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PSICANÁLISE 
E SEXUALIDADE
Leandro Batista de Castro – CRP 14/03549-0
Leila sant´anna betoni – CRP 14/07150-9
Freud nos convida a falar sobre sexualidade
“......... Precisamos aprender a falar sem indignação sobre o que chamamos de perversões sexuais - essas transgressões da função sexual tanto na esfera do corpo quanto na do objeto sexual. Já a indefinição dos limites do que se deve chamar de vida sexual normal nas diferentes raças e épocas deveria arrefecer tal ardor fanático. Tampouco nos devemos esquecer de que a perversão que nos é mais repelente, o amor sensual de um homem por outro, não só era tolerada num povo culturalmente tão superior a nós quanto os gregos, como também lhe eram atribuídas entre eles importantes funções sociais” (Freud, 1905, pág. 32) 
SEXUALIDADE
De acordo com Millot (2001) a definição corrente [no período das teorizações de freud] da sexualidade como comportamento instintivo, destinado á união dos órgãos genitais de dois parceiros de sexo oposto com vistas à reprodução da espécie, só recobre parcialmente a extensão do conceito de sexualidade em psicanálise. A experiência analítica mostra que a sexualidade não poderia ser reduzida à genitalidade. As zonas genitais estão longe de ser as únicas zonas erógenas. Os fins e objetos da pulsão sexual são, de resto, eminentemente variáveis. (p. 22, grifo nosso).
Moral sexual civilizada e doença nervosa moderna (1908)
Nesta obra, Freud expõe que as exigências da moral sexual após a modernidade são suportadas desigualmente pelo sujeito, pois ao normatizar as regras da conduta sexual, impôs sacrifícios psíquicos à parcela de sujeitos que não conseguem reproduzir a norma, comprometendo o equilíbrio até da maioria pelo excesso dessas exigências. (Millot, 2001)
Pós-psicanálise
Após o falecimento de Sigmund Freud em 1939, muitos avanços ocorreram na esfera mundial tangente às questões relacionadas aos conteúdos então compreendidos por sexualidade.
Expandiu-se e fracionou-se em inúmeros aspectos os quais foram e continuam sendo estudados e problematizados nos debates acadêmicos e científicos ao redor do mundo.
A psicanálise continua sendo uma referência para inúmeras pesquisas e estudos de base científica. 
Gênero
“Entendendo gênero fundamentalmente como uma construção social – e, portanto, histórica -, teríamos de supor que esse conceito é plural, ou seja, haveria conceitos de feminino e de masculino, social e historicamente diversos. A ideia de pluralidade implicaria admitir não apenas que sociedades diferentes teriam diferentes concepções de homem e de mulher, como também que no interior de uma sociedade tais concepções seriam diversificadas, conforme a classe, a religião, a raça, a idade, etc.; Além disso, implicaria admitir que os conceitos de masculino e feminino se transformam ao longo do tempo.” (Louro, 1997, p. 10)
Heteronormatividade 
“É uma normatização reguladora da estrutura da sociedade contemporânea, pautada num padrão de naturalidade heterossexual que prevê como o indivíduo deve vivenciar e expressar suas subjetividades. Tais vivências e expressões englobam, mesmo que de forma indireta, categorizações de gênero, raça, classe social, religião e orientação sexual” (Reis, Teixeira e Mendes, 2017)
“São processos sutis que interpassam a subjetividade do indivíduo com classificações para além do gênero feminino/masculino” (Louro, 1997, apud Reis, Teixeira e Mendes, 2017)
“Todo movimento corporal é distinto para os dois sexos: o andar balançando os quadris é assumido como feminino, enquanto dos homens espera-se um caminhar mais firme (palavra que no dicionário vem associada a seguro, ereto, resoluto – expressões muito masculinas e positivas), o uso das mãos [...] o posicionamento das pernas ao sentar, enfim, muitas posturas e movimentos são marcados, programados, para um e para outro sexo” (Louro, 1992, pp. 58-59).
