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Livro: HOLANDA, Adriano Furtado. Fenomenologia e Humanismo - Reflexões Necessárias. Curitiba. Juruá, 2014. Resenha do capítulo 3 e 4 O livro é dividido em parte 1 e parte 2, contendo seis pontos em cada parte. Na primeira parte, o autor foca em nos explicar os elementos para uma fenomenologia, na perspectiva husserliana, na qual define conceitos básicos para a fenomenologia, assim como, respostas às más interpretações acerca da fenomenologia, além da relação fenomenológica e a psicologia pela ótica de Husserl. Sobre o capítulo três, em um primeiro momento é apresentada a definição de fenômenos para a fenomenologia, assim como, esclarecimentos que Husserl dá para más interpretações acerca da fenomenologia; na qual destaca-se: 1) Husserl não nega o mundo nem separa o homem deste, mas recoloca-o neste mundo; 2) a fenomenologia não “supera” dicotomias (ou elimina), mas as integra. A relação de Husserl e a psicologia se constrói a partir de suas críticas à psicologia em referência desta ser empírica e genética casual, se apropriando mais do empirismo e se esquecendo do eidético; Husserl elabora um projeto de uma “psicologia fenomenológica” que seria uma psicologia empírica, mas que usasse o método fenomenológico. Também faz crítica ao positivismo. Nesse momento há uma retomada de conceitos importantes para a fenomenologia, tais como, a “essência”- (diretamente relacionada dos seus modos de significação); “intencionalidade”- (característica geral da consciência de ser consciência de alguma coisa); a “correlação” sujeito-objeto; “redução"- (uma busca do significado uma procura pelo subjacente em detrimento do simples aparente); e “Époche”- (suspensão de pressuposições sobre um fenômeno intencionado). Ao que concerne o capítulo 4, ele nos traz que a noção central e fundamental para se compreender a Fenomenologia, seria a questão da temporalidade, um conceito bastante complexo e que o próprio Husserl diz ser “o mais difícil dos problemas fenomenológicos”. É a forma mais “fundamental” de consciência. Para Husserl, é pela analise da consciência do tempo que compreendemos o sujeito no mundo. Dai sua importância, pois não podemos pensar em um sujeito fora do tempo. Somos experimentadores de objetos temporais e mutáveis- passado presente e futuro- e que são modos de aparecer, dinâmicos e contínuos. Entretanto pela a profundidade do tema, o autor importa-se apenas em nos trazer a conhecer o “problema”. Husserl nos traz a concepção de que nossas experiências, reflexões e percepções se dão entre o fluxo de passado, presente e futuro na qual, de certo modo, estão “presentificadas” sem ficar aprisionadas no “agora”, o que seria nas palavras dele unificadas no “presente vivo”. Cuja estrutura aponta um presente com extensão dinâmica e alargada com dimensões intrínsecas, que Husserl chama de protensão (que seria a antecipação do porvir) e retenção (que seria a recente lembrança do passado). O autor traz que é a partir dessa experiência temporal que se estrutura a “subjetividade”. Para a Fenomenologia toda a subjetividade é intersubjetiva, ou seja, a relação de um sujeito com outro sujeito e de como se dá a constituição do eu. Observamos então que a subjetividade vem acompanhada do tema da “corporeidade”. O corpo para Husserl é considerado numa dupla acepção, onde de um lado da sua “exterioridade“- ele é objeto, coisa, é o seu “ponto zero“ e do outro lado de sua “interioridade“ é um órgão livre, que se põe em contato de vivências. Desse modo, o corpo, para a Fenomenologia, é “duplo“. Ou duas acepções, como o Husserl chama: Körper (o corpo físico e natural) e Leib (o corpo-vivido), ou como o autor traz para exemplificar, Körper, seria o corpo que sofre a fratura, a doença já Leib, seria o corpo que sente a dor da fratura e da doença. Assim de acordo com o autor a complexidade da fenomenologia não se limita apenas as ideias citadas acima, há muito mais a ser visto, porém como o autor nos mostra conceitos apenas preliminares direcionando a Fenomenologia na perspectiva de uma ciência, a Psicologia, ele terá que abordar alguns conceitos fundamentais. Como ele mesmo diz a Fenomenologia não é uma filosofia “fácil“ de ser apreendida, mas curiosamente é “simples“, pois fala de coisas que estão no nosso cotidiano. De acordo com o exposto acima, podemos notar a densidade das discussões em torno da fenomenologia husserliana, bem como, das construções destas para ciência e para constituição da fenomenologia. Husserl evidencia que a fenomenologia tem como objeto a experiência vivenciada pelos sujeito, buscando entender de forma íntegra essas relações e identificar as diferentes percepções do mundo dos fenômenos que são apresentadas. Ele evidencia que é a partir da compreensão dos fenômenos que perpassam o indivíduo ao longo de sua vida, bem como dos atravessamento - culturais, sociais, dos valores, dos conceitos, dos familiares - que identificamos fatores que são determinantes na constituição do sujeito, contudo estes não são determinísticos. Aponta que a fenomenologia consiste em uma busca por conhecer a experiência, o sentido (perspectiva) que está sendo construído em cada contexto pelo sujeito da experiência. E é a partir daqui que ele traça a crítica ao positivismo, em resposta ao fato de confundirem o objeto percebido com o sujeito dessa percepção. Assim, Husserl toma como ponto de partida não mais o contexto filosófico, mas a própria realidade – se colocando no meio, entre as ancoragens empirista e racionalista. Portanto, de forma geral, como nos fala Husserl, o contexto histórico no qual os sujeitos estão inseridos é eminentemente uma história do saber e aqui o colocar-se do sujeito consiste no “colocar-se diante de algo”. Ou seja, o intuito da ciência fenomenológica consiste no “despertar de cada sujeito” para “responsabilidade partilhada com os outros”, possibilitando assim uma tomada de consciência por si mesma. Referências HOLANDA, Adriano Furtado. Fenomenologia e Humanismo - Reflexões Necessárias. Curitiba. Juruá, 2014. (Resumo cap.3; Elementos para uma fenomenologia, pags. 48-71.). HOLANDA, Adriano Furtado. Fenomenologia e Humanismo - Reflexões Necessárias. Curitiba. Juruá, 2014. (Resumo cap.4; Corporeidade, Temporalidade, História e Vida. pags. 71-81.).
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