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Unidade 2 Resumo

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Interface entre Direito e Psicologia
Sobre a questão da interface, (GARCIA, 2004) nos apresenta a construção de um conceito. 
A localização e a abordagem da interface diferem da abordagem meramente interdisciplinar ou multidisciplinar. Em nossa proposta, uma vez reconhecida como crucial a vizinhança entre duas disciplinas científicas – cada uma com objeto de estudo e metodologia que lhe são próprios – tal vizinhança levaria à implicação entre elas, abrindo espaço para um novo objeto de estudos.
Se fôssemos destacar as expressões principais do conceito apresentado, poderiam ser as seguintes: 
· vizinhança entre duas disciplinas científicas; 
· cada uma com seu objeto de estudo e metodologia; 
· implicação (envolvimento, comprometimento) entre elas e 
· novo objeto de estudos. 
Mas para uma melhor compreensão do que o autor nos apresentou, definamos interdisciplinaridade e multidisciplinaridade. 
A atuação interdisciplinar requer construir uma prática político-profissional que possa dialogar sobre pontos de vista diferentes, aceitar confrontos de diferentes abordagens, tomar decisões que decorram de posturas éticas e políticas pautadas nos princípios e valores estabelecidos nos Códigos de Ética Profissionais (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 27).
Importante ressaltar que o apontamento para a realização de um trabalho interdisciplinar está relacionado à complexidade do objeto de trabalho, sendo que uma disciplina somente não daria conta, requerendo o olhar e intervenções de vários campos do saber, que com uma postura dialógica se aproximam uns dos outros e se deixam afetar por saberes diferentes, construindo, coletivamente, respostas diversificadas e mais qualificadas para as questões apresentadas.
Ainda relacionado ao trabalho conjunto de várias disciplinas, no entanto, numa outra vertente, está a multidisciplinaridade, que significa uma associação de disciplinas que trabalham conjuntamente, mas sem que cada disciplina tenha que modificar significativamente a sua própria visão das coisas. Trata-se de uma interação em menor proporção e intensidade que a interdisciplinaridade.
	Interdisciplinaridade
	Multidisciplinaridade
		
aproximação de diferentes disciplinas para a solução de problemas específicos. 
		
aproximação de diferentes disciplinas para a solução de problemas específicos. 
	 
compartilhamento de metodologia. 
	
diversidades de metodologias: cada disciplina fica com a sua metodologia. 
		
	Geração de novas disciplinas após muita cooperação.
	
