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Ebook - Segurança juridica para profissionais da estética_unlocked

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https://saberalei.com.br/artigo-103-da-lei-
-8213-decadencia/
Segurança jurídica Segurança jurídica 
parapara
profissionaisprofissionais
dada
estéticaestética
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 2 — 
Sobre a Faculdade 
Propósito
• Mudar a vida das pessoas para melhor.
Missão
• Educar profissionais da saúde e negócios para fazer diferença no mercado e na 
vida.
Visão
• Proporcionar educação de qualidade segmentos da Saúde, Estética, Bem-Estar e 
Negócios, tornando-se referência nos mercados regional, nacional e internacio-
nal.
Valores
• Liderança: porque devemos liderar pessoas, atraindo seguidores e influenciando 
mentalidades e comportamentos de formas positiva e vencedora.
• Inovação: porque devemos ter a capacidade de agregar valor aos produtos da 
empresa, diferenciando nossos beneficiários no mercado competitivo.
• Ética: porque devemos tratar as coisas com seriedade e em acordo com as regu-
lamentações e legislações vigentes.
• Comprometimento: porque devemos construir e manter a confiança e os bons 
relacionamentos.
• Transparência: porque devemos sempre ser verdadeiros, sinceros e capazes de 
justificar as nossas ações e decisões.
Copyright© Nepuga – 2022 - Todos os direitos reservados. 
Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada, reproduzida ou armazenada em qualquer forma ou meio, 
seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc, sem a permissão por escrito da Instituição.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 3 — 
Su
m
ár
io
1. Principais pontos da legislação aplicada ao profissional da área da 
saúde estética .......................................................................................................................................5
1.1 O que diz a Constituição Federal sobre o assunto? ...........................................5
1.2 Lei do Ato Médico (Lei nº 12.842/2013): Procedimentos injetáveis são 
atos privativos de médicos? ....................................................................................................8
1.3 O papel dos conselhos de classe para atuação dos profissionais na 
saúde estética integrativa ..................................................................................................... 12
1.4 Código de Ética e suas punições ................................................................................. 14
2. Responsabilidade do profissional, do centro ou clínica de estética e o 
código de defesa do consumidor ............................................................................................17
2.2 Principais implicações do Código de Defesa do Consumidor ao pro-
fissional de estética; ...................................................................................................................24
2.3 Cuidados e documentos necessários e imprescindíveis para minimi-
zação dos riscos de responsabilização do profissional .................................... 27
2.4 A importância da correta documentação para a defesa do profissio-
nal em eventual processo judicial e ético ..................................................................34
2.5 Como os tribunais têm julgado essas questões ............................................36
Bibliografia - Referências ............................................................................................................40
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 4 — 
Curso:
COMO O PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE ESTÉTICA
PODE ATUAR COM SEGURANÇA JURÍDICA
Objetivo:
 Ensinar e capacitar os profissionais que atuam na área da saúde estética, 
apresentando os argumentos jurídicos e ferramentas que os assegurem a exercer 
livremente a sua profissão com segurança jurídica. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 5 — 
1. Principais pontos da legislação aplicada ao profissional 
da área da saúde estética 
Neste tópico, iremos tratar sobre as principais leis e disposições legais que auto-
rizam os profissionais da área da saúde estética e integrativa a atuar com seguran-
ça jurídica ao realizar procedimentos injetáveis e demais procedimentos na área da 
saúde estética.
1.1 O que diz a Constituição Federal sobre o assunto?
Para adentrarmos em tal discussão, é 
preciso entendermos alguns conceitos bá-
sicos sobre Direito, compreendendo o que é 
o ordenamento jurídico brasileiro e como ele 
se estrutura, principalmente quanto a sua 
hierarquia. 
1.1.1 O que é ordenamento jurídico?
Ordenamento jurídico é o sistema de normas (regras ou princípios) que se rela-
cionam de uma forma hierarquizada em um Estado. Organiza as lacunas e antino-
mias das leis, estabelecendo a ordem que o direito deve seguir em relação às nor-
mas estabelecidas. Tem como objetivo atingir melhor convívio e paz social.
Resumidamente, o ordenamento jurídico é o conjunto de leis e normas que vigem 
no País que estabelecem as regras sociais. Porém, há uma hierarquia entre as leis e 
as normas no Brasil. 
É como se houvesse uma pirâmide, em que no topo temos a principal lei do País, 
no caso, a Constituição Federal, que dá subsídio para as demais leis, que estão abai-
xo. Ou seja, todas as demais leis do País devem estar em consonância com a Consti-
tuição Federal, sob pena de serem consideradas inconstitucionais e perderem a sua 
validade. 
No meio dessa pirâmide temos as demais leis (complementares e ordinárias), 
que como dito, devem estar em acordo com a Constituição Federal. Na base dessa 
pirâmide estão as resoluções, portarias e demais atos normativos. 
A título exemplificativo, entrando no campo da saúde estética, no topo temos a 
Constituição Federal, no meio temos as Legislações que regulamentam as profissões, 
como, por exemplo, os Códigos de Ética de cada classe, e, na base, temos as Resolu-
ções e Atos dos Conselhos de Classe.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição_brasileira_
de_1988
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 6 — 
Figura 1 – Pirâmide hierárquica
CF
Leis
Resoluções
Fonte: Produção do próprio autor, 2022.
Feitas tais considerações, precisamos entender o que a Constituição Federal diz 
sobre o assunto e, posteriormente, as Leis e resoluções. 
1.1.2 A Constituição Federal e o Princípio da Legalidade
Como visto, a Constituição Federal é a lei mais importante no Brasil, devendo to-
das as demais estar em conformidade. 
O conhecido art. 5º da Constituição Federal garante os direitos e liberdades fun-
damentais dos brasileiros. Em seu inciso II está estabelecido o chamado princípio da 
legalidade. Assim prevê o art. 5º, inciso II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Este inciso, conhecido como princípio da legalidade, estabelece que não haven-
do uma proibição, temos uma autorização, garantindo liberdade aos indivíduos, pois 
como sujeitos de direito apenas não podemos fazer o que a lei nos proíbe. Essa previ-
são é posta na Constituição Federal para dar liberdade aos cidadãos brasileiros, para 
que o poder do Estado sobre os indivíduos seja limitado. 
Esse direito constitucional tem como objetivo limitar o poder do Estado garantindo 
maior liberdade para os brasileiros, isso porque, nós, cidadãos, podemos fazer tudo 
aquilo que a lei não proíbe. Por outro lado, o Estado apenas pode fazer aquilo que a 
lei determina, ou seja, deve cumprir efetivamente o que a Constituição e as demais 
leis impõem, não possuindo liberdade tal como os indivíduos. Ou seja, os indivíduos 
possuem determinada liberdade até que haja uma proibição em sentido contrário, 
já o Estado, apenas pode agir nos limites legais, não tendo a mesma liberdade que 
os indivíduos.
1.1.3 A Constituição Federal e a Liberdade de Profissão
O inciso XIII do mesmo art. 5º garante aos brasileiros e estrangeiros residentes no 
Brasil a liberdade de escolha e execução de qualquer trabalho, ofício ou profissão. 
Assim, se respectiva atividade puder ser exercida pelo próprio indivíduo e de acordo 
com as leis, o Estado não pode impedi-lo. 
Segurançajurídica para
profissionais da estética
— 7 — 
Assim prevê o inciso XIII do art. 5º da Constituição Federal:
“XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
Porém, algumas profissões exigem determinada qualificação do profissional, 
isto é, exigem conhecimentos necessários que estão previstos em lei federal, como 
a aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da pro-
fissão de advogado ou inscrição no Conselho Regional de Biomedicina, Odontologia, 
Enfermagem etc. 
O indivíduo tem a liberdade de escolher sua profissão, porém, a depender da pro-
fissão escolhida, há pré-requisitos estabelecidos em lei que devem ser cumpridos, 
são as chamadas profissões regulamentadas, que possuem um código de ética e 
conselho de classe para fiscalização, em que cada uma possui atribuições e garan-
tias específicas. 
As profissões regulamentadas são regidas por determinadas leis que regulam 
o exercício da profissão, a relação de trabalho, bem como os direitos e deveres do 
profissional. Assim, são profissões que só podem ser exercidas por quem esteja qua-
lificado segundo a lei específica. 
Compreendido essas disposições, de que temos a liberdade profissional, mas, a 
depender da profissão, temos que cumprir determinados requisitos, é necessário en-
tender quais são as atribuições exclusivas para cada profissão, como, por exemplo, 
os atos médicos, e realizar uma interpretação conjunta com a Constituição Federal, 
afinal, o que a lei não limita ou estabelece como atuação privativa para determinada 
classe, pode ser realizado por outra, desde que dentro da sua área de atuação, se-
gundo a sua lei específica. 
Dessa forma, podemos concluir que nós, cidadãos, podemos fazer tudo aquilo 
que a lei não proíba, inclusive exercer o ofício e profissão que bem entendermos. Po-
rém, há determinadas profissões regulamentadas que exigem qualificação e preen-
chimento de determinados requisitos daqueles que decidirem exercê-la.
