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OR-106-Comércio-Externo-em-Moçambique

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OBSERVADOR RURAL 
Nº 106 
 
MARÇO DE 2021 
COMÉRCIO EXTERNO E CRESCIMENTO 
ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE 
 
 
João Mosca, Yasser Arafat Dadá 
e Yulla Marques 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O documento de trabalho (Working Paper) OBSERVADOR RURAL (OMR) é uma publicação do 
Observatório do Meio Rural. É uma publicação não periódica de distribuição institucional e 
individual. Também pode aceder-se ao OBSERVADOR RURAL no site do OMR (www.omrmz.org). 
 
Os objectivos do OBSERVADOR RURAL são: 
• Reflectir e promover a troca de opiniões sobre temas da actualidade moçambicana e 
assuntos internacionais. 
• Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, de pesquisas e reflexões sobre 
temas relevantes do sector agrário e do meio rural. 
 
O OBSERVADOR RURAL é um espaço de publicação destinado principalmente aos investigadores 
e técnicos que pesquisam, trabalham ou que tenham algum interesse pela área objecto do OMR. 
Podem ainda propor trabalhos para publicação outros cidadãos nacionais ou estrangeiros. 
 
Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade dos autores, não vinculando, para qualquer efeito 
o Observatório do Meio Rural nem os seus parceiros ou patrocinadores. 
 
Os textos publicados no OBSERVADOR RURAL estão em forma de draft. Os autores agradecem 
contribuições para aprofundamento e correcções, para a melhoria do documento. 
 
 
 
 
1 
 
COMÉRCIO EXTERNO E CRESCIMENTO ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE 
 
 
João Mosca, Yasser Arafat Dadá e Yulla Marques1 
 
 
RESUMO 
 
Este texto tem como objectivo estudar a evolução da economia e sobre quais as variáveis de 
comércio externo mais influenciam o crescimento e a estrutura da economia. Faz-se uma análise 
descritivas e gráfica dos principais indicadores do comércio externo e das suas relações com 
indicadores macroeconómicos. Foi também utilizado um método quantitativo de regressão 
múltipla. 
 
Em síntese, o comércio externo contribui para o afunilamento sectorial e espacial da economia e 
para a especialização produtiva no sector primário, configurando uma economia extractiva e 
extrovertida, e, portanto, dependente. O padrão não inclusivo aprofunda-se com geração de mais 
pobreza e de desigualdades sociais e territoriais. 
 
Os resultados do modelo, combinados com a análise descritiva, suportada pelos gráficos, podem 
indicar os focos sectoriais a incentivar de modo a se gerar um crescimento mais endógeno (menos 
dependente, crescentemente assente na poupança e no investimento interno, mais inclusivo e 
com efeitos na redução da pobreza). 
 
No final, são apresentadas medidas e políticas públicas para a transformação estrutural da 
economia. Criar um mercado concorrencial (não distorcido por acção do Estado, das empresas 
públicas monopolistas e protegidas, e dos benefícios atribuídos às empresas multinacionais), o 
estabelecimento de incentivos para a emergência do tecido empresarial nacional competitivo e 
concentrado nos sectores prioritários através de mecanismos de mercado e a capacitação das 
instituições públicas. 
 
 
 
1 João Mosca, Director Executivo e pesquisador; Yasser Arafat Dadá, Assistente de Pesquisa e doutorando; Yulla Marques 
licenciada, monitora de pesquisa. São todos trabalhadores do OMR. 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1 Introdução e Objectivos 
 
Este texto pretende analisar as relações comerciais externas da economia moçambicana. Este tipo 
de análise tem importância porque: (1) permite estudar a evolução da balança comercial, do défice 
externo, do peso do comércio externo na riqueza nacional (PIB) e dos parceiros comerciais; (2) 
analisa a evolução dos principais bens importados e exportados e respectivos preços, destacando 
os principais bens agrícolas. 
 
Considerando ser o comércio externo o reflexo da estrutura económica, da competitividade e das 
políticas económicas e públicas, em geral, esta análise tem ainda como objectivo estudar a 
evolução da economia e sobre quais as variáveis de comércio externo mais influenciam o 
crescimento económico. 
 
Além desta introdução, onde se apresentam os objectivos e uma breve descrição da metodologia, 
o texto possui, mais três secções. A segunda secção, denominada de indicadores, faz a 
apresentação e descrição de gráficos, onde se apresenta a evolução das variáveis seleccionadas e 
breves interpretações das mesmas, subdividas em 6 partes: (1) PIB e PIB por habitante; (2) balança 
comercial; (3) principais produtos importados e exportados, e preços; (4) países de origem das 
importações e de destino das exportações; (5) dívida externa; e, (6) instituições de comércio 
externo. A terceira secção apresenta uma análise econométrica dos principais factores de 
comércio externo que influenciam a evolução do PIB, considerando os resultados do modelo de 
regressão múltipla. A quarta secção procura analisar as relações comerciais externas no quadro 
dos objectivos do texto e apresenta um conjunto de lições e sugestões sobre a evolução da 
economia moçambicana. Finalmente, nas duas últimas secções encontram-se algumas conclusões 
e sugestões. 
 
Este texto não faz um enquadramento teórico do tema do comércio externo, designadamente 
sobre o seu papel no crescimento económico e na configuração das estruturas económicas 
nacionais. Uma vasta teoria existe, desde os mercantilistas e discussões com os fisiocratas, a teoria 
clássica e neoclássica os keynesianos e institucionalista, assim como ose foques neomarxistas. 
acerca do pepel do sector externo. Igualmente uma grande diversidade de políticas económicas 
existe entre as organizações internacionais e países. Para enumerar alguns dos temas debatidos 
e sem consensos, encontra-se a liberalização do comércio internacional e os graus de armamento 
alfandegário, a competitividade e as vantagens comparativas dos países e suas empresas, a 
especialização produtiva das economias, a natureza dos termos de troca, o papel das taxas de 
câmbio, entre outros. 
 
 
3 
 
1.2 Metodologia 
 
A metodologia consistiu na recolha de informação estatística sobre as variáveis seleccionadas. Foi 
considerado o período de 2001 a 2019 de modo a permitir um tratamento econométrico. 
Apresenta-se, inicialmente, a evolução do PIB e do PIB por habitante para tornar perceptíveis as 
relações entre comércio externo e a riqueza gerada no país. 
No modelo econométrico, calcularam-se alguns dos indicadores com maior relação com o sector 
externo, como a taxa de cobertura, a taxa de abertura da economia, as relações entre importações 
e exportações com a dívida externa, o grau de concentração das importações e exportações por 
grupos de bens e serviços, ou individualmente por variável, e por origem e destino das 
mercadorias. 
 
Recorreu-se, ao método econométrico de regressão múltipla2, com o objectivo de prever o nível 
ou grau de influência do sector externo sobre o produto interno bruto (PIB). Também foram 
construídos modelos para perceber, de forma separada, o efeito dos bens importados, dos bens 
exportados e dos preços dos bens no mercado internacional. 
 
Neste trabalho, levou-se em consideração pressupostos considerados importantes na análise de 
regressões múltipla (Gujarati, 2010 ; Schumacker e Lomax 2010): procedeu-se à estandartização 
das diferentes variáveis, com o objectivo de minimizar a dispersão entre os valores das series; 
modelo de regressão linear nos parâmetros; valor médio zero dos resíduos, os erros são 
independentes; distribuição normal de média zero e variância constante, homoscedasticidade ou 
variância constante dos resíduos; ausência de auto-correlação entre os resíduos; o número de 
observações (n) maior que o número de parâmetros a serem estimados; variabilidade dos valores 
de x – ou seja, os valores de x numa dada amostra não são iguais; ausência de multicolinearidade 
perfeita entre as variáveis explicativas ou independentes. 
 
Os dados foram recolhidos no Banco de Moçambique, Banco Mundiale Fundo Monetário 
Internacional. 
 
