjunta nº 25/2001 e regulamentado pela 
Resolução Nº 633/2010. A discussão do louco infrator será o tema da próxima 
Unidade. 
 
Para saber mais acesse: Resolução 633/2010: 
http://www8.tjmg.jus.br/institucional/at/pdf/re06332010.pdf 
 
Ou o livro sobre o Programa: 
https://bd.tjmg.jus.br/jspui/bitstream/tjmg/54/4/ISBN_9788598923055.pdf 
 
Registrar que as iniciativas de Psicologia jurídica primeiramente ocorreram em 
diversas instituições para mais tarde se dar o ingresso dos psicólogos no Judiciário é 
oportuno para diferenciarmos a Psicologia jurídica da Psicologia forense. A última tem 
lugar nos Fóruns e Tribunais de Justiça e está voltada para as situações que envolvem 
julgamentos, testemunhos etc. A Psicologia jurídica, por sua vez, tem um leque amplo, 
indo desde a pesquisa acadêmica e a produção de conhecimento teórico até a 
intervenção e o trato com autores de ato infracional, pessoas em privação de liberdade, 
pessoas em situação de violação de direitos, etc. 
Nos dias atuais, a Psicologia Jurídica já é uma área consolidada de atuação do 
psicólogo brasileiro, segundo Rovinski (2009). Consta a atribuição do Psicólogo Jurídico 
na Resolução 013/2007 do Conselho Federal de Psicologia – CFP, da qual citamos um 
trecho: 
 
Atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e execução 
de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, 
centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado 
não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de 
tal intervenção, para possibilitar a avaliação das características de 
personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial, além de 
http://www8.tjmg.jus.br/institucional/at/pdf/re06332010.pdf
https://bd.tjmg.jus.br/jspui/bitstream/tjmg/54/4/ISBN_9788598923055.pdf
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 11 
contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis (CFP, 
2007). 
 
 
 
 
Para saber mais, assista o vídeo 
https://www.youtube.com/watch?v=f48OKJW0qeQ 
 
 
A atribuição do Psicólogo Jurídico definida pelo CFP, órgão responsável por 
regulamentar, orientar e fiscalizar o exercício profissional da Psicologia, descreve as 
ações que competem a esse profissional. Importante salientar a responsabilidade e ética 
que esse profissional deve ter tanto com os juristas com os quais trabalha, como 
também com os indivíduos que atende e que carecem da intervenção jurídica. 
Após termos conhecido um pouco mais do contexto histórico da Psicologia 
jurídica, abordaremos as contribuições que ela pode dar para o Direito. 
 
3. Contribuições da Psicologia para o Direito 
 
Conversarmos sobre as contribuições da Psicologia para o Direito, requer 
refletirmos um pouco sobre a abertura dos profissionais e estudantes de Direito para 
essa contribuição. Quando os profissionais têm disponibilidade para revisitar e 
aprimorar suas ações, com base no conhecimento compartilhado com diferentes 
profissionais, realizam troca de saberes e constroem práticas interdisciplinares mais 
colaborativas, ricas e flexíveis. 
 
Do Juiz não há de se exigir o domínio das diversas áreas do 
conhecimento humano. No entanto, por possuir o mister de dizer o que 
tem como certo diante do caso específico, não possuindo 
conhecimento técnico para a resolução de uma questão, deve buscar 
elucidação com pessoas que o detêm, a fim de bem decidir a questão 
conflituosa (PIZZOL, 2009, p. 26). 
 
