Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
V I A G E M F I L O S Ó F I C A Uma Editora para todos! Conjunto Nacional, cjs. 2113, 2114 e 2115, Avenida Paulista 2073, Edifício Horsa 1, CEP 01311-300 São Paulo, Brasil Rua de Cascais, 57, Alcântara – 1300-260 Lisboa, Portugal Todos os direitos estão reservados e protegidos por lei. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da Chiado Books, poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma. Obra disponível para venda corporativa e/ou personalizada. Para mais informações contacte: comercial@chiadobooks.com Para informações sobre envio de originais contacte: originais@chiadobooks.com www.chiadobooks.com © 2021, Gilberto Abrantes e Chiado Books E-mail: geral@chiadobooks.com Título: Sorrisos da Alma - Construindo a sua melhor versão Editor: Andréa Albuquerque Coordenador Editorial: Vasco Duarte Capa: Vasco Duarte Composição Gráfi ca: Nuno Kabu Revisão: Gilberto Abrantes 1.ª Edição: Janeiro, 2021 ISBN: XXX | Depósito Legal n.º XXX Impressão e acabamento: Atlântico Print PORTUGAL | BRASIL | ANGOLA | CABO VERDE GiLBerTo ABrANTes sorrisos DA ALmA CoNsTrUiNDo A sUA meLHor VersÃo Vivemos sempre tentando ser fortes, sempre tentan- do pintar um sorriso em nosso rosto para mostrar a todo mundo que está tudo bem. Conseguimos até enganar aos outros, mas nunca a nós mesmos. Ao longo da vida, as perdas e as dores nos transfor- mam! Mas é a nossa compreensão e a visão que temos do mundo e de nós mesmos que fazem essas transformações serem positivas ou não para o nosso ser em construção. Amando a si próprio, você irá compreender cada vez mais as suas necessidades e limites para ser feliz e saberá permitir que as coisas e pessoas certas cheguem até você, assim como também saberá dizer não ao que compromete o sorriso da sua alma. Saberá também o que vale a pena ser buscado para sua vida e quais caminhos percorrer para encontrar a sua verdadeira felicidade. Dedicado aos meus pais, meus maiores exemplos de força e perseverança. E às minhas irmãs, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e vibrando positividade em cada escolha feita por mim. Sumário O SORRISO – A JANELA DA ALMA..................................11 SORRISOS EM DIAS ANSIOSOS .......................................21 SORRISOS APÓS O LUTO ..................................................35 SORRISOS APÓS O TRAUMA ...........................................49 SORRISOS EM MEIO AO MEDO .......................................63 SORRISOS COM GRATIDÃO .............................................77 SORRISOS NA PROVAÇÃO ...............................................93 SORRISOS COM FÉ ...........................................................107 SORRINDO PARA O MEU “EU” ......................................121 SORRINDO PARA MINHA MELHOR VERSÃO .............135 11 CAPÍTULO 1 O SORRISO – A JANELA DA ALMA Por alguns anos tenho lidado todos os dias com pessoas que buscam um sorriso mais bonito e mais harmônico ou até mesmo buscam “voltar a sorrir”. Poder proporcionar a elas isso, além de ter se tornado uma grande paixão minha, tem sido motivo de profunda reflexão. O sorriso, quando visto de uma forma mais profunda, é bem mais que uma simples expressão da face. Mesmo se tentarmos demonstrar uma vida repleta de sorrisos, nada adianta se a nossa alma não estiver em um verdadeiro estado de alegria e bem-estar, pois assim o nosso sorriso pode fazer bem a todo mundo ao nosso re- dor, mas não a nós mesmos. Ele vai nos causar dor, como uma ferida aberta, toda vez que nos dermos conta que não sorrimos por vontade própria, mas sim para agradar aos outros e alimentar, dessa forma, a expectativa que criam de nossa vida. Muitos veem o sorriso como um remédio para curar suas feridas e suas expectativas frustradas e, então deci- 12 gilberto abrantes dem compensar a bagunça “da casa” com uma linda jane- la aberta, pois uma casa fechada chama mais atenção dos curiosos do que uma casa aparentemente normal, como as outras. Uma pessoa retraída e até mesmo cabisbaixa tem mais chances de tornar-se alvo da curiosidade alheia do que a que sorri e aparenta estar feliz e “normal”. Por isso, muitas vezes, é mais fácil forçar um sorriso e fingir que está tudo bem, pois nem sempre você está em condições de dar explicações! 13 sorrisos da alma A sua vida não é um julgamento, você não precisa de- por o tempo inteiro, chega de buscar explicações para tudo que tem acontecido, isso cansa muito. Pegue leve com você! Viva um dia de cada vez! Você pode estar as- sumindo um papel de juiz na sua própria vida, e com isso você se culpa, se condena e impõe a si mesmo uma pena muito cruel: a de viver a vida inteira se martirizando. Esse martírio lhe enche de trincas na alma, de angústias, e isso pode levar ao seu desmoronamento. Vamos evitar isso! Vamos lá! Uma casa que tem sua fachada sempre limpa e renova- da, mas o seu interior jogado aos trapos, uma hora des- morona por inteira e quem a via de longe, de fora, vai se perguntar como aquilo aconteceu! Como a casa que esta- va sempre íntegra pôde ter aquele fim repentino e trágico? Quando comparamos a casa com a sua alma não é muito diferente. Você desmorona e ninguém entende, afinal, só você conhece as goteiras, as paredes quebradas e os pila- res destruídos. Na maioria das vezes não entendemos os desfechos que surgem nas histórias que vivemos quando eles não nutrem as expectativas que criamos e quase sempre esses finais são aqueles sem “felizes para sempre”. Não faz sentido ver, por exemplo, uma jarra novinha quebrar-se de uma hora para outra, sem uma pancada sequer. 14 gilberto abrantes Não encontramos sentido para muitas coisas quando só reparamos no seu exterior! A jarra, por parecer resistente, era levada a suportar uma temperatura alta demais para sua estrutura. A jarra é uma metáfora sobre sua vida, sobre VOCÊ! Você pode estar guardando algo em seu interior que abale a sua estrutura bem mais do que você possa imaginar, e que esteja prestes a lhe “quebrar” por inteiro a qualquer momento. Quantas vezes você já ouviu alguém falar: “― Ah você vai superar, você é forte! ― Você sempre consegue, vai conseguir novamente!” Muitas vezes, né? Poucos perguntam na mesma ocasião: “― Você está bem? Precisa de alguma ajuda?” Escuta só, você é humano e nem sempre vai estar pron- to para enfrentar algumas situações sozinho, mesmo que já tenha vivido algo parecido. Não pegue tão pesado con- sigo mesmo. Sabe aquele ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”? Ele cai bem nesta nossa conversa. A situação em que você está vivendo, por mais que possa ser rotineira, pode vir a abalar a sua estrutura de uma forma irreparável, assim como aconteceu com a jarra. A sua for- ça não deve ser julgada pela sua aparência, nem por um sorriso que você carrega consigo. O seu limite pode estar próximo de esgotar-se! 15 sorrisos da alma Não deixe que lhe imponham os limites das suas forças, pois só você sabe de verdade quando a “corda” está arre- bentando. E quando isso acontece, poucos estarão do seu lado para tentar te reerguer, mas sim para julgar os “N” motivos do seu colapso, e isso é o que menos lhe impor- tará neste momento. Você só quer que tudo isso acabe e que fique bem! Você tem sorrido como um reflexo do que há dentro de você ou vem tentando usar o sorriso como curativo para as feridas da sua alma? Você pode até trocar as janelas da sua casa para mostrar à vizinhança que está tudo bem, mas não vai conseguir enganar a si mesmo, pois é você quem mora ali e sabe o que se passa lá dentro! É você quem vai sustentar os pilares se eles estiverem prestes a desabar. E por quanto tempo você vai suportar? Por quanto tem- po vai valer a pena levar nas costas um peso tão grande? A nossa cura acontece de dentro para fora. A reforma da nossa casa começa de dentro dela, e não importa se duran- te este período seja preciso ficar com a fachada apagada.Não temos que viver provando que estamos bem, que está tudo bem quando, na verdade, não está. Muitas vezes iremos precisar de um tempo só nosso e que não diz res- peito a ninguém. Precisamos viver esse período de “tré- gua” com nós mesmos. Um período de reforma, de botar as coisas no lugar, para que um dia possamos voltar ver- dadeiramente a sorrir. 16 gilberto abrantes Reflita comigo: “De que forma o sorriso pode ser visto como um remédio para a alma?” Já lhe adianto que isso não vai acontecer caso ele seja doado aos outros como tentativa de provar, de forma mentirosa, que estamos bem, mas sim, doado a nós mesmos como uma chance nova para enxergar o lado bom de tudo que acontece em nossa vida e assim encarar os problemas de uma maneira 17 sorrisos da alma mais leve e menos exaustiva. Dessa forma você está dan- do um salto positivo frente a caminhada para a cura do que deprime e perturba a sua alma. Tentar enxergar a vida de uma forma positiva traz inú- meros benefícios para nossa alma. Acredito muito que na vida há uma “lei do retorno”, onde a gente recebe o que doa, nem que seja pelo menos uma parte do que é doado ou quem sabe até o dobro ou até mesmo o triplo disso. Quando você encara os obstáculos tentando enxergar mo- tivos para sorrir, o universo vai retribuir este seu sorriso com coisas que perduram a felicidade! Então seja otimista e sorria muito para a vida, pois se você receber de volta pelo menos metade dos sorrisos doados, ainda será o bas- tante para fazer a sua vida mais feliz. Além de remédio, o sorriso também pode ser o reflexo de como a sua alma se encontra. Se você tenta fingir para si mesmo uma “falsa felicidade”, uma hora isso vai se tornar mais pesado do que encarar aquele problema que já tira a sua paz e lhe bloqueia de seguir adiante rumo às suas conquistas espirituais, sendo elas, por exemplo, a sua paz interior, a felicidade plena e o equilíbrio. O fardo assim fica pesado demais. Você não precisa