 
2 Schumacker e Lomax (2010) definem as regressões múltiplas, de forma sintética, como uma técnica estatística que pode 
ser usada para analisar a relação, o grau de influência, entre uma única variável dependente e mais do que uma variável 
independente. Em Gujarati (2010), a regressão múltipla é um modelo de regressão com mais de uma variável explicativa. 
A regressão múltipla pode incluir múltiplas influências (ou seja, variáveis) que podem afectar a variável dependente. 
4 
 
Especificação do modelo econométrico e variáveis: 
 
A equação representativa do modelo de regressão linear múltipla é dado por: 
 
 𝐸[𝑦𝑖|𝑥1𝑖 , 𝑥2𝑖 , … , 𝑥𝑘𝑖] = 𝐵0 + 𝛽1𝑥1𝑖 + 𝛽2𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑥𝑘𝑖 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 
 
ou 
 
𝑦𝑖 = 𝐵0 + 𝛽1𝑥1𝑖 + 𝛽2𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑥𝑘𝑖 + Ɛ𝑖 
 
Onde: 
 
• 𝑦𝑖 representa o valor da variável resposta ou dependente, Y, na observação 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 
(aleatória); 
• 𝑥𝑖 representa o valor da variável independente, X, na observação 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 (não 
aleatória); 
• Ɛ𝑖 , 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 𝑠ão variáveis aleatórias que correspondem ao erro (variável que permite 
explicar a variabilidade existente em Y e que não é explicada por X); 
• 𝐵0 é a constante do modelo, o ponto em que a recta regressora corta o eixo dos yy quando 
X = 0; 
• 𝛽1 , 𝛽2 … 𝛽𝑘 corresponde aos coeficientes de regressão. 
 
Para formular os modelos em que procuramos relacionar o comércio externo com o PIB (variável 
dependente), foram utilizadas as seguintes variáveis independentes: exportações, importações, 
PIB, stock da dívida externa pública, dívida externa privada, dívida externa, taxa de cobertura da 
balança comercial, taxa de abertura, rácio das exportações sobre o PIB, rácio das importações 
sobre o PIB, rácio da dívida externa sobre o PIB, rácio da exportações sobre a dívida externa, rácio 
do défice sobre o PIB, rácio do défice sobre as exportações, preços internacionais e os principais 
bens importados e exportados. 
 
Ao longo da investigação, no processo de escolha do modelo que melhor explica o PIB com base 
no sector externo, foram excluídas algumas das variáveis acima apontadas, por estas, inicialmente, 
a partir das correlações, apresentarem evidências de multicolinearidade e, posteriormente, 
conterem efeitos estatisticamente não significantes sobre o PIB. 
 
A leitura dos resultados deve ser cautelosa. As principais limitações são as seguintes: (1) 
fiabilidade de alguns dados estatísticos; (2) informação estatística que não cobre a totalidade de 
bens importados e exportados devido a várias razões (veja no ponto Instituições); (3) influência 
pouco significante sobre a variável dependente (PIB); e, (4) os resultados do modelo não são 
coerentes, seja com a realidade, seja com a teoria. Os autores referirão, para cada caso, as cautelas 
a considerar na análise. Por estas razões, a análise dos resultados deve ser cautelosa, comparada 
com os resultados de outros estudos, e avaliada em função do que refere a teoria correspondente. 
Os cálculos das regressões foram feitos a partir do programa estatístico SPSS versão 22 
 
5 
 
2. ANÁLISE DESCRITIVA 
 
2.1 Produto Interno Bruto (PIB), PIB por habitante e taxa de câmbio 
 
O PIB e o PIB por habitante aumentaram de forma significativa e consistente ao longo dos últimos 
20 anos, exceptuando-se em dois períodos curtos (gráfico 1): de 2008 a 2010 e de 2014 a 2016, 
devido, principalmente, à conjugação de dois factores: crise internacional, primeiro, e crise da 
dívida, depois, reforçados por depreciações significativas da taxa de câmbio do metical. 
 
Gráfico 1: PIB, PIB por habitante 
Fonte: Banco Mundial (World Trade Economics) 
 
Os valores do PIB, em termos de USD, não são concordantes com os valores do PIB calculado em 
meticais, sobretudo devido às valorizações dos bens e serviços em dólares ou em meticais 
(comparação das fontes do Banco Mundial e do INE). As variações da taxa de câmbio (gráfico 2), 
revelam a competitividade e a vulnerabilidade da economia aos factores externos e seus efeitos 
sobre o mercado interno de divisas. A relação entre o Metical e o Rand está também influenciada 
pelas situações de instabilidade e crises internas da economia sul-africana, afectando o câmbio 
do Rand com outras moedas, com as quais o Metical mantém paridade. 
 
Gráfico 2: Evolução da taxa de câmbio 
 
Nota: Escala à direita para câmbio do Metical relativamente ao Rand 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
5,310
14,930
315
587
0
100
200
300
400
500
600
700
0
5,000
10,000
15,000
20,000
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
U
S
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PIB PIB per capita
20
63
18
35
42
72
70
3
4
4
0
1
2
3
4
5
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2001 2002 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
M
e
ti
ca
l
M
e
ti
ca
l
Dólar Euro Rand
6 
 
2.2 Exportações e Importações 
 
O gráfico 3 indica o agravamento sistemático do défice da balança comercial. No período entre 
2001 e 2019, observa-se que apenas houve uma recuperação do défice em três anos (entre 2015 
e 2017). A depreciação permanente do Metical está claramente reflectida no gráfico. 
 
Gráfico 3: Exportações, Importações e Défice Comercial 
Fonte: Banco de Moçambique 
 
O gráfico 4 mostra que, em relação ao PIB, tem existido um maior crescimento das importações 
que das exportações (veja as linhas de tendência). Em 2011 e 2014 houve um período de queda 
acentuada do défice com recuperação até 2017 e uma nova queda depois de 2017. A demanda e 
a redução dos preços internacionais dos principais bens exportados (carvão e alumínio) foram as 
razões principais. 
 
Gráfico 4: Exportações/PIB, Importações/PIB 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
As principais exportações de bens agrícolas são (gráfico 5): tabaco, algodão e castanha de caju. 
Somente o primeiro produto revela um aumento das exportações. O aumento da produção de 
tabaco resulta da ampliação do investimento das empresas (alargamento das áreas em sistema 
de contratação com os camponeses) e primeira industrialização local. 
 
703
3,328
4,718
957
7,903
4,733
6,799
-254
-4,048
-4,163 -2,081
-5,000
-3,000
-1,000
1,000
3,000
5,000
7,000
9,000
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
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Exportações Importações Balança Comercial (Défice)
13
36
32
18
50
46
0
10
20
30
40
50
60
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
P
e
rc
e
n
ta
g
e
m
Exportações/PIB Importações/PIB
7 
 
Gráfico 5: Exportação dos principais bens agrícolas 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Os principais bens exportados são o carvão mineral, o alumínio, o gás e a energia (gráfico 6). 
Todos apresentam crescimento, excepto o alumínio, que possui variações significativas, o que é 
justificado pela volatilidade dos preços. 
 
Gráfico 6: Exportação dos principais bens não alimentares (bens intermédios) 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Os quatro principais bens exportados (alumínio, carvão, gás e tabaco) representaram, 
cumulativamente, entre 2011 e 2019, cerca de 61% do total das exportações desse período 
(gráfico 7). 
9
230
39 36
11 30
0
50
100
150
200
250
300
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
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Tabaco Algodão Castanha de cajú
383
1096
21
1257
31
27457
435
0
500
1000
1500
2000
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
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õ
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d
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S
D
Alumínio Carvão Mineral Gás Natural Energia Eléctrica
8 
 
Gráfico 7: Principais exportações - Proporção do total das exportações 
 Fonte: Banco de Moçambique. 
 
De notar que, dos cinco bens com maior peso na balança comercial, nenhum pertence ao 
chamado grupo de bens tradicionais de exportação3. A importância desses bens, resulta de 
grandes investimentos recentes (“mega projectos”) quealteraram, de forma significativa, a 
estrutura económica e as balanças comercial e de pagamentos. 
 
