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Administração Judiciária (UniFatecie) (1)

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Administração
Judiciária
Professora Me. Caroline Rodrigues Celloto Dante
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
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Secretário Acadêmico
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Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
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Coordenação Adjunta de Ensino
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Coordenação Adjunta de Pesquisa
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Coordenação Adjunta de Extensão
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Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
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Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
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Diagramação
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2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
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 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
D192a Dante, Caroline Rodrigues Celloto 
 Administração judiciária / Caroline Rodrigues Celotto 
 Dante. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 92 p.: il. Color. 
 
 
 
1. Poder Judiciário - Administração. 2. Organização judiciária. 
I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. 
III. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 347.81012 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
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livro foram obtidas a partir 
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Freepik.
AUTORA
Olá caro(a) aluno(a),
Sou a professor Me. Caroline Rodrigues Celloto Dante e acompanharei vocês ao 
longo da nossa disciplina de Administração Judiciária. 
Para que vocês possam me conhecer, informarei algumas informações gerais dis-
poníveis no meu Currículo Lattes.
Sou formada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá, especialista em: a) 
Direito do Trabalho e Direito Previdenciário, pelo IDCC - Instituto de Direito Constitucional e 
Cidadania; b) Docência no Ensino Superior, pelo UNICESUMAR; c) Tecnologias Aplicadas 
ao Ensino à Distância, pelo Centro Universitário Cidade Verde (UNICFV). Por fim, sou pro-
fessora mestre, em Ciências Jurídicas, pelo UNICESUMAR.
Atualmente sou professora universitária da graduação e também da pós-gradua-
ção, além de advogada, em escritório particular.
Caso vocês tenham interesse em conhecer maiores informações quanto à minha 
formação e atividades desenvolvidas no cenário acadêmico, fica o convite para acesso ao 
meu Currículo, na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/0182529445943282.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá querido(a) aluno(a),
Iniciaremos o nosso estudo da disciplina de Administração Judiciária. Será um mo-
mento para construirmos, em conjunto, debates e reflexões sobre a Administração Pública, 
com ênfase no Poder Judiciário. Nesse contexto, veremos conceitos gerais e características 
principais, relativas à Administração como todo e específicos do Poder Judiciário.
Para tanto, na Unidade I falaremos sobre a Administração Pública, destacando seu 
conceito geral, os poderes e os princípios inerentes ao setor público, dentre os quais, a 
legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência.
Na Unidade II, por sua vez, veremos a chamada Separação de Poderes, afunilando 
nosso estudo para o Poder Judiciário, destacando, assim, a sua estrutura e organização.
Já na Unidade III o estudo se concentrará na chamada jurisdição, atividade precípua do 
Poder Judiciário, cujo principal objetivo é a pacificação dos conflitos de interesse, ou seja, trata-
-se de um poder-dever pertencente ao Estado de atuar diante de um conflito, para solucioná-lo. 
Por fim, na Unidade IV, falaremos sobre a importância da Administração Judiciária, 
estratégias de planejamento e gestão para que a atividade jurisdicional seja desenvolvida 
com maior eficiência, qualidade e celeridade. 
Desta feita, reitero o convite para que você entre nessa jornada comigo. 
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Da Administração Pública
UNIDADE II ................................................................................................... 25
Do Poder Judiciário
UNIDADE III .................................................................................................. 46
Da Jurisdição
UNIDADE IV .................................................................................................. 67
Da Administração Judiciária
3
Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições Gerais sobre Administração Pública;
● Princípios norteadores da Administração Pública;
● Poderes da Administração Pública;
● Gestão de Riscos na Administração Pública. 
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a Administração Pública; 
● Identificar os princípios norteadores e os poderes da Administração Pública;
● Analisar a gestão de riscos na Administração Pública.
UNIDADE I
Da Administração Pública
Professora Me. Caroline Rodrigues Celloto Dante
4UNIDADE I Da Administração Pública
INTRODUÇÃO
Olá querido(a) aluno(a),
Iniciaremos nosso estudo mediante a análise de temas gerais da Administração Pública.
Para tanto, no primeiro tópico, veremos os conceitos introdutórios, as característi-
cas e a finalidade da Administração Pública. 
O que é? Qual a abrangência? O que deve a Administração Pública fazer?
Veremos estas e outras questões.
Em sequência, falaremos sobre os princípios norteadores, ou seja, os aspectos 
basilares, os pontos que devem ser observados pela Administração Pública. Você sabe 
quais são essas diretrizes? Moralidade? Impessoalidade? Mais algum? Faremos a análise 
do significado e abrangência de cada um dos princípios fundamentais.
Ainda nesta unidade, falaremos sobre os poderes da administração pública. São 
eles: discricionário, vinculado, normativo, hierárquico, disciplinar e de polícia. Já ouviu falar 
sobre eles? Sabe o respectivo significado?