Estudos sobre a sexualidade
Junto a sua total dependência da investigação psicanalítica, devo destacar, como característica desse meu trabalho, sua deliberada dependência da investigação biológica. Evitei cuidadosamente introduzir expectativas científicas provenientes da biologia sexual geral, ou da biologia das espécies animais em particular, no estudo da função sexual do ser humano que nos é possibilitado pela técnica da psicanálise. A rigor, meu objetivo foi sondar o quanto se pode apurar sobre a biologia da vida sexual humana com os meios acessíveis à investigação psicológica; era me lícito assinalar os pontos de contato e concordância resultantes dessa investigação, mas não havia por que me desconcertar com o fato de o método psicanalítico, em muitos pontos importantes, levar a opiniões e resultados consideravelmente diversos dos de base meramente biológica (Freud, 1905, p. 82) (grifo nosso)
Objeto Sexual
Introduzamos aqui dois termos: chamemos de objeto sexual a pessoa de quem provém a atração sexual, e de alvo sexual a ação para a qual a pulsão impele. Assim fazendo, a observação cientificamente esquadrinhada mostrará um grande número de desvios em ambos, o objeto sexual e o alvo sexual, e a relação destes com a suposta norma exige uma investigação minuciosa. (Freud, 1905, pág. 84). 
 
[A identificação] está fundada na fantasia, na projeção e na idealização. Seu objeto tanto pode ser aquele que é odiado quanto aquele que é adorado. (Hall, 2000, p. 107).
A teoria popular sobre a pulsão sexual tem seu mais belo equivalente na fábula poética da divisão do ser humano em duas metades - homem e mulher - que aspiram a unir-se de novo no amor. Por isso causa grande surpresa tomar conhecimento de que há homens cujo objeto sexual não é a mulher, mas o homem, e mulheres para quem não o homem, e sim a mulher, representa o objeto sexual. Diz-se dessas pessoas que são “de sexo contrário”, ou melhor, “invertidas”, e chama-se o fato de inversão. O número de tais pessoas é bastante considerável, embora haja dificuldades em apurá-lo com precisão. (Freud, 1905, pág. 84).
iNVERTIDOS
Richard von Krafft-Ebing
Psychopathia Sexualis
Explicação da inversão: Nem a hipótese de que a inversão é inata, nem tampouco a conjectura alternativa de que é adquirida explicam sua natureza. (Freud, 1905, pág. 84).
BISSEXUALIDADE
	No texto três ensaios sobre a sexualidade, freud discute sobre o hermafroditismo anatômico e psíquico vejamos:
. “A doutrina da bissexualidade foi exprimida em sua mais crua forma por um porta-voz dos invertidos masculinos: “um cérebro feminino num corpo masculino”. Entretanto, ignoramos quais seriam as características de um “cérebro feminino”. A substituição do problema psicológico pelo anatômico é tão inútil quanto injustificada. A tentativa de explicação de krafft-ebing parece concebida de maneira mais exata que a de ulrichs, embora em essência não difira dela; segundo krafft-ebing [1895, 5], a disposição bissexual dota o indivíduo tanto de centros cerebrais masculinos e femininos quanto de órgãos sexuais somáticos. Esses centros começam a desenvolver-se na época da puberdade, na maioria das vezes sob a influência das glândulas sexuais, que independem deles na disposição [originária]. Mas a esses “centros” masculinos e femininos aplica-se o mesmo que dissemos sobre os cérebros masculinos e femininos, e, a propósito, nem sequer sabemos se cabe presumir, para as funções sexuais, áreas cerebrais delimitadas (“centros”) como as que supomos, por exemplo, para a fala.” (Freud, 1905, pág. 89).
Era sugestivo transpor essa concepção para o campo psíquico e explicar a inversão em todas as suas variedades como a expressão de um hermafroditismo psíquico. E para resolver a questão restaria apenas constatar uma coincidência regular da inversão com os sinais anímicos e somáticos do hermafroditismo (FREUD, 1905, p. 89)
Desde que me familiarizei com a noção de bissexualidade, passei a considerá-la como o fator decisivo e penso que, sem levá-la em conta, dificilmente se poderá chegar a uma compreensão das manifestações sexuais efetivamente no homem e na mulher. (Freud, 1905, pág. 135).Vários foram os estudos de Freud para compreender a bissexualidade como sendo própria do ser humano, vejamos: 
“É bem sabido que a análise de homossexuais masculinos em numerosos casos revelou a mesma combinação, o que deveria nos alertar contra formarmos uma concepção demasiado simples de natureza e gênese da inversão e mantermos em mente a bissexualidade universal dos seres humanos.” (Freud, 1920, p. 168).