disso! Mascarar a tristeza com um sorriso é como estar ves- tindo uma “roupa bonita”, mas que não combina com a ocasião em que estamos vivendo. Isso maltrata o nosso interior e sinais que eram vistos apenas na alma podem 18 gilberto abrantes passar a ser físicos, podendo levar ao nosso desmorona- mento, como lá na casa de janelas bonitas, que desmoro- nou por inteira. Tudo que você quer e necessita em determinados mo- mentos é de um tempo para si mesmo. Tempo este para recolher-se do mundo lá fora e se encontrar no íntimo de sua alma, mapear as goteiras em seu teto, e tentar conser- tá-las. Você merece viver bem consigo mesmo, sem car- regar o peso de ser forte o tempo todo para que o mundo tenha essa imagem positiva de ti. Até mesmo o sol se recolhe em alguns dias. Pois é, em alguns momentos aquela imensa esfera de fogo se rende ao frio e às nuvens escuras. E isso não faz dela menor ou menos importante, e assim é você! Você não precisa pin- tar em sua “fachada” aquilo que não condiz com a situa- ção do interior da casa, ou seja, você só precisa ser você mesmo! A partir do momento em que você enxerga o sorriso não mais como uma máscara, mas sim como o primeiro passo para construir um novo caminho, é iniciado um pro- cesso de evolução da sua própria alma. Você está mudan- do a perspectiva da sua vida para melhor. Está apostando em si, pois este sorriso já não é mais para os outros, mas sim PARA VOCÊ! Em uma plantação obviamente colhemos o que planta- mos e, da mesma forma, isso acontece com você! Chegou 19 sorrisos da alma o momento de semear em sua alma somente coisas boas, para assim ter uma colheita produtiva. Neste momento o sorriso representa otimismo e vibrações positivas. Você pode usar e abusar dele! 20 gilberto abrantes Acho que agora você já pode abrir suas janelas, esta- mos fazendo uma grande reforma aqui dentro da sua casa. Você já consegue perceber algumas goteiras, já tirou um tempo para consertá-las sem se preocupar com o julga- mento dos que lhe rodeiam. Agora iniciou o plantio da prosperidade em sua alma e isso vai trazer muitas conse- quências positivas para a sua vida. Você passa a entender que diante de todas as tempesta- des, você não precisa manter-se em pé pelos outros, mas sim por você! E quando cansar, você pode recolher-se e esperar esse tempo ruim passar, sem forçar a barra. Você é humano, não adianta carregar tanto peso nas costas. 21 CAPÍTULO 2 SORRISOS EM DIAS ANSIOSOS Há dias em que o sorriso é leve e espontâneo, deixando transparecer a paz que habita em nossa alma. Tudo parece ter um fardo menor e isso descentraliza a importância que damos aos problemas em nossas vidas. Noutros, parece que o mundo está prestes a desabar e que você não vai conseguir se livrar dos escombros. Você está exausto e já não sabe como sair dessa si- tuação. Não adianta forçar a barra, pois é um dia difícil. Nestes dias, você só precisa de tempo. Sim, tempo para descansar e esperar o coração desacelerar, voltar a sentir as pontas dos seus dedos, que por uns minutos ficaram dormentes e frios. Tempo para entender o turbilhão de sensações que passam por seu corpo, inclusive o estranho pressentimento de que você irá morrer. Nesses dias nublados, você vai ver que não é preciso o sol aparecer para fazer você tomar um banho com seu próprio suor. Sim, dias ansiosos são difíceis, mas trazem muitas lições consigo. Você pode sair deles mais maduro 22 gilberto abrantes e conhecedor do seu próprio “eu”. No fim da tempestade você vai sorrir e dizer aliviado “― Ufa, passou!” Você tem cuidado de todo mundo ao seu redor, tem se doado por inteiro, tem evitado machucar quem você ama, e acabou esquecendo da pessoa que mais merece atenção e cuidado: VOCÊ! 23 sorrisos da alma Como você pode amar ao próximo e não a si mesmo, a ponto de esquecer dos seus próprios limites? Talvez você esteja se cobrando demais! Você não precisa ser o melhor funcionário, o melhor filho, o melhor colega, a melhor esposa, todos os dias! A sua alma parece aflita com a so- brecarga que você tem colocado sobre ela! O que te deixa ansioso? Seria o medo de fracassar, de não ser bom o suficiente? Ou o futuro duvidoso, incerto? O pessimismo, talvez? Vamos refletir sobre isso! A autocobrança é uma máquina de tornar pessoas an- siosas, pessoas que se frustram a todo instante e que des- carregam em si mesmo a culpa de não “ter feito o me- lhor”, exigindo mais e mais de sua mente e de seu corpo, trazendo prejuízos acumulativos para a alma. É preciso se enxergar como um ser imperfeito e se perdoar por cada falha. Sim, cada falha, pois nós somos falhos, somos hu- manos e estamos prestes a errar a qualquer instante. Entenda, não estou lhe incentivando a fazer o que é “er- rado”, mas sim aceitar os erros, sem martirizar a sua alma jogando tanta culpa em si mesmo. O segredo é aprender com seus erros e tentar melhorar sempre, tendo em vis- ta que somos frutos de um longo processo, não adianta querer pular etapas. É como um jogador de tabuleiro, que volta casas a todo instante, e que no final torna-se o ven- cedor! Sim, “voltar casas” é preciso! Chegamos em momentos da vida em que fica difícil assimilar tudo que está acontecendo ao nosso redor, per- 24 gilberto abrantes demos um pouco o ritmo da caminhada. Pedir um tempo não é vergonhoso, não é crime! Crime seria você torturar a sua alma para que ela persista, quando seus pés já não suportam a caminhada. No jogo de tabuleiro, devemos entender que o percurso consiste em idas e voltas, e a diferença entre o jogador e o vencedor está em aprender com cada uma dessas voltas. “Voltar casas” não faz da gente menor ou menos capaz. Na vida, o jogador que avança todas as casas sem voltar nenhuma delas, nem sempre sai do jogo como vencedor! Não se trata de uma disputa de quem “vive primeiro” de- terminada coisa, mas sim quem vive o que tem que ser vivido no tempo certo. Não adianta comparar-se ao seu vizinho, pois cada pes-soa vive uma realidade diferente e isso exige um tempo diferente para cada coisa a ser vivida. Em uma competi- ção em que o resultado dá empate sempre vai ter no pó- dio, mesmo sem degraus, uma pessoa que aprendeu mais, que agregou mais valor a si e que evoluiu mais, em re- lação à outra. Fisicamente ambos ganharam o jogo, mas espiritualmente alguém ganhou bem mais. Todos passam por provações. É normal! A partir do momento que você passa por provas e não retira delas nenhum aprendizado, aí sim já não é normal. Dessa forma você não está agindo com sabedoria, consequentemente 25 sorrisos da alma não haverá evolução alguma no seu processo de cresci- mento pessoal ou até mesmo espiritual. Imagine-se em um mar calmo, sereno, em um dia en- solarado, tudo aparentemente perfeito, e você não sabe nadar, mas tem certeza que está em um lugar seguro, por conseguir tocar o chão. E você caminha mais um pouco, e se afoga por desconhecer a imensidão do mar e a profun- didade escondida pelo verde de suas águas. Você tem uma nova chance e as ondas te salvam, lhe empurrando para onde consiga sentir a areia novamente. Você, ao sair dessa situação, tem vários caminhos até voltar ao mar novamente! O primeiro deles é voltar ao mar e não se aproximar daquela região onde tudo aconte- ceu. O segundo é recuar um tempo, aprender a nadar e só depois voltar ao mar, somando a isso o conhecimento que você tem sobre aquela região mais profunda e certamente perigosa. E o terceiro é não se importar com o que acon- teceu e voltar ao mar sem escrúpulos. Às vezes é preciso “perder” um pouco de tempo se pre- parando, do que voltar de cara ao mesmo cenário do erro cometido. Você é falho e pode voltar a errar novamente, então preparar-se é sempre a melhor saída! É esse o pro- pósito das quedas e deslizes que sofremos: o aprendizado! A insistência no mesmo erro pode trazer traumas irrepará- veis para sua alma e você pode nem se dar conta disso de início, e só lá na frente você vai entender o desgaste que 26 gilberto abrantes tudo isso lhe causou. As feridas mais difíceis de cicatrizar não são as da pele, mas sim as da alma. A opção de esquivar-se do problema não é a solução, pois em outras ocasiões você pode ser levado novamente “às profundezas do oceano” e não saberá lidar com isso. Então, se esconder do problema não é a melhor saída, pois isso te limita e te diminui diante do mar de circunstâncias que você está prestes a “mergulhar”. Esconder-se ou desviar do problema não faz dele me- nor ou vencido, mas o transforma em uma ferida crôni- ca na sua alma e que pode vir a arrebentar sempre que a “água salgada do mar lhe tocar”, ou seja, sempre que se aproximar de algo que tenha alguma ligação/ relação com aquele problema. Continuando com as opções de resolução do problema proposto, temos a opção de não se importar e “voltar ao mar”, ou seja, enfrentar sem preparo algum, mais uma vez, o problema. Será que você sairá dessa? Quando o assunto é o seu bem-estar, você não deve confiar somente na sorte, é necessário preparar a sua alma e a sua mente para enfrentar os problemas. Não adianta agir pela emoção. Errar pela primeira vez ainda nos faz humanos, mas persistir no erro, sem preparo ou evolução alguma, já lhe tira a possibilidade de ser sábio. Um problema, quando mal resolvido/compreendido, pode trazer prejuízos para a sua vida inteira. Pode trazer 27 sorrisos da alma uma automutilação da sua alma! Você vai julgar-se e ape- drejar-se sempre que vier à sua memória aquele episódio que poderia ter tido um final ideal, mas não foi bem o que aconteceu, pois você achou melhor correr para longe do problema, mas ele continuou lá. A nossa mente é grandio- sa, numa hora ou noutra as lembranças virão à tona e sua cabeça vira um tribunal, onde você se julga condenado e reserva a si próprio uma vida de martírio e de culpa. A nossa alma é como um imenso campo coberto por plantações. Você vem plantando a cada dia de forma invo- luntária, semeando em sua alma sentimentos que estarão sempre por perto durante toda sua vida. E tudo que você planta, você colhe! E a gente oferece ao próximo o que tem em excesso nessa colheita. 