No campo da saúde estética, é importante observarmos e entender quais atos e 
atribuições são exclusivos dos profissionais médicos, pois a Lei nº 12.842/2013 trouxe 
procedimentos que apenas podem ser realizados por esses profissionais. Assim, pre-
cisamos realizar uma interpretação sistêmica com a Constituição Federal, entenden-
do que o que a Lei do ato médico não proibiu pode ser realizado por outros profissio-
nais da área da saúde, desde que devidamente qualificados e habilitados.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 8 — 
1.2 Lei do Ato Médico (Lei nº 12.842/2013): Procedimentos injetáveis 
são atos privativos de médicos?
Como vimos, há profissões regulamentadas em lei, que exigem que o indivíduo 
cumpra os requisitos legais para poder exercê-la. Além do mais, há atividades pri-
vativas de determinadas profissões, que apenas profissionais que cumprirem os re-
quisitos previamente estabelecidos podem executá-las. Temos, como exemplo, os 
atos médicos, que podem ser executados apenas por aqueles que passaram pela 
graduação em medicina e estão habilitados perante o conselho de classe. Por isso, 
é importante entendermos o que diz a lei do ato médico, para interpretarmos o que 
são considerados atos privativos desses profissionais, pois, conforme visto, caso não 
haja restrição, há uma autorização.
Para adentrarmos neste assunto, precisamos criar um raciocínio sobre os atos 
privativos dos profissionais médicos. Para isso, é necessário entendermos o conceito 
de ato médico. 
Embora a medicina seja considerada um ofício milenar, os atos privativos destes 
profissionais formados foram regulamentados apenas com a promulgação da Lei nº 
12.842/2013, chamada de lei do ato médico. Respectiva lei foi criada para especificar 
quais são atividades exclusivamente dos profissionais médicos e enumerar as atri-
buições destes profissionais. 
A lei, em seu art. 2º, estabelece o objeto da atuação do médico:
“Art. 2º O objeto da atuação do médico é a saúde do ser humano e das coletivida-
des humanas, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo, com o melhor 
de sua capacidade profissional e sem discriminação de qualquer natureza.”
Especificadamente, o médico atua para prevenir a doença, recuperar e manter 
a saúde do ser humano ou da coletividade, inseridos nas normas técnicas dos co-
nhecimentos adquiridos nos cursos regulares de medicina, em que somente médico 
pode realizar. 
Exemplos clássicos de atos médicos: atestar óbito, praticar anestesia ou proceder 
uma laparatomia. 
Obviamente, a profissão de medicina tem uma interface com outras profissões, 
como odontologia, enfermagem, biomedicina, fisioterapia, farmácia e outras. 
1.2.1 Quais atos são considerados privativos dos médicos?
Quando falamos de ato médico, estamos falando de ato privativos destes profis-
sionais, ou seja, funções e procedimentos que podem ser desempenhadas apenas 
por médicos habilitados. Neste caso, devemos consultar o art. 4º da Lei 12.842/2013, 
que estabelece as atividades privativas do médico. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 9 — 
Para os profissionais da área da saúde, o ponto crucial deste artigo é o Inciso III. 
Assim diz o inciso III do art. 4º da Lei:
 Art. 4º - São atividades privativas do médico:
 III - indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, se-
jam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vas-
culares profundos, as biópsias e as endoscopias;
Da leitura do artigo e do respectivo inciso, podemos concluir que procedimento 
invasivo é ato privativo de médico. 
Mas, precisamos entender o que são considerados “procedimentos invasivos”. 
Para isso, a própria lei traz uma explicação para a termologia, neste mesmo artigo, 
em seu §4º: 
“§ 4º Procedimentos invasivos, para os efeitos desta Lei, são os caracterizados por 
quaisquer das seguintes situações”.
Os incisos I e II deste parágrafo sofreram vetos, ou seja, não estão vigentes. 
Este era o conteúdo dos incisos:
 São considerados procedimentos invasivos: 
 I - invasão da epiderme e derme com o uso de produtos químicos ou 
abrasivos;
 II - invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção, sucção, 
punção, insuflação, drenagem, instilação ou enxertia, com ou sem o uso 
de agentes químicos ou físicos;”
Razões dos vetos:
 Ao caracterizar de maneira ampla e imprecisa o que seriam procedi-
mentos invasivos, os dois dispositivos atribuem privativamente aos pro-
fissionais médicos um rol extenso de procedimentos, incluindo alguns 
que já estão consagrados no Sistema Único de Saúde a partir de uma 
perspectiva multiprofissional. Em particular, o projeto de lei restringe a 
execução de punções e drenagens e transforma a prática da acupuntura 
em privativa dos médicos, restringindo as possibilidades de atenção à 
saúde e contrariando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Com-
plementares do Sistema Único de Saúde. O Poder Executivo apresentará 
nova proposta para caracterizar com precisão tais procedimentos.
O veto destes incisos e a interpretação do que são considerados procedimentos 
invasivos é que nos traz a possibilidade de outros profissionais da área da saúde atu-
arem com procedimentos injetáveis. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 10 — 
O inciso III, do art. 4º, §4º foi o único inciso que se manteve, descrevendo o que é 
considerado procedimento invasivo. 
Assim estabelece o art. 4º, §4º, III da Lei:
“§4º Procedimentos invasivos, para os efeitos desta Lei, são os caracterizados por 
quaisquer das seguintes situações:
III - invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo órgãos internos.”
Portanto, com o veto expresso dos incisos I e II deste parágrafo, considera-se pro-
cedimento invasivo apenas atos/procedimentos que utilizem de orifícios naturais do 
corpo (ouvido, boca, nariz etc) atingindo órgãos internos (endoscopia, por exemplo). 
Dessa forma, por uma interpretação sistêmica com o art. 5º,II e XIII da Constitui-
ção Federal, não sendo considerado os procedimentos injetáveis atos privativos da 
classe médica, estes procedimentos, como aplicação de toxina botulínica e ácido 
hialurônico podem ser realizados por outros profissionais da área da saúde. 
É interessante sempre utilizar a terminologia “procedimentos injetáveis” ao invés 
de “procedimento minimamente invasivo”. O uso da termologia errada pode acar-
retar uma condenação na justiça e até mesmo a lacração da clínica, pois a imensa 
maioria dos magistrados e fiscais da vigilância sanitária não sabem realizar a distin-
ção de um procedimento invasivo para minimamente invasivo.
1.2.2 Regras específicas para os cirurgiões-dentistas
Para os cirurgiões-dentistas, há uma disposição interessante na lei, que trouxe 
algumas discussões. Trata-se do §6º do art. 4º da Lei 12.842/2013, que diz:
“O disposto neste artigo não se aplica ao exercício da Odontologia, no âmbito da 
sua área de atuação.”
Resumidamente, a lei quer dizer que tudo o que foi disposto neste artigo até então 
não se aplica ao exercício da odontologia, ou seja, a lei não tem o condão de afas-
tar eventuais atos que seriam privativos de médicos dos cirurgiões-dentistas. Quem 
define a área de atuação dos dentistas é a própria odontologia. A odontologia é in-
dependente, é uma exceção ao artigo. 
A lei dos cirurgiões-dentistas (Lei nº 5.081/1966), em seu art. 6º, traz as competên-
cias destes profissionais. 
“Art. 6º Compete ao cirurgião-dentista: 
I – Praticar todos os atos pertinentes a Odontologia, decorrentes de conhecimen-
to adquiridos em cursos regular ou em cursos de pós-graduação.” 
Pela interpretação conjunta da lei do ato médico (que diz que as restrições do 
ato médico não se aplicam a odontologia) e pela lei dos cirurgiões-dentistas, estes 
profissionais poderiam realizar procedimentos que são ensinados em sua grade e 
adquiridos em pós-graduação. A questão que fica é, se o curso de odontologia mo-
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 11 — 
dificar a sua grade e passar a colocar procedimentos médicos, ou em curso de pós-
-graduação, o profissional poderá atuar? Pela interpretação conjunta, sim. 
Por esse motivo, ao ser publicada a Resolução nº 198 do CFO, que estabeleceu a 
harmonização orofacial como uma especialidade odontológica, muitas interpreta-
ções surgiram, inclusive, se seria possível a realização de rinoplastia por cirurgião-
-dentista. Com o intuito de limitar a atuação dos profissionais, foi editada a Reso-
lução nº 230 do CFO, proibindo a rinoplastia e outras práticas, sob o argumento de 
que “apesar de localizados na área anatômica de atuação da Odontologia, deter-
minados procedimentos ainda não constam no conteúdo programático dos cursos 
de graduação e pós-graduação em Odontologia, e também a carência de literatura 
científica relacionando tais procedimentos à prática odontológica” (Brasil, 2020). 
Assim, muitos profissionais ingressaram na justiça para derrubar respectiva re-
solução, levando justamente este argumento de que os atos considerados privativos 
de médicos não se aplicam aos cirurgiões-dentistas (art. 4º, §6ª da Lei 12.842/2013), 
e estes podem praticar atos pertinentes a Odontologia adquiridos em cursos regu-
lares ou pós-graduação. Ou seja, poderiam realizar cirurgias estéticas faciais, pois a 
face é uma área de atuação destes profissionais. Porém, tal discussão está longe de 
acabar.