A psicanálise possui uma base comum com a biologia, ao pressupor uma bissexualidade original nos seres humanos (tal como nos animais). Mas a psicanálise não pode elucidar a natureza intrínseca daquilo que, na fraseologia convencional ou biológica, é denominado de ‘masculino’ e ‘feminino’: ela simplesmente toma os dois conceitos e faz deles a base de seu trabalho. Quando tentamos reduzi-los mais ainda, descobrimos a masculinidade desvanecendo-se em atividade e a feminilidade em passividade, e isso não nos diz o bastante. (Freud, 1920, p. 182, 183).
PSICANÁLISE E SEXUALIDADE
Não compete à psicanálise solucionar o problema do homossexualismo. Ela deve contentar-se com revelar os mecanismos psíquicos que culminaram na determinação da escolha de objeto, e remontar os caminhos que levam deles até às disposições instintuais. (Freud, 1920, pág. 182).
Resposta da carta da mãe de um jovem homossexual
Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma. Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da antiguidade e atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis. 
Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento. A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição (FREUD, 1935).
RELATO DE EXPERIÊNCIA 
“DISCUSSÕES SOBRE OS VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE HOMOSSEXUAIS E SEUS FAMILIARES”
Leila Sant’Anna Betoni 
Acadêmica 
Jeferson Camargo Taborda
Orientador
Thiago Donda Rodrigues
Co-orientador
RESUMO
Esta pesquisa-intervenção tem como objetivo mencionar as alegrias e tristezas de um grupo de pais de homossexuais e suas concepções de gênero. Foi adotada como estratégia o método das oficinas de intervenção psicossocial, sendo realizados seis encontros com pais e familiares de homossexuais. Os resultados indicam que noções cristalizadas, como o “papel de mulher” e “papel de homem”, produzem sofrimentos diversos, mas podem ter seus efeitos minimizados durante o processo grupal. 
Observação: “Havia algo no homossexualismo da filha que lhe despertava a mais profunda amargura, e estava determinado a combatê-lo por todos os meios em seu poder.(Freud, 1920, p. 161)
método
Oficina
De acordo com afonso, (2006) [...] a “oficina” não se coloca como método sub-reptício de manipulação e sim pretende ser um método participativo de análise psicossocial, cujos processos podem ser estimulados mas não induzidos, e cujos resultados dependem essencialmente da produção do grupo, enquanto uma rede de relações, e não apenas da “atuação competente” de um coordenador. Como seu nome diz, a oficina é um processo de construção, que se faz coletivamente – ou não se faz (AFONSO, 2006, p. 60). 
Processos para a formação do grupo
Divulgação do convite nas redes sociais.
 Visitas em algumas escolas – Ensino fundamental e médio.
Visitas nos Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS
Divulgação nas salas de aula da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS
CONTATOS PESSOAIS. 
Problematizando gênero com pais/responsáveis, algumas questões que surgiram
No primeiro encontro houve a participação apenas de mulheres. 
Houve a apresentação dos participantes e os relatos de suas histórias relacionadas a homossexualidade dos filhos.
“Conviver com a homossexualidade em família é desconstruir conceitos e sonhos”. 
Após frequentar curso superior e lidar com a temática, houve a desconstrução de conceitos.
“Engordei 20k com a homossexualidade em família estou em busca da desconstrução de conceitos”.
“Meu filho se interessava por brincadeiras que remetem ao sexo oposto”.
“Me sinto um monstro em não aceitar meu filho, preciso desconstruir os conceitos sobre a homossexualidade, pois o sofrimento gerado em família é fato”.
 - “Onde foi que eu errei na educação do meu filho/a”?
-Brincadeiras de infância e/ou filhos criados com avós influenciam na homossexualidade.
-Ausência dos pais pelo trabalho, pais separados, carinho excessivo da mãe influenciam na homossexualidade.
-Existe influência de hormônios? 
-Quem tem mais dificuldade na aceitação da homossexualidade, o pai ou a mãe?
-“Me emocionei bastante com o filme, ele conseguiu mostrar o sofrimento do adolescente pela não aceitação da sua homossexualidade pela família”. 
- “O filme abriu minha mente, no sentido de que o ser humano não é um pecador pela prática da homossexualidade”.
- “Estar no grupo é um passo para a aceitação da homossexualidade”.
- “Foi Deus que me mandou vir a esse grupo, hoje mudei o olhar para com o meu filho”.
- “Os encontros ajudaram a compreender a condição do meu filho”.
