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João

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Todos	os	Direitos	Reservados.	Copyright	©	1995	para	a	língua	portuguesa	da
Casa	Publicadora	das	Assembleias	de	Deus.
Segunda	edição	-	Rio	de	Janeiro:	Casa	Publicadora	das	Assembleias	de	Deus,
2020.
Autor:	Myer	Pearlman
Capa:	Fábio	Longo
Conversão	para	ebook:	Cumbuca	Studio
CDD:	220	-	Bíblia
e-ISBN:	978-65-86146-00-4
As	citações	bíblicas	foram	extraídas	da	versão	Almeida	Revista	e	Corrigida,
edição	de	1995,	da	Sociedade	Bíblica	do	Brasil,	salvo	indicação	em	contrário.
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CEP:	21.852-002
2a	edição	-	2020
Índice
Capa
Folha	de	Rosto
Créditos
Índice
1.	Jesus,	Filho	de	Deus	e	Criador
2.	Os	Primeiros	Discípulos
3.	O	Primeiro	Milagre	de	Cristo
4.	Jesus	e	Nicodemos
5.	Jesus	e	a	Mulher	Samaritana
6.	O	Paralítico	do	Tanque	de	Betesda
7.	Jesus,	o	Juiz	que	Há	de	Vir
8.	Jesus,	o	Pão	da	Vida
9.	Jesus	na	Festa	dos	Tabernáculos
10.	Jesus,	o	Libertador
11.	O	Cego	de	Nascença
12.	Jesus,	o	Bom	Pastor
13.	A	Ressurreição	de	Lázaro
14.	Jesus	é	Ungido	por	Maria
15.	Jesus,	o	Rei	dos	Reis
16.	Jesus,	o	Servo
17.	Jesus	nos	Dá	o	Consolador
18.	Jesus	É	a	Videira
19.	Jesus,	o	Intercessor
20.	A	Crucificação
21.	Jesus,	o	Ressurreto
22.	Jesus	Dissipa	as	Dúvidas
23.	Jesus	Aparece	a	Sete	Discípulos	na	Galiléia
Landmarks
Capa
Folha	de	Rosto
Página	de	Créditos
Sumário
Início
1
Jesus,	Filho	de	Deus	e	Criador
Texto:	João	1.1-14
Introdução
Em	João	20.31,	o	evangelista	declara	o	seu	propósito,	que	é	oferecer	uma	série
de	evidências	que	comprovem	a	natureza	e	a	missão	divinas	de	Jesus.	Os
primeiros	18	versículos	do	livro	são	um	prefácio	em	que	anuncia	o	seu	tema:
“Como	o	Filho	de	Deus	foi	manifestado	ao	mundo”.	Este	prefácio	apresenta	as
três	grandes	idéias	que	percorrem	o	evangelho	inteiro:
1.	A	revelação	do	Verbo,	v.	1-4.
2.	A	rejeição	do	Verbo,	v.	5-11.
3.	A	aceitação	do	Verbo,	v.	12-14.
I	–	A	Revelação	do	Verbo	(Jo	1.1-4)
1.	Seu	relacionamento	com	Deus.	“No	princípio	era	o	Verbo”.	Esta	expressão
nos	leva	de	volta	a	Gênesis	1.1,	onde	se	lê:	“No	princípio	criou	Deus	os	céus	e	a
terra.”	João	nos	informa	que,	na	época	da	criação,	o	Verbo	já
existia:	“E	o	Verbo	estava	com	Deus”,	existia	em	relacionamento	com	Deus,	o
que	sugere	a	eterna	comunhão	entre	o	Pai	e	o	Filho.	“E	o	Verbo	era	Deus”	não
significa	que	o	Verbo	é	o	Pai,	porque	o	Pai	e	o	Filho,	sendo	um	quanto	à	sua
natureza,	são,	porém,	distintos	quanto	às	suas	personalidades.	O	Verbo	é	da
mesma	natureza	do	Pai,	ou	seja,	divino.
A	palavra	do	homem	é	o	modo	de	ele	se	exprimir,	de	se	comunicar	com	outras
pessoas.	Pela	sua	palavra,	faz	conhecidos	seus	pensamentos	e	sentimentos;	pela
sua	palavra,	dá	ordens	e	efetua	a	sua	vontade.	A	palavra	que	ele	fala	transmite	o
impacto	do	seu	pensamento	e	caráter.	Um	homem	pode	ser	conhecido	de	modo
completo	pela	sua	palavra,	e	até	um	cego	pode	conhecê-lo	perfeitamente	assim.
Ver	a	pessoa	não	daria	muitas	informações	quanto	à	sua	personalidade	a	alguém
que	não	a	tivesse	ouvido	falar.	A	palavra	da	pessoa	é	seu	caráter	recebendo
expressão.	Da	mesma	forma,	a	“Palavra	de	Deus”	(ou	“Verbo	de	Deus”,
expressão	que	a	tradução	bíblica	em	português	emprega	quando	se	trata	de	uma
referência	direta	a	Jesus	Cristo	na	sua	vida	terrena)	é	sua	maneira	de	exprimir
sua	inteligência,	vontade	e	poder.	Cristo	é	aquele	Verbo,	porque	Deus	revelou
sua	atividade,	vontade	e	propósito	através	dele,	e	porque	é	por	meio	dele	que
Deus	entra	em	contato	com	o	mundo.	Nós	nos	exprimimos	por	meio	de	palavras;
o	Deus	eterno	se	exprime	através	de	seu	Filho,	que	é	“a	expressa	imagem	da	sua
pessoa”	(Hb	1.3).	Cristo	é	o	Verbo	de	Deus	porque	revela	Deus,	demonstrando-o
pessoalmente.	Ele	não	somente	traz	a	mensagem	de	Deus	-	Ele	é,	pessoalmente,
a	mensagem	de	Deus.
Deus	se	revelara	mediante	a	palavra	dos	profetas,	e	através	de	sonhos,	visões	e
manifestações	temporárias.	Os	homens,	porém,	ansiavam	por	uma	resposta	ainda
mais	compreensível	à	sua	pergunta:	Como	é	Deus?	Como	resposta	a	esta
pergunta,	ocorreu	o	evento	mais	estupendo	da	história	do	mundo:	“E	o	Verbo	se
fez	carne”	(Jo	1.14).	O	eterno	Verbo	de	Deus	tomou	sobre	si	a	natureza	humana
e	se	fez	homem,	a	fim	de	revelar	o	Deus	eterno	através	de	uma	personalidade
humana	(Hb	1.1,2).	Assim	sendo,	diante	da	pergunta	“Como	é	Deus?”,	o	cristão
responde:	Deus	é	como	Cristo,	porque	Cristo	é	o	Verbo	-	a	expressão	do	conceito
que	o	próprio	Deus	faz	de	si	mesmo.
2.	Seu	relacionamento	com	a	criação.	“Todas	as	coisas	foram	feitas	por	ele,	e
sem	ele	nada	do	que	foi	feito	se	fez”.	“Ele	estava	no	princípio	com	Deus”,	ou
seja,	já	na	época	em	que	o	Universo	estava	para	ser	criado	(cf.	Hb	1.2;	Cl	1.16;	1
Co	8.6).	A	quem	falou	Deus	em	Gênesis	1.26?
3.	Seu	relacionamento	com	os	homens.	“Nele	estava	a	vida”.	Ele	dá	vida	a	todos
os	organismos	vivos,	e	guia	todas	as	operações	da	natureza.	O	Pai	é	fonte
original	da	vida;	e	toda	a	vida	está	reservada	nEle,	como	numa	cisterna	de
armazenamento.	O	universo	de	coisas	vivas	veio	a	existir	por	meio	do	Verbo,	e	é
sustentado	pelo	seu	poder.	A	cura	do	paralítico	(Jo	5.1-9)	e	a	ressurreição	de
Lázaro	são	ilustrações	do	poder	do	Verbo.
“E	a	vida	era	a	luz	dos	homens”.	Toda	a	luz	que	já	veio	aos	homens	mediante	a
consciência,	a	razão	ou	a	profecia,	foi	irradiada	pelo	Verbo	de	Deus,	mesmo
antes	dele	entrar	no	mundo.
II	–	A	Rejeição	do	Verbo	(Jo	1.5-11)
1.	Rejeitado	como	a	luz	dos	homens.	“E	a	luz	resplandece	nas	trevas,	e	as	trevas
não	a	compreenderam.”	A	luz	era	derivada	do	Verbo,	e	pela	capacidade	recebida
da	parte	dEle	podiam	reconhecer	o	que	era	útil	à	sua	natureza	espiritual.	Mesmo
assim,	fecharam	os	olhos	à	Fonte	da	luz,	como	o	olho	doentio	que	rejeita	a	luz
natural,	embora	aquela	fosse	a	vida	deles.	A	queda	foi	um	obstáculo,	na	história
da	humanidade,	ao	entendimento	da	Palavra	de	Deus,	porque	envolveu	o	mundo
em	trevas	morais	e	espirituais,	de	tal	modo	que	os	homens,	criados	por	Deus,
não	podiam	mais	entender	as	instruções	de	seu	Criador,	tendo	sido	obscure-
cidas	as	suas	mentes	pelo	efeito	do	pecado	e	da	ignorância.
O	pensamento	básico	do	trecho	é	interrompido	pelos	versículos	6-8,	que
enfatizam	a	posição	de	João	Batista	como	testemunha	e	refletor	da	luz,	e	não
como	Messias.	Alguns	dos	seus	discípulos	se	apegaram	tanto	a	ele	que,	a
despeito	da	advertência	contida	no	testemunho	que	deu	de	si	mesmo	em	João
3.25-30,	teimaram	em	sustentar	ser	João	Batista	o	Messias,	e,	posteriormente,
formaram	a	seita	dos	mandeus,	da	qual	existem	ainda	seguidores	no	Oriente.
Voltando	ao	pensamento	básico:	“Estava	no	mundo,	e	o	mundo	foi	feito	por	ele,
e	o	mundo	não	o	conheceu”.	Os	homens	tinham	tão	pouco	entendimento	da
origem	do	seu	ser,	aprenderam	tão	pouco	acerca	da	razão	da	sua	existência,	que
não	reconheceram	seu	Criador	quando	Ele	surgiu	no	meio	deles.	A	civilização
romana	registrou	seu	nascimento,	lançou-o	no	cadastro	de	pessoas	físicas	para
finalidades	de	impostos,	mas	não	tomou	o	mínimo	conhecimento	dEle	como
sendo	o	próprio	Deus	revelado	em	seu	meio.
2.	Rejeitado	como	Messias	de	Israel.	“Veio	para	o	que	era	seu,	e	os	seus	não	o
receberam”.	Jesus	ensinou	esta	verdade	na	parábola	dos	lavradores	maus	(Mt
21.3343).	Que	tragédia!	A	nação	que	aguardava	a	vinda	do	Messias,	orando
ardentemente	por	este	acontecimento,	cantando	e	profetizando	acerca	da	sua
vinda,	não	quis	recebê-lo	quando	chegou!	(Cf	Is	53.2,3;	Lc	19.14;	At	7.51,52).
III	–	A	Aceitação	do	Verbo	(Jo	1.12-14)
1.	O	dom	da	filiação.	“Mas,	a	todos	quantos	o	receberam,	deu-lhes	o	poder	de
serem	feitos	filhos	de	Deus;	a	saber:	aos	que	crêem	no	seu	nome”.	Estes	vieram
a	ser	filhos	de	Deus,	não	por	serem	descendentes	de	Abraão	(“não	nasceram	do
sangue”),	nem	por	geração	natural	(“nem	da	vontade	da	carne”),	nem	pelos	seus
próprios	esforços	(“nem	da	vontade	do	varão”).	Sua	adoção	na	família	divina	foi
um	dom	gratuito	e	sobrenaturalda	parte	de	Deus,	mediante	uma	nova	vida
implantada	neles	pelo	Espírito	Santo,	como	será	explicado	adiante	na	entrevista
de	Jesus	com	Nicodemos,	no	capítulo	3.
2.	A	visão	da	glória.	“E	o	Verbo	se	fez	carne,	e	habitou	entre	nós”.	Literalmente:
“E	o	Verbo	foi	feito	carne,	e	ta-	bernáculo	entre	nós”.	O	Filho	de	Deus	habitou
num	taber-	náculo	(“tenda”)	entre	nós,	o	tabernáculo	sendo	seu	próprio	corpo
(cf.	Jo	2.19;	2	Co	5.1,4;	2	Pe	1.13,14).	Assim	como	a	glória	de	Deus	habitava	no
Tabernáculo	antigo,	assim	também,	quando	Cristo	nasceu	neste	mundo,	sua
divina	natureza	habitava	no	seu	corpo	como	num	templo.
“E	vimos	a	sua	glória”	(caráter	divino),	não	meramente	a	glória	externa	revelada
na	transfiguração	(2Pe	1.16,17),	mas,	também,	o	esplendor	do	seu	divino	caráter.
Não	era	uma	glória	refletida,	como	a	glória	de	um	santo,	e	sim	a	“glória	do
unigênito	do	Pai”.	Um	filho	participa	da	mesma	natureza	do	pai;	Cristo,	como
Filho	de	Deus,	tem	a	própria	natureza	de	Deus.	Este	divino	caráter	estava	“cheio
de	graça	e	de	verdade”.	A	graça	é	o	favor	divino,	o	amor	inabalável	de	Deus,	a
misericórdia	divina,	e	a	verdade	não	somente	é	a	fala	leal,	sincera	e	veraz,	como
também	a	conduta	à	altura.
Por	qual	ato,	ou	meio,	o	Filho	de	Deus	veio	a	ser	Filho	do	homem?	Qual	milagre
poderia	trazer	ao	mundo	“o	segundo	homem”,	que	é	o	Senhor	do	Céu	(1	Co
15.47)?	A	resposta	é	que	o	Filho	de	Deus	entrou	no	mundo,	como	Filho	do
homem,	por	meio	da	concepção	no	ventre	de	Maria	mediante	o	Espírito	Santo,
independentemente	de	pai	humano.	No	fato	do	nascimento	virginal	baseia-se	a
doutrina	da	encarnação	(Jo	1.14).
IV	–	Ensinamentos	Práticos
1.	Cristo,	a	nossa	Vida.	“Nele	estava	a	vida”.	Cristo	é	a	verdadeira	fonte	de	vida
espiritual.	“Eu	vim	para	que	tenham	vida,	e	a	tenham	em	abundância”	(Jo
10.10).	Para	esta	finalidade	o	Filho	de	Deus	tornou-se	Filho	do	homem:	a	fim	de
que	os	filhos	dos	homens	possam	ser	feitos	filhos	de	Deus.	“Quem	tem	o	Filho,
tem	a	vida”.
