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EDUCAÇÃO JURÍDICA_01

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Prévia do material em texto

Coordenadores 
Ricardo Breier 
Rosângela Maria Herzer dos Santos 
 Alexandre Torres Petry 
Matheus Ayres Torres 
 
 
 
EDUCAÇÃO JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, 2020 
 
 
 
Copyright © 2020 by Ordem dos Advogados do Brasil 
Todos os direitos reservados 
 
Coordenadores 
Ricardo Breier – Presidente da OAB/RS 
Rosângela Maria Herzer dos Santos – Diretora-Geral da ESA/OAB/RS 
Alexandre Torres Petry – Diretor da Revista Eletrônica da ESA/OAB/RS 
Matheus Ayres Torres – Presidente da CEJ/OAB/RS 
 
Capa 
Carlos Henrique Pivetta 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária Jovita Cristina Garcia dos Santos – CRB 1517/10º 
 
 
 
 
 
 
Ordem dos Advogados do Brasil - Rio Grande do Sul 
Rua Washington Luiz, 1110 - 13º andar 
90010-460 - Porto Alegre/RS 
O conteúdo é de exclusiva responsabilidade dos seus autores. 
26e 
Educação Jurídica/Ricardo Breier, Rosângela Maria Herzer dos Santos, 
et.al (Coord). – Porto Alegre: OAB/RS.2020. 232p. 
ISBN: 978-65-88371-00-8  
1. Educação Jurídica. 2. Advocacia. Título 
CDU 34:378 
 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CONSELHO FEDERAL 
DIRETORIA/GESTÃO 2019/2021 
 
Presidente: Felipe Santa Cruz 
Vice-Presidente: Luiz Viana Queiroz 
Secretário-Geral: José Alberto Simonetti 
Secretário-Geral Adjunto: Ary Raghiant Neto 
 Diretor Tesoureiro: José Augusto Araújo de Noronha 
 
ESCOLA NACIONAL DE ADVOCACIA – ENA 
 
Diretor-Geral: Ronnie Preuss Duarte 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL 
 
Presidente: Ricardo Breier 
Vice-Presidente: Jorge Luiz Dias Fara 
Secretária-Geral: Regina Adylles Endler Guimarães 
Secretária-Geral Adjunta: Fabiana Azevedo da Cunha Barth 
Tesoureiro: André Luis Sonntag 
 
ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA 
 
Diretora-Geral: Rosângela Maria Herzer dos Santos 
Vice-Diretor: Darci Guimarães Ribeiro 
Diretora Administrativa-Financeira: Graziela Cardoso Vanin 
Diretora de Cursos Permanentes: Fernanda Corrêa Osório, Maria Cláudia Felten 
Diretor de Cursos Especiais: Ricardo Hermany 
Diretor de Cursos Não Presenciais: Eduardo Lemos Barbosa 
Diretora de Atividades Culturais: Cristiane da Costa Nery 
Diretor da Revista Eletrônica da ESA: Alexandre Torres Petry 
 
CONSELHO PEDAGÓGICO 
 
Alexandre Lima Wunderlich 
Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira 
Jaqueline Mielke Silva 
Vera Maria Jacob de Fradera 
 
 
 
 
CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS 
 
Presidente: Pedro Zanette Alfonsin 
Vice-Presidente: Mariana Melara Reis 
Secretária-Geral: Neusa Maria Rolim Bastos 
Secretária-Geral Adjunta: Claridê Chitolina Taffarel 
Tesoureiro: Gustavo Juchem 
 
TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA 
 
Presidente: Cesar Souza 
Vice-Presidente: Gabriel Lopes Moreira 
 
CORREGEDORIA 
 
Corregedora: Maria Helena Camargo Dornelles 
 
Corregedores Adjuntos 
 Maria Ercília Hostyn Gralha, 
Josana Rosolen Rivoli, 
Regina Pereira Soares 
 
OABPrev 
 
Presidente: Jorge Luiz Dias Fara 
Diretora Administrativa: Claudia Regina de Souza Bueno 
Diretor Financeiro: Ricardo Ehrensperger Ramos 
Diretor de Benefícios: Luiz Augusto Gonçalves de Gonçalves 
 
COOABCred-RS 
 
Presidente: Jorge Fernando Estevão Maciel 
Vice-Presidente: Márcia Isabel Heinen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
AGRADECIMENTOS – Matheus Ayres Torres – Presidente da CEJ/OAB/RS ................... 8 
APRESENTAÇÃO – Rosângela Maria Herzer dos Santos – Diretor-Geral da ESA/RS .... 9 
PREFÁCIO- Ricardo Breier –Presidente da OAB/RS ........................................................ 10 
01A CONCILIAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO (COLETIVO) 
E À CRENÇA (PERSONALÍSSIMO) À LUZ DA LEI Nº 13.796/19-Aathur Kuehl 
Borges e Alessandra Mizuta de Brito .............................................................................. 11 
02A IMPORTÂNCIA DAS ESCOLAS JURÍDICAS DE APERFEIÇOAMENTO PARA 
A EDUCAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA – Alexandre Torres Petry ........................... 29 
03EDUCAÇÃO JURÍDICA PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS DO JUDICIÁRIO: 
COMO A ADVOCACIA PODE COEXISTIR E CONTRIBUIR COM A 
AUTOCOMPOSIÇÃO – Ana Luiza Pessoa Pureur ........................................................ 45 
04AS PRÁTICAS DE ENSINANÇA PARA A FORMAÇÃO DOS OPERADORES DO 
DIREITO: UMA ALTERNATIVA SOCIOCONSTRUCIONISTA –Andréa Marta 
Vasconcellos Ritter ............................................................................................................ 55 
05CONSTRUTOS PARA A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE DE UMA 
EDUCAÇÃO JURÍDICA INTERCULTURAL-Bruna Bastos e Rafael Santos de 
Oliveira ............................................................................................................................... 69 
06ENSINO JURÍDICO NO BRASIL – CONTEXTO ATUAL E ALTERNATIVAS DE 
MODERNIZAÇÃO COM O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – Cristina Dal 
Sasso .................................................................................................................................... 81 
07FORMAÇÃO PEDAGÓGICO-DIDÁTICA PARA O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA 
NOS CURSOS DE DIREITO – Giuseppe Bachini ........................................................... 93 
08 ENSINO JURÍDICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO: UMA ANÁLISE 
CURRICULAR DAS FACULDADES DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUL – 
Halandra Araújo Ferreira e Marcírio Barcello Gessinger .......................................... 110 
09 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: AS ATIVIDADES E OS PROJETOS 
EXECUTADOS PELO PROGRAMA BALCÃO DO TRABALHADOR- Laura Covatti 
dos Santos e Maira Angélica Dal Conte Tonial ............................................................ 126 
10 FORMAÇÃO HUMANA E EDUCAÇÃO JURÍDICA- REFLEXÕES A PARTIR DA 
PERSPECTIVA HABERMASIANA – Marcio Renan Hamel ....................................... 139 
 
 
11 LA ENSEÑANZA DEL DERECHO EN LA EDUCACIÓN SUPERIOR 
ARGENTINA: EXPERIENCIAS DE LA CARRERA DE ABOGACÍA EN SU 
DIMENSIÓN ÁULICAANTE LA MIGRACIÓN DE LA MODALIDADPRESENCIAL A 
LA MODALIDAD A DISTANCIA POR LA EMERGENCIA SANITARIA – Mateo 
Fusalba. ............................................................................................................................. 152 
12 AS NOVAS TECNOLOGIAS E O DIREITO: UMA REFLEXÃO ÀS DEMANDAS 
DE UM NOVO PERFIL PROFISSIONAL NA FORMAÇÃO JURÍDICA – Rafael 
Fonseca Ferreira e Pedro Dalla Vecchia Hamilton ...................................................... 168 
13 RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO JURÍDICO: (RE) ADEQUAÇÃO DO ENSINO E 
DAS METODOLOGIAS EM TEMPOS DE PANDEMIA – Simone Paula Vesoloski e 
Luciano Alves do Santos ................................................................................................. 183 
14 DO UNIVERSO INFANTOJUVENIL AO ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO À 
LUZ DAS METODOLOGIAS ATIVAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DO USO DE 
RECURSOS LÚDICOS NA EDUCAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA –Tayna Silva 
Cavalcante ........................................................................................................................ 196 
15 ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A NECESSIDADE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA 
DO DOCENTE DE ENSINO JURÍDICO NO BRASIL – William de Quadros da Silva
 ........................................................................................................................................... 217 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
AGRADECIMENTOS 
 
O e-Book Educação Jurídica é mais uma obra inédita lançada pela OAB/RS, Escola 
Superior da Advocacia (ESA) e Comissão de Educação Jurídica, e na qualidade de 
Presidente dessa comissão, tenho muito orgulho de apresentá-lo à advocacia e a todos os 
operadores do direito que se preocupam com o futuro da educação como um todo e, em 
especial, a jurídica. 
 
Assim, expresso minha gratidão a todos os autores e co-autores que se dedicaram, 
pesquisaram e colaboraram para que essa coletânea de artigos possa servir de auxílio para 
uma base forte e bom desenvolvimento do ensino e da educação jurídica, fortalecendo e 
consolidando assim as bases da democracia,dos direitos humanos, do Estado de Direito e 
da justiça social. 
 