- “Me fizerem crescer em relação ao conhecimento da diversidade sexual”.
- “Consegui ver que não sou apenas eu que vivencio essa situação”.
- “Falar da homossexualidade do meu filho onde todos vivem a mesma situação é confortante e acolhedor”.
 - “A relação com o meu filho sempre foi boa, mas os encontros me fizeram crescer muito”.
“Os relatos dos pais foram muito importantes, pois puderam demonstrar seus sentimentos”. 
Importante frisar que durante a confraternização realizada no ultimo encontro, todos os participantes pegaram os seus aparelhos de celulares para mostrarem a foto dos seus filhos demonstrando a alegria e o amor em tê-los. 
O grupo
Após a realização dos seis encontros o grupo decidiu por dar continuidade aos trabalhos. 
Foi dado um nome ao grupo por escolhas dos próprios participantes.
“ F A R D - FORTALECENDO AMOR E RESPEITO NA DIVERSIDADE”. 
Os encontros acontecem na Clinica-Escola da UFMS , a cada quinze dias. 
 
Alguns resultados
“Eu sempre fui uma menina muito moleca, o quintal de casa era imenso, vivia brincando na terra, subindo em árvore, fazendo trilha com os meninos e isso não influenciou na minha orientação sexual; já a minha filha, que nunca participou de brincadeiras assim, é lésbica”
“Minha filha estava fazendo o enxoval da minha netinha e comprou só roupas rosas, amarelas, cores de meninas. Meu marido brigou com ela, falando que não existe cores de meninos ou de meninas e que nãoera para impor questões de gênero”
“Quando eu estava na faculdade, além de ser uma das poucas mulheres da sala, tive que ouvir de vários professores que ali não era meu lugar, que eu estava tirando o lugar de um homem e que eu deveria voltar para o tanque”
“O grupo salvou minha vida, estava sendo muito difícil para mim, e para minha filha, lidarmos com o fato dela ser trans, e foi aqui que este processo ficou mais fácil; foi deus que me encaminhou até aqui”
“Eu abri meus olhos e pude ver a pessoa maravilhosa que minha filha é, nossa relação já era boa, mas depois dos encontros melhorou muito”
“Os encontros foram muito importantes para mim, me ajudaram a crescer emocionalmente; por mais que eu tentasse entender o fato da sexualidade do meu filho, sempre pairava uma insegurança e, como consequência, em certos momentos, deixava o relacionamento fragilizado”
“A presença do meu filho e do seu namorado hoje no grupo diz tudo, quanto vim para o grupo não sabia nada sobre a homossexualidade, meu filho não é filho biológico do meu atual marido e estávamos em conflito em casa. Hoje aceito o meu filho e amo o seu companheiro como se fosse meu filho também, vê-los felizes é motivo de felicidade para mim, hoje eles estão casados e morando na casa deles.
A mudança do discurso 
Primeiro Encontro
“Eu vivo uma relação harmoniosa com minha filha, há aceitação do pai e do irmão, mas é um assunto velado, não há diálogos sobre esta questão”
Segundo Encontro
“Cheguei em casa e pedi para minha filha assistir orações para bobby comigo” 
Terceiro Encontro
“Onde eu estava que não prestei atenção no desenvolvimento e no sofrimento da minha filha em relação a sua sexualidade?”
