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V I A G E M F I L O S Ó F I C A
Uma Editora para todos!
Conjunto Nacional, cjs. 2113, 2114 e 2115, Avenida Paulista 2073, 
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© 2021, Gilberto Abrantes e Chiado Books
E-mail: geral@chiadobooks.com
Título: Sorrisos da Alma - Construindo a sua melhor versão
Editor: Andréa Albuquerque
Coordenador Editorial: Vasco Duarte
Capa: Vasco Duarte
Composição Gráfi ca: Nuno Kabu 
Revisão: Gilberto Abrantes
1.ª Edição: Janeiro, 2021
ISBN: XXX | Depósito Legal n.º XXX
Impressão e acabamento: Atlântico Print
PORTUGAL | BRASIL | ANGOLA | CABO VERDE
GiLBerTo ABrANTes
sorrisos DA ALmA
CoNsTrUiNDo A sUA meLHor VersÃo
 
 
 
 
Vivemos sempre tentando ser fortes, sempre tentan-
do pintar um sorriso em nosso rosto para mostrar a todo 
mundo que está tudo bem. Conseguimos até enganar aos 
outros, mas nunca a nós mesmos. 
Ao longo da vida, as perdas e as dores nos transfor-
mam! Mas é a nossa compreensão e a visão que temos do 
mundo e de nós mesmos que fazem essas transformações 
serem positivas ou não para o nosso ser em construção.
Amando a si próprio, você irá compreender cada vez 
mais as suas necessidades e limites para ser feliz e saberá 
permitir que as coisas e pessoas certas cheguem até você, 
assim como também saberá dizer não ao que compromete 
o sorriso da sua alma. Saberá também o que vale a pena 
ser buscado para sua vida e quais caminhos percorrer para 
encontrar a sua verdadeira felicidade.
 
 
 
 
 
Dedicado aos meus pais, meus maiores exemplos de 
força e perseverança. E às minhas irmãs, que sempre 
estiveram ao meu lado me apoiando e vibrando 
positividade em cada escolha feita por mim.
Sumário
O SORRISO – A JANELA DA ALMA..................................11
SORRISOS EM DIAS ANSIOSOS .......................................21
SORRISOS APÓS O LUTO ..................................................35
SORRISOS APÓS O TRAUMA ...........................................49
SORRISOS EM MEIO AO MEDO .......................................63
SORRISOS COM GRATIDÃO .............................................77
SORRISOS NA PROVAÇÃO ...............................................93
SORRISOS COM FÉ ...........................................................107
SORRINDO PARA O MEU “EU” ......................................121
SORRINDO PARA MINHA MELHOR VERSÃO .............135
11
CAPÍTULO 1
O SORRISO – A JANELA DA ALMA
 
 
 
Por alguns anos tenho lidado todos os dias com pessoas 
que buscam um sorriso mais bonito e mais harmônico ou 
até mesmo buscam “voltar a sorrir”. Poder proporcionar 
a elas isso, além de ter se tornado uma grande paixão 
minha, tem sido motivo de profunda reflexão. O sorriso, 
quando visto de uma forma mais profunda, é bem mais 
que uma simples expressão da face.
Mesmo se tentarmos demonstrar uma vida repleta de 
sorrisos, nada adianta se a nossa alma não estiver em um 
verdadeiro estado de alegria e bem-estar, pois assim o 
nosso sorriso pode fazer bem a todo mundo ao nosso re-
dor, mas não a nós mesmos. Ele vai nos causar dor, como 
uma ferida aberta, toda vez que nos dermos conta que não 
sorrimos por vontade própria, mas sim para agradar aos 
outros e alimentar, dessa forma, a expectativa que criam 
de nossa vida.
Muitos veem o sorriso como um remédio para curar 
suas feridas e suas expectativas frustradas e, então deci-
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gilberto abrantes
dem compensar a bagunça “da casa” com uma linda jane-
la aberta, pois uma casa fechada chama mais atenção dos 
curiosos do que uma casa aparentemente normal, como as 
outras. Uma pessoa retraída e até mesmo cabisbaixa tem 
mais chances de tornar-se alvo da curiosidade alheia do 
que a que sorri e aparenta estar feliz e “normal”. Por isso, 
muitas vezes, é mais fácil forçar um sorriso e fingir que 
está tudo bem, pois nem sempre você está em condições 
de dar explicações! 
 
13
sorrisos da alma
A sua vida não é um julgamento, você não precisa de-
por o tempo inteiro, chega de buscar explicações para 
tudo que tem acontecido, isso cansa muito. Pegue leve 
com você! Viva um dia de cada vez! Você pode estar as-
sumindo um papel de juiz na sua própria vida, e com isso 
você se culpa, se condena e impõe a si mesmo uma pena 
muito cruel: a de viver a vida inteira se martirizando. Esse 
martírio lhe enche de trincas na alma, de angústias, e isso 
pode levar ao seu desmoronamento. Vamos evitar isso! 
Vamos lá!
Uma casa que tem sua fachada sempre limpa e renova-
da, mas o seu interior jogado aos trapos, uma hora des-
morona por inteira e quem a via de longe, de fora, vai se 
perguntar como aquilo aconteceu! Como a casa que esta-
va sempre íntegra pôde ter aquele fim repentino e trágico? 
Quando comparamos a casa com a sua alma não é muito 
diferente. Você desmorona e ninguém entende, afinal, só 
você conhece as goteiras, as paredes quebradas e os pila-
res destruídos.
Na maioria das vezes não entendemos os desfechos que 
surgem nas histórias que vivemos quando eles não nutrem 
as expectativas que criamos e quase sempre esses finais 
são aqueles sem “felizes para sempre”. Não faz sentido 
ver, por exemplo, uma jarra novinha quebrar-se de uma 
hora para outra, sem uma pancada sequer. 
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gilberto abrantes
Não encontramos sentido para muitas coisas quando só 
reparamos no seu exterior! A jarra, por parecer resistente, 
era levada a suportar uma temperatura alta demais para 
sua estrutura. A jarra é uma metáfora sobre sua vida, sobre 
VOCÊ! Você pode estar guardando algo em seu interior 
que abale a sua estrutura bem mais do que você possa 
imaginar, e que esteja prestes a lhe “quebrar” por inteiro 
a qualquer momento.
Quantas vezes você já ouviu alguém falar: 
“― Ah você vai superar, você é forte!
 ― Você sempre consegue, vai conseguir novamente!”
Muitas vezes, né? Poucos perguntam na mesma ocasião:
 “― Você está bem? Precisa de alguma ajuda?”
Escuta só, você é humano e nem sempre vai estar pron-
to para enfrentar algumas situações sozinho, mesmo que 
já tenha vivido algo parecido. Não pegue tão pesado con-
sigo mesmo.
Sabe aquele ditado “água mole em pedra dura, tanto 
bate até que fura”? Ele cai bem nesta nossa conversa. A 
situação em que você está vivendo, por mais que possa ser 
rotineira, pode vir a abalar a sua estrutura de uma forma 
irreparável, assim como aconteceu com a jarra. A sua for-
ça não deve ser julgada pela sua aparência, nem por um 
sorriso que você carrega consigo. O seu limite pode estar 
próximo de esgotar-se!
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sorrisos da alma
Não deixe que lhe imponham os limites das suas forças, 
pois só você sabe de verdade quando a “corda” está arre-
bentando. E quando isso acontece, poucos estarão do seu 
lado para tentar te reerguer, mas sim para julgar os “N” 
motivos do seu colapso, e isso é o que menos lhe impor-
tará neste momento. Você só quer que tudo isso acabe e 
que fique bem!
Você tem sorrido como um reflexo do que há dentro de 
você ou vem tentando usar o sorriso como curativo para 
as feridas da sua alma? Você pode até trocar as janelas da 
sua casa para mostrar à vizinhança que está tudo bem, mas 
não vai conseguir enganar a si mesmo, pois é você quem 
mora ali e sabe o que se passa lá dentro! É você quem vai 
sustentar os pilares se eles estiverem prestes a desabar. 
E por quanto tempo você vai suportar? Por quanto tem-
po vai valer a pena levar nas costas um peso tão grande? 
A nossa cura acontece de dentro para fora. A reforma da 
nossa casa começa de dentro dela, e não importa se duran-
te este período seja preciso ficar com a fachada apagada.Não temos que viver provando que estamos bem, que 
está tudo bem quando, na verdade, não está. Muitas vezes 
iremos precisar de um tempo só nosso e que não diz res-
peito a ninguém. Precisamos viver esse período de “tré-
gua” com nós mesmos. Um período de reforma, de botar 
as coisas no lugar, para que um dia possamos voltar ver-
dadeiramente a sorrir.
16
gilberto abrantes
Reflita comigo: “De que forma o sorriso pode ser visto 
como um remédio para a alma?” Já lhe adianto que isso 
não vai acontecer caso ele seja doado aos outros como 
tentativa de provar, de forma mentirosa, que estamos 
bem, mas sim, doado a nós mesmos como uma chance 
nova para enxergar o lado bom de tudo que acontece em 
nossa vida e assim encarar os problemas de uma maneira 
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sorrisos da alma
mais leve e menos exaustiva. Dessa forma você está dan-
do um salto positivo frente a caminhada para a cura do 
que deprime e perturba a sua alma.
Tentar enxergar a vida de uma forma positiva traz inú-
meros benefícios para nossa alma. Acredito muito que na 
vida há uma “lei do retorno”, onde a gente recebe o que 
doa, nem que seja pelo menos uma parte do que é doado 
ou quem sabe até o dobro ou até mesmo o triplo disso. 
Quando você encara os obstáculos tentando enxergar mo-
tivos para sorrir, o universo vai retribuir este seu sorriso 
com coisas que perduram a felicidade! Então seja otimista 
e sorria muito para a vida, pois se você receber de volta 
pelo menos metade dos sorrisos doados, ainda será o bas-
tante para fazer a sua vida mais feliz. 
Além de remédio, o sorriso também pode ser o reflexo 
de como a sua alma se encontra. Se você tenta fingir para 
si mesmo uma “falsa felicidade”, uma hora isso vai se 
tornar mais pesado do que encarar aquele problema que 
já tira a sua paz e lhe bloqueia de seguir adiante rumo 
às suas conquistas espirituais, sendo elas, por exemplo, a 
sua paz interior, a felicidade plena e o equilíbrio. O fardo 
assim fica pesado demais. Você não precisa disso!
Mascarar a tristeza com um sorriso é como estar ves-
tindo uma “roupa bonita”, mas que não combina com a 
ocasião em que estamos vivendo. Isso maltrata o nosso 
interior e sinais que eram vistos apenas na alma podem 
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gilberto abrantes
passar a ser físicos, podendo levar ao nosso desmorona-
mento, como lá na casa de janelas bonitas, que desmoro-
nou por inteira. 
Tudo que você quer e necessita em determinados mo-
mentos é de um tempo para si mesmo. Tempo este para 
recolher-se do mundo lá fora e se encontrar no íntimo de 
sua alma, mapear as goteiras em seu teto, e tentar conser-
tá-las. Você merece viver bem consigo mesmo, sem car-
regar o peso de ser forte o tempo todo para que o mundo 
tenha essa imagem positiva de ti.
Até mesmo o sol se recolhe em alguns dias. Pois é, em 
alguns momentos aquela imensa esfera de fogo se rende 
ao frio e às nuvens escuras. E isso não faz dela menor ou 
menos importante, e assim é você! Você não precisa pin-
tar em sua “fachada” aquilo que não condiz com a situa-
ção do interior da casa, ou seja, você só precisa ser você 
mesmo!
A partir do momento em que você enxerga o sorriso 
não mais como uma máscara, mas sim como o primeiro 
passo para construir um novo caminho, é iniciado um pro-
cesso de evolução da sua própria alma. Você está mudan-
do a perspectiva da sua vida para melhor. Está apostando 
em si, pois este sorriso já não é mais para os outros, mas 
sim PARA VOCÊ!
Em uma plantação obviamente colhemos o que planta-
mos e, da mesma forma, isso acontece com você! Chegou 
19
sorrisos da alma
o momento de semear em sua alma somente coisas boas, 
para assim ter uma colheita produtiva. Neste momento o 
sorriso representa otimismo e vibrações positivas. Você 
pode usar e abusar dele! 
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gilberto abrantes
Acho que agora você já pode abrir suas janelas, esta-
mos fazendo uma grande reforma aqui dentro da sua casa. 
Você já consegue perceber algumas goteiras, já tirou um 
tempo para consertá-las sem se preocupar com o julga-
mento dos que lhe rodeiam. Agora iniciou o plantio da 
prosperidade em sua alma e isso vai trazer muitas conse-
quências positivas para a sua vida. 
Você passa a entender que diante de todas as tempesta-
des, você não precisa manter-se em pé pelos outros, mas 
sim por você! E quando cansar, você pode recolher-se e 
esperar esse tempo ruim passar, sem forçar a barra. Você é 
humano, não adianta carregar tanto peso nas costas. 
21
CAPÍTULO 2
SORRISOS EM DIAS ANSIOSOS
 