28 gilberto abrantes Agora imagine um incêndio neste lugar, e que parte da colheita foi atingida. Tenho certeza que na sua vida já houve algo semelhante que devastou a plantação da sua alma. Todo mundo já foi alvo de um “incêndio”, seja ele uma morte de um ente querido, o fim de um relaciona- mento, um problema familiar ou pessoal, uma notícia ou acontecimento ruim que levou sua vida a caminhos difí- ceis de serem percorridos. O que diferencia esses “incên- dios” são as proporções que eles tomaram em sua vida. A amplitude que você deixou as chamas tomarem em você. A ansiedade pode vir como a fumaça de um incêndio que nunca foi apagado em sua alma. A autocobrança pode vir como uma necessidade ínti- ma de provar que a sua “plantação” está intacta, quando na verdade ela arde em chamas. Você precisa entender a necessidade de cessar o fogo. Primeiramente, precisamos conter o incêndio que aflige nossa alma, e depois deste problema resolvido é que podemos iniciar um novo plan- tio ali. Não adianta querer recomeçar a sua vida em terras que ainda não estão cultiváveis. É como tentar dançar so- bre cacos de vidro. Você não vai conseguir manter-se de pé por muito tempo. Com a sua alma em paz, a ansiedade não encontra bre- cha para entrar. Sorrir vai se tornar algo prazeroso e vai ser mais que um simples gesto de felicidade, mas também 29 sorrisos da alma uma expressão de gratidão da sua alma a você, como cui- dador(a) dela. Quando a ansiedade bloqueia a nossa fonte de sorrisos e nos deixa sempre pensando, de uma forma incontrolá- vel, no pior que possa vir a acontecer em cada situação e já não conseguimos enxergar sentido na vida, a nossa alma já está em um incêndio desenfreado: a depressão. Estamos falando agora de uma plantação que foi in- teiramente devastada. A alma que foi comparada à um campo vasto, agora seria um terreno escuro, sem vida e coberto por cinzas. Mas já lhe adianto que iremos juntos replantá-lo e essa nova plantação vai ficar mais linda e forte, como nunca vista antes. Você estava aparentemente forte, sofreu pequenos tom- bos e não soube lidar com isso. As feridas na alma foram crescendo, inflamando e tomando proporções maiores e, por não ver mais saída, você decidiu jogar-se em um poço imenso e escuro, mas acredite, o seu maior crescimento vai acontecer aí dentro, juntos vamos tentar tirar proveito desse período considerado difícil e você verá que é possí- vel sorrir em dias assim. O fundo do poço é um lugar metafórico usado para fa- lar do período em que você se sente cansado e sem ânimo, sem mais enxergar razões para continuar a longa cami- nhada que um dia lhe despertava euforia e empolgação. É 30 gilberto abrantes de lá que iremos tirar grandes ensinamentos para sua vida e seu engrandecimento espiritual. A gente vive tão focado em metas e objetivos que aca- bamos esquecendo de olhar para nós mesmos. O tempo que passamos no fundo do poço pode nos possibilitar uma experiência única que não viveríamos da mesma forma usando a sensibilidade que temos em dias normais. Entrar no poço é algo que pode acontecer com qualquer pessoa e sair de lá não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Podemos enriquecer nossa alma com esse período des- tinado a nós mesmos, já que tudo ao nosso redor parece ter perdido o sentido. É hora de parar e pensar em como tudo isso começou. É conhecendo as feridas que encon- tramos os remédios eficazes para cada uma delas. É hora de pensar nos traumas causados por falhas no processo de enfrentamento dos problemas e tentar en- xergá-los como algo pequeno diante de um poço imenso no qual você está vivendo. Se as feridas estão abertas, precisamos fechá-las, e muitas vezes a forma de tratá-las é limpando cada uma delas, arrebentando-as um pouco mais, tomandoconhecimento do que impede o processo de cura, para que assim elas possam cicatrizar mais tarde, pois uma ferida não cicatriza se ainda tiver estilhaços em seu interior. 31 sorrisos da alma O fundo do poço nos possibilita contemplar coisas que passaram despercebidas antes, como os nossos de- sejos, os reais motivos que nos dão prazer, sem levar em consideração a expectativa dos outros em relação ao que desejamos ser. Do poço fica mais fácil contemplar o céu e conversar com a sua entidade divina. A fé vai lhe ajudar a progredir nessa trajetória de saída do poço, pois quando comparti- lhamos algo com alguém, tiramos parte do peso que está sobre nossas costas. E não é diferente quando se trata de uma conversa com Deus. Carregar um problema sozinho pode levar ao colapso da sua alma, pois você não é tão for- te quanto pensa. O contato espiritual com Deus vai trazer mais serenidade para sua vida por lhe fazer enxergar-se como tendo alguém torcendo e caminhando contigo, mes- mo nos caminhos mais difíceis de serem ultrapassados. Lá no poço existem dois tipos de pessoas: as que per- severam e batalham para sair de lá e as que se entregam àquela condição de existência e decidem ficar por lá mes- mo pelo resto de suas vidas. Temos que ser insistentes e persistentes conosco. Se o dia de hoje está péssimo, então mentalize o dia de amanhã, só não se entregue aos sen- timentos que tentam lhe afastar de tudo que há de mais bonito na vida. 32 gilberto abrantes Você precisa vencer o poço. Repita comigo: “― EU VOU VENCER O POÇO!” E dele você sairá mais forte e destemido. Lembre-se que temos uma plantação para re- começar e você acaba de semear suas primeiras sementes. A fonte de nutrientes desta plantação é você. Então é hora de pensar positivo! 33 sorrisos da alma Em meio a ansiedade e depressão, a insegurança virá como aliada da falta de confiança que você adquiriu de si mesmo, pois os seus princípios de existência estão abalados. E quando não temos certeza de quem somos de verdade fica difícil de confiar em nós mesmos. Fica difícil nos defendermos dos ataques do nosso próprio subconsciente. O conhecimento sobre si mesmo é algo que o poço pode lhe proporcionar, desde que você esteja apto a acei- tar esse processo, sem temer as consequências das possí- veis mudanças em seu antigo “eu”. Seja paciente, esse processo não acontece da noite para o dia. Tudo que precisa ser sólido e duradouro de- manda tempo. Com a construção da sua nova base não é diferente. Você está construindo um novo sorriso para a sua alma. Sim, um sorriso novo em dias não tão feli- zes. Você precisa adquirir confiança em seu novo “eu” e construir seus novos princípios em cima deste alicer- ce. Com os pilares reforçados, você não vai desmoronar novamente. As paredes do poço começam a aparentar menores, você já tem forças para escalá-las. A plantação está indo bem, parece que teremos uma colheita magnífica. Não é tão difícil encarar o poço quando temos certeza de quem somos e do que queremos. 34 gilberto abrantes Ao sair do poço, você vai ser grato pelos ensinamentos adquiridos por lá. O silêncio do poço pode ser um ótimo lugar para pensar e colocar as ideias no lugar. Portanto, não deixe o seu medo apagar o seu sorriso, mostre ao “seu poço” que você pode sorrir SIM em dias ansiosos, pois desses dias você levará consigo ensinamentos para a vida inteira. 35 CAPÍTULO 3 SORRISOS APÓS O LUTO A vida parece mais fácil quando temos por perto pes- soas que nos entendem, que nos apoiam, que nos amam, gente que nos faz bem de alguma forma. É importante ter- mos alguém que se importe de verdade conosco, alguém para dividir os nossos fardos, ou pelo menos que nos es- cute quando fica difícil guardar tanta coisa em um baú tão frágil e pequeno, como o nosso coração. Por mais que a gente se julgue autossuficiente, isso nunca será uma verdade, por isso temos a necessidade de criarmos laços, sejam eles com amigos, parentes, com o amor da nossa vida ou até mesmo com um animal de es- timação. Tem gente que se apega até mesmo à um objeto ou à uma fantasia da sua imaginação. Apegar-se acaba sendo uma tarefa fácil, até que um dia a lei natural da vida “alarma” que já é hora da partida, muitas vezes de forma repentina, e nunca estamos pre- parados para isso. É chegado o momento de ver nosso próprio coração aos pedaços e não ter muito o que fazer, 36 gilberto abrantes a não ser respeitar o nosso tempo e viver um período doloroso, mas que é extremamente necessário: o luto. Para viver um período de luto não necessariamente você precisa perder uma pessoa da qual goste muito. O sofrimento pode existir por perdas materiais, pela sua de- missão do seu trabalho, por um sonho que foi por água abaixo, pelo fim do seu casamento, etc. A gente vive o luto quando a ausência já é capaz de nos ferir como uma lâmina afiada, e de nos fazer olhar para o futuro e não enxergar perspectivas para seguir. Uma parte importante de nossas vidas foi levada embora e só nos resta entender que isso faz parte de um processo natural da vida, em que estamos a todo instante prestes a perder ou ganhar, e que quando perdemos algo ou alguém nesse processo, temos a chance de sairmos fortes e encorajados ao final dele. O vento em dias ensolarados não parece ser tão forte quanto em dias nublados. O tom escuro do tempo fechado parece que deixa tudo mais denso, inclusive o vento, que toca nossa pele parecendo queimar como gelo e nos tira a coragem de seguirmos sozinhos na caminhada. Quando iniciamos um período de luto estamos dando tempo ao nosso coração e dizendo para ele que precisamos sentir essa dor, pois ela, no momento, é a única coisa que nos resta depois de perdermos o que para nós um dia foi tão importante. 