1.2.3 Atos que podem ser realizados pelos demais profissionais da área da saúde
Já o §7º do mesmo artigo 4º da lei do ato médico, traz outra disposição interes-
sante, privilegiando também outras áreas da saúde. Este parágrafo não diz expres-
samente que não se aplicam as disposições contidas no artigo para as outras clas-
ses, como no caso da odontologia, mas diz:
 Art. 4º, §7º - O disposto neste artigo será aplicado de forma que sejam 
resguardadas as competências próprias das profissões de assistente 
social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fo-
noaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, 
terapeuta ocupacional e técnico e tecnólogo de radiologia.
Em termos gerais, significa que apenas os atos considerados privativos de médi-
co não poderão ser praticados por outros profissionais da área da saúde. Isso abre 
margem para que as demais categorias especifiquem sua competência de atuação, 
devendo ser resguardadas as competências de cada profissão, conforme mencio-
nado no artigo. Assim, os conselhos de classe poderão estabelecer, de acordo com 
suas atribuições, as competências dos profissionais daquela categoria, editando re-
soluções para tanto. Dessa forma, outras classes da área da saúde vislumbraram a 
possibilidade de atuar no campo da Saúde Estética e Integrativa. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 12 — 
O primeiro conselho de classe a publicar uma resolução habilitando seus inscri-
tos a realizarem procedimentos injetáveis foi a biomedicina, sendo a resolução nº 197 
de 2011 do Conselho Federal de Biomedicina, graças ao trabalho desempenhado pela 
Dra. Ana Carolina Puga.
Hoje, diversas profissões estão habilitadas a atuar com procedimentos na área 
da saúde estética. Porém, é preciso que este profissional realize uma pós-graduação 
reconhecida pelo seu conselho e se habilite perante o mesmo. 
1.3 O papel dos conselhos de classe para atuação dos profissionais 
na saúde estética integrativa 
Como vimos, a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XIII, impõe a liberdade 
de profissão como garantia fundamental. Porém, existem profissões das quais se exi-
ge, devido a sua natureza e com o intuito de resguardar a coletividade, qualificação 
desses profissionais. Nesses casos, as profissões regulamentadas são fiscalizadas 
pelos conselhos profissionais ou de classe. 
Nosso ordenamento jurídico exige que os conselhos de classe sejam criados por 
lei, possuindo personalidade jurídica de direito público com autonomia administrati-
va e financeira. Os conselhos são considerados autarquias indiretas da Administra-
ção Pública Federal. 
Para melhor entendimento, os conselhos de classe se diferem das pessoas jurídi-
cas de direito privado por não objetivarem o lucro, ou seja, todo o dinheiro arrecada-
do pela instituição através das anuidades é revertido em prol da própria classe, não 
havendo divisão de lucros, haja vista não haver sócios, pois os conselhos são forma-
dos por profissionais daquela profissão democraticamente eleitos.
Os conselhos servem como fiscais e reguladores dessas profissões, atribuições 
que seriam do próprio Estado. Mas, o Estado reconhece a sua incapacidade de fis-
calizar todas as profissões e profissionais, preferindo focar em questões essenciais, 
como, por exemplo, saúde, segurança e educação, transferindo para os conselhos 
de classe essa atribuição de fiscalização (também chamado de poder de polícia), 
regulamentação e defesa da classe.
A atribuição referente a fiscalização dos profissionais será vista em tópico poste-
rior, em que trataremos sobre o poder de polícia desses órgãos e as suas punições. 
Agora, nos debruçaremos sobre o papel de normatização dos conselhos de clas-
se, referente a atuação de regulamentação dos conselhos. 
1.3.1 O papel regulador dos Conselhos de Classe
Neste ponto, é importante destacarmos que os conselhos de classe não têm po-
der para legislar, criar leis. Mas, como representam um poder que seria do Estado, 
como visto acima, podem estabelecer normas (resoluções e normativas) de alcance 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 13 — 
limitado ao seu âmbito, desde que não contrariem a lei (por exemplo, atribuem a 
sua classe atividades privativas de outra) nem imponham obrigações, proibições e 
penalidades que nela não estejam previstas, ou seja, não podem criar sanções além 
daquelas previstas em seu código de ética. Nesse aspecto, o que é permitido pelos 
Conselhos é realizar uma interpretação legal e criar normas regulando a atuação de 
seusprofissionais dentro do seu âmbito de atuação. 
É importante entendermos que a resolução é uma norma jurídica destinada a 
disciplinar assuntos de interesse de determinada classe, não podendo seu conselho 
editar normas que restringem a atuação dos seus profissionais, devendo sempre res-
peitar seu âmbito de atuação sem avançar em áreas de outras profissões. 
Feitas tais considerações, o Conselho Federal de Biomedicina, observando a área 
de atuação de seus inscritos e os atos privativos dos médicos, realizando uma inter-
pretação em conjunto do artigo 5º, II e XIII da Constituição Federal, acabou por editar 
a primeira resolução na área da saúde estética. Trata-se da Resolução nº 197 de 2011, 
que reconheceu a saúde estética como uma área de habilitação dos biomédicos. 
Respectiva Resolução apenas foi publicada devido ao trabalho realizado pela Dra. 
Ana Carolina Puga. 
Posteriormente, foi publicada a resolução nº 200 de 2011 do Conselho Federal de 
Biomedicina, que dispôs sobre os critérios para habilitação provisória em Biomedici-
na Estética. 
A resolução nº 241 de 2014 estabeleceu os requisitos para habilitação definitiva 
dos biomédicos estetas. Para que seja possível a habilitação destes profissionais, é 
preciso comprovar a conclusão de curso de pós-graduação em Biomedicina Estética 
que contemple disciplina ou conteúdo de semiologia e farmacologia ou comprovar 
ter realizado estágio supervisionado em Biomedicina Estética com, no mínimo, 500 
horas/aula durante a graduação ou título de especialista. Essa mesma resolução 
estabelece as diretrizes para prescrição e utilização de substâncias pelo biomédico 
habilitado em biomedicina estética. 
Outra resolução importante deste conselho é a resolução nº 307 de 2019, que es-
pecifica a obrigatoriedade do profissional estar habilitado em biomedicina estética, 
cumprindo todos os requisitos necessários, junto ao Conselho Regional de Biomedicina.
Outro conselho que editou resolução possibilitando que seus inscritos atuassem 
com procedimentos na área da saúde foi o Conselho Federal de Farmácia. Impor-
tante destacar a resolução nº 616 de 2015, responsável por atribuir a atuação dos far-
macêuticos na área da saúde estética, bem como estabelecer os critérios para sua 
habilitação, sendo exigido que o profissional seja egresso de curso de pós-gradua-
ção reconhecido pelo MEC na área da saúde estética, seja egresso de curso livre de 
estética reconhecido pelo CFF ou que comprove experiência por pelo menos 2 anos 
na área da saúde estética. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 14 — 
O Conselho Federal de Enfermagem editou a Resolução nº 529 de 2016, com al-
terações dadas pela Resolução nº 626 de 2020, possibilitando a atuação dos profis-
sionais enfermeiros na área da saúde estética, bem como estabeleceu as exigências 
para a atuação do profissional. Para a habilitação do profissional o COFEN exige que 
o mesmo realize uma pós-graduação em estética, reconhecida pelo MEC, que con-
tenha, no mínimo, 100 horas/aulas prática. 
 Já o CFO editou a resolução nº 198 de 2019, reconhecendo a harmonização orofacial 
como especialidade odontológica, sendo considerado especialista em harmonização 
orofacial o cirurgião que realizar curso de especialização que contenha carga horária 
de 500 (quinhentas) horas, divididas, no mínimo, 400 (quatrocentos) horas na área de 
concentração (ex: disciplinas de preenchedores faciais e toxinas, fios orofaciais etc), 50 
(cinquenta) horas na área conexa (ex: disciplinas de anatomia de cabeça e pescoço) 
e 50 (cinquenta) horas para disciplinas obrigatórias (ética e legislação). Posteriormen-
te, fora editada a resolução 230, limitando a atuação dos cirurgiões dentistas. 
Por fim, foi publicada a Resolução nº 582 de 2020 do Conselho Federal de Biologia, 
também reconhecendo a saúde estética como área de habilitação de seus profis-
sionais. 
Como visto, os conselhos têm o poder de especificar como se dará a atuação 
de seus profissionais habilitados e as exigências que devem ser cumpridas para o 
profissional poder exercer respectiva atuação. Esse é o poder normativo que cada 
conselho possui de estabelecer diretrizes e as formas de atuação de seus inscritos.
1.4 Código de Ética e suas punições 
https://www.engwhere.com.br/chao-da-obra/codigo-de-etica-profissional/
Como visto nos tópicos anteriores, há várias atribuições dos conselhos de classe. 