 
 
Há dias em que o sorriso é leve e espontâneo, deixando 
transparecer a paz que habita em nossa alma. Tudo parece 
ter um fardo menor e isso descentraliza a importância que 
damos aos problemas em nossas vidas. Noutros, parece 
que o mundo está prestes a desabar e que você não vai 
conseguir se livrar dos escombros. 
Você está exausto e já não sabe como sair dessa si-
tuação. Não adianta forçar a barra, pois é um dia difícil. 
Nestes dias, você só precisa de tempo. Sim, tempo para 
descansar e esperar o coração desacelerar, voltar a sentir 
as pontas dos seus dedos, que por uns minutos ficaram 
dormentes e frios. Tempo para entender o turbilhão de 
sensações que passam por seu corpo, inclusive o estranho 
pressentimento de que você irá morrer.
Nesses dias nublados, você vai ver que não é preciso 
o sol aparecer para fazer você tomar um banho com seu 
próprio suor. Sim, dias ansiosos são difíceis, mas trazem 
muitas lições consigo. Você pode sair deles mais maduro 
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gilberto abrantes
e conhecedor do seu próprio “eu”. No fim da tempestade 
você vai sorrir e dizer aliviado “― Ufa, passou!” 
Você tem cuidado de todo mundo ao seu redor, tem se 
doado por inteiro, tem evitado machucar quem você ama, 
e acabou esquecendo da pessoa que mais merece atenção 
e cuidado: VOCÊ! 
23
sorrisos da alma
Como você pode amar ao próximo e não a si mesmo, a 
ponto de esquecer dos seus próprios limites? Talvez você 
esteja se cobrando demais! Você não precisa ser o melhor 
funcionário, o melhor filho, o melhor colega, a melhor 
esposa, todos os dias! A sua alma parece aflita com a so-
brecarga que você tem colocado sobre ela! 
O que te deixa ansioso? Seria o medo de fracassar, de 
não ser bom o suficiente? Ou o futuro duvidoso, incerto? 
O pessimismo, talvez? Vamos refletir sobre isso!
A autocobrança é uma máquina de tornar pessoas an-
siosas, pessoas que se frustram a todo instante e que des-
carregam em si mesmo a culpa de não “ter feito o me-
lhor”, exigindo mais e mais de sua mente e de seu corpo, 
trazendo prejuízos acumulativos para a alma. É preciso se 
enxergar como um ser imperfeito e se perdoar por cada 
falha. Sim, cada falha, pois nós somos falhos, somos hu-
manos e estamos prestes a errar a qualquer instante.
Entenda, não estou lhe incentivando a fazer o que é “er-
rado”, mas sim aceitar os erros, sem martirizar a sua alma 
jogando tanta culpa em si mesmo. O segredo é aprender 
com seus erros e tentar melhorar sempre, tendo em vis-
ta que somos frutos de um longo processo, não adianta 
querer pular etapas. É como um jogador de tabuleiro, que 
volta casas a todo instante, e que no final torna-se o ven-
cedor! Sim, “voltar casas” é preciso! 
Chegamos em momentos da vida em que fica difícil 
assimilar tudo que está acontecendo ao nosso redor, per-
24
gilberto abrantes
demos um pouco o ritmo da caminhada. Pedir um tempo 
não é vergonhoso, não é crime! Crime seria você torturar 
a sua alma para que ela persista, quando seus pés já não 
suportam a caminhada.
No jogo de tabuleiro, devemos entender que o percurso 
consiste em idas e voltas, e a diferença entre o jogador e 
o vencedor está em aprender com cada uma dessas voltas. 
“Voltar casas” não faz da gente menor ou menos capaz. 
Na vida, o jogador que avança todas as casas sem voltar 
nenhuma delas, nem sempre sai do jogo como vencedor! 
Não se trata de uma disputa de quem “vive primeiro” de-
terminada coisa, mas sim quem vive o que tem que ser 
vivido no tempo certo.
Não adianta comparar-se ao seu vizinho, pois cada pes-soa vive uma realidade diferente e isso exige um tempo 
diferente para cada coisa a ser vivida. Em uma competi-
ção em que o resultado dá empate sempre vai ter no pó-
dio, mesmo sem degraus, uma pessoa que aprendeu mais, 
que agregou mais valor a si e que evoluiu mais, em re-
lação à outra. Fisicamente ambos ganharam o jogo, mas 
espiritualmente alguém ganhou bem mais. 
Todos passam por provações. É normal! A partir do 
momento que você passa por provas e não retira delas 
nenhum aprendizado, aí sim já não é normal. Dessa forma 
você não está agindo com sabedoria, consequentemente 
25
sorrisos da alma
não haverá evolução alguma no seu processo de cresci-
mento pessoal ou até mesmo espiritual.
Imagine-se em um mar calmo, sereno, em um dia en-
solarado, tudo aparentemente perfeito, e você não sabe 
nadar, mas tem certeza que está em um lugar seguro, por 
conseguir tocar o chão. E você caminha mais um pouco, e 
se afoga por desconhecer a imensidão do mar e a profun-
didade escondida pelo verde de suas águas. Você tem uma 
nova chance e as ondas te salvam, lhe empurrando para 
onde consiga sentir a areia novamente.
Você, ao sair dessa situação, tem vários caminhos até 
voltar ao mar novamente! O primeiro deles é voltar ao 
mar e não se aproximar daquela região onde tudo aconte-
ceu. O segundo é recuar um tempo, aprender a nadar e só 
depois voltar ao mar, somando a isso o conhecimento que 
você tem sobre aquela região mais profunda e certamente 
perigosa. E o terceiro é não se importar com o que acon-
teceu e voltar ao mar sem escrúpulos. 
Às vezes é preciso “perder” um pouco de tempo se pre-
parando, do que voltar de cara ao mesmo cenário do erro 
cometido. Você é falho e pode voltar a errar novamente, 
então preparar-se é sempre a melhor saída! É esse o pro-
pósito das quedas e deslizes que sofremos: o aprendizado! 
A insistência no mesmo erro pode trazer traumas irrepará-
veis para sua alma e você pode nem se dar conta disso de 
início, e só lá na frente você vai entender o desgaste que 
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gilberto abrantes
tudo isso lhe causou. As feridas mais difíceis de cicatrizar 
não são as da pele, mas sim as da alma.
A opção de esquivar-se do problema não é a solução, 
pois em outras ocasiões você pode ser levado novamente 
“às profundezas do oceano” e não saberá lidar com isso. 
Então, se esconder do problema não é a melhor saída, pois 
isso te limita e te diminui diante do mar de circunstâncias 
que você está prestes a “mergulhar”.
Esconder-se ou desviar do problema não faz dele me-
nor ou vencido, mas o transforma em uma ferida crôni-
ca na sua alma e que pode vir a arrebentar sempre que a 
“água salgada do mar lhe tocar”, ou seja, sempre que se 
aproximar de algo que tenha alguma ligação/ relação com 
aquele problema. 
Continuando com as opções de resolução do problema 
proposto, temos a opção de não se importar e “voltar ao 
mar”, ou seja, enfrentar sem preparo algum, mais uma 
vez, o problema. Será que você sairá dessa?
Quando o assunto é o seu bem-estar, você não deve 
confiar somente na sorte, é necessário preparar a sua alma 
e a sua mente para enfrentar os problemas. Não adianta 
agir pela emoção. Errar pela primeira vez ainda nos faz 
humanos, mas persistir no erro, sem preparo ou evolução 
alguma, já lhe tira a possibilidade de ser sábio.
Um problema, quando mal resolvido/compreendido, 
pode trazer prejuízos para a sua vida inteira. Pode trazer 
27
sorrisos da alma
uma automutilação da sua alma! Você vai julgar-se e ape-
drejar-se sempre que vier à sua memória aquele episódio 
que poderia ter tido um final ideal, mas não foi bem o que 
aconteceu, pois você achou melhor correr para longe do 
problema, mas ele continuou lá. A nossa mente é grandio-
sa, numa hora ou noutra as lembranças virão à tona e sua 
cabeça vira um tribunal, onde você se julga condenado e 
reserva a si próprio uma vida de martírio e de culpa.