37 sorrisos da alma O luto é como uma estrada sombria e única para chegar em um determinado lugar. Ninguém quer passar por esse caminho, mas é necessário! É um caminho de dor e ao mesmo tempo de reintegração. Você precisa entender o propósito de “sentir a dor” depois de um velório para que no futuro não sinta a culpa de não ter lhe dado o direito de chorar pela partida de quem ou do que você tanto amava. A gente nasce, cresce e escuta falar sobre a morte, mas nunca estamos preparados para encará-la quando se tra- ta de algum “dos nossos”. É difícil falar sobre algo que não temos como mensurar o tamanho. A dor é sentida das mais diversas formas, de pessoa para pessoa, e a sua in- tensidade é guiada pelos sentimentos que o enlutado tem pela pessoa ausente. Quanto mais você ama, mais difícil se torna o período de luto. Quando falamos em luto, muita gente remete à ima- gem de um guarda-roupa cheio de roupas escuras e à um ambiente silencioso e sem brilho. Não necessariamente demonstramos nossa dor com roupas pretas, nem tão pou- co em silêncio. Muitas vezes, para destruir a imensa bar- reira de dor que nos aprisiona, precisamos gritar alto ou até mesmo “quebrar alguns objetos na parede”. Cada um sente uma necessidade diferente de extravasar seus senti- mentos quando está frente ao luto. 38 gilberto abrantes Como você tem lidado com o luto? Sorrir em dias de luto não significa que você não está sofrendo ou que você não tem sentimentos por quem partiu, mas sim que você está disposto a reescrever a sua história, a dar uma nova chance para si mesmo, pois mesmo depois de ter o seu coração partido, ele ainda continua batendo e sua vida não para! Você precisa seguir! Mas quando? Qual é o tempo certo para seguir em frente depois de um adeus doloroso? Em um dia normal de atendimento no consultório odon- tológico, me vi surpreso ao ver uma paciente querida, que fazia tempos que estava com seu tratamento pago, porém 39 sorrisos da alma não vinha concluir os procedimentos clínicos. E quando eu lhe questionei sobre o que tinha acontecido, ela encheu os olhos de lágrimas e falou com a voz cortada: “― De- pois de tantos anos da morte do meu marido,eu achei que tinha superado, mas bastou eu ver uns fogos de artifício no ano novo e me vieram muitas lembranças dele e desde esse dia a minha depressão veio à tona. Por isso eu pre- cisei de um tempo e levei falta no tratamento dentário.” Foi diante de situações como esta que eu parei para re- fletir sobre o sorriso de uma forma mais profunda. Eu vi que a felicidade é algo muito complexo e envolve muitos contratempos, e a partir do momento que aprendemos a enfrentá-los é possível sim sorrir em dias difíceis ou pelo menos ter a perspectiva de um dia voltar a abrir a janela da alma novamente. Cada pessoa precisa de um tempo para assimilar a per- da, o luto é um processo doloroso e lento. Se você tenta pular etapas desse processo, poderá sofrer consequências dolorosas lá no futuro. Não tem como uma lagarta virar borboleta sem passar por um período exclusivamente dela no casulo. Não tem um macete ou um atalho para acelerar esse processo e fazer com que a borboleta crie asas mais depressa e voe o mundo afora. Temos que respeitar o tem- po dos processos naturais da vida. Um processo de luto mal concluído pode levar a con- sequências que externam de sua alma e comprometem o 40 gilberto abrantes seu bem-estar físico. Em uma escala de zero a dez, quanto que a dor da perda está atrapalhando a sua vida? Se ela lhe compromete de forma significativa ou até mesmo absolu- ta, você precisa ficar em alerta e tentar mudar esse qua- dro. Nenhuma dor dura para sempre, o tempo é bondoso e leva com ele muitos problemas, mágoas, tristezas e até mesmo o luto, deixando apenas as lembranças que devem ser usadas para escrever novos dias em que você aparece forte e revigorado. Superar a dor não é sinônimo de esquecimento, pelo contrário, significa guardar na memória essa pessoa ou algo de uma forma sadia e que lhe faça bem para a cons- trução de um futuro feliz. Você merece e precisa seguir sua vida, ficar estagnado no tempo lamentando não vai trazer de volta o seu casamento, o seu ente querido, nem mesmo os seus sonhos que foram fracassados. Imagine que o luto seja uma tempestade e você é uma casa que tenta manter-se de pé nesse período difícil, e chega um momento em que partes da estrutura desta casa está sendo levada pelo vendaval. O tempo dela está con- tado, pois uma casa com sua estrutura comprometida não suporta uma tempestade. Conosco não é diferente, se dei- xarmos o luto arrancar de nós mais do que somos capazes de suportar, iremos desmoronar como uma casa compro- metida em meio a tempestade. 41 sorrisos da alma As vezes não nos damos conta de que pequenas “gotei- ras” podem trazer prejuízos futuros irreparáveis para nos- sa alma, e posteriormente para o nosso organismo. Temos que ficar atentos ao nosso limite espiritual em um período tão delicado como o de luto. Nesse momento é hora de cuidar um pouco de quem ficou, sim, de você mesmo. É hora de se amar mais do que nunca, e refletir que por você vale a pena se reerguer. Por você vale a pena enxugar as lágrimas e pensar em um novo amanhã. Você precisa se ajudar, pois nesse momento a força tem que brotar de den- tro de ti. A força para recomeçar parte inicialmente de você e é preciso sim querer dar a volta por cima dessa situação caótica em que se encontra a sua vida diante do luto. Per- der algo ou alguém pode provocar em nossas vidas um caos repentino de uma forma que perdemos a direção, o sentido e até mesmo a vontade de viver. Você não pode achar que vai conseguir sair dessa situação sozinho, pois é um processo lento e muito doloroso, não somos capazes de carregar um fardo tão grande, somos humanos, preci- samos mais do que nunca de uns aos outros em um perío- do como esse, de luto. Quando uma casa não tem estrutura que suporte uma tempestade, ela precisa de reforço. E saiba que quando so- mos “a casa”, não temos estrutura para suportar uma tem- pestade sozinhos, sairemos aos pedaços, o que significa 42 gilberto abrantes dizer que estaremos condenados a viver uma vida inteira diante de um ambiente devastado. Aprisionaremos nossos sonhos nos destroços de um luto eterno e dessa forma a partida não acontece apenas para o seu ente querido, pois você decidiu ir junto sem mesmo ter chegado a sua hora. Em momentos difíceis, toda e qualquer ajuda é necessá- ria, inclusive a que vai partir de você mesmo. Mentalize por um tempo o que te deixa mais confortado em meio a dor do luto: a presença da sua família? Dos amigos, dos colegas? Os afazeres domésticos? Cozinhar, talvez? Ler, ouvir uma música? Caminhar? Ver um programa de tv? Não abdique do que te dê pelo menos um pouco de prazer diante da si- tuação dolorosa na qual você está vivendo. Não se puna impondo a si mesmo padrões moralistas de como viver du- 43 sorrisos da alma rante o luto, pois já basta a dor que você está sentindo por ter perdido algo/alguém importante na sua vida. Não tente intensificar ainda mais tudo isso que você está passando. Você não pode atenuar a todo instante o clima obscuro que você está vivendo com lástimas, recordações e com possibilidades que fogem da sua atual realidade, pelo con- trário, você precisa mentalizar a todo instante que vai sair “dessa” e que tudo isso vai passar. É tempo de mirar para o futuro e não ficar preso em um passado recheado de “e se” ou em um presente completamente abalado e sem perspec- tivas positivas. Vale a pena evoluir por você e por quem te ama de verdade e que quer lhe ver bem novamente. Quando perdemos alguém, negar para nós mesmos o que está acontecendo é uma defesa espontânea da nossa mente por não aceitar aquilo que nossa realidade nos mostra. E quando essa realidade começa a ser entendida, muitas ve- zes desperta um sentimento de raiva e até mesmo revolta por aquilo que está acontecendo justamente conosco. E é durante esse período de “não aceitação” que corremos o risco de internalizar cada vez mais as dores da alma e cau- sar danos profundos, difíceis de serem reparados no futuro, podendo levar à depressão ou outros problemas psicosso- máticos. É necessário que sejamos sensatos e aceitemos a realidade, buscando meios para nos fortalecer. Confrontar o destino ou até mesmo Deus pelo que nos foi reservado naquele momento não vai nos levar a nada além de um abismo profundo de insatisfação e tristeza. 44 gilberto abrantes O primeiro ano que lidamos com a perda é sempre o mais difícil, pois em todas as principais datas estaremos pela primeira vez sentindo a ausência da pessoa ou algo que foi tão importante para nós. O vazio é quase inevitável, mas você não precisa sentir-se sozinho. É importante a pre- sença de pessoas que lhe fazem bem nestes momentos que podem trazer nostalgia e lembranças que lhe deixem triste. Não dê abertura à solidão nesses dias, não se prive de boas companhias, lembre-se sempre que existem outras razões para você permanecer de pé. À medida que o tempo vai passando, as lembranças vão ficando menos intensas e a dor tende a diminuir. Viver tor- na-se uma tarefa mais fácil para você. Desde a partida os seus dias não foram fáceis, eu sei disso! Mas a sua for- ça é a sua maior virtude neste momento. Encarar e aceitar o adeus é peça-chave no seu processo de reintegração e é dando esse pontapé inicial que você estará permitindo-se uma nova chance para viver! O luto envolve morte, seja ela de alguém, de algum sonho, desejo, fantasia, mas não a sua. Esse velório não é seu! Abra as janelas e liberte-se do baixo-astral, vamos juntos tentar fazer esse dia de hoje mais feliz? Você topa? O seu maior aliado e seu maior vilão pode ser você mes- mo, não adianta pregar o “coitadismo” o tempo todo. Sim, é difícil! É angustiante! Mas você consegue ver outra for- ma de acabar com esses sentimentos ruins que arruínam a 45 sorrisos da alma sua vida, a não ser lutando por si mesmo? Você prefere lu- tar com a espada voltada para quem? Para você? Dessa for- ma qualquer golpe baixo ou deslize pode ser fatal