Por fim, falaremos sobre a gestão de riscos na administração pública.
Animado(a)? Vamos começar!
Bons estudos.
5UNIDADE I Da Administração Pública
1. DOS CONCEITOS INTRODUTÓRIOS, CARACTERÍSTICAS E FINALIDADE DA 
 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
A Administração Pública, a grosso modo, é a responsável pelos serviços públicos, 
ou seja, é de responsabilidade da Administração Pública ordenar, satisfazer, proteger, 
assegurar, executar, fiscalizar, dentre outros, a realização dos serviços que assegurem os 
direitos básicos, as necessidades e o bem-estar da população.
Dessa visão geral, é possível afirmar, que “os interesses envolvendo a atuação 
do Poder Público são diametralmente opostos àqueles que norteiam as atividades desen-
volvidas pelos particulares” (SPITZCOVSKY; LENZA, 2021, e-book). Referidos autores 
complementam afirmando que:
[...] pode-se afirmar que o único objetivo a ser perseguido pela Administração 
é a preservação dos interesses da coletividade, apresentando-se ela como 
gestora dos interessesdesta, mesma conclusão que se extrai como conse-
quência da previsão estabelecida no mesmo art. 1o, segundo o qual o Brasil 
se apresenta como uma democracia, vale dizer, governo do povo. (SPITZCO-
VSKY; LENZA, 2021, e-book)
A Administração Pública, desta feita, é administradora, ou seja, gestora dos inte-
resses do povo, que é o titular do poder, a fim de que esta atue em prol da preservação dos 
interesses da coletividade. Por conseguinte, quando a Administração Pública atua, possui 
não apenas direitos (por exemplo, legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade), mas 
também deveres e obrigações que não se estendem aos particulares. 
6UNIDADE I Da Administração Pública
Quanto ao conceito e finalidade da Administração Pública, José Maria Madeira 
afirma que: “[...] Administração Pública vai ser justamente o instrumento empregado pelo 
Estado para poder atingir suas finalidades. É, portanto, o instrumento de concretização da 
vontade estatal”, complementando dizendo que “os fins da Administração Pública, sendo 
esta entendida como o meio pelo qual se caracterizam os atos de governo, resumem-se na 
defesa do interesse público” (MADEIRA, 2014). 
Referido Autor - José Maria Madeira - nos aponta, igualmente, uma distinção quanto 
à utilização do termo “Administração Pública”, com letras maiúsculas e minúsculas, para 
fins didáticos:
Administração Pública (letras maiúsculas) Administração Pública (letras minúsculas)
Conjunto de órgãos e entidades que exercem 
a função administrativa do Estado. É o Estado-
administração.
Tem ligação com a função administrativa do 
Estado. É a função que o Estado exerce, distinta 
das funções legislativas e jurisdicionais.
Fonte: MADEIRA, 2014.
Para tanto, a Administração Pública, nas quatro esferas de governo, isto é, federal, 
estadual, municipal e distrital, é composta de uma estrutura direta e indireta, conforme 
aponta o art. 37, da Constituição Federal (BRASIL, 1988): “A administração pública direta 
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: [...]”. 
Mas, afinal, qual seria essa estrutura? Como seria composta?
A Administração direta é composta, em essência, por órgãos que são instrumentos 
da vontade estatal desprovidos, como regra, de personalidade jurídica. O Decreto-lei 200/67, 
em seu artigo 4o, I, assim aponta: “A Administração Federal compreende: I- a administração 
direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência 
da República e dos ministérios”. 
Por sua vez, a Administração indireta da Administração Pública é composta de 
pessoas jurídicas, conforme art. 4o, II, do Decreto Lei 200/67: “A Administração Federal 
compreende: II- a Administração Indireta, que compreende as seguintes entidades, dotadas 
de personalidade jurídica própria”. 
Quanto à indireta, é imprescindível que sua criação e extinção decorram de lei de 
iniciativa do Poder Executivo, nos termos do art. 37, da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
7UNIDADE I Da Administração Pública
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte:
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de funda-
ção, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação; 
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsi-
diárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a partici-
pação de qualquer delas em empresa privada;
Seja em relação à Administração Pública direta ou indireta, não se pode perder 
de vista que o objetivo norteador deve ser a prestação dos serviços públicos. No caso da 
indireta, soma-se a esse objetivo, a exploração de atividade econômica. 