As principais importações de bens de consumo alimentar são: o arroz, o trigo e óleos alimentares 
(gráfico 8), todos eles com tendência para aumentar. 
 
Gráfico 8: Importação de bens de consumo alimentar 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
As principais importações de bens não alimentares são (gráfico 9): maquinaria para grandes 
investimentos e construção civil em infraestruturas públicas, combustíveis, materiais de 
construção, alumino bruto e automóveis, também com tendências crescentes, excepto os 
automóveis4. 
 
 
3 Por exemplo, caju, algodão, tecidos, entre outros. 
4 Os preços dos automóveis aumentaram muito depois das depreciações do Metical em 2016, devido aos efeitos das 
“dívidas ocultas”. 
153 
219 
127 
180 
109 
175 
 -
 50
 100
 150
 200
 250
2011 2013 2015 2017 2019
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Arroz Trigo Óleo alimentar
Linear (Arroz) Linear (Trigo) Linear (Óleo alimentar)
6%
1%
27%
20%
7%
39%
Tabaco
Algodão
Alumínio
Carvão Mineral
Gás Natural
Outros
9 
 
Gráfico 9: Importação de bens intermédios 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Os cinco bens mais importados representam aproximadamente 59% do total das importações 
(gráfico 10) do total exportado entre 2001 e 2019. 
As importações principais são bens de consumo final (arroz, trigo, óleos alimentares, combustíveis 
e automóveis, e de consumo intermédio (alumínio bruto e materiais de construção. 
 
Gráfico 10: Principais importações - Proporção do total das importações 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Os países com quem Moçambique possui mais comércio externo tiveram alguma mudança 
durante o período analisado, ao que se pode designar de parceiros tradicionais de comércio 
externo (Africa do Sul, que mantém a posição cimeira, Portugal e Estados Unido). Surgem os 
Países Baixos (sobretudo devido ao alumínio), a China e a Índia. Portugal perdeu a sua importância 
histórica natural, tendo ainda um ligeiro significado nas importações (4,5% do total das 
importações entre 2011 e 2019). À excepção da África do Sul, as relações externas de Moçambique 
são aparentemente diversificadas, embora, tanto a origem, como o destino, dos principais bens 
transaccionados sejam concentrados (por exemplo, alumínio, carvão, energia, tabaco, madeira, 
bens alimentares perecíveis). 
 
61 378 
112 
871 
547 693 
495 578 
1,106 
1,309 
 -
 500
 1,000
 1,500
 2,000
 2,500
 3,000
 3,500
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
M
il
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Automóveis Combustíveis Alumínio bruto
Mat. de construção Maquinaria
6%
13%
7%
8%
22%
41%
Automóveis
Combustíveis
Alumínio bruto
Mat. de construção
Maquinaria
Outros
10 
 
Os preços da maioria dos principais bens importados e exportados possuem grande volatilidade 
(gráficos 11 e 12). 
 
Gráfico 11: Exportações – Países de destino (somatório de 2011 a 2019) 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Gráfico 12: Importações – Países de origem (somatório de 2011 a 2019) 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
A tendência das últimas duas décadas mostra relações de troca desfavoráveis no intercâmbio 
comercial externo (calculadas como a média ponderada dos preços dos produtos exportados e 
importados ao longo do tempo), o que significa perda do poder de compra real da economia 
moçambicana, confirmando a teoria da troca desigual de Arghiri Emmanuel5. 
 
Os dois gráficos abaixo indicam que, para os principais bens importados, a tendência da evolução 
dos preços dos bens alimentares (excepto o trigo - gráfico 13), evoluíram mais rapidamente que 
os outros bens constantes no gráfico 14 (excepto o petróleo). 
 
 
5 Para um estudo aprofundado da teoria da troca desigual de Arghiri Emmanuel veja: Emmanuel, Arghiri (1973). Unequal 
Exchange: A Study of the Imperialism of Trade. 2nd ed. New York and London: Monthly Review Press. 
18.8% 1.2%
2.2%
34.5%
1.6%
1.7%
0.6%2.4%
11.7%
25.3%
África do Sul
Malawi
Zimbabwe
Países Baixos
EUA
Itália
Portugal
Reino Unido
Índia
Outros
32.1%
9.1%
4.5%
2.7%
7.2%5.0%1.9%
5.5%
2.8%
2.4%
1.7%
1.0%
24.0%
África do Sul
Países Baixos
Portugal
EUA
China
India
Reino Unido
Emiratos Arabes Unidos
Japão
Singapura
Tailândia
Vietname
Outros
11 
 
Gráfico 13: Preços de Arroz, Trigo e Algodão 
 
Fonte: FMI 
 
Gráfico 14: Preços de Gás Natural, Petróleo e Alumínio 
 
Fonte: FMI 
 
Existem dois indicadores importantes de comércio externo. O primeiro, a taxa de cobertura 
(gráfico 15) é o que traduz a relação entre as exportações e importações, isto é, em que medida 
as receitas das exportações cobrem os gastos em importações. Este indicador nunca foi, nas 
últimas duas décadas, igual ou superior a 100%, o que significa que as exportações foram sempre 
inferiores às importações e a linha de tendência revela decrescimento. O segundo indicador, a 
taxa de abertura da economia, representa o peso das exportações mais as importações sobre o 
PIB. O valor deste indicador aumentou entre 2011 e 2019 (gráfico 15). Esta proporção tem 
aumentado, com principal incidência sobre as importações que representaram, nos últimos anos 
do período estudado, cerca de metade do PIB. 
 
172.71
589.38
396.51
106.37
280.28 163.26
48
154.98
77.88
0
50
100
150
200
0
200
400
600
800
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
U
S
D
U
S
D
Arroz Trigo Algodão
3.96 2.57
22.71
105.43
51.23
63.15
1.446,75
2.639,86
1.794,49
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0
20
40
60
80
100
120
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
U
S
DU
S
D
Gás natural Petróleo Alumínio
12 
 
Gráfico 15: Taxa de Cobertura, Taxa de Abertura 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
Em síntese, a economia moçambicana está cada vez mais virada para o exterior, reforçando a 
reconfiguração ou a continuidade da estrutura económica do país adiante analisada. 
 
2.3 Défice da balança comercial e dívida externa 
 
O défice 16 aumentou de forma sistemática durante as últimas duas décadas e possui níveis 
elevados (cerca de 11% em 2019), o que significa o volume da dívida externa relativamente à 
riqueza criada no país. 
 
Gráfico 16: Défice/PIB, exportações/défice, em percentagem 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
A dívida externa decresceu na primeira fase do período analisado e, a partir de 2011, iniciou uma 
subida rápida, alcançando cerca de 70% do PIB nos últimos anos, o que é considerado elevado. 
A relação entre exportações e a dívida externa revela, em parte, a capacidade de pagamento da 
dívida. Nos últimos anos, depois da “crise das dívidas ocultas”, a dívida externa é de cerca de 2,5 
vezes superior às exportações. De outra forma, embora as dívidas não sejam pagas no curto prazo, 
seriam necessários 2,5 anos de alocação de todo o valor das exportações para pagar a dívida 
externa. Refere-se que a dívida externa possui três momento distintos: de 2001 a 2010 com 
decréscimo do valor, seguido de um aumento rápido até 2017, resultante dos grandes 
investimentos privados (grandes projectos) e públicos (infraestruturas), e, depois de 2017, uma 
diminuição como consequência da retracção de financiamentos externos, devido às dívidas 
73
81
45
90
69
31
74
77
0
20
40
60
80
100
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
P
e
rc
e
n
ta
g
e
m
Taxa de Cobertura da BC Taxa de Abertura
-5
-14
(36.00)
(122.00)
(44.00)
-150
-100
-50
0
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
Défice/PIB Défice/Exportações
13 
 
ocultas e perda de credibilidade do país, quanto à sua capacidade de assegurar os compromissos 
de pagamento e dos níveis de risco que colocaram o país na categoria de “lixo” pelas agências de 
rating. 
 
