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Teorias Preventivas Prevenção -> sempre uma intimidação, a sociedade se vê diante do cumprimento da pena Séc. XX e XXI Também chamado de neoconservadorismo, uma compreensão do chamado movimento Lei e Ordem, muito forte nos EUA e adotado no Brasil. Conceito de que ordem significa severidade da pena. Teoria Da Prevenção Geral Negativa Da Pena ➢ Exercer intimidação geral, como pela ameaça. ➢ Impedir ocorrência futura da pena. Pensadores: Thomas Hobbes, Jeremy Benthan: Panóptico (sociologia do direito) Continua existindo, como pelo pensamento de que a pena deve ser mais incisiva. OBS: política criminal = fronteira entre lícito e ilícito. A prevenção geral negativa parte do pressuposto que todos são capazes de cometer crimes, sendo todos propensos a este, pois estamos sempre calculando custos e benefícios, sendo seres utilitários. O sistema penal joga com essa natureza, colocando penas elevadas para nos convencer que o benefício do crime não vale a pena. Penas severas, caso alguém cometa um crime, ao experimentar a severidade da punição, ao fim da pena concluiria que não deve repetir tal crime para não repetir o castigo. Compreensão Especial Negativa/Teoria Da Prevenção Especial Negativa O fenômeno criminal, ao contrário do que alguns imaginam, não é considerado normal, não significa que todas as pessoas são potencialmente criminosas, aposta na ideia de que alguns seres humanos têm características biológicas, psíquicas ou por conta do seu histórico de vida, inclinada para uma consolidação de uma carreira criminal. Existiria então, um grupo/população mais específico, sendo mais inclinado a cometer condutas delituosas, portanto, as atenções do sistema penal deveriam ser dirigidas a essas pessoas, sendo este construído para lidar com elas. Na medida em que existem seres humanos mais inclinados, seja do ponto de vista biológico, psíquico ou histórico de vida social, a ameaça de pena não é o suficiente para deixar de convencê-los a cometer o crime, tal ameaça não intimidaria a não agir de forma inadequada, cometendo conduta delituosa. Desse modo, essa teoria refuta a anterior (o raciocínio da Teoria Geral Negativa seria um erro), pois não seria possível em pessoas com a personalidade biológica ou sociologicamente propensa para o crime. O papel do cárcere seria somente de neutralizador, retirando o grupo especial de seis perigosos (não são pessoas normais) de circulação, impedindo que tenham a oportunidade de cometer crimes pelo fato de estarem encarcerados. Não deveria então estabelecer a eles uma pena, e sim, medidas de segurança, pois a pena significa ensinar algo a alguém, mas nesse caso, não há o que ensinar, a intervenção do Estado seria para afastá-los do convívio social. Tal tese continua valendo. O cárcere é um almoxarifado de pessoas, deixando-os presos sem sair. Tese Da Prevenção Especial Positiva (Ressocialização) Parte de um pressuposto distinto da anterior, baseando-se no questionamento: “Por que as pessoas cometem um crime?” Não porque possuem naturalmente uma personalidade criminal, e sim porque a sociedade falhou no processo de socialização desse indivíduo. Ex.: uma família abusiva, uma escola que não incutiu bons valores e capacidade de autocontenção/valores cooperativos; uma comunidade que não proporcionou relações sociais saudáveis etc. Todos os seres fazem parte de uma cultura, e a sociedade introjeta essa cultura a partir de inúmeros instrumentos (mídias, sistema educacional), o valor fundamental da cultura estadunidense é o sucesso econômico, a sociedade valoriza tais valores porém, os desintegra do ponto de vista socioeconômica (não há oportunidades para chegar a esse objetivo), incentivando assim que o indivíduo procure por um atalho/desvio (roubo, corrupção, desvio de caráter) para alcançar o sucesso econômico. A penitenciária deveria ser uma instituição não voltada para neutralização e castigo, mas para incutir valores positivos na população encarcerada. Trabalho, educação, lazer, esporte, ou qualquer outra atividade seria uma via para alcançar tal objetivo, proporcionando efeito benéfico de transformar positivamente o seu caráter, seria