O Código de Processo Civil, Lei n.º 13.105 de 16 de março de 2015, está em 
consonância com a afirmação acima. Citemos o Art. 465 que menciona sobre a perícia 
judicial, uma atividade técnica realizada por um especialista que é juntada aos autos, 
podendo ampliar o campo das provas, contribuindo para a decisão da causa. “O juiz 
nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a 
entrega do laudo”. A perícia pode ser requisitada pelas partes ou pelo Ministério Público 
também. Conversaremos mais sobre perícia na Unidade 6. 
https://www.youtube.com/watch?v=f48OKJW0qeQ
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.105-2015?OpenDocument
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 12 
Nessa mesma linha de assessoria à Magistratura está o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), Lei 8.069, que em seu Art. 150 estabelece: “Cabe ao Poder 
Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para 
manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e 
da Juventude” (BRASIL, 1990). Essa legislação salienta ainda a competência da equipe 
na realização desse trabalho interdisciplinar, destacando que é fornecer subsídios à 
autoridade judiciária e desenvolver trabalhos, dentre eles, de aconselhamento, 
orientação, encaminhamento e prevenção. 
Além das legislações citadas acima, o Magistrado pode buscar fundamentar a 
sentença com a assistência do Psicólogo em vários campos do Judiciário. Vejamos: 
 Acolhimento familiar ou vítima de violência; 
 Alocação em famílias substitutas; 
 Nas demandas que envolve guarda, tutela ou adoção; 
 Nas varas de família e sucessões; 
 Na justiça do trabalho; 
 Dentre outros. 
 
 
Curiosidade: No Rio de Janeiro, através da iniciativa individual 
de um Juiz, foi criado o Núcleo de Psicologia na 2ª Vara da 
Infância e Juventude, a partir do artigo 150 do ECA, segundo 
Rovinski (2009). 
 
 
Segundo Garcia (2004) “Os juízes que exercem atividades nas varas da Infância 
e Juventude, nas varas de Família podem solicitar do profissional de Serviço Social, do 
educador, do psicólogo estudo e intervenção no real do grupo familiar”. Nesse sentido 
também, o diálogo entre o Direito e a Psicologia é de fundamental importância. 
 
 Só nesta Unidade, destacamos duas iniciativas de profissionais do Direito 
(Eliezer Schneider e o Juiz do Rio de Janeiro) que demonstraram abertura e foram 
propositivos na interface com outros campos do conhecimento, sendo a Psicologia 
um deles. E você? Qual será o seu posicionamento em relação a essa interface nas 
situações em que irá trabalhar? 
 
Vimos na primeira Unidade que tanto os profissionais do Direito como os da 
Psicologia, orientados pela Psicanálise, demarcam em suas ações, em alguma medida, 
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 13 
o campo simbólico. E nesse sentido, o Direito traz uma contribuição fundamental para 
a nossa sociedade: 
 
É para isso que existe o direito. Para nos forçar a trocar a justiça rápida, 
de Lynch, linchamento, decisão de pedradas, machadadas, pauladas 
e cacetadas, traumas reais, por traumas simbólicos, traumas de 
palavras. Em vez da última paulada, teremos, se preciso for, a última 
palavra, a decisória, a sentença sem mais recursos (SILVA, 2011, p. 
257). 
 
E a psicanálise? “[...] psicanálise é a cura pela palavra. [...] Se é uma cura pela 
fala, é preciso falar e dar a isso um tratamento. É, pois, um tratamento do sofrimento de 
cada um em sua singularidade, de algo que afeta um a um” (SILVA, 2011, p. 252). 
Rovinsk (2009) concorda com o que foi citado por Silva (2011) e acrescenta que 
possibilitar que a subjetividade chegue aos autos é um ato ético-político2 do psicólogo. 
 
[...] o psicólogo tem a possibilidade de levar aos autos do processo 
judicial a realidade psicológica da vítima, que, até então, poderia 
passar despercebida. Deixar desassistidas essas vítimas em relação a 
uma perícia que retrate suas necessidades é impedir que reivindiquem 
seus direitos (ROVINSK, 2009, p. 19). 
 
