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SUPORTE EMERGENCIAL À VIDA E O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MARCOS RODOLFO DA SILVA U N I D A D E 1 UNIDADE 1| INTRODUÇÃO Você sabia que a área de atendimento de primeiros socorros é uma das mais importantes no atendimento imediato hospitalar e é responsável pela grande quantidade de pacientes que possuem a chance de dar entrada em hospitais conseguirem atendimento adequado e especializado quando da necessidade. Fonte: Pixabay UNIDADE 1 | OBJETIVOS 1. Identificar os conceitos básicos sobre atendimento de primeiros socorros. 2. Conhecer as premissas dos direitos do paciente no atendimento. 3. Avaliar as prescrições padrões fundamentais durante o atendimento emergencial. 4. Compreender como atua o suporte básico à saúde. INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS Os primeiros socorros são os cuidados realizados de forma imediata, oferecidos à vítima de trauma, acidente ou, ainda, de mal súbito, com a finalidade de conservar as funções e evitar a piora da situação do paciente diante de suas condições até a chegada do suporte avançado. Fonte: Freepik Qualquer indivíduo que for treinado pode oferecer os atendimentos de primeiros socorros, realizando-os com serenidade, clareza e confiança. Manter a calma, a sensatez e a concentração na situação é indispensável. É de fundamental também que exista diálogo entre o profissional e o paciente. Então, em muitos casos, a ação de esclarecer ao indivíduo acidentado sobre seu estado, sua evolução e também como se encontra o quadro em que ele está, deve ocorrer com discernimento, para não gerar ansiedade ou pavor desnecessário, que pode até causar pânico na situação. O termo “primeiros socorros” é utilizado para destacar um conjunto de procedimentos empregados com a finalidade de resguardar vidas sob risco urgente e em situações que se classifiquem como de urgência ou emergência. Esses processos são executados geralmente por pessoas comuns, com princípios teóricos e práticos embasados nas técnicas utilizadas. As decisões e estratégias tomadas no atendimento de primeiros socorros devem ser reconhecidas e de fácil conhecimento a todos que se fazem presentes, a fim de ser manter o lado funcional das técnicas. Isso porque, quando acontece algum tipo de acidente, a situação de medo e pânico é muito grande e visível nas vítimas. Em alguns casos, também está presente em quem está realizando o atendimento de primeiro socorro, podendo atrapalhar bastante o atendimento. O processo de aprendizado do treinamento sendo realizado repetidas vezes subordinará o profissional socorrista à execução bem feita e bem utilizada em cada caso, transformando aquele tempo limitado em minutos bem gastos com a sequência correta e eficiente de ideias, que, na maioria das vezes, são o que determinam o resultado final do quadro do paciente e também o limite entre a vida e a morte. Primeiros socorros é um termo que podemos associar aos procedimentos utilizados e realizados de maneira básica e necessária, com o intuito de manter a condição de vida de um paciente até que este chegue a um centro hospitalar, um médico profissional ou uma equipe multiprofissional médica. Isso com a finalidade de conseguir oferecer tratamento específico ou que se enquadre nas necessidades de cada paciente que dá entrada. CONCEITOS BÁSICOS Socorrista é o profissional que passa por um treinamento mais específico e amplo que uma pessoa prestadora de socorro. Essa profissão já é regulamentada pelo Ministério da Saúde (MS), com base na Portaria n° 824, de 24 de junho de 1999. Fonte: Pixabay A urgência é o que conhecemos como casos que precisam de atendimento muito rápido, quase que imediato. A sua finalidade é tentar evitar complicações e dor. São exemplos casos de cólicas renais, que são bastante relatados. Emergência é quando temos algum caso ou situação que promove risco à vida, podendo ser de sofrimento bem forte ou risco de trauma permanente. Assim, existe a necessidade de tratamento quase que imediato de uma equipe médica. Podemos citar como exemplos de emergências: hemorragias, infartos que podem causar danos ao indivíduo e também a parada cardíaca. Os primeiros socorros são procedimentos e técnicas imediatas realizados em uma pessoa que se encontra com seu estado físico em perigo, com risco muito sério de morte. O objetivo é entender suas funções vitais e condições no momento, para, assim, evitar o agravamento de seu quadro até que receba assistência médica especializada ou de equipe multiprofissional. Acidentes