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OBSERVADOR RURAL Nº 106 MARÇO DE 2021 COMÉRCIO EXTERNO E CRESCIMENTO ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE João Mosca, Yasser Arafat Dadá e Yulla Marques O documento de trabalho (Working Paper) OBSERVADOR RURAL (OMR) é uma publicação do Observatório do Meio Rural. É uma publicação não periódica de distribuição institucional e individual. Também pode aceder-se ao OBSERVADOR RURAL no site do OMR (www.omrmz.org). Os objectivos do OBSERVADOR RURAL são: • Reflectir e promover a troca de opiniões sobre temas da actualidade moçambicana e assuntos internacionais. • Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, de pesquisas e reflexões sobre temas relevantes do sector agrário e do meio rural. O OBSERVADOR RURAL é um espaço de publicação destinado principalmente aos investigadores e técnicos que pesquisam, trabalham ou que tenham algum interesse pela área objecto do OMR. Podem ainda propor trabalhos para publicação outros cidadãos nacionais ou estrangeiros. Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade dos autores, não vinculando, para qualquer efeito o Observatório do Meio Rural nem os seus parceiros ou patrocinadores. Os textos publicados no OBSERVADOR RURAL estão em forma de draft. Os autores agradecem contribuições para aprofundamento e correcções, para a melhoria do documento. 1 COMÉRCIO EXTERNO E CRESCIMENTO ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE João Mosca, Yasser Arafat Dadá e Yulla Marques1 RESUMO Este texto tem como objectivo estudar a evolução da economia e sobre quais as variáveis de comércio externo mais influenciam o crescimento e a estrutura da economia. Faz-se uma análise descritivas e gráfica dos principais indicadores do comércio externo e das suas relações com indicadores macroeconómicos. Foi também utilizado um método quantitativo de regressão múltipla. Em síntese, o comércio externo contribui para o afunilamento sectorial e espacial da economia e para a especialização produtiva no sector primário, configurando uma economia extractiva e extrovertida, e, portanto, dependente. O padrão não inclusivo aprofunda-se com geração de mais pobreza e de desigualdades sociais e territoriais. Os resultados do modelo, combinados com a análise descritiva, suportada pelos gráficos, podem indicar os focos sectoriais a incentivar de modo a se gerar um crescimento mais endógeno (menos dependente, crescentemente assente na poupança e no investimento interno, mais inclusivo e com efeitos na redução da pobreza). No final, são apresentadas medidas e políticas públicas para a transformação estrutural da economia. Criar um mercado concorrencial (não distorcido por acção do Estado, das empresas públicas monopolistas e protegidas, e dos benefícios atribuídos às empresas multinacionais), o estabelecimento de incentivos para a emergência do tecido empresarial nacional competitivo e concentrado nos sectores prioritários através de mecanismos de mercado e a capacitação das instituições públicas. 1 João Mosca, Director Executivo e pesquisador; Yasser Arafat Dadá, Assistente de Pesquisa e doutorando; Yulla Marques licenciada, monitora de pesquisa. São todos trabalhadores do OMR. 2 1. INTRODUÇÃO 1.1 Introdução e Objectivos Este texto pretende analisar as relações comerciais externas da economia moçambicana. Este tipo de análise tem importância porque: (1) permite estudar a evolução da balança comercial, do défice externo, do peso do comércio externo na riqueza nacional (PIB) e dos parceiros comerciais; (2) analisa a evolução dos principais bens importados e exportados e respectivos preços, destacando os principais bens agrícolas. Considerando ser o comércio externo o reflexo da estrutura económica, da competitividade e das políticas económicas e públicas, em geral, esta análise tem ainda como objectivo estudar a evolução da economia e sobre quais as variáveis de comércio externo mais influenciam o crescimento económico. Além desta introdução, onde se apresentam os objectivos e uma breve descrição da metodologia, o texto possui, mais três secções. A segunda secção, denominada de indicadores, faz a apresentação e descrição de gráficos, onde se apresenta a evolução das variáveis seleccionadas e breves interpretações das mesmas, subdividas em 6 partes: (1) PIB e PIB por habitante; (2) balança comercial; (3) principais produtos importados e exportados, e preços; (4) países de origem das importações e de destino das exportações; (5) dívida externa; e, (6) instituições de comércio externo. A terceira secção apresenta uma análise econométrica dos principais factores de comércio externo que influenciam a evolução do PIB, considerando os resultados do modelo de regressão múltipla. A quarta secção procura analisar as relações comerciais externas no quadro dos objectivos do texto e apresenta um conjunto de lições e sugestões sobre a evolução da economia moçambicana. Finalmente, nas duas últimas secções encontram-se algumas conclusões e sugestões. Este texto não faz um enquadramento teórico do tema do comércio externo, designadamente sobre o seu papel no crescimento económico e na configuração das estruturas económicas nacionais. Uma vasta teoria existe, desde os mercantilistas e discussões com os fisiocratas, a teoria clássica e neoclássica os keynesianos e institucionalista, assim como ose foques neomarxistas. acerca do pepel do sector externo. Igualmente uma grande diversidade de políticas económicas existe entre as organizações internacionais e países. Para enumerar alguns dos temas debatidos e sem consensos, encontra-se a liberalização do comércio internacional e os graus de armamento alfandegário, a competitividade e as vantagens comparativas dos países e suas empresas, a especialização produtiva das economias, a natureza dos termos de troca, o papel das taxas de câmbio, entre outros. 3 1.2 Metodologia A metodologia consistiu na recolha de informação estatística sobre as variáveis seleccionadas. Foi considerado o período de 2001 a 2019 de modo a permitir um tratamento econométrico. Apresenta-se, inicialmente, a evolução do PIB e do PIB por habitante para tornar perceptíveis as relações entre comércio externo e a riqueza gerada no país. No modelo econométrico, calcularam-se alguns dos indicadores com maior relação com o sector externo, como a taxa de cobertura, a taxa de abertura da economia, as relações entre importações e exportações com a dívida externa, o grau de concentração das importações e exportações por grupos de bens e serviços, ou individualmente por variável, e por origem e destino das mercadorias. Recorreu-se, ao método econométrico de regressão múltipla2, com o objectivo de prever o nível ou grau de influência do sector externo sobre o produto interno bruto (PIB). Também foram construídos modelos para perceber, de forma separada, o efeito dos bens importados, dos bens exportados e dos preços dos bens no mercado internacional. Neste trabalho, levou-se em consideração pressupostos considerados importantes na análise de regressões múltipla (Gujarati, 2010 ; Schumacker e Lomax 2010): procedeu-se à estandartização das diferentes variáveis, com o objectivo de minimizar a dispersão entre os valores das series; modelo de regressão linear nos parâmetros; valor médio zero dos resíduos, os erros são independentes; distribuição normal de média zero e variância constante, homoscedasticidade ou variância constante dos resíduos; ausência de auto-correlação entre os resíduos; o número de observações (n) maior que o número de parâmetros a serem estimados; variabilidade dos valores de x – ou seja, os valores de x numa dada amostra não são iguais; ausência de multicolinearidade perfeita entre as variáveis explicativas ou independentes. Os dados foram recolhidos no Banco de Moçambique, Banco Mundiale Fundo Monetário Internacional. 