para sua vida.Nessa guerra você é o maior alvo, e ao mesmo tempo é o seu próprio adversário, então cabe a você diminuir as forças que esse oponente está exercendo em sua mente. Você merece uma nova chance e só quem pode lhe dar isso é você mesmo! Quando a alma não sorri, o corpo co- meça a sofrer consequências severas e isso começa a afetar as mais diversas funções do seu organismo, e daí o que era somente espiritual e mental, acaba sendo também sis- têmico. O luto causa uma ferida na alma que cabe a você sará-la ou arrebentá-la a cada dia. Uma ferida, que quando nutrida, sangra para dentro do seu próprio corpo, pesando e tornando mais difícil a possibilidade de se reerguer. Es- tamos falando de uma dor que lhe faz afogar-se em suas próprias lágrimas. Vamos mudar essa realidade juntos! Quero que no final de tudo isso, você possa sorrir novamente e assim marcar o fim de um período sombrio, triste e de desânimo em sua vida. E lá na frente você vai contar, muito orgulhoso de si mesmo, que venceu a dor e pôde sorrir após um período de luto. Diga SIM para você hoje, permita-se reescrever a sua história com um final feliz depois de um período de dor, mas que foi necessário para que você pudesse avançar 46 gilberto abrantes muitas casas nesse jogo de tabuleiro chamado VIDA. En- carar a perda é um processo que envolve amadurecimento, autoconhecimento, perseverança e que leva tempo. Supe- rar a perda envolve amor e compaixão consigo mesmo. É preciso permitir que esse processo seja iniciado em sua vida e deixar-se progredir dia após dia, sem culpar-se por não estar cumprindo “as dores de uma pessoa enlutada” impostas pelo julgamento do seu vizinho. 47 sorrisos da alma Esse é um período que envolve muita compreensão, pois ao mesmo tempo que precisamos lidar com a dor, também precisamos conquistar forças e deixar elas so- bressaírem sobre nós. Fiquemos atentos para quando alguém do nosso vín- culo perde alguém ou algo, pois o acolhimento é a forma que você tem de dizer que tudo isso vai passar, que tudo vai ficar bem. E isso é muito importante neste momento. E quanto a você, que está passando por tudo isso, não solte a mão da sua alma, seja generoso consigo mesmo, amando a si próprio e se presenteando com uma nova chance para recomeçar! Esteja sempre ciente que depois do luto existem SORRISOS e você merece vivê-los! 49 CAPÍTULO 4 SORRISOS APÓS O TRAUMA Vivemos sempre tentando ser fortes, sempre tentan- do pintar um sorriso em nosso rosto para mostrar a todo mundo que está tudo bem. Conseguimos até enganar aos outros, mas nunca a nós mesmos. Meditando no consultório, chego a comparar a nossa alma com uma segunda via de um receituário, coberta pelo papel carbono. Mesmo que a gente risque a receita com uma caneta sem tinta, tudo vai ficar registrado na segunda via, por meio do papel carbono. Em nossa vida é bem parecido, a receita é o nosso ser físico, o papel carbono é o nosso coração e a segunda via, como já mencionei, é a nossa alma. Podem até lhe atacar sem deixar “marcas” externas, mas o seu coração vai registrar tudo aquilo e deixar mar- cas bem vivas em sua alma, e quando estas não são bem cicatrizadas, transformam-se em traumas, que podem ser carregados por você pelo resto da sua vida. 50 gilberto abrantes Quando você caminha, muitas vezes cria calos pelas adversidades que pode encontrar, como por exemplo um calçado apertado, ou porque choveu e molhou a sua meia, ou talvez porque você não tem meia ou nem mesmo o cal- çado apropriado. Na caminhada da nossa vida não é tão diferente, são muitas as circunstâncias que ferem nossos pés, e os calos ganham a nossa atenção por deixarem a caminhada dolorosa e difícil. Agora imagine quando você precisa dar a largada e já está cheio desses ferimentos em seus pés. Dessa forma é difícil manter-se de pé o tempo todo, não é verdade? Vão existir momentos em que fica quase impossível sorrir! Vai ter gente julgando sem enten- der e nem mesmo conhecer a desvantagem que você leva por carregar tantos ferimentos. Mesmo que haja feridas visíveis aos olhos de quem lhe vê caminhando, as pessoas jamais irão entender e ou men- surar a dor que você sente por cada uma delas. E muitas vezes a dor pode estar vindo da ferida que aparentemente é menor. Acontece que você pode estar carregando aquela pequena ferida há muito tempo, bem mais do que qual- quer outra de tamanhos e profundidades até maiores. E dessa forma acontece com as feridas que carregamos in- ternamente, em nossa alma. É fácil julgar quando não conhecemos a dor do outro, quando não vivenciamos a mesma realidade de vida que o outro, quando nunca fomos expostos a determinada 51 sorrisos da alma situação na qual se encontra o outro. Apontar é um caminho sem volta, tanto para quem direciona o dedo, tanto para quem recebe o dedo “na cara”. Para quem aponta o dedo, o julgamento torna-se cada vez mais prazeroso e fácil de ser realizado. Pode vir a tor- nar-se até algo corriqueiro. Quer um bom conselho? Não queira ser um “apontador” de dedos na vida de alguém, pois os dedos são como canetas sem tinta no receituário. Eles não deixam marcas registradas na pele, mas cau- sam feridas de tamanhos imensuráveis na alma de quem os recebe. Não queira ser um juiz da vida, apenas viva intensamente! Para quem recebe a crítica, o julgamento, a piada de mau gosto, a risada maldosa, não é fácil de apagar. Lá no bloco de receitas, eu costumo jogar fora as folhas man- chadas pelo carbono, mas na vida não temos oportunidade de fazer isso, não podemos jogar fora com tanta facilidade as marcas que causam dor em nossa alma. Em um mo- mento de exaustão, muitas pessoas tentam jogar fora o receituário completo: a sua própria vida. Isso seria uma triste e desesperada forma de tentar se livrar de uma vez por todas de suas feridas e traumas decorrentes delas. Vamos mudar o final da sua história, vamos traçar ca- minhos para que você possa finalizar esse capítulo com um sorrisão no rosto e na alma. 52 gilberto abrantes Tudo que traz sentimentos ruins para sua alma pode, futuramente, gerar traumas, se você não souber ou conse- guir lidar com tais situações. Você pode até falar para todo mundo que está tudo bem, mas se o seu interior nega essa afirmação, isso vai tornando-se um “calo no seu próprio pé”, que vai aumentando a cada dia e depois já não permi- te que você caminhe da mesma maneira que fazia antes. É criado um bloqueio em sua vida que vai tornando-se cada vez maior frente a cada passo novo que precisa ser dado. De início só você conhece essa ferida, esse calo, mas chega um momento em que ele torna-se tão doloroso e prejudicial, que você não consegue mais esconder essa limitação, e o que era suportável passa a ser um problema que você já não consegue mais lidar sozinho e começa a externá-lo. Você lida com algum “calo” em sua vida? Falo até mes- mo daqueles que “quase não incomodam”, mas que exis- tem e vez ou outra alguma situação te faz lembrar que eles existem. Para livrar-se de “um calo” em nossa vida, muitas vezes é preciso largar os sapatos. Sim, aqueles sapatos aos quais você é muito apegado. Trazendo os sapatos para a nossa realidade, eles podem ser o “amigo” que te enche de crí- ticas maldosas, o seu namoro que te enche de marcas de violência psicológica, o trabalho que não te valoriza e não te faz crescer, o seu parente que só lhe bota para baixo e 53 sorrisos da alma lhe faz mil e uma cobranças, aquela vizinha que te pertur- ba, mas que você acha que é melhor aturar para manter o bom convívio. Se você tem tudo isso que eu mencionei, ou pelo menos um desses “calos” no seu pé, está na hora de rever o que precisa ficar e sair da sua vida. Não podemos ser um poço de situações dolorosas, pois infelizmente não temos a ca- pacidade de tampar esse poço e seguir a vida de forma tão simples. Precisamos fazer uma faxina em nossa vida, e 54 gilberto abrantes aquilo que não muito nos acrescentapode até permanecer, mas o que nos coloca para baixo ou nos machuca jamais pode ser mantido. Se você não pode excluir isso da sua vida, então tome distância, pelo menos. Não adianta você tentar manter um relacionamento amoroso, uma amizade, um emprego, ou qualquer ou- tra coisa que no fundo não te faça bem. O seu bem-estar deve estar em primeiro lugar e isso deve ser construído, dia após dia, por você mesmo. Se na construção da nossa vida, todo dia colocarmos um tijolo cheio de trincas, no final teremos uma vida com risco de desabamento. Somos humanos, não temos concreto para unir nossas trincas, como acontece com uma construção. Conosco o processo é lento e muitas vezes bem doloroso. Dessa forma, é mais vantajoso evitar nos expormos a determinadas situações, do que ter que lidar com suas consequências negativas em nossas vidas. Quando uma ferida te incomoda ao ponto de você ex- ternalizar ao seu próximo, mesmo que não queira ou per- ceba que está fazendo isso, é porque ela já ocupa um lugar considerável em sua alma e tira a sua paz de alguma for- ma. As feridas podem ser causadas por algo ou alguém, diretamente ou não, ou até por você mesmo, que passa a ser, nesse caso, o maior vilão da sua própria vida. Quando o julgamento vem de você, o martírio para a sua mente pode ser ainda maior, pois é mais fácil anular a opinião ou 55 sorrisos da alma atitude dos outros do que a nossa. É mais fácil perdoar do que perdoar-se! O autojulgamento vem aliado à autocobrança, e o senti- mento de culpa aparece como um líquido inflamável arre- bentando a ferida a cada instante, perturbando a sua alma e atrapalhando significativamente a sua vida, lhe impos- sibilitando de evoluir em diferentes âmbitos dela. Você se vê preso pelas suas próprias condenações, e não é fácil quando estamos simultaneamente na figura do juiz e do réu da nossa própria vida. 56 gilberto abrantes Não seja tão cruel com você mesmo. Não podemos controlar as atitudes das outras pessoas, mas