Juntamente com os trabalhos publicados, essa obra não seria possível sem o 
empenho dos membros da Comissão de Educação Jurídica da OAB/RS e o incondicional 
apoio da Diretoria da OAB e da ESA – Escola Superior da Advocacia nos trabalhos e 
eventos realizado pela Comissão. Nesse sentido devo fazer um agradecimento especial ao 
co-organizador do e-Book, Diretor da Revista Eletrônica da ESA e membro da CEJ, 
Alexandre Torres Petry por todo o empenho e dedicação na concretização dessa obra. 
 
Por fim, agradeço à minha esposa, professora e membro da CEJ, Monique Pereira, 
por possibilitar a minha dedicação e tempo destinado à defesa da advocacia e à condução 
dos trabalhos da Comissão. E ao meu filho, João Vicente, com quem aprendo todos os dias 
o significado de viver uma vida plena. 
 
Boa leitura a todos! 
 
Matheus Ayres Torres - Presidente da Comissão de Educação Jurídica da OAB/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A Escola Superior da Advocacia tem a honra e a satisfação de oportunizar 
juntamente com a Comissão de Educação Jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil, 
Seccional do Rio Grande do Sul, o lançamento de do e-book “EDUCAÇÃO JURÍDICA”. 
Nosso sentimento é de reconhecimento aos colegas que contribuíram com as 
necessárias reflexões sobre a educação jurídica no Brasil, especialmente com o necessário 
aperfeiçoamento de todos, salientando o direito constitucional de que a educação é direito 
de todos, e na seara da educação jurídica o quanto ainda precisamos avançar, com bases 
curriculares permanentemente atualizadas, a importância da formação didático-pedagógico 
para o exercício da docência jurídica, bem como o olhar para além da preparação da 
instauração da litigiosidade. 
Como dirigente da Escola Superior da Advocacia da OABRS, escola que tem 
dentre as suas finalidades tem a missão de proporcionar cursos, palestras, debates, estimulo 
à pesquisa, incentivo ao lançamento de obras e atividades culturais, como sustentáculo para 
a necessária atualização e constante formação humana e ética que tanto necessitamos para 
o fortalecimento da advocacia. 
O presente e-book contribui com o nosso necessário processo de continua 
aprendizagem como seres essenciais à administração da justiça. 
 
 Rosângela Maria Herzer dos Santos - Diretora Geral da Escola Superior da Advocacia 
da OABRS 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
PREFÁCIO 
 
Qualidade sempre será um diferencial. Por mais que existam evoluções 
tecnológicas, somente a qualificação de um profissional vai permitir que ele obtenha 
destaque e exerça com competência seu trabalho. 
 
A advocacia vem passando por transformações há alguns anos. A tecnologia tem 
impactado as rotinas de advogados e advogadas. Temos situações positivas, cabe ressaltar. 
Agora, nada será capaz de substituir um profissional preparado, dedicado e comprometido 
com seu ofício. 
 
Fico particularmente satisfeito e contente com a primeira edição do livro, no 
formato E-book, “Educação Jurídica” sob a coordenação de Alexandre Torres Petry; 
Matheus Ayres Torres; Ricardo Ferreira Breier e Rosângela Maria Herzer dos Santos. Esta 
obra amplia horizontes e fornece conteúdos valiosos sobre a formação de docentes, a 
relevância de escolas jurídicas e novos formatos e conteúdos do ensino, os impactos da 
tecnologia na difusão do conhecimento e as análises aprofundadas de práticas que 
começam a ganhar protagonismo no mundo jurídico. 
 
A atualidade do E-book, que tem a preocupação de trazer textos inéditos e 
alinhados com a realidade, se afirma pela diversidade dos artigos científicos, bem como as 
surpreendentes abordagens de seus autores. 
 
A Escola Superior de Advocacia, em conjunto com a Comissão de Educação 
Jurídica da OAB/RS, reafirma seu compromisso e sua missão de, permanentemente, 
oferecer capacitação e qualificação para a advocacia gaúcha. Esta obra comprova a 
manutenção de um trabalho dedicado e propositivo da ESA. Parabéns aos organizadores e 
aos autores dos artigos científicos inéditos. 
 
Boa leitura. 
 
Ricardo Breier – Presidente da OAB/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
A CONCILIAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO 
(COLETIVO) E À CRENÇA (PERSONALÍSSIMO) À LUZ DA LEI Nº 13.796/19 
 
Aarthur Kuehl Borges1 
Alessandra Mizuta de Brito2 
 
Resumo: O presente artigo tem com objetivo analisar o conflito do direito à educação e do 
direito à crença sob a ótica da escusa de consciência, que tem base no artigo 5º, inciso VIII, 
da Carta Magna, quanto ao dia de guarda. Por meio de análise dos Tratados Internacionais, 
realizou-se uma trajetória histórica da incorporação do direito de liberdade religiosa como 
parte da norma jurídica e, com apoio da Constituição Federal, doutrina nacional eexame de 
julgados da temática, traçou-se o debate para esclarecer se a inovação trazida pelaLei 
13.796/2019, que preencheu a lacuna no inciso VIII do artigo 5º da Constituição Federal, 
traz para o estudante a dura escolha entre receber a educação de forma integral, ou manter-
se fiel a sua crença.Ao final, embora tenha-se percebido que a inovação legislativa atenda 
os anseios quanto a segurança jurídica para realização de atividades obrigatórias ou provas 
em dias e horários alternativos, a privação da convivência com os pares nestes dias e 
horários pode interferir no recebimento de todas as competências planejadas pela 
Instituição ou curso, para a formação profissional completa. 
Palavras-chave: Liberdade Religiosa. Direito à crença. Direito à educação. Dia de guarda. 
Prestação alternativa. 
 
INTRODUÇÃO 
Previsto no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, o Direito à Educação é um 
“direito de todos e dever do Estado e da família”, devendo ser “promovida e incentivada 
com a colaboração da sociedade” (BRASIL, 1988) e faz parte dos direitos sociais, 
pertencente, portanto, aos Direitos Fundamentais do tipo positivo ou prestacional. 
É fundamental, porque é por meio da Educação que se promove o desenvolvimento 
pleno do indivíduo, emancipando-o para o exercício da cidadania e o prepara para o 
exercício profissional, possibilitando, inclusive, a sua elevação no estrato social. 
Por sua elevada relevância na formação do cidadão e do profissional de qualidade, a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/1996), inclui entre os 
requisitos para aprovação na educação básica (incluindo os níveis fundamental e médio), a 
frequencia mínima de 75% do total de horas letivas (artigo 24, inciso VI). Para o âmbito da 
Educação Superior, o § 3° do artigo 47estabelece que “é obrigatória a frequência de alunos 
 
1Bacharel em Direito (ULBRA). E-mail: borgesaarthur@gmail.com. 
2Doutora em Direito (PUCRS). Doutoranda em Educação (ULBRA). Mestre em Direito (UNICURITIBA). 
Coordenadora do curso de Direito da Ulbra de São Jerônimo. Membro da CEJ/OABRS. Avaliadora Ad Hoc 
do Basis (INEP/MEC). Advogada - OAB/RS 110.911B. E-mail: alessandra.mizuta@gmail.com. 
12 
 
e professores, salvo nos programas de educação a distância”. No ensino presencial, antes 
da LDB de 1996, era exigida, para os alunos, a frequência mínima de 75% das aulas e 
atividades programadas. Ao aprovar os estatutos e regimentos das Instituições de Educação 
Superior, o Ministério da Educação tem exigido esse percentual mínimo, para atender ao 
disposto no Parecer CES/CNE nº 282/2002, homologado pelo ministro da Educação. 
Saliente-se que para a Educação Superior apenas excepcionalamente é possível 
abonar faltas, estando as hipóteses previstos de forma expressa, podendo-se elencar os 
seguintes casos: a) Alunos reservistas3, pelo Decreto-lei nº 715/1969, e b) Aluno com 
representação na Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES, nos 
termos do art. 7º, § 5º4, da Lei nº 10.861/2004. Além destas hipóteses, existeainda um 
regime de tratamento especial de exercícios domiciliares, que são tratados como uma 
forma de compensação das ausências, para portadores de afecções(estabelecido no 
Decreto-lei nº 1044/1969, ainda em vigor) e para gestantes(Lei nº 6.202/1975). 
Não há, além destes casos específicos, outra possibilidade pela qual o estudante da 
Educação Superior de cursos presenciais possa ser dispensado do cumprimeito da 
quantidade mínima de carga letiva. Portanto, percebe-se que a frequência às aulas e outras 
atividades programadas é parte importante para obter êxito nesta etapa de formação. 
Entretanto, deve-se considerar que existem segmentos religiosos que possuem a 
crença de descanso no dia sagrado, como os Adventistas do Sétimo Dia, judeus, judeus 
ortodoxos, muçulmanos, Batistas do Sétimo Dia, dentre outros.Do período entre o pôr do 
sol de sexta-feira e o pôr do sol de sábado, dedicam-se a atividades espirituais, orações, de 
amor ao próximo, sem atividades de interesse e ou lucro próprio, podendo-se utilizar com o 
exemplo os Judeus que observam o Shabat(descanso, em uma tradução livre). 
Eventuais atividades realizadas durante o dia de guarda e que se constituam como 
requisitos obrigatórios para obtenção e ou conclusão da disciplina ou curso, poderiam 
impossibilitar o êxito na formação acadêmica. Mencione-se como exemplo, uma disciplina 
que tradicionalmente é ofertada nos sábados pela manhã e que faz parte do elenco de 
 