Gráfico 17: Dívida Externa/PIB, Exportações/Dívida Externa, em percentagem 
 
Fonte: Banco de Moçambique. 
 
2.4 Instituições de comércio externo6 
 
Nesteponto não se desenvolve o complexo tema das instituições. Vários são os aspectos que 
dificultam ainda mais os equilíbrios e as contas do comércio externo e, consequentemente, da 
economia. Destaca-se apenas a transparência/corrupção e actividades ilegais de bens exportados. 
O gráfico 18 revela a diferença do volume de madeira exportada declarada e registada pelo Banco 
de Moçambique e o que consta de importações da China de madeira de Moçambique (estatísticas 
da FAO). 
 
Entre 2000 e 2017 o valor acumulado das exportações de madeira corresponde a cerca de 39%, 
isto é, as receitas em divisas pela exportação da madeira correspondem a 39% do valor exportado, 
segundo a FAO7. Vários casos de contrabando e de exportação ilegal de madeira são 
frequentemente apreendidas pelas autoridades moçambicanas, o que indica a existência de redes 
de tráfico que podem, fundamentar as diferenças observadas. 
 
Se a esta realidade forem adicionados os valores do tráfico de marfim e cornos de rinocerontes, 
da exportação de bens e serviços com qualidade declarada inferior (traduzindo-se em menores 
receitas em divisas e de impostos), dos contratos com preços abaixo do mercado internacional 
(caso do gás e de energia de Cahora Bassa exportada para a África do Sul), das comissões e 
exportação ilegal de divisas, designadamente para fins de financiamento do terrorismo, entre 
outras fugas de divisas, pode-se depreender que o volume de divisas não arrecadadas pelo país 
é substancial. Estes e outros aspectos revelam a importância de profundas reformas institucionais 
e do combate à fraude e corrupção, que é mais profundo que as más práticas dos funcionários 
das alfândegas e dos agentes da polícia. 
 
 
6 O conceito de instituições neste texto não se refere às organizações dos aparelhos da burocracia estatal ou privada, e 
sim ao funcionamento das mesmas, sobretudo no que respeita à transparência, sabendo-se de uma maior amplitude do 
conceito instituições 
7 Sem retirar validade ao referido, os dados devem ser ponderados na medida em que, regra geral, fontes diferentes 
indicam valores não idênticos. 
93
31
75
14
70
42
0
20
40
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80
100
2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
Dívida Externa/PIB Exportações/Dívida Externa
14 
 
Gráfico 18: Exportação de madeira para a China 
 
Fontes: Banco de Moçambique (linha negra) e FAO (linha vermelha). 
 
A linha vermelha revela os dados da FAO sobre as importações de madeira da China com origem 
em Moçambique. A linha negra indica dos dados do Banco de Moçambique sobre as exportações 
de madeira de Moçambique com destino para a China. 
 
 
28.117
84.231
431.728
345.16
14.6
146.3
49.2
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
M
il
h
õ
e
s 
U
S
D
15 
 
3. ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS FACTORES DAS RELAÇÕES EXTERNAS SOBRE O 
CRESCIMENTO ECONÓMICO 
Quadro1-Modelo de regressão múltipla – PIB e o Preço no mercado internacional 
Modelo 
Coeficientes não 
estandardizados 
Coeficientes 
estandardizados Teste t8 t9(Sig.) R2 (%)10 
Β11 Erro padrão12 β13 
Constante 8.297.772 1.540.213 5.387 0,000 
78% 
Preço do 
gás natural 
-760.531 227.730 -0,393 -3.340 0,004 
Preço do 
petróleo 
109.753 16.300 0,791 6.733 0,000 
 Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) 
 
Procurou-se regredir o PIB em função do preço no mercado internacional dos seguintes produtos 
(arroz, trigo, algodão, alumínio, carvão, gás natural e petróleo). Foram retirados do modelo inicial 
os preços do arroz, trigo, alumínio algodão e carvão, por estes não apresentarem um efeito 
significante, isto é, o modelo contendo estas variáveis não se adaptou aos dados. 
 
Atente ao quadro acima apresentado, pode verificar-se que perto de 78% da variabilidade do PIB 
é explicada pelos preços do petróleo e o gás natural. 
 
Os coeficientes de variação β, obtidos a partir do teste ṭ, são todos estatisticamente significantes, 
diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. O preço do petróleo demonstrou ter um 
efeito positivo sobre o PIB enquanto que o preço do gás tem efeito negativo, mas menos 
significante. 
 
 
8 O teste t é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula. Quando a 
estatística de teste (t) segue uma distribuição t de Student (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 
9 O t (sig) ou p-valor é a probabilidade da média da amostra apresentar os valores observados. Se a probabilidade for 
muito pequena (até 0.01), pode-se concluir que o resultado observado é estatisticamente relevante (Gujarati, 2010; 
Schumacker e Lomax, 2010). 
10 R2 é a percentagem da variação da variável é explicada por um modelo linear. O R2 mede o quão próximos os dados 
estão da linha de regressão ajustada. O R-quadrado mede-se entre 0% e 100%, onde 0% significa que o modelo não 
explica a variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua média e 100% significa que o modelo explica toda a 
variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua média (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 
11 Coeficiente de regressão (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 
12 O erro padrão é a medida de variação de uma média amostral em relação à média da população. Sendo assim, é uma 
medida que auxilia a verificação de confiabilidade da média amostral calculada (Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 
2010). 
13 β é o coeficiente de variação B padronizado pela subtração de sua média e dividindo o resultado pelo seu desvio-
padrão. Para o coeficiente de variação β a dimensão das variáveis independentes passa a ser irrelevante, porque aqui os 
valores estão em igualdade. Assim, na comparação dos coeficientes, a variável com maior coeficiente é a mais importante 
(Gujarati, 2010; Schumacker e Lomax, 2010). 
16 
 
É interessante constatar a relação inversa entre o PIB e o preço do gás, o que pode ser justificado 
pelas seguintes razões: baixa variação do preço do gás comparativamente às variações 
percentuais do PIB e em sentido contrário (crescimento do PIB e redução do gás), e baixo 
consumo interno do gás. 
 
Quadro2-Modelo de regressão múltipla – PIB e as exportações 
Modelo 
Coeficientes não 
estandardizados 
Coeficientes 
estandardizados Teste t t (sig.) R2 (%) 
B Erro padrão β 
Constante 308.386 759.719 4,059 0,001 
95% 
Exportação de 
tabaco 
25,13 5,37 0,584 4,680 0,000 
Exportação de 
algodão 
4,14 11.512 0,223 3,598 0,003 
Total das 
exportações 
1.118 0,357 0,391 3,135 0,007 
Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) 
 
No modelo inicial, procurou-se regredir o PIB em função dos seguintes bens: tabaco, algodão, 
castanha de caju, alumínio, carvão mineral, gás natural, energia e total das exportações. Do 
modelo inicial, reteve-se a exportação de tabaco, algodão e o total das exportações, isto é, o 
modelo contendo as restantes variáveis não se adaptou aos dados. 
 
Considerando o quadro acima, pode-se verificar que perto de 95% da variabilidade do PIB é 
explicada pela exportação de tabaco, exportação de algodão e o total das exportações. 
 
Dos coeficientes de variação β, pode-se constatar, a partir do teste ṭ, que são todos 
estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. A 
exportação de tabaco, algodão e o total das exportações revelaram um efeito positivo. De entre 
essas variáveis, o efeito das exportações de tabaco tem um efeito maior sobre o PIB. 
 