são casos ou situações em que pessoas sofrem algum tipo de lesão grave ou não, podendo chegar ao óbito. Sintoma faz parte das informações dadas pelo paciente; ele fala o que sente. Sinal é a conclusão e informação a que se chega a partir do que a vítima relata que está sentindo. Por fim, o incidente é algum caso ou situação em que, ao contrário do acidente, não resulta em nenhum ferimento grave ou óbito, entretanto, pode causar algum dano futuro ao indivíduo. DIREITOS DO PACIENTE NO ATENDIMENTO Sabendo como acontecem os primeiros socorros e de alguns de seus principais conceitos, devemos entender também que aqueles pacientes que recebem os atendimentos e serviços oferecidos possuem direitos. Fonte: Wikimedia commons O profissional de socorro deve ter em mente que a vítima tem o direito de não aceitar o atendimento. Em casos de pacientes adultos, esse direito existe em situações em que eles possuam consciência e clareza do que está acontecendo. Dessa forma, confira na figura a seguir por que isso pode acontecer. Em casos como esses, a vítima não deve nem pode ser forçada a receber os atendimentos de primeiros socorros. É necessário, então, garantir que o atendimento de primeiros socorros particular e de escolha do paciente foi requerido. Ainda que o paciente não deseje receber o atendimento do profissional, é necessário que o socorrista continue monitorando a vítima e aplicando métodos de diálogo que conquistem a confiança do paciente. A finalidade da lei é o acolhimento à vida e à saúde, e a penalidade prevista é de encarceramento de um a seis meses de multa. No caso de a decorrência de omissão resultar em lesão grave, a pena será duplicada e, ainda, se o quadro do paciente chegar a óbito, a pena deve ser triplicada. Confira o que diz o Código Penal a esse respeito. Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte. (BRASIL, 1940, on-line) OS DIREITOS Sabendo da complexidade e importância da prática de atendimento em primeiros socorros, podemos citar algumas orientações do protocolo de cuidado no atendimento, são elas (FIOCRUZ, 2003): Fonte: Pixabay • Deslocar a vítima da fonte de perigo, seja ela corrente elétrica, água, incêndio. • Analisar a reação pupilar e o nível da voz ou tato. • Estabelecer se a vítima está consciente; e quando não estiver claramente consciente, analisar via aérea, respiração e circulação de maneira sistemática. • Quando acontecer de a vítima estar inconsciente ou ter sofrido traumatismo craniano bastante evidente ou preocupante, considerar caso de lesão da coluna e estabelecer a técnica própria e especializada para isso. • Retirar a vestimenta da vítima para buscar por feridas ou lesões cutâneas. • Requerer ajuda o mais rápido possível. • Ajudar com o transporte e avaliação e cuidados. • Estar ciente de que a intervenção imediata é necessária para condições de: • Respiração cansada. • Sangramento. • Parada respiratória. • Vias aéreas entupidas. Silveira e Moulin (2003, p. 84) reafirmam: O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concordacom o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. Sabendo que o cuidado especial é necessário para pacientes que sofrem lesão ou acidente e precisam de atendimento de primeiros socorros, mas esse cuidado deve vir de um profissional, essas são as atitudes que, segundo o protocolo de atendimento, uma pessoa não profissional pode fazer: tomar medidas de proteção, analise superficial do paciente, contatar serviço especializado e prezar pela segurança. Para que o local em que aconteceu o acidente não piore, é necessário notificá-lo para não cheguem a acontecer novos acidentes e até mesmo atropelame. Deve-se acionar o pisca-alerta de veículos próximos ao local ou sinalizar o carro de alguma maneira. A realidade mostra muitos obstáculos e, consequentemente, torna-se necessário rever a questão da saúde para todos e como alguns tipos de tratamento, como o atendimento humanizado, auxiliam no quadro de melhora dos pacientes e influenciam de maneira positiva para todos que fazem parte. PRESCRIÇÕES DO CUIDADO NO ATENDIMENTO EMERGENCIAL Inicialmente, devemos levar em consideração alguns aspectos de avaliação padrão, isso porque o profissional deve ter em mente que, assim que chegar ao local, deve ser feito um procedimento padrão que irá avaliar e verificar como está o quadro de saúde do paciente. Fonte: Freepik É imprescindível um comportamento meticuloso e detalhado para a avaliação de um paciente emergencial. Com assiduidade, a lesão mais importante e que chama atenção não é a mais grave. As