2 Schumacker e Lomax (2010) definem as regressões múltiplas, de forma sintética, como uma técnica estatística que pode ser usada para analisar a relação, o grau de influência, entre uma única variável dependente e mais do que uma variável independente. Em Gujarati (2010), a regressão múltipla é um modelo de regressão com mais de uma variável explicativa. A regressão múltipla pode incluir múltiplas influências (ou seja, variáveis) que podem afectar a variável dependente. 4 Especificação do modelo econométrico e variáveis: A equação representativa do modelo de regressão linear múltipla é dado por: 𝐸[𝑦𝑖|𝑥1𝑖 , 𝑥2𝑖 , … , 𝑥𝑘𝑖] = 𝐵0 + 𝛽1𝑥1𝑖 + 𝛽2𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑥𝑘𝑖 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 ou 𝑦𝑖 = 𝐵0 + 𝛽1𝑥1𝑖 + 𝛽2𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑥𝑘𝑖 + Ɛ𝑖 Onde: • 𝑦𝑖 representa o valor da variável resposta ou dependente, Y, na observação 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 (aleatória); • 𝑥𝑖 representa o valor da variável independente, X, na observação 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 (não aleatória); • Ɛ𝑖 , 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 𝑠ão variáveis aleatórias que correspondem ao erro (variável que permite explicar a variabilidade existente em Y e que não é explicada por X); • 𝐵0 é a constante do modelo, o ponto em que a recta regressora corta o eixo dos yy quando X = 0; • 𝛽1 , 𝛽2 … 𝛽𝑘 corresponde aos coeficientes de regressão. Para formular os modelos em que procuramos relacionar o comércio externo com o PIB (variável dependente), foram utilizadas as seguintes variáveis independentes: exportações, importações, PIB, stock da dívida externa pública, dívida externa privada, dívida externa, taxa de cobertura da balança comercial, taxa de abertura, rácio das exportações sobre o PIB, rácio das importações sobre o PIB, rácio da dívida externa sobre o PIB, rácio da exportações sobre a dívida externa, rácio do défice sobre o PIB, rácio do défice sobre as exportações, preços internacionais e os principais bens importados e exportados. Ao longo da investigação, no processo de escolha do modelo que melhor explica o PIB com base no sector externo, foram excluídas algumas das variáveis acima apontadas, por estas, inicialmente, a partir das correlações, apresentarem evidências de multicolinearidade e, posteriormente, conterem efeitos estatisticamente não significantes sobre o PIB. A leitura dos resultados deve ser cautelosa. As principais limitações são as seguintes: (1) fiabilidade de alguns dados estatísticos; (2) informação estatística que não cobre a totalidade de bens importados e exportados devido a várias razões (veja no ponto Instituições); (3) influência pouco significante sobre a variável dependente (PIB); e, (4) os resultados do modelo não são coerentes, seja com a realidade, seja com a teoria. Os autores referirão, para cada caso, as cautelas a considerar na análise. Por estas razões, a análise dos resultados deve ser cautelosa, comparada com os resultados de outros estudos, e avaliada em função do que refere a teoria correspondente. Os cálculos das regressões foram feitos a partir do programa estatístico SPSS versão 22 5 2. ANÁLISE DESCRITIVA 2.1 Produto Interno Bruto (PIB), PIB por habitante e taxa de câmbio O PIB e o PIB por habitante aumentaram de forma significativa e consistente ao longo dos últimos 20 anos, exceptuando-se em dois períodos curtos (gráfico 1): de 2008 a 2010 e de 2014 a 2016, devido, principalmente, à conjugação de dois factores: crise internacional, primeiro, e crise da dívida, depois, reforçados por depreciações significativas da taxa de câmbio do metical. Gráfico 1: PIB, PIB por habitante Fonte: Banco Mundial (World Trade Economics) Os valores do PIB, em termos de USD, não são concordantes com os valores do PIB calculado em meticais, sobretudo devido às valorizações dos bens e serviços em dólares ou em meticais (comparação das fontes do Banco Mundial e do INE). As variações da taxa de câmbio (gráfico 2), revelam a competitividade e a vulnerabilidade da economia aos factores externos e seus efeitos sobre o mercado interno de divisas. A relação entre o Metical e o Rand está também influenciada pelas situações de instabilidade e crises internas da economia sul-africana, afectando o câmbio do Rand com outras moedas, com as quais o Metical mantém paridade. Gráfico 2: Evolução da taxa de câmbio Nota: Escala à direita para câmbio do Metical relativamente ao Rand Fonte: Banco de Moçambique. 5,310 14,930 315 587 0 100 200 300 400 500 600 700 0 5,000 10,000 15,000 20,000 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 U S D M il h õ e s d e U S D PIB PIB per capita 20 63 18 35 42 72 70 3 4 4 0 1 2 3 4 5 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2001 2002 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 M e ti ca l M e ti ca l Dólar Euro Rand 6 2.2 Exportações e Importações O gráfico 3 indica o agravamento sistemático do défice da balança comercial. No período entre 2001 e 2019, observa-se que apenas houve uma recuperação do défice em três anos (entre 2015 e 2017). A depreciação permanente do Metical está claramente reflectida no gráfico. Gráfico 3: Exportações, Importações e Défice Comercial Fonte: Banco de Moçambique O gráfico 4 mostra que, em relação ao PIB, tem existido um maior crescimento das importações que das exportações (veja as linhas de tendência). Em 2011 e 2014 houve um período de queda acentuada do défice com recuperação até 2017 e uma nova queda depois de 2017. A demanda e a redução dos preços internacionais dos principais bens exportados (carvão e alumínio) foram as razões principais. Gráfico 4: Exportações/PIB, Importações/PIB Fonte: Banco de Moçambique. As principais exportações de bens agrícolas são (gráfico 5): tabaco, algodão e castanha de caju. Somente o primeiro produto revela um aumento das exportações. O aumento da produção de tabaco resulta da ampliação do investimento das empresas (alargamento das áreas em sistema de contratação com os camponeses) e primeira industrialização local. 703 3,328 4,718 957 7,903 4,733 6,799 -254 -4,048 -4,163 -2,081 -5,000 -3,000 -1,000 1,000 3,000 5,000 7,000 9,000 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 M il h õ e s d e U S D Exportações Importações Balança Comercial (Défice) 13 36 32 18 50 46 0 10 20 30 40 50 60 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 P e rc e n ta g e m Exportações/PIB Importações/PIB 7 Gráfico 5: Exportação dos principais bens agrícolas Fonte: Banco de Moçambique. Os principais bens exportados são o carvão mineral, o alumínio, o gás e a energia (gráfico 6). Todos apresentam crescimento, excepto o alumínio, que possui variações significativas, o que é justificado pela volatilidade dos preços. Gráfico 6: Exportação dos principais bens não alimentares (bens intermédios) Fonte: Banco de Moçambique. Os quatro principais bens exportados (alumínio, carvão, gás e tabaco) representaram, cumulativamente, entre 2011 e 2019, cerca de 61% do total das exportações desse período (gráfico 7). 