Um ponto em comum entre essas duas áreas, então, é trazer a palavra para a 
cena, intervindo sobre um ato, ou seja, busca-se intervir em algo que se apresentou 
como um excesso para o sujeito, podendo impactar no seu modo de estabelecer o laço 
social, inclusive. Assim, propomosuma interlocução entre direito e psicanálise, 
desafiados por uma ordem simbólica, na qual não há mais muro que barre o gozo3 
(CORDEIRO; COHEN, 2012, p. 7). Na sociedade contemporânea vivemos o “tudo é 
permitido”, sendo assim, fica mais difícil encontrarmos referenciais que nos auxiliem na 
contenção desse excesso para o sujeito. 
Vale ressaltar que as intervenções sobre um ato, mencionadas acima, são 
diferentes em suas concepções quando realizadas pelos profissionais do Direito e da 
Psicologia: uma embasada no sujeito do direito (se pede que alguém diga tudo, porém, 
apenas a verdade e nada mais que isso) e a outra no sujeito do desejo (onde o 
inconsciente e suas manifestações são acolhidos, sendo um material primoroso para o 
trabalho psíquico). 
A diferença de concepção, assim como os limites no alcance das intervenções 
na prática profissional não podem nos fazer perder de vista a potencialidade e a 
preciosidade desse encontro entre a Psicologia e o Direito, encontro que não se dá sem 
 
2 Uma atuação comprometida com a promoção de direitos, de cidadania, da saúde, com a 
promoção da vida e que leve em conta o contexto no qual vive a população. 
3 Modo de viver. 
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 14 
alguns desencontros. França (2004) enfatiza que a interface entre a Psicologia e o 
Direito implica em alguns impasses e dificuldades, mas também em possibilidades. 
Nessa mesma linha de reflexão, se posicionaram Ramires, Passarini e Santos (2009): 
 
[...] as instituições judiciárias trabalham para objetivar o subjetivo, 
normatizando-o através das regras do Direito. Desta forma, a lei geral 
é diferente das leis particulares de cada um. Porém, se isso pode 
significar um impasse ou dificuldade, ao mesmo tempo legitima que 
exista um campo de interdisciplinaridade entre o Direito e a Psicologia 
(p. 210). 
 
 
4. Refletindo sobre a prática 
 
Apresentaremos agora uma intervenção que ocorreu com um grupo de 
adolescentes em cumprimento da medida socioeducativa de Semiliberdade, na 
interface do Direito com a Psicologia. A experiência que será relatada encontra-se 
registrada no ebook, volume 1, do 1º Congresso Internacional de Direito e Psicanálise 
com o tema: A criminologia em questão. Tanto o evento como o ebook foram 
organizados pela Profa. Andréa Guerra [et. al.]. 
A experiência refere-se a prática vivenciada e formalizada por mim, Profa. 
Adriana Timóteo de Oliveira e pela Profa. Thereza Christina Narciso Moebus, Professora 
das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros - FIP/MOC. 
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 15 
Segue o registro: 
 A unidade de semiliberdade estava com 13 adolescentes em 
cumprimento de medida, no ano de 2004, o que significava que todas as vagas 
disponíveis estavam ocupadas. Salienta-se que a estrutura física da unidade 
consistia em uma casa dividida em três quartos para os adolescentes, uma sala, 
uma cozinha, dois banheiros, uma área na parte da frente e dos fundos da casa 
e o almoxarifado. Havia ainda um outro quarto que se transformara numa sala 
para a equipe de trabalho. 
Em determinado dia, num final de tarde em que todos os adolescentes se 
encontravam na unidade, eles apresentaram uma agitação que consistiu em 
correr pela unidade batendo nas portas e armários, ativar a válvula do gás de 
cozinha para que vazasse, além de abrir as torneiras das pias e tanques. Diante 
das intervenções dos educadores, os adolescentes continuavam apresentando o 
mesmo comportamento e essa agitação, em certa medida, passou a irritar os 
profissionais. 
A equipe propôs a aplicação das sanções previstas no Regime Disciplinar 
para a infração relacionada à promoção de desordem ou balbúrdia, que, em 
âmbito coletivo, poderia ser a restrição de algum equipamento eletroeletrônico, 
por exemplo. A coordenação, orientada pela psicanálise, convidou toda equipe a 
compreender melhor a situação, buscando fazer uma escuta e leitura do que 
ocorria. Foi observado que um adolescente, o mais quieto de todos, inclusive, 
era quem liderava o movimento, sendo que a maioria dos que se mostravam 
agitados se submetiam aos seus comandos, “iam na pilha”, como disse um 
educador. 
A equipe sabia que poderia agir com o “uso da força” simbólica na 
tentativa de silenciar a agitação, todavia, a intervenção realizada, pautada na 
contribuição da psicanálise e na proposta metodológica salesiana, foi orientada 
de outro modo. Buscou-se a tentativa de fazer circular a palavra, a partir de um 
convite: falar sobre o mal-estar instaurado e denunciado via atuações. 
Ao invés das sanções, acionamos um dispositivo também previsto no 
regimento interno, a Assembleia: espaço construtivo e deliberativo que ocorria 
mensalmente para o estabelecimento de acordos internos que visavam melhorar 
o funcionamento da unidade possibilitando, assim, a circulação da palavra e o 
estabelecimento de um compromisso coletivo, tanto na proposição, como na 
viabilização das deliberações estabelecidas. Nesse momento, foi formada uma 
Assembleia em caráter extraordinário, com a presença dos adolescentes, da 
equipe de trabalho e da equipe gestora da semiliberdade” (OLIVEIRA; MOEBUS, 
2018, p. 176). 
 