avaliações são classificadas em tipos. As avaliações primária e secundária configuram uma abordagem organizada e sistemática para auxiliar a reconhecer e escolher as necessidades do paciente. A avaliação primária pode ser dividida em duas etapas. A inicial é chamada de avaliação inicial rápida e tem como finalidade reconhecer os problemas e quadros que têm risco de morte. Quando essa avaliação inicial é feita de modo muito ágil, rapidamente são detectadas as causas e em seguida já pode ser feita a fase secundária. O primeiro grau na avaliação primária é estabelecer se a vítima está consciente. Caso o paciente esteja consciente, a avaliação pode ter início. É evidente que não se encontram apenas casos leves e fáceis de serem tratados. Ocorrem e são registrados diversos acidentes graves. Para essas situações, o profissional socorrista deve estar preparado para seguir as instruções de atendimento. O profissional deve questionar e observar se o paciente possui lesão exposta, se suas vias respiratórias estão funcionando, o nível de consciência, como está a respiração, se o paciente possui pulso, presença ou ausência de hemorragia. AVALIAÇÃO PADRÃO Quando nos referimos à avaliação secundária, estamos falando de um exame meticuloso e organizado, mas que é realizado de maneira bem rápida na vítima, da cabeça aos pés. O objetivo é detectar as lesões, tornando-as prioridade, e encontrar sinais de condições clínicas que já estavam presentes. Fonte: Freepik No momento do exame deve ser realizado um questionário com perguntas que vão nortear para encontrar o foco. Após esse questionário, o profissional pode ter uma visão ampla de como começar a tratar o paciente que deu entrada, claro, com auxílio de outros métodos. Outro passo muito importante e indispensável é o monitoramento dos sinais vitais do paciente. Depois de realizar as perguntas iniciais e verificar os sinais vitais, é possível que a equipe médica possua uma ideia mais acertada do quadro clínico e quais vão ser as primeiras estratégias de tratamento. As duas últimas etapas da avaliação secundária incluem processos de avaliação do corpo por completo: cabeça, membros superiores, membros inferiores, ouvidos. Por último, ocorrem a avaliação e análise completa de todas informações, para que se possa chegar a uma conclusão acerca da avaliação secundária. SUPORTE BÁSICO À VIDA O enorme progresso tecnológico em todos os aspectos da realidade mundial expõe a população a mais vulnerabilidade a acontecimentos traumáticos de grande relevância. Da mesma maneira, também tem colaborado para resgatar muitas vidas com o auxílio de profissionais que contribuam para o desenvolvimento de descobertas no âmbito da saúde. Fonte: Freepik O suporte básico à vida (SBV) é a soma de competências intelectuais e mentais designadas à continuidade, assistência ou restauração da oxigenação, ventilação e movimentação em pacientes com quadros clínicos caracterizados por parada cardíaca, parada respiratória ou as duas. O SBV compreende inúmeros aspectos, que vão desde critérios de precaução relacionados de maneira direta à parada cardiorrespiratória (PCR) até a organização do suporte avançado à vida (SAV). SBV O primeiro elo tem como principais causas de óbito em crianças: • Trauma. • Septicemia. • Choque. • Parada cardiorrespiratória. • Síndrome da morte súbita.Fonte: Freepik Quando falamos de segundo elo, referimo-nos à ressuscitação cardiopulmonar precoce (RCP), com o enfoque nas compressões torácicas. Agora iremos falar a respeito do terceiro elo. Na faixa de idade de crianças e lactentes, o terceiro elo é composto pela rápida solicitação do SAMU ou algum outro serviço de urgência ou emergência que atenda de forma muito rápida e eficiente, quando a PCR não aconteceu na presença de alguma pessoa ou não é súbita. O quarto elo ocorre quando a equipe médica ou SAMU realiza manobras e técnicas avançadas no estado clínico do paciente, para que ele possa reagir e ser notada uma melhora. O quinto elo diz respeito aos cuidados pós-parada cardiorrespiratória completos e que são de extrema importância para a recuperação sem qualquer tipo de sequelas dos pacientes. O correto é que exista uma conexão integral entre os serviços de atendimento de urgência e emergência, participação de equipe multiprofissional, fazendo parte também o equipamento de suporte cardiorrespiratório e neurológico, com disponibilidade de serviço e atendimento de terapia intensiva, monitoramento e cuidado intensivo com os pacientes. OBRIGADO!
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