9 230 39 36 11 30 0 50 100 150 200 250 300 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 M il h õ e s d e U S D Tabaco Algodão Castanha de cajú 383 1096 21 1257 31 27457 435 0 500 1000 1500 2000 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 M il h õ e s d e U S D Alumínio Carvão Mineral Gás Natural Energia Eléctrica 8 Gráfico 7: Principais exportações - Proporção do total das exportações Fonte: Banco de Moçambique. De notar que, dos cinco bens com maior peso na balança comercial, nenhum pertence ao chamado grupo de bens tradicionais de exportação3. A importância desses bens, resulta de grandes investimentos recentes (“mega projectos”) quealteraram, de forma significativa, a estrutura económica e as balanças comercial e de pagamentos. As principais importações de bens de consumo alimentar são: o arroz, o trigo e óleos alimentares (gráfico 8), todos eles com tendência para aumentar. Gráfico 8: Importação de bens de consumo alimentar Fonte: Banco de Moçambique. As principais importações de bens não alimentares são (gráfico 9): maquinaria para grandes investimentos e construção civil em infraestruturas públicas, combustíveis, materiais de construção, alumino bruto e automóveis, também com tendências crescentes, excepto os automóveis4. 3 Por exemplo, caju, algodão, tecidos, entre outros. 4 Os preços dos automóveis aumentaram muito depois das depreciações do Metical em 2016, devido aos efeitos das “dívidas ocultas”. 153 219 127 180 109 175 - 50 100 150 200 250 2011 2013 2015 2017 2019 M il h õ e s d e U S D Arroz Trigo Óleo alimentar Linear (Arroz) Linear (Trigo) Linear (Óleo alimentar) 6% 1% 27% 20% 7% 39% Tabaco Algodão Alumínio Carvão Mineral Gás Natural Outros 9 Gráfico 9: Importação de bens intermédios Fonte: Banco de Moçambique. Os cinco bens mais importados representam aproximadamente 59% do total das importações (gráfico 10) do total exportado entre 2001 e 2019. As importações principais são bens de consumo final (arroz, trigo, óleos alimentares, combustíveis e automóveis, e de consumo intermédio (alumínio bruto e materiais de construção. Gráfico 10: Principais importações - Proporção do total das importações Fonte: Banco de Moçambique. Os países com quem Moçambique possui mais comércio externo tiveram alguma mudança durante o período analisado, ao que se pode designar de parceiros tradicionais de comércio externo (Africa do Sul, que mantém a posição cimeira, Portugal e Estados Unido). Surgem os Países Baixos (sobretudo devido ao alumínio), a China e a Índia. Portugal perdeu a sua importância histórica natural, tendo ainda um ligeiro significado nas importações (4,5% do total das importações entre 2011 e 2019). À excepção da África do Sul, as relações externas de Moçambique são aparentemente diversificadas, embora, tanto a origem, como o destino, dos principais bens transaccionados sejam concentrados (por exemplo, alumínio, carvão, energia, tabaco, madeira, bens alimentares perecíveis). 61 378 112 871 547 693 495 578 1,106 1,309 - 500 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000 3,500 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 M il h õ e s d e U S D Automóveis Combustíveis Alumínio bruto Mat. de construção Maquinaria 6% 13% 7% 8% 22% 41% Automóveis Combustíveis Alumínio bruto Mat. de construção Maquinaria Outros 10 Os preços da maioria dos principais bens importados e exportados possuem grande volatilidade (gráficos 11 e 12). Gráfico 11: Exportações – Países de destino (somatório de 2011 a 2019) Fonte: Banco de Moçambique. Gráfico 12: Importações – Países de origem (somatório de 2011 a 2019) Fonte: Banco de Moçambique. A tendência das últimas duas décadas mostra relações de troca desfavoráveis no intercâmbio comercial externo (calculadas como a média ponderada dos preços dos produtos exportados e importados ao longo do tempo), o que significa perda do poder de compra real da economia moçambicana, confirmando a teoria da troca desigual de Arghiri Emmanuel5. Os dois gráficos abaixo indicam que, para os principais bens importados, a tendência da evolução dos preços dos bens alimentares (excepto o trigo - gráfico 13), evoluíram mais rapidamente que os outros bens constantes no gráfico 14 (excepto o petróleo). 5 Para um estudo aprofundado da teoria da troca desigual de Arghiri Emmanuel veja: Emmanuel, Arghiri (1973). Unequal Exchange: A Study of the Imperialism of Trade. 2nd ed. New York and London: Monthly Review Press. 18.8% 1.2% 2.2% 34.5% 1.6% 1.7% 0.6%2.4% 11.7% 25.3% África do Sul Malawi Zimbabwe Países Baixos EUA Itália Portugal Reino Unido Índia Outros 32.1% 9.1% 4.5% 2.7% 7.2%5.0%1.9% 5.5% 2.8% 2.4% 1.7% 1.0% 24.0% África do Sul Países Baixos Portugal EUA China India Reino Unido Emiratos Arabes Unidos Japão Singapura Tailândia Vietname Outros 11 Gráfico 13: Preços de Arroz, Trigo e Algodão Fonte: FMI Gráfico 14: Preços de Gás Natural, Petróleo e Alumínio Fonte: FMI Existem dois indicadores importantes de comércio externo. O primeiro, a taxa de cobertura (gráfico 15) é o que traduz a relação entre as exportações e importações, isto é, em que medida as receitas das exportações cobrem os gastos em importações. Este indicador nunca foi, nas últimas duas décadas, igual ou superior a 100%, o que significa que as exportações foram sempre inferiores às importações e a linha de tendência revela decrescimento. O segundo indicador, a taxa de abertura da economia, representa o peso das exportações mais as importações sobre o PIB. O valor deste indicador aumentou entre 2011 e 2019 (gráfico 15). Esta proporção tem aumentado, com principal incidência sobre as importações que representaram, nos últimos anos do período estudado, cerca de metade do PIB. 172.71 589.38 396.51 106.37 280.28 163.26 48 154.98 77.88 0 50 100 150 200 0 200 400 600 800 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 U S D U S D Arroz Trigo Algodão 3.96 2.57 22.71 105.43 51.23 63.15 1.446,75 2.639,86 1.794,49 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 20 40 60 80 100 120 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 U S DU S D Gás natural Petróleo Alumínio 12 Gráfico 15: Taxa de Cobertura, Taxa de Abertura Fonte: Banco de Moçambique. Em síntese, a economia moçambicana está cada vez mais virada para o exterior, reforçando a reconfiguração ou a continuidade da estrutura económica do país adiante analisada. 2.3 Défice da balança comercial e dívida externa O défice 16 aumentou de forma sistemática durante as últimas duas décadas e possui níveis elevados (cerca de 11% em 2019), o que significa o volume da dívida externa relativamente à riqueza criada no país. Gráfico 16: Défice/PIB, exportações/défice, em percentagem Fonte: Banco de Moçambique. A dívida externa decresceu na primeira fase do período analisado e, a partir de 2011, iniciou uma subida rápida, alcançando cerca de 70% do PIB nos últimos anos, o que é considerado elevado. A relação entre exportações e a dívida externa revela, em parte, a capacidade de pagamento da dívida. Nos últimos anos, depois da “crise das dívidas ocultas”, a dívida externa é de cerca de 2,5 vezes superior às exportações. De outra forma, embora as dívidas não sejam pagas no curto prazo, seriam necessários 2,5 anos de alocação de todo o valor das exportações para pagar a dívida externa. Refere-se que a dívida externa possui três momento distintos: de 2001 a 2010 com decréscimo do valor, seguido de um aumento rápido até 2017, resultante dos grandes investimentos privados (grandes projectos) e públicos (infraestruturas), e, depois de 2017, uma diminuição como consequência da retracção de financiamentos externos, devido às dívidas 73 81 45 90 69 31 74 77 0 20 40 60 80 100 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 P e rc e n ta g e m Taxa de Cobertura da BC Taxa de Abertura -5 -14 (36.00) (122.00) (44.00) -150 -100 -50 0 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 Défice/PIB Défice/Exportações 13 ocultas e perda de credibilidade do país, quanto à sua capacidade de assegurar os compromissos de pagamento e dos níveis de risco que colocaram o país na categoria de “lixo” pelas agências de rating. Gráfico 17: Dívida Externa/PIB, Exportações/Dívida Externa, em percentagem Fonte: Banco de Moçambique. 