A nossa alma é como um imenso campo coberto por 
plantações. Você vem plantando a cada dia de forma invo-
luntária, semeando em sua alma sentimentos que estarão 
sempre por perto durante toda sua vida. E tudo que você 
planta, você colhe! E a gente oferece ao próximo o que 
tem em excesso nessa colheita.
28
gilberto abrantes
Agora imagine um incêndio neste lugar, e que parte 
da colheita foi atingida. Tenho certeza que na sua vida já 
houve algo semelhante que devastou a plantação da sua 
alma. Todo mundo já foi alvo de um “incêndio”, seja ele 
uma morte de um ente querido, o fim de um relaciona-
mento, um problema familiar ou pessoal, uma notícia ou 
acontecimento ruim que levou sua vida a caminhos difí-
ceis de serem percorridos. O que diferencia esses “incên-
dios” são as proporções que eles tomaram em sua vida. A 
amplitude que você deixou as chamas tomarem em você. 
A ansiedade pode vir como a fumaça de um incêndio que 
nunca foi apagado em sua alma.
A autocobrança pode vir como uma necessidade ínti-
ma de provar que a sua “plantação” está intacta, quando 
na verdade ela arde em chamas. Você precisa entender a 
necessidade de cessar o fogo. Primeiramente, precisamos 
conter o incêndio que aflige nossa alma, e depois deste 
problema resolvido é que podemos iniciar um novo plan-
tio ali. Não adianta querer recomeçar a sua vida em terras 
que ainda não estão cultiváveis. É como tentar dançar so-
bre cacos de vidro. Você não vai conseguir manter-se de 
pé por muito tempo.
Com a sua alma em paz, a ansiedade não encontra bre-
cha para entrar. Sorrir vai se tornar algo prazeroso e vai 
ser mais que um simples gesto de felicidade, mas também 
29
sorrisos da alma
uma expressão de gratidão da sua alma a você, como cui-
dador(a) dela.
Quando a ansiedade bloqueia a nossa fonte de sorrisos 
e nos deixa sempre pensando, de uma forma incontrolá-
vel, no pior que possa vir a acontecer em cada situação 
e já não conseguimos enxergar sentido na vida, a nossa 
alma já está em um incêndio desenfreado: a depressão. 
Estamos falando agora de uma plantação que foi in-
teiramente devastada. A alma que foi comparada à um 
campo vasto, agora seria um terreno escuro, sem vida e 
coberto por cinzas. Mas já lhe adianto que iremos juntos 
replantá-lo e essa nova plantação vai ficar mais linda e 
forte, como nunca vista antes.
Você estava aparentemente forte, sofreu pequenos tom-
bos e não soube lidar com isso. As feridas na alma foram 
crescendo, inflamando e tomando proporções maiores e, 
por não ver mais saída, você decidiu jogar-se em um poço 
imenso e escuro, mas acredite, o seu maior crescimento 
vai acontecer aí dentro, juntos vamos tentar tirar proveito 
desse período considerado difícil e você verá que é possí-
vel sorrir em dias assim.
O fundo do poço é um lugar metafórico usado para fa-
lar do período em que você se sente cansado e sem ânimo, 
sem mais enxergar razões para continuar a longa cami-
nhada que um dia lhe despertava euforia e empolgação. É 
30
gilberto abrantes
de lá que iremos tirar grandes ensinamentos para sua vida 
e seu engrandecimento espiritual.
A gente vive tão focado em metas e objetivos que aca-
bamos esquecendo de olhar para nós mesmos. O tempo 
que passamos no fundo do poço pode nos possibilitar uma 
experiência única que não viveríamos da mesma forma 
usando a sensibilidade que temos em dias normais. Entrar 
no poço é algo que pode acontecer com qualquer pessoa 
e sair de lá não é uma tarefa fácil, mas também não é 
impossível. 
Podemos enriquecer nossa alma com esse período des-
tinado a nós mesmos, já que tudo ao nosso redor parece 
ter perdido o sentido. É hora de parar e pensar em como 
tudo isso começou. É conhecendo as feridas que encon-
tramos os remédios eficazes para cada uma delas.
 É hora de pensar nos traumas causados por falhas no 
processo de enfrentamento dos problemas e tentar en-
xergá-los como algo pequeno diante de um poço imenso 
no qual você está vivendo. Se as feridas estão abertas, 
precisamos fechá-las, e muitas vezes a forma de tratá-las 
é limpando cada uma delas, arrebentando-as um pouco 
mais, tomandoconhecimento do que impede o processo 
de cura, para que assim elas possam cicatrizar mais tarde, 
pois uma ferida não cicatriza se ainda tiver estilhaços em 
seu interior. 
31
sorrisos da alma
O fundo do poço nos possibilita contemplar coisas 
que passaram despercebidas antes, como os nossos de-
sejos, os reais motivos que nos dão prazer, sem levar em 
consideração a expectativa dos outros em relação ao que 
desejamos ser.
Do poço fica mais fácil contemplar o céu e conversar 
com a sua entidade divina. A fé vai lhe ajudar a progredir 
nessa trajetória de saída do poço, pois quando comparti-
lhamos algo com alguém, tiramos parte do peso que está 
sobre nossas costas. E não é diferente quando se trata de 
uma conversa com Deus. Carregar um problema sozinho 
pode levar ao colapso da sua alma, pois você não é tão for-
te quanto pensa. O contato espiritual com Deus vai trazer 
mais serenidade para sua vida por lhe fazer enxergar-se 
como tendo alguém torcendo e caminhando contigo, mes-
mo nos caminhos mais difíceis de serem ultrapassados.
Lá no poço existem dois tipos de pessoas: as que per-
severam e batalham para sair de lá e as que se entregam 
àquela condição de existência e decidem ficar por lá mes-
mo pelo resto de suas vidas. Temos que ser insistentes e 
persistentes conosco. Se o dia de hoje está péssimo, então 
mentalize o dia de amanhã, só não se entregue aos sen-
timentos que tentam lhe afastar de tudo que há de mais 
bonito na vida. 
32
gilberto abrantes
Você precisa vencer o poço. Repita comigo: “― EU 
VOU VENCER O POÇO!” E dele você sairá mais forte e 
destemido. Lembre-se que temos uma plantação para re-
começar e você acaba de semear suas primeiras sementes. 
A fonte de nutrientes desta plantação é você. Então é hora 
de pensar positivo!
33
sorrisos da alma
Em meio a ansiedade e depressão, a insegurança virá 
como aliada da falta de confiança que você adquiriu de 
si mesmo, pois os seus princípios de existência estão 
abalados. E quando não temos certeza de quem somos 
de verdade fica difícil de confiar em nós mesmos. Fica 
difícil nos defendermos dos ataques do nosso próprio 
subconsciente. 
O conhecimento sobre si mesmo é algo que o poço 
pode lhe proporcionar, desde que você esteja apto a acei-
tar esse processo, sem temer as consequências das possí-
veis mudanças em seu antigo “eu”.
Seja paciente, esse processo não acontece da noite 
para o dia. Tudo que precisa ser sólido e duradouro de-
manda tempo. Com a construção da sua nova base não 
é diferente. Você está construindo um novo sorriso para 
a sua alma. Sim, um sorriso novo em dias não tão feli-
zes. Você precisa adquirir confiança em seu novo “eu” 
e construir seus novos princípios em cima deste alicer-
ce. Com os pilares reforçados, você não vai desmoronar 
novamente.
As paredes do poço começam a aparentar menores, 
você já tem forças para escalá-las. A plantação está indo 
bem, parece que teremos uma colheita magnífica. Não é 
tão difícil encarar o poço quando temos certeza de quem 
somos e do que queremos. 
34
gilberto abrantes
Ao sair do poço, você vai ser grato pelos ensinamentos 
adquiridos por lá. O silêncio do poço pode ser um ótimo 
lugar para pensar e colocar as ideias no lugar. Portanto, 
não deixe o seu medo apagar o seu sorriso, mostre ao 
“seu poço” que você pode sorrir SIM em dias ansiosos, 
pois desses dias você levará consigo ensinamentos para 
a vida inteira.
35
CAPÍTULO 3
SORRISOS APÓS O LUTO
 