3Artigo 1°, § 4º Todo convocado matriculado em Órgão de Formação de Reserva que seja obrigado a faltar a 
suas atividades civis, por fôrça de exercício ou manobras, ou reservista que seja chamado, para fins de 
exercício de apresentação das reservas ou cerimônia cívica, do Dia do Reservista, terá suas faltas abonadas 
para todos os efeitos. (grifo nosso) 
4§ 5º As instituições de educação superior deverão abonar as faltas do estudante que, em decorrência da 
designação de que trata o inciso IV do caput deste artigo, tenha participado de reuniões da CONAES em 
horário coincidente com as atividades acadêmicas. (grifo nosso) 
13 
 
matérias obrigatórias na matriz curricular, ou a Instituição que realiza sua solenidade de 
colação de grau nas sextas, período da noite. 
Em março de 2019 entrou em vigor a Lei 13.796/2019, que promoveu alteração na 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fixando o dever de prestações alternativas 
à aplicação de provas e à frequência a aulas realizadas em dia de guarda religiosa, em 
virtude de escusa de consciência. 
Embora referida legislação tenha suprimido o problema quanto frequência para 
aprovação para o acadêmico sabadista, persiste a necessidade de enfrentar o conflito entre 
o direito à crença e o direito à educação, no tocante ao dia de guarda. 
Este enfrentamento se justifica pelo problema que pode ser representado pela 
seguinte pergunta: se a presença de 75% da carga das aulas e outras atividades são 
consideradas essenciais para que a educação aconteça de forma adequada, ao receber uma 
prestação alterativa, não estaria o sabadista abrindo mal da mesma qualidade da educação 
recebida por aqueles que serão seus competidores no mercado de trabalho? Ou seja, não 
estaria havendo um conflito entre o direito à educação e o direito à crença? 
O método de abordagem adotado foi o hipotético-dedutivo, em que à luz das 
construições doutrinárias e jurisprudencial se fará análise da lei 13.796/2019 para se 
constatar se ela obriga o acadêmico sabadista a abrir mão de um direito fundamental ou 
viabiliza a coexistência do direito à educação e à crença. Para o método de interpretação 
foram utilizados oteleológico e axiológico já que se buscará os fins pretendidos pela 
norma, explicando os valores que serão concretizados por sua aplicação. 
Para tanto, o artigo partirá da análise do Direito à crença, sua origem e significado, 
a importância dos credos para a sociedade e sua influência aos indivíduos, passando pelo 
Direito à Educação na Constituição Federal de 1988, seguido por informações sobre a 
origem e significado da guarda do sábado, pela análise da jurisprudência quanto a 
possibilidade de não realizar atividades acadêmicas no dia de guarda no contexto da 
educação e, por fim, o exame da lei 13.796/2019. 
 
1 ORIGEM, SIGNIFICADO E TRATAMENTO LEGAL DODIREITO À CRENÇA 
De acordo com Sarlet (2012), as liberdades de consciência e religiosa (esta última 
abrangendo a liberade de crença e de culto), foi uma das primeiras liberdades asseguradas 
nas declarações de direitos, também sendo uma das precursoras a alcançar o status de 
direito humano e fundamental. 
14 
 
Podem ser apontados diferentes motivos pelos quais esta é uma das mais antigas 
reinvidicações do indivíduo, como a sua afiliação à espiritualidade humana e o cunho 
político por vezes a ela associado. Perseguições e atrocidades foram cometidas em nome 
da religião, fazendo com que se tornasse urgente “a proteção das opiniões e cultos de 
expressão religiosa, que guarda direta relação com aespiritualidade e o modo de conduzir a 
vida dos indivíduos e mesmo de comunidades inteiras” (SARLET, 2012, p. 830). 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é o primeiro documento 
que se tem conhecimento que trouxe a pauta dos Direitos Humanos. Nela, a proteção a 
liberdade de religião está prevista no artigo 18, da seguinte forma: 
 
XVIII - Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e 
religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a 
liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo 
culto e pela observância, em público ou em particular (ONU, 1948). 
 
Sendo este o documento com a maior quantidade de países-membros como 
signatários, está escrito em trinta artigos, em que prega a igualdade de direitos com fulcro 
na justiça, igualdade e a paz mundial. 
Depois deste, outros documentos trataram sobre a liberdade de consciência e 
liberdade religiosa, com diferentes abrangências, podendo ser mencionados, 
exemplificativamente, o Pacto Internacionaldos Direitos Civis e Políticos, de 1966, que 
estabelece o direito de liberdade de pensamento, de consciência e de religião, definindo-os 
como a possibilidade deter ou de adotar uma religião ou uma convicção da sua escolha 
“bem como a liberdade de manifestar asua religião ou a sua convicção, individualmente ou 
conjuntamente com outros, tanto em público comoem privado, pelo culto, cumprimento 
dos ritos, as práticas e o ensino”. E vai além, ao estabelecer que “Ninguém será objeto 
depressões que atentem à sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou uma convicção 
da suaescolha”, garantindo a “liberdade dos pais e, em caso disso, dos tutores legais a 
fazerem assegurar a educação religiosa e moral dos seus filhos e pupilos, em conformidade 
com as suas próprias convicções” e prevendo como única possibilidade de limite a estes, 
leis “que sejam necessárias à proteção de segurança, da ordem e da saúdepúblicas ou da 
moral e das liberdades e direitos fundamentais de outrem”. 
No âmbito do continente americano há a Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 1969, que ampara a prerrogativa de 
liberdade religiosa no artigo 12: 
15 
 
Art. 12. Liberdade de Consciência e de Religião. 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito 
implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de 
religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião 
ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em 
privado. 
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua 
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou 
de crenças. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crençasestá 
unicamente sujeita às limitações prescritas pela Lei e que sejam necessárias para 
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou moral públicas ou os direitos ou 
liberdades das demais pessoas. 
4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos 
recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias 
convicções. 
 
No mesmo sentido, podem ser mencionados o Pacto Internacional sobre Direitos 
Civis e Políticos, reconhecido no ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto 
592/92, em seu artigo 18, a Carta de Direitos Fundamentais da União Européia, de 2000, 
em seu artigo 10, entre outros que conferem proteção à liberdade religiosa. 
Em âmbito nacional, a liberdade religiosa está presente desde a Carta Imperial de 
1824 e na Constituição Federal de 1988 é possível perceber a presença da espiritualidade 
deste o seu preambulo, em que se declara que “sob a proteção de Deuspromulgamos a 
Constituição da República Federativa do Brasil”. 
É de se notar que não importa qual o país ou continente,significativo grupo de 
pessoas que lá vivem acredita que alguém ou algo superioras protege.Dessa forma, apesar 
da diversidade cultural e religiosa que abrange o território brasileiro, em sentido amplo e 
sem pender para qualquer denominação religiosa, foi feita tal menção, sendo promulgada a 
Carta Magna, com a seguinte redação em seu preâmbulo: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 
1988). 
O texto constitucional possui menções que asseguram o direito ao credo e de 
consciência em três dispositivos entre os Direitos e Garantias Fundamentais:artigo 5º, 
incisos VI (liberdade de consciência e crença), VII (assistência religiosa) e VIII (vedação 
de privação de direitos por motivos de crença religiosa). 
16 
 
Também protegem estes mesmos direitos, o artigo 19 (veda o embaraço ao 
funcionamento de estabelecimento de cultos religiosos ou igrejas), artigo 14, § 1º 
(determina atribuição de serviço alternativo aos alistados no serviço militar que aleguem 
imperativo de consciência), artigo 15, IV (veda cassação de direitos políticos, no caso de 
recusa de cumprir obrigação imposta ou prestação alterativa, nos termos do 5º, 
VIII), Artigo 210, § 1º (inclui o ensino religioso no horário normal das escolas públicas de 
ensino fundamental, de matrícula facultativa), artigo 226, § 2º (confere efeito civil para o 
casamento religioso). 
Não obstante, o isolamento entre o Estado e a Religião é pressuposto para a plena 
liberdade religiosa, que pode ser expressa ou decorrer de proclamação. O Brasil, assim 
como muitos outros países, declara-se um Estado laico (art. 19/CF), ou seja, promove 
oficialmente a separação entre Estado e Religião. O Estado não interfira nas religiões 
instituídas em seu território, assim como as instituições religiosas não influenciem o 
Estado no qual estão instaladas. 
Entretanto, cabe esclarecer que por ser laico, não significa que o Estado é ateu ou 
agnóstico. Assim como não elege uma religião oficial, também não se afilia à descrença 
religiosa, tratando de forma igualitária os diferentes tipos de crença e a ausência dela. 
No Estado laico, então, “não se proíbe o culto público nem se preclude a influência 
das confissões religiosas na esfera pública. Antes se pretende, restringir o abuso privado 
das instituições públicas” (MACHADO, 1996). 
Para a plena liberdade religiosa, é necessária a separação entre Estado e Igreja, 
onde se preconiza, ainda, uma igualdade entre crenças, indivíduos, perante o Estado. 
Havendo algum tratamento desigual, perde-se a liberdade religiosa ampla. 
Ao tratar sobre o elo transcendente do ser com o seu Criador, Paulo Freire ensina 
que esta ligação não pode ser de dominação ou de domesticação, mas ao contrário disso, 
deve ser de libertação. “Daí que a Religião — religare— que encarna este sentido 
transcendental das relaçõesdo homem, jamais deva ser um instrumento de suaalienação” 
(FREIRE, 1967, p. 40). 
Justamente neste sentido é o dilema enfrentado por este artigo: o de encontrar uma 
compatibilidade entre os direitos fundamentais à religião e à educação, assegurando uma 
convivência pacífica, ou a sobreposição de um sobre o outro. 
 