2.4 Instituições de comércio externo6 Nesteponto não se desenvolve o complexo tema das instituições. Vários são os aspectos que dificultam ainda mais os equilíbrios e as contas do comércio externo e, consequentemente, da economia. Destaca-se apenas a transparência/corrupção e actividades ilegais de bens exportados. O gráfico 18 revela a diferença do volume de madeira exportada declarada e registada pelo Banco de Moçambique e o que consta de importações da China de madeira de Moçambique (estatísticas da FAO). Entre 2000 e 2017 o valor acumulado das exportações de madeira corresponde a cerca de 39%, isto é, as receitas em divisas pela exportação da madeira correspondem a 39% do valor exportado, segundo a FAO7. Vários casos de contrabando e de exportação ilegal de madeira são frequentemente apreendidas pelas autoridades moçambicanas, o que indica a existência de redes de tráfico que podem, fundamentar as diferenças observadas. Se a esta realidade forem adicionados os valores do tráfico de marfim e cornos de rinocerontes, da exportação de bens e serviços com qualidade declarada inferior (traduzindo-se em menores receitas em divisas e de impostos), dos contratos com preços abaixo do mercado internacional (caso do gás e de energia de Cahora Bassa exportada para a África do Sul), das comissões e exportação ilegal de divisas, designadamente para fins de financiamento do terrorismo, entre outras fugas de divisas, pode-se depreender que o volume de divisas não arrecadadas pelo país é substancial. Estes e outros aspectos revelam a importância de profundas reformas institucionais e do combate à fraude e corrupção, que é mais profundo que as más práticas dos funcionários das alfândegas e dos agentes da polícia. 6 O conceito de instituições neste texto não se refere às organizações dos aparelhos da burocracia estatal ou privada, e sim ao funcionamento das mesmas, sobretudo no que respeita à transparência, sabendo-se de uma maior amplitude do conceito instituições 7 Sem retirar validade ao referido, os dados devem ser ponderados na medida em que, regra geral, fontes diferentes indicam valores não idênticos. 93 31 75 14 70 42 0 20 40 60 80 100 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 Dívida Externa/PIB Exportações/Dívida Externa 14 Gráfico 18: Exportação de madeira para a China Fontes: Banco de Moçambique (linha negra) e FAO (linha vermelha). A linha vermelha revela os dados da FAO sobre as importações de madeira da China com origem em Moçambique. A linha negra indica dos dados do Banco de Moçambique sobre as exportações de madeira de Moçambique com destino para a China. 28.117 84.231 431.728 345.16 14.6 146.3 49.2 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 M il h õ e s U S D 15 3. ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS FACTORES DAS RELAÇÕES EXTERNAS SOBRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO Quadro1-Modelo de regressão múltipla – PIB e o Preço no mercado internacional Modelo Coeficientes não estandardizados Coeficientes estandardizados Teste t8 t9(Sig.) R2 (%)10 Β11 Erro padrão12 β13 Constante 8.297.772 1.540.213 5.387 0,000 78% Preço do gás natural -760.531 227.730 -0,393 -3.340 0,004 Preço do petróleo 109.753 16.300 0,791 6.733 0,000 Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) Procurou-se regredir o PIB em função do preço no mercado internacional dos seguintes produtos (arroz, trigo, algodão, alumínio, carvão, gás natural e petróleo). Foram retirados do modelo inicial os preços do arroz, trigo, alumínio algodão e carvão, por estes não apresentarem um efeito significante, isto é, o modelo contendo estas variáveis não se adaptou aos dados. Atente ao quadro acima apresentado, pode verificar-se que perto de 78% da variabilidade do PIB é explicada pelos preços do petróleo e o gás natural. Os coeficientes de variação β, obtidos a partir do teste ṭ, são todos estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. O preço do petróleo demonstrou ter um efeito positivo sobre o PIB enquanto que o preço do gás tem efeito negativo, mas menos significante. 8 O teste t é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula. Quando a estatística de teste (t) segue uma distribuição t de Student (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 9 O t (sig) ou p-valor é a probabilidade da média da amostra apresentar os valores observados. Se a probabilidade for muito pequena (até 0.01), pode-se concluir que o resultado observado é estatisticamente relevante (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 10 R2 é a percentagem da variação da variável é explicada por um modelo linear. O R2 mede o quão próximos os dados estão da linha de regressão ajustada. O R-quadrado mede-se entre 0% e 100%, onde 0% significa que o modelo não explica a variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua média e 100% significa que o modelo explica toda a variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua média (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 11 Coeficiente de regressão (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 12 O erro padrão é a medida de variação de uma média amostral em relação à média da população. Sendo assim, é uma medida que auxilia a verificação de confiabilidade da média amostral calculada (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 13 β é o coeficiente de variação B padronizado pela subtração de sua média e dividindo o resultado pelo seu desvio- padrão. Para o coeficiente de variação β a dimensão das variáveis independentes passa a ser irrelevante, porque aqui os valores estão em igualdade. Assim, na comparação dos coeficientes, a variável com maior coeficiente é a mais importante (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 16 É interessante constatar a relação inversa entre o PIB e o preço do gás, o que pode ser justificado pelas seguintes razões: baixa variação do preço do gás comparativamente às variações percentuais do PIB e em sentido contrário (crescimento do PIB e redução do gás), e baixo consumo interno do gás. Quadro2-Modelo de regressão múltipla – PIB e as exportações Modelo Coeficientes não estandardizados Coeficientes estandardizados Teste t t (sig.) R2 (%) B Erro padrão β Constante 308.386 759.719 4,059 0,001 95% Exportação de tabaco 25,13 5,37 0,584 4,680 0,000 Exportação de algodão 4,14 11.512 0,223 3,598 0,003 Total das exportações 1.118 0,357 0,391 3,135 0,007 Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) No modelo inicial, procurou-se regredir o PIB em função dos seguintes bens: tabaco, algodão, castanha de caju, alumínio, carvão mineral, gás natural, energia e total das exportações. Do modelo inicial, reteve-se a exportação de tabaco, algodão e o total das exportações, isto é, o modelo contendo as restantes variáveis não se adaptou aos dados. Considerando o quadro acima, pode-se verificar que perto de 95% da variabilidade do PIB é explicada pela exportação de tabaco, exportação de algodão e o total das exportações. Dos coeficientes de variação β, pode-se constatar, a partir do teste ṭ, que são todos estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. A exportação de tabaco, algodão e o total das exportações revelaram um efeito positivo. De entre essas variáveis, o efeito das exportações de tabaco tem um efeito maior sobre o PIB. Quadro3-Modelo de regressão múltipla – PIB e o sector externo