 
 
A vida parece mais fácil quando temos por perto pes-
soas que nos entendem, que nos apoiam, que nos amam, 
gente que nos faz bem de alguma forma. É importante ter-
mos alguém que se importe de verdade conosco, alguém 
para dividir os nossos fardos, ou pelo menos que nos es-
cute quando fica difícil guardar tanta coisa em um baú tão 
frágil e pequeno, como o nosso coração. 
Por mais que a gente se julgue autossuficiente, isso 
nunca será uma verdade, por isso temos a necessidade de 
criarmos laços, sejam eles com amigos, parentes, com o 
amor da nossa vida ou até mesmo com um animal de es-
timação. Tem gente que se apega até mesmo à um objeto 
ou à uma fantasia da sua imaginação. 
Apegar-se acaba sendo uma tarefa fácil, até que um dia 
a lei natural da vida “alarma” que já é hora da partida, 
muitas vezes de forma repentina, e nunca estamos pre-
parados para isso. É chegado o momento de ver nosso 
próprio coração aos pedaços e não ter muito o que fazer, 
36
gilberto abrantes
a não ser respeitar o nosso tempo e viver um período 
doloroso, mas que é extremamente necessário: o luto.
Para viver um período de luto não necessariamente 
você precisa perder uma pessoa da qual goste muito. O 
sofrimento pode existir por perdas materiais, pela sua de-
missão do seu trabalho, por um sonho que foi por água 
abaixo, pelo fim do seu casamento, etc. 
A gente vive o luto quando a ausência já é capaz de nos 
ferir como uma lâmina afiada, e de nos fazer olhar para o 
futuro e não enxergar perspectivas para seguir. Uma parte 
importante de nossas vidas foi levada embora e só nos 
resta entender que isso faz parte de um processo natural 
da vida, em que estamos a todo instante prestes a perder 
ou ganhar, e que quando perdemos algo ou alguém nesse 
processo, temos a chance de sairmos fortes e encorajados 
ao final dele.
O vento em dias ensolarados não parece ser tão forte 
quanto em dias nublados. O tom escuro do tempo fechado 
parece que deixa tudo mais denso, inclusive o vento, que 
toca nossa pele parecendo queimar como gelo e nos tira 
a coragem de seguirmos sozinhos na caminhada. Quando 
iniciamos um período de luto estamos dando tempo ao 
nosso coração e dizendo para ele que precisamos sentir 
essa dor, pois ela, no momento, é a única coisa que nos 
resta depois de perdermos o que para nós um dia foi tão 
importante.
37
sorrisos da alma
O luto é como uma estrada sombria e única para chegar 
em um determinado lugar. Ninguém quer passar por esse 
caminho, mas é necessário! É um caminho de dor e ao 
mesmo tempo de reintegração. Você precisa entender o 
propósito de “sentir a dor” depois de um velório para que 
no futuro não sinta a culpa de não ter lhe dado o direito de 
chorar pela partida de quem ou do que você tanto amava. 
A gente nasce, cresce e escuta falar sobre a morte, mas 
nunca estamos preparados para encará-la quando se tra-
ta de algum “dos nossos”. É difícil falar sobre algo que 
não temos como mensurar o tamanho. A dor é sentida das 
mais diversas formas, de pessoa para pessoa, e a sua in-
tensidade é guiada pelos sentimentos que o enlutado tem 
pela pessoa ausente. Quanto mais você ama, mais difícil 
se torna o período de luto.
Quando falamos em luto, muita gente remete à ima-
gem de um guarda-roupa cheio de roupas escuras e à um 
ambiente silencioso e sem brilho. Não necessariamente 
demonstramos nossa dor com roupas pretas, nem tão pou-
co em silêncio. Muitas vezes, para destruir a imensa bar-
reira de dor que nos aprisiona, precisamos gritar alto ou 
até mesmo “quebrar alguns objetos na parede”. Cada um 
sente uma necessidade diferente de extravasar seus senti-
mentos quando está frente ao luto. 
38
gilberto abrantes
Como você tem lidado com o luto? Sorrir em dias de 
luto não significa que você não está sofrendo ou que você 
não tem sentimentos por quem partiu, mas sim que você 
está disposto a reescrever a sua história, a dar uma nova 
chance para si mesmo, pois mesmo depois de ter o seu 
coração partido, ele ainda continua batendo e sua vida não 
para! Você precisa seguir! Mas quando? Qual é o tempo 
certo para seguir em frente depois de um adeus doloroso?
Em um dia normal de atendimento no consultório odon-
tológico, me vi surpreso ao ver uma paciente querida, que 
fazia tempos que estava com seu tratamento pago, porém 
39
sorrisos da alma
não vinha concluir os procedimentos clínicos. E quando 
eu lhe questionei sobre o que tinha acontecido, ela encheu 
os olhos de lágrimas e falou com a voz cortada: “― De-
pois de tantos anos da morte do meu marido,eu achei que 
tinha superado, mas bastou eu ver uns fogos de artifício 
no ano novo e me vieram muitas lembranças dele e desde 
esse dia a minha depressão veio à tona. Por isso eu pre-
cisei de um tempo e levei falta no tratamento dentário.”
Foi diante de situações como esta que eu parei para re-
fletir sobre o sorriso de uma forma mais profunda. Eu vi 
que a felicidade é algo muito complexo e envolve muitos 
contratempos, e a partir do momento que aprendemos a 
enfrentá-los é possível sim sorrir em dias difíceis ou pelo 
menos ter a perspectiva de um dia voltar a abrir a janela 
da alma novamente.
Cada pessoa precisa de um tempo para assimilar a per-
da, o luto é um processo doloroso e lento. Se você tenta 
pular etapas desse processo, poderá sofrer consequências 
dolorosas lá no futuro. Não tem como uma lagarta virar 
borboleta sem passar por um período exclusivamente dela 
no casulo. Não tem um macete ou um atalho para acelerar 
esse processo e fazer com que a borboleta crie asas mais 
depressa e voe o mundo afora. Temos que respeitar o tem-
po dos processos naturais da vida. 
Um processo de luto mal concluído pode levar a con-
sequências que externam de sua alma e comprometem o 
40
gilberto abrantes
seu bem-estar físico. Em uma escala de zero a dez, quanto 
que a dor da perda está atrapalhando a sua vida? Se ela lhe 
compromete de forma significativa ou até mesmo absolu-
ta, você precisa ficar em alerta e tentar mudar esse qua-
dro. Nenhuma dor dura para sempre, o tempo é bondoso 
e leva com ele muitos problemas, mágoas, tristezas e até 
mesmo o luto, deixando apenas as lembranças que devem 
ser usadas para escrever novos dias em que você aparece 
forte e revigorado. 
Superar a dor não é sinônimo de esquecimento, pelo 
contrário, significa guardar na memória essa pessoa ou 
algo de uma forma sadia e que lhe faça bem para a cons-
trução de um futuro feliz. Você merece e precisa seguir 
sua vida, ficar estagnado no tempo lamentando não vai 
trazer de volta o seu casamento, o seu ente querido, nem 
mesmo os seus sonhos que foram fracassados.
Imagine que o luto seja uma tempestade e você é uma 
casa que tenta manter-se de pé nesse período difícil, e 
chega um momento em que partes da estrutura desta casa 
está sendo levada pelo vendaval. O tempo dela está con-
tado, pois uma casa com sua estrutura comprometida não 
suporta uma tempestade. Conosco não é diferente, se dei-
xarmos o luto arrancar de nós mais do que somos capazes 
de suportar, iremos desmoronar como uma casa compro-
metida em meio a tempestade. 
41
sorrisos da alma
As vezes não nos damos conta de que pequenas “gotei-
ras” podem trazer prejuízos futuros irreparáveis para nos-
sa alma, e posteriormente para o nosso organismo. Temos 
que ficar atentos ao nosso limite espiritual em um período 
tão delicado como o de luto. Nesse momento é hora de 
cuidar um pouco de quem ficou, sim, de você mesmo. É 
hora de se amar mais do que nunca, e refletir que por você 
vale a pena se reerguer. Por você vale a pena enxugar as 
lágrimas e pensar em um novo amanhã. Você precisa se 
ajudar, pois nesse momento a força tem que brotar de den-
tro de ti. 
A força para recomeçar parte inicialmente de você e 
é preciso sim querer dar a volta por cima dessa situação 
caótica em que se encontra a sua vida diante do luto. Per-
der algo ou alguém pode provocar em nossas vidas um 
caos repentino de uma forma que perdemos a direção, o 
sentido e até mesmo a vontade de viver. Você não pode 
achar que vai conseguir sair dessa situação sozinho, pois 
é um processo lento e muito doloroso, não somos capazes 
de carregar um fardo tão grande, somos humanos, preci-
samos mais do que nunca de uns aos outros em um perío-
do como esse, de luto.
Quando uma casa não tem estrutura que suporte uma 
tempestade, ela precisa de reforço. E saiba que quando so-
mos “a casa”, não temos estrutura para suportar uma tem-
pestade sozinhos, sairemos aos pedaços, o que significa 
42
gilberto abrantes
dizer que estaremos condenados a viver uma vida inteira 
diante de um ambiente devastado. Aprisionaremos nossos 
sonhos nos destroços de um luto eterno e dessa forma a 
partida não acontece apenas para o seu ente querido, pois 
você decidiu ir junto sem mesmo ter chegado a sua hora.
Em momentos difíceis, toda e qualquer ajuda é necessá-
ria, inclusive a que vai partir de você mesmo. Mentalize por 
um tempo o que te deixa mais confortado em meio a dor do 
luto: a presença da sua família? Dos amigos, dos colegas? 
Os afazeres domésticos? Cozinhar, talvez? Ler, ouvir uma 
música? Caminhar? Ver um programa de tv? Não abdique 
do que te dê pelo menos um pouco de prazer diante da si-
tuação dolorosa na qual você está vivendo. Não se puna 
impondo a si mesmo padrões moralistas de como viver du-
43
sorrisos da alma
rante o luto, pois já basta a dor que você está sentindo por 
ter perdido algo/alguém importante na sua vida. Não tente 
intensificar ainda mais tudo isso que você está passando.
Você não pode atenuar a todo instante o clima obscuro 
que você está vivendo com lástimas, recordações e com 
possibilidades que fogem da sua atual realidade, pelo con-
trário, você precisa mentalizar a todo instante que vai sair 
“dessa” e que tudo isso vai passar. É tempo de mirar para o 
futuro e não ficar preso em um passado recheado de “e se” 
ou em um presente completamente abalado e sem perspec-
tivas positivas. Vale a pena evoluir por você e por quem te 
ama de verdade e que quer lhe ver bem novamente. 
Quando perdemos alguém, negar para nós mesmos o que 
está acontecendo é uma defesa espontânea da nossa mente 
por não aceitar aquilo que nossa realidade nos mostra. E 
quando essa realidade começa a ser entendida, muitas ve-
zes desperta um sentimento de raiva e até mesmo revolta 
por aquilo que está acontecendo justamente conosco. E é 
durante esse período de “não aceitação” que corremos o 
risco de internalizar cada vez mais as dores da alma e cau-
sar danos profundos, difíceis de serem reparados no futuro, 
podendo levar à depressão ou outros problemas psicosso-
máticos. É necessário que sejamos sensatos e aceitemos a 
realidade, buscando meios para nos fortalecer. Confrontar 
o destino ou até mesmo Deus pelo que nos foi reservado 
naquele momento não vai nos levar a nada além de um 
abismo profundo de insatisfação e tristeza.
44
gilberto abrantes
O primeiro ano que lidamos com a perda é sempre o 
mais difícil, pois em todas as principais datas estaremos 
pela primeira vez sentindo a ausência da pessoa ou algo 
que foi tão importante para nós. O vazio é quase inevitável, 
mas você não precisa sentir-se sozinho. É importante a pre-
sença de pessoas que lhe fazem bem nestes momentos que 
podem trazer nostalgia e lembranças que lhe deixem triste. 
Não dê abertura à solidão nesses dias, não se prive de boas 
companhias, lembre-se sempre que existem outras razões 
para você permanecer de pé.
À medida que o tempo vai passando, as lembranças vão 
ficando menos intensas e a dor tende a diminuir. Viver tor-
na-se uma tarefa mais fácil para você. Desde a partida os 
seus dias não foram fáceis, eu sei disso! Mas a sua for-
ça é a sua maior virtude neste momento. Encarar e aceitar 
o adeus é peça-chave no seu processo de reintegração e é 
dando esse pontapé inicial que você estará permitindo-se 
uma nova chance para viver! O luto envolve morte, seja 
ela de alguém, de algum sonho, desejo, fantasia, mas não 
a sua. Esse velório não é seu! Abra as janelas e liberte-se 
do baixo-astral, vamos juntos tentar fazer esse dia de hoje 
mais feliz? Você topa?
O seu maior aliado e seu maior vilão pode ser você mes-
mo, não adianta pregar o “coitadismo” o tempo todo. Sim, 
é difícil! É angustiante! Mas você consegue ver outra for-
ma de acabar com esses sentimentos ruins que arruínam a 
45
sorrisos da alma
sua vida, a não ser lutando por si mesmo? Você prefere lu-
tar com a espada voltada para quem? Para você? Dessa for-
ma qualquer golpe baixo ou deslize pode ser fatal para sua 
vida.Nessa guerra você é o maior alvo, e ao mesmo tempo 
é o seu próprio adversário, então cabe a você diminuir as 
forças que esse oponente está exercendo em sua mente. 
Você merece uma nova chance e só quem pode lhe dar 
isso é você mesmo! Quando a alma não sorri, o corpo co-
meça a sofrer consequências severas e isso começa a afetar 
as mais diversas funções do seu organismo, e daí o que 
era somente espiritual e mental, acaba sendo também sis-
têmico. O luto causa uma ferida na alma que cabe a você 
sará-la ou arrebentá-la a cada dia. Uma ferida, que quando 
nutrida, sangra para dentro do seu próprio corpo, pesando 
e tornando mais difícil a possibilidade de se reerguer. Es-
tamos falando de uma dor que lhe faz afogar-se em suas 
próprias lágrimas.
 Vamos mudar essa realidade juntos! Quero que no final 
de tudo isso, você possa sorrir novamente e assim marcar 
o fim de um período sombrio, triste e de desânimo em sua 
vida. E lá na frente você vai contar, muito orgulhoso de si 
mesmo, que venceu a dor e pôde sorrir após um período de 
luto. 
Diga SIM para você hoje, permita-se reescrever a sua 
história com um final feliz depois de um período de dor, 
mas que foi necessário para que você pudesse avançar 
46
gilberto abrantes
muitas casas nesse jogo de tabuleiro chamado VIDA. En-
carar a perda é um processo que envolve amadurecimento, 
autoconhecimento, perseverança e que leva tempo. Supe-
rar a perda envolve amor e compaixão consigo mesmo. É 
preciso permitir que esse processo seja iniciado em sua 
vida e deixar-se progredir dia após dia, sem culpar-se por 
não estar cumprindo “as dores de uma pessoa enlutada” 
impostas pelo julgamento do seu vizinho. 
47
sorrisos da alma
Esse é um período que envolve muita compreensão, 
pois ao mesmo tempo que precisamos lidar com a dor, 
também precisamos conquistar forças e deixar elas so-
bressaírem sobre nós. 
Fiquemos atentos para quando alguém do nosso vín-
culo perde alguém ou algo, pois o acolhimento é a forma 
que você tem de dizer que tudo isso vai passar, que tudo 
vai ficar bem. E isso é muito importante neste momento. 
E quanto a você, que está passando por tudo isso, não 
solte a mão da sua alma, seja generoso consigo mesmo, 
amando a si próprio e se presenteando com uma nova 
chance para recomeçar! Esteja sempre ciente que depois 
do luto existem SORRISOS e você merece vivê-los!
49
CAPÍTULO 4
SORRISOS APÓS O TRAUMA
 