Paremos um pouco o relato para apresentar o ponto de vista de (CORDEIRO; 
COHEN, 2012) que está em concordância sobre a importância da escuta, da palavra e 
da negociação. 
 
Nessas relações ancoradas na violência, a agressão parece ocupar o 
lugar onde a negociação falha. Em nosso entendimento, “negociar 
exige uma temporalidade que inclui a resposta do outro, implica, 
sobretudo que esta resposta seja escutada”. E, quando a escuta 
parece não ser possível, o ato violento se encarrega de ocupar o lugar 
de “negociador” dessas relações (CORDEIRO & COHEN, 2012, p. 7). 
 
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 16 
 Essa foi a nossa aposta: ao invés de inicialmente aplicar as medidas disciplinares 
previstas no Regimento Interno da Unidade de Semiliberdade, convidamos os 
adolescentes para falarem e estaríamos atentos, enquanto equipe, para escutá-los. Há 
momentos em que é possível intervir diante de um ato de formas diferentes que não 
seja, necessariamente, aplicando uma sanção de imediato, mas chamando o sujeito a 
responder por seu ato, a dizer sobre ele, podendo se responsabilizar por ele. 
Dando prosseguimento ao relato: 
 
“[...] durante a reunião, denominada como “Assembleia”, os 
adolescentes relataram que queriam conversar com a Juíza, autoridade 
responsável pela aplicação da medida socioeducativa imposta, pois, 
somente ela poderia determinar quando ocorreria a sua finalização. Um 
dos adolescentes, o que liderava a agitação, verbalizou que achava que 
somente “aprontando” eles poderiam acessar a Juíza. 
Ele ainda disse que sabia que a equipe técnica da semiliberdade 
enviava, periodicamente, relatórios para a Juíza e falava dos progressos 
que eles apresentavam, mas queria ter acesso a ela, queria falar 
diretamente com ela. Diante disso, ficou acordado que seria realizado um 
planejamento entre adolescentes e equipe para que esse convite fosse 
feito à Juíza e também ao representante da Promotoria de Justiça. A 
proposta era desse encontro e conversa ocorrerem na unidade de 
semiliberdade. 
Os adolescentes, juntamente com a profissional do direito da 
semiliberdade, elaboraram um documento para convidar as autoridades 
citadas. O referido documento foi assinado pelos adolescentes. Eles 
elaboraram a pauta da conversa, escolheram uma música (RAP) para ser 
tocada no momento do encontro (com letra que convidava a uma reflexão 
acerca das injustiças sociais) e organizaram o espaço físico da unidade 
para o dia. A pauta elencava pontos relacionados ao tempo de 
cumprimento de medida de cada um deles e também a opinião crítica de 
um adolescente em relação ao modo de administração do Governo, 
principalmente, no que se refere à segurança pública: “Ao invés do 
Governo ficar construindo maiscadeias, com muros cada vez mais altos, 
deveria investir mais na saúde e na educação, para não precisarmos 
contar com o auxílio das pessoas do tráfico.”. O adolescente continuou: 
“Nós estamos aqui, na semiliberdade, podendo parar para pensar na 
nossa vida e nas nossas escolhas, enquanto isso tem vários de nossos 
irmãozinhos morrendo no morro nesse momento, sem nem ter a 
oportunidade de parar para pensar!” (OLIVEIRA; MOEBUS, 2018, p. 179). 
 