Modelo Coeficientes não estandardizados Coeficientes estandardizados Teste t t (sig.) R2 (%) B Erro padrão β Constante 5.390,989 555.145 9.711 0,000 92% Importação automóveis 10.344 3.656 0,405 2.829 0,010 Importações combustíveis 6.211 1.519 0,586 4.088 0,001 Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) 17 O modelo inicial continha o PIB, a importação de arroz, trigo, óleo alimentar,automóveis, combustíveis, alumina, material de construção, maquinaria, bens alimentares e o total das importações. O modelo que melhor explica o PIB é composto pelas importações de automóveis e de combustíveis. Cerca de 92% da variabilidade do PIB é explicada pelas variáveis independentes (importação de automóveis e combustível). Este resultado pode ser justificar-se pelo facto de o consumo de combustíveis ser um forte indicador do dinamismo de uma economia. Na categoria de automóveis, estão incluídos todos os veículos, excepto as máquinas, o que reflecte o aumento do parque de automóvel e ainda as relações dinamizadoras dos transportes nas economias. O consumo de veículos e de combustíveis estão associados. Foi feito o teste de colinariedade e tendo o resultado sido negativo. Analisando os coeficientes de variação β, pode verificar-se, a partir do teste ṭ, que são todos estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de cerca de 99%. Tanto as importações de combustíveis (0.586), como de automóveis (0.405), apresentam um efeito positivo sobre o PIB. Quadro-4Modelo de regressão múltipla – PIB e o sector externo Modelo Coeficientes não estandardizados Coeficientes estandardizados Teste t t (sig.) R2 (%) B Erro padrão β Constante 5.004.238 819.615 6.106 0,000 98% Importações 1.554 0,130 0,983 11.930 0,000 Dívida externa 0,796 0,163 0,543 4.897 0,000 Taxa de Abertura -182.382 40.716 -0,692 -4.479 0,001 Exportações/Dívida Externa 118.022 15.790 0,528 7.474 0,000 Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) O modelo inicial era composto pelo total de importações, exportações, dívida externa, taxa de abertura, taxa de cobertura, exportações sobre a dívida externa, importações sobre a dívida externa. O modelo que melhor explica o PIB é composto pelo total das importações, dívida externa, taxa de abertura e o rácio das exportações sobre a dívida externa. Atente-se ao modelo de regressão múltipla, acima apresentado, e pode-se verifica que perto de 98% da variabilidade do PIB é explicada pelas variáveis independentes (Importações, Dívida externa, Taxa de abertura e o rácio das exportações pela dívida externa). 18 Analisando os coeficientes de variação β, pode-se verificar, a partir do teste t que são todos estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. Por um lado, as Importações, Dívida externa e o rácio das exportações pela dívida externa apresentam um efeito positivo sobre o PIB. Por outro lado, a taxa de abertura da economia apresenta um efeito inverso sobre o PIB. Neste modelo, os coeficientes estandardizados revelam que a variação das importações em uma unidade tem maior efeito sobre PIB (0.983). Os resultados do modelo são coerentes pelo peso das importações e seus efeitos, enquanto os resultados dos bens intermédios (equipamento, veículos, equipamentos associados aos grandes investimentos e à construção civil, etc.), não produzem efeitos significantes. Além disso, a maioria dos bens de consumo importados possui transformação interna para permitir o consumo final (arroz, trigo, óleos, etc.). 4. ANÁLISE DAS RELAÇÕES COMERCIAIS EXTERNAS DE MOÇAMBIQUE E LIÇÕES 4.1 Análise das relações comerciais externas Dos dados apresentados (combinação da análise descritiva e dos resultados do modelo econométrico), pode-se concluir os seguintes aspectos principais: • A economia cresce, mas, simultaneamente, aumenta o défice da balança comercial, a dívida externa, diminui a taxa de cobertura e aumenta a abertura da economia. Esta realidade significa que a economia está crescentemente virada para o exterior (extroversão da economia – medida pela taxa de abertura, o que é confirmado no modelo de regressão), tornando-se mais dependente, não só devido a esta relação, como devido à natureza dos bens comercializados, que reflectem uma economia importadora de alimentos e de bens de consumo não alimentares e de matérias-primas, e exportadora de recursos naturais e de commodities agrícolas com poucos efeitos multiplicadores internos (valor acrescentado nacional). • Existem sinais de reestruturação da economia com o aumento da importação de bens alimentares essenciais (sobretudo para o meio urbano) e com um crescente défice na oferta interna (excepto o trigo, que sempre foi importado), o que traduz uma menor oferta nacional comparativamente com a oferta interna total, sendo o défice suprido pelas importações. No período analisado, surgem novos bens exportados (alumínio, carvão, gás e tabaco); isto é, o extrativismo de recursos naturais (minerais, energia, terra e trabalho) constitui uma das características principais da economia, crescentemente especializada no sector primário; • O comércio externo está diversificado em termos de países de origem e de destino, mas concentrado em termos de produtos, o que reflecte o investimento externo, também concentrado no sector extrativo e na produção de commodities. A economia está crescentemente afunilada em sectores intensivos em capital (transformação do alumínio, carvão, gás e energia), pouco geradores de emprego, com escasso valor acrescentado interno e, portanto, com poucas relações intersectoriais, e territorialmente concentrado e sem efeitos positivos na vida dos cidadãos. • Em consequência desta evolução estrutural, a economia está assente numa base social muito restrita, isto é, o crescimento não é inclusivo, gera mais pobreza, produz crescentes desigualdades sociais e espaciais, e é atrofiador das pequenas e médias empresas. A desindustrialização e a persistência da agricultura de baixa produtividade (excepto em 19 alguns produtos de exportação e de vegetais para o abastecimento rural, produzidos por médias e grandes empresas) são consequências directas do modelo de desenvolvimento e de crescimento. • Pelos resultados do modelo, constata-se que o tabaco e o algodão são as produções exportadas com maiores efeitos sobre o PIB, o que pode ser compreendido pelas seguintes razões: (1) milhares de camponeses estão envolvidos na produção destas mercadorias aumentando os seus rendimentos monetários e, com isso, os efeitos multiplicadores nas economias locais por aumento gerado pela procura de bens e serviços; (2) são produtos que sofrem alguma transformação interna para facilitar as exportações. • A evolução da economia moçambicana revela a forte sensibilidade a choques da economia e do comércio internacional (reflexo das crises internacionais e da volatilidade dos preços), particularmente com influência sobre a taxa de câmbio, o investimento externo, a ajuda da cooperação internacional e as receitas das exportações, o orçamento geral do Estado, entre outros aspectos. 