A mais conhecida talvez seja o seu poder de fiscalização. É o chamado poder de po-
lícia, consistente em fiscalizar e punir os profissionais de determinada categoria que 
vierem a praticar faltas ou atos que violem o seu código de ética. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 15 — 
Uma vez inscrito o profissional junto ao seu conselho, nada mais poderá impe-
di-lo de desempenhar suas atividades profissionais. Somente a suspensão, o licen-
ciamento, cancelamento ou exclusão são institutos capazes impedir a atuação do 
profissional. 
O cancelamento poderá ser requerido pelo próprio profissional, independente de 
prévia motivação, enquanto a suspensão do registro poderá ocorrer tanto a pedido 
do profissional quanto de forma compulsória pelo Conselho Profissional, mediante 
processo ético. Já a exclusão do registro se dará de forma compulsória, mediante 
processo administrativo com observância ao devido processo legal e ampla defesa.
As imposições de eventuais sanções pelos conselhos profissionais devem ser 
aplicadas somente após apuração criteriosa, com observância obrigatória de alguns 
princípios que passaremos a expor. 
Pois bem. Como esse poder de fiscalizar pertencia originalmente ao Estado, sen-
do transferido para os conselhos de classe, é importante que se aplique a esses pro-
cedimentos administrativos de fiscalização alguns princípios e garantias constitucio-
nais.
Como visto anteriormente, os conselhos de classe são considerados uma Autar-
quia Indireta da Administração Pública Federal, por isso, devem observar e respeitar 
os princípios constitucionais elencados no art. 37 da Constituição Federal, que assim 
estabelece: 
 Art. 37. “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte:”.
Esses cinco princípios estabelecidos pela Constituição são princípios básicos que 
devem ser respeitados não somente pelos Conselhos de Classe, mas por todos aque-
les que fazem parte da Administração Pública, seja diretamente ou indiretamente.
Além destes princípios constitucionais, é preciso observar o que dispões a Lei nº 
9.748/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Públi-
ca Federal. 
O Art. 1º dessa lei assim determina: 
“Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no 
âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção 
dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração”.
Como visto acima, as disposições e garantias desta lei se aplicam aos Conselhos 
de Classe, haja vista que estes são considerados uma Autarquia Indireta. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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O art. 2º desta mesma lei estabelece quais princípios devem ser observados pe-
los Conselhos ao instaurar um procedimento ético para apuração de falta cometida 
e aplicação de punição ao profissional: 
“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da lega-
lidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla 
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.”
Assim, precisamos entender no que consiste cada princípio para que possamos 
exigir sua observação em eventual processo ético administrativo, sob pena de nuli-
dade do procedimento. 
Os princípios mencionados na Constituição Federal e na Lei nº 9.748/1999, como 
visto, garantem aos profissionaisdeterminados direitos que devem ser observados. 
Em resumo, ao ser iniciado determinado procedimento ético, tais princípios ga-
rantem aos profissionais o devido processo legal, podendo ser punidos somente den-
tro dos limites estabelecidos em lei, ou seja, somente podem ser penalizados caso o 
fato praticado pelo profissional se enquadre em uma conduta faltosa, direito esse 
garantido pelo princípio da legalidade. Ao ser instaurado um procedimento ético 
para apuração de eventual falta, a decisão para abertura desse procedimento deve 
ser motivada (princípio da motivação e finalidade), descrevendo o suposto fato con-
siderado faltoso, não podendo o Conselho apenas fazer recorte da lei sem enquadrar 
o texto ao fato narrado. 
Durante a tramitação desse procedimento ético são garantidos aos profissionais 
a ampla defesa e o contraditório, dois princípios que asseguram ao profissional a 
possibilidade de provar sua inocência durante o procedimento, podendo, inclusive, 
produzir provas a seu favor. Importante destacar a possibilidade deste procedimento 
correr em sigilo perante o conselho até a decisão final dos autos. Porém, o profissio-
nal e seu advogado terão acesso ao procedimento, podendo retirar cópias integrais 
do processo. Esse sigilo durante a apuração serve, inclusive, para resguardar a re-
putação e os direitos do profissional, assegurando sua inocência até que se prove o 
contrário. Mas, após encerrado o procedimento, ele poderá vir a ser publicado, devido 
ao princípio da publicidade, pois os atos praticados pelos Conselhos de Classe de-
vem ser públicos, para que seja possível realizar sua fiscalização. 
Ao ser proferida uma decisão, absolvendo ou condenando o profissional, esta 
decisão deve ser novamente motivada, especificando as razões que levaram o con-
selho a tomar a decisão. Em caso de condenação, essa condenação deve ser pro-
porcional, ou seja, a punição deve ser adequada e razoável a falta cometida (princí-
pio da proporcionalidade e moralidade), levando em consideração apenas os fatos 
e não a figura pessoal do profissional, para que este não seja beneficiado tão pouco 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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prejudicado, sendo, assim, respeitado o princípio da impessoalidade, que especifica 
que todos são iguais perante a lei, não podendo existir distinção entre as pessoas, 
seja para privilegiar ou prejudicar. 
Esses são alguns princípios que devem ser respeitados durante a tramitação de 
um processo administrativo ético perante o Conselho de Classe, e somente após fi-
nalizado o processo é que será aplicada a punição ao profissional. 
O art. 3º da Lei estabelece os direitos dos administrados:
 Art. 3º - O administrado tem os seguintes direitos perante a Administra-
ção, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
 I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão 
facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obriga-
ções;
 II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que te-
nha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de do-
cumentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
 III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os 
quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
 IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando 
obrigatória a representação, por força de lei.
Assim, deve ser respeitado todos esses princípios e direitos resguardados em lei. 
Caso um procedimento ético administrativo deixe de observar esses direitos, é pos-
sível rever o ato inclusive pelo poder judiciário, ingressando com uma ação judicial. 
Porém, é importante que o profissional se atente sempre às resoluções publica-
das e conte com apoio jurídico em caso de eventual dúvida ou instauração de pro-
cedimento ético, pois poderá sofrer punições dos respectivos conselhos em caso de 
descumprimento destas resoluções, podendo, inclusive, ter sua habilitação cassada. 
Assim, para que possa atuar com segurança jurídica, o mais indicado é que o pro-
fissional possua conhecimento e habilidades sobre os procedimentos realizados, es-
tando devidamente habilitado perante seu conselho e conte com um auxílio jurídico 
para dirimir eventuais dúvidas e defesas em procedimentos administrativos. Caso o 
profissional entenda que eventual resolução ou norma viole os seus direitos, é preciso 
buscar uma resposta judicial, não podendo o profissional simplesmente desrespeitar 
uma resolução sob pena de incidir em punição. 
Importante ressaltar que a Lei nº 9.748/1999 é uma lei geral, sendo que cada pro-
fissão possui legislação específica que também deve ser consultada.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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2. Responsabilidade do profissional, do centro ou clíni-
ca de estética e o código de defesa do consumidor 
Neste tópico, iremos analisar as principais questões envolvendo os deveres dos 
profissionais da área da saúde estética para com seus pacientes, bem como apontar 
as ferramentas jurídicas disponíveis para resguardar esses profissionais, possibilitan-
do que atuem com certa segurança jurídica.
2.1 Noções gerais sobre a responsabilidade civil do profissional
A responsabilidade civil é um re-
médio jurídico que tem como objeti-
vo reparar um dano causado a uma 
pessoa, paciente, cuja reparação 
pode se dar com uma indenização, 
seja ela uma indenização moral, es-
tética e/ou material. 
Essa foi a maneira adotada pelo 
direito como forma de buscar uma 
reparação de um dano sofrido por 
uma pessoa e causado por outra. No 
caso dos profissionais da área da saúde estética e integrativa estamos falando de 
eventual dano causado pelo profissional ao paciente. 
Importante destacar que uma conduta que cause dano a um paciente não se 
limita somente a responsabilização civil do profissional. A responsabilização civil é 
apenas uma modalidade de reparação. Porém, o profissional ainda poderá ser res-
ponsabilizado administrativamente e eticamente através de procedimento adminis-
trativo disciplinar aberto pelo conselho de classe em que está inscrito ou até mesmo 
criminalmente, na esfera penal (como, por exemplo, pelo exercício irregular da pro-
fissão, lesão corporal entre outros). 
Pois bem. A responsabilidade civil encontra amparo no Código Civil Brasileiro, 
existindo duas modalidades dessa responsabilidade, sendo a responsabilidade con-
tratual e a extracontratual. 
A responsabilidade civil contratual deriva do descumprimento de uma das partes 
de um dever/obrigação prevista em contrato formalizado.
Exemplo de responsabilidade civil contratual: Profissional que deixa de cumprir 
com todo o procedimento previsto no contrato de prestação de serviços, não reali-
zando todas as sessões contratadas pelo paciente; ou, não utilizou o material/pro-
duto previsto em contrato. Assim, importante que no contrato tenha previsão expres-
https://www.salamone.com.br/2021/10/04/responsabilidade-pro-
fissional-deveres-de-conduta-medica/
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 19 — 
sa do número de sessões que serão realizadas, os produtos que serão utilizados e 
especifique os resultados que poderão ser obtidos com o procedimento dentro da 
razoabilidade, da literatura científica e da experiência prática profissional, alertando 
ao cliente que se trata de um prazo médio de duração do efeito, haja vista que cada 
organismo tem uma forma de reação e absorção das substâncias.