 
 
O que podemos aprender com essa experiência? De acordo com o que 
estudamos, vimos que algo novo é possível surgir quando há a interface entre a 
Psicologia e o Direito. O espaço da Assembleia já era algo previsto no Regimento 
Interno da Unidade, todavia, as “construções” e “invenções” em relação ao encontro dos 
adolescentes com os representantes do Sistema de Justiça foram inéditas e significativa 
para todos os envolvidos na experiência. É possível apostar nessa interface! 
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 17 
 
5. Sugestões de Leitura 
 
5.1 Artigo Eliezer Schneider: um esboço biográfico 
Um dos principais nomes citados nessa Unidade foi o de Eliezer 
Schneider, um dos pioneiros da Psicologia Brasileira que teve 
uma importância ímpar na implantação e reconhecimento da 
Psicologia Jurídica no Brasil. Sendo assim, sugiro a leitura de um 
artigo intitulado: “Eliezer Schneider: um esboço biográfico”, 
que traça o percurso profissional desse grande homem. 
Acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X1999000200009 
 
5.2 Ebook 
O ebook, volume 1, que consta alguns trabalhos que foram 
apresentados no 1º Congresso Internacional de Direito e 
Psicanálise com o tema: A criminologia em questão. O ebook foi 
editado pela Faculdade de Direito da UFMG. O relato da prática 
no item 4 desta Unidade foi retirado de um dos capítulos desse 
ebook, momento em que foi possível a formalização dessa 
experiência que vivenciei. Para acessar clique em: 
http://www.fafich.ufmg.br/psilacs/wp-content/uploads/2018/10/ebook-
1-PSICAN%C3%81LISE-E-CRIMINOLOGIA-HIST%C3%93RIA-
INTERFACES-E-ATUALIDADES.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1999000200009
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1999000200009
http://www.fafich.ufmg.br/psilacs/wp-content/uploads/2018/10/ebook-1-PSICAN%C3%81LISE-E-CRIMINOLOGIA-HIST%C3%93RIA-INTERFACES-E-ATUALIDADES.pdf
http://www.fafich.ufmg.br/psilacs/wp-content/uploads/2018/10/ebook-1-PSICAN%C3%81LISE-E-CRIMINOLOGIA-HIST%C3%93RIA-INTERFACES-E-ATUALIDADES.pdf
http://www.fafich.ufmg.br/psilacs/wp-content/uploads/2018/10/ebook-1-PSICAN%C3%81LISE-E-CRIMINOLOGIA-HIST%C3%93RIA-INTERFACES-E-ATUALIDADES.pdf
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Nesta Unidade, apresentamos a interface entre Direito e Psicologia. 
Definimos interface como o encontro entre dois campos do saber que mesmo 
respeitando a especificidade de cada metodologia se implicam diante de uma 
determinada situação, o que pode produzir uma nova forma de olhar para o 
objeto de estudo. Diferenciamos o conceito de interface dos conceitos de 
interdisciplinaridade e multidisciplinaridade, havendo uma proximidade maior 
entre interface e interdisciplinaridade. 
Apresentamos um pouco da história da Psicologia que foi regulamentada 
enquanto profissão em 1962 e, desde o seu início, vem repensando e 
modificando a sua forma de trabalho, atenta às questões de cada época. 
Discorremos sobre o contexto histórico da Psicologia jurídica, apontando 
iniciativas que começaram no Brasil por profissionais estrangeiros, antes 
mesmo da regulamentação da Psicologia. 
 As iniciativas em Psicologia jurídica ocorreram primeiramente em algumas 
instituições, como na Polícia Militar, no sistema penitenciário, nos 
manicômios, para mais tarde ocorrer a inserção do psicólogo no Poder 
Judiciário, vertente da Psicologia Forense. Salientamos artigos do Código de 
Processo Civil, bem como do Estatuto da Criança e do Adolescente que 
registram a importância do assessoramento ao Magistrado. Como também, a 
atuação profissional do Psicólogo Jurídico, descrita em resolução do 
Conselho Federal de Psicologia, ressalta que além da contribuição do seu 
trabalho aos Juízes, levando para os autos questões importantes acerca da 
subjetividade, é também fundamental a orientação às pessoas sobre as 
questões da justiça. 
Para concluir a Unidade, apresentamos uma intervenção que ocorreu com um 
grupo de adolescentes em cumprimento da medida socioeducativa de 
Semiliberdade, na interface do Direito com a Psicologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
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 19 
 