4.2 Lições As principais características da economia moçambicana que necessitam ser ajustadas são as seguintes: • A estrutura produtiva sectorial, social e espacialmente concentrada, com investimentos intensivos em capital e com limitados efeitos sobre a pobreza e a vida dos cidadãos, em particular daqueles que vivem nas zonas de intervenção do capital, torna necessário que a transformação estrutural incida na agricultura, na industrialização (principalmente da indústria alimentar), na indústria de construção, na energia e no turismo, com produção de bens e serviços principalmente para o mercado interno (substituição de importações), o que contribuiria para a redução da pobreza, a criação de emprego e o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. • O aprofundamento de um padrão de acumulação centrado no exterior em consequência da extroversão da economia, o predomínio do investimento externo em fases primárias de cadeias de valor verticalizadas, sem criação de relações intersectoriais e não promotoras de pequenas e médias empresas e de emprego, significaque apenas a criação de um tecido empresarial de pequena e média dimensão nos sectores referidos pode gerar um padrão de acumulação e cadeias de valores endógenas, criando poupanças e capacidade de investimento interno. • A forte dependência externa e limitada capacidade de resistência a choques da economia e comércio internacional, bem como a mudanças climáticas, implica que a alteração desta realidade só será possível com a priorização dos sectores mencionados, a emergência do tecido empresarial que substitua importações, os incentivos às exportações e internalização das cadeias de valor. 20 5. CONCLUSÕES A análise do comércio externo revela a importância deste sector na economia devido ao peso que possui, sobretudo das importações (bens de consumo final e bens intermédios) e na formação e evolução do PIB. A economia nacional possui uma poupança interna muito baixa14, o investimento depende principalmente de capitais externos15 que se dedicam às produções para exportações integradas em cadeias de valor verticalizadas e externalizadas, concentrado na extracção de recursos naturais e na exploração da terra e do factor trabalho para a produção de commodities, aumentando a natureza extrovertida da economia com aprofundamento da especialização produtiva no sector primário, o que constitui característica das economias subdesenvolvidas. Nas últimas duas décadas, e por consequência do investimento estrangeiro, assiste-se a mudanças na estrutura económica e do comércio externo, com afunilamento sectorial e espacial do crescimento, concentração do comércio externo por países de origem e destino dos principais bens e serviços, gerando mais pobreza e desigualdades sociais e espaciais. Os principais bens exportados, como o alumínio, carvão, gás e energia destinam-se a um ou dois países por cada produto. As instituições públicas e privadas revelam ineficácia no combate à corrupção relacionada com o comércio externo e as fronteiras são porosas por onde circulam grandes quantidades de recursos através de vários tipos de tráficos. Em síntese, o comércio externo contribui para o afunilamento sectorial e espacial da economia e para a especialização produtiva no sector primário, configurando uma economia extractiva e extrovertida, e, portanto, dependente. O padrão não inclusivo aprofunda-se com geração de mais pobreza e de desigualdades sociais e territoriais. Os resultados do modelo, combinados com a análise descritiva, suportada pelos gráficos, podem indicar os focos sectoriais a incentivar de modo a se gerar um crescimento mais endógeno (menos dependente, crescentemente assente na poupança e no investimento interno, mais inclusivo e com efeitos na redução da pobreza). 14 António Francisco e Moisés Siúta (2014), Poupança Interna Moçambicana: 2000-2010, uma Década Inédita. IESE, Ideias (2014), revelam que a poupança interna em Moçambique, no período de 2000 a 2010, foi, em média, inferior a 5% do PIB. 15 Nova, Yara, Dadá, Yasser Arafat e Mussá, Cerina (2019). Agricultura em números análise do orçamento do estado, investimento, crédito e balança comercial. OMR Nº 74, Observador Rural, revelam que o investimento externo representava, em média, no período de 2001 a 2017, mais de 90% do investimento realizado no país. 21 6. SUGESTÕES A transformação estrutural deve ser concebida a longo prazo e exige políticas económicas e públicas politicamente pactuadas entre as forças políticas e sociais, para se assegurar estabilidade das mesmas e das instituições. Para o efeito, as principais medidas poderiam ser: Reformar o Estado de modo a torná-lo mais eficiente e eficaz, menos despesista e com funções definidas na economia e na sociedade de forma a combinar as funções de Estado com o sector privado; as burocracias devem ser transparentes (sem corrupção), meritocratas e com separação entre os interesses públicos e privados. Criar um mercado concorrencial (não distorcido por acção do Estado, das empresas públicas monopolistas e protegidas, e dos benefícios atribuídos às empresas multinacionais), o estabelecimento de incentivos para a emergência do tecido empresarial nacional competitivo e concentrado nos sectores prioritários através de mecanismos de mercado. Se houvesse que definir produtos prioritários para o crescimento da economia, o tabaco e o algodão deveriam constar devido aos seus efeitos multiplicadores nas economias locais e no PIB. Esta sugestão, assente nos resultados deste trabalho, confirma a importância de priorizar as políticas públicas para a agricultura e o meio rural. Aumentar o acesso e a qualidade dos serviços aos cidadãos (saúde, educação, água e energia), bem como os equilíbrios da representatividade e crescente equidade regional/étnica nas instâncias do poder nos diferentes níveis territoriais, como condição para a preservação da paz duradoura com reconciliação. Assegurar a estabilidade do desenvolvimento a longo prazo, através de uma gestão sustentável dos recursos naturais e da natureza, da resiliência aos choques climáticos e de mecanismos de acomodação das crises da economia internacional, da volatilidade dos preços externos e internos dos principais bens de consumo alimentar. Diversificar a economia com prioridades fundamentadas na optimização da combinação dos princípios da economicidade, equidade social e espacial e resiliências as mudanças climáticas. O sistema político deve ser democrático e inclusivo, combinando a democracia representativa com a participativa (sobretudo nas comunidades) e assegurando os princípios do Estado de Direito, particularmente a independência dos poderes e os direitos e liberdades dos cidadãos. Transformar esta realidade e mudar o modelo de desenvolvimento e o padrão de acumulação, exige profundas reformas no Estado e no sector privado, nos mercados, e necessita de instituições e de políticas económicas e públicas estáveis a longo prazo. A pergunta final é se essas reformas são possíveis, na medida em que afectariam as relações de poder e destas com os interesses económicos. LISTA DOS TÍTULOS PUBLICADOS PELO OMR DA SÉRIE OBSERVADOR RURAL Nº Título Autor(es) Ano 105 Macroeconomia das pescas em Moçambique Nelson Capaina Fevereiro de 2021 104 Influência de factores institucionais no desempenho do sector agrário em Moçambique João Carrilho e Rui Ribeiro Fevereiro de 2021 103 Evolução de preços e bens alimentares em 2020 Yulla Marques e Jonas Mbiza Fevereiro de 2021 102 Contributo para o planeamento e Desenvilvimento de Cabo Delgafo João Mosca e Jerry Maquenzi Fevereiro de 2021 101 Desenvolvimento socioeconómico de Cabo Delgado num contexto de conflito João Feijó, António Souto e Jerry Maquenzi Fevereiro de 2021 100 Caracterização do sector das pescas em Moçambique Nelson Capaina Janeiro de 2021 99 Dificuldades de Realização de Pesquisa em Moçambique João Feijó Setembro de 2020 98 Análise de conjuntura económica2º trimestre de 2020 João Mosca Setembro de 2020 97 Género e desenvolvimento: Factores para o empoderamento da mulher rural Aleia Rachide Agy Agosto de 2020 96 Micro-simulações dos impactos da COVID-19 na pobreza e desigualdade em Moçambique Ibraimo Hassane Mussagy e João Mosca Julho de 2020 95 