podemos controlar o que absorvemos delas. Quando as atitudes per- versas partem de você consigo mesmo, a situação torna-se mais complicada, pois quando lançamos uma acusação para nós mesmos, automaticamente já a absorvemos e co- meçamos a viver uma “autocondenação” em nossa mente. O fato de condenar-se psicologicamente é como se você estivesse se mutilando fisicamente. Você se machu- ca e causa dor em si próprio, e depois já não consegue ter o controle dessa situação. Depois disso, você já começa a ter medo de enfrentar uma situação semelhante, e muitos sentimentos angustiantes voltam à tona e lhe impedem de viver uma nova oportunidade que a vida resolveu lhe dar. Imagina só, você comete um erro e por isso se julga culpado o tempo inteiro ou até mesmo a vida inteira. Sen- te-se a pior pessoa do mundo e acaba criando em sua men- te traumas psicológicos que atrapalham a sua retomada de vida após esse episódio. Na estrada, você sempre dirigiu seguindo as regras de trânsito, sempre foi atencioso e cuidadoso, mas bastou o primeiro acidente para você julgar-se incapaz de dirigir novamente e culpar-se o tempo inteiro pelos danos ma- teriais. No relacionamento, você foi traído e joga toda a culpa disso em seus defeitos, e isso lhe bloqueia de pro- curar um novo amor por medo de ser traído novamente e 57 sorrisos da alma passar por tudo aquilo de novo. Com a baliza, que você reprovou, não foi diferente! Nunca mais conseguiu voltar na autoescola para marcar um novo teste, afinal você já se acha incapaz. Carregar tanta culpa cansa, não é mes- mo? Quantos traumas você tem criado em si próprio? Que martírio! Precisamos da capacidade de perdoar-nos dia após dia. Precisamos nos enxergarmos e nos aceitarmos como se- res imperfeitos. Errar faz parte de um processo natural de aprendizado e evolução, desde que você reconheça o erro e esteja disposto a fazer diferente, dentro da sua concep- ção do que seria o certo. Pare um pouco e converse consigo mesmo, entenda os seus motivos pelas suas escolhas em cada passo dado na sua vida. Seja mais compreensivo com você mesmo. Dê sempre uma nova chance para si. Ame-se acima de tudo. Colocar a culpa em si próprio, mesmo quando você não a possui, pode parecer o caminho mais fácil, mas não é! Pode até evitar discussões e longas conversas, mas a par- tir do momento em que você decide fechar os olhos e a boca e resolve apenas ouvir o que querem falar a seu res- peito e acaba captando tudo isso, você abre um canal de vulnerabilidade de sua alma. E muitas vezes ela não é tão forte quanto você pensa, e depois de tantos apedrejamen- tos com palavra e ofensas, podemos cair em um profundo abismo e nunca mais sair de lá. Pode ser um caminho sem 58 gilberto abrantes volta e, se conseguirmos voltar, voltaremos desse abismo com muitas feridas na alma. Sorrir não é uma tarefa fácil diante de uma vida reple- ta de traumas. Em um jardim com flores mortas, muitas vezes não conseguimos fazê-las brotar novamente, mas podemos plantar flores novas e mais belas. Talvez assim aquelas que morreram não sejam mais tão notáveis diante de um jardim renovado. Em nossa alma, as feridas que não conseguimos apagar, podemos deixá-las menores em relação às coisas novas e felizes que plantamos em nosso interior. Podemos transformar os episódios desagradáveis de nossa vida em lições, em doses de forças para outras situações que estão por vir. Cada pessoa sente de uma forma diferente e com rea- ções diferentes os diversos episódios considerados mar- cantes em sua vida, por exemplo, um fim de relacionamen- to pode ser algo encarado “numa boa” por você, mas para seu parceiro pode ser a pior coisa que já tenha acontecido na vida dele. Isso nos mostra que uma mesma situação pode ter pesos diferentes para cada pessoa, e, portanto, consequências diferentes. A alma tem uma sensibilidade única em cada ser humano. Por isso é tão importante que sejamos sempre compreensivos com a dor do nosso vizinho, pois por mais que o motivo dela seja tão pequeno para você, para ele pode ser o suficiente para abrir uma ferida imensa em seu 59 sorrisos da alma interior. Cada um de nós tem uma capacidade singular de lidar com as situações que mexem com nossas vidas. E quando estas situações causam uma reviravolta ao ponto de não suportarmos psicologicamente, aí o calo que ma- chucava, mas que não nos impedia de caminhar, já passa a ser um ferimento bem maior, que nos limita. Os dias tornam-se difíceis quando precisamos encarar situações que nos levam a reviver os nossos traumas, si- tuações estas que reascendem as nossas dores da alma, que um dia até foram dadas por “vencidas ou curadas”. Algumas situações do nosso presente podem funcionar como gatilhos para voltarmos no tempo e darmos de cara com o que achávamos que já não existia mais, e o reen- contro com a ferida é angustiante e desesperador, pois ele nos faz sentir pequeninos e impotentes frente ao grande muro de limitações que esse trauma nos impôs. Até que ponto vale a pena viver se expondo ao que lhe traz dor? Se você precisa chegar a um local, de bicicleta, por exemplo, e o caminho que está percorrendo tem es- pinhos que comprometem a integridade dos seus pneus e consequentemente atrapalham ou impedem que você che- gue nesse destino, então esse caminho já não é válido para você. Ele pode ser ideal para outras pessoas em outras circunstâncias, mas para você ele não vale a pena. Então por que não procurar outra saída? Existem vilões em nos- sa mente com os quais não precisamos duelar. Podemos 60 gilberto abrantes aprender a lidar com nossas limitações, e se tal caminho parece ser doloroso demais para você, então ele não vale a pena ser percorrido. Mas se hoje, você precisa atravessar por esse caminho com espinhos para chegar ao seu destino e não tem outra saída, que tal mudar a sua forma de travessia? Você não deve escolher se expor a uma mesma dor quando ela já é uma grande ameaça parati. Caso não te- nha escolhas, você pode ao menos se preparar antes de confrontá-la, tornando-a pequena ao ponto de não lhe ma- 61 sorrisos da alma chucar mais como antes. No passado, os espinhos eram uma ameaça porque você estava de bicicleta e seus pneus não os suportariam. E se você passar por esse caminho utilizando um “transporte maior”? Porque não em um tra- tor, arrastando pedras, espinhos, transformando comple- tamente aquele caminho que para você era tão doloroso? Você pode ser forte a tal ponto! Esses espinhos já não vão fazer nem cócegas em seus “pneus”. E quando você pas- sar, vai ver que o que lhe causava dor, hoje já não causa mais e vai superar de vez o seu trauma. Precisamos conhecer e respeitar os nossos limites, não adianta enfrentar um problema com o qual ainda não esta- mos preparados para lidar. Tudo na vida envolve tempo e amadurecimento. Você tem várias possibilidades de atra- vessar um rio, mas se ainda não possui os meios necessá- rios para isso, é melhor pegar o trajeto em terra firme, pois nadando você pode afogar-se. Caso, contrário, você pode passar em um barco grande e resistente ao ponto de nem sentir mais o balanço da correnteza. Na vida, você é o barco. Você torna-se resistente ou cria buracos que lhe fazem afundar em poucos minutos. Não adianta passar por situações que ainda lhe trazem dor, sem antes a sua alma ter adquirido uma armadura necessária para enfrentá-la. Veja todo o processo doloroso pelo qual você tem pas- sado como uma grande escola, e saia dele como um bom 62 gilberto abrantes aluno, que pode até temer uma prova, mas que não desis- te e sai dela fortalecido e pronto para outros testes mais difíceis e de níveis mais avançados. Não deixe a dor que um dia lhe causaram atrapalhar a chance que você tem de construir e viver um futuro maravilhoso. É chegada a hora de sorrir, pois o trauma já passa a ser uma etapa vencida, uma ferida que não dói, um espinho que não perfura mais. E você passa a ser alguém mais forte e sábio! 63 CAPÍTULO 5 SORRISOS EM MEIO AO MEDO A vida é uma grande arena, nela lutamos dia após dia e a cada batalha vencida nos tornamos mais fortes e corajo- sos. Com as batalhas perdidas, nos tornamos talvez mais sábios e experientes. O seu medo é quem vai esculpir o seu perfil como lutador! Seria você uma pessoa destemi- da, corajosa, pronta para encarar seus desafios? Ou você está sempre se esquivando deles, dando por vencidas as batalhas, antes mesmo de serem iniciadas? Não é fácil sorrir quando estamos frente à leões ferozes e famintos em uma arena. Na vida, o que engrandece a força e a fome desses leões com os quais nos deparamos diariamente é o poder que damos a eles em nossa mente. É normal sentir medo, isso é uma característica que nos faz seres humanos, mas não podemos deixar que esses medos nos limitem ao ponto de vivermos fugindo das arenas da vida. Quando a luta é sua, ela é extremamente necessária! Sem o medo, talvez em dois tempos você fosse devora- do pelos leões, pois quando você está na arena, uma deci- 64 gilberto abrantes são errada pode ser fatal e é o medo que te faz pensar bem antes de tomar qualquer atitude. É ele o freio quando você está em alta velocidade, a voz que pede para você sair da ponta do penhasco, é ele que grita que você está correndo perigo quando seus olhos nem percebem tal situação. Mas também é o medo que, quando já tem um grande poder sobre a sua vida, lhe impede de abraçar os seus sonhos. 