A mudança do discurso 
Primeiro Encontro
“Ainda quando pequeno eu já percebia que tinha algo diferente no meu filho, tenho sentimento de culpa por ter mimado ele na infância; quando ele nos contou sobre sua condição houveram desentendimentos na família, que sempre foi muito unida, principalmente a dificuldade de aceitação da sexualidade do filho, e o fato de ter mais duas filhas acabou facilitando um pouco o processo de aceitação. Meu maior sofrimento é saber que meu filho é bastante inteligente, está cursando direito em outra cidade, mora com as irmãs, mas tenho receio de que o fato de ser homossexual feche muitas portas para ele”
Vigésimo Quarto Encontro
”Eu sentia uma profunda dor no meu peito, não conseguia compreender, com a participação no grupo pude perceber que estava vivenciando um luto, a perda do filho heterossexual, meus sonhos e fantasias estavam assumindo uma nova posição. Hoje eu consigo compreender que passei por um processo de desconstrução de conceitos e sonhos; convivemos com o namorado do nosso filho e compreendo que está é minha família”
Discussão sobre gênero no grupo
Reflexões e discussões sobre o papel da mulher na sociedade:
“A desigualdade sempre foi global, apesar da diminuição nas últimas década. Devido ao contexto histórico do homem ser provedor, lembrando que na atualidade não mais, porém o machismo está enraizado. É necessário fazer o movimento de igualdade sempre promovendo oportunidades iguais e igualar as relações de trabalho; o homem como provedor ter diminuído a cada dia que passa, são muitas mulheres que sustentam sozinhas as suas casas, sendo na maioria abandonadas pelos maridos e deixadas com os filhos”
“É uma questão cultural, homens ainda recebem salários maiores que as mulheres mesmo exercendo a mesma função. Os cargos de chefias em sua grande maioria são ocupados por homens, há uma luta constante por igualdade neste sentido”
“Essa injustiça sempre foi cometida em razão do homem ser o provedor, apesar de ter sido funcionária pública onde o salário é igual para o desempenho da mesma função, essa desigualdade é vista na iniciativa privada”
“Para mim é muito natural desempenhar funções que são tidas como femininas, eu sempre trabalhei muito nessa vida e por muitas vezes em cozinha de restaurantes, pude perceber que existe uma desigualdade sim, em termos de funções e salários; em casa sou eu que faço todo o trabalho doméstico, às vezes recebo ajuda, mas não vejo problema em fazer tudo”
“Quando eu não trabalhava fora; quando eu não consegui fazer parto normal; quando não amamentei, me senti inútil. Graças a deus não penso mais assim, sei o valor que mereço com minhas qualidades. Me sinto empoderada”
Os filhos
“À Leila Betoni e ao grupo FARD (fortalecendo amor e respeito na diversidade), pelo incrível trabalho com familiares de pessoas lgbt’s e por todo o acolhimento e apoio à minha família.”
“Agradeço a oportunidade de poder relatar minha história e estou muito feliz de ver minha mãe participando de um espaço tão significativo como este”
“Minha relação com minha mãe mudou muito a partir da participação dela no grupo”
“No início sei o quanto foi difícil para a família aceitar a sexualidade do meu irmão. A principio se declarou homossexual e posteriormente transexual. Com a participação no grupo foi fácil para aceitarmos o processo”
“Meus pais participaram apenas de um encontro, mas mesmo assim teve um efeito muito bom na relação com minha família, principalmente com meu pai” 
Considerações finais
Segundo coimbra (2001) não se está, desmerecendo e/ou mesmo diminuindo o grave problema da violência ... que ocorrem, principalmente, nos lares, espaço secular e socialmente sacralizado, considerado longe da violência e produzido como “doméstico” e, por isso mesmo, enfatizado como o território da privacidade. Esta questão deve ser analisada, denunciada e tratada, pois se entende que não é uma questão privado; ao contrário, trata-se de um problema público que deve, inclusive, ser enfrentado pelas autoridades e ser preocupação das políticas públicas. Ao se colocar esse tipo de violência no espaço doméstico, no território do privado, retira-se todo o seu caráter político-social, encarcerando-o num terreno facilmente psicologizante, familiarizante e intimizante. 
Obs. : Foram realizados 33 encontros com a participação de 24 pessoas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, M.L.M.(Org.) “Oficinas em dinâmicas de grupo: um método de intervenção psicossocial. São Paulo: Casa do psicológo, 2006. Passos, Kastrup e Escóssia, 2009.
Coimbra, C. M. B. Psicologia, direitos humanos, epistemologia e ética. 2001.
FREUD. Sigmund. [1856 – 1939]. A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher. In.: Obras Completas de Sigmund Freud: edição standart brasileira. Trad. Jayme Salomão. – Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 159 -183.
FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Trad. Sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro, Imago, 2006. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, VII).
HALL, Stuart. Quem precisa de identidade?. In.: SILVA, Tomaz Tadeu (org. e trad.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 200. p. 103-133.
Louro, G. L. (1997) Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 6ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes
MILLOT, Catherine. Freud antipedagogo. Trad. Ari Roitman. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
Reis, C. R. da S.; Teixeira, S. A.; & Mendes, B. G. (2017). Heteronormatividade: implicações psicossociais para sujeitos não-heteronormativos. Revista Brasileira de Ciências da Vida, Vol. 5, Nº. 3. Recuperado de http://jornal.faculdadecienciasdavida.com.br/index.php/RBCV/article/view/292
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