Esta	vida	de	Cristo	em	nós	precisa	tomar	a	primazia;	enquanto	subjugamos	pela
Fonte	a	vida	do	próprio-eu,	sustentamos	a	vida	de	Cristo	em	nós;	quanto	mais
alimentamos	em	nossa	vida	a	de	Cristo,	a	vida	do	próprio-eu	vai	passando	fome.
Miguelângelo,	o	grande	escultor,	dizia	das	lascas	de	mármore	que	iam	caindo	em
grandes	quantidades	no	chão	do	seu	estúdio:	“Enquanto	o	mármore	vai	se
desgastando,	a	estátua	vai	crescendo.”	Enquanto	nós,	mediante	a	abnegação,
tiramos	lascas	da	nossa	velha	natureza,	a	vida	de	Cristo	se	torna	manifesta	em
nossos	corpos	mortais.
Cristo,	para	ilustrar	esta	verdade,	fez	alusão	à	prática	da	poda:	“Toda	vara	em
mim	que	não	dá	fruto,	a	tira;	e	limpa	toda	aquela	que	dá	fruto,	para	que	dê	mais
fruto”	(Jo	15.2).	O	objetivo	da	poda	é	canalizar	a	vida	de	partes	inúteis	para
partes	úteis.	A	parte	da	planta	que	antes	monopolizava	o	vigor	da	planta	sem	dar
resultados,	de	repente	é	cortada,	a	fim	de	que	a	seiva	vital	passe	de	modo	ativo
às	partes	frutíferas.	A	abnegação	é	um	tipo	de	poda	espiritual	mediante	a	qual	as
energias	antes	malbaratadas	em	atividades	pecaminosas	ou	sem	proveito	são
postas	a	serviço	da	vida	espiritual.
Enquanto	conservarmos	nosso	contato	com	Cristo,	que	é	a	nossa	vida,	temos	a
vida	abundante.	Se	deliberadamen-	te	nos	separamos	dele,	perdemos	esta	vida.	A
árvore	não	se	afasta	da	folha;	é	a	folha	que	cai	da	árvore.	Cristo	não	abandona
ninguém;	são	os	homens	que	o	abandonam.
Como	nutrir	a	vida	divina	que	há	em	nós?	Pela	leitura	da	Palavra,	pela	oração,
observando	diligentemente	todos	os	meios	da	graça.
2.	Cristo,	nossa	Luz.	“Ali	estava	a	luz	verdadeira,	que	alumia	a	todo	o	homem
que	vem	ao	mundo”	(Jo	1.9).	Por	que	Jesus	é	comparado	à	luz?
2.1.	A	luz	épura.	Brilha	nos	lugares	mais	imundos	sem	perder	sua	pureza.	Cristo
foi	chamado	“o	amigo	dos	pecadores”,	sem	que	a	mínima	mancha	de	pecado	lhe
tenha	maculado	o	caráter.	A	luz	brilhou	nas	trevas,	sem	nunca	por	elas	ser
vencida,	obscurecida.	Longe	de	afastá-lo	dos	pecadores,	sua	pureza	fez	com	que
sentisse	simpatia	por	eles.	Os	verdadeiros	homens	de	Deus	sempre	demonstram
ternura	pelas	pessoas	que	caíram	em	erros.
2.2.	A	luz	é	meiga.	A	luz	pode	tocar	numa	teia	de	aranha	sem	fazer	tremer	um
único	fio.	Cristo	sempre	demonstrava	meiguice	ao	tocar	vidas	quebradas,	para
sarar	e	não	para	esmagar	(cf.	Mt	12.20).	Todos	os	verdadeiros	cristãos	são
pessoas	meigas,	pacíficas	(Tg	3.17).	Muitas	vezes	o	conceito	de	poder	se
confunde	com	o	da	violência;	a	mei-	guice,	porém,	é	um	poder	construtivo.
2.3.	A	luz	revela.	Quão	grande	é	o	alívio	para	o	viajante	tateando	na	noite	escura,
quando	rompe	a	aurora!	Quão	grande	a	alegria	para	o	peregrino	nas	sendas	desta
vida	quando	a	luz	da	revelação	divina	esclarece	os	problemas	da	vida!	“Eu	sou	a
luz	do	mundo;	quem	me	segue	não	andará	em	trevas,	mas	terá	a	luz	da	vida”	(Jo
8.12).
3.	“O	homem,	este	desconhecido”.	Foi	este	o	título	que	o	cirurgião	e	cientista	Dr.
Alexis	Carrel,	de	renome	mundial,	deu	a	um	livro	seu	que	teve	enorme
aceitação.	Nele,	indica	que	as	dificuldades	pelas	quais	a	humanidade	passa	são
devidas	ao	fato	de	que	o	homem,	sábio	quando	se	trata	de	invenções,	é
proporcionalmente	ignorante	quanto	à	natureza	do	seu	próprio	ser.	Há	algum
tempo,	um	notável	biólogo	fez	uma	declaração	semelhante.	Expressou	o	receio
de	que	a	nossa	civilização	esteja	caminhando	para	a	ruína	porque	o	homem,	com
tantos	conhecimentos	quanto	ao	emprego	dos	objetos	materiais,	ainda	permanece
sendo	um	“mistério	biológico”.
A	razão	por	que	o	homem	não	conhece	a	si	mesmo	é	não	conhecer	o	seu	Criador.
Assim	como	João	escreveu:	“Estava	no	mundo,	e	o	mundo	foi	feito	por	ele,	e	o
mundo	não	o	conheceu”	(Jo	1.10).	Jesus	“sabia	o	que	havia	no	homem”	(Jo
2.25).	Sabe,	também,	o	que	é	melhor	para	o	homem.	Seu	jugo	é	suave	porque,
diferentemente	do	jugo	do	pecado,	se	adapta	à	alma.
4.	Deus	manifestado	na	carne.	Narra-se	a	história	de	um	culto	hindu,	que,
passeando	despreocupadamente,	foi	olhar	de	perto	um	formigueiro.	Quando	se
abaixou,	sua	sombra	assustou	as	formigas	e	elas	correram	em	todas	as	direções.
Tendo	uma	natureza	simpática,	o	hindu	pensou	consigo	mesmo:	“Gostaria	de
poder	conversar	com	estas	pequenas	criaturas,	para	dizer-lhes	que	não	quero	lhes
fazer	nenhum	mal”.	Mais	uma	vez,	aproximou-se	delas,	e	elas,	como	da	primeira
vez,	se	amedrontaram.	Quando	ele	recuou	um	pouco,	recomeçaram	as	atividades
do	formigueiro.	Sua	mente,	como	que	brincava	com	o	incidente:	“Gostaria	de
poder	falar	àquelas	criaturinhas”,	voltou	a	pensar.	Então	ocorreu-lhe	o
pensamento:	“Não	poderia	falar	com	elas	mesmo	se	possuíssem	inteligência;
ainda	que	possuíssem	uma	língua,	e	que	eu	pudesse	aprender	tal	língua,	não
conseguiria	me	comunicar	com	elas,	porque	os	meus	pensamentos	não	são	os
pensamentos	delas.	Meus	termos	de	expressão	não	seriam	compreensíveis	a
elas.”	Sua	imaginação	continuou	trabalhando:	“Se	eu	pudesse	vir	a	ser	uma
formiga	como	elas,	e	ainda	reter	minha	própria	personalidade	e	consciência,
então,	vivendo	entre	elas,	conseguiria	comunicar-me,	e	elas	entenderiam	pelo
menos	alguma	coisa	dos	meus	pensamentos”.	O	seguinte	pensamento	raiou-	lhe
de	súbito:	“É	exatamente	isto	que	estes	ensinadores	cristãos	querem	nos	dizer:
que	Deus	se	fez	homem	a	fim	de	revelar-se	a	nós	e	salvar-nos”.	E,	assim,	sob	a
influência	da	própria	ilustração	que	ele	mesmo	viu,	o	hindu	veio	a	aceitar	a	fé
cristã.
A	encarnação	é	um	mistério	que	desafia	a	lógica.	Para	nossa	fé,	porém,	basta
sabermos	que	Deus	se	revelou	por	meio	de	Cristo,	a	fim	de	abrir-nos	o	caminho
da	salvação.
2
Os	Primeiros	Discípulos
Texto:	João	1.35-42
Introdução
O	apóstolo	João	declara	o	propósito	de	escrever	seu	evangelho:	“Estes,	porém,
foram	registrados	para	que	creiais	que	Jesus	é	o	Cristo,	o	Filho	de	Deus,	e	para
que,	crendo,	tenhais	vida	em	seu	nome”	(Jo	20.31).	João	transmite-nos	todo	o
volume	de	testemunho	que	o	convenceu,	e	a	outros	da	sua	geração,	quanto	à
divindade	de	Cristo,	e	tem	confiança	de	que	outros,	igualmente,	serão	inspirados
com	a	mesma	convicção.
O	apóstolo	apresenta	três	séries	de	testemunhos:	1)	Os	milagres	de	Cristo,que
chama	de	“sinais”,	porque	demonstram	a	divindade	de	quem	os	opera.	Quantos
milagres	operados	antes	da	crucificação	João	registra	no	seu	livro?	2)	As
asseverações	de	Jesus	quanto	à	sua	natureza	e	missão.	Note	quantas	vezes	João
registra	as	reivindicações	de	Jesus,	que	começam	com	as	palavras	“eu	sou”.	3)
João	registra	os	testemunhos	de	outras	pessoas	-	de	João	Batista,	dos	primeiros
discípulos	e	daqueles	que	receberam	a	cura	da	parte	de	Jesus.
Este	trecho	é	um	exemplo	da	terceira	série	de	evidências.	Citam-se	aqui	os
testemunhos	de	João	Batista	e	André,	irmão	de	Pedro.
Quando	Jesus	emergiu	da	vida	particular	para	entrar	no	ministério	público,	não
tinha	nenhum	adepto	ou	seguidor.	Deus,	porém,	enviara	um	profeta	para	preparar
o	caminho	diante	dele	-	João	Batista,	para	“preparar	ao	Senhor	um	povo	bem
disposto”	(Lc	1.17).	Foi	no	meio	dos	convertidos	de	João	Batista	que	Jesus
recebeu	seus	primeiros	discípulos.	Nosso	trecho	bíblico	conta	como	três	desses
discípulos	(inclusive	o	discípulo	não	mencionado	pelo	nome)	deixaram	a	escola
preparatória	de	João	Batista	para	se	tornarem	estudantes	da	escola	superior	de
Jesus.
I	–	Uma	Declaração	Que	Chama	a	Atenção	(Jo	1.35,36)
“No	dia	seguinte	João	estava	outra	vez	ali,	e	dois	dos	seus	discípulos	[André	e
João];	e,	vendo	passar	a	Jesus,	disse:	Eis	aqui	o	Cordeiro	de	Deus”.	Estudemos	o
significado	desta	proclamação,	examinando	as	palavras,	uma	por	uma.
1.	“EIS	aqui	o	Cordeiro	de	Deus”.	Literalmente,	“veja”.	O	evangelista	apela	ao
pecador	que	veja	o	Crucificado	e,	contemplando-o,	lamente	os	pecados	que
causaram	sua	morte.
2.	“	Eis	O	Cordeiro	de	Deus”.	Os	sacrifícios	de	animais	não	operavam	a	perfeita
redenção,	haja	vista	que	sempre	tinham	de	ser	repetidos.	Nenhum	sacerdote	de
Israel,	cansado	por	causa	do	serviço	ao	redor	do	altar,	poderia	voltar	para	casa,
dizendo:	“Minha	esposa,	finalmente	ofereci	o	sacrifício	final;	o	povo	está
completamente	perdoado	e	purificado”.	No	entanto,	qualquer	um	dentre	os
sacerdotes	que	obedeciam	à	fé	(At	6.7)	poderia	ter	dito	isso,	porque	o	Cordeiro
perfeito,	do	qual	os	demais	eram	apenas	símbolos,	já	fora	oferecido	(cf.	Hb
10.11,12).
3.	“Eis	o	CORDEIRO	de	Deus”.	O	cordeiro	era	um	animal	sacrifical;	João,
portanto,	identificava	Jesus	com	o	Sacrifício	enviado	da	parte	de	Deus,	“que	tira
o	pecado	do	mundo”.	Leia	Isaías	53,	que	é	um	ponto	alto	na	doutrina	do
sacrifício,	por	profetizar	que	o	próprio	Messias	em	pessoa	haveria	de	se	tornar	a
expiação	pela	raça	humana.	Compare	com	Atos	8.32-35.	Talvez	João	também	se
referisse	ao	cordeiro	da	Páscoa	(cf.1	Co	5.7).	No	início	do	período	da	Lei,	há	o
cordeiro	da	Páscoa,	cuja	aceitação	por	parte	da	nação	de	Israel	redimiu-a	do
meio	da	nação	gentia;	quase	no	fim	do	período	da	Lei,	há	outro	Cordeiro,
rejeitado	pelos	israelitas	-	e,	por	causa	deste	pecado,	foram	espalhados	entre	os
gentios.
4.	“Eis	o	Cordeiro	de	DEUS”.	Uma	das	mais	marcantes	diferenças	entre	a	fé
cristã	e	o	paganismo	é	que	os	adoradores	pagãos	trazem	sacrifícios	na	tentativa
de	se	reconciliarem	com	os	seus	deuses,	enquanto	a	mensagem	do	Evangelho
declara	que	o	próprio	Deus	enviou	um	sacrifício	em	nosso	favor	a	fim	de	nos
reconciliar	consigo	(Rm	8.32;	2	Co	5.19).	Deus	trouxe	a	nós	o	sacrifício	que	nos
coloca	mais	perto	de	Deus,	e	até	o	Antigo	Testamento	apresenta	a	expiação
como	sendo	a	dádiva	da	graça	divina:	“Porque	a	alma	da	carne	está	no	sangue;
pelo	que	vo-lo	tenho	dado	sobre	o	altar,	para	fazer	expiação	pelas	vossas	almas”
(Lv	17.11).
II	–	Uma	Apresentação	Inesquecível	(Jo	1.37-39)
1.	Os	discípulos	que	procuram.	“E	os	dois	discípulos	ouviram-no	dizer	isto,	e
seguiram	a	Jesus.”	A	congregação	de	João	começou	a	deixá-lo;	ele,	no	entanto,
não	sentiu	ciúmes	porque,	afinal,	foi	justamente	esta	obra	de	apontar	às	pessoas
o	Messias	que	viera	fazer:	“É	necessário	que	ele	cresça	e	que	eu	diminua”	(cf.	Jo
3.25-30).	O	fiel	obreiro	cristão	conduz	as	pessoas	a	Cristo,	e	não	a	si	mesmo.