 
17 
 
2 DIREITO À EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
O direito à educação é um direito público, garantido pela Constituição Federal, 
encontra-se na galeria de direitos fundamentais, portanto baseia-se nos ideais de igualdade 
na sociedade, independentemente de sua raça, origem, gênero, cor ou suas convicções 
religiosas ou políticas idealizando o desenvolvimento individual. 
Na mesma senda, o direito à educação deve alcançar a todos, sem distinção, 
independente das condições pessoais e sociais de cada indivíduo, pretendendo igualdade 
entre todos. 
O fato de a educação ter se tornado um direito traduz a sua atual e nítida 
importância para a melhora da dignidade da pessoa humana como um todo, e o 
consciente exercício da cidadania na sociedade, o que ressalta ainda mais o dever 
do Estado em fazer com que este direito seja plenamente exercido (BARBOSA 
JÚNIOR, 2018). 
 
O artigo 205 da Constituição Federal de 1988, firma que a educação é um direito de 
todos e dever do Estado e da família, devendo sua promoção e incentivo com a 
colaboraçãoda sociedade, buscando o pleno desenvolvimento da pessoa, tal qual seu 
desenvolvimento e preparo para exercer a cidadania e qualificação para o mercado de 
trabalho. 
Embora a pretensão do artigo supracitado seja manter de forma igualitária o sistema 
educativo brasileiro, é possível encontrar cidadãos com dificuldades de exercer esse direito 
de forma plena, pois algumas instituições de ensino propõem atividades em dias e horários 
incompatíveis para os sabadistas e que são exigências da instituição ou do curso para a sua 
conclusão. 
Na doutrina brasileira, toma-se como conceitode educaçãoa afirmação de Celso de 
Mello: 
[...] é mais compreensivo e abrangente que o da mera instrução. A educação 
objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das aptidões, das 
potencialidades e da personalidade do educando. O processo educacional tem por 
meta: a) qualificar o educando para o trabalho; e b) prepará-lo para o exercício 
consciente da cidadania. O acesso à educação é uma das formas de realização 
concreta do ideal democrático (MELLO, 2010) 
 
Portanto, a qualidade do ensino deve ser analisada com base em alguns fatores de 
maneira conjunta. Entre eles, deve haver isonomia nas condições de acesso e permanência 
na escola, liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar seu pensamento, a arte e o 
saber, tanto como o pluralismo de ideias e suas concepções pedagógicas, assim como a 
18 
 
coexistência de instituições de ensino públicas e privadas, garantindo o padrão de 
qualidade, elencados no artigo 206 da Constituição Federal. 
O artigo 214 da Constituição Federal prevê que será estabelecido o Plano Nacional 
de Educação, a cada 10 anos, com o fim de traçar metas, objetivos, diretrizes e estratégias 
para o desenvolvimento do ensino em todos os seus níveis e modalidades, através de ações 
do poder público para que estes conduzam a erradicação do analfabetismo, universalização 
do atendimento escolar, melhoria da qualidade de ensino, formação para o trabalho, 
promoção humanística, científica e tecnológica do país e o estabelecimento de metasde 
aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto 
(PIB). 
Todas estas medidas buscam manter um sistema de educação satisfatório, 
igualitário e gratuito (este último obrigatoriamente apenas para o ensino básico), e, no caso 
de não ser alcançado, há a possibilidade deresponsabilizar a autoridade competente (art. 
208, VII, §§ 1ºe 2º), com o não oferecimento do ensino público de qualidade, ou sua oferta 
sendo insuficiente. 
 
3 DA GUARDA DO SÁBADO – ORIGEM E SIGNIFICADO 
 
No estudo em tela, há algumas denominações religiosas, em especial os Adventistas 
do Sétimo dia, judeus, judeus ortodoxos, Batistas do Sétimo Dia, dentre outros, que 
possuem um dia considerado sagrado, para exercício de sua crença, não realizando, 
portanto, quaisquer atividades que lhe traga benefício próprio ou ganho pessoal e fazendo 
deste tempo um espaço, voltado a adoração a Deus e práticas de filantropia aos seus 
semelhantes, neste período que compreende desde o pôrdosol da sexta-feira, e o pôrdosol 
de sábado. 
Diversos segmentos religiosos cristãos possuem como base a Bíblia Sagrada, com 
3,9 bilhões de cópias por todo o globo, se tornando o livro mais vendido do mundo, há 
cerca de 50 anos(SARAIVA, 2018). Acredita-se que o autor da Bíblia é Deus, mas possui 
40 escritores, inspirados por Ele que escreveram-na por um período de 1.600 anos dividida 
em duas grandes subdivisões, Antigo e Novo Testamento, e que em nenhum momento, 
seus textos se contradizem, sendo, portanto, um documento doutrinário relevante aos 
cristãos, por isso referenciando nele as fundamentações sobre a criação e motivação da 
santidade do dia de sábado. Ensina sobre isso Ellen White: 
19 
 
As revelações inspiradas foram então incorporadas no Livro Inspirado. Tal 
trabalho prosseguiu durante o longo espaço de 1.600 anos — desde Moisés, o 
historiador da criação e da Lei, até João, a quem coube registrar as mais sublimes 
verdades do evangelho. 
A Bíblia aponta a Deus como seu autor; no entanto, foi escrita por mãos 
humanas e, no variado estilo de seus diferentes livros, apresenta as características 
dos diversos escritores. As verdades reveladas são oferecidas por inspiração de 
Deus (2 Timóteo 3:16); acham-se contudo, expressas em palavras de homens. O 
Ser Infinito, por meio de Seu Santo Espírito, derramou luz no entendimento e 
coração de Seus servos (WHITE, 2007) 
 
Com base, portanto, na Bíblia Sagrada, versão Almeida Revista e Atualizada 
(ARA), os adventistas, consideram que desde a criação, ficou estabelecido o dia de 
descanso sagrado, quando Deus declara, em Gênesis 2:2-3: 
E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse 
dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o 
santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. 
(BÍBLIA MISSIONÁRIA, 2018) 
 
Constata-se que, pela crença da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), desde a 
criação do mundo já é instituído o sétimo dia (sábado) como dia de descanso. Este 
entendimento foi incluído entre os 10 mandamentos5, mais especificamenteno quarto 
mandamento, descrito em Êxodo 20:8 
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.Seis dias trabalharás e farás toda a 
tua obra.Mas o sétimo dia é o sábado doSenhor, teu Deus; não farás nenhum 
trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua 
serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;porque, em 
seis dias, fez oSenhoros céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo 
dia, descansou;por isso,oSenhorabençoou o dia de sábado e o santificou. 
(BÍBLIA MISSIONÁRIA, 2018) 
 
Esta mesma orientação é confirmada no Novo Testamento, na Bíblia, quando Jesus, 
por Seu testemunho guardou o sábado, a saber, em Lucas 4:16 “Indo para Nazaré, onde 
fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o Seu costume, e levantou-Se para 
ler.” Assim como em Mateus 12:12 o próprio Jesus declara que “é lícito, nos sábados, fazer 
o bem.” Entretanto, ficou registrado na história, através da Bíblia Sagrada de que Jesus 
guardou o sábado. 
 
 
5Os Dez Mandamentos é a Lei que foi escrita ao povo de Israel pelo próprio dedo de Deus no Monte Sinai, 
no livro de Êxodo, capítulo 20, que mais tarde foi ressaltado por Jesus que os mesmos podem ser divididos 
em dois grandes grupos, os quatro primeiros mandamentos dispõe sobre o amor à Deus, enquanto os seis 
últimos declaram sobre o amor ao próximo. 
20 
 
Jayme Weingartner Neto ressalta que o dia de guarda deve ser garantido sem 
qualquer interferência estatal, pois é caracterizada como uma prerrogativa de foro íntimo 
(WEINGARTNER NETO, 2007). 
Émile Durkheim (1996), constata que a religião cumpre um papel social muito 
importante com as suas cerimônias. E que ao crer em algo, a sociedade se sente completa, 
e assim, aproxima os indivíduos, que compartilham esses sentimentos com seus 
semelhantes, tornando-se mais íntimos. 
A religião, desde a antiguidade, fez parte da vida do ser humano, já explorava esta 
vertente Norberto Bobbio: 
 
Se não estivéssemos convencidos da irresistível pluralidade das concepções 
últimas, e se, ao contrário, estivéssemos convencidos de que asserções religiosas, 
éticas e políticas são demonstráveis como teoremas, então os direitos à liberdade 
religiosa ou à liberdade de pensamento político perderiam sua razão de ser, ou, 
pelo menos, adquiririam um outro significado: seriam não o direito de ter a 
própria religião pessoal ou de expressar o próprio pensamento político, mas sim 
o direito de não ser dissuadido pela força de empreender a busca da única 
verdade religiosa e do único bem político. (BOBBIO, 2004) 
 
Após a “Santa Inquisição”, surgeaInternacionalReligiousLibertyAssociation, a mais 
antiga entidade internacional organizada para defender e proteger a liberdade 
religiosa,independente de dogma, doutrina ou liturgia, pois milita pelo direito de crer, 
indiferente de seus conteúdos, assim como a liberdade de não ter nenhuma religião, sendo 
de igual maneira respeitado pela sua escolha. 
 