Pelo fato do procedimento estético ser considerado uma obrigação de resultado, 
é importante esse alinhamento de expectativa em contrato. Porém, a insatisfação 
do cliente, por si só, não pode caracterizar falha no serviço. Havendo essa cláusula, a 
insatisfação do paciente com o resultado, por não atingir sua expectativa, não será 
considerada uma falha jurídica na prestação do serviço, pois o profissional cumpriu 
com seu dever técnico, ético e legal, não tendo a obrigatoriedade de satisfazer o ego 
do cliente. Sua obrigação é de empenhara melhor técnica. Porém, caso não haja 
um contrato de prestação de serviço ou o mesmo não tenha respectiva previsão, o 
profissional poderá ser responsabilizado, pois tem o dever de informar o paciente, 
conforme veremos a seguir. 
Já a responsabilidade civil extracontratual deriva de uma ação ou omissão de 
alguém que acabe por causar dano a outro, sem que haja um contrato prévio entre 
as partes, gerando, assim, um dever de indenizar e reparar o dano sofrido. 
Exemplo de responsabilidade civil extracontratual: Acidente de automóvel. 
O fundamento de ambas as responsabilidades encontra-se no art. 186 e art. 927 
do Código Civil, que assim especifica: 
 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
mente moral, comete ato ilícito.
 [...]
 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a ou-
trem, fica obrigado a repará-lo.
Os artigos supramencionados especificam que aquele que causar dano a outro, 
será condenado a reparar os prejuízos causados, seja ele material, moral ou estético. 
No campo da saúde estética, ocorre dano quando determinado paciente ao realizar 
um procedimento obtém uma mancha na pele, deformidade, assimetria ou necrose 
em razão do procedimento realizado. 
Porém, é preciso atenção. Não basta que o paciente apresente apenas o dano 
para que surja o dever de indenizar, pois para a configuração da responsabilidade 
civil do profissional é preciso que se demonstre três requisitos, sendo eles: A culpa por 
uma ação ou omissão; O nexo de causalidade entre o procedimento realizado e o 
dano sofrido; e por fim, o dano em si.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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Dessa forma, precisamos entender o que significa cada fator necessário para a 
configuração da responsabilidade do profissional. 
Quanto a culpa, precisamos entender que há o dolo, quando o agente possui a 
intenção de ocasionar o dano, e a culpa, quando não há intenção de ocasionar um 
dano, mas em decorrência de uma negligência, imprudência ou imperícia ele acaba 
por ocorrer. 
Assim, o primeiro requisito que deve ser demonstrado para configurar a respon-
sabilização do profissional é a culpa, sendo a mesma caracterizada quando há ne-
gligência, imprudência ou imperícia.
A negligência pode ser caracterizada por uma conduta omissiva, ou seja, há um 
deixar de fazer pelo profissional. Se dá nos casos em que o profissional tinha o de-
ver de fazer algo, agir, e não o fez. Exemplo: Deveria ter observado determinada téc-
nica em um procedimento, mas o profissional não realizou; ou; Paciente apresenta 
vermelhidão exagerada e incomum após passar por um preenchimento labial, de-
monstrando indício de complicação e mesmo tendo o profissional aplicado a me-
lhor técnica possível, deixa de dar o suporte necessário ao paciente. Por isso é muito 
importante que os profissionais realizem anotações no prontuário do paciente após 
o procedimento, e implementem uma rotina interna em casos de intercorrências e 
complicações para acompanhar a evolução do caso e evitar a responsabilização. 
Já a imprudência está ligada a uma ação do profissional, que agiu de modo a 
causar danos ao paciente. Basicamente, é fazer algo que não deveria ser feito. Exem-
plo: paciente informa que possui alergia a determinado produto e o profissional usa 
este produto durante o procedimento; Profissional faz uso de determinada técnica de 
qualquer jeito, com mão pesada etc.
Por fim, a imperícia está atrelada a falta de capacidade técnica, quando o pro-
fissional não tem capacidade de realizar aquele procedimento. Exemplo: Profissional 
da área da saúde não habilitado perante o seu conselho de classe, não possuindo 
pós-graduação na área e respectiva habilitação. 
Como visto, para a caracterização da culpa, um dos elementos da responsabi-
lidade, é preciso que esteja demonstrado a ocorrência da negligência, imprudência 
ou imperícia. 
Pois bem. A regra estabelecida pelo Código Civil e pelo Código de Processo Civil 
é de que o lesado, aquele que sofreu determinado dano, demonstre a ocorrência da 
culpa do suposto infrator, ou seja, em eventual processo o paciente teria o dever de 
demonstrar a ocorrência da culpa, provando que o profissional agiu de forma negli-
gente, imprudente ou com imperícia. 
Porém, nos casos de procedimento estéticos tal regra é invertida, ou seja, será 
considerada presumida a culpa do profissional, cabendo a ele demonstrar que agiu 
corretamente. 
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 21 — 
Isso se dá ao fato de que os consumidores, pacientes, são considerados partes 
hipossuficientes em uma relação de consumo, segundo o Código de Defesa do Con-
sumidor. Assim, o paciente ao sofrer determinado dano, será presumida a culpa do 
profissional, cabendo a ele demonstrar que agiu corretamente. 
Assim prevê o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990):
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consu-
midores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
(grifo nosso). 
Como visto no artigo acima, que será melhor detalhado no próximo tópico, o 
fornecedor de serviço responde independente de culpa pelos danos causados ao 
paciente, ou seja, há a presunção da sua ocorrência. Assim, conforme será melhor 
detalhado em tópico posterior, cabe ao profissional provar que agiu corretamente 
através da documentação pertinente. 
Porém, precisamos ressaltar que há situações concausas, supervenientes, impre-
visíveis e estranhas ao procedimento adotado pelo profissional, afinal, cada corpo 
reage de determinada maneira a um procedimento. Ainda, pode haver intercorrên-
cias previsíveis e descritas pela literatura científica e pela prática profissional que po-
dem ocorrer em um determinado procedimento, mesmo que empenhado a melhor 
técnica para o caso, além do fato de que eventual dano pode vir a ser desencadeado 
por culpa exclusiva do paciente, nos casos em que este deixa de observar as reco-
mendações pós-procedimento. 
Mas, nesses casos, é preciso que o profissional informe, detalhadamente, os ris-
cos ao paciente através de um termo de consentimento informado, o famoso TCI e 
informe no termo de recomendação pós-procedimento o que deve e não deve ser 
feito pelo paciente, pois como previsto na segunda parte do art. 14 supramencionado, 
o prestador de serviço responderá pelas informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos do procedimento, possuindo, assim, o dever de informação. 
Além do mais, o art. 6º, III do CDC estabelece que:
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e ser-
viços, com especificação correta de quantidade, características, com-
posição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os ris-
cos que apresentem.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 22 — 
Assim, podemos concluir que mesmo que determinado dano surja no pacien-
te sem que haja concorrência de culpa do profissional, é dever deste informar ao 
paciente sobre a sua possibilidade de ocorrência, inclusive as recomendações para 
evitar desencadeamento de efeitos adversos, sob pena de responsabilização pela 
falta de informação. 
Dessa forma, cabendo ao profissional demonstrar que agiu da forma correta e 
que informou ao paciente sobre os riscos do respectivo procedimento, é preciso que 
ele tenha toda a documentação necessária, pois este é o seu ônus. 
Seguindo o raciocínio, outro requisito necessário para a configuração da respon-
sabilidade é o nexo de causalidade. O nexo de causalidade nada mais é que a liga-
ção entre a ação ou omissão do profissional com o dano ocorrido. É a ligação entre o 
procedimento realizado e o dano suportado pelo paciente. 
Por fim, temos o último elemento caracterizador daresponsabilidade, o dano. 
Dano é o resultado da conduta ou omissão lesiva. São os efeitos ocasionados pelo 
procedimento, como, por exemplo, o surgimento de uma mancha permanente ou 
transitória, deformidade, assimetria ou necrose. 
Entendido os pontos cruciais para a caracterização da responsabilidade do pro-
fissional da saúde estética, vimos que neste âmbito de atuação a culpa do profissio-
nal por eventual dano é presumida, ou seja, basta a sua ocorrência para presumir 
que o profissional agiu com culpa. 
Porém, como também fora mencionado, há situações em que o dano pode ser 
desencadeado por fator externo as técnicas aplicadas pelo profissional, seja por re-
jeição natural do corpo, seja pela inobservância das recomendações pós-procedi-
mento pelo paciente. Mas, mesmo nessas situações, os riscos devem ser informados 
ao paciente, devido ao direito de informação, cabendo ao profissional o dever de 
demonstrar que transmitiu as informações necessárias e que não agiu com culpa. 