2.	A	pergunta	perscrutadora.	“E	Jesus,	voltando-se	e	vendo	que	eles	o	seguiam,
disse-lhes:	Que	buscais?”	O	Senhor	não	deixa	que	ninguém	o	siga	em	vão;
mostrará	o	seu	rosto	àqueles	que	o	seguem	em	sinceridade.	Note	que	as	palavras
“que	buscais?”	são	um	gracioso	convite	aos	que	o	procuram,	para	que	abram	o
seu	coração	a	Ele.	Ele	a	todos	pergunta:	“Que	buscais?”	Estão	procurando
verdade,	poder,	perdão,	amor,	paz,	vitória,	esperança,	forças?	Ele	pode	nos
oferecer	tudo	quanto	buscamos	e	de	que	necessitamos.	Além	disso,	a	pergunta	é
um	desafio,	no	sentido	de	ver	se	estamos	procurando	as	coisas	certas,	porque	ele
procura	discípulos	sinceros	e	que	entendam	o	que	estão	fazendo.
3.	A	pergunta	tímida.	“E	eles	disseram-lhe:	Rabi	(que,	traduzido	quer	dizer,
Mestre),	onde	moras?”	Apesar	de	se	sentirem	um	pouco	acanhados	na	sua
presença,	os	jovens	ficaram	tão	impressionados	em	seu	primeiro	contato	com
Jesus	que	desejavam	saber	mais	acerca	dele;	queriam	saber	o	seu	endereço,
visando	a	uma	visita	mais	prolongada.	Lição:	não	devemos	nos	limitar	a	uma
olhada	passageira	em	Cristo;	devemos	saber	onde	Ele	habita,	para	que	nos
receba	como	hóspedes.
4.	O	convite	gracioso.	“E	ele	lhes	disse:	Vinde,	e	vede.”	Este	convite	é	a	melhor
resposta	aos	que	duvidam	e	aos	interessados	-	é	o	apelo	à	experiência.	Podemos
dar	às	pessoas	uma	excelente	receita	culinária,	e	fazer	grande	esforço	de
descrever	quão	delicioso	é	certo	prato,	mas	nada	se	compara	com	levar	o	próprio
ouvinte	a	experimentar	a	comida	por	si	mesmo.	“Provai,	e	vede	que	o	Senhor	é
bom”	(Sl	34.8)
III	–	Uma	Entrevista	Que	Transforma	a	Vida	(Jo	1.39)
“Foram,	e	viram	onde	morava,	e	ficaram	com	ele	aquele	dia”.	O	escritor
inspirado	não	nos	conta	os	detalhes	daquela	inesquecível	visita;	sabemos,	no
entanto,	que	o	contato	com	o	radiante	Mestre	contribuiu	com	algo	de	vital	à	vida
de	André.	Nunca	mais	foi	o	mesmo	depois	daquela	entrevista.	“Senti	um	calor
estranho	no	meu	coração”,	disse	João	Wesley,	descrevendo	seu	primeiro	contato
vivo	com	Cristo,	e	certamente	André	sentiu-se	assim	durante	a	sua	festa
espiritual	com	o	Mestre.	Quem	aceitar	o	convite	de	Jesus	(“Venha	ver”)	receberá
outro	convite	(“Venha	cear”).	O	primeiro	é	para	os	que	ainda	não	são	do	seu
rebanho;	o	segundo	é	para	os	que	já	entraram	no	seu	aprisco.
IV	–	Uma	Grande	Descoberta	(Jo	1.40)
André	saiu	daquela	casa	transbordando	com	uma	poderosa	convicção	e,
enlevado	pela	descoberta	que	tanto	o	emocionara,	foi	correndo	falar	com	o	seu
irmão	Pedro,	anunciando	as	novas	que	fariam	palpitar	o	coração	de	qualquer
verdadeiro	israelita:	“Achamos	o	Messias”.	Muitos	judeus	podem	dizer,	até	hoje:
“Cremos	na	vinda	do	Messias,	oramos	e	ansiamos	por	aquele	acontecimento”,
mas	nenhum	judeu	que	não	crê	em	Jesus	pode	dizer,	juntamente	com	André:
“Achamos	o	Messias”.
Note	que	André	veio	a	ser	testemunha	de	Cristo	no	dia	da	sua	conversão.	As
coisas	maravilhosas	que	Cristo	sussurra	nos	ouvidos	do	homem,	em	segredo,
ficam	ardendo	no	seu	íntimo	até	que	ele	conte	aos	outros.
V	–	Um	Serviço	de	Amor	(Jo	1.42)
André	não	se	restringiu	a	contar	as	novas:	queria	que	seu	irmão	as
experimentasse	por	si	mesmo.	Lemos,	portanto:	“E	levou-o	a	Jesus”	-	o	serviço
mais	gentil	que	uma	pessoa	pode	fazer	a	outra.	Não	é	necessário	que	alguém	seja
grande	pregador	ou	gênio	espiritual	para	assim	fazer.
André	começou	o	trabalho	em	seu	próprio	lar:	“Este	achou	primeiro	a	seu
irmão”.	O	melhor	preparo	a	um	missionário	é	começar	em	casa;	se	não
conseguimos	levar	outras	pessoas	a	Cristo	em	nossa	própria	terra,	como	o
faremos	em	outras	terras?	Quando	o	endemoninhado	liberto	por	Jesus	quis
seguir	viagem	com	Ele,	o	Mestre	respondeu:	“Vai	para	tua	casa,	para	os	teus,	e
anuncia-lhes	quão	grandes	coisas	o	Senhor	te	fez,	e	como	teve	misericórdia	de
ti”	(Mc	5.19).
VI	–	Uma	Recepção	Graciosa	(Jo	1.42)
“E,	olhando	Jesus	para	ele,	disse:	Tu	és	Simão,	filho	de	Jonas;	tu	serás	chamado
Cefas	(que	quer	dizer	Pedro).”	Cefas,	em	hebraico,	quer	dizer	“pedra”	ou
“rocha”.	O	que	Cristo	quis	dizer	com	isto?
1.	Na	Bíblia,	a	mudança	de	nome	freqüentemente	significava	mudança	da
natureza	da	pessoa,	da	sua	situaçãoou	experiência	(Gn	32.28).	Este	encontro
com	Jesus	se	constituiu	em	ponto	crítico	na	vida	de	Pedro	-	a	hora	em	que	ele
passou	a	ser	de	Cristo.
Dan	Crawford	conta	acerca	do	valor	que	os	congoleses	dão	a	nomes:
“O	homem	que	se	transforma	muda	também	de	nome.	Um	jovem	perto	de	mim
recebeu	um	aumento	salarial,	e	tomou	dinheiro	adiantado	para	comprar	um
nome.	Para	ele,	o	nome	era	um	patrimônio	tão	valioso	como	um	imóvel,
pertencendo-lhe	como	se	fosse	seu	cachorro	ou	sua	arma.	O	jovem	queria
comprá-lo	solenemente,	à	vista.	Naturalmente	que	possuía	nome,	mas	achava
seu	nome	de	nascimento	por	demais	infantil:	não	é	verdade	que	para	dado	por
conjectura,	e	sem	o	consentimento	dele?	Não	é	verdade	que	o	nome	deve	ser	um
legítimo	reflexo	do	caráter	da	pessoa?...	Não	é	de	se	estranhar,	portanto,	que
quando	você	diz	ao	africano	que	no	céu	teremos	uma	nova	natureza,	este
responde:	‘Devemos,	portanto,	receber	um	nome	novo”’	(ver	Ap	2.17).
2.	A	mudança	de	nome	foi,	neste	caso,	uma	promessa	de	poder	transformador.
Talvez	Pedro	pensasse,	consigo	mesmo,	na	presença	do	Mestre:	“Como	poderei
eu,	homem	de	caráter	fraco	e	instável,	ser	digno	de	entrar	no	reino	do	Messias?”
(cf.	Lc	5.7,8).	O	Senhor,	percebendo	os	temores	íntimos	de	Pedro,	queria	dizer:
“Sei	que	o	homem	chamado	Simão	é	conhecidamente	impulsivo,	impetuoso	e
instável.	Tenha,	porém,	bom	ânimo.	Assim	como	sei	quem	é	você,	assim
também	sei	o	que	você	será.	Venha	a	mim	assim	como	você	é,	e	eu	o	farei	uma
pedra	firme	no	meu	Reino.	Como	sinal	desta	promessa,	seu	nome	será	Cefas.”
O	Senhor	sempre	é	o	mesmo:	recebe-nos	em	nossa	fraqueza,	sabendo	que	poderá
nos	tornar	fortes.
3.	O	novo	nome	foi	sinal	da	autoridade	de	Cristo	exercida	sobre	Pedro,	assim
como	um	rei	pode	alterar	o	nome	de	alguém	que	levou	cativo	(cf.	Dn	1.7).
Daquele	momento	em	diante,	Pedro	ficou	pertencendo	a	Cristo	e,	com	todo
amor,	chamava-o	de	Mestre.
VII	–	Ensinamentos	Práticos
1.	A	maior	necessidade	do	homem.	Sacrifícios,	altares	e	templos	em	todas	as
terras	e	época	testificam	esta	verdade:	os	homens	sempre	sentiram	o	fato	de	as
coisas	andarem	erradas	no	seu	relacionamento	com	o	poder	superior,	e	que	a
apresentação	de	um	sacrifício	com	derramamento	de	sangue	é	necessária	para
retificar	a	situação.	Cada	pessoa	que	honestamente	examinar	o	seu	próprio
coração	sentir-se-á	constrangida	a	dizer	“Amém!”	à	declaração	bíblica:	“Pois
todos	pecaram	e	destituídos	estão	da	glória	de	Deus”	(Rm	3.23).	Muitos
remédios	têm	sido	oferecidos	para	curar	a	falta	de	harmonia	que	há	na	alma
humana;	João	Batista,	porém,	apontou	o	remédio	divino:	“Eis	o	Cordeiro	de
Deus,	que	tira	o	pecado	do	mundo!”
2.	Uma	pergunta	perscrutadora.	“Que	buscais?”	Esta	pergunta	sugere	duas
lições.	1)	A	necessidade	de	termos	nítida	consciência	de	qual	é	o	nosso	objetivo
na	vida.	Muitas	pessoas	são	levadas	à	deriva	pela	vida,	impulsionadas	pelas
circunstâncias;	sabem	quais	as	suas	necessidades	imediatas;	não	podem,	porém,
apontar	um	objetivo	supremo	para	atingir,	nem	mencionar	um	grande	propósito
que	controle	a	sua	vida.	Jesus,	para	despertar	nas	pessoas	o	reconhecimento	de
quão	fútil	é	a	vida	que	vão	levam,	pergunta-lhes:	“Que	buscais?”	2)	A	pergunta
desafia	as	pessoas	a	se	tornarem	discípulos	sérios.	Marcos	Dods	escreve:
“Cristo	deseja	ser	seguido	com	toda	a	seriedade.	Tantos	o	seguem	porque	uma
multidão	está	indo	atrás	dele,	levando	outras	pessoas	consigo;	tantos	o	seguem
porque	está	na	moda,	sem	possuírem	opinião	própria;	muitos	o	seguem	como	por
experiência,	e	vão	ficando	para	trás	quando	surge	a	primeira	dificuldade;	muitos
seguem	com	idéias	errôneas	quanto	àquilo	que	esperam	da	parte	dEle...	Cristo
não	manda	ninguém	embora	simplesmente	pela	sua	lentidão	em	entender	quem	é
Ele	e	o	que	Ele	tem	feito	pelos	pecadores.	Com	esta	pergunta,	no	entanto,	nos
faz	entender	que	aquela	atração	vaga	e	misteriosa	que,	qual	ímã	escondido,	atrai
a	ele	as	pessoas,	deve	ser	trocada	por	uma	compreensão	nítida	quanto	ao	que	nós
mesmos	esperamos	receber	dEle	para	suprir	as	nossas	necessidades.	Ele	não
rejeitará	pessoa	alguma	que	responda,	com	sinceridade:	“Buscamos	a	Deus,
buscamos	a	santidade,	buscamos	serviço	contigo,	buscamos	a	ti.”
3.	“Vinde,	e	vede”.	É	um	desafio	aos	que	duvidam	e	questionam.	Certo	cristão
aceitou	o	desafio	de	um	não-crente	para	debater	com	ele	em	público.	Depois	do
discurso	do	não-crente,	o	cristão,	sem	falar	uma	palavra,	tirou	uma	laranja	do
bolso,	descascou-a,	comeu-a	e	depois	perguntou:	“Bem,	como	estava	a	laranja?”
“Como	vou	saber?”,	retrucou	o	não-crente.	“Nem	sequer	provei	dela”.
Respondeu	o	crente:	“Como	o	senhor	pode	conhecer	o	Cristianismo	quando	não
o	experimentou?”
Um	interessado	pode	ouvir	e	ler	acerca	de	Cristo;	o	melhor	caminho,	no	entanto,
é	chegar	diretamente	a	Ele	para	experimentar	seu	poder.	Para	se	explicar	aos
índios	da	floresta	tropical	o	que	é	o	gelo,	mais	valeria	um	pedaço	para
examinarem	do	que	uma	hora	de	preleções	sobre	o	assunto.
4.	Testemunho	de	Cristo.	O	testemunho	de	André	sugere	três	lições:	1)	“Este
achou	primeiro	a	seu	irmão”.	Quanto	mais	estreitos	os	laços	de	parentesco	entre
quem	testemunha	e	quem	ouve,	mais	enfático	será	o	testemunho.	Há	mais	força
de	convicção	entre	os	que	se	conhecem	intimamente	do	que	na	mensagem	falada
em	público.	Quando	alguém	encontra	Cristo	de	forma	tão	real	que	sua	alegria	é
tão	óbvia	como	quando	encontra	um	excelente	emprego	ou	vaga	universitária,
seu	testemunho	não	deixará	de	convencer	aos	que	o	conhecem.	2)	O	testemunho
pessoal	é	prova	da	convicção	pessoal;	quando	alguém	tem	profunda	convicção,
não	pode	ficar	tran-	qüilo	até	compartilhá-la	com	outra	pessoa.	3)	O	testemunho
pessoal	faz	parte	do	plano	de	Deus	para	a	evan-	gelização	do	mundo.	No	século
que	se	seguiu	à	era	apostólica,	não	houve	notícia	de	“grandes”	evangelistas	e
missionários;	não	há	registro	de	campanhas	evangelísticas	abrangendo	cidades
inteiras.	A	Igreja,	no	entanto,	cresceu	com	ritmo	veloz.	A	explicação	é	que	cada
cristão	considerou	ser	dever	e	privilégio	testemunhar	de	Cristo.	O	escravo
testemunhava	perante	seu	dono;	o	operário,	ao	seu	companheiro;	o	vendedor,	aos
seus	fregueses;	o	filho,	aos	pais.	Os	pastores,	evangelistas	e	missionários	se
destacam	na	liderança	da	obra	de	ganhar	almas	para	Cristo,	mas	não	podem	ficar
sem	a	colaboração	dos	membros	das	suas	congregações.