Quadro3-Modelo de regressão múltipla – PIB e o sector externo 
Modelo 
Coeficientes não 
estandardizados 
Coeficientes 
estandardizados 
Teste t t (sig.) R2 (%) 
B 
Erro 
padrão 
β 
Constante 5.390,989 555.145 9.711 0,000 
92% 
Importação 
automóveis 
10.344 3.656 0,405 2.829 0,010 
Importações 
combustíveis 
6.211 1.519 0,586 4.088 0,001 
Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) 
 
17 
 
O modelo inicial continha o PIB, a importação de arroz, trigo, óleo alimentar,automóveis, 
combustíveis, alumina, material de construção, maquinaria, bens alimentares e o total das 
importações. 
 
O modelo que melhor explica o PIB é composto pelas importações de automóveis e de 
combustíveis. Cerca de 92% da variabilidade do PIB é explicada pelas variáveis independentes 
(importação de automóveis e combustível). Este resultado pode ser justificar-se pelo facto de o 
consumo de combustíveis ser um forte indicador do dinamismo de uma economia. Na categoria 
de automóveis, estão incluídos todos os veículos, excepto as máquinas, o que reflecte o aumento 
do parque de automóvel e ainda as relações dinamizadoras dos transportes nas economias. O 
consumo de veículos e de combustíveis estão associados. Foi feito o teste de colinariedade e 
tendo o resultado sido negativo. 
 
Analisando os coeficientes de variação β, pode verificar-se, a partir do teste ṭ, que são todos 
estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de cerca de 99%. 
Tanto as importações de combustíveis (0.586), como de automóveis (0.405), apresentam um efeito 
positivo sobre o PIB. 
 
Quadro-4Modelo de regressão múltipla – PIB e o sector externo 
Modelo 
Coeficientes não 
estandardizados 
Coeficientes 
estandardizados 
Teste t t (sig.) R2 (%) 
B 
Erro 
padrão 
β 
Constante 5.004.238 819.615 6.106 0,000 
98% 
Importações 1.554 0,130 0,983 11.930 0,000 
Dívida externa 0,796 0,163 0,543 4.897 0,000 
Taxa de Abertura -182.382 40.716 -0,692 -4.479 0,001 
Exportações/Dívida 
Externa 
118.022 15.790 0,528 7.474 0,000 
Fonte: Cálculos dos autores com base no SPSS v22 (opcional) 
 
O modelo inicial era composto pelo total de importações, exportações, dívida externa, taxa de 
abertura, taxa de cobertura, exportações sobre a dívida externa, importações sobre a dívida 
externa. O modelo que melhor explica o PIB é composto pelo total das importações, dívida 
externa, taxa de abertura e o rácio das exportações sobre a dívida externa. 
 
Atente-se ao modelo de regressão múltipla, acima apresentado, e pode-se verifica que perto de 
98% da variabilidade do PIB é explicada pelas variáveis independentes (Importações, Dívida 
externa, Taxa de abertura e o rácio das exportações pela dívida externa). 
 
18 
 
Analisando os coeficientes de variação β, pode-se verificar, a partir do teste t que são todos 
estatisticamente significantes, diferentes de zero, com um nível de confiança de 99%. Por um lado, 
as Importações, Dívida externa e o rácio das exportações pela dívida externa apresentam um 
efeito positivo sobre o PIB. Por outro lado, a taxa de abertura da economia apresenta um efeito 
inverso sobre o PIB. Neste modelo, os coeficientes estandardizados revelam que a variação das 
importações em uma unidade tem maior efeito sobre PIB (0.983). 
 
Os resultados do modelo são coerentes pelo peso das importações e seus efeitos, enquanto os 
resultados dos bens intermédios (equipamento, veículos, equipamentos associados aos grandes 
investimentos e à construção civil, etc.), não produzem efeitos significantes. Além disso, a maioria 
dos bens de consumo importados possui transformação interna para permitir o consumo final 
(arroz, trigo, óleos, etc.). 
 
 
4. ANÁLISE DAS RELAÇÕES COMERCIAIS EXTERNAS DE MOÇAMBIQUE E LIÇÕES 
 
4.1 Análise das relações comerciais externas 
 
Dos dados apresentados (combinação da análise descritiva e dos resultados do modelo 
econométrico), pode-se concluir os seguintes aspectos principais: 
 
• A economia cresce, mas, simultaneamente, aumenta o défice da balança comercial, a dívida 
externa, diminui a taxa de cobertura e aumenta a abertura da economia. Esta realidade 
significa que a economia está crescentemente virada para o exterior (extroversão da 
economia – medida pela taxa de abertura, o que é confirmado no modelo de regressão), 
tornando-se mais dependente, não só devido a esta relação, como devido à natureza dos 
bens comercializados, que reflectem uma economia importadora de alimentos e de bens 
de consumo não alimentares e de matérias-primas, e exportadora de recursos naturais e 
de commodities agrícolas com poucos efeitos multiplicadores internos (valor 
acrescentado nacional). 
• Existem sinais de reestruturação da economia com o aumento da importação de bens 
alimentares essenciais (sobretudo para o meio urbano) e com um crescente défice na 
oferta interna (excepto o trigo, que sempre foi importado), o que traduz uma menor 
oferta nacional comparativamente com a oferta interna total, sendo o défice suprido pelas 
importações. No período analisado, surgem novos bens exportados (alumínio, carvão, 
gás e tabaco); isto é, o extrativismo de recursos naturais (minerais, energia, terra e 
trabalho) constitui uma das características principais da economia, crescentemente 
especializada no sector primário; 
• O comércio externo está diversificado em termos de países de origem e de destino, mas 
concentrado em termos de produtos, o que reflecte o investimento externo, também 
concentrado no sector extrativo e na produção de commodities. A economia está 
crescentemente afunilada em sectores intensivos em capital (transformação do alumínio, 
carvão, gás e energia), pouco geradores de emprego, com escasso valor acrescentado 
interno e, portanto, com poucas relações intersectoriais, e territorialmente concentrado e 
sem efeitos positivos na vida dos cidadãos. 
• Em consequência desta evolução estrutural, a economia está assente numa base social 
muito restrita, isto é, o crescimento não é inclusivo, gera mais pobreza, produz crescentes 
desigualdades sociais e espaciais, e é atrofiador das pequenas e médias empresas. A 
desindustrialização e a persistência da agricultura de baixa produtividade (excepto em 
19 
 
alguns produtos de exportação e de vegetais para o abastecimento rural, produzidos por 
médias e grandes empresas) são consequências directas do modelo de desenvolvimento 
e de crescimento. 
• Pelos resultados do modelo, constata-se que o tabaco e o algodão são as produções 
exportadas com maiores efeitos sobre o PIB, o que pode ser compreendido pelas 
seguintes razões: (1) milhares de camponeses estão envolvidos na produção destas 
mercadorias aumentando os seus rendimentos monetários e, com isso, os efeitos 
multiplicadores nas economias locais por aumento gerado pela procura de bens e 
serviços; (2) são produtos que sofrem alguma transformação interna para facilitar as 
exportações. 
• A evolução da economia moçambicana revela a forte sensibilidade a choques da economia 
e do comércio internacional (reflexo das crises internacionais e da volatilidade dos 
preços), particularmente com influência sobre a taxa de câmbio, o investimento externo, 
a ajuda da cooperação internacional e as receitas das exportações, o orçamento geral do 
Estado, entre outros aspectos. 
 
4.2 Lições 
 
As principais características da economia moçambicana que necessitam ser ajustadas são as 
seguintes: 
• A estrutura produtiva sectorial, social e espacialmente concentrada, com investimentos 
intensivos em capital e com limitados efeitos sobre a pobreza e a vida dos cidadãos, em 
particular daqueles que vivem nas zonas de intervenção do capital, torna necessário que 
a transformação estrutural incida na agricultura, na industrialização (principalmente da 
indústria alimentar), na indústria de construção, na energia e no turismo, com produção 
de bens e serviços principalmente para o mercado interno (substituição de importações), 
o que contribuiria para a redução da pobreza, a criação de emprego e o desenvolvimento 
de pequenas e médias empresas. 
• O aprofundamento de um padrão de acumulação centrado no exterior em consequência 
da extroversão da economia, o predomínio do investimento externo em fases primárias de 
cadeias de valor verticalizadas, sem criação de relações intersectoriais e não promotoras 
de pequenas e médias empresas e de emprego, significaque apenas a criação de um 
tecido empresarial de pequena e média dimensão nos sectores referidos pode gerar um 
padrão de acumulação e cadeias de valores endógenas, criando poupanças e capacidade 
de investimento interno. 
• A forte dependência externa e limitada capacidade de resistência a choques da economia 
e comércio internacional, bem como a mudanças climáticas, implica que a alteração desta 
realidade só será possível com a priorização dos sectores mencionados, a emergência do 
tecido empresarial que substitua importações, os incentivos às exportações e 
internalização das cadeias de valor. 
 