Contudo, é possível afastar a responsabilidade do profissional, e é isso que vere-
mos agora.
2.1.1 Como é possível afastar a culpa do pro-
fissional em caso de dano?
Como vimos exaustivamente, é dever do 
profissional da área da saúde estética de-
monstrar que agiu dentro dos limites técni-
cos, éticos e legais, bem como demonstrar 
que informou ao paciente sobre os riscos e 
cuidados necessários pré e principalmente 
pós-procedimento. https://blog.ipog.edu.br/saude/o-que-erro-mdico/
Segurança jurídica para
profissionais da estética
— 23 — 
Pois bem. Há três institutos no direito que são capazes de excluir a responsabili-
dade do profissional da área da saúde estética, sendo os conhecidos caso fortuito, 
força maior e a culpa exclusiva da vítima. 
O caso fortuito ou de força maior possuem previsão no art. 393 do Código Civil, 
que assim disciplina: 
 Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso 
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles res-
ponsabilizado.
 Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato 
necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
O caso fortuito ou de força maior são elementos capazes de afastar o nexo de 
causalidade entre a culpa (presumida) e o dano suportado pelo paciente. Assim, 
quebrando a ligação entre a ação do profissional e o dano suportado pelo paciente, 
não há responsabilização. 
Caso fortuito pode ser compreendido como um evento imprevisível e inevitável, 
como, por exemplo, alguma intercorrência ou complicação não prevista na literatura 
científica e desconhecida até então. 
Já a força maior pode ser definida como uma situação em que mesmo que o 
dano seja previsível, não há como evitá-lo, não havendo nada que possa ser feito 
pelo profissional. Um exemplo de caso fortuito pode ser um dano desencadeado por 
uma reação do organismo do paciente, mesmo que o profissional tenha tomado to-
dos cuidados possíveis e sem que a vítima tenha concorrido para o dano. 
Por fim, temos a culpa exclusiva da vítima, que também é uma causa de extinção 
do nexo de causalidade. Nessas situações, o dano foi desencadeado por culpa do 
próprio paciente, sem que houvesse culpa do profissional.
Exemplo: Paciente que após aplicação de toxina botulínica deixa de utilizar prote-
tor solar, se expondo ao sol, surgindo, assim, manchas em sua pele.
A previsão deste instituto está no art. 14, 3º, II, do Código de Defesa do Consumidor:
“§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
Assim, para que seja afastada a responsabilidade do profissional, é importante 
que ele tenha em mãos todos os documentos necessários. 
Caso não seja afastada a responsabilidade do profissional, além das sansões 
éticas e penais, este será condenado a indenizar o paciente moralmente, pelo dano 
estético e materialmente.
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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O dano moral está atrelado a um abalo psicológico experimentado pelo pacien-
te em decorrência do dano sofrido, por exemplo, o paciente após desenvolver uma 
mancha no rosto passou a se sentir menos atraente. 
O dano estético é uma subdivisão do dano moral, também relacionado ao psico-
lógico do paciente, sendo um dano que deixam marcas no corpo ou que diminuam a 
sua funcionalidade como cicatrizes, sequelas ou deformidades. 
Já o dano material está atrelado aos prejuízos suportados pelo paciente, como 
gastos com medicamentos, eventuais cirurgias, tratamentos e outros prejuízos, gas-
tos, decorrentes do dano sofrido. 
Para se evitar tais condenações, o primordial é ter capacidade técnica para re-
alizar tais procedimento, alinhado a um excelente atendimento ao cliente, balizando 
a sua expectativa em relação ao procedimento, em conjunto com uma assessoria 
jurídica que assegure a correta formatação dos documentos, pois a prova de que o 
profissional agiu corretamente depende destes documentos. 
Por fim, deixarei uma dica prática. Ao realizar um acordo com um cliente insa-
tisfeito, redija esse acordo a termo, escrito, especificando tudo que foi acordado e a 
depender do caso, formalize este acordo perante o Poder Judiciário, para que este 
cliente não venha a reclamar posteriormente sobre o mesmo fato.
2.2 Principais implicações do Código de Defesa do Consumidor ao 
profissional de estética;
A lei nº 8079/1990, conhecido como Código de Defesa do Consumidor, trouxe di-
versas disposições com o intuito de resguardar os destinatários de produtos ou ser-
viços, os consumidores. Para essa lei, o consumidor é considerado parte hipossufi-
ciente, ou seja, para a lei o consumidor está em posição de vulnerabilidade prante o 
prestador. 
A relação entre profissionais da área da saúde estética integrativa e paciente é 
considerada uma relação de consumo, incidindo, assim, o CDC. Dessa forma, pre-
cisamos entender as principais disposições legais para que possamos adequar as 
atividades clínicas dentro da lei e evitar eventual responsabilização e condenação 
por ferir os direitos dos pacientes. 
Inversão do ônus da prova: O primeiro ponto que precisamos tratar é sobre a 
inversão do ônus da prova em prol do consumidor (paciente), conforme já mencio-
nado no tópico anterior. O paciente, muitas vezes, não possui conhecimento técnico 
sobre o procedimento que está sendo aplicado e tem dificuldade em compreender 
as suas consequências. Assim, em um determinado processo, há dificuldade do pa-
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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ciente em levar aos autos provas para convencer que houve erro na prestação do 
serviço. Dessa forma, o CDC estabeleceu que nessas situações o dever de demons-
trar que não houve defeito é do prestador de serviço, ou seja, do profissional.
Por isso, o Código de Defesa do Consumidor assim estabelece: 
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as re-
gras ordinárias de experiências;
Nesse mesmo sentido é o art. 14, §3º, I:
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da exis-
tência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando pro-
var:
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
O efeito prático dessas disposições é justamente levar a presunção de culpa do 
profissional ao ocorrer um dano ao paciente, cabendo a ele provar que agiu correta-
mente e que houve situações que afastam a sua responsabilidade, como na situa-
ção de caso fortuito, força maior ou de culpa exclusiva do paciente. 
Direito de informação: O consumidor tem o direito de ter informações adequadassobre o procedimento que irá se submeter, bem como de seus riscos. Essas informa-
ções devem ser precisas e claras, para que o paciente dê sua ciência, assumindo 
eventual risco, ou desista de realizar o procedimento. Caso o paciente não tenha ci-
ência dessas informações de forma precisa e clara, em um eventual processo, mes-
mo que o profissional não tenha incorrido em culpa, será responsabilizado, já que 
conforme vimos, é deu dever de além de informar, provar que informou. 
Dessa forma, assim estabelece o CDC:
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e ser-
viços, com especificação correta de quantidade, características, com-
posição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os ris-
cos que apresentem;
Segurança jurídica para
profissionais da estética
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O artigo supracitado determina que é direito do consumidor ter informações 
adequadas sobre o serviço realizado, bem como sobre o risco que respectivo pro-
cedimento apresenta. Por isso é importante que a cada procedimento realizado o 
paciente assine e tome ciência dos riscos através de um bom TCI. 
Seguindo o raciocínio, o art. 14 do CDC assim prevê:
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da exis-
tência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
Esse artigo estabelece que o profissional pode ser responsabilizado por dano 
ocasionado independente da culpa, ou seja, como visto anteriormente, a culpa é pre-
sumida, cabendo ao profissional demonstrar que agiu corretamente e que eventual 
dano ocorreu por responsabilidade da própria vítima em decorrência de não aten-
ção as orientações pós-procedimento ou por situações supervenientes, aquelas já 
previstas de antemão, deste que tenha sido informado através do TCI, pois conforme 
especificado na segunda parte do artigo 14, o fornecedor pode ser responsabilizado 
por prestar informações insuficientes e inadequadas sobre os riscos que poderiam a 
vir ocorrer pelo procedimento.
Resumindo, caso o paciente apresente um dano, mesmo que o profissional não 
tenha incorrido para tanto, cujo risco não foi informado ao paciente, o profissional 
será responsabilizado, provando de uma vez por todas a importância da documen-
tação. 
Publicidade e propaganda na estética: Uma situação comum de ocorrer são pu-
blicidades que prometem determinado resultado aos clientes ou que estabelecem 
uma condição atrativa, mas na hora da contratação há sempre um plus a ser con-
tratado. Porém, esse tipo de situação é vedado pelo Código de Defesa do Consumi-
dor e pode acarretar problemas aos profissionais que assim procederem. 
O art. 6º, IV, do CDC assim estabelece: 
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas 
no fornecimento de produtos e serviços;” 
O art. 30 do mesmo diploma assim determina: 
“Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços ofere-
cidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e 
integra o contrato que vier a ser celebrado.”
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Da leitura dos artigos, podemos perceber que o código busca resguardar os di-
reitos dos consumidores contra as chamadas propagandas abusivas. Assim, ao se 
veicular uma publicidade, independente do veículo de comunicação, o fornecedor 
deve cumprir estritamente com o que prometeu, seja quanto ao preço ou quanto ao 
resultado, sob pena de responsabilização, na forma do art. 35:
 Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à 
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativa-
mente e à sua livre escolha:
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade;
 II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventual-
mente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Caso a publicidade não seja clara, o consumidor poderá requerer que seja cum-
prida a oferta realizada, aceitar em troca outro procedimento ou requerer a restitui-
ção de valores pagos. 