3
O	Primeiro	Milagre	de	Cristo
Texto:	João	2.1-11
Introdução
O	milagre	da	transformação	da	água	em	vinho	ilustra	o	propósito	do	Evangelho
de	João,	a	saber:	despertar	a	fé	na	divindade	de	Cristo	e	em	Cristo,	como	o
Messias.	João	nos	conta	como	este	milagre	o	convenceu,	juntamente	com	os
demais	discípulos,	da	natureza	divina	de	Cristo	(2.11),	e	registra	o	incidente	para
que	a	nossa	fé	também	possa	ser	despertada	e	aumentada.
I	-	A	Feliz	Ocasião	(Jo	2.1,2)
“E,	ao	terceiro	dia	(do	incidente	em	1.51),	fizeram-se	umas	bodas	em	Caná	da
Galiléia,	e	estava	ali	a	mãe	de	Jesus.	E	foi	também	convidado	Jesus	e	os	seus
discípulos	(ver	capítulo	1)	para	as	bodas.”	A	presença	do	nosso	Senhor	no
casamento	sugere	as	seguintes	lições:
1.	Jesus	aprova	a	vida	social.	Jesus	não	era	um	religioso	sombrio	com	rosto
desagradável	que	se	esquivava	do	contato	com	as	pessoas.	Comia	juntamente
com	fariseus	e
publicanos	com	sociabilidade	imparcial.	Não	consta	ter	recusado	a	hospitalidade
de	quem	quer	que	seja,	a	ponto	de	os	formalistas	levantarem	a	acusação	de	ser
ele	“glutão	e	bebedor	de	vinho,	amigo	de	publicanos	e	pecadores”.	Não	era
verdadeira	a	acusação,	mas	pelo	menos	ressaltou	a	verdade	de	que	Cristo	não
aborrecia	o	convívio	de	grupos	sociais,	e	que	gostava	de	estar	com	pessoas.
Procurava	a	companhia	das	pessoas	a	fim	de	espalhar	a	sua	influência	e	doutrina,
e	para	deixar	que	as	pessoas	o	conhecessem	e,	por	meio	dele,	à	graça	de	Deus.	O
Senhor	Jesus	acreditava	em	“separação”	tão	profundamente	como	os	próprios
fariseus	(que	formavam	o	partido	“da	separação”);	mas,	enquanto	estes	se
afastavam	dos	pecadores	e	continuavam	a	dar	guarida	ao	pecado	no	coração	(Mt
23.25-28),	Jesus	se	conservava	separado	do	pecado	e	dava	as	boas-vindas	aospecadores,	a	fim	de	salvá-los.	Noutras	palavras,	ele	estava	interiormente
separado	dos	pecadores,	enquanto	mantinha	com	eles	contato	exterior.	Devemos
seguir	seu	exemplo	nesta	matéria.	Somos	o	sal	da	terra,	mas,	a	fim	de	sermos
eficazes,	precisamos	entrar	em	contato	com	aquilo	que	precisa	ser	salgado;	para
sermos	pescadores	dos	homens,	devemos	ir	para	onde	estão	os	peixes;	para
sermos	luz	do	mundo,	devemos	aparecer	e	brilhar.
2.	Cristo	aprova	o	casamento.	Nenhum	relacionamento	humano	tipifica	um
mistério	espiritual	tão	profundo	(ver	Jo	3.29;	Mt	9.15;	22.1-14;	25.10;	Ap	19.7;
22.17;	2	Co	11.2).	É	digno,	portanto,	da	mais	elevada	honra.	Cristo	previu,
também,	que	surgiriam	na	igreja	aqueles	que	menosprezariam	o	casamento	(1
Tm	4.3),	ou	que	não	perceberiam	toda	a	dignidade	e	honra	da	família	cristã.
Lição	prática:	a	presença	de	Cristo	é	essencial	ao	casamento	feliz.
3.	Cristo	aprova	a	alegria	inocente.	Embora	nosso	Senhor	fosse	homem	de	dores,
carregando,	lá	no	íntimo,	o	fardo	do	pecado	e	da	tristeza	do	mundo	inteiro,
parece	que	era	o	lado	alegre	da	sua	natureza	que	ele	apresentava	às	pessoas.	Seu
nascimento	foi	anunciado	como	boas-novas	de	grande	alegria.	Uma	das	suas
exortações	favoritas	era:	“Tende	bom	ânimo”;	a	palavra	“alegria”	ocupava	um
lugar	de	honra	no	seu	vocabulário.	Não	há	dúvida	de	que	Ele	dirigia	os
pensamentos	dos	homens	às	realidades	solenes	da	vida,	mas,	ao	mesmo	tempo,
oferecia-lhes	gozo	inefável	e	cheio	de	glória.	Uma	ilustração	do	Reino	dos	Céus
que	Ele	freqüentemente	citava	era	a	de	um	banquete	de	casamento,	e	quando	os
discípulos	de	João	queriam	saber	por	que	os	de	Jesus	não	jejuavam,	empregou	a
mesma	ilustração:	“Então	chegaram	ao	pé	dele	os	discípulos	de	João,	dizendo:
Por	que	jejuamos	nós	e	os	fariseus	muitas	vezes,	e	os	teus	discípulos	não
jejuam?	E	disse-lhes	Jesus:	Podem	porventura	andar	tristes	os	filhos	das	bodas,
enquanto	o	esposo	está	com	eles?	Dias,	porém,	virão	em	que	lhes	será	tirado	o
esposo,	e	então	jejuarão”	(Mt	9.14,15).
II	–	A	Falta	Embaraçosa	(Jo	2.3-5)
“E,	faltando	o	vinho,	a	mãe	de	Jesus	lhe	disse:	Não	têm	vinho.”	O	esgotamento
do	suprimento	de	vinho	pode	ter	surgido	por	três	razões:	o	número	inesperado
dos	discípulos	de	Cristo,	o	prolongamento	da	festa	por	sete	dias,	segundo	o
costume	ou	as	dificuldades	financeiras	do	noivo	e	da	noiva.
1.	A	sugestão	ansiosa.	Maria,	decerto,	tem	íntima	conexão	com	a	família	que
celebrava	o	casamento,	como	se	percebe	do	seu	conhecimento	da	falta	de	vinho
e	das	ordens	que	deu	aos	serventes.	A	falta	de	vinho	em	tal	ocasião	seria	uma
desonra	para	o	hospedeiro	e	para	o	casamento	que	estava	sendo	festejado.
Assim,	Maria	sussurrou,	ansiosamente,	a	informação:	“Não	têm	vinho”.
Lembrando-se	das	declarações	proféticas	feitas	acerca	da	grandeza	do	seu	Filho
(Lc	1.30-35),	ela	acreditava	ter	ele	poderes	suficientes	para	suprir	a	necessidade
e	tirar	o	hospedeiro	do	embaraço.	Maria,	vendo	o	seu	Filho	cercado	pelos	seus
discípulos,	sente	a	esperança	secreta	que	nutria	em	silêncio	durante	tantos	anos
irromper	em	ardor	flamejante,	e	volta-se	a	ele,	demonstrando	uma	bela	fé	em	seu
poder	para	ajudar,	mesmo	na	pequena	necessidade	do	momento.	Será	que	ela	já
presenciara	alguma	manifestação	do	seu	poder	miraculoso?	Leia	o	versículo	11.
2.	A	firme	ressalva.	“Disse-lhe	Jesus:	Mulher,	que	tenho	eu	contigo?	ainda	não	é
chegada	a	minha	hora”.	Tal	linguagem	não	dá	a	entender	nenhuma	falta	de
respeito	porque	a	palavra	“mulher”,	equivalente	a	“senhora”,	foi	a	mesma	que
Jesus	dirigiu	a	ela	nos	momentos	finais	de	sua	vida	terrestre:	“Mulher,	eis	aí	o
teu	filho”	(Jo	19.26).	Era	um	termo	de	respeito	que	se	empregava	até	quando	se
dirigia	a	uma	rainha.
Mesmo	assim,	a	linguagem	dá	a	entender	uma	mudança	de	relacionamento	entre
Jesus	e	Maria.	Ela	já	não	era	“mãe”,	e	sim	“mulher”.	O	período	de	sujeição	a
Maria	chegou	ao	fim.	Ele	agora	é	o	Messias,	o	Servo	do	Senhor,	e	seu
relacionamento	é	o	de	Messias	e	discípulo	(cf.	At	1.14).
Jesus,	por	assim	dizer,	indicava:	“É	verdade	que	o	relacionamento	natural	entre
nós	é	o	de	mãe	e	filho;	lembre-se,	porém,	de	que	a	minha	vida	é	vivida	na	esfera
de	um	relacionamento	mais	alto	(cf.	Lc	2.48,49).	Como	Filho	de	Deus,	devo
doravante	agir	e	trabalhar	segundo	o	tempo	e	a	maneira	que	meu	Pai	manda.	O
tempo	e	a	maneira	do	meu	ministério	dependem	de	considerações	mais	altas	do
que	as	de	carne	e	sangue”	(cf.	Mt	12.46-50).
Muitas	vezes	acontece	que	uma	mãe	chega	ao	reconhecimento,	talvez	doloroso,
de	que	quem	foi	seu	“menino”	entrou	numa	esfera	de	vida	mais	ampla,	além	de
influência	e	controle,	da	qual	ela	não	pode	participar.
3.	A	humilde	aquiescência.	Maria	rapidamente	entendeu	a	situação	e	aceitou-a
com	doçura	e	humildade;	em	seguida,	disse	aos	serventes:	“Fazei	tudo	quanto
ele	vos	disser”.	Sua	fé	lançou	mão	daquela	pequena	centelha	de	esperança	-
“ainda	não”	(v.	4)	-	e	fê-la	transformar-se	em	chama	viva.	Com	firme	confiança,
apesar	da	suave	chamada	de	atenção	recebida,	Maria	deixou	tudo	nas	mãos	de
Jesus.	Nós	também	devemos	nos	submeter	a	Ele,	confiando	que	atenderá	às
nossas	petições,	e	isto	como	e	quando	lhe	convier.
III	–	O	Suprimento	Milagroso	(João	2.6-10)
“E	estavam	ali	postas	seis	talhas	de	pedra,	para	as	purificações	dos	judeus	(para
lavarem-se	cerimonialmente)	e	em	cada	uma	cabiam	dois	ou	três	almudes	(ou
metretas,	medida	correspondente	a	38	litros).	Disse-lhes	Jesus:	Enchei	d’água
essas	talhas.	E	encheram-nas	totalmente.”
1.	A	realidade.	As	circunstâncias	do	milagre	dissipam	qualquer	dúvida	quanto	à
sua	realidade:	as	talhas	eram	especificamente	para	água,	não	havendo	a
possibilidade	de	se	sugerir	a	presença	de	sedimentos	no	fundo	que	emprestassem
o	gosto	de	vinho	à	água;	sua	presença	ali	era	normal,	e	não	premeditada,	de
acordo	com	o	costume	dos	judeus	de	lavagem	(Mt	15.2;	Mc	7.2-4;	Lc	11.38);	a
quantidade	era	enorme,	muito	mais	do	que	se	poderia	ter	trazido	secretamente;
as	talhas	estavam	vazias,	e	os	empregados	sabiam	que	foi	com	água	que
passaram	a	enchê-las.
2.	O	mistério.	O	processo	pelo	qual	a	água	foi	transformada	em	vinho	era	divino;
nenhuma	palavra	foi	escrita	sobre	o	método	da	operação	do	milagre,	nem	sequer
se	menciona	que	o	milagre	foi	operado;	simplesmente	nos	é	informado	o	que
aconteceu	antes	e	depois	do	milagre.	Jesus	não	enunciou	qualquer	palavra	de
ordem,	nem	empregou	qualquer	meio:	bastava	o	silencioso	exercício	da	sua
vontade	para	que	a	matéria	se	transformasse	segundo	o	seu	beneplácito.	A
operação	do	poder	criador	do	Senhor	Jesus	foi	feita	mediante	sua	simples
vontade	íntima.
3.	A	admiração.	“E,	logo	que	o	mestre-sala	provou	a	água	feita	vinho	[não
sabendo	donde	viera,	se	bem	que	o	sabiam	os	serventes	que	tinham	tirado	a
água],	chamou	o	mestre-sala	ao	esposo,	e	disse-lhe:	Todo	homem	põe	primeiro	o
vinho	bom	e,	quando	já	têm	bebido	bem,	então	o	inferior;	mas	tu	guardaste	até
agora	o	bom	vinho”.	O	mes-	tre-sala,	dirigindo	o	andamento	da	festa,	não	aludia
a	qualquer	excesso	da	parte	das	pessoas	presentes	naquela	festa	específica,
porque	Jesus	não	teria	abençoado	com	sua	presença	qualquer	bebedice.
Simplesmente	faz	alusão	ao	costume	normal,	mediante	o	qual	os	hóspedes,
depois	de	uma	suficiência	de	vinho	superior,	já	não	poderiam	discernir	a
inferioridade	do	vinho	oferecido	no	fim	da	festa.
IV	–	O	Propósito	Superior	(Jo	2.11)
O	propósito	imediato	de	Jesus	em	operar	o	milagre	era	libertar	um	jovem	casal
do	embaraço	e	da	vergonha.	O	versículo	11	sugere	o	propósito	superior	do
milagre:	a	revelação	da	glória	de	Cristo.	“Jesus	principiou	assim	os	seus	sinais
em	Caná	da	Galiléia,	e	manifestou	a	sua	glória;	e	os	seus	discípulos	creram
nele”.	Foi	esta	a	primeira	demonstração	do	poder	milagroso	de	Jesus,	revelando
a	sua	natureza	divina.	Irromperam-se	agora,	visivelmente,	a	divina	natureza	e	a
glória	que	antes	se	escondiam	sob	o	véu	de	carne,	e	os	discípulos	viram	“a	sua
glória,	como	a	glória	do	unigênito	do	Pai”	(1.14).	O	milagre	revelou	a	operação
do	poder	criador,	cuja	origem	somente	poderia	ter	sido	de	Deus.