20 
 
5. CONCLUSÕES 
 
A análise do comércio externo revela a importância deste sector na economia devido ao peso que 
possui, sobretudo das importações (bens de consumo final e bens intermédios) e na formação e 
evolução do PIB. 
 
A economia nacional possui uma poupança interna muito baixa14, o investimento depende 
principalmente de capitais externos15 que se dedicam às produções para exportações integradas 
em cadeias de valor verticalizadas e externalizadas, concentrado na extracção de recursos naturais 
e na exploração da terra e do factor trabalho para a produção de commodities, aumentando a 
natureza extrovertida da economia com aprofundamento da especialização produtiva no sector 
primário, o que constitui característica das economias subdesenvolvidas. 
 
Nas últimas duas décadas, e por consequência do investimento estrangeiro, assiste-se a 
mudanças na estrutura económica e do comércio externo, com afunilamento sectorial e espacial 
do crescimento, concentração do comércio externo por países de origem e destino dos principais 
bens e serviços, gerando mais pobreza e desigualdades sociais e espaciais. Os principais bens 
exportados, como o alumínio, carvão, gás e energia destinam-se a um ou dois países por cada 
produto. 
 
As instituições públicas e privadas revelam ineficácia no combate à corrupção relacionada com o 
comércio externo e as fronteiras são porosas por onde circulam grandes quantidades de recursos 
através de vários tipos de tráficos. 
 
Em síntese, o comércio externo contribui para o afunilamento sectorial e espacial da economia e 
para a especialização produtiva no sector primário, configurando uma economia extractiva e 
extrovertida, e, portanto, dependente. O padrão não inclusivo aprofunda-se com geração de mais 
pobreza e de desigualdades sociais e territoriais. 
 
Os resultados do modelo, combinados com a análise descritiva, suportada pelos gráficos, podem 
indicar os focos sectoriais a incentivar de modo a se gerar um crescimento mais endógeno (menos 
dependente, crescentemente assente na poupança e no investimento interno, mais inclusivo e 
com efeitos na redução da pobreza). 
 
 
14 António Francisco e Moisés Siúta (2014), Poupança Interna Moçambicana: 2000-2010, uma Década Inédita. IESE, Ideias 
(2014), revelam que a poupança interna em Moçambique, no período de 2000 a 2010, foi, em média, inferior a 5% do PIB. 
15 Nova, Yara, Dadá, Yasser Arafat e Mussá, Cerina (2019). Agricultura em números análise do orçamento do estado, 
investimento, crédito e balança comercial. OMR Nº 74, Observador Rural, revelam que o investimento externo 
representava, em média, no período de 2001 a 2017, mais de 90% do investimento realizado no país. 
21 
 
6. SUGESTÕES 
 
A transformação estrutural deve ser concebida a longo prazo e exige políticas económicas e 
públicas politicamente pactuadas entre as forças políticas e sociais, para se assegurar estabilidade 
das mesmas e das instituições. Para o efeito, as principais medidas poderiam ser: 
 
Reformar o Estado de modo a torná-lo mais eficiente e eficaz, menos despesista e com funções 
definidas na economia e na sociedade de forma a combinar as funções de Estado com o sector 
privado; as burocracias devem ser transparentes (sem corrupção), meritocratas e com separação 
entre os interesses públicos e privados. 
 
Criar um mercado concorrencial (não distorcido por acção do Estado, das empresas públicas 
monopolistas e protegidas, e dos benefícios atribuídos às empresas multinacionais), o 
estabelecimento de incentivos para a emergência do tecido empresarial nacional competitivo e 
concentrado nos sectores prioritários através de mecanismos de mercado. 
 
Se houvesse que definir produtos prioritários para o crescimento da economia, o tabaco e o 
algodão deveriam constar devido aos seus efeitos multiplicadores nas economias locais e no PIB. 
Esta sugestão, assente nos resultados deste trabalho, confirma a importância de priorizar as 
políticas públicas para a agricultura e o meio rural. 
 
Aumentar o acesso e a qualidade dos serviços aos cidadãos (saúde, educação, água e energia), 
bem como os equilíbrios da representatividade e crescente equidade regional/étnica nas 
instâncias do poder nos diferentes níveis territoriais, como condição para a preservação da paz 
duradoura com reconciliação. 
 
Assegurar a estabilidade do desenvolvimento a longo prazo, através de uma gestão sustentável 
dos recursos naturais e da natureza, da resiliência aos choques climáticos e de mecanismos de 
acomodação das crises da economia internacional, da volatilidade dos preços externos e internos 
dos principais bens de consumo alimentar. 
 
Diversificar a economia com prioridades fundamentadas na optimização da combinação dos 
princípios da economicidade, equidade social e espacial e resiliências as mudanças climáticas. 
O sistema político deve ser democrático e inclusivo, combinando a democracia representativa 
com a participativa (sobretudo nas comunidades) e assegurando os princípios do Estado de 
Direito, particularmente a independência dos poderes e os direitos e liberdades dos cidadãos. 
 
Transformar esta realidade e mudar o modelo de desenvolvimento e o padrão de acumulação, 
exige profundas reformas no Estado e no sector privado, nos mercados, e necessita de instituições 
e de políticas económicas e públicas estáveis a longo prazo. A pergunta final é se essas reformas 
são possíveis, na medida em que afectariam as relações de poder e destas com os interesses 
económicos. 
 
 
 