 
 
Vivemos sempre tentando ser fortes, sempre tentan-
do pintar um sorriso em nosso rosto para mostrar a todo 
mundo que está tudo bem. Conseguimos até enganar aos 
outros, mas nunca a nós mesmos. 
Meditando no consultório, chego a comparar a nossa 
alma com uma segunda via de um receituário, coberta 
pelo papel carbono. 
Mesmo que a gente risque a receita com uma caneta 
sem tinta, tudo vai ficar registrado na segunda via, por 
meio do papel carbono. Em nossa vida é bem parecido, 
a receita é o nosso ser físico, o papel carbono é o nosso 
coração e a segunda via, como já mencionei, é a nossa 
alma. Podem até lhe atacar sem deixar “marcas” externas, 
mas o seu coração vai registrar tudo aquilo e deixar mar-
cas bem vivas em sua alma, e quando estas não são bem 
cicatrizadas, transformam-se em traumas, que podem ser 
carregados por você pelo resto da sua vida.
50
gilberto abrantes
Quando você caminha, muitas vezes cria calos pelas 
adversidades que pode encontrar, como por exemplo um 
calçado apertado, ou porque choveu e molhou a sua meia, 
ou talvez porque você não tem meia ou nem mesmo o cal-
çado apropriado. Na caminhada da nossa vida não é tão 
diferente, são muitas as circunstâncias que ferem nossos 
pés, e os calos ganham a nossa atenção por deixarem a 
caminhada dolorosa e difícil. Agora imagine quando você 
precisa dar a largada e já está cheio desses ferimentos em 
seus pés. Dessa forma é difícil manter-se de pé o tempo 
todo, não é verdade? Vão existir momentos em que fica 
quase impossível sorrir! Vai ter gente julgando sem enten-
der e nem mesmo conhecer a desvantagem que você leva 
por carregar tantos ferimentos. 
Mesmo que haja feridas visíveis aos olhos de quem lhe 
vê caminhando, as pessoas jamais irão entender e ou men-
surar a dor que você sente por cada uma delas. E muitas 
vezes a dor pode estar vindo da ferida que aparentemente 
é menor. Acontece que você pode estar carregando aquela 
pequena ferida há muito tempo, bem mais do que qual-
quer outra de tamanhos e profundidades até maiores. E 
dessa forma acontece com as feridas que carregamos in-
ternamente, em nossa alma. 
É fácil julgar quando não conhecemos a dor do outro, 
quando não vivenciamos a mesma realidade de vida que 
o outro, quando nunca fomos expostos a determinada 
51
sorrisos da alma
situação na qual se encontra o outro. Apontar é um 
caminho sem volta, tanto para quem direciona o dedo, 
tanto para quem recebe o dedo “na cara”.
Para quem aponta o dedo, o julgamento torna-se cada 
vez mais prazeroso e fácil de ser realizado. Pode vir a tor-
nar-se até algo corriqueiro. Quer um bom conselho? Não 
queira ser um “apontador” de dedos na vida de alguém, 
pois os dedos são como canetas sem tinta no receituário. 
Eles não deixam marcas registradas na pele, mas cau-
sam feridas de tamanhos imensuráveis na alma de quem 
os recebe. Não queira ser um juiz da vida, apenas viva 
intensamente! 
Para quem recebe a crítica, o julgamento, a piada de 
mau gosto, a risada maldosa, não é fácil de apagar. Lá no 
bloco de receitas, eu costumo jogar fora as folhas man-
chadas pelo carbono, mas na vida não temos oportunidade 
de fazer isso, não podemos jogar fora com tanta facilidade 
as marcas que causam dor em nossa alma. Em um mo-
mento de exaustão, muitas pessoas tentam jogar fora o 
receituário completo: a sua própria vida. Isso seria uma 
triste e desesperada forma de tentar se livrar de uma vez 
por todas de suas feridas e traumas decorrentes delas. 
Vamos mudar o final da sua história, vamos traçar ca-
minhos para que você possa finalizar esse capítulo com 
um sorrisão no rosto e na alma. 
52
gilberto abrantes
Tudo que traz sentimentos ruins para sua alma pode, 
futuramente, gerar traumas, se você não souber ou conse-
guir lidar com tais situações. Você pode até falar para todo 
mundo que está tudo bem, mas se o seu interior nega essa 
afirmação, isso vai tornando-se um “calo no seu próprio 
pé”, que vai aumentando a cada dia e depois já não permi-
te que você caminhe da mesma maneira que fazia antes. É 
criado um bloqueio em sua vida que vai tornando-se cada 
vez maior frente a cada passo novo que precisa ser dado.
De início só você conhece essa ferida, esse calo, mas 
chega um momento em que ele torna-se tão doloroso e 
prejudicial, que você não consegue mais esconder essa 
limitação, e o que era suportável passa a ser um problema 
que você já não consegue mais lidar sozinho e começa a 
externá-lo.
Você lida com algum “calo” em sua vida? Falo até mes-
mo daqueles que “quase não incomodam”, mas que exis-
tem e vez ou outra alguma situação te faz lembrar que eles 
existem.
Para livrar-se de “um calo” em nossa vida, muitas vezes 
é preciso largar os sapatos. Sim, aqueles sapatos aos quais 
você é muito apegado. Trazendo os sapatos para a nossa 
realidade, eles podem ser o “amigo” que te enche de crí-
ticas maldosas, o seu namoro que te enche de marcas de 
violência psicológica, o trabalho que não te valoriza e não 
te faz crescer, o seu parente que só lhe bota para baixo e 
53
sorrisos da alma
lhe faz mil e uma cobranças, aquela vizinha que te pertur-
ba, mas que você acha que é melhor aturar para manter o 
bom convívio. 
Se você tem tudo isso que eu mencionei, ou pelo menos 
um desses “calos” no seu pé, está na hora de rever o que 
precisa ficar e sair da sua vida. Não podemos ser um poço 
de situações dolorosas, pois infelizmente não temos a ca-
pacidade de tampar esse poço e seguir a vida de forma tão 
simples. Precisamos fazer uma faxina em nossa vida, e 
54
gilberto abrantes
aquilo que não muito nos acrescentapode até permanecer, 
mas o que nos coloca para baixo ou nos machuca jamais 
pode ser mantido. Se você não pode excluir isso da sua 
vida, então tome distância, pelo menos. 
Não adianta você tentar manter um relacionamento 
amoroso, uma amizade, um emprego, ou qualquer ou-
tra coisa que no fundo não te faça bem. O seu bem-estar 
deve estar em primeiro lugar e isso deve ser construído, 
dia após dia, por você mesmo. Se na construção da nossa 
vida, todo dia colocarmos um tijolo cheio de trincas, no 
final teremos uma vida com risco de desabamento. Somos 
humanos, não temos concreto para unir nossas trincas, 
como acontece com uma construção. Conosco o processo 
é lento e muitas vezes bem doloroso. Dessa forma, é mais 
vantajoso evitar nos expormos a determinadas situações, 
do que ter que lidar com suas consequências negativas em 
nossas vidas. 
Quando uma ferida te incomoda ao ponto de você ex-
ternalizar ao seu próximo, mesmo que não queira ou per-
ceba que está fazendo isso, é porque ela já ocupa um lugar 
considerável em sua alma e tira a sua paz de alguma for-
ma. As feridas podem ser causadas por algo ou alguém, 
diretamente ou não, ou até por você mesmo, que passa a 
ser, nesse caso, o maior vilão da sua própria vida. Quando 
o julgamento vem de você, o martírio para a sua mente 
pode ser ainda maior, pois é mais fácil anular a opinião ou 
55
sorrisos da alma
atitude dos outros do que a nossa. É mais fácil perdoar do 
que perdoar-se! 
O autojulgamento vem aliado à autocobrança, e o senti-
mento de culpa aparece como um líquido inflamável arre-
bentando a ferida a cada instante, perturbando a sua alma 
e atrapalhando significativamente a sua vida, lhe impos-
sibilitando de evoluir em diferentes âmbitos dela. Você 
se vê preso pelas suas próprias condenações, e não é fácil 
quando estamos simultaneamente na figura do juiz e do 
réu da nossa própria vida.
56
gilberto abrantes
Não seja tão cruel com você mesmo. Não podemos 
controlar as atitudes das outras pessoas, mas podemos 
controlar o que absorvemos delas. Quando as atitudes per-
versas partem de você consigo mesmo, a situação torna-se 
mais complicada, pois quando lançamos uma acusação 
para nós mesmos, automaticamente já a absorvemos e co-