65 sorrisos da alma Tudo é uma questão de equilíbrio. Precisamos equili- brar os nossos medos e não fazer deles algo que passe a prejudicar a nossa vida. O que seria de nós se vivêssemos sem pensar nos riscos e consequências de cada atitude que tomamos? De um modo geral, o medo tem a função de “puxar a nossa orelha”, tornando-nos pessoas mais sen- satas e sábias diante das mais diversas situações do nosso dia-a-dia. A partir do momento em que temos medo de perder al- guém, consequentemente, temos um cuidado maior com o bem-estar dessa pessoa e faremos o possível para não de- sapontá-la ou causar qualquer coisa que lhe traga tristeza ou algum outro sentimento ruim. O medo deve ser visto como um aliado, e como em qualquer relação, você precisa impor limites! Você não pode deixar que seus medos se apropriem da sua vida e tomem decisões por você. É preciso fazer deles algo a so- mar! É como ter bons freios em um carro possante - é algo extremamente necessário, mas que a partir do momento que você o utiliza a todo instante, começa a comprometer o desempenho do automóvel. Para sair de carro, antes de tudo é necessário acionar o freio e logo depois liberá-lo e assim começar a sua via- gem. Com nossos medos não é tão diferente! Antes de tomarmos qualquer iniciativa precisamos usá-los ao nos- so favor, como se estivéssemos ouvindo um conselho de 66 gilberto abrantes alguém mais cauteloso e cuidadoso que não nos deixa agir pela emoção. Nesse momento o medo nos diz: “― Pare e pense melhor!” Mas depois desse momento é preciso seguir. Precisamos tirar o pé do freio e tomar uma direção. Depois de tomarmos a nossa decisão é preciso confiar em nós mesmos e seguir os caminhos que traçamos, sem dar vez ao pessimismo. Precisamos vibrar positividade em nossas caminhadas para que possamos evoluir nas es- colhas que fizermos. Acreditar é sempre o primeiro passo a ser dado! O medo nos causa a impressão de que algo ruim pode ou está prestes a acontecer e isso desperta na gente o cuidado redobrado frente as nossas decisões e ações. É importante termos esse alerta de cuidado quando muitas vezes nos deixamos ser levados pela euforia do momento, que nos cega dos riscos que estamos correndo ao tomar- mos decisões precipitadas no nosso dia a dia Devemos ficar em alerta quando o medo já deixa de ser visto apenas como um impulso para redobrar o cui- dado ou atenção com nós mesmos ou com determinada situação ou escolha, e passa a interferir diretamente em nossas decisões, causando um bloqueio que nos limita de apostar em algo novo para nossa vida. Isso faz muito mal para nossa alma e também para o nosso progresso, pois é chegado um momento que precisamos que a nossa coragem sobressaia aos nossos receios e nos impulsione a 67 sorrisos da alma tomar decisões, e nessas decisões, podemos estar em uma posição de risco, e é aí que precisamos estar convictos de quando vale a pena nos arriscarmos. Nem toda decisão ou escolha é fácil, muitas vezes pre- cisamos percorrer caminhos mais estreitos para alcan- çarmos nossos objetivos. O medo pode nos fazer desistir antes mesmo de iniciarmos nossa jornada, e como con- sequência disso podemos perder oportunidades únicas, inclusive aquelas que trariam a nossa realização pessoal ou profissional. Ao fazer sua bagagem para seguir rumo à novos hori- zontes, nunca deixe que seus medos preencham sua mala por completo, mas também não deixe de levá-los consigo. Um pouquinho só já é o bastante! Seus medos vão colocar seus pés no chão quando você pensar em voar sem antes aprender a usar o paraquedas. Nessa bagagem vai sobrar bastante espaço livre, então ocupe-o com muitos sonhos, muitas metas e com o principal: muita coragem, pois nem todo caminho que parece ser tortuoso é o que não deve- mos seguir. Para colhermos flores é preciso que tomemos cuidado com os espinhos, e isso só é possível por meio do medo que sentimos de nos machucarmos. Cabe a nós escolher- mos a forma como utilizá-lo: engrandecê-lo e acharmo- -nos incapazes de colher as flores sem nos ferirmos, ou utilizá-lo como um alerta para sermos mais cautelosos e 68 gilberto abrantes traçarmos estratégias sábias para colhermos as flores per- manecendo-nos ilesos de seus espinhos. O medo é um sentimento que nasce conosco, mas que cresce de acordo com a forma que o alimentamos. A par- tir do momento em que abrimos uma brecha para que ele invada significativamente as nossas vidas, estamos comprometendoa nossa autoconfiança, pois uma vez que deixamos de fazer algo por nos sentirmos inseguros ou incapazes, o medo já fala mais alto e o que era um aliado nosso agora passa ser um possessor, que tira a nossa paz e o nosso equilíbrio emocional. Ao fugir do nosso controle, o medo nos bloqueia ao ponto de não enxergarmos mais perspectivas para nossa vida e assim, ficamos presos em uma bolha construída por nossas próprias limitações. Além de acreditar em nós mesmos, é preciso termos fé para encararmos as muralhas levantadas por nossos medos em nossas vidas. A partir do momento em que não nos sentimos mais so- zinhos em meio aos caminhos e escolhas que nos causam dúvidas, tudo se torna mais fácil, pois tiramos de nossas costas um fardo de culpa do que ainda nem aconteceu, mas que o medo já desenhava em nossa mente, com cores bem vivas, a sua possibilidade de fracasso. Precisamos acreditar que Deus está sempre ao nosso lado e que Ele tem um propósito para cada escolha que fazemos. É normal sentir um friozinho na barriga quando 69 sorrisos da alma estamos prestes a encarar algo novo, mas quando você confia em alguém que está por perto, torna-se mais fácil encarar essa realidade. É como uma criança que vai ao dentista pela primeira vez, para ela a figura da mãe ou de alguém de sua con- fiança ali por perto é de extrema importância. O medo vai existir sim, mas poder dividir esse momento com alguém em quem confia, torna essa situação mais leve para ela. Encarar nossos medos confiando em Deus é nos enxergarmos como a criança que segura na mão de sua mãe lá no dentista e sabe que no final vai ficar tudo bem. Esse aperto de mão pode até não anular o seu medo, mas lhe conforta por saber que você tem alguém que lhe ama, do seu lado, para lhe dar apoio e seguir contigo, não im- portando o que aconteça. Alguns medos, nós podemos driblar! Outros, precisa- mos encarar de frente! Quando você escala uma monta- nha para realizar seus sonhos e em um determinado mo- mento ela parece ser alta demais, só lhe resta não olhar para baixo e seguir firme em seu objetivo. Nessa hora o seu medo de cair já tem o mesmo peso da frustração por não ter tentado chegar no topo. Se você mesmo não acredita em seu potencial, como “o mundo” poderá acreditar? Para passarmos confiança no que fazemos, primeiramente é necessário que confie- mos em nós mesmos. O universo está a todo momento 70 gilberto abrantes nos devolvendo as energias que lançamos nele! Se você se diminui a todo instante e oprime a sua própria capa- cidade, saiba que o universo vai fazer de você, cada vez mais, uma pessoa pequena e incapaz. Então não há tempo a perder! Dê a ele a informação de que você acredita em si mesmo e está pronto para encarar os seus medos, afinal a sua força vem da sua autoconfiança. E quando você está bem consigo mesmo não é qualquer tombo que vai lhe desintegrar. Em cada tropeço há um novo aprendizado e uma nova armadura construída. Quanto mais você alimenta os seus medos, maiores eles se tornam e mais rápido eles te destroem. Não construa um gigante para te esmagar. Você não precisa dar ao medo o papel de vilão da sua história, ele pode ser o seu conse- lheiro - aquele que lhe diz quando a situação parece peri- gosa ou arriscada, mas, no final é o seu bom senso que vai falar mais alto e a atitude vai partir de você. A decisão de permanecer ou não no caminho é sua, pois você sabe até onde ele te leva! Você sabe se vale a pena essa caminhada! Engraçado é que a maioria dos nossos medos são por coisas que nem chegamos a conhecer de perto. Talvez elas aparentem ser maiores quando estão longe, é tipo uma formiga que tem sua sombra projetada de forma gigan- tesca contra a parede em que nela reflete o sol. O que de- sencadeia seu medo pode não ser tão grande quanto você imagina. 71 sorrisos da alma Quanto mais você se afasta de tais coisas que lhe ame- drontam, mais você cria uma situação apavorante ao men- talizar a possibilidade de estar um dia de frente com elas. É como o que acontece com a formiga e a sua sombra, quanto mais distante da parede a formiga estiver, maior ela é projetada pela luz. Assim acontece conosco - quanto 72 gilberto abrantes mais fugirmos do que nos causa medo, maior e mais ater- rorizante o enxergaremos. Você chega a tremer, a suar e até a passar mal. O que era algo que morava apenas em seu íntimo começa a tra- zer prejuízos para o seu bem estar físico e você já passa a externar essa falta de paz que habita em ti, e isso vai trazer consequências para os seus relacionamentos, para o seu trabalho e para sua vida como um todo. É uma semente que você cultiva e que quando germina, se ramifica para todos os lados da sua vida e não traz bons frutos. É difícil enxergarmos motivos para sorrir quando faze- mos dos nossos medos limitações para a nossa vida. Não é fácil caminhar quando carregamos espinhos em nossos pés. O que antes seria um medo específico, quando não solucionado acaba tornando-se uma bola de neve descen- do montanha abaixo, que vai crescendo, levando junto o que tiver pela frente. Aqui, a montanha é você, e numa hora ou outra essa bola de neve pode provocar uma ava- lanche em sua vida, abalando a sua paz interior, desinte- grando os trilhos que você construiu para direcionar e dar sentido à sua vida. Você precisa trazer perspectivas positivas para sua vida! É preciso acreditar, pensar e verbalizar que você é capaz de vencer os gigantes que estão no seu caminho! Pensamentos têm força e palavras têm mais ainda. O ta- manho desses gigantes depende do poder que você dá a 73 sorrisos da alma eles em sua mente. A partir do momento que você passa a encará-los fora de uma ótica pessimista, eles vão dimi- nuindo gradativamente de tamanho e vão deixando de ser algo tão aterrorizante para ti. Lembre-se que tudo isso en- volve um processo evolutivo e leva tempo, não cobre de si mesmo uma mudança repentina, não se exija tanto, pois isso pode gerar frustrações em você. Para vencermos um medo o primeiro passo é conhe- cê-lo e aceitá-lo. Não podemos negar para nós mesmos algo que não nos faz bem. Precisamos ser compreensivos conosco e buscarmos entender como determinada coisa consegue ter poder sobre nossas vidas. Se o dia de hoje lhe causa medo, então sugiro que men- talize o dia de amanhã. Dessa forma você encara o “hoje” com uma visão encorajadora, acreditando que amanhã é um novo dia e que vai ser bem melhor. No final das con- tas você vai perceber que quando mentalizamos um outro momento, acabamos por deixar de nutrir em nossa mente o gigante criado para o dia de hoje. No fim do dia você vai perceber que tudo não passou de um medo bobo, que inclusive você já conseguiu superar ou pelo menos já deu um grande passo rumo a isto. E quanto mais você pratica esse enfrentamento dos seus medos, mais fácil torna-se vencê-los. Quando a noite está sem lua, e nos vemos sozinhos em um caminho qualquer, cabe a nós olharmos para o céu e 74 gilberto abrantes admirarmos as estrelas ou mentalizar a escuridão ao nosso redor, trazendo medo e aflição para nós mesmos. Tudo na vida depende do ponto de vista que decidimos observar! Precisamos adquirir a capacidade de vermos as estrelas quando tudo parece escuro e aterrorizante ao nosso redor. 