 
LISTA DOS TÍTULOS PUBLICADOS PELO OMR DA SÉRIE OBSERVADOR RURAL 
Nº Título Autor(es) Ano 
105 Macroeconomia das pescas em Moçambique Nelson Capaina Fevereiro de 2021 
104 Influência de factores institucionais no desempenho do sector agrário em Moçambique João Carrilho e Rui Ribeiro Fevereiro de 2021 
103 Evolução de preços e bens alimentares em 2020 Yulla Marques e Jonas Mbiza Fevereiro de 2021 
102 Contributo para o planeamento e Desenvilvimento de Cabo Delgafo João Mosca e Jerry Maquenzi Fevereiro de 2021 
101 Desenvolvimento socioeconómico de Cabo Delgado num contexto de conflito 
João Feijó, António Souto e 
Jerry Maquenzi 
Fevereiro de 2021 
100 Caracterização do sector das pescas em Moçambique Nelson Capaina Janeiro de 2021 
99 Dificuldades de Realização de Pesquisa em Moçambique João Feijó Setembro de 2020 
98 Análise de conjuntura económica2º trimestre de 2020 João Mosca Setembro de 2020 
97 Género e desenvolvimento: Factores para o empoderamento da mulher rural Aleia Rachide Agy Agosto de 2020 
96 Micro-simulações dos impactos da COVID-19 na pobreza e desigualdade em Moçambique 
Ibraimo Hassane Mussagy e 
João Mosca 
Julho de 2020 
95 Contributo para um debate necessário da política fiscal em Moçambique João Mosca e Rabia Aiuba Junho de 2020 
94 Economia de Moçambique: Análise de conjuntura pré COVID-19 João Mosca e Rabia Aiuba Junho de 2020 
93 
Assimetrias no acesso ao Estado: 
Um terreno fértil de penetração do jihadismo islâmico 
João Feijó Junho de 2020 
92 
Implementação das medidas de prevenção do COVID-19: 
Uma avaliação intercalar nas cidades de Maputo, Beira e Nampula 
João Feijó e Ibraimo Hassane 
Mussagy 
Junho de 2020 
91 Secundarização da agricultura e persistência da pobreza rural: Reprodução de cidadanias desiguais João FeijóMaio de 2020 
90 
Transição florestal: Estudo socioeconómico do desmatamento 
em Nhamatanda Mélica Chandamela Abril de 2020 
89 
Produção bovina em Moçambique: Desafios e perspectivas 
– O caso da província de Maputo 
Nelson Capaina Março de 2020 
88 
Avaliação dos impactos dos investimentos nas plantações florestais da Portucel-Moçambique na 
província da Zambézia 
Almeida Sitoe e 
Sá Nogueira Lisboa 
Março de 2020 
87 
Terra e crises climáticas: percepções de populações deslocadas pelo ciclone IDAI no distrito de 
Nhamatanda 
Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2020 
86 
“senhor, passar para onde?” 
Estrutura fundiária e mapeamento de conflitos de terra no distrito de Nhamatanda 
Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2020 
85 Evolução dos preços dos bens essenciais de consumo em 2019 Rabia Aiuba e Jonas Mbiza Fevereiro de 2020 
84 
Repensar a segurança alimentar e nutricional: Alterações no sistema agro-alimentar e o direito à 
alimentação em Moçambique 
Refiloe Joala, Máriam Abbas, 
Lázaro dos Santos, Natacha 
Bruna, Carlos Serra, 
e Natacha Ribeiro 
Janeiro de 2020 
83 Pobreza no meio rural: Situação de famílias monoparentais chefiadas por mulheres Aleia Rachide Agy Janeiro de 2020 
82 
Ascensão e queda do PROSAVANA: Da cooperação triangular à cooperação bilateral contra-
resistência / The rise and fall of PROSAVANA: From triangular cooperation to bilateral cooperation 
in counter-resistance 
Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2020 
81 
Investimento público na agricultura: O caso dos centros de prestação de serviços agrários; complexo 
de silos da bolsa de mercadorias de Moçambique e dos regadios 
Yasser Arafat Dadá, Yara Nova 
e Cerina Mussá 
Novembro de 2019 
80 Agricultura: Assim, não é possível reduzir a pobreza em Moçambique João Mosca e Yara Nova Outubro de 2019 
79 
Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do 
corredor da Beira, Moçambique 
Rabia Aiuba Setembro de 2019 
78 
Condições socioeconómicas das mulheres associadas na província de Nampula: Estudos de caso nos 
distritos de Malema, Ribaué e Monapo 
Aleia Rachide Agy Agosto de 2019 
77 
Pobreza e desigualdades em zonas de penetração de grandes projectos: Estudo de caso em 
Namanhumbir - Cabo Delgado 
Jerry Maquenzi Agosto de 2019 
76 Pobreza, desigualdades e conflitos no norte de Cabo Delgado Jerry Maquenzi e João Feijó Julho de 2019 
75 A maldição dos recursos naturais: Mineração artesanal e conflitualidade em Namanhumbir Jerry Maquenzi e João Feijó Junho de 2019 
74 
Agricultura em números: Análise do orçamento do estado, investimento, crédito e balança 
comercial 
Yara Nova, Yasser Arafat Dadá 
e Cerina Mussá 
Maio de 2019 
73 
Titulação e subaproveitamento da terra em Moçambique: 
Algumas causas e implicações 
Nelson Capaina Abril de 2019 
72 Os mercados de terras rurais no corredor da Beira: tipos, dinâmicas e conflitos. 
Uacitissa Mandamule e Tomás 
Manhicane 
Março de 2019 
71 Evolução dos preços dos bens alimentares 2018 Yara Nova Fevereiro de 2019 
70 A economia política do Corredor da Beira: Consolidação de um enclave ao serviço do Hinterland Thomas Selemane Janeiro de 2019 
69 Indicadores de Moçambique, da África subsaariana e do mundo Rabia Aiuba e Yara Nova Dezembro de 2018 
 
 
 
Nº Título Autor(es) Ano 
67 Pólos de crescimento e os efeitos sobre a pequena produção: O caso de nacala-porto 
Yasser Arafat Dadá e Yara 
Nova 
Outubro de 2018 
66 Os Sistemas Agro-Alimentares no Mundo e em Moçambique Rabia Aiuba Setembro de 2018 
65 
Agro-negócio e campesinato. Continuidade e descontinuidade de Longa Duração. 
O Caso de Moçambique. 
João Mosca Agosto de 2018 
64 Determinantes da Indústria Têxtil e de vestuário em Moçambique (1960-2014) Cerina Mussá e Yasser Dadá Julho de 2018 
63 Participação das mulheres em projectos de investimento agrário no Distrito de Monapo Aleia Rachide Agy Junho de 2018 
62 Chokwé: efeitos locais de políticas Instáveis, erráticas e contraditórias Márriam Abbas Maio de 2018 
61 Pobreza, diferenciação social e (des) alianças políticas no meio rural João Feijó Abril de 2018 
60 Evolução dos Preços de Bens alimentares e Serviços 2017 Yara Nova Março de 2018 
59 
Estruturas de Mercado e sua influência na formação dos preços dos produtos agrícolas ao longo das 
suas cadeias de valor 
Yara Pedro Nova Fevereiro de 2018 
58 
Avaliação dos impactos dos investimentos das plantações florestais da Portucel-Moçambique nas 
tecnologias agrícolas das populações locais nos distritos de Ile e Namarrói, Província da Zambézia 
Almeida Sitoe e Sá Nogueira 
Lisboa 
Novembro de 2017 
57 
Desenvolvimento Rural em Moçambique: Discursos e Realidades – Um estudo de caso do distrito de 
Pebane, Província da Zambézia 
Nelson Capaina Outubro de 2017 
56 
A Economia política do corredor de Nacala: Consolidação do padrão de economia extrovertida em 
Moçambique 
Thomas Selemane Setembro de 2017 
55 Segurança Alimentar Auto-suficiecia alimentar: Mito ou verdade? Máriam Abbas Agosto de 2017 
54 A inflação e a produção agrícola em Moçambique Soraya Fenita e Máriam Abbas Julho de 2017 
53 Plantações florestais e a instrumentalização do estado em Moçambique Natacha Bruna Junho de 2017 
52 Sofala: Desenvolvimento e Desigualdades Territoriais Yara Pedro Nova Junho de 2017 
51 
Estratégia de produção camponesa em Moçambique: estudo de caso no sul do Save - Chókwe, Guijá 
e KaMavota 
Yasser Arafat Dadá Maio de 2017 
50 
Género e relações de poder na região sul de Moçambique – uma análise sobre a localidade de 
Mucotuene na província de Gaza 
Aleia Rachide Agy Abril de 2017 
49 
Criando capacidades para o desenvolvimento: o género no 
acesso aos recursos produtivos no meio rural em Moçambique 
Nelson Capaina Março de 2017 
48 
Perfil socio-económico dos pequenos agricultores do sul de Moçambique: realidades de Chókwe, Guijá 
e KaMavota 
Momade Ibraimo Março de 2017 
47 Agricultura, diversificação e Transformação estrutural da economia João Mosca Fevereiro de 2017 
46 Processos e debates relacionados com DUATs. Estudos de caso em Nampula e Zambézia. Uacitissa Mandamule Novembro de 2016 
45 
Tete e Cateme: entre a implosão do el dorado e a contínua degradação das condições de vida dos 
reassentados 
Thomas Selemane Outubro de 2016 
44 Investimentos, assimetrias e movimentos de protesto na província de Tete João Feijó Setembro de 2016 
43 
Motivações migratórias rural-urbanas e perspectivas de regresso ao campo – uma análise do 
desenvolvimento rural em moçambique a partir de Maputo 
João Feijó e Aleia Rachide Agy e 
Momade Ibraimo 
Agosto de 2016 
42 Políticas públicas e desigualdades socias e territoriais em Moçambique João Mosca e Máriam Abbas Julho de 2016 
41 Metodologia de estudo dos impactos dos megaprojectos João Mosca e Natacha Bruna Junho de 2016 
40 Cadeias de valor e ambiente de negócios na agricultura em Moçambique Mota Lopes Maio de 2016 
39 Zambézia: Rica e Empobrecida João Mosca e Yara Nova Abril de 2016 
38 Exploração artesanal de ouro em Manica 
António Júnior, Momade 
Ibraimo e João Mosca 
Março de 2016 
37 Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em Moçambique Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2016 
36 Políticas públicas e agricultura João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2016 
35 
Pardais da china, jatrofa e tractores de Moçambique: remédios que não prestam para o 
desenvolvimento rural 
Luis Artur Dezembro de 2015 
 