meçamos a viver uma “autocondenação” em nossa mente. 
O fato de condenar-se psicologicamente é como se 
você estivesse se mutilando fisicamente. Você se machu-
ca e causa dor em si próprio, e depois já não consegue ter 
o controle dessa situação. Depois disso, você já começa a 
ter medo de enfrentar uma situação semelhante, e muitos 
sentimentos angustiantes voltam à tona e lhe impedem de 
viver uma nova oportunidade que a vida resolveu lhe dar. 
Imagina só, você comete um erro e por isso se julga 
culpado o tempo inteiro ou até mesmo a vida inteira. Sen-
te-se a pior pessoa do mundo e acaba criando em sua men-
te traumas psicológicos que atrapalham a sua retomada de 
vida após esse episódio. 
Na estrada, você sempre dirigiu seguindo as regras de 
trânsito, sempre foi atencioso e cuidadoso, mas bastou o 
primeiro acidente para você julgar-se incapaz de dirigir 
novamente e culpar-se o tempo inteiro pelos danos ma-
teriais. No relacionamento, você foi traído e joga toda a 
culpa disso em seus defeitos, e isso lhe bloqueia de pro-
curar um novo amor por medo de ser traído novamente e 
57
sorrisos da alma
passar por tudo aquilo de novo. Com a baliza, que você 
reprovou, não foi diferente! Nunca mais conseguiu voltar 
na autoescola para marcar um novo teste, afinal você já 
se acha incapaz. Carregar tanta culpa cansa, não é mes-
mo? Quantos traumas você tem criado em si próprio? Que 
martírio!
 Precisamos da capacidade de perdoar-nos dia após dia. 
Precisamos nos enxergarmos e nos aceitarmos como se-
res imperfeitos. Errar faz parte de um processo natural de 
aprendizado e evolução, desde que você reconheça o erro 
e esteja disposto a fazer diferente, dentro da sua concep-
ção do que seria o certo. 
Pare um pouco e converse consigo mesmo, entenda os 
seus motivos pelas suas escolhas em cada passo dado na 
sua vida. Seja mais compreensivo com você mesmo. Dê 
sempre uma nova chance para si. Ame-se acima de tudo. 
Colocar a culpa em si próprio, mesmo quando você não 
a possui, pode parecer o caminho mais fácil, mas não é! 
Pode até evitar discussões e longas conversas, mas a par-
tir do momento em que você decide fechar os olhos e a 
boca e resolve apenas ouvir o que querem falar a seu res-
peito e acaba captando tudo isso, você abre um canal de 
vulnerabilidade de sua alma. E muitas vezes ela não é tão 
forte quanto você pensa, e depois de tantos apedrejamen-
tos com palavra e ofensas, podemos cair em um profundo 
abismo e nunca mais sair de lá. Pode ser um caminho sem 
58
gilberto abrantes
volta e, se conseguirmos voltar, voltaremos desse abismo 
com muitas feridas na alma.
Sorrir não é uma tarefa fácil diante de uma vida reple-
ta de traumas. Em um jardim com flores mortas, muitas 
vezes não conseguimos fazê-las brotar novamente, mas 
podemos plantar flores novas e mais belas. Talvez assim 
aquelas que morreram não sejam mais tão notáveis diante 
de um jardim renovado. Em nossa alma, as feridas que 
não conseguimos apagar, podemos deixá-las menores em 
relação às coisas novas e felizes que plantamos em nosso 
interior. Podemos transformar os episódios desagradáveis 
de nossa vida em lições, em doses de forças para outras 
situações que estão por vir.
Cada pessoa sente de uma forma diferente e com rea-
ções diferentes os diversos episódios considerados mar-
cantes em sua vida, por exemplo, um fim de relacionamen-
to pode ser algo encarado “numa boa” por você, mas para 
seu parceiro pode ser a pior coisa que já tenha acontecido 
na vida dele. Isso nos mostra que uma mesma situação 
pode ter pesos diferentes para cada pessoa, e, portanto, 
consequências diferentes. A alma tem uma sensibilidade 
única em cada ser humano.
Por isso é tão importante que sejamos sempre 
compreensivos com a dor do nosso vizinho, pois por mais 
que o motivo dela seja tão pequeno para você, para ele 
pode ser o suficiente para abrir uma ferida imensa em seu 
59
sorrisos da alma
interior. Cada um de nós tem uma capacidade singular de 
lidar com as situações que mexem com nossas vidas. E 
quando estas situações causam uma reviravolta ao ponto 
de não suportarmos psicologicamente, aí o calo que ma-
chucava, mas que não nos impedia de caminhar, já passa 
a ser um ferimento bem maior, que nos limita. 
Os dias tornam-se difíceis quando precisamos encarar 
situações que nos levam a reviver os nossos traumas, si-
tuações estas que reascendem as nossas dores da alma, 
que um dia até foram dadas por “vencidas ou curadas”. 
Algumas situações do nosso presente podem funcionar 
como gatilhos para voltarmos no tempo e darmos de cara 
com o que achávamos que já não existia mais, e o reen-
contro com a ferida é angustiante e desesperador, pois ele 
nos faz sentir pequeninos e impotentes frente ao grande 
muro de limitações que esse trauma nos impôs.
Até que ponto vale a pena viver se expondo ao que lhe 
traz dor? Se você precisa chegar a um local, de bicicleta, 
por exemplo, e o caminho que está percorrendo tem es-
pinhos que comprometem a integridade dos seus pneus e 
consequentemente atrapalham ou impedem que você che-
gue nesse destino, então esse caminho já não é válido para 
você. Ele pode ser ideal para outras pessoas em outras 
circunstâncias, mas para você ele não vale a pena. Então 
por que não procurar outra saída? Existem vilões em nos-
sa mente com os quais não precisamos duelar. Podemos 
60
gilberto abrantes
aprender a lidar com nossas limitações, e se tal caminho 
parece ser doloroso demais para você, então ele não vale 
a pena ser percorrido.
Mas se hoje, você precisa atravessar por esse caminho 
com espinhos para chegar ao seu destino e não tem outra 
saída, que tal mudar a sua forma de travessia? 
Você não deve escolher se expor a uma mesma dor 
quando ela já é uma grande ameaça parati. Caso não te-
nha escolhas, você pode ao menos se preparar antes de 
confrontá-la, tornando-a pequena ao ponto de não lhe ma-
61
sorrisos da alma
chucar mais como antes. No passado, os espinhos eram 
uma ameaça porque você estava de bicicleta e seus pneus 
não os suportariam. E se você passar por esse caminho 
utilizando um “transporte maior”? Porque não em um tra-
tor, arrastando pedras, espinhos, transformando comple-
tamente aquele caminho que para você era tão doloroso? 
Você pode ser forte a tal ponto! Esses espinhos já não vão 
fazer nem cócegas em seus “pneus”. E quando você pas-
sar, vai ver que o que lhe causava dor, hoje já não causa 
mais e vai superar de vez o seu trauma.
Precisamos conhecer e respeitar os nossos limites, não 
adianta enfrentar um problema com o qual ainda não esta-
mos preparados para lidar. Tudo na vida envolve tempo e 
amadurecimento. Você tem várias possibilidades de atra-
vessar um rio, mas se ainda não possui os meios necessá-
rios para isso, é melhor pegar o trajeto em terra firme, pois 
nadando você pode afogar-se. Caso, contrário, você pode 
passar em um barco grande e resistente ao ponto de nem 
sentir mais o balanço da correnteza. 
Na vida, você é o barco. Você torna-se resistente ou cria 
buracos que lhe fazem afundar em poucos minutos. Não 
adianta passar por situações que ainda lhe trazem dor, sem 
antes a sua alma ter adquirido uma armadura necessária 
para enfrentá-la.
Veja todo o processo doloroso pelo qual você tem pas-
sado como uma grande escola, e saia dele como um bom 
62
gilberto abrantes
aluno, que pode até temer uma prova, mas que não desis-
te e sai dela fortalecido e pronto para outros testes mais 
difíceis e de níveis mais avançados. Não deixe a dor que 
um dia lhe causaram atrapalhar a chance que você tem de 
construir e viver um futuro maravilhoso. 
É chegada a hora de sorrir, pois o trauma já passa a ser 
uma etapa vencida, uma ferida que não dói, um espinho 
que não perfura mais. E você passa a ser alguém mais 
forte e sábio!
63
CAPÍTULO 5
SORRISOS EM MEIO AO MEDO
 
 
 
