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Primeiros Socorros Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria MARCOS RODOLFO DA SILVA AUTORIA Marcos Rodolfo da Silva Olá! Sou graduado em Enfermagem, pós-graduado em Enfermagem do Trabalho, técnico em Radiologia e instrumentador cirúrgico pelo Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), em 2010, 2012 e 2008, respectivamente. Além disso, ao longo de minha carreira, participei de cursos na área de urgência e emergência e atuei como enfermeiro supervisor no Pronto Socorro Municipal Dr. Oscar Pirajá Martins, em São João da Boa Vista, São Paulo, entre 2011 e 2014. Atualmente, sou acadêmico do 5° ano do curso de Medicina no Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (Unifae), em São João da Boa vista/SP. Além disso, desenvolvo materiais didáticos como professor conteudista nas áreas de saúde pública, saúde do idoso, direito à saúde e a elas correlatas. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Introdução aos Primeiros Socorros ..................................................... 12 Conceitos Básicos ........................................................................................................................... 12 Direitos do Paciente no Atendimento ................................................. 21 Os Direitos ............................................................................................................................................. 21 Prescrições do Cuidado no Atendimento Emergencial ..............30 Avaliação Padrão ............................................................................................................................ 30 Suporte Básico à Vida ...............................................................................39 Suporte Básico à Vida (SBV) ................................................................................................... 39 9 UNIDADE 01 Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área de atendimento de primeiros socorros é uma das mais importantes no atendimento imediato hospitalar e é responsável pela grande quantidade de pacientes que possuem a chance de dar entrada em hospitais conseguirem atendimento adequado e especializado quando da necessidade. Sua principal responsabilidade é assegurar que as equipes de profissionais de primeiros socorros possuam conhecimento e experiência suficientes para garantir atendimento de qualidade e segurança em momentos de pânico e acidentes. Dentro dessa área, podemos citar vários aspectos que possuem muita importância, como: direitos, suportes, entre outros. Esses são encarregados de melhorar e fornecer mais recursos para a realização do atendimento de primeiros socorros. E, sabendo da importância, iremos mergulhar a fundo no tema e entender por que é necessário preparação para executar os serviços. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Animado? Vamos juntos! Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar os conceitos básicos sobre atendimento de primeiros socorros. 2. Conhecer as premissas dos direitos do paciente no atendimento. 3. Avaliar as prescrições padrões fundamentais durante o atendimento emergencial. 4. Compreender como atua o suporte básico de saúde. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Espero que, nesta unidade, você seja capaz de absorver o máximo possível do que será transmitido e alcance cada vez mais conhecimento e sabedoria, tornando-se um profissional capacitado! Ao trabalho! Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 12 Introdução aos Primeiros Socorros OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam e como identificar os conceitos básicos sobre atendimento de primeiros socorros. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram compreender como funciona o atendimento de primeiros socorros, sem a devida instrução, tiveram problemas ao tentar colocar em prática. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Avante! Conceitos Básicos Os primeiros socorros são os cuidados realizados de forma imediata, oferecidos à vítima de trauma, acidente ou, ainda, de mal súbito, com a finalidade de conservar as funções e evitar a piora da situação do paciente diante de suas condições até a chegada do suporte avançado. Qualquer indivíduo que for treinado pode oferecer os atendimentos de primeiros socorros, realizando-os com serenidade, clareza e confiança. Manter a calma, a sensatez e a concentração na situação é indispensável. É de fundamental também que exista diálogo entre o profissional e o paciente. Então, em muitos casos, a ação de esclarecer ao indivíduo acidentado sobre seu estado, sua evolução e também como se encontra o quadro em que ele está, deve ocorrer com discernimento, para não gerar ansiedade ou pavor desnecessário, que pode até causar pânico na situação. O termo “primeiros socorros” é utilizado para destacar um conjunto de procedimentos empregados com a finalidade de resguardar vidas sob risco urgente e em situações que se classifiquem como de urgência ou emergência. Esses processos são executados geralmente por pessoas comuns, com princípios teóricos e práticos embasados nas técnicas utilizadas. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 13 São técnicas e processos de emergência/urgência que devem ser empregados no socorro a uma pessoa que tem em perigo a sua vida, objetivando manter os sinais vitais e tornejando o agravo do quadro, até que ela receba assistência definitiva para seu tipo de atendimento. As decisões e estratégias tomadas no atendimento de primeiros socorros devem ser reconhecidas e de fácil conhecimento a todos que se fazem presentes, a fim de ser manter o lado funcional das técnicas. Isso porque, quando acontece algum tipo de acidente, a situação de medo e pânico é muito grande e visível nas vítimas. Em alguns casos, também está presente em quem está realizando o atendimento de primeiro socorro, podendo atrapalhar bastante o atendimento. Essa situação é muito comum em casosde profissionais que ainda não estão totalmente habituados com esse tipo de pressão. Figura 1 – Atendimento de primeiros socorros Fonte: Freepik O processo de aprendizado do treinamento sendo realizado repetidas vezes subordinará o profissional socorrista à execução bem feita e bem utilizada em cada caso, transformando aquele tempo limitado em minutos bem gastos com a sequência correta e eficiente de ideias, que, Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 14 na maioria das vezes, são o que determinam o resultado final do quadro do paciente e também o limite entre a vida e a morte. Todo indivíduo que tem a função de executar os atendimentos de primeiros socorros deve ter como objetivo e regra manter o cuidado com sua própria segurança no local de atendimento. Esses profissionais devem ter em mente que suas atividades desempenham uma evolução muito importante no quadro do paciente em questão. Não pode haver frequência de desentendimentos quando nos referimos a erros cometidos no local durante o processo de atendimento. Dessa forma, deve ser evitado que a pessoa acidentada seja apresentada irrelevantemente e muito exposta. Além disso, deve existir o sigilo sobre as informações características do quadro e também das informações pessoais que são informadas ao profissional, durante ou depois do atendimento. Sabemos da importância e da necessidade do atendimento de primeiros socorros, na figura a seguir você pode observar algumas dessas situações. Figura 2 – Situações de primeiros socorros Fonte: Elaborada pelo autor (2022). Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 15 São diversas as situações em que os atendimentos de primeiros socorros podem ser realizados. Nos exemplos do diagrama, ainda podem ser encaixadas inúmeras outras situações que se enquadram nesse tipo de atendimento. Muitos casos de atendimentos de primeiros socorros acontecem em pessoas que sofrem ou passam por determinada situação, por exemplo, ataque cardíaco. Primeiros socorros é um termo que podemos associar aos procedimentos utilizados e realizados de maneira básica e necessária, com o intuito de manter a condição de vida de um paciente até que este chegue a um centro hospitalar, um médico profissional ou uma equipe multiprofissional médica. Isso com a finalidade de conseguir oferecer tratamento específico ou que se enquadre nas necessidades de cada paciente que dá entrada. VOCÊ SABIA? Jean Henry Dunant, em 1859, foi o responsável por fundar e iniciar os procedimentos de primeiros socorros. A prática surgiu com a necessidade de oferecer cuidado e atendimento àqueles que faziam parte da guerra e, consequentemente, sofriam algum tipo de trauma ou ferimento durante esse período. Ainda que o atendimento fosse feito, muitas pessoas não conseguiam chegar ao menos a centros de atendimento ou à presença de uma equipe médica mais especializada. Diante disso, com o passar do tempo, as técnicas de primeiros socorros foram aprimoradas (CRUZ VERMELHA, 2002). Existem alguns conceitos que fazem parte do que conhecemos como atendimento de primeiros socorros, são eles: • Socorrista. • Urgência. • Emergência. • Primeiros socorros. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 16 • Acidentes. • Sintoma. • Sinal. • Incidente. Agora, vamos entender melhor o conceito de cada um deles. Socorrista é o profissional que passa por um treinamento mais específico e amplo que uma pessoa prestadora de socorro. Essa profissão já é regulamentada pelo Ministério da Saúde (MS), com base na Portaria n° 824, de 24 de junho de 1999. A urgência é o que conhecemos como casos que precisam de atendimento muito rápido, quase que imediato. A sua finalidade é tentar evitar complicações e dor. São exemplos casos de cólicas renais, que são bastante relatados. Emergência é quando temos algum caso ou situação que promove risco à vida, podendo ser de sofrimento bem forte ou risco de trauma permanente. Assim, existe a necessidade de tratamento quase que imediato de uma equipe médica. Podemos citar como exemplos de emergências: hemorragias, infartos que podem causar danos ao indivíduo e também a parada cardíaca. Os primeiros socorros são procedimentos e técnicas imediatas realizados em uma pessoa que se encontra com seu estado físico em perigo, com risco muito sério de morte. O objetivo é entender suas funções vitais e condições no momento, para, assim, evitar o agravamento de seu quadro até que receba assistência médica especializada ou de equipe multiprofissional. Acidentes são casos ou situações em que pessoas sofrem algum tipo de lesão grave ou não, podendo chegar ao óbito. Sintoma faz parte das informações dadas pelo paciente; ele fala o que sente. Sinal é a conclusão e informação a que se chega a partir do que a vítima relata que está sentindo. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 17 Por fim, o incidente é algum caso ou situação em que, ao contrário do acidente, não resulta em nenhum ferimento grave ou óbito, entretanto, pode causar algum dano futuro ao indivíduo. Confira a seguir um diagrama exemplificando esses conceitos para melhor memorização. Figura 3 – Conceitos Fonte: Elaborada pelo autor (2022). Durante a realização do atendimento de primeiros socorros, o profissional deve entender que o paciente que está em atendimento possui direitos. Em situações que envolvam pacientes adultos, o direito deve existir quando eles possuírem consciência e clara percepção sobre a situação em que está inserido. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 18 Isso ocorre devido à variação de realidades, seja ela cultural, social ou de qualquer outra vertente. Por exemplo: um paciente que não confia plenamente no atendimento prestado pelo profissional tem o total direito de querer não ser atendido por ele, por motivos de confiança. Em casos em que a vítima esteja impossibilitada de se comunicar devido ao acidente – como pacientes com trauma na boca –, mas que consiga demonstrar por meio de sinais que não quer o atendimento, mostrando uma negativa com a cabeça, a situação deve ser resolvida conforme o quadro subsequente. Quadro 1 – Resolução das situações A vítima não deve ser questionada. O diálogo pode ser realizado para manter a calma. Não pode existir discussão. Não pode existir toque na vítima. É necessária a presença de testemunhas. No caso de crianças sem responsáveis, deve haver testemunhas do local. Consentimento formal de atendimento de primeiros socorros. Fonte: Elaborado pelo autor (2022). Em casos em que, devido a algum ferimento muito grave, a vítima não tenha condições suficientes de sinalizar ou interferir de alguma forma para que seja dado o consentimento, a legislação compreende que a vítima daria o consentimento, caso existisse as condições de pronunciar- se o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser empregado também em casos de acidentes ou traumas que se enquadrem e envolvam pacientes menores e desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Da mesma maneira, a legislação compreende que o consentimento seria dado pelos pais, caso eles estivessem presentes no local do acidente. Encostar em algum paciente sem seu consentimento pode ser compreendido como uma invasão de privacidade e você pode até mesmo ser processado. Antes de tocar em uma vítima consciente, pergunte a ela se com seu consentimento poderá tocá-la. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 19 Para entender como funciona a questão do consentimento, podemos dividi-la em dois tipos, são esses: • Consentimento expresso: pode ser alcançado em casos de vítimas conscientes por meio de gestos, com a responsabilidade de assumir sua decisão. Pacientes idosos, menores de idade e pessoas com deficiência mental não podem responder pelosseus atos. • Consentimento implícito: pode ser alcançado em casos de atendimento a pacientes inconscientes, sabendo que sua vida possui risco grave. Em casos de pacientes crianças, idosos ou pessoas com deficiência mental, assuma esse consentimento como implícito se no local não estiver uma pessoa responsável por eles. Os problemas citados podem trazer bastantes consequências negativas se não realizadas de forma coerente com o que o paciente deseja, assim como quando os atendimentos não são executados com eficácia e não seguem o protocolo exigido, há muitos pontos negativos que surgem devido à negligência. Conheça a seguir formas ou exemplos de negligência. • Ausência de atendimento no momento necessário. • Não obedecer ao protocolo de atendimento. • Piorar o quadro do paciente. É de extrema importância que os profissionais especialistas em atendimentos de primeiros socorros prestem os serviços o mais rápido possível, uma vez que é muito comum que em situações de acidentes ou que necessitem de atenção e cuidado médico de primeiros socorros, as pessoas presentes no local tentem ajudar. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 20 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os atendimentos de primeiros socorros são uma área que exige dos profissionais grande atenção e empenho, uma vez que serão os responsáveis por estabilizar o quadro do paciente. Existem diversos conceitos dentro do que conhecemos por primeiros socorros, como: urgência, emergência, acidente, incidente, primeiros socorros, sintomas e outros. Esses conceitos nos ajudam a entender mais clara e amplamente que os serviços de primeiros socorros precisam ser estudados e levados em consideração, visto que são os princípios de como esses atendimentos funcionam. Além disso, vimos que, para que o profissional execute qualquer tipo de atendimento e técnica, é necessário que haja o consentimento do paciente, para que, então, possa seguir o protocolo que impõe regras e modelos de como os serviços devem ser realizados, claro, sem negligência. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 21 Direitos do Paciente no Atendimento OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam e como identificar os conceitos básicos sobre atendimento de primeiros socorros e os direitos dos pacientes que recebem esses atendimentos. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão, pois é preciso compreender melhor como se aplica o direito do paciente durante os primeiros socorros. E então? Animado? Vamos juntos mergulhar nesse assunto e descobrir. Avante!. Os Direitos Sabendo como acontecem os primeiros socorros e de alguns de seus principais conceitos, devemos entender também que aqueles pacientes que recebem os atendimentos e serviços oferecidos possuem direitos. Um desses direitos é o poder de escolha. O indivíduo pode optar por receber o atendimento ou não. Então, podem ser levados em consideração outros fatores que fariam parte do conjunto de aspectos para a melhora e garantia de bom serviço oferecido ao cidadão. O profissional de socorro deve ter em mente que a vítima tem o direito de não aceitar o atendimento. Em casos de pacientes adultos, esse direito existe em situações em que eles possuam consciência e clareza do que está acontecendo. Dessa forma, confira na figura a seguir por que isso pode acontecer. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 22 Figura 4 – Direitos do paciente Fonte: Elaborada pelo autor (2022). Em casos como esses, a vítima não deve nem pode ser forçada a receber os atendimentos de primeiros socorros. É necessário, então, garantir que o atendimento de primeiros socorros particular e de escolha do paciente foi requerido. Ainda que o paciente não deseje receber o atendimento do profissional, é necessário que o socorrista continue monitorando a vítima e aplicando métodos de diálogo que conquistem a confiança do paciente. Figura 5 – Equipamento de treinamento de atendimento a primeiro socorro Fonte: Wikimedia commons Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 23 A finalidade da lei é o acolhimento à vida e à saúde, e a penalidade prevista é de encarceramento de um a seis meses de multa. No caso de a decorrência de omissão resultar em lesão grave, a pena será duplicada e, ainda, se o quadro do paciente chegar a óbito, a pena deve ser triplicada. VOCÊ SABIA? Confira o que diz o Código Penal a esse respeito. Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte. (BRASIL, 1940, online) Sabendo da complexidade e importância da prática de atendimento em primeiros socorros, podemos citar algumas orientações do protocolo de cuidado no atendimento, são elas (FIOCRUZ, 2003): • Deslocar a vítima da fonte de perigo, seja ela corrente elétrica, água, incêndio. • Analisar a reação pupilar e o nível da voz ou tato. • Estabelecer se a vítima está consciente; e quando não estiver claramente consciente, analisar via aérea, respiração e circulação de maneira sistemática. • Quando acontecer de a vítima estar inconsciente ou ter sofrido traumatismo craniano bastante evidente ou preocupante, considerar caso de lesão da coluna e estabelecer a técnica própria e especializada para isso. • Retirar a vestimenta da vítima para buscar por feridas ou lesões cutâneas. • Requerer ajuda o mais rápido possível. • Ajudar com o transporte e avaliação e cuidados. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 24 • Estar ciente de que a intervenção imediata é necessária para condições de: • Respiração cansada. • Sangramento. • Parada respiratória. • Vias aéreas entupidas. Segundo Silveira e Moulin (2003): deixar de prestar socorro significa não dar nenhuma assistência à vítima. A pessoa que chama por socorro especializado, por exemplo, já está prestando e providenciando socorro. Qualquer pessoa que deixe de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo, estará cometendo o crime de omissão de socorro, mesmo que não seja a causadora do evento, a omissão de socorro e a falta de atendimento de primeiros socorros eficiente são os principais motivos de mortes e danos irreversíveis nas vítimas de acidentes de trânsito. (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p.84) Ainda relacionado ao que vimos, Silveira e Moulin (2003) reafirmam: O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p.84) Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 25 Figura 6– Profissional socorrista Fonte: Pixabay Sabendo que o cuidado especial é necessário para pacientes que sofrem lesão ou acidente e precisam de atendimento de primeiros socorros, mas esse cuidado deve vir de um profissional, essas são as atitudes que, segundo o protocolo de atendimento, uma pessoa não profissional pode fazer: Figura 7 – Atitudes de uma pessoa não profissional Fonte: Elaborada pelo autor (2022). Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 26 Para que o local em que aconteceu o acidente não piore, é necessário notificá-lo para não cheguem a acontecer novos acidentes e até mesmo atropelamentos. Deve-se acionar o pisca-alerta de veículos próximos ao local ou sinalizar o carro de alguma maneira; estabelecer determinada distância para melhor fixação do triângulo; distribuir pelo local algumas folhas ou galhos de árvores; e desligar a chave de ignição e/ou cabos da bateria dos veículos acidentados. Além disso, a pessoa que está no local do acidente pode auxiliar: • Mantendo a calma. • Tentando não provocar aglomeração no local. • Acionar ambulância. • Juntar-se com algumas outras pessoas para formar barreira no local, evitando, assim, novos traumas. Um problema bastante recorrente em algumas realidades no país é a falta de cuidados médicos ou a extrema demora, em alguns casos, até mesmo a não chegada de equipe médica ou ambulância no local. Isso vai totalmente contra o princípio que garante saúde a todos. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 196, dispõe que: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988, online) É de responsabilidade do governo oferecer a todos os cidadãos uma ótima qualidade de saúde, associada a isso serviços que englobem a assistência total de diversos tipos de atendimento aos cidadãos, de modo igual e sem exceção. O direito à saúde, que é estabelecido pela legislação vigente, tem como finalidade assegurar a todas as pessoas que sofreram crime de omissão de atendimento de primeiro socorro a devida restauração das inutilizações, assim como a repreensão dos responsáveis pela ação praticada. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 27 Os profissionais de saúde possuem a responsabilidade de proteger e preservar a vida e a saúde dos pacientes. Dessa maneira, têm a responsabilidade de atender o indivíduo que busca o atendimento médico em uma unidade de saúde, seja ele qual for. O profissional de saúde deve se concentrar e assumir as responsabilidades, assim como praticar o correto respeito à vida das pessoas. Demonstrar afeto e cuidado ao outro é uma prática de humanidade e dever de todos. Por isso, torna-se tão importante que todos os profissionais de saúde se façam disponíveis a aprender e cooperar, para que exista melhor dinâmica de como funcionam os atendimentos, assim como pode ocorrer a melhora do paciente. Isso porque a forma que o serviço é oferecido influencia nessa melhora e recuperação do paciente. O que entendemos por atendimento humanizado vai muito além do que manter uma relação harmoniosa. O atendimento humanizado compreende o entendimento e a escuta das necessidades e reclamações de qualquer paciente, com respeito, hospitalidade e empatia. Essa concepção está cada dia mais presente e exposta nas organizações e instituições hospitalares, pois o atendimento humanizado auxilia na integração da construção da relação que existe em um serviço de saúde. Figura 8 – Atendimento humanizado Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 28 Fonte: Freepik No ambiente hospitalar, exercer suas atividades com a empatia é de extrema importância para que a saúde emocional do indivíduo esteja em equilíbrio, e também auxilia na melhora, evitando a geração de conflitos com o seu tratamento. Quando aliamos empatia e atendimento humanizado, o paciente possui muito mais chances de demonstrar melhora durante o período de tratamento, pois seu psicológico não sofreu tanto abalos durante o tratamento. Figura 9 – Processo do atendimento humanizado Fonte: Elaborada pelo autor (2022). O diagrama anterior mostra, em três passos, a expectativa de modo geral para o processo do atendimento humanizado. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 29 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que, aliados aos procedimentos que são realizados durante os atendimentos de primeiros socorros, existem direitos que pertencem aos pacientes. Há muitos critérios que podem ser levados em consideração quando um paciente não aceita que seja feito o procedimento de primeiros socorros, seja por questões culturais ou porque ele não aceita ser atendido por aquele profissional. Em seguida, você viu que, caso não exista o consentimento, há um protocolo a ser seguido, que deve ser realizado da maneira mais rápida possível, para que o paciente possa ser encaminhado. Por fim, você viu que a realidade mostra muitos obstáculos e, consequentemente, torna-se necessário rever a questão da saúde para todos e como alguns tipos de tratamento, como o atendimento humanizado, auxiliam no quadro de melhora dos pacientes e influenciam de maneira positiva para todos que fazem parte. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 30 Prescrições do Cuidado no Atendimento Emergencial OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam e como avaliar as prescrições padrão fundamentais durante o atendimento emergencial. As pessoas que procuram entender melhor como funciona a avaliação das prescrições conseguem desempenhar sua profissão com mais êxito. E, então? Animado para mergulhar a fundo no assunto? Vamos nessa! Avante!. Avaliação Padrão Depois de compreender os conceitos básicos sobre primeiros socorros e os direitos que fazem parte desse atendimento aos pacientes, devemos voltar nossa atenção para como funciona o padrão de atendimento emergencial e como ele é colocado em prática. Inicialmente, devemos levar em consideração alguns aspectos de avaliação padrão, isso porque o profissional deve ter em mente que, assim que chegar ao local, deve ser feito um procedimento padrão que irá avaliar e verificar como está o quadro de saúde do paciente. Figura 10 – Avaliação padrão Fonte: Freepik Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 31 Adiante está um diagrama que exemplifica, de maneira mais fácil para memorização, alguns aspectos que são levados em consideração na hora da avaliação. Figura 11 – Aspectos que devem ser considerados na avaliação Fonte: Elaborada pelo autor (2022). O profissional que primeiramente encontra e tem contato com esse paciente deve estar pronto para qualquer tipo de intervenção necessária. Por exemplo: muitos indivíduos acabam sofrendo parada cardíaca, insuficiência respiratória e até mesmo hemorragias. É imprescindível um comportamento meticuloso e detalhado para a avaliação de um paciente emergencial. Com assiduidade, a lesão mais importante e que chama atenção não é a mais grave. As avaliações são classificadas em tipos. As avaliações primária e secundária configuram uma abordagem organizada e sistemática para auxiliar a reconhecer e escolher as necessidades do paciente. A avaliação primária pode ser dividida em duas etapas. A inicial é chamada de avaliação inicial rápida e tem como finalidade reconhecer Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 32 os problemas e quadros que têm risco de morte. Quando essa avaliação inicial é feita de modo muito ágil, rapidamentesão detectadas as causas e em seguida já pode ser feita a fase secundária. O primeiro grau na avaliação primária é estabelecer se a vítima está consciente. Caso o paciente esteja consciente, a avaliação pode ter início. Essa regra pode ser aplicada nos seguintes casos/aspectos: • Se a vítima se encontra acordada e conversando, consideramos que há respiração e circulação. • Se a vítima estiver consciente, também representa que a sua circulação está boa e que possui a quantidade suficiente de sangue para que circule e chegue ao cérebro. • Caso contrário do que foi citado, se a vítima não estiver totalmente consciente, o profissional deve seguir o protocolo e dar continuidade ao passo a passo de avaliação. É evidente que não se encontram apenas casos leves e fáceis de serem tratados. Ocorrem e são registrados diversos acidentes graves. Para essas situações, o profissional socorrista deve estar preparado para seguir as instruções de atendimento. O profissional deve questionar e observar se o paciente possui lesão exposta, se suas vias respiratórias estão funcionando, o nível de consciência, como está a respiração, se o paciente possui pulso, presença ou ausência de hemorragia. A seguir está um diagrama que mostra de forma resumida os passos. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 33 Figura 12 Passos a serem seguidos Fonte: Elaborada pelo autor (2022). É preciso evitar ao máximo aglomerações e grande quantidade de movimento que possa ocasionar danos mais graves. O profissional deve ter uma ideia bastante correta do que vai fazer, para que, assim, não exista exposição desnecessária do paciente, demonstrando se há presença de alguma ferida com o cuidado de não causar muita movimentação e estresse no local. Em seguida, o profissional deve realizar um teste nas partes do corpo. Caso o paciente esteja com consciência e seja capaz de se comunicar, é importante questionar por áreas no corpo que estejam causando dor e inabilidade funcional de mobilização. O exame realizado no corpo inteiro tem como objetivo procurar de modo geral e rápido alguma lesão ou parte que esteja com ferimento. O exame deve ser feito seguindo o sentido da cabeça aos pés. Hemorragia, ferimentos e lesões são os alvos dos profissionais durante o exame. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 34 O paciente deve ser reavaliado diversas vezes, sendo sempre verificados seu pulso, consciência, respiração. Isso porque deve haver a garantia de que a vítima continue com os sinais vitais estáveis. Figura 13 – Procedimento de avaliação Fonte: Freepik Quando nos referimos à avaliação secundária, estamos falando de um exame meticuloso e organizado, mas que é realizado de maneira bem rápida na vítima, da cabeça aos pés. O objetivo é detectar as lesões, tornando-as prioridade, e encontrar sinais de condições clínicas que já estavam presentes. No momento do exame, devem ser realizadas perguntas que vão nortear o encontro do foco. Veja: • Quando apareceram os primeiros sintomas? • Quanto tempo o paciente levou até a entrada no hospital? • Quais medicamentos são ingeridos? • Possui algum tipo de alergia? • Qual o histórico de doença do paciente? Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 35 • Passou por algum tratamento antes de dar entrada? • Houve momento de inconsciência? Se sim, quanto tempo durou? • Quais lesões ou motivos da entrada do paciente? Após esse questionário, o profissional pode ter uma visão ampla de como começar a tratar o paciente que deu entrada, claro, com auxílio de outros métodos. Outro passo indispensável é o monitoramento dos sinais vitais do paciente: • Temperatura. • Nível de dor. • Respiração. • Pressão. • Saturação. Depois de realizar as perguntas iniciais e verificar os sinais vitais, é possível que a equipe médica possua uma ideia mais acertada do quadro clínico e quais vão ser as primeiras estratégias de tratamento. As duas últimas etapas da avaliação secundária incluem processos de avaliação do corpo por completo: cabeça, membros superiores, membros inferiores, ouvidos. Por último, ocorrem a avaliação e análise completa de todas informações, para que se possa chegar a uma conclusão acerca da avaliação secundária. O atendimento de primeiros socorros começa ainda no momento e no local em que ocorre o acidente ou incidente. Com isso, é preciso entender como as etapas funcionam e cada detalhe delas; chamamos esse processo de etapas ou fases do socorro. Vamos entender melhor como funciona e como é compreendido cada detalhe de onde os serviços de atendimento em primeiros socorros acontecem. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 36 As prestações desse tipo de serviço podem ser por duas causas principais: • Clínicas, que se resumem a episódios de alguma doença que o paciente desenvolve, por exemplo, ataque cardíaco. • Trauma, que são acidentes ou situações inesperadas, como atropelamento, incêndios, entre outros. Quando falamos de casos de trauma, a atitude inicial que deve ser tomada no momento do acidente é analisar os riscos que poderiam ocasionar perigo ao profissional que presta serviços de primeiros socorros. Caso o local esteja bastante afetado pelo acidente e chegue a gerar perigo também aos profissionais dos primeiros socorros, devem ser acionados outros profissionais que tomem medidas especializadas. Dessa forma, quando os processos de primeiros socorros começam, devem ser feitos os seguintes procedimentos: • Manter a vítima em posição confortável. • Procurar por vestígios de lesões ou ferimentos expostos. • Não dar à vítima nenhum tipo de medicamento ou líquido até que seja detectado o quadro clínico. • Demonstrar confiança. • Verificar sinais vitais. • Solicitar unidade móvel de atendimento, se for necessário. • Manter como prioridade casos mais graves, que envolvam hemorragia ou desregulação da frequência cardíaca ou respiratória. • Garantir que a equipe médica esteja ciente de todas as informações colhidas no local acerca da vítima. • Garantir que a vítima esteja fora de risco de outros tipos de agravamento no local, seja por mais incidentes no local ou pela piora do quadro clínico. Essas etapas devem ser seguidas com total rigidez. para que não haja negligência no processo de primeiros socorros. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 37 Para que exista uma segurança maior do local e com a finalidade de evitar que ocorra a piora ou agravamento dos acidentes e riscos, é necessário que o local passe pela avaliação das etapas elencadas na figura que se segue. Figura 13 – Etapas da avaliação Fonte: Elaborada pelo autor (2022). No que se refere à segurança, é fundamental analisar se o local é seguro, para, então, ser averiguado e transformado em ambiente próprio para o atendimento. Em situações de acidentes de trânsito, é preciso procurar remediar um espaço de forma a mudar o trânsito de veículos, passando a mostrar o ocorrido aos carros que estão vindo no sentido do local do acidente ocorrido. A cinemática tem o objetivo de analisar como ocorre o acidente ou a situação enfrentada pelo paciente, de forma a questionar a vítima, se estiver consciente, ou as testemunhas que se fazem presentes. O apoio é a procura por ajuda de indivíduos que se encontram perto ao local, com Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 38 o intuito de auxiliar no espaço necessário para realizar os atendimentos e solicitar quase que instantaneamente os serviços especializados e adequados. Por último, na bioproteção, é preciso buscar formas de evitar prováveis infecções por meio do contato com o sangue das vítimas no local, utilizando materiais de segurança ou higiene. Em alguns casos, não é permitido que o procedimento de primeiros socorros seja interrompido pela ausência de materiaisde proteção. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que existem diversos procedimentos que são realizados no processo de atendimento de primeiros socorros e que todos devem seguir um padrão, de acordo com o processo em questão. Vale ressaltar que, em todos, a prioridade é manter a segurança da vítima e do profissional que irá prestar o atendimento, visto que os locais de acidente podem apresentar riscos à saúde. A avaliação de padrões de atendimento possui várias fases, sempre prezando por manter todos informados acerca dos sinais vitais e possíveis lesões causadas pelo acidente, tendo em mente, claro, que a segurança do local também é imprescindível para manter o resto da equipe e das outras pessoas no local em segurança. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 39 Suporte Básico à Vida OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender como funciona e o que é o suporte básico à vida. Aqueles que procuraram se aprofundar nessa temática conseguiram desempenhar suas funções com mais eficácia. E você, o que acha de mergulhar com tudo nesse assunto? Vamos nessa? Avante! Suporte Básico à Vida (SBV) O enorme progresso tecnológico em todos os aspectos da realidade mundial expõe a população a mais vulnerabilidade a acontecimentos traumáticos de grande relevância. Da mesma maneira, também tem colaborado para resgatar muitas vidas com o auxílio de profissionais que contribuam para o desenvolvimento de descobertas no âmbito da saúde. O suporte básico à vida (SBV) é a soma de competências intelectuais e mentais designadas à continuidade, assistência ou restauração da oxigenação, ventilação e movimentação em pacientes com quadros clínicos caracterizados por parada cardíaca, parada respiratória ou as duas. O SBV compreende inúmeros aspectos, que vão desde critérios de precaução relacionados de maneira direta à parada cardiorrespiratória (PCR) até a organização do suporte avançado à vida (SAV). A providência de provocações demonstra resistente consequência na mortalidade. Assim, pode ser analisada uma relevante conexão da cadeia de supervivência. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 40 SAIBA MAIS: Cadeia de sobrevivência é o prosseguimento de manifestações que têm como finalidade precaver situações inevitáveis. A cadeia de sobrevivência tem seu início pela providência em pacientes nas crianças e pelo reconhecimento instantâneo da parada cardiorrespiratória e a ativação da ocupação de emergência no paciente adulto, e prossegue com interferências preocupantes efetuadas tanto no ambiente pré-hospitalar como no hospitalar. A cadeia de sobrevivência estabelece as prevalências na abordagem à vítima. O SBV é estabelecido como a primeiro tratamento da vítima e compreende o desimpedimento das vias aéreas, circulação artificial, ventilação, entre outros. Figura 15 – Suporte básico à vida Fonte: Freepik Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 41 Em pacientes adultos, na PCR verificada, a causa mais identificada é a arritmia cardíaca. Desse modo, a solicitação do serviço de atendimento de urgência/emergência deve ser considerada prioridade e de extrema importância. Em casos de paciente adulto e vítima de trauma ou clínica, com evidência de intoxicação ou afogamento, as operações de reanimação cardiorrespiratória (RCR) devem ser executadas por cerca dois minutos ou antes do processo de atendimento do médico. Em casos de pacientes crianças, constantemente, a parada cardíaca é a consequência final de danificação respiratória e também circulatória, reconhecida pela diminuição das taxas de oxigênio no ar, no sangue arterial ou nos tecidos, presença de doses excessivas de dióxido de carbono no sangue, seguida de diminuição na frequência cardíaca e parada cardíaca. Por isso, a cadeia de sobrevivência tem como prioridade as decisões preservativas, a rápida RCR e a ativação da equipe médica especializada. É de extrema importância que tenhamos conhecimento de como funcionam os elos, os quais serão explicados a seguir. O primeiro elo tem como principais causas de óbito em crianças: • Trauma. • Septicemia. • Choque. • Parada cardiorrespiratória. • Síndrome da morte súbita. As medidas preventivas de acidentes, sejam eles de qualquer origem, devem ser de cuidado de todos os profissionais de saúde e pessoas envolvidas. Como cidadão e profissional de saúde, sua responsabilidade é assumir padrões seguros em todos os ambientes. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 42 As medidas que impõem padrões seguros são: • Necessidade de evitar exposição a produtos tóxicos, que podem estar ao alcance das crianças. • Precaução de lesões por queimaduras. • Precaução de traumas relacionados à utilização das vias públicas. • Diminuição de traumas relacionados a acidentes automobilísticos. • Diminuição do risco de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL). • Precaução de obstrução de vias aéreas por corpo estranho. • Precaução de afogamento e acidentes aquáticos. Em adultos, é importante que se tenha reconhecimento imediato de casos de PCR, para que alguma medida de emergência seja tomada. Na maioria dos casos de paradas que acontecem em adultos, estas são presenciadas por outros indivíduos, acontecem de maneira súbita e têm como causa fibrilação e ausência de pulso. O profissional de primeiros socorros tem de analisar o paciente de forma rápida, verificando, por meio de análise visual, o quadro clínico de consciência e, se for o caso, identificar a falta ou dificuldade de respiração e presença de respiração cansada ou irregular. Em casos como esse, o profissional de primeiros socorros tem de ativar a equipe médica capaz de solucionar o problema ou pedir que alguém faça isso por ele. Em casos de não haver a presença de alguém que possa solicitar o SAMU ou alguma equipe médica capaz de solucionar o problema, ou até mesmo transportar o paciente, o socorrista deve ser capaz de aplicar suas técnicas e conhecimentos a respeito do quadro e da situação. Na maior parte dos casos, há sempre uma equipe já especializada e pronta para o serviço. Os elementos críticos para a sobrevida são apresentados na Figura 16. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 43 Figura 16 - Elementos críticos para a sobrevida Fonte: Elaborada pelo autor (2022). Quando falamos de segundo elo, referimo-nos à ressuscitação cardiopulmonar precoce (RCP), com o enfoque nas compressões torácicas. As técnicas de reanimação cardiorrespiratória (RCR) precisam ser realizadas de modo muito rápido, além de serem executadas de maneira concreta e com alta qualidade. Uma qualidade boa de RCR significa: • Manobras e técnicas imediatas, rápidas e de alta qualidade, que são fatores críticos no resultado final da reanimação cardiorrespiratória. • A profundidade das compressões deve ser de 5 cm em adultos e crianças. • A profundidade das compressões deve ser de 4 cm nos lactentes. • Compressões torácicas com força. • 100 compressões. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 44 Figura 16 – Dores características Fonte: Freepik Agora iremos falar a respeito do terceiro elo. Na faixa de idade de crianças e lactentes, o terceiro elo é composto pela rápida solicitação do SAMU ou algum outro serviço de urgência ou emergência que atenda de forma muito rápida e eficiente, quando a PCR não aconteceu na presença de alguma pessoa ou não é súbita. Em lactentes e crianças com causas suspeitas de arritmias em parada cardiorrespiratória súbita e que foi testemunhada, o uso do atendimento mais eficiente possível deve ser o melhor. Já quando falamos de adultos, a desfibrilação antecipadaé hoje uma das causas mais críticas e de teor decisivo na recuperação nos pacientes de parada cardíaca súbita. Isso se deve aos seguintes aspectos: • O tempo é necessário e fundamental. • Para cada minuto passado entre o acontecimento e a desfibrilação, as taxas de recuperação nas vítimas em fibrilação ventricular (FV) são reduzidas em 7 a 10%. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 45 • A FV pode evoluir para a incapacidade de o coração realizar uma sístole completa em poucos minutos. • A fibrilação ventricular é o ritmo de parada mais causada nas para 31 das cardíacas súbitas. O desfibrilador é um equipamento muito utilizado e essencial no processo, mas, é preciso saber a fundo como funciona. Figura 17 – Procedimento cardíaco Fonte: Freepik É um aparelho prático, que pode ser portátil, computadorizado, e utilizado por todos que têm treinamento suficiente para manuseá-lo. Sua principal finalidade é o tratamento da fibrilação ventricular e da taquicardia ventricular quando não há pulso. O desfibrilador consegue analisar o ritmo cardíaco do paciente para demonstrar se está presente um ritmo “fora do normal”. Por meio de informações de voz e orientação, o operador segue as instruções nas atividades a serem realizadas, bem como mostra o choque, se esse for indicado. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 46 Para recém-nascidos, é preferível o uso de um desfibrilador manual e, caso este não exista ou não esteja disponível, prefira um desfibrilador portátil equipado com carga pediátrica e com pás pediátricas. Para pacientes que possuem e fazem uso de dispositivo implantado, como marca-passo, é preferível não utilizar as pás do desfibrilador sobre o local. Para pacientes com excesso de pelos, em que possa ocorrer erro ou interferência na aplicação do choque, o próprio desfibrilador vai comunicar por um comando automático. Assim, você precisa retirar os pelos com barbeador ou com a própria pá. Se a região torácica estiver úmida ou molhada, o paciente precisa secar bastante rápido. Isso porque a água pode interferir na passagem da corrente elétrica. O quarto elo ocorre quando a equipe médica ou SAMU realiza manobras e técnicas avançadas no estado clínico do paciente, para que ele possa reagir e ser notada uma melhora. O quinto elo diz respeito aos cuidados pós-parada cardiorrespiratória completos e que são de extrema importância para a recuperação sem qualquer tipo de sequelas dos pacientes. O correto é que exista uma conexão integral entre os serviços de atendimento de urgência e emergência, participação de equipe multiprofissional, fazendo parte também o equipamento de suporte cardiorrespiratório e neurológico, com disponibilidade de serviço e atendimento de terapia intensiva, monitoramento e cuidado intensivo com os pacientes. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 47 Figura 18 – Monitoramento Fonte: Freepik RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o suporte básico à vida consiste em compreender inúmeros aspectos que vão desde critérios de precaução relacionados de maneira direta à parada cardiorrespiratória até a organização do suporte avançado à vida. Além disso, conferiu a variedade de casos e suportes que podem ser oferecidos em casos de parada cardíaca e como funcionam o procedimento e processos de atendimento, desde o momento do episódio até os momentos e métodos de recuperação. Esses atendimentos devem existir e ser conhecidos por profissionais de primeiros socorros, uma vez que existe a necessidade de possuir aprofundamento em casos que precisem de sua atuação. Ainda podemos dizer que, mesmo com diversas faixas etárias, o suporte básico à saúde presta atendimento adequado e especializado. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar 48 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm Acesso em: 13 de jun. 2020. BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 13 de jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 824, de 24 de junho de 1999. Disponível em: https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/ pdf/ap-portaria-824-19990624.pdf. Acesso em: 9 jun. 2022. CRUZ VERMELHA, Origens, [s.d.]. Disponível em: http://www. cruzvermelha.org.br/pb/movimento-internacional/origens. Acesso em: 9 jun. 2022. FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz. Manual de primeiros socorros, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/ biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 9 jun. 2022. SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de Urgência em Atividades Físicas, 2006. Disponível em: https://www.confef.org.br/ confef/comunicacao/revistaedf/3730. Acesso em: 9 jun. 2022. Suporte Emergencial à Vida e Atendimento Pré-Hospitalar http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/ap-portaria-824-19990624.pdf https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/ap-portaria-824-19990624.pdf http://www.cruzvermelha.org.br/pb/movimento-internacional/origens http://www.cruzvermelha.org.br/pb/movimento-internacional/origens http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf Introdução aos Primeiros Socorros Conceitos Básicos Direitos do Paciente no Atendimento Os Direitos Prescrições do Cuidado no Atendimento Emergencial Avaliação Padrão Suporte Básico à Vida Suporte Básico à Vida (SBV)
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