4 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL ACERCA DA GUARDA 
RELIGIOSA 
Antes do advento da Lei 13.796/2019, as decisões acerca da prestação alternativa 
do inciso VIII do artigo 5º da Carta Maior, ocorriam principalmente com base no princípio 
da isonomia, aplicando-lhe diferentes interpretações, o que ocasionava ausência de 
uniformidade decisória. 
Já haviamleis de âmbito municipal e estadual que tratavam sobre a aplicação de 
provas em concursos públicos e vestibulares. Porém, ainda não era o suficiente para 
garantir segurança para os sabadistas. 
O princípio da igualdade está em dispensar tratamento igual para situações 
equivalentes. O grande problema reside no fato de os sabatistas não estarem em 
condições equivalentes à dos outros candidatos. E a ausência de legislação que 
defina isto, deixa o critério de avaliação e interpretação de caso a caso para o 
magistrado. O que se verifica é um desastre do ponto de vista do princípio da 
igualdade! Algumas decisões são favoráveis aos sabatistas e outra não, e, neste 
21 
 
caso sim, existe quebra do princípio da igualdade, já que pedidos em situações 
equivalentes alcançam resultados diferentes(DORES, 2016). 
 
Para que se tenha melhor compreensão acerca da incerteza jurídica a qual se 
menciona, pode-se citar a ADI 3901, em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal, sob 
relatoria do Ministro Edson Facchin, que questiona a constitucionalidade da Lei nº 6.140 
de junho de 1998, do Estado do Pará,que dispõe sobre o horário das provas e concursos 
públicos. De acordo com a lei, as provas e concursos passariam a ser realizados no horário 
de 18h de sábado e às 18h do dia da sexta feira seguinte. 
Neste mesmo sentido, há a Lei de nº 11.225 de novembro de 1999, do Estado de 
Santa Catarina,que normatiza horários em que devem ocorrer os eventos educacionais e de 
certames de concursos públicos e vestibulares, afastando, portanto, o período da guarda 
sabática.Ainda há outros Estados da federação que aprovaram leis do mesmo teor, 
Rondônia, Paraná e Ceará em se estabelece o mesmo horário e restrições as instituições de 
ensino e bancas de concursos públicos. 
No entanto, recentemente houve o julgamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade sob nº 3.714, proposta pela Confederação Nacional dos 
Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN), em face da Lei nº 12.142/2005 do Estado de 
São Paulo, de relatoria do Ministro Alexandre de Moraes, que tratou sobre os horários de 
provas de concursos públicos e exames vestibulares, determinando que ocorram 
preferencialmente “no período de domingo a sexta-feira, no horário compreendido entre 
as 8h e as 18h”, da mesma forma que os exemplos supracitados. Foi arguido pela 
requerente que a Lei impugnada estava violando a competência exclusiva da União de 
legislar sobre as diretrizes e bases de educação (art. 22, XXIV/CF). Além disso, ataca e 
invoca o não respeito a laicidade do Estado por prever condições especiais por motivos de 
credo religioso. 
Neste sentido, o relator, Ministro Alexandre de Moraes, esclareceu que o 
entendimento da corte acerca do art. 22, XXIV/CF e o art. 24, IX da Constituição Federal é 
de que se trata de competência concorrente entre União e Estados a disciplina de educação 
e ensino, ao manter a vigência da Lei 12.142/2005 do Estado de São Paulo (MORAES, 
2019). 
No que tange às situações vivenciadas por estudantes que não atingiram a carga 
horária mínima para aprovação, por escusa de consciência, as decisões proferidas pelo 
22 
 
poder judiciário não são uniformes e os argumentos são diversos diante dos casos 
concretos, mantendo, via de regra, o poder discricionário dos magistrados envolvidos. 
No Mandado de Segurança impetrado na comarca de São José no Estado de Santa 
Catarina, em reexame necessário, foi decidido pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado 
de Santa Catarina, pelo Desembargador Carlos José Adilson, que as faltas lançadas durante 
o período de descanso sagrado da impetrante, deveriam ser abonadas, constando da ementa 
que: 
Prevê a legislação estadual que, os estabelecimentos de ensino abonem as faltas 
dos acadêmicos que, por crença religiosa, não possam frequentar as aulas 
ministradas no período compreendido entre as 18 horas de sexta-feira e as 18 
horas de sábado, sendo-lhes facultado o direito de realizar tarefas alternativas 
parar suprir as faltas abonadas, dês que devidamente comprovado tratar-se o 
aluno de membro de congregação religiosa que observa referidos rituais. (TJSC, 
Reexame Necessário em Mandado de Segurança n. 2012.085114-3, de São José, 
rel. Des. Carlos Adilson Silva, Terceira Câmara de Direito Público, j. 07-05-
2013). 
 
Em seu voto, o relatormenciona que não se trata de mera justificativa de falta, mas 
sim do dever de abono, já que a estudante se prontifica a realizar prestação alternativa de 
atividades acadêmicas, em outro horário com o fim de ser aprovada na disciplina. 
Em outro caso, foi deferida a participação de estudante no Exame Nacional do 
Ensino Médio em dia compatível com o exercício da fé professada: 
 
EMENTA: Agravo Regimental em Suspensão de Tutela Antecipada. 2. Pedido 
de restabelecimento dos efeitos da decisão do Tribunal a quo que possibilitaria a 
participação de estudantes judeus no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 
em data alternativa ao Shabat 3. Alegação de inobservância ao direito 
fundamental de liberdade religiosa e ao direito à educação. 4. Medida 
acautelatória que configura grave lesão à ordem jurídico-administrativa. 5. Em 
mero juízo de delibação, pode-se afirmar que a designação de data alternativa 
para a realização dos exames não se revela em sintonia com o princípio da 
isonomia, convolando-se em privilégio para um determinado grupo religioso 6. 
Decisão da Presidência, proferida em sede de contracautela, sob a ótica dos 
riscos que a tutela antecipada é capaz de acarretar à ordem pública 7. Pendência 
de julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 391 e nº 3.714, nas 
quais este Corte poderá analisar o tema com maior profundidade. 8. Agravo 
Regimental conhecido e não provido.(STF. Agravo Regimental em Suspensão de 
Tutela Antecipada n. 389 MG). 
 
Por outro lado, decisões contrárias também foram proferidas. A exemplo do 
Mandado de Segurança impetrado contra presidente da banca do certame para provimento 
ao cargo de Juiz Substituto do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.Neste 
caso,foi solicitada permissão para realização de uma das etapas da prova em horário que 
não coincidisse com o dia de guarda. Na decisão, o Desembargador Relator Francesco 
23 
 
Conti argumentou no sentido que nos concursos públicos devem se manter de forma 
inflexível quanto aos princípios da impessoalidade e da isonomia. 
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. JUIZ DE DIREITO 
SUBSTITUTO DO TJRS. MEMBRO DA IGREJA ADVENTISTA. 
REALIZAÇÃO DE EXAME EM HORÁRIO DIVERSO. GUARDA DOS 
SÁBADOS. ISONOMIA. A liberdade de crença, prevista na Constituição 
Federal, não se sobrepõe à isonomia do certame e ao princípio da legalidade. 
Assim, se o edital do certame marca a realização da prova subjetiva do concurso 
em determinada data e horário, impossível garantir direito à realização do exame 
em horário diverso para o candidato religioso. Precedentes.SEGURANÇA 
DENEGADA.(TJRS. Mandado de Segurança n. 70078692415. Relator Des. 
Francesco Conti, Segundo Grupo Cível do Tribunal de Justiça do Estado, julgado 
em 14-09-2018) 
 
Também neste sentido, foi o julgamento do Mandado de Segurança impetrado em 
desfavor da autoridade coatora, Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para 
autorização para assistir as aulas e realizar provas em turno e horário diverso das sextas-
feiras à noite, ou abono de faltas. 
 
ADMINISTRATIVO. RELIGIÃO. ABONO DE FALTAS E PRESTAÇÃO DE 
PROVAS EM DIAS ALTERNATIVOS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA 
ISONOMIA. INDEFERIMENTO 1. A liberdade religiosa assegurada pela 
Constituição Federal não obriga o Estado - que é laico - a subordinar-se aos 
preceitos de qualquer religião. Qualquer cidadão pode professar livremente 
qualquer religião. A Constituição Federal e o Estado lhe garantem livremente o 
exercício deste direito. Quando o cidadão, porém, lida com assuntos terrenos, às 
regras próprias deve amoldar-se, e não o contrário. E nisso não há qualquer 
ofensa à liberdade religiosa. 2. A permissão propugnada implicaria ofensa à 
isonomia, porquanto os demais alunos se submetem ao plano da Universidade, a 
qual teria que abrir exceção desarrazoada em prol daquele aluno de determinada 
religião.(TRF4. AC 5049307-30.2017.4.04.7100. Relator Luís Alberto 
D'azevedoAurvalle, 4ª Turma, julgado em 04/07/2018). 
 