A vida é uma grande arena, nela lutamos dia após dia e 
a cada batalha vencida nos tornamos mais fortes e corajo-
sos. Com as batalhas perdidas, nos tornamos talvez mais 
sábios e experientes. O seu medo é quem vai esculpir o 
seu perfil como lutador! Seria você uma pessoa destemi-
da, corajosa, pronta para encarar seus desafios? Ou você 
está sempre se esquivando deles, dando por vencidas as 
batalhas, antes mesmo de serem iniciadas? 
Não é fácil sorrir quando estamos frente à leões ferozes 
e famintos em uma arena. Na vida, o que engrandece a 
força e a fome desses leões com os quais nos deparamos 
diariamente é o poder que damos a eles em nossa mente. É 
normal sentir medo, isso é uma característica que nos faz 
seres humanos, mas não podemos deixar que esses medos 
nos limitem ao ponto de vivermos fugindo das arenas da 
vida. Quando a luta é sua, ela é extremamente necessária!
Sem o medo, talvez em dois tempos você fosse devora-
do pelos leões, pois quando você está na arena, uma deci-
64
gilberto abrantes
são errada pode ser fatal e é o medo que te faz pensar bem 
antes de tomar qualquer atitude. É ele o freio quando você 
está em alta velocidade, a voz que pede para você sair da 
ponta do penhasco, é ele que grita que você está correndo 
perigo quando seus olhos nem percebem tal situação. Mas 
também é o medo que, quando já tem um grande poder 
sobre a sua vida, lhe impede de abraçar os seus sonhos.
65
sorrisos da alma
Tudo é uma questão de equilíbrio. Precisamos equili-
brar os nossos medos e não fazer deles algo que passe a 
prejudicar a nossa vida. O que seria de nós se vivêssemos 
sem pensar nos riscos e consequências de cada atitude que 
tomamos? De um modo geral, o medo tem a função de 
“puxar a nossa orelha”, tornando-nos pessoas mais sen-
satas e sábias diante das mais diversas situações do nosso 
dia-a-dia. 
A partir do momento em que temos medo de perder al-
guém, consequentemente, temos um cuidado maior com o 
bem-estar dessa pessoa e faremos o possível para não de-
sapontá-la ou causar qualquer coisa que lhe traga tristeza 
ou algum outro sentimento ruim. 
O medo deve ser visto como um aliado, e como em 
qualquer relação, você precisa impor limites! Você não 
pode deixar que seus medos se apropriem da sua vida e 
tomem decisões por você. É preciso fazer deles algo a so-
mar! É como ter bons freios em um carro possante - é algo 
extremamente necessário, mas que a partir do momento 
que você o utiliza a todo instante, começa a comprometer 
o desempenho do automóvel. 
Para sair de carro, antes de tudo é necessário acionar o 
freio e logo depois liberá-lo e assim começar a sua via-
gem. Com nossos medos não é tão diferente! Antes de 
tomarmos qualquer iniciativa precisamos usá-los ao nos-
so favor, como se estivéssemos ouvindo um conselho de 
66
gilberto abrantes
alguém mais cauteloso e cuidadoso que não nos deixa agir 
pela emoção. Nesse momento o medo nos diz: “― Pare 
e pense melhor!” Mas depois desse momento é preciso 
seguir. Precisamos tirar o pé do freio e tomar uma direção.
 Depois de tomarmos a nossa decisão é preciso confiar 
em nós mesmos e seguir os caminhos que traçamos, sem 
dar vez ao pessimismo. Precisamos vibrar positividade 
em nossas caminhadas para que possamos evoluir nas es-
colhas que fizermos. Acreditar é sempre o primeiro passo 
a ser dado!
O medo nos causa a impressão de que algo ruim pode 
ou está prestes a acontecer e isso desperta na gente o 
cuidado redobrado frente as nossas decisões e ações. É 
importante termos esse alerta de cuidado quando muitas 
vezes nos deixamos ser levados pela euforia do momento, 
que nos cega dos riscos que estamos correndo ao tomar-
mos decisões precipitadas no nosso dia a dia
Devemos ficar em alerta quando o medo já deixa de 
ser visto apenas como um impulso para redobrar o cui-
dado ou atenção com nós mesmos ou com determinada 
situação ou escolha, e passa a interferir diretamente em 
nossas decisões, causando um bloqueio que nos limita 
de apostar em algo novo para nossa vida. Isso faz muito 
mal para nossa alma e também para o nosso progresso, 
pois é chegado um momento que precisamos que a nossa 
coragem sobressaia aos nossos receios e nos impulsione a 
67
sorrisos da alma
tomar decisões, e nessas decisões, podemos estar em uma 
posição de risco, e é aí que precisamos estar convictos de 
quando vale a pena nos arriscarmos. 
Nem toda decisão ou escolha é fácil, muitas vezes pre-
cisamos percorrer caminhos mais estreitos para alcan-
çarmos nossos objetivos. O medo pode nos fazer desistir 
antes mesmo de iniciarmos nossa jornada, e como con-
sequência disso podemos perder oportunidades únicas, 
inclusive aquelas que trariam a nossa realização pessoal 
ou profissional. 
Ao fazer sua bagagem para seguir rumo à novos hori-
zontes, nunca deixe que seus medos preencham sua mala 
por completo, mas também não deixe de levá-los consigo. 
Um pouquinho só já é o bastante! Seus medos vão colocar 
seus pés no chão quando você pensar em voar sem antes 
aprender a usar o paraquedas. Nessa bagagem vai sobrar 
bastante espaço livre, então ocupe-o com muitos sonhos, 
muitas metas e com o principal: muita coragem, pois nem 
todo caminho que parece ser tortuoso é o que não deve-
mos seguir. 
Para colhermos flores é preciso que tomemos cuidado 
com os espinhos, e isso só é possível por meio do medo 
que sentimos de nos machucarmos. Cabe a nós escolher-
mos a forma como utilizá-lo: engrandecê-lo e acharmo-
-nos incapazes de colher as flores sem nos ferirmos, ou 
utilizá-lo como um alerta para sermos mais cautelosos e 
68
gilberto abrantes
traçarmos estratégias sábias para colhermos as flores per-
manecendo-nos ilesos de seus espinhos.
O medo é um sentimento que nasce conosco, mas que 
cresce de acordo com a forma que o alimentamos. A par-
tir do momento em que abrimos uma brecha para que 
ele invada significativamente as nossas vidas, estamos 
comprometendoa nossa autoconfiança, pois uma vez que 
deixamos de fazer algo por nos sentirmos inseguros ou 
incapazes, o medo já fala mais alto e o que era um aliado 
nosso agora passa ser um possessor, que tira a nossa paz e 
o nosso equilíbrio emocional.
Ao fugir do nosso controle, o medo nos bloqueia ao 
ponto de não enxergarmos mais perspectivas para nossa 
vida e assim, ficamos presos em uma bolha construída 
por nossas próprias limitações. Além de acreditar em nós 
mesmos, é preciso termos fé para encararmos as muralhas 
levantadas por nossos medos em nossas vidas. 
A partir do momento em que não nos sentimos mais so-
zinhos em meio aos caminhos e escolhas que nos causam 
dúvidas, tudo se torna mais fácil, pois tiramos de nossas 
costas um fardo de culpa do que ainda nem aconteceu, 
mas que o medo já desenhava em nossa mente, com cores 
bem vivas, a sua possibilidade de fracasso.
Precisamos acreditar que Deus está sempre ao nosso 
lado e que Ele tem um propósito para cada escolha que 
fazemos. É normal sentir um friozinho na barriga quando 
69
sorrisos da alma
estamos prestes a encarar algo novo, mas quando você 
confia em alguém que está por perto, torna-se mais fácil 
encarar essa realidade. 
É como uma criança que vai ao dentista pela primeira 
vez, para ela a figura da mãe ou de alguém de sua con-
fiança ali por perto é de extrema importância. O medo 
vai existir sim, mas poder dividir esse momento com 
alguém em quem confia, torna essa situação mais leve 
para ela. Encarar nossos medos confiando em Deus é nos 
enxergarmos como a criança que segura na mão de sua 
mãe lá no dentista e sabe que no final vai ficar tudo bem. 
Esse aperto de mão pode até não anular o seu medo, mas 
lhe conforta por saber que você tem alguém que lhe ama, 
do seu lado, para lhe dar apoio e seguir contigo, não im-
portando o que aconteça.
Alguns medos, nós podemos driblar! Outros, precisa-
mos encarar de frente! Quando você escala uma monta-
nha para realizar seus sonhos e em um determinado mo-
mento ela parece ser alta demais, só lhe resta não olhar 
para baixo e seguir firme em seu objetivo. Nessa hora o 
seu medo de cair já tem o mesmo peso da frustração por 
não ter tentado chegar no topo. 
Se você mesmo não acredita em seu potencial, como 
“o mundo” poderá acreditar? Para passarmos confiança 
no que fazemos, primeiramente é necessário que confie-
mos em nós mesmos. O universo está a todo momento 
70
gilberto abrantes
nos devolvendo as energias que lançamos nele! Se você 
se diminui a todo instante e oprime a sua própria capa-
cidade, saiba que o universo vai fazer de você, cada vez 
mais, uma pessoa pequena e incapaz. Então não há tempo 
a perder! Dê a ele a informação de que você acredita em 
si mesmo e está pronto para encarar os seus medos, afinal 
a sua força vem da sua autoconfiança. E quando você está 
bem consigo mesmo não é qualquer tombo que vai lhe 
desintegrar. Em cada tropeço há um novo aprendizado e 
uma nova armadura construída.
Quanto mais você alimenta os seus medos, maiores eles 
se tornam e mais rápido eles te destroem. Não construa 
um gigante para te esmagar. Você não precisa dar ao medo 
o papel de vilão da sua história, ele pode ser o seu conse-
lheiro - aquele que lhe diz quando a situação parece peri-
gosa ou arriscada, mas, no final é o seu bom senso que vai 
falar mais alto e a atitude vai partir de você. A decisão de 
permanecer ou não no caminho é sua, pois você sabe até 
onde ele te leva! Você sabe se vale a pena essa caminhada!
Engraçado é que a maioria dos nossos medos são por 
coisas que nem chegamos a conhecer de perto. Talvez elas 
aparentem ser maiores quando estão longe, é tipo uma 
formiga que tem sua sombra projetada de forma gigan-
tesca contra a parede em que nela reflete o sol. O que de-
sencadeia seu medo pode não ser tão grande quanto você 
imagina.
71
sorrisos da alma
Quanto mais você se afasta de tais coisas que lhe ame-
drontam, mais você cria uma situação apavorante ao men-
talizar a possibilidade de estar um dia de frente com elas. 
É como o que acontece com a formiga e a sua sombra, 
quanto mais distante da parede a formiga estiver, maior 
ela é projetada pela luz. Assim acontece conosco - quanto 
72
gilberto abrantes
mais fugirmos do que nos causa medo, maior e mais ater-
rorizante o enxergaremos. 
Você chega a tremer, a suar e até a passar mal. O que 
era algo que morava apenas em seu íntimo começa a tra-
zer prejuízos para o seu bem estar físico e você já passa a 
externar essa falta de paz que habita em ti, e isso vai trazer 
consequências para os seus relacionamentos, para o seu 
trabalho e para sua vida como um todo. É uma semente 
que você cultiva e que quando germina, se ramifica para 
todos os lados da sua vida e não traz bons frutos.
É difícil enxergarmos motivos para sorrir quando faze-
mos dos nossos medos limitações para a nossa vida. Não 
é fácil caminhar quando carregamos espinhos em nossos 
pés. O que antes seria um medo específico, quando não 
solucionado acaba tornando-se uma bola de neve descen-
do montanha abaixo, que vai crescendo, levando junto o 
que tiver pela frente. Aqui, a montanha é você, e numa 
hora ou outra essa bola de neve pode provocar uma ava-
lanche em sua vida, abalando a sua paz interior, desinte-
grando os trilhos que você construiu para direcionar e dar 
sentido à sua vida.
Você precisa trazer perspectivas positivas para sua 
vida! É preciso acreditar, pensar e verbalizar que você é 
capaz de vencer os gigantes que estão no seu caminho! 
Pensamentos têm força e palavras têm mais ainda. O ta-
manho desses gigantes depende do poder que você dá a 
73
sorrisos da alma
eles em sua mente. A partir do momento que você passa 
a encará-los fora de uma ótica pessimista, eles vão dimi-
nuindo gradativamente de tamanho e vão deixando de ser 
algo tão aterrorizante para ti. Lembre-se que tudo isso en-
volve um processo evolutivo e leva tempo, não cobre de 
si mesmo uma mudança repentina, não se exija tanto, pois 
isso pode gerar frustrações em você.
Para vencermos um medo o primeiro passo é conhe-
cê-lo e aceitá-lo. Não podemos negar para nós mesmos 
algo que não nos faz bem. Precisamos ser compreensivos 
conosco e buscarmos entender como determinada coisa 
consegue ter poder sobre nossas vidas.
Se o dia de hoje lhe causa medo, então sugiro que men-
talize o dia de amanhã. Dessa forma você encara o “hoje” 
com uma visão encorajadora, acreditando que amanhã é 
um novo dia e que vai ser bem melhor. No final das con-
tas você vai perceber que quando mentalizamos um outro 
momento, acabamos por deixar de nutrir em nossa mente 
o gigante criado para o dia de hoje. No fim do dia você 
vai perceber que tudo não passou de um medo bobo, que 
inclusive você já conseguiu superar ou pelo menos já deu 
um grande passo rumo a isto. E quanto mais você pratica 
esse enfrentamento dos seus medos, mais fácil torna-se 
vencê-los.
Quando a noite está sem lua, e nos vemos sozinhos em 
um caminho qualquer, cabe a nós olharmos para o céu e 
74
gilberto abrantes
admirarmos as estrelas ou mentalizar a escuridão ao nosso 
redor, trazendo medo e aflição para nós mesmos. Tudo na 
vida depende do ponto de vista que decidimos observar! 
Precisamos adquirir a capacidade de vermos as estrelas 
quando tudo parece escuro e aterrorizante ao nosso redor. 
75
sorrisos da alma
A partir do momento em que decidimos captar apenas 
as energias positivas de cada situação, diminuímos ou 
anulamos por completo o poder que as coisas negativas 
têm em nossa vida, inclusive os nossos medos e traumas. 
Não podemos deixar de viver por medo, precisamos criar 
meios de enfrentá-lo! Existe um mundo repleto de opor-
tunidades que valem a pena serem vividas. E mesmo as 
oportunidades que tiverem muralhas altas demais de se-
rem escaladas, persista e vai em frente tendo a certeza que 
ao chegar no topo de cada uma dessas muralhas, existirá 
uma vista extraordinária para ser apreciada e de lá surgirá 
mais um sorriso sincero da sua alma para você mesmo.Você estará dando um grande passo rumo à conquista da 
sua versão melhorada!
77
CAPÍTULO 6
SORRISOS COM GRATIDÃO
 