1.	Aumentou-se	a	fé	dos	discípulos.	“E	os	seus	discípulos	creram	nele”.	Játinham	crido;	senão,	não	seriam	discípulos	(1.50).	Agora,	porém,	sua	fé	ficou
mais	profunda	e	mais	forte.	Acreditavam	em	Jesus,	porém	agora	mais	do	que
nunca.	Nossa	fé	é	aumentada	(Lc	17.5)	ao	ver	o	Senhor	operando	em	poder
milagroso.
V	–	Ensinamentos	Práticos
1.	Poder	através	da	obediência.	Quando	Jesus	mandou	os	serventes	encherem	as
talhas	d’água	e	levarem-nas	ate	o	mestre-sala	para	suprir	a	falta	de	vinho,	estes
teriam	motivos	justos	para	se	recusar	a	fazê-lo,	ou	para	exigir	alguma	explicação
ou	garantia	de	que	Jesus	enfrentaria	as	conseqüências.	Obedeceram	assim
mesmo,	e	sua	fé	obediente	fez	com	que	se	tornassem	colaboradores	de	um
milagre;	ficaram	sabendo	que	nenhuma	ordem	de	Cristo	é	inútil	ou	sem
propósito.
Nós	também	temos	que	passar	por	experiências	semelhantes	para	aprendermos	a
mesma	lição.	A	Palavra	de	Deus	ordena	que	façamos	coisas	aparentemente
desarrazoadas	e	além	das	nossas	possibilidades.	Por	exemplo,	temos	de	ser
santos,	embora	saibamos	que	assim	como	o	leopardo	não	pode	mudar	suas
manchas,	não	podemos,	por	nós	mesmos,	purificar	a	nossa	alma.	Quase	temos
vontade	de	dizer:	Como	pode	a	substância	da	natureza	humana,	que	é	como	a
água,	ser	transformada	em	vinho	digno	de	ser	derramado	como	oferta	no	altar	de
Deus?
Nosso	papel	é	obedecer	sem	questionar	ou	exigir	explicações.	Os	servos	tiraram
a	água,	levaram-na	ao	mes-	tre-sala,	e	o	Senhor	fez	o	resto.	Assim	como	a
vontade	de	Cristo	permeou	a	água,	até	imbuí-la	de	novas	qualidades,	também	é
sua	vontade	permear	a	nossa	alma,	conformando-a	ao	seu	propósito.	“Fazei	tudo
quanto	ele	vos	disser”	-	é	este	o	segredo	da	operação	de	milagres.	Faça-o,
embora	possa	dar	a	impressão	de	estar	gastando	em	vão	as	suas	energias,	ou	vir
ser	objeto	de	escárnio.	Faça-o,	embora	você	não	tenha	em	si	mesmo	a
capacidade	de	realizar	o	seu	propósito.	Faça-o	totalmente,	como	se	fosse	você	o
único	obreiro,	como	se	Deus	não	viesse	suprir	as	suas	faltas,	de	modo	que
qualquer	falha	da	sua	parte	fosse	fatal	à	obra.	Não	fique	esperando	que	Deus	o
faça,	porque	é	em	você	e	através	de	você	que	Ele	faz	a	sua	obra	entre	os	homens.
Não	podemos	fazer	a	obra	de	Deus,	e	não	é	plano	de	Deus	fazer	a	parte	que
destinou	a	nós.
Excelente	lema	para	o	cristão	encontra-se	nestas	palavras:	“Fazei	tudo	quanto	ele
vos	disser!”
2.	A	santificação	da	vida	diária.	É	significativo	que	Cristo	revelasse	a	glória	do
seu	poder	criador	num	banquete	de	casamento,	ocasião	festiva	vinculada	a	um
relacionamento	humano	comum.	Assim	ficamos	sabendo	que	Ele	não	veio
esmagar	os	sentimentos	humanos:	veio	elevá-los	ao	compartilhar	deles;	não	veio
destruir	relações	humanas:	veio	enobrecê-las	mediante	a	sua	presença;	não	veio
acabar	com	os	afazeres	e	convívios	da	vida	coletiva:	veio	purificá-los;	não	veio
abolir	inocentes	alegrias	e	recreios:	veio	santificá-los	segundo	os	princípios	do
Reino	de	Deus.
Não	podemos	dividir	nossas	atividades	em	duas	classes:	a	“espiritual”	e	a
“secular”.	Cada	esfera	da	vida	pode	e	deve	ser	consagrada	a	Cristo.	Se	houver
qualquer	atividade	ou	aspecto	da	nossa	vida	sobre	a	qual	não	possamos	invocar	a
sua	bênção	(Cl	3.17),	tal	atividade	ou	é	totalmente	errada,	ou	contém	elementos
que	precisam	de	ser	removidos.	Já	convidamos	nosso	Senhor	para	nossa	próxima
reunião	de	amigos?	Ou	será	que	a	sua	presença	estragaria	nossos	planos?
3.	O	melhor	ainda	está	por	vir.	Chegaremos	um	dia	a	falar	ao	Mestre	aquilo	que
o	mestre-sala	falou	ao	noivo:	“Guardaste	até	agora	o	bom	vinho”	(cf.	Pv	4.18).
Por	mais	cheios	de	gozo	espiritual	que	tenham	sido	os	anos	passados	de
experiência	cristã,	o	melhor	ainda	está	no	porvir.	Jesus	guarda	seu	melhor	vinho
até	ao	fim;	muitas	almas	tristes	e	desiludidas	vão	sempre	descobrindo	que	o
mundo	faz	exatamente	o	oposto,	seduzindo	as	pessoas	para	que	sejam	escravas
do	mundo,	vítimas	do	mundo,	mediante	promessas	deslumbrantes	e	deleites	de
curta	duração	que,	mais	cedo	ou	mais	tarde,	perdem	seu	brilho	traiçoeiro	e	se
tornam	insossos	-	e	muitas	vezes	bem	amargos!	“Até	no	riso	terá	dor	o	coração,
e	o	fim	da	alegria	é	tristeza”	(Pv	14.13).	A	coisa	mais	melancólica	do	mundo	é	a
velhice	e	vivida	longe	de	Deus,	e	uma	das	coisas	mais	belas,	o	calmo	pôr-do-sol
que	tantas	vezes	glorifica	uma	vida	piedosa	que	foi	repleta	de	coisas	feitas	para
Jesus,	e	de	provações	suportadas	com	paciência,	como	tendo	sido	enviadas	por
Ele...	Em	tal	carreira,	o	fim	é	melhor	do	que	o	começo.	E	quando	a	vida	chegar
ao	fim,	e	passarmos	à	nossa	morada	celestial,	esta	mesma	palavra	brotará	de
nossos	lábios,	com	surpresa	e	gratidão,	quando	descobrirmos	que	tudo	é
muitíssimo	melhor	do	que	o	melhor	em	nossa	imaginação:	“Guardaste	até	agora
o	bom	vinho”.
4.	A	transformação	de	coisas	comuns.	O	mesmo	Cristo	que	transformou	a	água
em	vinho	vermelho	e	cintilante	pode	transformar	as	coisasda	vida	em	bênçãos
gloriosas.	Ele	pode	transformar	a	água	da	alegria	terrestre	no	vinho	da	bem-
aventurança	celestial.	Ele	pode	transformar	a	água	amarga	da	tristeza	no	vinho
de	alegria.	Pode	lançar	mão	de	uma	série	de	circunstâncias	da	vida	que	nos
perturbam,	transformando-as	em	brilhantes	oportunidades.
Os	deveres	que	cabem	a	nós,	dia	após	dia,	nos	parecem	cansativos	e	monótonos?
Levemo-los	a	Jesus,	e	Ele	os	transfigurará	mediante	a	sua	presença.	Onde	está
Jesus,	ali	há	alegria.
4
Jesus	e	Nicodemos
Texto:	João	3.1-21
Esboço	e	Exposição
Um	dos	propósitos	que	guiaram	o	escritor	do	quarto	evangelho	foi	o	de	registrar
as	impressões	que	o	Senhor	Jesus	deixou	nas	pessoas	com	quem	teve	contato.
Em	nosso	segundo	estudo,	vimos	como	Jesus	impressionou	seus	discípulos	com
sua	natureza	e	missão	divinas;	no	terceiro	estudo,	examinamos	o	milagre	que	os
convenceu	do	seu	poder	criador.
A	conclusão	do	segundo	capítulo,	no	entanto,	refere-se	a	outro	tipo	de	impressão
que	produziu	um	tipo	de	fé	de	Cristo	não	julgava	satisfatório:	“E,	estando	ele	em
Jerusalém	pela	Páscoa,	durante	a	festa,	muitos,	vendo	os	sinais	que	fazia,	creram
no	seu	nome.	Mas	o	mesmo	Jesus	não	confiava	neles,	porque	a	todos	conhecia”
(Jo	2.23,24).	Por	que	o	Senhor	não	encorajava	a	fé	desse	homens	de	Jerusalém?
Viu	que	eles	não	o	entendiam;	reconheceu	o	mundanismo	nos	seus	corações	e
propósitos,	e	não	permitiu	que	entrassem	na	mesma	intimidade	que	já
estabelecera	com	os	cinco	galileus	de	coração	singelo.	Os	judeus	de	Jerusalém
estavam	dispostos	a	ficar	de	acordo	com	qualquer	pessoa	que	demonstrasse	a
probabilidade	de	trazer	honra	à	sua	nação,	e	sua	crença	nEle	era	o	crédito	que	os
homens	dão	a	um	estadista	cuja	política	apóiam.	Se	nosso	Senhor	tivesse
encorajado	tais	homens,	mais	tarde	teriam	se	decepcionado	com	Ele;	foi	melhor,
portanto,	que	os	tivesse	recebido	de	modo	um	pouco	mais	frio,	dando-lhes	uma
pausa	para	meditação.	Realmente,	os	próprios	milagres	de	Jesus	estavam	sendo
um	embaraço	por	atraírem	o	tipo	errado	de	pessoas	-	os	homens	superficiais	e
mundanos	(cf.	Jo	4.48;	6.14-27,66).
Na	pessoa	de	Nicodemos	temos	um	exemplo	de	fé	imperfeita,	pois	o	discipulado
que	produziu	era	secreto	(cf.	Jo	19.38).	Mesmo	assim,	esta	fé	da	parte	de
Nicodemos	é	uma	resposta	antiga	à	objeção	que	os	judeus	dos	nossos	dias
levantam:	“Se	Jesus	foi	realmente	o	Messias,	como	é	que	nenhum	dos	nossos
estudiosos	e	sábios	teve	o	bom	senso	suficiente	para	perceber	este	fato?”	A
resposta	está	no	Evangelho	de	João,	no	relatório	da	entrevista	de	Cristo	com
Nicodemos	e	na	declaração:	“Apesar	de	tudo,	até	muitos	dos	principais	creram
nele,	mas	não	o	confessavam	por	causa	dos	fariseus,	para	não	serem	expulsos	da
sinagoga”	(Jo	12.42).
I	–	Contato	Pessoal:	o	Pesquisador	Distinto	(Jo	3.1,2)
“E	havia	entre	os	fariseus	um	homem,	chamado	Nicodemos,	príncipe	dos
judeus.”
1.	Um	líder	religioso.	Nicodemos	era	um	fariseu,	membro	da	fraternidade
religiosa	organizada	sob	juramento	solene	para	observar	escrupulosamente	a	lei
e	as	tradições	dos	antigos.	Era	membro	do	“partido	ortodoxo”	entre	os	judeus.
Era	um	“principal”,	um	membro	do	Sinédrio,	da	corte	eclesiástica	do	mundo
judaico.	Foi	esta	corte	que	condenou	Jesus	à	morte,	e	da	qual	Saulo	de	Tarso	era,
mui	provavelmente,	membro.2.	Um	inquiridor	secreto.	“Este	foi	ter	de	noite	com	Jesus”.	Fala-se	da	covardia
de	Nicodemos	em	vir	à	noite.	Devemos,	no	entanto,	dar	valor	ao	fato	de	ele	ter
procurado	a	Jesus,	mesmo	daquele	modo.	Mais	tarde,	foi	ele	quem	tomou	sobre
si	a	defesa	de	Jesus	perante	o	Sinédrio	(Jo	7.50,51)	e	ajudou	a	enterrar	o	seu
corpo	(Jo	19.39).	Em	ambos	os	trechos,	João	volta	a	se	referir	ao	fato	de
Nicodemos	ter	vindo	a	Jesus,	da	primeira	vez,	à	noite.	Mostra,	assim,	que
Nicodemos	estava	ficando	mais	firme	na	fé,	chegando	a	demonstrar	mais
devoção	do	que	os	próprios	discípulos	que	fugiram,	quando	veio	ajudar	a
sepultar	o	corpo	de	Cristo.
3.	Um	inquiridor	representativo.	“Rabi,	bem	sabemos	que	és	Mestre,	vindo	de
Deus;	porque	ninguém	pode	fazer	estes	sinais	que	tu	fazes,	se	Deus	não	for	com
ele”.	O	plural	“sabemos”	permite-nos	imaginar	que	talvez	vários	líderes
religiosos,	impressionados	com	os	ensinamentos	de	Jesus	e	querendo	saber	mais
acerca	dEle	sem,	no	entanto,	criar	uma	sensação	pública	nem	tomar	partido
publicamente,	tivessem	nomeado	Nicodemos	para	ser	uma	“comissão	de
inquérito”	de	um	só	membro,	de	modo	sigiloso	(cf.	Jo	12.42).
4.	Uma	alma	necessitada.	As	palavras	iniciais	de	Nicodemos	revelam	várias
emoções	lutando	no	seu	íntimo,	e	a	declaração	repentina	de	Jesus	(v.	3),	longe	de
ser	uma	mudança	de	assunto,	foi	uma	resposta	-	não	às	palavras,	mas	sim	ao
coração	de	Nicodemos.	Tais	palavras	revelam:	1)	Fome	espiritual:	canseira	com
os	cultos	da	sinagoga,	sem	vida	espiritual,	aos	quais	freqüentava	sem	achar
satisfação	para	a	sua	fome.	Sente	que	a	glória	se	afastou	de	Israel;	que	há	falta	de
visão;	que	o	povo	perece	e	que,	por	menos	que	Nicodemos	saiba	sobre	Jesus,
seus	ensinos	lhe	penetraram	o	coração,	e	ele	acha	que	os	milagres	de	Jesus
comprovam	ser	Ele	Mestre	vindo	da	parte	de	Deus.	2)	Falta	de	profunda	de
convicção.	Nicodemos	sente	sua	necessidade,	mas	procura	um	mestre,	mais	do
que	um	Salvador.	À	semelhança	da	mulher	samaritana,	quer	a	água	da	vida	(Jo
4.15),	mas	precisa	igualmente	ficar	sabendo	que	é	um	pecador	e	que	necessita
ser	purificado	e	transformado	(Jo	4.1618).	3)	Certa	complacência	quanto	à	sua
própria	pessoa,	como	se	dissesse	a	Jesus:	“Creio	que	foste	enviado	para	restaurar
o	reino	a	Israel,	e	vim	oferecer	conselhos	quanto	ao	plano	de	ação	e	sugerir
certas	operações”.	Provavelmente	considerava	que	ser	israelita	e	filho	de	Abraão
eram	qualificações	suficientes	para	ser	considerado	membro	do	Reino	de	Deus.