então uma fábrica de virtudes. O elemento preventivo seria a própria experiencia na penitenciaria. Também chamado de previdencialismo penal, porque de acordo com alguns teóricos, o ideal socializador surgiu com o estado de bem-estar social, instituiu-se como modelo predominante no séc. XX, na Europa, e algumas das convicções fortes desse modelo eram: • A penitenciaria não deve ser um recurso utilizado durante um longo tempo, poque o encarceramento produz efeitos maléficos ao indivíduo, tornando-o mais difícil de ser ressocializado. (A progressão de regime penitenciário; Medidas desencarceradoras) • O papel ressocializador da penitenciaria não pode ser realizado em instituições superlotadas, porque precisam haver espaços adequados para as atividades de ressocialização. Teoria da Prevenção Geral Positiva Defendida pelo funcionalismo penal, corrente forte na Alemanha. Tais teóricos compreendem que as teorias anteriores estão alicerçadas sobre pressupostos equivocados, que já foram demonstrados como falsos. • No tocante a 1ª tese (Prevenção Geral Negativa): Aumentar a severidade das penas é algo inócuo para reduzir as taxas de criminalidade, as pessoas não se tornam mais ou menos propensas a cometer crimes, não tem comprovação empírica, se baseia na crença, porque inúmeras pesquisas feitas no âmbito da criminologia comprovaram que diversos países têm aumentado o rigor das penas e não há decréscimo da incidência de criminalidade. • No tocante a 2ª tese (Prevenção Especial Negativa): Se fosse verdade, encontrariam pessoas que sofrem de doença mental numa ordem de criminosos. Além disso, alguns indivíduos tiveram uma ótima socialização, mas nem por isso deixaram de praticar crime. Ex.: crimes de colarinho branco (status cultural e poder político econômico) – praticados pela elite da sociedade. • No tocante a 3ª tese (Ressocialização): 200 anos de pesquisa puderam chegar à conclusão de que as penitenciárias jamais cumpriram tal função. Não seria erro de execução do projeto, e sim na própria elaboração deste, a começar pelos efeitos de reingresso, pesquisas de âmbito mundial apontam que a cada 10 presos que cumprem a pena e são libertos, 7 reingressam. A penitenciaria se entende como um local criminogênico, promovendo o aprendizado de novos crimes. A penitenciária funciona como um instrumento de organização dos crimes, sendo responsável por dissociação de outros problemas (mais de 120 mil pessoas encarceradas morreram por ausência de saúde adequada). No funcionalismo, o modelo seria de produzir um efeito psíquico na população para que acreditasse no ordenamento jurídico, de que as instituições penais existem e de que garantem a segurança das relações sociais. -> sistema de crenças que funciona reforçando a “confiança” para que a sociedade continue acreditando no sistema e na segurança, mantendo as relações sociais, interações econômicas/comerciais. Teorias Agnósticas da Pena Os defensores dessas teorias acreditam que a pena não tem capacidade de produzir nenhum efeito benéfico civilizatório, sendo um fracasso em todos os aspectos. Abolicionismo penal: Os abolicionistas afirmam que o sistema penal é um fracasso sobre todas as perspectivas, sendo adequado aboli-lo. Ainda deveria haver controle das condutas consideradas crimes, mas o sistema penal não deveria ser o mais adequado para lidar com essas penas. O sistema penal do modo que tem funcionado, na sua efetiva prática, tem se revelado um instrumento de violação sistemática de direitos fundamentais da dignidadeda pessoa humana, produzido apenas barbárie, sendo algumas delas: o O indivíduo sai pior. o Não há lugar suficiente para todos que devem ser presos, do ponto de vista orçamentário. No tocante à privação de liberdade, propõem-se outra forma de solucionar os conflitos. O cárcere é incompatível ao Estado Institucional Democrático De Direito. As soluções têm modesto alcance no mundo, pois estamos alicerçados em relações de poder, o politicismo penal é importante para os governantes, além de ser lucrativo. A abordagem mais adequada de solução de conflitos nesse modelo seria o diálogo (indireto) entre vítima e pessoa que cometeu o delito. Criminologia