Mas o advento da Lei de nº 13.796/2019, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, a expectativa é de que as incertezas quanto a possibilidade de 
realização de atividades alterantivas, sejam minimizadas. 
 
5A LEI Nº 13.796 DE 03 DE JANEIRO DE 2019 
 
Publicada no Diário Oficial da União de 4 de janeiro de 2019, a Lei nº 13.796altera 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, para fixar, em virtude de escusa 
de consciência, prestações alternativas à aplicação de provas e à frequência a aulas 
realizadas em dia de guarda religiosa, tornando possível garantir efetividade para o inciso 
VIII do artigo 5º da Constituição Federal. 
24 
 
Bastante concisa, a referida lei acrescenta o artigo 7-A na LDB, com a seguinte 
redação: 
Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou 
privada, de qualquer nível, é assegurado, no exercício da liberdade de 
consciência e de crença, o direito de, mediante prévio e motivado requerimento, 
ausentar-sede prova ou de aula marcada para dia em que, segundo os preceitos 
de sua religião, seja vedado o exercício de tais atividades, devendo-se-lhe 
atribuir, a critério da instituição e sem custos para o aluno, uma das seguintes 
prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º da 
Constituição Federal: 
I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser realizada em data 
alternativa, no turno de estudo do aluno ou em outro horário agendado com sua 
anuência expressa; 
II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de pesquisa, com tema, 
objetivo e data de entrega definidos pela instituição de ensino. 
§ 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros curriculares e o plano 
de aula do dia da ausência do aluno. 
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de que trata este artigo 
substituirá a obrigação original para todos os efeitos, inclusive regularização do 
registro de frequência. 
 
Importante observar que não se trata de uma terceira hipótese de abono de faltas 
para a Educação Superior, ou mesmo uma possibilidade de abono de faltas para o ensino 
básico. A lei determina a aplicação de prova ou aula de reposição, que será realizada em 
data alternativa, em turno e horário agendado no qual o aluno possa comparecer e concorde 
expressamente. Pode ser solicitado, trabalho escrito ou atividade de pesquisa, nos moldes 
que a instituição solicitar. 
A prestação alternativa deve observar os parâmetros convencionais, curriculares e o 
plano de aula idêntico ao aplicado aos alunos presentes no dia de ausência do discente. 
Esta prestação alternativa substituirá de forma integral a atividade principal e o aluno deve 
ter acesso ao registro de frequência para regularização do controle de aula. 
As instituições de ensino devem implementar de forma progressiva as providências 
e adaptações para um funcionamento da melhor forma para o acadêmico e a instituição. 
Embora tenha a legislação sanado a dúvida quanto a preservação da garantia da 
liberdade religiosa, e portanto de credo e do direito de guardar o sábado, ela manteve 
pairando no ar a dúvida quanto a igualdade de oportunidade de aprendizado, já que a 
solução dada foi de realização de atividade alternativa para o aluno sabadista. 
Ainda que exista a determinação de que se observe os parâmetros curriculares e o 
conteúdo do dia para a atividade alterantiva, o fato é que a alternativa dada pode privar o 
estudante da interação com seus pares e excluir a possibilidade de absorver todas as 
competências pretendidas com a aplicação da tarefa original. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art7a
25 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ainda que por um lado possa-se arguir que os cidadãos que vierem a usufruir do 
disposto na Lei 13.796/19, estão sendo privilegiadas, e que isso ataca diretamente o 
princípio da isonomia, deve-se ponderar outro lado da moeda. 
Seria temerário cogitar a hipótese de privilegiode tal grupo, em detrimento da 
coletividade, pois deve-se observar que não se configura um ganho simples, já quehá uma 
contrapartida que se constitui na prestação alternativa. Esta é uma condicionante para que 
sejam compensadas as ausências decorrentes do exercício da crença. 
Contudo, conforme invocado logo no início da presente reflexão, percebe-se que 
embora a inovação legislativa tenha garantido segurança jurídica quanto a possibilidade de 
exercer a liberdade religiosa, inclusive para ausentar-se em atividades obrigatórias ou 
provas inclusive no Ensino Superior, o fato é que aparentemente poderá o estudante estar 
sendo privado de parte das competências que seus colegas estão tendo acesso. 
Se por um lado o exercício da liberdade religiosa garanta o pertencimento a um 
determinado grupo, garantido a possibilidade de desenvolver a espiritualidade de forma 
próxima àqueles que compartilham das mesmas crenças, por outro, exclui o estudante do 
convívio dos demais estudantes, em período regular de realização de atividades. 
Mesmo a realização de prova em dia alternativo, que possa parecer uma tarefa 
simples de ser reproduzida, merece ser revista com atenção pois existe uma dificuldade que 
acompanha uma avaliação alternativa, que seria a ausência da atmosfera existente na 
coletividade que desenvolve a mesma tarefa de maneira concomitante. 
Portanto, ainda que se possa afirmar que inegáveis benefícios decorrem dessa 
inovação, já o reconhecimento do direito afasta a insegurança jurídica, a solução 
encontrada pode estar cobrando um preço alto na formação profissional do sabadista. 
Espera-se que este não seja o fim da caminhada, que se continue debatendo acerca 
de diferentes opções para preservar o direito de liberdade religiosa, mas que ao mesmo 
tempo não os prive de receber a formação em sua plenitude. 
 
 
 
 
 
26 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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29 
 
A IMPORTÂNCIA DAS ESCOLAS JURÍDICAS DE APERFEIÇOAMENTO PARA 
A EDUCAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA 
 
Alexandre Torres Petry1 
 
Resumo: O presente artigo aborda a temática da educação jurídica com foco nas escolas 
jurídicas de aperfeiçoamento, as quais se expandiram nas últimas décadas e adquiriram 
grande relevância para a educação jurídica brasileira. Inicialmente, analisa-se o contexto 
atual da educação jurídica, que é negativo. Após, estuda-se as escolas jurídicas de 
aperfeiçoamento que são, pelo menos, 150 no Brasil, apontando-se a importância dessas 
escolas para o fortalecimento do nível da cultura jurídica. Apresenta-se como possibilidade 
de elevar o nível da educação jurídica a criação de uma Escola pelo Conselho Nacional de 
Justiça, que poderia ser uma indutora de qualidade na educação ao estimular boas práticas, 
atuar de forma conjunta com as faculdades e produzir densa pesquisa sobre os cursos 
jurídicos e a educação que elas promovem. Ao final, conclui-se que a educação jurídica 
precisa de transformações efetivas, sendo que as escolas de aperfeiçoamento são 
importantes ferramentas para essas necessárias mudanças. 
 
Palavras-chave:Educação jurídica. Escolas jurídicas de aperfeiçoamento. Ensino Superior. 
Qualidade. Transformação. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Inicialmente, esclarece-se que o termo ‘escolas jurídicas de aperfeiçoamento’ é 
utilizado para se referir às escolas de aperfeiçoamento existentes em diversas instituições 
naárea do Direito, como as Escolas Superiores de Aperfeiçoamento da Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB), as diversas escolas da Magistratura, do Ministério Público, 
da Defensoria Pública, entre tantas outras. Optou-se por não denominá-las de Escolas de 
Direito justamente porque essa expressão costuma ser utilizada pelas faculdades de Direito. 
Entretanto, porque abordar esse tema se as referidas escolas possuem nichos de 
atuação tão específicos? Qual o papel das escolas de aperfeiçoamento para a educação 
jurídica? Essas questões são instigantes e perpassarão o presente artigo, que visa 
justamente refletir sobre a educação jurídica brasileira, além de apresentar proposições 
factíveis que possam ampliar o debate e contribuir para a necessária e desejada 
transformação da educação jurídica e, consequentemente, do próprio sistema de justiça 
brasileiro. 
 
1 Doutor em Educação UFRGS. Mestre em Direito PUCRS. Especialista em Direito UFRGS. Membro da 
Comissão de Educação Jurídica e da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB/RS. Diretor da 
Revista Eletrônica da ESA-OAB/RS. Editor Executivo da área de Ciências Humanas da Revista Eletrônica 
Científica da UERGS. Membro consultor da Comissão Nacional de Educação Jurídica da OAB. Professor e 
Advogado. 
30 
 
 
2 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA 
A educação jurídica brasileira não vai bem. Aliás, nunca esteve bem. 
Constantemente, utiliza-se a expressão “crise” para se referir ao contexto da educação 
jurídica brasileira. Nesse sentido, cita-se Isadora Lazaretti e Giovanni Olsson (2019, p. 90): 
 
A partir do presente estudo foi possível verificar que hoje, se instaura uma grave 
crise na educação jurídica brasileira. Manifestada pelo elevado número de cursos 
de graduação em Direito aprovados nos últimos anos, pelos índices preocupantes 
apontados nas pesquisas quanto ao número cada vez mais crescente de 
reprovados no Exame de Ordem, e, ainda, pela quantidade de profissionais 
formados em Direito que estão desempregados ou que optaram por se inserir no 
mercado de trabalho em área não-jurídica, a investigação dessa temática 
apresenta-se relevante e incitante diante da trágica realidade que se verifica 
atualmente no Brasil. 
 