As publicidades devem ser realizadas de forma clara e que o consumidor possa 
entender o que está sendo ofertado, além de assegurar a veracidade das informa-
ções repassadas. 
 Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, 
fácil e imediatamente, a identifique como tal.
 Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou ser-
viços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interes-
sados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à 
mensagem.
Dessa forma, é importante que se pense com clareza as publicidades a serem 
veiculadas, devendo tais publicações serem claras e que seu conteúdo não prometa 
algo que não possa ser cumprido. Além do mais, é preciso observar o limite ético de 
cada classe, pois em muitas profissões determinadas publicações são proibidas. 
Venda casada: A venda casada é uma prática que consiste em condicionar de-
terminado procedimento à aquisição de outro ou de produto, sem que haja neces-
sidade ou interesse do paciente, sendo que os estabelecimentos que assim prosse-
guirem poderão sofrer a imposição de multa. Tal proibição encontra-se previsto no 
art. 39 do CDC. 
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas:
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I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro 
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;”
Exemplo de venda casada: clínica vende um procedimento, mas o cliente tem que 
comprar outros produtos para usar em casa. Nesse caso, para que não seja conside-
rada uma prática abusiva, o produto tem que ser vendido em outros locais, não pode 
ser um produto exclusivo da clínica, pois nesse caso, seria considerado venda casada.
Esses são alguns dos principais direitos dos consumidores que devem ser obser-
vados pelos profissionais da área da saúde estética.
2.3 Cuidados e documentos necessários e imprescindíveis para 
minimização dos riscos de responsabilização do profissional
Neste tópico, iremos tratar dos 
principais cuidados que os profis-
sionais da área da saúde estética 
e integrativa devem ter, bem como 
os documentos necessários para se 
evitar processos judiciais e éticos. 
Como vimos exaustivamente, a 
responsabilidade do profissional é 
presumida em caso de ocorrência 
de um dano ao paciente. Por esse mo-
tivo, é preciso que o profissional se resguarde de todas as maneiras possíveis. 
Uma dica muito importante, antes de adentrarmos efetivamente na parte docu-
mental, é a atenção ao cliente e a experiência que será proporcionada. Crie uma ro-
tina interna em sua clínica, ou seja, um procedimento de atendimento padronizado, 
desde o atendimento inicial até a alta deste paciente, estabelecendo protocolos de 
atuação. Assim, alinhado com uma boa documentação, os riscos de um processo 
judicial ou ético serão reduzidos. 
Adentrando efetivamente a parte documental, alguns documentos são impres-
cindíveis para todo o profissional que atua na área da saúde estética e integrativa. 
São eles: Contrato de prestação de serviço; Termo de orientação pré-procedimento; 
Ficha de anamnese; Fotografias pré e pós-procedimento; Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido ou TCI; Termo de orientação pós-procedimento; Termo de autori-
zação de imagem e o Prontuário Médico. 
Antes de efetivamente tratarmos dos documentos em si, é importante destacarque para a validade dos documentos não basta apenas a assinatura do paciente, é 
preciso sempre demonstrar o seu contato efetivo com o documento e com as infor-
https://www.validadortiss.com.br/documentos-medicos/
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mações nele contidas, demonstrar que esse paciente efetivamente leu e tomou ciên-
cia do conteúdo que ali está previsto. Para isso, ao discorrer sobre cada documento, 
apresentarei uma dica que servirá para demonstrar esse contado. 
Contrato de prestação de serviço: O primeiro documento que iremos tratar é so-
bre o contrato de prestação de serviço. Esse é um documento base, que estabelecerá 
os direitos e deveres tanto do cliente quanto do profissional.
O primeiro ponto que deve estar especificado neste documento é a qualificação 
completa das partes, como nome completo, profissão, estado civil, RG, CPF, endereço, 
endereço eletrônico e número de contato. Ao preencher tal documento, peça para o 
cliente apresentar um documento com foto bem como assine respectivo documen-
to conforme assinatura do documento. Tal medida visa identificar o paciente, bem 
como evitar futura alegação de não assinou respectivo documento. 
Muito importante que o contrato tenha um campo para que seja preenchido com 
informações de um familiar ou amigo que poderá ser comunicado em caso de uma 
intercorrência ou emergência. 
Neste documento, devem estar previstos o procedimento que será realizado pelo 
paciente, especificando quantas sessões serão realizadas, os produtos que serão uti-
lizados e sua marca, tudo com o intuito de cumprir com o dever de informação ao 
cliente. 
Também devem estar especificadas a forma de pagamento e as consequências 
caso haja inadimplemento do paciente, como possibilidade de suspensão do trata-
mento. 
Especifique também sobre como se dará as sessões, agendamentos e cancela-
mentos. Estabeleça os prazos para realização do procedimento, a forma e prazo para 
cancelamento da sessão, como se dará essa comunicação, se por e-mail ou “what-
sapp”, bem como prazo para reagendar a sessão. Estabeleça um prazo para reagen-
damento dentro da realizado do procedimento, para que o mesmo não perca a sua 
eficiência, pois sabemos que há prazo mínimo e máximo para sua finalização. Nesse 
ponto também é importante que esteja previsto que caso o paciente não remarque 
nova sessão dentro do prazo estipulado considerará o procedimento realizado. 
Insira em seu contrato uma cláusula relativa a datas importantes, orientando o 
cliente a reconsiderar e ponderar a realização do procedimento quando houver da-
tas importantes próximas como aniversário, casamento, formatura, férias etc. Isso 
porque, a depender do procedimento realizado, há certas consequências, como ver-
melhidão ou cuidados que devem ser tomados. 
Exemplo: Paciente realizará aplicação de toxina botulínica e sairá de férias preten-
dendo ir à praia. A exposição ao sol pode causar hematomas, por isso, é importante 
estabelecer essa cláusula de alerta ao paciente, pois se mesmo assim decidir por re-
alizar o procedimento, o dever de informação foi cumprido, assumindo, assim, o risco. 
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Para demonstrar o contato do paciente com essa informação, coloque uma per-
gunta nessa cláusula com uma caixa de resposta, perguntando se o paciente terá 
alguma data considerada importante próxima a realização do procedimento, e peça 
para ele assinalar a caixa de resposta com sim ou não. Se a resposta for sim, peça 
para que especifique qual será o evento. 
Especifique também uma cláusula de reembolso em caso de cancelamento do 
procedimento. Você tem direito de estabelecer uma multa em caso de cancelamen-
to do tratamento, então, não deixe de estabelecer em contrato. Em caso de cancela-
mento e reembolso, redija um termo de rescisão, especificando os valores devolvidos 
e que o contrato está sendo rescindido por vontade do cliente, não havendo o que 
reclamar perante a clínica. 
Muito importante que haja previsão de uma cláusula quanto ao armazenamento 
das informações obtidas para cumprimento das obrigações legais, bem como se o 
paciente aceita que essas informações sejam utilizadas com finalidade de marke-
ting, como receber ofertas e novidades, tudo de acordo com a Lei Geral de Proteção 
de Dados. 
Essa são apenas algumas cláusulas essenciais, porém, há muitas outras que de-
vem estar previstas a depender do procedimento realizado. 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido: Também conhecido como termo de 
consentimento informado, TCI, esse documento serve para trazer segurança tanto 
para o profissional/clínica quanto para resguardar os direitos dos pacientes. 
Neste documento, preencha apenas com as informações importantes e perti-
nentes relativas ao procedimento a ser realizado. Deixe as demais questões para o 
contrato, e as orientações para os termos pré e pós-procedimento, sob pena de in-
validação do TCI, afinal, este deve ser um documento específico. 
A sua finalidade não é apenas para levar o consentimento do paciente, ele serve 
para que o paciente entenda sobre o procedimento que está prestes a se submeter, 
bem como sobre eventuais efeitos. 
Para a elaboração de um bom termo, se coloque no lugar do paciente e veja 
se o documento está cumprindo com a 
sua finalidade, que é de levar informações 
claras e precisas sobre o procedimento a 
ser realizado e seus riscos. Lembre-se, este 
é um dos documentos mais importantes, 
haja vista que como vimos, é dever do pro-
fissional e direito do paciente ter essas in-
formações claras sobre o procedimento 
sob pena de condenação do profissional. 
https://www.segurodeeventos.com/seguro-de- 
responsabilidade-civil-profissional-e-o/
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Por isso, coloque termos simples, nada de muito técnico, afinal, o cliente é leigo e 
quem deve saber sobre as técnicas empregadas é você. 
Exemplo: Cliente irá realizar aplicação de toxina botulínica e pode haver efeito 
adverso de ptose palpebral. Ao invés de utilizar o termo ptose palpebral, utilize o ter-
mo queda da pálpebra.
Neste documento o segredo é demonstrar o contato do cliente com o documento 
e que as informações foram passadas de forma clara e precisa. Por isso, após a re-
alização do procedimento, envio toda a documentação para e-mail do cliente, isso 
demonstra que você realizou todas as diligências possíveis.