crítica: Abordagem Marxista acerca do sistema penal. O primeiro texto/mais importante desse modelo é datado em 1939, publicado em inglês por 2 autores alemães, Georg Rusche Otto Kirchheimer, com o título: “Punição e Estrutura Social”, aborda temáticas de contribuição para a Teoria Da Pena. Influenciados pela teoria marxista, procuram demonstrar que o Sistema Penal, mais especificamente a penitenciaria, tem cumprido funções de maneira eficiente, mas o ponto é que as funções cumpridas não são as que têm sido vendidas oficialmente para legitimar a existência do sistema, mostrando o panorama do discurso estatal de legitimação da existência do Sistema Penal (teses anteriores). Existem funções reais sendo cumpridas, mas não aceitas e reconhecidas oficialmente como funções efetivas do Sistema Penal. A tese é que o funcionamento (sua lógica) desta está totalmente comprometido, por ser constituído de maneira atrelada ao desenvolvimento da sociedade capitalista e as transformações pelas quais tem passado o capitalismo no séc. XVI e XVII. A pena privativa de liberdade é um fenômeno muito recente na história, uma das primeiras instituições carcerária surge em 1552, House of Correction (Casa de correção, em inglês), em Bridwell, em Amsterdã, na Holanda. Ambos os autores chamam a atenção para os fenômenos que incutiram o capitalismo, a acumulação por despossessão. As elites da Inglaterra chegam à conclusão de que os campos que eram utilizados para produção medieval (feudo), deveriam ser transformados em produção ilimitada do mercado com objetivo de lucratividade, o campo passa a ser local de pastoreio de ovelhas, visando a venda de lã e sua comercialização. A lei do cercamento (privatização das terras comuns) consistia na retirada brutal das pessoas (camponeses) das antigas terras de plantio, com o objetivo de servir o desenvolvimento de uma nova forma de comercialização. Os camponeses retirados da terra foram para os recém-inaugurados centros urbanos na Inglaterra, para vender sua mão de obra, trabalhando em teares, produzindo tecido para serem comercializados, trabalho este que era voltado para a necessidade básica existencial. A triagem para receber essas pessoas era de quem tinha capacidade ou não para trabalho, quem não tinha, não recebia direito de cidadão naquela cidade, sendo obrigado a morar nas florestas/beiras de estrada, passando a praticar pequenos furtos por sobrevivência. Nessa época, punir passou a ser lesionar, criando o conceito de dano à mão de obra. Em razão de vários motivos, como a peste negra, houve a escassez de mão de obra nos teares. O trabalho se estabelece como contrato, a força de trabalho diminuiu pelo fato da escassez de mão de obra. Trabalho não remunerado: criado pela burguesia, as pessoas eram encarceradas e nas penitenciarias deveriam trabalhar compulsoriamente sem receber salário, ligado às demandas de ordem da sociedade capitalista. Com o objetivo de preservar a integridade física e valorizar o trabalho não remunerado, a penitenciária funcionava como o controle do salário (negativo), obrigando o indivíduo a trabalhar sobre a justificativa de que ele estava trabalhando para pagar a pena. Ex.: furto custava 15 anos de cárcere. Nessa época havia certa clareza no interesse da elite, de maneira que não poderiam aproveitar a mão de obra em pequenas penas. Georg Rusche morre em 1950, era refugiado nos EUA em razão do nazismo, na publicação de seu livro, ele categoriza o conceito de less eligibility (princípio do menor direito, em inglês), que na sociedade capitalista seria um instrumento de convencimento endereçado para um extrato social específico, os mais empobrecidos da classe trabalhadora (pessoas que possuem os menores incentivos para aceitarem a subordinação e a miséria, sendo incitados a não respeitarem o estado de bem-estar social). O cárcere é uma espécie de regulador social, no qual o indivíduo tem sua qualidade de vida regulada, tendo como parâmetro a vida da classe trabalhadora livre. Sempre existiu um conjunto de regras jurídicas de como o cárcere deve ser, mas nunca foram um parâmetro efetivo para constituir a qualidade de vida do encarcerado, pois deveria ficar aquém dos