II	–	Explicação:	o	Novo	Nascimento	(Jo	3.3-10)
1.	O	fato	do	novo	nascimento.	“Jesus	respondeu,	e	disse-lhe:	Na	verdade,	na
verdade	te	digo	que	aquele	que	não	nascer	de	novo,	não	pode	ver	o	reino	de
Deus”.	Jesus	explica	que	Nicodemos	não	pode	filiar-	se	ao	grupo	dEle	assim
como	uma	pessoa	filia-se	a	uma	organização	qualquer.	Ser	discípulo	de	Jesus
depende	do	tipo	de	vida	que	se	leva.	A	causa	de	Cristo	é	a	do	Reino	de	Deus,
onde	não	se	pode	entrar	sem	passar	por	uma	transformação	espiritual.	O	Reino
de	Deus	era	bem	diferente	daquilo	que	Nicodemos	imaginava,	e	o	modo	de
estabelecê-lo	e	de	chamar	pessoas	a	serem	seus	cidadãos	também
Jesus	salientou	a	necessidade	mais	profunda	e	universal	do	homem:	uma
mudança	radical	e	completa	da	totalidade	da	natureza	e	do	caráter.	A	natureza
total	do	homem	foi	torcida	pelo	pecado,	em	decorrência	da	queda,	e	esta
perversão	se	reflete	na	sua	conduta	individual	e	nos	seus	vários	relacionamentos.
Antes	de	poder	viver	uma	vida	que	agrade	a	Deus,	sua	natureza	precisa	passar
por	uma	mudança	tão	radical	que	é	nada	menos	do	que	um	segundo	nascimento.
O	homem	não	pode	efetuar	semelhante	mudança	por	si	mesmo.	A	transformação
deve	vir	de	cima.
“Disse-lhe	Nicodemos:	Como	pode	um	homem	nascer,	sendo	velho?	porventura
pode	tornar	a	entrar	no	ventre	de	sua	mãe,	e	nascer?”	Nicodemos	tem	razão	ao
tirar	a	conclusão	de	que	é	necessário	um	milagre	para	alguém	entrar	no	Reino	de
Deus,	mas	não	entende	como	isso	se	faz.	Pensava,	decerto:	“Sou	um	homem
com	muitos	anos	de	vida,	com	hábitos	de	pensar	e	viver	bem	arraigados	em
mim,	bem	como	muitas	ligações	sociais	e	costumes	e	idéias	antigos	que	nossos
antepassados	nos	legaram.	O	nascimento	tal	como	tu	falas	é	tão	impossível
quanto	o	nascimento	físico	de	um	homem	de	idade,	tão	prepóstero	quanto	seria	a
idéia	de	entrar	segunda	vez	no	ventre	da	mãe	para	nascer	de	novo.	A	natureza
humana	não	pode	ser	mudada	desta	forma.	Jeremias,	afinal,	declarou:	‘Pode
acaso	o	etíope	mudar	a	sua	pele,	ou	o	leopardo	as	suas	manchas?’	Se	é	esta	a	tua
exigência	para	que	se	possa	entrar	no	teu	Reino,	quem	poderá	ser	considerado
candidato	aceitável?”
2.	Os	meios	do	novo	nascimento.	“Jesus	respondeu:	Na	verdade,	na	verdade	te
digo	que	aquele	que	não	nascer	da	água	e	do	Espírito,	não	pode	entrar	no	reino
de	Deus.”	Nascer	da	água	significa	passar	por	uma	profunda	experiência	de
purificação	(cf.	Ef	5.26).	Nascer	do	Espírito	significa	passar	por	uma	profunda
experiência	de	receber	a	vida	divina.	A	alma	humana	precisa	ser	lavada	de	toda
impureza	e	vivificada	pela	vida	celestial,	antes	de	estar	pronta	para	o	Céu.	Deus
nos	salvou:	1)	pela	“lavagem	da	regeneração	e	2)	da	renovação	do	Espírito
Santo”	(Tt	3.5).
O	ensino	era	novo	e,	ao	mesmo	tempo,	antigo.	“Não	te	maravilhes	de	te	ter	dito:
Necessário	vos	é	nascer	de	novo.	Nicodemos	respondeu,	e	disse-lhe:	Como	pode
ser	isso?	Jesus	respondeu,	e	disse-lhe:	Tu	és	mestre	de	Israel,	e	não	sabes	isto?”
(v.	7,9,10).	Jesus	queria	dizer:	“Como	você	fica	surpreso,	como	se	eu	pregasse
alguma	estranha	doutrina?	Certamente,	como	ensinador	da	Lei	e	dos	Profetas,
deve	ter	lido	da	promessa	de	Deus	anunciada	por	Ezequiel:	‘Então	espalharei
água	pura	sobre	vós,	e	ficareis	purificados...	porei	dentro	de	vós	o	meu	Espírito,
e	farei	que	andeis	nos	meus	estatutos’,	(Ez	36.25-27).	Você	sabe	muito	bem	que,
embora	Israel	se	tenha	jactado	de	ser	o	povo	de	Deus,	filhos	de	Abraão,	os
membros	da	nação	são	impuros	e,	portanto,	indignos	do	Reino	de	Deus.	O
profeta	declara	que	os	israelitas,	antes	de	poderem	entrar	no	Reino	de	Deus,
precisam	‘nascer	da	água’	e	‘nascer	do	Espírito’,	precisam	ser	purificados	e
receber	vida	nova.	O	que	é	verdade	no	que	diz	respeito	a	Israel,	é	verdade	para
você,	individualmente.	Você	deve	nascer	de	novo”.
3.	A	razão	do	novo	nascimento.	Jesus	não	procurou	explicar	o	como	do	novo
nascimento;	explicou	o	porquê:	“O	que	é	nascido	da	carne	é	carne,	e	o	que	é
nascido	do	Espírito	é	espírito.”	A	carne	e	o	Espírito	pertencem	a	campos
diferentes,	e	um	não	pode	produzir	o	outro.	A	natureza	humana	pode	gerar	mais
natureza	humana,	mas	é	somente	o	Espírito	Santo	que	pode	produzir	uma
natureza	espiritual.	A	natureza	humana	nada	poderá	produzir	além	de	natureza
humana,	e	nenhuma	criatura	pode	se	erguer	acima	da	natureza	que	lhe	é	própria.
A	vida	espiritual	não	pode	ser	transmitida	de	pai	para	filho	através	da	procriação
natural;	é	transmitida	da	parte	de	Deus	para	os	homens	mediante	o	novo
nascimento	espiritual.
A	natureza	humana	não	pode	se	erguer	acima	daquilo	que	ela	é.	Cada	criatura
tem	certa	natureza	conforme	sua	espécie,	determinada	por	sua	descendência.
Esta	natureza	que	o	animal	recebe	dos	pais	determina,	logo	de	início,	as
capacidades	e	a	esfera	da	vida	dele.	A	toupeira	não	pode	levantar	majestoso	vôo
na	direção	do	sol	como	se	fosse	águia,	e	a	ave	que	sai	do	ovo	da	águia	não	pode
escavar	debaixo	da	terra	como	faz	a	toupeira.	Nenhum	curso	de	treinamento
poderá	fazer	com	que	a	tartaruga	corra	tão	velozmente	quanto	a	corça,	nem	com
que	a	corça	tenha	a	força	do	leão.	Nenhum	animal	poderá	agir	de	forma	superior
a	sua	própria	natureza.
O	mesmo	princípio	aplica-se	ao	homem.	O	destino	supremo	do	homem	é	viver
com	Deus	para	sempre;	a	natureza	humana,	no	entanto,	não	possui	em	si	as
condições	necessárias	para	viver	no	Reino	celestial;	assim	sendo,	a	vida	celestial
tem	de	ser	trazida	do	Céu	para	transformar	a	vida	humana	na	terra,	preparando-a
para	o	Reino	de	Deus.
4.	O	mistério	do	novo	nascimento.	Embora	o	como	do	novo	nascimento	esteja
além	do	alcance	do	raciocínio	humano,	este	mistério	não	precisa	ser	motivo	detropeço	para	Nicodemos:	“O	vento	assopra	onde	quer,	e	ouves	a	sua	voz,	mas
não	sabes	donde	vem,	nem	para	onde	vai;	assim	é	todo	aquele	que	é	nascido	do
Espírito.”	Noutras	palavras,	o	movimento	do	vento	é	algo	muito	real	para	nós,
mas	é	misterioso	e	além	de	nosso	controle;	assim	também	é	a	atuação	do	Espírito
sobre	a	natureza	humana.	Primeiro,	o	novo	nascimento	é	misterioso	quanto	à	sua
origem:	“não	sabes	donde	vem”;	e,	em	segundo	lugar,	há	mistério	quanto	à	sua
consumação:	“não	sabes...	para	onde	vai”.	Assim	sendo,	João	escreve:	“Amados,
agora	somos	filhos	de	Deus,	e	ainda	não	é	manifestado	o	que	havemos	de	ser”	(1
Jo	3.2).	Mesmo	assim,	a	atuação	do	Espírito	é	real:	“Ouves	a	sua	voz”	(cf.	At
2.3,4;	1	Co	12.7;	Gl	5.22,23).
III	–	Confirmação:	a	Base	do	Novo	Nascimento	(Jo	3.11-15)
Duas	perguntas	devem	ter	naturalmente	ocorrido	a	Nicodemos:	Como	Jesus	sabe
destas	coisas?	O	que	Ele	faz	para	levar	as	pessoas	a	experimentarem	o	novo
nascimento?
1.	A	experiência	espiritual	de	Cristo.	“Na	verdade,	na	verdade	te	digo	que	nós
dizemos	o	que	sabemos	e	testificamos	o	que	vimos;	e	não	aceitais	o	nosso
testemunho”	(o	plural	“nós”	talvez	indique	a	presença	de	alguns	discípulos).
Jesus,	concebido	mediante	o	Espírito	Santo,	batizado	no	Espírito,	cheio	do	poder
do	Espírito,	continuamente	movido	pelo	Espírito,	podia	falar	com	autoridade	em
matéria	de	Espírito.	Que	pena	que	tantos	que	professam	ser	seus	seguidores
tenham	dogmatizado	o	assunto	sem	desfrutar	das	operações	do	Espírito	em	seu
íntimo!
“Se	vos	falei	de	coisas	terrestres,	e	não	crestes,	como	crereis,	se	vos	falar	das
celestiais?”	Jesus	explica	a	Nicodemos	que,	se	ele	se	preocupa	apenas	com	a
forma	e	a	matéria	do	novo	nascimento,	só	poderia	conversar	sobre	coisas
terrestres	porque,	embora	o	nascimento	espiritual	venha	de	cima,	ocorre	na	terra
e	faz	parte	dos	fatos	da	vida.	A	explicação	do	“como”	deste	assunto	tem	a	ver
com	os	eternos	propósitos	de	Deus	(coisas	celestiais),	e	Nicodemos	não	está
pronto	para	tais	ensinos,	porque	ainda	não	aceitou	o	fato	da	necessidade	do	novo
nascimento	(coisas	terrenas).
2.	A	origem	celestial	de	Cristo.	“Ora	ninguém	subiu	ao	céu,	senão	o	que	desceu
do	céu,	o	Filho	do	homem,	que	está	no	céu”.	Cristo	tinha	estado	no	Céu	antes	de
sua	missão	na	terra,	podendo,	portanto,	falar	acerca	de	coisas	celestiais	a	partir
de	uma	experiência	pessoal.
Embora	“o	Filho	do	homem,	que	está	no	céu”,	estivesse	na	terra,	seu	lar	real
sempre	foi	o	Céu,	e	são	celestiais	sua	origem	e	natureza.
3.	A	obra	expiatória	de	Cristo.	Jesus	já	tratara	de	um	erro	fundamental	de
Nicodemos	e	dos	seus	companheiros:	imaginavam	que,	pela	sua	conexão	natural
com	o	o	povo	escolhido,	teriam	de	se	filiar	ao	Reino	de	Deus;	o	Senhor	Jesus,	no
entanto,	declarou	que	devem	entrar	no	Reino	mediante	o	novo	nascimento.
Agora	dissipa	o	segundo	erro:	Nicodemos	acreditava	que	o	Messias,	na	sua
vinda,	seria	“levantado”	ou	exaltado	num	trono,	para	salvar	Israel	da	total
derrota	política.	Jesus,	no	entanto,	ensinou	que,	em	primeiro	lugar,	o	Messias
teria	que	ser	levantado	de	modo	bem	diferente:	“E,	como	Moisés	levantou	a
serpente	no	deserto,	assim	importa	que	o	filho	do	homem	seja	levantado;	para
que	todo	aquele	que	nele	crê	não	pereça,	mas	tenha	a	vida	eterna.”	O	Messias
teria	de	ser	levantado	numa	cruz	para	salvar	a	nação	do	perecimento	espiritual.
Qual	a	conexão	entre	a	crucificação	do	Filho	do	homem	e	a	regeneração	dos
filhos	dos	homens?	Quando	Deus	criou	o	homem	e	lhe	soprou	nas	narinas	o
fôlego	da	vida,	transmitiu	a	este	não	somente	a	vida	mental	e	física,	como
também	o	Espírito	Santo.	Adão	foi	criado	perfeito,	e	certamente	deve	ter
recebido	o	Espírito	Santo,	pois	sem	ele	a	personalidade	humana	é	incompleta
diante	de	Deus.	Quando	pecaram	nossos	primeiros	pais,	iniciou-se	a	morte
espiritual	e	deixou	de	habitar	neles	o	Espírito	Santo.	Quando,	portanto,	veio	o
Redentor,	sua	missão	era	restaurar	à	humanidade	a	presença	do	Espírito.	“Cristo
nos	resgatou	da	maldição	da	lei,	fazendo-se	maldição	por	nós;	porque	está
escrito:	Maldito	todo	aquele	que	for	pendurado	no	madeiro.	Para	que	a	bênção
de	Abraão	chegasse	aos	gentios	por	Jesus	Cristo,	e	para	que	pela	fé	nós
recebamos	a	promessa	do	Espírito”	(Gl	3.13,14).	Cristo	morreu	na	cruz	a	fim	de
remover	o	obstáculo	que	não	permitia	que	a	vida	humana	recebesse	a	presença
de	Deus.	Este	obstáculo	era	o	pecado.