De fato, é incontroverso que existe um número gigantesco de faculdades de 
Direito2, uma quantidade absurda de estudantes matriculados em cursos jurídicos3, que os 
resultados doExame da OAB, que ocorrem três vezes anos ano, revelam taxas de 
aprovação preocupantes4 e que considerável parcela dos bacharéis em Direito sequer 
consegue se estabelecer no mercado profissional dentre dos diversos ramos jurídicos. 
Portanto, os dados são estarrecedores e revelam um quadro muito preocupante, o qual 
impacta diretamente na cidadania, já que são estes os operadores do Direito que atuarão na 
administração da justiça. 
Porém, a grande pergunta é: quando o ensino brasileiro não esteve em crise? Ou: 
quando esteve bem a educação jurídica brasileira? Tenho sustentado5 que, a já tão usual 
expressão “crise” da educação jurídica, não é uma crise em si, mas sim um projeto que já 
 
2De acordo com a última Sinopse Estatística da Educação Superior publicada pelo INEP, referente ao ano de 
2018, existem 1.303 cursos de Direito no Brasil. Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-
estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em 08 jun. 2020. Entretanto, considerando a autorização de 
abertura de novos cursos, processo que sequer foi interrompido durante a pandemia, acredita-se que o Brasil, 
atualmente, já conte com mais de 1.500 faculdades de Direito. 
3A mesma publicação do INEP, Sinopse Estatística da Educação Superior, referente ao ano de 2018, aponta 
863.101 matriculados em cursos de Direito num universo de 8.450.755 alunos matriculados na educação 
superior, ou seja, os alunos de Direito representam 10,2% do total. Disponível em 
http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em 08 jun. 2020. 
4Conforme a publicação “Exame da Ordem em Números, Vol. IV”, elaborado pela FGV, que analisa os 
resultados do Exame da OAB entre 2010 e 2020, a taxa média de aprovação por prova é de apenas 18,7%, 
destacando-se que há uma média de 126.999 inscritos por edição do Exame. Disponível em 
https://examedeordem.oab.org.br/pdf/exame-de-ordem-em-numeros-IV.pdf. Acesso em 08 jun. 2020. 
5“Concorda-se com a doutrina que a educação jurídica precisa de mudanças, porém, não a partir da 
constatação de uma crise como geralmente ocorre, mas sim a partir da constatação da inadequação da 
educação jurídica para a realidade brasileira, problema que é histórico e constante.” (PETRY, 2019, p. 139)http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior
http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior
http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior
31 
 
dura quase 200 anos, ou seja, remonta ao ano de 1827 quando da criação dos primeiros 
cursos jurídicos no Brasil. 
Obviamente, as características dos cursos, assim como dos estudantes e da 
sociedade, alteraram-se muito nesse período, não obstante, a característica em comum é 
que essa educação nunca foi adequada e sequer contribuiu de forma efetiva para o 
desenvolvimento da justiça no Brasil, país marcado por desigualdades. 
Se antes o ensino foi marcado por um elitismo (acessível a poucos) e desconectado 
da realidade (características que foram se atenuando ao longo da história, mas que 
perduraram fortemente, pelo menos, até a década de 1980), atualmente, o país possui uma 
expansão da rede de faculdades de direito (o que ocorreu, principalmente, pelo avanço das 
faculdades privadas), as quais ficaram acessíveis, recentemente, a uma grande parte dos 
alunos (tanto é que os estudantes de Direito representam a maior categoria de estudantes 
dentre todos os cursos universitários, representando cerca de 10%), porém, com um ensino 
marcado pela simplificação e pela reprodução de metodologias6, leis e ideias. 
É claro que existem boas faculdades de Direito no Brasil, as quais são reconhecidas 
nacionalmente e, até, internacionalmente7. Porém, são exceções diante deste quadro. 
Crise remonta a algo passageiro, a qual tende a ser superada, inclusive, com a 
possibilidade de se retomar a situação anterior. No entanto, será que todos os juristas que 
alegama crise da educação jurídica brasileira gostariam que retomássemos alguma situação 
anterior? Provavelmente, não. O que todos desejam são mudanças transformadoras na 
educação jurídica brasileira, que signifiquem novos paradigmas e rumos diferentes. 
Aliás, sobre a retórica da crise, ainda que não se referindo sobre a educação 
jurídica, mas sim sobre a terrível situação da pandemia, manifestou-se Boaventura de 
Sousa Santos (2020, p. 5) da seguinte forma: 
 
 
6 E para que não se argumente que o curso de Direito é ‘tradicional’ e, por isso, não poderia ser inovado, 
principalmente no que tange às metodologias de ensino e pesquisa, destaca-se o recente artigo de quatro 
professoras que apontaram 80 ideias inovadoras e criativas para o ensino do Direito (GARRETSON; 
KRAUSE-PHELAN; SIEGEL; THELEN, 2018, p. 33). 
7Destaca-se que as universidades brasileiras possuem pouco prestígio internacional e, consequentemente, as 
faculdades de Direito brasileiras também. É difícil definir um ranking e estabelecer critérios de avaliação 
universais para todas as instituições de ensino. Ainda assim, existem alguns rankings, sendo que, dentre eles, 
cita-se, exemplificativamente, o QS World University Rankings, o qual em 2020, aponta como a melhor 
universidade brasileira a USP, que está na posição 116 (atrás, por exemplo, da UBA da Argentina, que está 
em 74, e da UNAM do México, que está em 103). A segunda melhor universidade brasileira é a UNICAMP, 
que ocupa a posição 214. Disponível em https://www.topuniversities.com/university-rankings/world-
university-rankings/2020. Acesso em 08 jun. 2020. 
https://www.topuniversities.com/university-rankings/world-university-rankings/2020
https://www.topuniversities.com/university-rankings/world-university-rankings/2020
32 
 
Por um lado, a ideia de crise permanente é um oximoro, já que, no sentido 
etimológico, a crise é, por natureza, excepcional e passageira, e constitui a 
oportunidade para ser superada e dar origem a um melhor estado de coisas. Por 
outro lado, quando a crise é passageira, ela deve ser explicada pelos factores que 
a provocam. Mas quando se torna permanente, a crise transforma-se na causa 
que explica tudo o resto. Por exemplo, a crise financeira permanente é utilizada 
para explicar os cortes nas políticas sociais (saúde, educação, previdência social) 
ou a degradação dos salários. E assim obsta a que se pergunte pelas verdadeiras 
causas da crise. O objectivo da crisepermanente é não ser resolvida. 
 
Logo, não pode existir uma crise permanente na educação jurídica, pois, se assim 
for, ela não será resolvida. O que precisa ser admitido é que não vivemos uma crise (algo 
temporário), mas sim uma realidade que sempre foi deficitária, problemática e com 
consequências graves. De tal modo, a posição adotada é que não vivenciamos 
propriamente uma crise, mas sim um contexto negativo, o qual teve peculiaridades ao 
longo da sua trajetória, mas jamais deixou de ser negativo. Além disso, outra posição é que 
esse contexto negativo não pode ser atribuído simplesmente ao elevado número de cursos 
jurídicos, pois, mais educação não é algo negativo (ainda mais no caso do Brasil, que 
possui taxas de concluintes de cursos superiores pífias se comparadas com outros países da 
própria América Latina8). O grande problema é a qualidade da educação jurídica, a qual é 
abaixo do aceitável. 
O interessante é que, no que tange ao marco legal dos cursos jurídicos, possuímos 
uma legislação que permite que as faculdades de Direito tenham cursos promissores e de 
elevada qualidade. Aliás, o próprio Boaventura de Sousa Santos, ainda em 2011, ao se 
referir sobre as diretrizes dos cursos de Direito, assim se posicionou (2011, p. 92): 
 
A questão que fica em aberto, no entanto, é por que, apesar de todas essas 
oportunidades, as escolas de direito no Brasil permanecem incapazes de dar o 
salto necessário para um modelo educacional socialmente mais comprometido e 
epistemologicamente mais sofisticado. 
 
 
8Considerando apenas pessoas entre 25 e 34 anos, segundo relatório de 2019 com dados referentes ao ano de 
2018, somente 21% de brasileiros concluíram o ensino superior, enquanto no México 23%, Costa Risca 28%, 
Colômbia 29%, Chile 34% e Argentina 40%. Os dados da pesquisa são da Education at a Glance (EAG), que 
é uma publicação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que reúne 
estatísticas educacionais do Brasil e mais de 40 países, no âmbito do Programa de Indicadores dos Sistemas 
Educacionais (INES). É divulgada anualmente, com objetivo de oferecer uma visão geral dos sistemas 
educacionais dos países participantes, possibilitando a comparação internacional. Publicação disponível no 
site do INEP: http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/eag/documentos/2019/ 
EAG_2019_OCDE.pdf. Acesso em 08 jun. 2020. 
http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/eag/documentos/2019/
33 
 
Atualmente, o Brasil possui adequadas diretrizes curriculares9 para os seus cursos 
de Direito, as quais foram estabelecidas pela Resolução CNE/CES nº 5 de 17 de dezembro 
de 2018. No entanto, a simples implementação de diretrizes não é o suficiente para elevar o 
nível da educação, pois, como referem Adriana Ancona de Faria e Stephane Lima (2019, p. 
22) “o caráter inovador da resolução, assim sendo, depende, em ampla medida, de as 
instituições desejarem implementá-las, o que já deveria ter acontecido desde a Resolução 
de 2004, muito embora essa não tenha surtido o efeito esperado”. 
Portanto, a situação da educação jurídica brasileira é alarmante, mas esse cenário é 
atenuado em parte pelas diversas escolas jurídicas de aperfeiçoamento, as quais são 
essenciais para a elevação do nível da cultura jurídica brasileira. 
 