Esse documento não pode ser genérico, deve ser específico para o procedimento 
a ser realizado, sob pena de invalidação. Não se pode redigir um documento genéri-
co, com descrição de diversos procedimentos e possíveis riscos.
O TCI deve ser estruturado contendo nome do paciente e sua qualificação, sem-
pre pedindo um documento para conferência das informações. 
Depois redija sobre o procedimento a ser realizado, demonstrando para que ser-
ve, a finalidade do mesmo, sempre de forma clara e objetiva. 
Após, descreva para quem é indicado o procedimento e também para quem não 
é indicado. 
Escreva também de forma clara e objetiva os principais incidentes e reações ad-
versas, aquelas que mais aprecem na literatura científica e na sua vivência clínica. 
Especifique, com uma linguagem clara e acessível, os danos, sintomas e demais si-
tuações que podem ser desencadeados pós a realização do tratamento. 
Ao final do termo, para demonstrar o contato do paciente com as informações 
fornecidas, coloque um campo em que o paciente poderá especificar se teve dú-
vidas durante o termo e se elas foram esclarecidas e sanadas, ou mesmo se não 
teve dúvidas. Deixe uma linha para que o paciente escreva de próprio punho que foi 
orientado inclusive verbalmente e todas as suas dúvidas foram sanadas ou que a 
explicação não deixou dúvidas. 
Ao final, o cliente deve preencher o documento de forma livre e esclarecida, com a 
assinatura da mesma forma que consta no documento de identificação apresentado. 
Essas são as principais orientações para realização do documento.Porém, é pre-
ciso sempre adequá-lo à sua realidade e forma de trabalho. 
Termo de Autorização de Imagem: O termo de autorização de imagem é o do-
cumento que possibilitará a clínica/profissional divulgar a imagem do paciente para 
determinada finalidade. 
Este termo pode ser um documento à parte, autônomo, ou pode ser redigida uma 
cláusula específica dentro do TCI. Porém, é importante detalhar qual a finalidade da 
utilização da imagem, para qual ela será utilizada e qual parte do corpo será exposta, 
que aparecerá eventualmente. 
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Caso tenha incluído este termo dentro do TCI, coloque um campo para que o 
cliente assine especificadamente a cláusula, anuindo ou não com a possibilidade do 
uso da imagem.
Orientações Pré e Pós-Procedimento: As orientações pré-procedimento são 
orientações que antecedem a realização de determinado tratamento. Nem sempre 
haverá a necessidade de uma orientação prévia, tudo irá depender do procedimento 
que será realizado. 
Neste documento, especifique todas as orientações que devem ser observadas 
pelo paciente antes da realização do procedimento que será submetido, de forma 
clara e compreensível, bem como especifique que caso as recomendações não se-
jam observadas, o procedimento não será realizado por culpa exclusiva do paciente. 
Deixe um campo para que o paciente escreva se ficou com alguma dúvida ou 
não. Peça para escrever de próprio punho, e ao final exija sua assinatura. 
Já o termo de orientação pós-procedimento é o documento hábil a demonstrar o 
que deve ser feito pelo paciente, os cuidados necessários, bem como as atitudes e si-
tuações que devem ser evitadas, sob risco de desencadear um dano previsto no TCI. 
O segredo desses documentos é demonstrar o contato do paciente com o seu 
teor. Assim, no cabeçalho, onde há a qualificação do paciente, peça para que ele 
escreva seus dados, cabendo ao profissional apenas conferir a autenticidade das 
informações comparando com um documento de identificação pessoal. 
No corpo do documento, especifique tudo o que o paciente deve fazer para ter 
uma boa recuperação e também o que deve ser evitado, sobre risco de desencade-
amento de dano. 
Deixe algumas linhas para que o paciente novamente diga se teve dúvidas quan-
to as orientações repassadas e se essas foram sanadas, bem como escreva que não 
restaram dúvidas. 
Ao final, colha a assinatura do paciente na forma em que ele assinou o documen-
to de identificação apresentado. 
Ficha de Anamnese: Essa ficha serve para que o profissional da área da saú-
de verifique questões prévias relativas ao estado de saúde do paciente, como hábi-
tos, doenças, uso de medicamentos, alergias, se há eventuais problemas, situações 
e condições que impeçam o paciente de realizar determinado procedimento, bem 
como verifique o histórico de saúde do mesmo, com o intuito de indicar o melhor tra-
tamento possível para o seu caso e eventual contraindicação. 
Faça uma pergunta simples ao paciente, sobre o motivo da realização do proce-
dimento, bem como o que lhe incomoda. Através dessa pergunta simples é possível 
alinhar as expectativas do paciente e explicar como funcionará o procedimento e os 
possíveis resultados obtidos. 
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Este documento é um grande aliado, pois, através dele, em caso de eventual pro-
cesso, será possível buscar informações a respeito do paciente, identificando possí-
veis causas dos danos e erros alegados. 
Exemplo: Paciente reclama que a duração dos efeitos do procedimento realizado 
foi menor do que imaginava. Porém, é possível constatar através da sua ficha que 
este paciente não tem hábitos saudáveis, possuindo má alimentação e baixa inges-
tão de água. 
Pois bem. No início da ficha preencha com os dados essenciais para individuali-
zação do paciente. 
Monte a ficha com as informações indispensáveis de acordo com o procedimen-
to a ser realizado. 
Faça perguntas relacionadas a saúde, como doenças pré-existentes, doenças 
crónicas, uso de medicamentos, tratamentos em andamento etc. Não deixe de per-
guntar sobre os hábitos desse paciente, pois muitas informações são relevantes. 
A dica é que o profissional monte a ficha de anamnese pensando no proce-
dimento que será realizado. Embora haja perguntas comuns a todas as fichas de 
anamnese, há perguntas específicas que devem ser pensadas de acordo com cada 
procedimento. 
Fique atento sobre as alergias do paciente, pois, no caso da aplicação de toxi-
na botulínica, por exemplo, há marcas que utilizam em sua composição albumina e 
lactose, havendo uma gama de pacientes que possuem alergia a esses compostos. 
Outra questão importante, quanto a toxina botulínica, está relacionada ao prazo 
de resposta secundária do sistema imunológico. Por isso, pergunte ao paciente se ele 
já realizou aquele procedimento e há quanto tempo, evitando, assim, a “imunização” 
do paciente e a diminuição do resultado. 
Fotodocumentação: É a ação de fotografar o paciente de estética com o objeto 
de demonstrá-lo os resultados alcançados no tratamento ou protocolo. 
Essas fotos servem como material de apoio tanto para o planejamento e execu-
ção do tratamento a ser realizado, como também para demonstrar ao paciente o 
resultado obtido, além de servir como material de marketing, quando houver autori-
zação expressa. 
Em caso de insatisfação do cliente, servirá como prova da execução do procedi-
mento, sendo, assim, um aliado aos profissionais.
Por isso, faça um protocolo, uma padronização, para que a fotodocumentação 
seja profissional e que realmente demonstre de forma eficaz os resultados do tra-
tamento. Peça para o paciente fazer as mimicas e verifiquer a movimentação mus-
cular. Utilize sempre a mesma câmera, com a mesma exposição de luz e no mesmo 
ambiente. 
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Prontuário do Paciente: A definição do que é o prontuário está contida na resolu-
ção do CFM nº 1.638/2002, que define prontuário como:
 [...] um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas 
a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente 
e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que 
possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional 
de saúde e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo.
Assim, prontuário é uma união de diversos documentos relativo ao paciente, que 
servirá tanto para análise da evolução do paciente, como para fins estatísticos, que ali-
mentam a memória do serviço e servirá como defesa do profissional caso venha a ser 
responsabilizado por algum resultado atípico ou indesejado ao longo do tratamento. 
Por não haver uma regulamentação específica de como este prontuário deve ser 
organizado, muitas instituições adotam uma estrutura básica que devem conter item 
básicos considerados obrigatórios do ponto de vista legal da assistência ao paciente. 
É muito importante a organização do prontuário, seguindo uma sequência lógica 
a partir do contrato de prestação de serviços, termo de orientação pré-procedimen-
to, exame de anamnese, exame físico se for o caso, TCI, termos de orientação pós 
procedimentos, fotodocumentação, laudos e pareceres, folha de evolução e relatório 
de alta do paciente. 
O relatório de alta é um documento muito negligenciado pelos profissionais da 
área da saúde estética. Porém, é um documento que pode ser um aliado, tanto para 
demonstrar que ao final do procedimento tudo ocorreu bem e que eventual situação 
adversa se deu por culpa do paciente, tanto para acender o alerta para acompanhar o 
paciente que após o procedimento apresentou determinadas características atípicas. 
Nunca deixe de informar no prontuário do paciente os produtos que foram utili-
zados durante o procedimento realizado. Isso demonstrará que o profissional utilizou 
produtos autorizados pela ANVISA e de procedência. Exemplo: No caso de aplicação 
de toxina botulínica,

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