V	–	Ensinamentos	Práticos
1.	Pregando	o	novo	nascimento.	Segue-se	um	esboço	de	como	se	pode	aplicar,
de	modo	prático,	a	doutrina	do	novo	nascimento.
1.1.	Uma	vez	que	você	reconhece	a	seriedade	e	a	degradação	dos	seus	pecados	e
o	poder	que	exercem	sobre	você,	sua	situação	de	impotência	dos	seus	pecados,	e
que	lhe	aguarda	a	eternidade	no	inferno,	se	você	morrer	no	seu	atual	estado	de
pecado;
1.2.	E	quando,	com	genuíno	arrependimento,	você	aceita	a	expiação	mediante	o
sangue	de	Jesus	Cristo	como	sua	única	esperança,	recebendo	Cristo	de	modo
permanente	e	sem	reserva,	como	seu	Salvador	e	Senhor,	que	pagou	a	penalidade
dos	seus	pecados,	sofrendo	em	seu	lugar;
1.3.	Então	ocorre	dentro	de	você	um	tríplice	milagre:	1)	Você	é	purificado	de
todos	os	seus	pecados;	liberto	do	poder	deles	sobre	você;	revestido	da	justiça	de
Cristo.	Você	recebe	esperança,	paz,	gozo	e	um	novo	propósito	na	vida	-	o	de
viver	e	trabalhar	para	ele,	comissionado	para	ser	seu	embaixador	e	testemunha
por	onde	quer	que	você	vá,	de	tal	modo	que	sua	vida	se	torna	útil,	necessária	e
cheia	de	esperança.	Você	recebe	forças	para	vencer	o	“velho	homem”	no	seu
íntimo,	para	viver	a	vida	cristã	e	crescer	na	graça.	Por	suas	próprias	forças,	você
fracassaria,	mas,	mediante	este	milagre,	pode	ter	absoluta	certeza	de	que,
enquanto	ele	precisar	de	você	nesta	terra,	ele	o	preservará,	sustentará,
fortalecerá,	guiará	e	protegerá.
2)	Jesus	Cristo	vive	em	você,	de	modo	real	e	literal.
3)	Você	é	regenerado.	Na	realidade,	torna-se	nova	criatura.	Literalmente,	nasceu
de	novo	para	entrar	no	Reino	de	Cristo.	Você	se	torna	santo,	um	filho	de	Deus,
membro	da	igreja	verdadeira.
1.4.	Como	resultado	deste	tríplice	milagre,	você	é	salvo,	de	modo	literal	e
definitivo.	Você	tem	a	vida	eterna,	e	pertence	ao	Senhor.	Agora,	poderá	começar
a	viver	a	vida	cristã	-	a	vida	“oculta	juntamente	com	Cristo”	-	em	Deus.
2.	Cristianismo,	a	religião	do	novo	nascimento.	Nas	religiões	pagãs,	declara-se
universalmente	que	o	caráter	humano	é	imutável.	Embora	tais	religiões
determinem	penitências	e	rituais	que	oferecem	ao	homem	a	esperança	de
compensar	os	seus	pecados,	não	existe	nenhuma	promessa	de	haver	vida	e	graça
para	transformar	a	sua	natureza.	Somente	a	religião	de	Jesus	Cristo	toma	a
natureza	decaída	do	homem,	regenerando-a	mediante	a	vida	de	Deus,	que	passa
a	habitar	nele	porque	o	seu	Fundador	é	Pessoa	divina	e	viva,	que	salva
totalmente	os	que	por	Ele	chegam	a	Deus.
Não	há	analogia	entre	a	religião	cristã	e,	o	budismo	e	o	maometismo,	no	sentido
de	dizer:	“Quem	tem	Buda	tem	a	vida”.	Os	líderes	destas	religiões	podem
exortar	à	moralidade,	estimular,	impressionar,	ensinar	e	orientar,	mas	nada	de
novo	é	acrescentado	à	alma	de	quem	professa	suas	doutrinas,	que	são
desenvolvidas	pelo	homem	natural	e	moral.	O	Cristianismo	é	tudo	isso	mais	a
divina	Pessoa.
A	missão	do	Senhor	Jesus	pode	ser	resumida	na	breve	proposição:	Jesus	Cristo
veio	ao	mundo	romper	o	poderio	do	pecado	e	introduzir	na	raça	humana	uma
nova	fonte	de	vida	espiritual	(cf.	Gn	2.7;	1	Co	15.45;	Jo	20.22;	Ef	2.1).	E	isto
nos	leva	a	pensar	na	missão	dominante	dos	discípulos	de	Jesus	-	fazer	com	que
homens	pecaminosos	sejam	transformados	pelo	poder	de	Deus.
5
Jesus	e	a	Mulher	Samaritana
Texto:	João	4.4-30
Introdução
Jesus	deixou	Jerusalém	porque	seus	milagres	estavam	atraindo	as	pessoas	do
tipo	errado	-	espectadores	curiosos	que	tinham	do	Reino	um	conceito	errado.
Foi,	portanto,	para	os	distritos	rurais,	onde	o	povo	tinha	mais	simplicidade	e
seriedade	de	coração.	Ali	ganhou	muitos,	que	se	converteram	a	Ele	e	aceitaram	o
batismo.	Mais	uma	vez,	porém,	seu	próprio	sucesso	fez	periclitar	o	propósito	do
seu	ministério.	Os	fariseus,	ouvindoa	notícia	de	que	grandes	multidões	acorriam
ao	seu	batismo,	ficaram	com	inveja	e	alimentaram	uma	discussão	entre	os
discípulos	de	Jesus	e	os	de	João	Batista	(cf.	Jo	3.25;	4.1,2).	Jesus,	desejando
evitar	uma	contenda	com	os	fariseus,	deixou	a	Judéia.	Não	havia	finalidade	em
que	ele	se	revelasse	como	Messias	diante	dos	fariseus,	porque,	com	suas	mentes
cheias	de	idéias	preconcebidas,	teriam	entendido	os	seus	ensinos	de	maneira
errada.	Era	diante	de	pessoas	de	mente	sincera	e	coração	faminto	como	a	mulher
samaritana	que	Jesus	se	sentia	livre	para	revelar-se,	em	vez	de	entrar	em
controvérsias	teológicas	com	os	fariseus.
Este	trecho,	bem	como	o	que	estudamos	no	capítulo	anterior,	são	exemplos	dos
ensinamentos	de	Cristo	sobre	o	poder	regenerador	do	Espírito	Santo.	No	capítulo
anterior,	ouvimos	Jesus	instruindo	Nicodemos	com	respeito	ao	novo	nascimento;
agora,	estudaremos	a	sua	entrevista	com	uma	mulher	samaritana.	Ele	era	um
membro	da	sociedade	que	desfrutava	de	grande	respeito;	ela,	uma	mulher
proscrita.	Ela,	era	um	homem	da	mais	severa	moralidade;	ela,	uma	mulher
vivendo	no	pecado.	Ele	era	um	culto	ensinador	de	Israel;	ela,	uma	analfabeta	das
classes	inferiores.	Ambos	têm	a	mesma	necessidade	-	a	transformação	espiritual
para	entrar	no	Reino	de	Deus.
Este	trecho	descreve	os	passos	mediante	os	quais	o	supremo	Conquistador	de
almas	conseguiu	a	conversão	da	mulher	samaritana.
I	–	Conseguindo	a	Atenção	(Jo	4.5-9)
“Foi	pois	a	uma	cidade,	de	Samaria,	chamada	Sicar,	junto	da	herdade	que	Jacó
tinha	dado	a	seu	filho	José.	E	estava	ali	a	fonte	de	Jacó.	Jesus,	pois,	cansado	do
caminho,	assentou-se	assim	junto	da	fonte.	Era	isto	quase	a	hora	sexta”.	Esta
menção	do	cansaço	de	Jesus	é	a	evidência	de	que,	quando	compartilhou	da
natureza	humana,	o	fez	com	toda	seriedade:	realmente	tomou	sobre	si	nossa
natureza,	e	experimentou	todas	as	limitações	e	fraquezas	a	que	a	carne	humana
está	sujeita	(menos	as	que	são	fruto	direto	do	nosso	pecado).	“Vinde	a	mim,
todos	os	que	estais	cansados	e	oprimidos,	e	eu	vos	aliviarei”	(Mt	11.28)	foi	dito
por	aquEle	que	sabia	como	é	a	dor	de	músculos	cansados	e	latejantes.
“Veio	uma	mulher	de	Samaria	tirar	água;	disse-lhe	Jesus:	Dá-me	de	beber”.	O
propósito	do	Senhor	era	levar	a	mulher	necessitada	à	água	espiritual	que	satisfaz
a	sede	da	alma;	assim,	fez	seu	primeiro	contato	com	ela	ao	pedir	água.	Ele	de
que	tomar	a	iniciativa,	porque	a	mulher,	de	si	mesma,	não	teria	falado	com	Ele
primeiro.	Existiam	quatro	barreiras	que	impediriam	semelhante	conversação,	e
que	o	Senhor	primeiramente	teria	de	romper.	1)	A	barreira	do	sexo.	Os	próprios
discípulos	ficaram	atônitos	ao	ver	Cristo	agir	contrariamente	às	bem	conhecidas
atitudes	de	sua	época,	falando	assim	a	uma	mulher	em	público	(v.	27).
Geralmente,	os	preconceitos	dos	rabinos	proibiam	que	as	mulheres	recebessem
educação	superior.	2)	A	barreira	da	nacionalidade.	Não	havia	comunicação	entre
os	judeus	e	os	samaritanos.	3)	A	barreira	do	caráter	moral.	A	mulher	samaritana
sabia	que	nenhum	rabino	judeu	chegaria	perto	de	uma	pecadora	como	ela.	4)	A
barreira	da	ignorância.
No	decurso	da	conversação,	foram	rompidas	todas	as	barreiras.	A	mulher
recebeu	novos	horizontes	para	a	sua	vida,	seu	caráter	foi	transformado,	e	sua
alma,	iluminada.
Note	a	habilidade	do	Senhor	em	abrir	caminho	para	esta	conversação.	Pediu	um
favor	da	parte	dela,	fazendo-a	sentir-	se,	por	um	momento,	em	condições	de
superioridade.	Mediante	um	apelo	à	simpatia	da	mulher,	criou	ambiente
apropriado	para	conversar	sobre	assuntos	espirituais.
Foi	uma	grande	surpresa	para	a	mulher	quando	a	pessoa	junto	à	fonte	-	que	ela
reconheceu	como	sendo	um	judeu	-	,	fez	um	pedido	a	uma	mulher	samaritana	de
sua	condição.	“Como,	sendo	tu	judeu,	me	pedes	de	beber	a	mim,	que	sou
samaritana?	(porque	os	judeus	não	se	comunicam	com	os	samaritanos)”.	Embora
Jesus,	como	Messias,	viesse	da	tribo	de	Judá,	nunca	se	chamou	“Filho	de	Israel”;
sempre	é	chamado	de	“Filho	do	homem”,	da	humanidade	inteira.	Não	havia
lugar	em	sua	mente	e	em	seu	coração	para	o	preconceito.
II	–	Despertando	o	Interesse	(Jo	4.10-14)
1.	O	desafio	surpreendente.	A	mulher	samaritana	aproveitou	para	se	rir	um
pouco	daquele	judeu	que,	segundo	pensava,	fora	forçado	a	mostrar	franqueza	e
amabilidade	por	causa	da	intensa	sede	que	sentia,	e	de	não	ter	condições	de
conseguir	água.	Surpreendeu-se,	no	entanto,	por	Ele	não	se	mostrar	embaraçado;
pelo	contrário,	suas	palavras	é	que	a	deixaram	intrigada:	“Se	tu	conheceras	o
dom	de	Deus,	e	quem	é	o	que	te	diz:	Dá-me	de	beber,	tu	lhe	pedirias,	e	ele	te
daria	água	viva.”
“Se	tu	conheceras”.	Há	pessoas	que	não	percebem	quantos	poderes	e
oportunidades	jazem	escondidos	ao	nosso	redor.	Por	não	reconhecermos	quantas
bênçãos	se	nos	oferecem,	perdemos	milhares	delas!	“O	meu	povo	foi	destruído,
porque	lhe	faltou	o	conhecimento”	(Os	4.6).	A	mulher	samaritana	estava	falando
face	a	face	com	aquEle	que	satisfaria	a	todos	os	seus	anseios	de	paz	e	de	vida	-	e
não	o	sabia.	Há	muitas	pessoas	que	passam	pela	vida	bem	perto	daquilo	que
poderia	revolucionar	sua	existência,	e	ficam	alheias	à	verdadeira	bem-
aventurança	por	falta	de	saber	e	de	considerar.	Em	dois	assuntos,
especificamente,	faltava	conhecimento	à	mulher.
1.1.	Não	conhecia	o	dom	de	Deus,	aquilo	que	Deus	queria	graciosamente	dar	a
ela.	A	pobre	mulher	nem	esperava	bênçãos	da	parte	de	Deus.	Desiludida,
esgotada,	sem	caráter,	sem	alegria,	praticava	a	enfadonha	rotina	dos	serviços
diários.	Ouvira	falar	sobre	Deus,	mas	nem	sequer	sonhava	que	Ele	estivesse
disposto	a	entrar	na	sua	vida,	fazendo	com	que	sua	existência	valesse	a	pena.
A	água	“viva”	é	a	que	flui	ou	que	jorra	de	uma	fonte	-	a	água	em	movimento,	em
contraste	com	a	água	parada	(cf.	Gn	26.19;	Zc	14.8).	Simboliza	a	vida	divina	que
flui	mediante	o	contato	com	Deus	(Jr	2.13;	Ap	7.17;	21.6;	22.1).	Assim	como	a
água	natural	satisfaz	a	sede	física,	o	Espírito	Santo	satisfaz	a	alma	que	anseia	por
Deus	(cf.	Sl	42.1,2).