 
 
 
1. Marque (V) para a alternativa verdadeira e (F) para a falsa, fazendo a correção 
das alternativas falsas: 
 
a) ( ) Multidisciplinaridade significa o encontro de disciplinas que trabalham 
em conjunto, ocorrendo o compartilhamento de metodologias e geração de 
novas disciplinas. 
b) ( ) Interface quer dizer a aproximação entre disciplinas, cada uma com seu 
objeto de estudo e metodologia, ocorrendo a implicação entre elas e abrindo 
espaço para um novo objeto de estudo. 
c) ( ) Interdisciplinaridade pode ser compreendida como a aproximação de 
diferentes disciplinas, ocorrendo o compartilhamento de metodologias, 
cooperação e uma integração real. 
 
2. Qual o estado do Brasil foi apontado como o primeiro em que começaram as 
iniciativas da Psicologia Jurídica? Cite o nome dos autores e as datas. 
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________ 
 
3. Quem foi Eliezer Schneider? Qual a contribuição dele para a Psicologia Jurídica? 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
4. Qual é a contribuição da Psicologia para o Direito? 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
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1. 
a) (F) Multidisciplinaridade significa o encontro de disciplinas que trabalham em 
conjunto, ocorrendo o compartilhamento de metodologias e a geração de 
novas disciplinas. (Correção: Multidisciplinaridade significa o encontro de 
disciplinas que trabalham em conjunto, mas não ocorre o compartilhamento 
de metodologias e nem a geração de novas disciplinas). 
b) (V) Interface quer dizer a aproximação entre disciplinas, cada uma com seu 
objeto de estudo e metodologia, ocorrendo a implicação entre elas e abrindo 
espaço para um novo objeto de estudo. 
c) (V) Interdisciplinaridade pode ser compreendida como a aproximação de 
diferentes disciplinas, ocorrendo o compartilhamento de metodologias, 
cooperação e uma integração real. 
 
2. Foi o Rio de Janeiro. Waclaw Radecke, em 1920 e Eliezer Schneider, em 1941. 
 
3. Inicialmente formou-se em Direito, depois dirigiu seu interesse à Medicina Legal 
e à Psicologia. Em 1941 ingressou no Instituto de Psicologia, vinculado à 
Universidade Federal do Brasil (atual UFRJ). Depois de 1962 passou a trabalhar 
em alguns cursos de formação em Psicologia e sempreprocurou inserir na grade 
curricular a disciplina de Psicologia Jurídica. Ele ampliou a concepção que 
marcou inicialmente a Psicologia Jurídica que consistia na aplicação de testes e 
estudos de laboratório, considerando as influências sociais, culturais e 
econômicas. 
 