mercados de trabalhadores livres, sendo entendido também como uma técnica de convencimento. Desemprego estrutural, que para Marx: exército industrial de reserva, o capitalismo respondendo interesses da classe proprietária do capital, constrói uma massa de mão de obra – banco de reserva de trabalhadores que podem ser acionados em razão de algum advento dos demais. Em razão desse exército, a vida dos trabalhadores piorou por conta do controle do salário, que ficou deteriorado em razão da competição ultraclasse. Essa insatisfação se traduziu em inúmeros tipos de revolta, como a criminalidade pela sobrevivência – furto e roubou – que ainda foram reprimidos pelo sistema. No período anterior a função do sistema era ainda extrair algo dos trabalhadores. O cárcere tem o objetivo de acelerar a expectativa (diminuir) de uma fração da classe trabalhadora que se tornou inoportuna e desprezível ao capital, porque os trabalhadores não tinham onde ser alocados, os crimes patrimoniais começaram a ser mais punidos. O Movimento Ludista foi incutido pelos trabalhadores ingleses para destruir as máquinas, tendo como pena a morte para tais atos (7.500 penas de morte em razão da destruição das máquinas), nesse mesmo momento houve a organização política da classe trabalhadora, em razão de ideais do comunismo. A tese do positivismo criminológico ganha destaque nesse momento por haver um forte sistema de exploração. Em meados do séc. XVII, essa exploração também já se estendia às crianças, que eram colocadas em minas numa jornada exaustiva de trabalho, podendo se estender em até 14 horas de trabalho. Em um ambiente insalubre, privados da luz solar (a jornada de trabalho começava as 5h da manhã e terminava as 19h), esses jovens eram expostos a vários tipos de doença e explosões nas minas, além de castigos físicos caso agissem contra as regras impostas. Aqueles que sobreviviam, estavam propensos a desenvolverem algo conhecido como “pulmão de pedra” (silicose - doença pulmonar causada pela inalação contínua e constante da sílica cristalina), devido a quantidade de poeira inalada durante a exposição do trabalho nas minas. A sociedade capitalista traz problemas para o seu desenvolvimento, a massa salarial atende melhor a esse sistema pela mão de obra barata. O problema era o consumo, pois a massa burguesa continuava produzindo produtos para serem distribuídos no mercado, que teve sua capacidade reduzida porque a maior parte da população era trabalhadora, não tendo poder salarial para aquisição de bens. O Estado deveria compor as condições vitais para a produção privada, como as ferrovias, termoelétricas, investimento em bancos públicos. Movimento da constitucionalização dos direitos sociais Solução para evitar que o capitalismo sofresse uma luta revolucionária pela classe trabalhadora, desmobilizou-sea revolução, também pela criminalização e repressão do comunismo. É preciso criar um conjunto de salários concretos para os trabalhadores, promovendo educação, saúde, segurança etc. A classe trabalhadora se tornou muito abundante na sua oferta, suas condições de vida se tornaram extremamente precárias, o que incutiram muitas revoltas, colocando o sistema penal em ação contra tais represálias. Propor o partido comunista era considerado crime. O Estado de bem-estar social na Europa, assumiria as rédeas da orientação econômica, com o objetivo de salvar o próprio capitalismo. O empresário passa a entender que o trabalhador precisa ser valorizado para alcançar poder de compra dos itens produzidos, de maneira a intervir contra uma revolução. Nesse momento, o Estado intervém na economia e propicia a construção de direitos e ideais trabalhistas, para impedir o processo revolucionário e visando o pleno emprego das forças produtivas – vagas para trabalhar, criadas pelo Estado (produzir as condições da produção capitalista). A classe burguesa ganhava as comissões para a construção das empresas. O desenvolvimento do sistema penal e da penitenciária não pode ser compreendido se não for inserido dentro da dinâmica da sociedade capitalista. Eles funcionariam respondendo a demanda de tal sociedade.
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