75 sorrisos da alma A partir do momento em que decidimos captar apenas as energias positivas de cada situação, diminuímos ou anulamos por completo o poder que as coisas negativas têm em nossa vida, inclusive os nossos medos e traumas. Não podemos deixar de viver por medo, precisamos criar meios de enfrentá-lo! Existe um mundo repleto de opor- tunidades que valem a pena serem vividas. E mesmo as oportunidades que tiverem muralhas altas demais de se- rem escaladas, persista e vai em frente tendo a certeza que ao chegar no topo de cada uma dessas muralhas, existirá uma vista extraordinária para ser apreciada e de lá surgirá mais um sorriso sincero da sua alma para você mesmo.Você estará dando um grande passo rumo à conquista da sua versão melhorada! 77 CAPÍTULO 6 SORRISOS COM GRATIDÃO Iniciaremos este capítulo com uma pergunta para refle- tirmos: “― Você tem vivido a maior parte dos seus dias reclamando ou agradecendo?” Parece que nós nunca estamos satisfeitos com o que temos, não é mesmo? Vivemos sempre cheios de metas intermináveis, e quando já estamos prestes a estar realiza- dos, lá vem mais metas para “sermos felizes” e essa tal fe- licidade parece nunca chegar. Se FELICIDADE fosse um verbo, com certeza ele seria conjugado apenas no futuro, pois parece até impossível encaixá-lo no nosso presente, já que sempre está faltando algo para fazer de nós pessoas completas. Será que é tão difícil mesmo encontrar a felici- dade em nossas vidas? Ou estamos fazendo tudo errado? Vivemos sempre buscando melhorar nossas finanças, nossos relacionamentos, nosso trabalho, nossa casa, en- fim, tudo! E traçamos a nossa felicidade em cima da rea- lização de inúmeras metas, parecendo um prêmio final de um jogo que na verdade não tem fim. Será mesmo que a 78 gilberto abrantes felicidade vem como “recompensa” da realização dessas conquistas? Mas porque ela vai embora tão rápido? Talvez a felicidade não seja algo que precise ser encon- trado, mas sim praticado a cada momento! Sim, a felici- dade precisa ser construída por nós mesmos a cada ins- tante, trabalhando a nossa mente para que ela reconheça motivos que nos façam felizes por meio de simples coisas do dia-a-dia, como por exemplo um bom dia dado pelo porteiro do seu trabalho logo cedo pela manhã, um abraço do seu cliente, a presença diária de um amigo ao seu lado, o café da manhã na mesa posto por sua mãe, o privilégio de um banho quente em dias bem frios. Talvez você tenha tantos motivos para ser feliz, que já não saiba distinguir o que é felicidade. Existe algo que pode lhe ajudar a abrir seus olhos para enxergar motivos que te façam realmente feliz: a GRATIDÃO! Somos frutos de um turbilhão de sentimentos guiados por nossos pensamentos, ou seja, se você pensa de for- ma positiva, passará a enxergar os acontecimentos da sua vida também de forma positiva, até mesmo aqueles que parecem te desmoronar como um castelo de areia levado por um vento bem forte. Talvez o vento leve o seu caste- lo de areia antes mesmo de você agradecer pelo dom de poder construí-lo, pelas mãos que o fizeram, pelos olhos que te fizeram enxergá-lo. Que bom que você tem a opor- tunidade de fazer novamente aquela escultura magnífica 79 sorrisos da alma mais uma, duas ou tantas outras vezes! Talvez você pre- cise praticar a gratidão para que assim possa conhecer a verdadeira felicidade. Será que é da própria natureza humana estarmos sem- pre insatisfeitos? Acredito que a satisfação esteja sempre fazendo companhia à gratidão. A partir do momento em que você agradece ou encontra motivos para agradecer em tudo que você vive, automaticamente você se torna uma pessoa mais realizada, feliz e satisfeita. Você já percebeu que estamos sempre querendo mais? E esse “mais” acaba sendo algo contínuo e muitas vezes frustrante, que faz passarmos a vida inteira correndo atrás de metas intermináveis e por fim nos faz esquecer de vi- ver a vida verdadeiramente. Estamos sempre correndo atrás de alguma coisa, seja ela o emprego dos sonhos, o par romântico perfeito, os bens materiais mais caros. Parece que estamos a todo ins- tante correndo em uma esteira, e é chegado um momento em que a gente cansa e fica desiludido! Talvez o fardo não pesasse tanto se começássemos a enxergar tantas coisas que nos fazem bem no nosso atual trabalho, tantas qua- lidades que tem o nosso atual par romântico e percebês- semos que os bens materiais, por mais caros que venham a ser, um dia se acabam e por isso não merecem tanta expectativa sobre eles. 80 gilberto abrantes 81 sorrisos da alma A partir do momento que aceitamos o que temos, nos tornamos pessoas mais felizes e bem resolvidas com a vida e com nós mesmos. A gratidão é um exercício diário que devemos praticar como sem falta, e com o tempo ele já vai acontecer de forma espontânea, tornando os nossos dias mais leves e prazerosos, pintando em nossa alma sor- risos constantes. Diante desse exercício de gratidão precisamos também praticar a aceitação do que não temos! Quando começa- mos a aceitar a situação de não possuirmos determinadas coisas, consequentemente passamos a valorizar mais o que temos e sermos gratos por isso. Talvez você não te- nha o melhor carro, mas você tem uma bicicleta que te leva para seu trabalho e é através dela que você consegue ir e vir todos os dias! Pratique a gratidão, agradeça pela capacidade que você tem de pedalar! Tem tanta gente que queria ao menos conseguir andar, não é mesmo? O que para você pode parecer uma bobagem, pode ser o sonho da vida de alguém! Pense nisso! Enquanto você reclama de imperfeições em seu corpo, outras pessoas só queriam ter seus olhos para conseguir enxergar a imensidão do céu, que para você pode passar despercebido por todos os dias da sua vida! Quem sabe a gente só valorize as estrelas quando estivermos em uma noite sem lua, pois não é fácil ter a capacidade de apreciar 82 gilberto abrantes e valorizar as coisas pequenas diante da exuberante luz do luar. Talvez você viva admirando o pássaro na gaiola do vi- zinho e nem perceba que na sua janela, em todas as ma- nhãs, faz-se uma orquestra com cantos dos mais diversos tipos de passarinhos. Por que é tão mais fácil apreciar a grama do vizinho? Por que não a nossa? Será que isso faz parte da nossa insatisfação constante com tudo que diz respeito a nós mesmos? 83 sorrisos da alma A partir do momento em que passamos a agradecer por nossa “grama”, por nossa família, nossos amigos, nossas conquistas diárias, aprendemos também a valorizar tudo isso. O valor de cada coisa é dado pela importância que você dá a ela. Um mesmo presente desperta as mais diversas reações em pessoas distintas! Quando você presenteia alguém com rosas, existem as pessoas que ficam nas nuvens com esse gesto e colocam as rosas em um jarro com água para durar mais um tempo, têm também as que admiram, mas não fazem nada para que as rosas durem um pouco mais, e existem aquelas que só esperam a pessoa virar as costas para jogar as rosas no primeiro lixeiro que se deparar. Que tipo de pessoa é você? Como você tem reagido frente aos presentes que a vida tem lhe dado? A nossa gratidão é algo que acontece em nosso íntimo, mas que muitas vezes também precisa ser externada. Um ato de agradecimento pode mudar o dia de uma pessoa, fazendo-a sentir-se muito bem. Então não poupe abraços de agradecimento, não poupe as mensagens falando que és grato por ter aquela pessoa em sua vida, falando que a amizade dela é um presente precioso para você. Não es- queça de parabenizar ao funcionário que lhe atendeu tão bem na loja. Fale ao garçom, que não tirou o sorriso do rosto a tarde toda, que ele é muito simpático e que você gostou muito do atendimento dele. 84 gilberto abrantes Não devemos ser gratos apenas por coisas materiais, mas também por atitudes, palavras, gestos e expressões que mudam para melhor a forma de encararmos a nos- sa vida. Então não necessariamente devemos ser gratos apenas pelas coisas boas que acontecem conosco, pois, se algo indesejado acontece para nos alertar, livrar, ama- durecer, ou para nos preparar para receber algo maior e melhor futuramente, isso também é motivo para ser grato. Imagine que você tem uma viagem dos sonhos marca- da e no dia do voo você adoece e não consegue embarcar! Horas depois você fica sabendo que o avião em que você estaria viajando caiu em alto mar e não houve sobreviven- tes. Agora você consegue entender que até uma doença pode ser sim um motivo de gratidão? Quando você começa a agradecer por tudo que acon- tece na sua vida, surgem motivos para ser feliz todos os dias! É como
Compartilhar