	
	Os campos disciplinares, embora cooperem, guardam suas fronteiras e ficam imunes ao contato.
	Intensidade das trocas entre os profissionais e integração real dos conhecimentos dessas diferentes profissões.
	Tem-se apenas uma simples coexistência, realizando apenas um agrupamento.
Apresentados os conceitos de interdisciplinaridade e multidisciplinaridade voltemos à interface. O autor nos disse que ela se difere dos dois outros conceitos, em especial, no que se refere ao nível de implicação, apresentando um nível ainda maior que o da interdisciplinaridade.
Contexto histórico da Psicologia Jurídica
A regulamentação da profissão de psicólogo ocorreu em 1962, através da Lei n.º 4119 de 27 de agosto de 1962. Está previsto na referida Lei, no Art. 13, sobre o exercício da profissão de Psicologia que: “§ 2º É da competência do Psicólogo a colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências” (BRASIL, 1962). Sendo assim, desde a sua regulamentação, além de delimitar o campo privativo da psicologia, ficou demarcado que ela estabeleceria ligações com outros campos de saber.
Assim que se deu a sua regulamentação, a formação e a atuação do psicólogo estruturavam-se em torno de três principais áreas: a clínica, a escolar e a industrial. Na área clínica, a perspectiva era somente de atendimentos individualizados e curativos, visando o ajustamento do sujeito, sem considerar ou refletir acerca do sofrimento provocado pelo contexto de desigualdade social. Isso acarretou críticas relativas ao caráter elitista e individualista da Psicologia.
As críticas recebidas e as expressivas mudanças no cenário social, dentre elas citemos a promulgação da Constituição brasileira de 1988 e a implementação de diversas políticas públicas no campo da seguridade social, inaugura-se na Psicologia um movimento de abertura aos novos campos de atuação, em contraposição ao modelo clínico tradicional. A preocupação com o contexto histórico e político do país trouxe como consequência não simplesmente a inserção do psicólogo nas políticas sociais, mas a discussão do que realmente a psicologia tem a contribuir nesses novos contextos, obrigando a um compromisso social da profissão.
Após a década de 90, constata-se uma inserção crescente do profissional de Psicologia no campo das políticas públicas, em especial o da Assistência Social.
O foco do trabalho do psicólogo passou a ser a subjetividade política dos usuários, deixando de trabalhar somente nos consultórios para intervir em serviços, programas e projetos sociais, de forma interdisciplinar, tendo como diretriz central a garantia dos direitos dos cidadãos e a construção do protagonismo e da autonomia.
E quando começou o diálogo da Psicologia com o Direito?
Segundo Sonia Liane Reichert Rovinski (2009):
Os dados de história mais remotos divulgados quanto à Psicologia Jurídica restringem-se a profissionais e serviços prestados no Estado do Rio de Janeiro. Neste estado, a história da Psicologia Jurídica aparece vinculada diretamente ao surgimento da Psicologia (p.11). 
Nessa citação, a autora não apresenta uma data, mas na sequência ela relata, a partir da contribuição de Jacó-Vilela (1999), que vários profissionais estrangeiros chegaram ao Brasil e contribuíram para a Psicologia Jurídica. Citando um deles:
Waclaw Radecki: 
Chegou ao Brasil em 1920 e criou o laboratório de Psicologia da Colônia de Psicopatas de Engenho de Dentro, no RJ;
Outro importante precursor da Psicologia Jurídica foi Eliezer Schneider, um dos primeiros brasileiros com formação acadêmica em Psicologia.
Eliezer Schneider:
Com formação inicial em Direito, depois dirigiu seu interesse à Medicina Legal e à Psicologia. Em 1941 ele ingressou no Instituto de Psicologia, vinculado à Universidade Federal do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Após a regulamentação da Psicologia, Eliezer Schneider passou a trabalhar em alguns cursos de formação e sempre procurou inserir na grade curricular a disciplina de Psicologia Jurídica. Além da sua atuação na academia, ele ampliou a concepção que marcou inicialmente a Psicologia Jurídica que consistia na aplicação de testes e estudos de laboratório para identificar a personalidade do autor de um crime. Ele preocupou-se com as influências sociais, culturais e econômicas também. 
Algumas iniciativas marcaram o início da Psicologia Jurídica pelo Brasil, após 1962: 
· São Paulo: 1978 ocorreu o 1º concurso público para psicólogos trabalharem no Instituto de Medicina Social e Criminológica. 
· Porto Alegre: 1966, ocorreu o início das atividades junto ao Instituto Psiquiátrico Forense. 
· Paraná: iniciou-se o trabalho com egressos do sistema prisional. 
· Santa Catarina: década de 70, iniciou-se o trabalho com presos adultos e jovens vinculados à Fundação Catarinense de Bem-Estar do Menor. 
· Minas Gerais: 1987, ocorreu a inserção do psicólogo no quadro de oficiais da Polícia Militar. 
As iniciativas foram diferentes em cada estado, mas tiveram como ponto em comum serem em áreas que não estavam relacionadas ao Poder Judiciário, aonde o ingresso dos psicólogos ocorreu um pouco mais tarde.
Registrar que as iniciativas de Psicologia jurídica primeiramente ocorreram em diversas instituições para mais tarde se dar o ingresso dos psicólogos no Judiciário é oportuno para diferenciarmos a Psicologia jurídica da Psicologia forense. A última tem lugar nos Fóruns e Tribunais de Justiça e está voltada para as situações que envolvem julgamentos, testemunhos etc. A Psicologia jurídica, por suavez, tem um leque amplo, indo desde a pesquisa acadêmica e a produção de conhecimento teórico até a intervenção e o trato com autores de ato infracional, pessoas em privação de liberdade, pessoas em situação de violação de direitos.
Consta a atribuição do Psicólogo Jurídico na Resolução 013/2007 do Conselho Federal de Psicologia – CFP, da qual citamos um trecho: 
Atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção, para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis (CFP, 2007).