4. A partir da interface entre a Psicologia e o Direito, numa postura dialógica e 
colaborativa, se implicando com as questões que chegam para o campo jurídico, 
o psicólogo, quando realiza um trabalho para o Judiciário, pode levar ao 
conhecimento do Juiz as questões subjetivas que serão importantes serem 
consideradas na tomada de decisão. O Psicólogo pode ainda, a partir de uma 
demanda do Direito, realizar acompanhamento, orientação e encaminhamentos 
às famílias, dentre outras atividades. 
 
 
 
GABARITO 
 
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BRASIL. Lei n.º 4.119 de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação 
em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm>. Acesso em: 28 de jan. 
2020. 
BRASIL. Lei n.º 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança 
e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 28 de jan. 2020. 
BRASIL. Lei n.º 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 28 de jan. 2020. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, CFP. Resolução n.º 013/2007. Institui a 
Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em 
Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro. Disponível em: 
<https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-
2007.pdf>. Acesso em: 29 de jan. 2020. 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação de 
Assistentes Sociais na Política de Assistência Social. CFESS, Brasília: 2011. (Série: 
Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais). 38 p. Disponível em: 
<http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf>. Acesso em 29 
de jan. 2020. 
CORDEIRO, Elaine de Souza; COHEN, Ruth Helena Pinto. Crime ou parceria amorosa 
violenta: Interlocuções entre psicanálise aplicada e direito. Opção Lacaniana online, 
Ano 3, Número 7, março 2012. 9 p. Disponível em: 
<http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_7/Crime_ou_parceria_amorosa_viole
nta.pdf>. Acesso em 28 de jan. 2020. 
Dicionário informal. Disponível em: 
<https://www.dicionarioinformal.com.br/patologiza%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em 
29 de jan. 2020. 
FRANÇA, F. Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu panorama no Brasil. Psicologia: 
Teoria e Prática. V. 6, n.1, p. 73-80, 2004. Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1516-
36872004000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 27 de jan. 2020. 
GARCIA, Célio. Psicologia Jurídica: Operadores do simbólico. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2004. 160 p. 
JACÓ-VILELA, Ana Maria. Eliezer Schneider: um esboço biográfico. Estudos de 
Psicologia, v.4, n.2, jul/dez. 1999. p. 331-350. 
OLIVEIRA, Adriana Timóteo; MOEBUS, Thereza Christina Narciso. A conversação dos 
adolescentes de uma unidade de semiliberdade acolhida no dispositivo da assembleia. 
REFERÊNCIAS 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
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https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf
http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf
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https://www.dicionarioinformal.com.br/patologiza%C3%A7%C3%A3o/
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1516-36872004000100006&lng=pt&nrm=iso
 ead.faminas.edu.br 
 
 
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Psicanálise e criminologia: história, interface e atualidades [recurso eletrônico] / 
Andréa Guerra … [et al.] (organizadoras). – 1. ed. – Belo Horizonte: Faculdade de Direito 
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PIZZOL, Alcebir Dal. Perícia psicológica e social na esfera judicial: aspectos legais e 
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Psicologia Jurídica: Perspectivas teóricas e processos de intervenção. São Paulo: 
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RAMIRES, Vera Regina Röhnelt; PASSARINI, Daniele Simone; SANTOS, Larissa 
Goulart. O atendimento psicológico de crianças e adolescentes solicitado pelo poder 
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RIBEIRO, Maisa Elena; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Psicologia no Sistema Único de 
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ROVINSKI, Sonia Liane Reichert. Psicologia Jurídica no Brasil e na América Latina: 
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SILVA, Cyro Marcos. Algumas questões sobre o Direito. In: BEMFICA, Aline Guimarães 
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p. 249-264. 
 
http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/revista_ppp/article/viewFile/837/651

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