 
 
Iniciaremos este capítulo com uma pergunta para refle-
tirmos: “― Você tem vivido a maior parte dos seus dias 
reclamando ou agradecendo?” 
Parece que nós nunca estamos satisfeitos com o que 
temos, não é mesmo? Vivemos sempre cheios de metas 
intermináveis, e quando já estamos prestes a estar realiza-
dos, lá vem mais metas para “sermos felizes” e essa tal fe-
licidade parece nunca chegar. Se FELICIDADE fosse um 
verbo, com certeza ele seria conjugado apenas no futuro, 
pois parece até impossível encaixá-lo no nosso presente, 
já que sempre está faltando algo para fazer de nós pessoas 
completas. Será que é tão difícil mesmo encontrar a felici-
dade em nossas vidas? Ou estamos fazendo tudo errado? 
Vivemos sempre buscando melhorar nossas finanças, 
nossos relacionamentos, nosso trabalho, nossa casa, en-
fim, tudo! E traçamos a nossa felicidade em cima da rea-
lização de inúmeras metas, parecendo um prêmio final de 
um jogo que na verdade não tem fim. Será mesmo que a 
78
gilberto abrantes
felicidade vem como “recompensa” da realização dessas 
conquistas? Mas porque ela vai embora tão rápido? 
Talvez a felicidade não seja algo que precise ser encon-
trado, mas sim praticado a cada momento! Sim, a felici-
dade precisa ser construída por nós mesmos a cada ins-
tante, trabalhando a nossa mente para que ela reconheça 
motivos que nos façam felizes por meio de simples coisas 
do dia-a-dia, como por exemplo um bom dia dado pelo 
porteiro do seu trabalho logo cedo pela manhã, um abraço 
do seu cliente, a presença diária de um amigo ao seu lado, 
o café da manhã na mesa posto por sua mãe, o privilégio 
de um banho quente em dias bem frios. Talvez você tenha 
tantos motivos para ser feliz, que já não saiba distinguir 
o que é felicidade. Existe algo que pode lhe ajudar a abrir 
seus olhos para enxergar motivos que te façam realmente 
feliz: a GRATIDÃO!
Somos frutos de um turbilhão de sentimentos guiados 
por nossos pensamentos, ou seja, se você pensa de for-
ma positiva, passará a enxergar os acontecimentos da sua 
vida também de forma positiva, até mesmo aqueles que 
parecem te desmoronar como um castelo de areia levado 
por um vento bem forte. Talvez o vento leve o seu caste-
lo de areia antes mesmo de você agradecer pelo dom de 
poder construí-lo, pelas mãos que o fizeram, pelos olhos 
que te fizeram enxergá-lo. Que bom que você tem a opor-
tunidade de fazer novamente aquela escultura magnífica 
79
sorrisos da alma
mais uma, duas ou tantas outras vezes! Talvez você pre-
cise praticar a gratidão para que assim possa conhecer a 
verdadeira felicidade. 
Será que é da própria natureza humana estarmos sem-
pre insatisfeitos? Acredito que a satisfação esteja sempre 
fazendo companhia à gratidão. A partir do momento em 
que você agradece ou encontra motivos para agradecer 
em tudo que você vive, automaticamente você se torna 
uma pessoa mais realizada, feliz e satisfeita. 
Você já percebeu que estamos sempre querendo mais? 
E esse “mais” acaba sendo algo contínuo e muitas vezes 
frustrante, que faz passarmos a vida inteira correndo atrás 
de metas intermináveis e por fim nos faz esquecer de vi-
ver a vida verdadeiramente.
Estamos sempre correndo atrás de alguma coisa, seja 
ela o emprego dos sonhos, o par romântico perfeito, os 
bens materiais mais caros. Parece que estamos a todo ins-
tante correndo em uma esteira, e é chegado um momento 
em que a gente cansa e fica desiludido! Talvez o fardo não 
pesasse tanto se começássemos a enxergar tantas coisas 
que nos fazem bem no nosso atual trabalho, tantas qua-
lidades que tem o nosso atual par romântico e percebês-
semos que os bens materiais, por mais caros que venham 
a ser, um dia se acabam e por isso não merecem tanta 
expectativa sobre eles.
80
gilberto abrantes
81
sorrisos da alma
A partir do momento que aceitamos o que temos, nos 
tornamos pessoas mais felizes e bem resolvidas com a 
vida e com nós mesmos. A gratidão é um exercício diário 
que devemos praticar como sem falta, e com o tempo ele 
já vai acontecer de forma espontânea, tornando os nossos 
dias mais leves e prazerosos, pintando em nossa alma sor-
risos constantes. 
Diante desse exercício de gratidão precisamos também 
praticar a aceitação do que não temos! Quando começa-
mos a aceitar a situação de não possuirmos determinadas 
coisas, consequentemente passamos a valorizar mais o 
que temos e sermos gratos por isso. Talvez você não te-
nha o melhor carro, mas você tem uma bicicleta que te 
leva para seu trabalho e é através dela que você consegue 
ir e vir todos os dias! Pratique a gratidão, agradeça pela 
capacidade que você tem de pedalar! Tem tanta gente que 
queria ao menos conseguir andar, não é mesmo? O que 
para você pode parecer uma bobagem, pode ser o sonho 
da vida de alguém! Pense nisso!
Enquanto você reclama de imperfeições em seu corpo, 
outras pessoas só queriam ter seus olhos para conseguir 
enxergar a imensidão do céu, que para você pode passar 
despercebido por todos os dias da sua vida! Quem sabe a 
gente só valorize as estrelas quando estivermos em uma 
noite sem lua, pois não é fácil ter a capacidade de apreciar 
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gilberto abrantes
e valorizar as coisas pequenas diante da exuberante luz 
do luar.
Talvez você viva admirando o pássaro na gaiola do vi-
zinho e nem perceba que na sua janela, em todas as ma-
nhãs, faz-se uma orquestra com cantos dos mais diversos 
tipos de passarinhos. Por que é tão mais fácil apreciar a 
grama do vizinho? Por que não a nossa? Será que isso faz 
parte da nossa insatisfação constante com tudo que diz 
respeito a nós mesmos?
83
sorrisos da alma
A partir do momento em que passamos a agradecer por 
nossa “grama”, por nossa família, nossos amigos, nossas 
conquistas diárias, aprendemos também a valorizar tudo 
isso. O valor de cada coisa é dado pela importância que 
você dá a ela. 
Um mesmo presente desperta as mais diversas reações 
em pessoas distintas! Quando você presenteia alguém 
com rosas, existem as pessoas que ficam nas nuvens com 
esse gesto e colocam as rosas em um jarro com água para 
durar mais um tempo, têm também as que admiram, mas 
não fazem nada para que as rosas durem um pouco mais, 
e existem aquelas que só esperam a pessoa virar as costas 
para jogar as rosas no primeiro lixeiro que se deparar. Que 
tipo de pessoa é você? Como você tem reagido frente aos 
presentes que a vida tem lhe dado? 
A nossa gratidão é algo que acontece em nosso íntimo, 
mas que muitas vezes também precisa ser externada. Um 
ato de agradecimento pode mudar o dia de uma pessoa, 
fazendo-a sentir-se muito bem. Então não poupe abraços 
de agradecimento, não poupe as mensagens falando que 
és grato por ter aquela pessoa em sua vida, falando que a 
amizade dela é um presente precioso para você. Não es-
queça de parabenizar ao funcionário que lhe atendeu tão 
bem na loja. Fale ao garçom, que não tirou o sorriso do 
rosto a tarde toda, que ele é muito simpático e que você 
gostou muito do atendimento dele. 
84
gilberto abrantes
Não devemos ser gratos apenas por coisas materiais, 
mas também por atitudes, palavras, gestos e expressões 
que mudam para melhor a forma de encararmos a nos-
sa vida. Então não necessariamente devemos ser gratos 
apenas pelas coisas boas que acontecem conosco, pois, 
se algo indesejado acontece para nos alertar, livrar, ama-
durecer, ou para nos preparar para receber algo maior e 
melhor futuramente, isso também é motivo para ser grato.
 Imagine que você tem uma viagem dos sonhos marca-
da e no dia do voo você adoece e não consegue embarcar! 
Horas depois você fica sabendo que o avião em que você 
estaria viajando caiu em alto mar e não houve sobreviven-
tes. Agora você consegue entender que até uma doença 
pode ser sim um motivo de gratidão?
Quando você começa a agradecer por tudo que acon-
tece na sua vida, surgem motivos para ser feliz todos os 
dias! É como

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