1.2.	A	mulher	não	conhecia	a	identidade	daquele	que	disse:	“Dá-me	de	beber”.	A
vinda	do	Messias	era	a	esperança	dos	samaritanos,	e	não	somente	dos	judeus,	e
ambas	as	nações	tiraram	encorajamento	e	forças	desta	promessa:	suportavam	os
males	do	presente,	sustentados	pela	visão	do	futuro,	que	se	centralizava	ao	redor
da	Pessoa	do	Messias.	Agora,	o	Messias	estava	falando	com	esta	mulher	sem
que	ela	o	percebesse.	Muitos	são	os	que	têm	familiaridade	com	as	palavras	de
Jesus,	ouvindo-as	como	se	escutassem	uma	canção.	Não	são	transformados,
porém,	porque	não	se	apercebem	realmente	de	que	as	palavras	que	ouvem	não
são	as	de	um	mestre	humano,	e	sim	as	do	próprio	Filho	de	Deus.	Oxalá
soubessem	quem	é	o	que	lhes	fala!
2.	A	pergunta	feita	com	surpresa.	Refutando	a	sugestão	de	ela	ser	ignorante
quanto	ao	dom	de	Deus,	a	mulher	responde:	“Senhor,	tu	não	tens	com	que	a	tirar,
e	o	poço	é	fundo;	onde,	pois,	tens	a	água	da	vida?”	A	resposta	a	esta	pergunta	se
encontra	nos	versículos	13	e	14.	Quanto	a	ser	acusada	de	ignorância	sobre	a
Pessoa	que	fala	com	ela,	a	mulher	responde:	“És	tu	maior	do	que	o	nosso	pai
Jacó,	que	nos	deu	o	poço,	bebendo	ele	próprio	dele,	e	os	seus	filhos,	e	o	seu
gado?”	Os	versículos	25	e	26	respondem	à	objeção	da	mulher.	Como
Nicodemos,	objeta:	“Como	pode	suceder	isto?”	Quando	se	trata	das	coisas	de
Deus,	os	que	possuem	boa	educação	não	têm	vantagem	sobre	os	iletrados.
Todos,	igualmente,	precisam	do	“Espírito	que	provém	de	Deus,	para	que
pudéssemos	conhecer	o	que	nos	é	dado	gratuitamente	por	Deus”	(1	Co	2.12).
3.	A	comparação	que	ilumina.	Jesus	lança	mão	de	uma	comparação	para
esclarecer	o	significado	das	suas	palavras:	“Qualquer	que	beber	desta	água
tornará	a	ter	sede;	mas	aquele	que	beber	da	água	que	eu	lhe	der	nunca	terá	sede,
porque	a	água	que	eu	lhe	der	se	fará	nele	uma	fonte	d’água	que	salte	para	a	vida
eterna”.	A	água	natural	é	mencionada	aqui	como	símbolo	das	fontes	de	prazer
que	há	aqui	na	terra,	e	que	só	proporcionam	satisfação	momentânea.	A	totalidade
da	vida	humana	se	compõe	de	desejos	intermitentes	que	recebem	apenas	parcial
satisfação:	anseios	e	saciedade,enfado	e	novos	desejos	fortes	se	seguem	num
círculo	vicioso.	Realmente,	nunca	houve	verdadeira	satisfação	para	os	desejos
humanos;	a	alma	humana	nunca	se	aquieta,	senão	em	Deus.	As	fontes	da	terra
podem	oferecer	satisfação	temporária,	mas	é	somente	depois	de	o	homem	ter
achado	a	Deus	que	ele	pode	declarar	ter	satisfação	completa	e	eterna.	Jesus
ensina	à	mulher	que	a	água	no	poço	de	Jacó	jaz	sem	vida	ou	movimento	nas
profundidades,	enquanto	a	água	celestial	que	ele	oferece,	embora	fique	nas
profundezas	da	personalidade	humana,	não	fica	parada	ali;	vem	brotando	à
superfície,	revelando	sua	presença	aos	outros,	fluindo	com	mais	e	mais	força	até
que,	na	vida	do	porvir,	o	indivíduo	recebe	a	plenitude	desta	bênção.
A	fonte	fica	no	indivíduo.	O	prazer	do	mundano	depende	das	coisas	externas;	a
Fonte	da	satisfação	do	cristão	está	dentro	dele,	independe	das	circunstâncias.	A
vida	eterna,	no	Evangelho	de	João,	é	vinculada	à	fé	em	Jesus	(Jo	3);	provém	da
ação	de	comer	da	sua	carne	e	beber	do	seu	sangue	(Jo	6);	é	dádiva	direta	da	parte
dEle	(Jo	10;	17).	Neste	capítulo,	é	considerada	como	resultado	da	vida	do
Espírito	no	homem,	o	fruto	da	vida	espiritual,	que	é	diferente	da	vida	humana	em
qualidade,	permanência	e	maturidade.
III	–	A	Consciência	da	Necessidade	(Jo	4.15-18)
1.	O	pedido	urgente.	“Disse-lhe	a	mulher:	Senhor,	dá-	me	dessa	água,	para	que
eu	não	mais	tenha	sede,	e	não	venha	aqui	tirá-la.”	A	mulher	ainda	não	havia
percebido	o	âmago	do	ensino	de	Jesus.	Nem	sequer	sonhava	que	Ele,	falando
sobre	“água”,	queria	dizer	algo	diferente	daquilo	que	ela	carregava	no	seu
cântaro.	Ela	ainda	não	percebera	nada	além	dos	seus	desejos	físicos	e	de	suas
necessidades	diárias.	Começou	a	sentir	a	convicção	de	que	aquele	estranho
talvez	a	pudesse	livrar	da	sua	vida	exaustiva	de	ter	de	caminhar	até	o	poço	com
seu	cântaro	pesado.	Seria	um	alívio	ter	a	água	bem	à	mão!	Embora	não	tivesse
compreendido	o	inteiro	significado	do	dom	prometido,	entendeu,	pelo	menos,
que	se	lhe	oferecia	uma	grande	vantagem	-	e	seu	desejo	foi	despertado.
2.	Uma	declaração	perscrutadora.	Agora,	Jesus	leva	a	mulher	a	dar	um	passo
adiante,	despertando	seu	sentimento	de	necessidade	espiritual.	Faz	com	que	ela
se	recorde	de	sua	vergonhosa	vida	de	pecados	para	que,	esquecendo-	se	da	água
do	poço	de	Jacó,	tenha	sede	daquilo	que	a	aliviaria	da	sua	vergonha	e	miséria.
“Disse-lhe	Jesus:	Vai,	chama	o	teu	marido,	e	vem	cá.	A	mulher	respondeu,	e
disse:	Não	tenho	marido;	porque	tiveste	cinco	maridos,	e	o	que	agora	tens	não	é
teu	marido;	isto	disseste	com	verdade”.
Jesus	trata	do	assunto	do	pecado	a	fim	de	que	a	mulher	veja	a	causa	da	sua
infelicidade.	A	nova	vida	deve	começar	com	base	na	veracidade	e	na
honestidade.	O	passado	tem	que	ser	enfrentado,	por	mais	desagradável	que	seja,
e	o	lixo	da	vida	anterior	deve	ser	varrido	para	longe.
IV	–	Cristo	Revela	a	Si	Mesmo	(Jo	4.19-29)
1.	A	expressão	de	perplexidade.	A	mulher,	atônita	diante	do	discernimento	de
Jesus,	exclama:	“Senhor,	vejo	que	és	profeta”,	e	passa	a	levantar	um	problema
religioso,	da	controvérsia	entre	os	samaritanos	e	judeus:	“Nossos	pais	adoravam
neste	monte	[Gerizim]	e	vós	dizeis	que	é	em	Jerusalém	o	lugar	onde	se	deve
adorar.”	A	pergunta	surgiu	não	somente	do	desejo	de	desviar	o	problema	do
pecado	dela	para	o	campo	de	generalidades	teológicas,	como	também	de	um	real
desejo	de	saber	como	procurar	comunhão	com	Deus	e	se	erguer	acima	da	sua
baixa	situação	moral.	Aproveitou	a	presença	de	um	profeta	para	esclarecer	suas
dúvidas.	Jesus,	em	resposta,	mostrou	que	a	verdadeira	adoração	é	matéria	de
atitudes	certas,	e	não	do	lugar	certo;	não	se	trata	de	onde,	e	sim	de	como.
2.	Cristo	revelado.	Cheia	de	alegria	pelas	verdades	que	ouve,	a	mulher	se	lembra
do	que	se	lhe	contou	acerca	de	um	grande	Mestre	que	haveria	de	vir,	enviado	da
parte	de	Deus:	“Eu	sei	que	o	Messias	(que	se	chama	o	Cristo)	vem;	quando	ele
vier,	nos	anunciará	tudo.	Jesus	disse-lhe:	Eu	o	sou,	eu	que	falo	contigo”.	Jesus
não	podia	se	revelar	abertamente	aos	fariseus	porque	estes	não	percebiam	as
próprias	carências	espirituais.	No	entanto,	sempre	estava	disposto	a	se	fazer
conhecido	a	todos	aqueles	que	sentissem	necessidade	dEle	(cf.	Mt	11.25-27).
Cristo	sempre	se	revela	àqueles	que	amam	a	sua	vinda.	Foi	assim	que	revelou-se
aos	primeiros	discípulos	(Jo	1),	e	a	Nicodemos	(Jo	3.13;	9.35-38).
3.	Começa	o	serviço	cristão.	A	mulher	imediatamente	tornou-se	missionária	do
Profeta	e	Messias	que	acabara	de	descobrir.	“Deixou	pois	a	mulher	o	seu
cântaro”	-	mostrando	que,	na	alegria	de	descobrir	a	Água	Viva,	esquecera-se	da
sua	procura	pela	água	natural	_	“e	foi	à	cidade,	e	disse	àqueles	homens:	Vinde,
vede	um	homem	que	me	disse	tudo	quanto	tenho	feito;	porventura	não	é	este	o
Cristo?”	(cf.	Jo	1.41).	Nada	mais	natural	do	que	alguém	que	recebeu	a	Água
Viva	para	beber	levar	outros	à	mesma	Fonte.
V	–	Ensinamentos	Práticos
1.	Fontes	escondidas.	A	mulher	samaritana	não	sabia	que	falava	ao	Messias,	e
que	a	poucos	passos	dela	estava	a	Fonte	de	Água	Viva;	mas	sua	ignorância	não
alterava	a	realidade	dos	fatos.	As	águas	do	Rio	Amazonas	entram	oceano
adentro	com	tanta	força	que	ainda	há	água	doce	a	grande	distância	da	praia.
Certo	navio	não	tinha	mais	água	potável	a	bordo,	e	os	tripulantes,	longe	da	terra
firme,	fizeram	sinal	a	outro	navio,	pedindo	água.	Demoraram	muito	tempo	para
acreditarem	na	resposta:	“Desçam	os	baldes	no	oceano,	porque	é	de	água	doce”.
Finalmente	experimentaram	fazer	isto	e	descobriram	que	realmente	estavam
cercados	por	água	doce.	Nós	também	estamos	cercados	em	todos	os	lados	por
Deus,	sustentados	por	Ele	e	vivendo	nEle,	e	tantas	vezes	não	tomamos
conhecimento	deste	fato,	deixando	de	lançar	nossos	baldes	para	recebermos	a
plenitude	da	sua	graça.	O	Senhor	Jesus	abriu	os	olhos	da	mulher	samaritana	para
que	ela	enxergasse	a	fonte	das	águas	vivas,	e	fará	o	mesmo	por	nós.	No	cansaço,
Ele	nos	mostrará	uma	fonte	de	refrigério;	na	tristeza,	uma	fonte	de	consolação;
na	enfermidade,	uma	fonte	de	cura;	no	desencorajamento,	uma	fonte	de
esperança	(cf.	Gn	21.1619;	Ex	17.1-6;	Nm	20.9-11;	Is	43.19).
2.	Sede	da	alma.	“Qualquer	que	beber	desta	água	tornará	a	ter	sede”.	Se	nos
colocássemos	de	vigia	numa	esquina,	examinando	o	rosto	de	cada	um	dos
inúmeros	transeuntes,	veríamos	escrito	nos	semblantes	da	maioria	desassossego,
descontentamento	insatisfação.	A	maioria	das	pessoas	segundo	parece,	sofre	a
dor	das	ânsias	não	satisfeitas.	Procurando	a	satisfação	que	seus	corações	tanto
reclamam,	uns	vão	ao	cinema,	outros	procuram	as	drogas,	outros	procuram	se
esquecer	dos	problemas	mediante	vários	tipos	de	atividades	febris.	Se	realmente
soubessem	ler	seu	próprio	coração,	diriam,	juntamente	com	o	salmista:	“A	minha
alma	tem	sede	de	Deus,	do	Deus	vivo”	(Sl	42.2).	O	Espírito	Santo	é	a	Água	Viva
que	satisfaz	a	alma,	e	Jesus	Cristo	veio	a	este	mundo	para	nos	levar	“para	as
fontes	das	águas	da	vida”	(Ap	7.17).
3.	O	Espírito	que	habita	em	nós.	Spurgeon	escreveu:
“O	poder	do	Espírito	Santo	que	habita	em	nós	é	superior	a	todos	os	reveses,
como	um	rio	que	não	pode	ser	forçado	a	ficar	debaixo	da	terra,	por	mais	que
procuremos	represá-lo...	Quando	o	Senhor	dá	de	beber	a	nossas	almas,	das	fontes
que	brotam	da	grande	profundidade	do	seu	próprio	amor	eterno,	quando	nos	dá	a
bênção	de	possuirmos	em	nosso	íntimo	um	princípio	vital	de	graça,	nosso	ermo
se	regozija,	e	desabrocha	em	flores	como	a	roseira,	e	o	deserto	ao	nosso	redor
não	pode	murchar	o	nosso	crescimento	verdejante;	nossa	alma	fica	sendo	um
oásis,	mesmo	quando	tudo	ao	nosso	redor	é	secura	infrutífera.
6
O	Paralítico	do	Tanque	de	Betesda
Texto:	João	5.1-14
Introdução
Como	já	notamos	num	estudo	anterior,	João	chama	os	milagres	de	Cristo	de
“sinais”	porque	são	indicadores	da	divindade	do	Senhor.	Sete	deles	(antes	da
crucificação)	são	selecionados	pelo	evangelista:	a	transformação	da	água	em
vinho;	a	cura	do	filho	de	um	oficial	do	rei;	a	cura	do	paralítico;	a	multiplicação
dos	pães	para	alimentar	a	multidão;	Jesus	andando	sobre	o	mar;	a	cura	do	cego;	e
a	ressurreição	de	Lázaro.
Este	nosso	estudo	trata

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