3 AS ESCOLAS JURÍDICAS DE APERFEIÇOAMENTO 
 
As diversas escolas jurídicas de aperfeiçoamento, ou profissionalizantes, na área do 
Direito, espalhadas por todo o Brasil, em linhas gerais, não surgiram para enfrentar o 
problema da educação jurídica deficitária no Brasil, mas sim para aperfeiçoarem suas 
respectivas classes de profissionais.Isso porque, como refere Boaventura de Sousa Santos (2011, p. 95) “a formação da 
faculdade é uma formação genérica, deve ser complementada com formações 
especializadas”. É claro que aos bacharéis é permitida a complementação de seus estudos 
em cursos de pós-graduação. No entanto, o requisito para atuar nas diversas profissões 
jurídicas, geralmente, é ser bacharel em Direito e obter aprovação em provas, seja no 
Exame da OAB para quem deseja a advocacia, seja em concursos públicos para as diversas 
carreiras, como exemplificativamente, juiz, promotor, defensor público, procurador de 
Estados e municípios, entre várias outras. 
Considerando que as faculdadesentregam para o mercado bacharéis com formação 
generalista, a formação específica para cada uma dessas carreiras acabou sendo atribuição 
da própria classe já existente, surgindo assim diversas escolas de formação. São exemplos 
mais conhecidos as escolas de advocacias e de juízes. 
 
9 Com isso não se está afirmando que as diretrizes curriculares não são passíveis de críticas, até porque as 
mesmas poderiam ser melhores. Entretanto, é inegável que as diretrizes foram aperfeiçoadas em relação às 
anteriores e que trazem um adequado marco regulatório que permite e induz os cursos a elevarem a qualidade 
da educação e de suas práticas. 
34 
 
Após a realização de pesquisa sobre a realidade dessas escolas, constatou-se que 
existem, ao menos, 150 escolas de aperfeiçoamento na área do Direito no Brasil. 
Apresenta-se a relação das principais redes das referidas escolas10 (as que mais apresentam 
escolas): 
- 27 Escolas de Advocacia estaduais e uma nacional vinculada à OAB; 
- 27 Escolas estaduais de magistratura; 
- 24 Escolas ligadas aos TRT’s e uma nacional ao TST; 
- 19 Escolas Estaduais dos Ministérios Públicos; 
- 18 Escolas de Defensorias Públicas Estaduais; 
- 8 Escolas de Procuradorias Gerais dos Estados; e 
- 5 Escolas dos TRF’s e 3 de Magistratura Federal (RS, SC e PR). 
 
Além disso, no âmbito federal ainda existem as seguintes escolas: Escola da 
Advocacia Geral da União (AGU), Escola Superior do Ministério Público da União 
(ESMPU), Escola Superior da Defensoria Pública da União (ESDPU), Escola Nacional de 
Delegados da Polícia Federal (EADELTA), Escola Judiciária Eleitoral (EJE) e a Escola 
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União 
(ENAJUM). 
Alguns municípios também possuem procuradorias com escolas, como é o caso, 
por exemplo, da Procuradoria Geral do Município de Porto Alegre/RS que criou a Escola 
Superior de Direito Municipal (ESDM)11. 
Também existem escolas estaduais ligadas aos PROCON’s (como em São Paulo e 
no Rio Grande do Sul), bem como a Escola Superior de Defesa do Consumidor (ligada à 
SENACON/Ministério da Justiça e Segurança Pública). 
Outras instituições não possuem escolas propriamente ditas (e, por isso, não foram 
contabilizadas neste levantamento), porém, possuem centro de estudos, os quais se 
assemelham em muito às escolas ora pesquisadas. Também existem instituições que se 
 
10 A pesquisa realizada foi através de consulta pela internet, ou seja, buscou-se em cada uma das instituições 
apontadas a referência à escola. Quando a escola era facilmente identificada, o dado foi contabilizado. Em 
alguns casos, existia referência à escola, mas não se identificou, por exemplo, site institucional ou sede da 
escola. Nestes casos, os dados não foram considerados. Logo, existe a possibilidade de escolas formais 
existirem, mas não terem sido localizadas nessa pesquisa, a qual não visa definir o número exato de escolas 
de aperfeiçoamento, mas apresentar uma noção de quantas escolas podemexistir. 
11 Disponível em http://www.esdm.com.br. Acesso em 03 jun. 2020. 
http://www.esdm.com.br/
35 
 
assemelham muito às escolas, mas apenas não possuem a terminologia “escola”, como é o 
caso, por exemplo, da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP)12. 
Deve-se registar que os governos também possuem escolas, ainda que estas tenham 
um leque mais geral de cursos, mas é notável uma quantidade grande de cursos da área do 
Direito (estas escolas não foram consideradas para a presente pesquisa, já que não possuem 
o foco principal no Direito). Exemplo maior é a Escola Virtual.Gov do governo federal, 
que é identificada como o “portal único de Governo para a oferta de capacitação a 
distância”13. 
Logo, apontar com precisão o número de escolas jurídicas de aperfeiçoamento é 
tarefa muito difícil (seria necessário pesquisar em todos os municípios) e verificar com 
cada instituição se de fato a escola existe, mas, pelos critérios utilizados, pode-se afirmar 
com segurança que existem pelo menos 150 escolas deste tipo no Brasil. Se o nosso país é 
usualmente indicado como o que mais possui faculdades de Direito, então, provavelmente, 
também deve ser o que mais possui escolas de aperfeiçoamento, pois o número apontado é 
impressionante. 
Nitidamente, as escolas mais tradicionais e organizadas são as da magistratura, 
seguidas pelas escolas de advocacia. Essas já possuem um histórico mais longo, bem como 
estruturas mais robustas. Depois, aparecem as escolas ligadas aos Ministérios Públicos 
estaduais, que estão presente na maioria dos Estados. As escolas de Defensoria Pública 
também estão presentes em grande quantidade nos Estados, mas fica claro que o 
surgimento destas escolas ainda é um fenômeno recente14. Já as Procuradorias de Justiça 
dos Estados possuem poucas escolas, não obstante, também se constata que a tendência é 
que mais escolas sejam criadas no âmbito das procuradorias15. Logo, o surgimento de 
escolas de aperfeiçoamento não é um processo finalizado, pelo contrário, ainda está em 
expansão, seja na abertura de escolas, seja nos investimentos para as mesmas. 
O interessante é que essas escolas surgem, inicialmente, focadasem aperfeiçoar seus 
profissionais, ou seja, são voltadas para uma categoria restrita, não sendo abertas ao 
 
12 A AASP (https://www.aasp.org.br) assemelha-se muito às ESA’s, tanto é que atua em parceria com elas. 
13 Disponível em https://www.escolavirtual.gov.br/. Acesso em 04 jun. 2020. 
14 Nesse sentido, cita-se notícia da Defensoria Pública do Estado de Roraima, que está tentando criar a sua 
escola, tanto é que traz a seguinte notícia no seu site: “Em Roraima Escola Superior da Defensoria pode virar 
realidade em 2020”. Disponível em http://www.defensoria.rr.def.br/comunicação/noticias/2708-em-roraima-
escola-superior-da-defensoria-pode-virar-realidade-em-2020. Acesso em 02 jun. 2020. 
15 Exemplificativamente, cita-se o caso da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, a qual teve a 
escola criada em recente Decreto de 02/08/2019 pelo Governador. Notícia de 05/08/2019 disponível em: 
https://www.pge.rs.gov.br/governador-eduardo-leite-assina-decreto-que-cria-a-escola-superior-de-advocacia-
de-estado-da-pge-rs. Acesso em 02 jun. 2020. 
36 
 
público em geral. Numa segunda fase, muitas delas passam a realizar cursos preparatórios 
paras suas carreiras, notadamente, as escolas de magistraturas. Numa última fase, a mais 
recente, as escolas ampliam as suas atividades, passando a realizar cursos e eventos, os 
quais, agora, também passam a ser destinados ao grande público. Também geram 
publicações (como revistas e livros). É claro que nem todas possuem as mesmas 
características, porém, ainda assim, essa tendência de expansão de atividades é 
característica presente em praticamente todas as escolas de aperfeiçoamento na área do 
Direito. 
Existeaté exemplo de escola profissionalizante que não se limitou a fazer cursos de 
formação para a sua classe (fase 1), cursos para concursos e eventos (fase 2) e cursos e 
eventos para o público em geral (fase 3), tornando-se efetivamente

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