A atribuição do Psicólogo Jurídico definida pelo CFP, órgão responsável por regulamentar, orientar e fiscalizar o exercício profissional da Psicologia, descreve as ações que competem a esse profissional. Importante salientar a responsabilidade e ética que esse profissional deve ter tanto com os juristas com os quais trabalha, como também com os indivíduos que atende e que carecem da intervenção jurídica.
Contribuições da Psicologia para o Direito
Quando os profissionais têm disponibilidade para revisitar e aprimorar suas ações, com base no conhecimento compartilhado com diferentes profissionais, realizam troca de saberes e constroem práticas interdisciplinares mais colaborativas, ricas e flexíveis. 
Do Juiz não há de se exigir o domínio das diversas áreas do conhecimento humano. No entanto, por possuir o mister de dizer o que tem como certo diante do caso específico, não possuindo conhecimento técnico para a resolução de uma questão, deve buscar elucidação com pessoas que o detêm, a fim de bem decidir a questão conflituosa (PIZZOL, 2009, p. 26). 
O Código de Processo Civil, Lei n.º 13.105 de 16 de março de 2015, está em consonância com a afirmação acima. Citemos o Art. 465 que menciona sobre a perícia judicial, uma atividade técnica realizada por um especialista que é juntada aos autos, podendo ampliar o campo das provas, contribuindo para a decisão da causa.
Nessa mesma linha de assessoria à Magistratura está o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, que em seu Art. 150 estabelece: “Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude” (BRASIL, 1990). Essa legislação salienta ainda a competência da equipe na realização desse trabalho interdisciplinar, destacando que é fornecer subsídios à autoridade judiciária e desenvolver trabalhos, dentre eles, de aconselhamento, orientação, encaminhamento e prevenção. 
Além das legislações citadas acima, o Magistrado pode buscar fundamentar a sentença com a assistência do Psicólogo em vários campos do Judiciário. Vejamos: 
· Acolhimento familiar ou vítima de violência; 
· Alocação em famílias substitutas; 
· Nas demandas que envolve guarda, tutela ou adoção; 
· Nas varas de família e sucessões; 
· Na justiça do trabalho; 
2 Uma atuação comprometida com a promoção de direitos, de cidadania, da saúde, com a promoção da vida e que leve em conta o contexto no qual vive a população. 
3 Modo de viver. 
Um ponto em comum entre essas duas áreas, então, é trazer a palavra para a cena, intervindo sobre um ato, ou seja, busca-se intervir em algo que se apresentou como um excesso para o sujeito, podendo impactar no seu modo de estabelecer o laço social, inclusive. Na sociedade contemporânea vivemos o “tudo é permitido”, sendo assim, fica mais difícil encontrarmos referenciais que nos auxiliem na contenção desse excesso para o sujeito. 
Vale ressaltar que as intervenções sobre um ato, são diferentes em suas concepções quando realizadas pelos profissionais do Direito e da Psicologia: uma embasada no sujeito do direito (se pede que alguém diga tudo, porém, apenas a verdade e nada mais que isso) e a outra no sujeito do desejo (onde o inconsciente e suas manifestações são acolhidos, sendo um material primoroso para o trabalho psíquico). 
A interface entre a Psicologia e o Direito implica em alguns impasses e dificuldades, mas também em possibilidades. Nessa mesma linha de reflexão, se posicionaram Ramires, Passarini e Santos (2009): 
[...] as instituições judiciárias trabalham para objetivar o subjetivo, normatizando-o através das regras do Direito. Desta forma, a lei geral é diferente das leis particulares de cada um. Porém, se isso pode significar um impasse ou dificuldade, ao mesmo tempo legitima que exista um campo de interdisciplinaridade entre o Direito e a Psicologia (p. 210).
Atividades de fixação
1. Marque (V) para a alternativa verdadeira e (F) para a falsa, fazendo a correção das alternativas falsas: 
a) (F) Multidisciplinaridade significa o encontro de disciplinas que trabalham em conjunto, ocorrendo o compartilhamento de metodologias e a geração de novas disciplinas.
(Correção: Multidisciplinaridade significa o encontro de disciplinas que trabalham em conjunto, mas não ocorre o compartilhamento de metodologias e nem a geração de novas disciplinas). 
b) (V) Interface quer dizer a aproximação entre disciplinas, cada uma com seu objeto de estudo e metodologia, ocorrendo a implicação entre elas e abrindo espaço para um novo objeto de estudo. 
c) (V) Interdisciplinaridade pode ser compreendida como a aproximação de diferentes disciplinas, ocorrendo o compartilhamento de metodologias, cooperação e uma integração real. 
2. Qual o estado do Brasil foi apontado como o primeiro em que começaram as iniciativas da Psicologia Jurídica? Cite o nome dos autores e as datas. 
Foi o Rio de Janeiro. Waclaw Radecke, em 1920 e Eliezer Schneider, em 1941. 
3. Quem foi Eliezer Schneider? Qual a contribuição dele para a Psicologia Jurídica? 
Inicialmente formou-se em Direito, depois dirigiu seu interesse à Medicina Legal e à Psicologia. Em 1941 ingressou no Instituto de Psicologia, vinculado à Universidade Federal do Brasil (atual UFRJ). Depois de 1962 passou a trabalhar em alguns cursos de formação em Psicologia e sempre procurou inserir na grade curricular a disciplina de Psicologia Jurídica. Ele ampliou a concepção que marcou inicialmente a Psicologia Jurídica que consistia na aplicação de testes e estudos de laboratório, considerando as influências sociais, culturais e econômicas. 
4. Qual é a contribuição da Psicologia para o Direito? 
A partir da interface entre a Psicologia e o Direito, numa postura dialógica e colaborativa, se implicando com as questões que chegam para o campo jurídico, o psicólogo, quando realiza um trabalho para o Judiciário, pode levar ao conhecimento do Juiz as questões subjetivas que serão importantes serem consideradas na tomada de decisão. O Psicólogo pode ainda, a partir de uma demanda do Direito, realizar acompanhamento, orientação e encaminhamentos às famílias, dentre outras atividades.

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