 
 
Nº Título Autor(es) Ano 
34 A política monetária e a agricultura em Moçambique Máriam Abbas Novembro de 2015 
33 A influência do estado de saúde da população na produção agrícola em Moçambique Luís Artur e Arsénio Jorge Outubro de 2015 
32 Discursos à volta do regime de propriedade da terra em Moçambique Uacitissa Mandamule Setembro de 2015 
31 Prosavana: discursos, práticas e realidades João Mosca e Natacha Bruna Agosto de 2015 
30 
Do modo de vida camponês à pluriactividade impacto do assalariamento urbano na economia 
familiar rural 
João Feijóe Aleia Rachide Julho de 2015 
29 Educação e produção agrícola em Moçambique: o caso do milho Natacha Bruna Junho de 2015 
28 
Legislação sobre os recursos naturais em Moçambique: convergências e conflitos na relação com a 
terra 
Eduardo Chiziane Maio de 2015 
27 Relações Transfronteiriças de Moçambique 
António Júnior, Yasser Arafat 
Dadá e João Mosca 
Abril de 2015 
26 Macroeconomia e a produção agrícola em Moçambique Máriam Abbas Abril de 2015 
25 
Entre discurso e prática: dinâmicas locais no acesso aos fundos de desenvolvimento distrital em 
Memba 
Nelson Capaina Março de 2015 
24 Agricultura familiar em Moçambique: Ideologias e Políticas João Mosca Fevereiro de 2015 
23 Transportes públicos rodoviários na cidade de Maputo: entre os TPM e os My Love 
Kayola da Barca Vieira Yasser 
Arafat Dadá e Margarida 
Martins 
Dezembro de 2014 
22 Lei de Terras: Entre a Lei e as Práticas na defesa de Direitos sobre a terra Eduardo Chiziane Novembro de 2014 
21 Associações de pequenos produtores do sul de Moçambique: constrangimentos e desafios 
António Júnior, Yasser Arafat 
Dadá e João Mosca 
Outubro de 2014 
20 Influência das taxas de câmbio na agricultura 
João Mosca, Yasser Arafat 
Dadá e Kátia Amreén Pereira 
Setembro de 2014 
19 Competitividade do Algodão Em Moçambique Natacha Bruna Agosto de 2014 
18 
O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de 
Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula 
Carlos Manuel Serra, António 
Cuna, Assane Amade e Félix 
Goia 
Julho de 2014 
17 Competitividade do subsector do caju em Moçambique Máriam Abbas Junho de 2014 
16 Mercantilização do gado bovino no distrito de Chicualacuala António Manuel Júnior Maio de 2014 
15 Os efeitos do HIV e SIDA no sector agrário e no bem-estar nas províncias de Tete e Niassa 
Luís Artur, Ussene Buleza, 
Mateus Marassiro, Garcia 
Júnior 
Abril de 2015 
14 Investimento no sector agrário 
João Mosca e Yasser Arafat 
Dadá 
Março de 2014 
13 Subsídios à Agricultura 
João Mosca, Kátia Amreén 
Pereira e Yasser Arafat Dadá 
Fevereiro de 2014 
12 
Anatomia Pós-Fukushima dos Estudos sobre o ProSAVANA: Focalizando no “Os mitos por trás do 
ProSavana” de Natalia Fingermann 
Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2013 
11 Crédito Agrário 
João Mosca, Natacha Bruna, 
Katia Amreén Pereira e Yasser 
Arafat Dadá 
Novembro de 2013 
10 
Shallow roots of local development or branching out for new opportunities: how local communities 
in Mozambique may benefit from investments in land and forestry exploitation 
Emelie Blomgren e Jessica 
Lindkvist 
Outubro de 2013 
9 Orçamento do estado para a agricultura 
Américo Izaltino Casamo, João 
Mosca e Yasser Arafat 
Setembro de 2013 
8 Agricultural Intensification in Mozambique. Opportunities and Obstacles—Lessons from Ten Villages Peter E. Coughlin, Nicia Givá Julho de 2013 
7 Agro-Negócio em Nampula: casos e expectativas do ProSAVANA Dipac Jaiantilal Junho de 2013 
6 Estrangeirização da terra, agronegócio e campesinato no Brasil e em Moçambique 
Elizabeth Alice Clements e 
Bernardo Mançano Fernandes 
Maio de 2013 
 
 
 
 
 
Nº Título Autor(es) Ano 
5 Contributo para o estudo dos determinantes da produção agrícola 
João Mosca e Yasser Arafat 
Dadá 
Abril de 2013 
4 Algumas dinâmicas estruturais do sector agrário. 
João Mosca, Vitor Matavel e 
Yasser Arafat Dadá 
Março de 2013 
3 Preços e mercados de produtos agrícolas alimentares. João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2013 
2 Balança Comercial Agrícola: Para uma estratégia de substituição de importações? João Mosca e Natacha Bruna Novembro de 2012 
1 Porque é que a produção alimentar não é prioritária? João Mosca Setembro de 2012 
 
 
 
 
 
Como publicar: 
• Os autores deverão endereçar as propostas de textos para publicação em formato digital 
para o e-mail do OMR (office@omrmz.org) que responderá com um e-mail de aviso de 
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publicar os trabalhos recebidos. 
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• Informação aos autores por parte do OMR acerca da decisão da publicação, por e-mail, 
com solicitação de aviso de recepção, num prazo de 90 dias após a apresentação da 
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de voltar uma vez mais a propor a edição do texto, desde que introduzidas as alterações 
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• Uma segunda proposta do mesmo texto para edição procede-se nos mesmos moldes e 
prazos. 
• Um segundo parecer negativo tem carácter definitivo. 
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receberão os textos para revisão sem indicação dos nomes dos autores. 
• A responsabilidade de publicação é da Direcção do Observatório do Meio Rural sob 
proposta do Conselho Técnico, independentemente dos pareceres dos revisores. 
• O texto não pode ter mais que 40 páginas em letra 11, espaço simples entre linhas, e 3 
cm em todas as margens da página (cima, baixo lado e esquerdo e direito). 
• A formatação do texto para publicação é da responsabilidade do OMR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O OMR centra as suas acções na prossecução dos seguintes objectivos específicos: 
• Promover e realizar estudos e pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao 
desenvolvimento rural; 
• Divulgar resultados de pesquisas e reflexões; 
• Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, seja através de comunicados de 
imprensa como pela publicação de textos; 
• Constituir uma base de dados bibliográfica actualizada, em forma digitalizada; 
• Estabelecer relações com instituições nacionais e internacionais de pesquisa para 
intercâmbio de informação e parcerias em trabalhos específicos de investigação sobre 
temáticas agrárias e de desenvolvimento rural em Moçambique; 
• Desenvolver parcerias com instituições de ensino superior para envolvimento de 
estudantes em pesquisas de acordo com os temas de análise e discussão agendados; 
• Criar condições para a edição dos textos apresentados para análise e debate do OMR. 
 
 
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O OMR é uma Associação da sociedade 
civil que tem por objectivo geral 
contribuir para o desenvolvimento 
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integrada e interdisciplinar, através de 
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