Contributo para um debate necessário da política fiscal em Moçambique João Mosca e Rabia Aiuba Junho de 2020 94 Economia de Moçambique: Análise de conjuntura pré COVID-19 João Mosca e Rabia Aiuba Junho de 2020 93 Assimetrias no acesso ao Estado: Um terreno fértil de penetração do jihadismo islâmico João Feijó Junho de 2020 92 Implementação das medidas de prevenção do COVID-19: Uma avaliação intercalar nas cidades de Maputo, Beira e Nampula João Feijó e Ibraimo Hassane Mussagy Junho de 2020 91 Secundarização da agricultura e persistência da pobreza rural: Reprodução de cidadanias desiguais João FeijóMaio de 2020 90 Transição florestal: Estudo socioeconómico do desmatamento em Nhamatanda Mélica Chandamela Abril de 2020 89 Produção bovina em Moçambique: Desafios e perspectivas – O caso da província de Maputo Nelson Capaina Março de 2020 88 Avaliação dos impactos dos investimentos nas plantações florestais da Portucel-Moçambique na província da Zambézia Almeida Sitoe e Sá Nogueira Lisboa Março de 2020 87 Terra e crises climáticas: percepções de populações deslocadas pelo ciclone IDAI no distrito de Nhamatanda Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2020 86 “senhor, passar para onde?” Estrutura fundiária e mapeamento de conflitos de terra no distrito de Nhamatanda Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2020 85 Evolução dos preços dos bens essenciais de consumo em 2019 Rabia Aiuba e Jonas Mbiza Fevereiro de 2020 84 Repensar a segurança alimentar e nutricional: Alterações no sistema agro-alimentar e o direito à alimentação em Moçambique Refiloe Joala, Máriam Abbas, Lázaro dos Santos, Natacha Bruna, Carlos Serra, e Natacha Ribeiro Janeiro de 2020 83 Pobreza no meio rural: Situação de famílias monoparentais chefiadas por mulheres Aleia Rachide Agy Janeiro de 2020 82 Ascensão e queda do PROSAVANA: Da cooperação triangular à cooperação bilateral contra- resistência / The rise and fall of PROSAVANA: From triangular cooperation to bilateral cooperation in counter-resistance Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2020 81 Investimento público na agricultura: O caso dos centros de prestação de serviços agrários; complexo de silos da bolsa de mercadorias de Moçambique e dos regadios Yasser Arafat Dadá, Yara Nova e Cerina Mussá Novembro de 2019 80 Agricultura: Assim, não é possível reduzir a pobreza em Moçambique João Mosca e Yara Nova Outubro de 2019 79 Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do corredor da Beira, Moçambique Rabia Aiuba Setembro de 2019 78 Condições socioeconómicas das mulheres associadas na província de Nampula: Estudos de caso nos distritos de Malema, Ribaué e Monapo Aleia Rachide Agy Agosto de 2019 77 Pobreza e desigualdades em zonas de penetração de grandes projectos: Estudo de caso em Namanhumbir - Cabo Delgado Jerry Maquenzi Agosto de 2019 76 Pobreza, desigualdades e conflitos no norte de Cabo Delgado Jerry Maquenzi e João Feijó Julho de 2019 75 A maldição dos recursos naturais: Mineração artesanal e conflitualidade em Namanhumbir Jerry Maquenzi e João Feijó Junho de 2019 74 Agricultura em números: Análise do orçamento do estado, investimento, crédito e balança comercial Yara Nova, Yasser Arafat Dadá e Cerina Mussá Maio de 2019 73 Titulação e subaproveitamento da terra em Moçambique: Algumas causas e implicações Nelson Capaina Abril de 2019 72 Os mercados de terras rurais no corredor da Beira: tipos, dinâmicas e conflitos. Uacitissa Mandamule e Tomás Manhicane Março de 2019 71 Evolução dos preços dos bens alimentares 2018 Yara Nova Fevereiro de 2019 70 A economia política do Corredor da Beira: Consolidação de um enclave ao serviço do Hinterland Thomas Selemane Janeiro de 2019 69 Indicadores de Moçambique, da África subsaariana e do mundo Rabia Aiuba e Yara Nova Dezembro de 2018 Nº Título Autor(es) Ano 67 Pólos de crescimento e os efeitos sobre a pequena produção: O caso de nacala-porto Yasser Arafat Dadá e Yara Nova Outubro de 2018 66 Os Sistemas Agro-Alimentares no Mundo e em Moçambique Rabia Aiuba Setembro de 2018 65 Agro-negócio e campesinato. Continuidade e descontinuidade de Longa Duração. O Caso de Moçambique. João Mosca Agosto de 2018 64 Determinantes da Indústria Têxtil e de vestuário em Moçambique (1960-2014) Cerina Mussá e Yasser Dadá Julho de 2018 63 Participação das mulheres em projectos de investimento agrário no Distrito de Monapo Aleia Rachide Agy Junho de 2018 62 Chokwé: efeitos locais de políticas Instáveis, erráticas e contraditórias Márriam Abbas Maio de 2018 61 Pobreza, diferenciação social e (des) alianças políticas no meio rural João Feijó Abril de 2018 60 Evolução dos Preços de Bens alimentares e Serviços 2017 Yara Nova Março de 2018 59 Estruturas de Mercado e sua influência na formação dos preços dos produtos agrícolas ao longo das suas cadeias de valor Yara Pedro Nova Fevereiro de 2018 58 Avaliação dos impactos dos investimentos das plantações florestais da Portucel-Moçambique nas tecnologias agrícolas das populações locais nos distritos de Ile e Namarrói, Província da Zambézia Almeida Sitoe e Sá Nogueira Lisboa Novembro de 2017 57 Desenvolvimento Rural em Moçambique: Discursos e Realidades – Um estudo de caso do distrito de Pebane, Província da Zambézia Nelson Capaina Outubro de 2017 56 A Economia política do corredor de Nacala: Consolidação do padrão de economia extrovertida em Moçambique Thomas Selemane Setembro de 2017 55 Segurança Alimentar Auto-suficiecia alimentar: Mito ou verdade? Máriam Abbas Agosto de 2017 54 A inflação e a produção agrícola em Moçambique Soraya Fenita e Máriam Abbas Julho de 2017 53 Plantações florestais e a instrumentalização do estado em Moçambique Natacha Bruna Junho de 2017 52 Sofala: Desenvolvimento e Desigualdades Territoriais Yara Pedro Nova Junho de 2017 51 Estratégia de produção camponesa em Moçambique: estudo de caso no sul do Save - Chókwe, Guijá e KaMavota Yasser Arafat Dadá Maio de 2017 50 Género e relações de poder na região sul de Moçambique – uma análise sobre a localidade de Mucotuene na província de Gaza Aleia Rachide Agy Abril de 2017 49 Criando capacidades para o desenvolvimento: o género no acesso aos recursos produtivos no meio rural em Moçambique Nelson Capaina Março de 2017 48 Perfil socio-económico dos pequenos agricultores do sul de Moçambique: realidades de Chókwe, Guijá e KaMavota Momade Ibraimo Março de 2017 47 Agricultura, diversificação e Transformação estrutural da economia João Mosca Fevereiro de 2017 46 Processos e debates relacionados com DUATs. Estudos de caso em Nampula e Zambézia. Uacitissa Mandamule Novembro de 2016 45 Tete e Cateme: entre a implosão do el dorado e a contínua degradação das condições de vida dos reassentados Thomas Selemane Outubro de 2016 44 Investimentos, assimetrias e movimentos de protesto na província de Tete João Feijó Setembro de 2016 43 Motivações migratórias rural-urbanas e perspectivas de regresso ao campo – uma análise do desenvolvimento rural em moçambique a partir de Maputo João Feijó e Aleia Rachide Agy e Momade Ibraimo Agosto de 2016 42 Políticas públicas e desigualdades socias e territoriais em Moçambique João Mosca e Máriam Abbas Julho de 2016 41 Metodologia de estudo dos impactos dos megaprojectos João Mosca e Natacha Bruna Junho de 2016 40 Cadeias de valor e ambiente de negócios na agricultura em Moçambique Mota Lopes Maio de 2016 39 Zambézia: Rica e Empobrecida João Mosca e Yara Nova Abril de 2016 38 Exploração artesanal de ouro em Manica António Júnior, Momade Ibraimo e João Mosca Março de 2016 37 Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em Moçambique Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2016 36 Políticas públicas e agricultura João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2016 35 Pardais da china, jatrofa e tractores de Moçambique: remédios que não prestam para o desenvolvimento rural Luis Artur Dezembro de 2015 Nº Título Autor(es) Ano 34 A política monetária e a agricultura em Moçambique Máriam Abbas Novembro de 2015 33 A influência do estado de saúde da população na produção agrícola em Moçambique Luís Artur e Arsénio Jorge Outubro de 2015 32 Discursos à volta do regime de propriedade da terra em Moçambique Uacitissa Mandamule Setembro de 2015 31 Prosavana: discursos, práticas e realidades João Mosca e Natacha Bruna Agosto de 2015 30 Do modo de vida camponês à pluriactividade impacto do assalariamento urbano na economia familiar rural João Feijóe Aleia Rachide Julho de 2015 29 Educação e produção agrícola em Moçambique: o caso do milho Natacha Bruna Junho de 2015 28 Legislação sobre os recursos naturais em Moçambique: convergências e conflitos na relação com a terra Eduardo Chiziane Maio de 2015 27 Relações Transfronteiriças de Moçambique António Júnior, Yasser Arafat Dadá e João Mosca Abril de 2015 26 Macroeconomia e a produção agrícola em Moçambique Máriam Abbas Abril de 2015 25 Entre discurso e prática: dinâmicas locais no acesso aos fundos de desenvolvimento distrital em Memba Nelson Capaina Março de 2015 24 Agricultura familiar em Moçambique: Ideologias e Políticas João Mosca Fevereiro de 2015 23 Transportes públicos rodoviários na cidade de Maputo: entre os TPM e os My Love Kayola da Barca Vieira Yasser Arafat Dadá e Margarida Martins Dezembro de 2014 22 Lei de Terras: Entre a Lei e as Práticas na defesa de Direitos sobre a terra Eduardo Chiziane Novembro de 2014 21 Associações de pequenos produtores do sul de Moçambique: constrangimentos e desafios António Júnior, Yasser Arafat Dadá e João Mosca Outubro de 2014 20 Influência das taxas de câmbio na agricultura João Mosca, Yasser Arafat Dadá e Kátia Amreén Pereira Setembro de 2014 19 Competitividade do Algodão Em Moçambique Natacha Bruna Agosto de 2014 18 O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula Carlos Manuel Serra, António Cuna, Assane Amade e Félix Goia Julho de 2014 17 Competitividade do subsector do caju em Moçambique Máriam Abbas Junho de 2014 16 Mercantilização do gado bovino no distrito de Chicualacuala António Manuel Júnior Maio de 2014 15 Os efeitos do HIV e SIDA no sector agrário e no bem-estar nas províncias de Tete e Niassa Luís Artur, Ussene Buleza, Mateus Marassiro, Garcia Júnior Abril de 2015 14 Investimento no sector agrário João Mosca e Yasser Arafat Dadá Março de 2014 13 Subsídios à Agricultura João Mosca, Kátia Amreén Pereira e Yasser Arafat Dadá Fevereiro de 2014 12 Anatomia Pós-Fukushima dos Estudos sobre o ProSAVANA: Focalizando no “Os mitos por trás do ProSavana” de Natalia Fingermann Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2013 11 Crédito Agrário João Mosca, Natacha Bruna, Katia Amreén Pereira e Yasser Arafat Dadá Novembro de 2013 10 Shallow roots of local development or branching out for new opportunities: how local communities in Mozambique may benefit from investments in land and forestry exploitation Emelie Blomgren e Jessica Lindkvist Outubro de 2013 9 Orçamento do estado para a agricultura Américo Izaltino Casamo, João Mosca e Yasser Arafat Setembro de 2013 8 Agricultural Intensification in Mozambique. Opportunities and Obstacles—Lessons from Ten Villages Peter E. Coughlin, Nicia Givá Julho de 2013 7 Agro-Negócio em Nampula: casos e expectativas do ProSAVANA Dipac Jaiantilal Junho de 2013 6 Estrangeirização da terra, agronegócio e campesinato no Brasil e em Moçambique Elizabeth Alice Clements e Bernardo Mançano Fernandes Maio de 2013 Nº Título Autor(es) Ano 5 Contributo para o estudo dos determinantes da produção agrícola João Mosca e Yasser Arafat Dadá Abril de 2013 4 Algumas dinâmicas estruturais do sector agrário. João Mosca, Vitor Matavel e Yasser Arafat Dadá Março de 2013 3 Preços e mercados de produtos agrícolas alimentares. João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2013 2 Balança Comercial Agrícola: Para uma estratégia de substituição de importações? João Mosca e Natacha Bruna Novembro de 2012 1 Porque é que a produção alimentar não é prioritária? João Mosca Setembro de 2012 Como publicar: • Os autores deverão endereçar as propostas de textos para publicação em formato digital para o e-mail do OMR (office@omrmz.org) que responderá com um e-mail de aviso de recepção da proposta. • Não existe por parte do Observatório do Meio Rural qualquer responsabilidade em publicar os trabalhos recebidos. • Após o envio, os autores proponentes receberão informação por e-mail, num prazo de 90 dias, sobre a aceitação do trabalho para publicação. • O autor tem o direito a 10 exemplares do número do OBSERVADOR RURAL que contiver o artigo por ele escrito. Regras de publicação: • Apresentação da proposta de um tema que se enquadre no objecto de trabalho do OMR. • Aprovação pelo Conselho Técnico. • Submissão a uma revisão redactorial num prazo de sessenta dias, a partir da entrega da proposta de artigo pelo autor. • Informação aos autores por parte do OMR acerca da decisão da publicação, por e-mail, com solicitação de aviso de recepção, num prazo de 90 dias após a apresentação da proposta. • Caso exista um parecer negativo de um ou mais revisores, o autor tem a oportunidade de voltar uma vez mais a propor a edição do texto, desde que introduzidas as alterações e observações sugeridas pelo(s) revisore(s). • Uma segunda proposta do mesmo texto para edição procede-se nos mesmos moldes e prazos. • Um segundo parecer negativo tem carácter definitivo. • O proponente do texto para publicação não tem acesso aos nomes dos revisores e estes receberão os textos para revisão sem indicação dos nomes dos autores. • A responsabilidade de publicação é da Direcção do Observatório do Meio Rural sob proposta do Conselho Técnico, independentemente dos pareceres dos revisores. • O texto não pode ter mais que 40 páginas em letra 11, espaço simples entre linhas, e 3 cm em todas as margens da página (cima, baixo lado e esquerdo e direito). • A formatação do texto para publicação é da responsabilidade do OMR. O OMR centra as suas acções na prossecução dos seguintes objectivos específicos: • Promover e realizar estudos e pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao desenvolvimento rural; • Divulgar resultados de pesquisas e reflexões; • Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, seja através de comunicados de imprensa como pela publicação de textos; • Constituir uma base de dados bibliográfica actualizada, em forma digitalizada; • Estabelecer relações com instituições nacionais e internacionais de pesquisa para intercâmbio de informação e parcerias em trabalhos específicos de investigação sobre temáticas agrárias e de desenvolvimento rural em Moçambique; • Desenvolver parcerias com instituições de ensino superior para envolvimento de estudantes em pesquisas de acordo com os temas de análise e discussão agendados; • Criar condições para a edição dos textos apresentados para análise e debate do OMR. Patrocinadores: Rua Faustino Vanombe, nº 81, 1º Andar Maputo – Moçambique www.omrmz.org O OMR é uma Associação da sociedade civil que tem por objectivo geral contribuir para o desenvolvimento agrário e rural numa perspectiva integrada e interdisciplinar, através de investigação, estudos e debates acerca das políticas e outras temáticas agrárias e de desenvolvimento rural. http://www.omrmz.org/
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