Como integrantes da estrutura indireta da Administração, ou seja, pessoas jurídicas 
dotadas de personalidade jurídicas, é possível citar: 
a) autarquias, que são pessoas jurídicas de direito público, criadas para a presta-
ção dos serviços públicos, que contam com capital exclusivamente público, por exemplo, o 
INSS - Instituto Nacional de Seguro Social; 
b) agências reguladoras, que são espécies de autarquias, cujo objetivo é a regula-
mentação, o controle e a fiscalização da execução dos serviços públicos transferidos para 
o setor privado, por exemplo, ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica; 
c) associações públicas: ligadas à celebração de consórcios públicos, nos termos 
do art. 241, da Constituição Federal;
d) conselhos profissionais, por exemplo, CRM, CREA;
e) fundações, que consistem em pessoas jurídicas dotadas de patrimônio persona-
lizado, tendo finalidade específica, por exemplo, Fundação Butantã, FUNAI;
f) agências executivas;
g) empresas públicas, que são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para a 
prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades econômicas, que são 
constituídas exclusivamente por capital público e sob qualquer modalidade empresarial. 
Exemplos: BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Caixa Eco-
nômica Federal, INFRAERO;
h) sociedades de economia mista, que são pessoas jurídicas de direito privado, 
criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades econômi-
cas, que são constituídas por capital misto e constituídas apenas como sociedade anônima. 
Exemplos: Banco do Brasil, PETROBRAS, COHAB (Companhia de Habitação Popular).
A Administração Pública, por consequência, não pode perder de vista a finalidade 
precípua, que é a prestação de serviços, sendo que a atuação deve ser pautada, dentre 
outros aspectos, pelos princípios, que serão analisados no tópico seguinte.
8UNIDADE I Da Administração Pública
2. DOS PRINCÍPIOS QUE ABRANGEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
No tópico anterior, falamos sobre o contexto geral de Administração Pública, e 
vimos que a conduta deve ser pautada visando o bem-estar social, assegurar os direitos e 
necessidades básicas da população, mediante a prestação de serviços públicos.
Mas, a conduta pode ser indiscriminada? A Administração Pública pode fazer tudo 
para prestar os serviços públicos? Há diretrizes basilares?
A Administração Pública possui princípios que direcionam suas ações. Esses 
princípios estão dispostos na Constituição da República Federativa do Brasil, no artigo 
37 (BRASIL, 1988). Eles são conhecidos como: impessoalidade, legalidade, eficiência, 
moralidade e publicidade.
Afinal, o que são princípios? Porque são tão importantes?
Os princípios, segundo Miguel Reale, são enunciados admitidos como condição ou 
como base de validade das demais normativas, ou seja, são “verdades fundantes” de um 
determinado sistema (REALE, 2003, p. 303).
Alexandre Mazza corrobora afirmando que os princípios:
São regras que a doutrina identifica como condensadoras dos valores funda-
mentais de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que 
se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de 
critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque de-
fine a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica 
que lhes dá sentido harmônico. (MAZZA, 2020, e-book)
Assim, observamos que os princípios fundamentam todo um sistema, devendo 
orientar a sua criação, interpretação e aplicação de suas regras.
9UNIDADE I Da Administração Pública
Vários são os princípios aplicados ao Direito administrativo, contudo, para os que 
compreendem melhor, é imprescindível uma breve explanação acerca do que é interesse 
público. Interesse público é o somatório dos interesses individuais representando avontade 
da maioria na sociedade. Ele se divide em: a) Interesse público primário: refere-se à vonta-
de social, isto é, à vontade do povo; b) Interesse público secundário: a vontade do Estado, 
enquanto pessoa jurídica.
O art. 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) elenca cinco princípios da 
Administração Pública, são eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência. Esses princípios são os chamados princípios mínimos da Administração Pública. 
Vejamos sinteticamente cada um deles:
a) Princípio da Legalidade
Cumpre mencionar que o Brasil trata-se de Estado Democrático de Direito e, como 
tal, aponta como um direito fundamental que: “Art. 5o, II - ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988). 
A doutrina aponta que: 
Trata-se, como se observa, de uma regra vital, porque está a revelar que a 
imposição de comportamentos unilaterais pelo Poder Público só será possí-
vel se tiver respaldo em lei, impedindo, dessa forma, a legitimação de atitu-
des arbitrárias por parte dos detentores desse poder. (SPITZCOVSKY; LEN-
ZA, 2021, e-book)
Referido autor corrobora dizendo que:
Em outras palavras, essa regra consubstancia, simultaneamente, uma salva-
guarda para o direito dos administrados e uma limitação, uma fronteira para a 
atuação dos detentores desse do Poder Público. [...] Em outro dizer, conclui-
-se, com meridiana clareza, que não existe interesse público que se legitime 
sem que apresente apoio em lei. (SPITZCOVSKY; LENZA, 2021, e-book)
É possível afirmar, por consequência, que a legalidade para a Administração Públi-
ca é diferente da legalidade do particular.
Para o particular, a regra é que ele pode fazer tudo, salvo o que estiver expressa-
mente proibido, vedado em lei. Já para o Direito Público, especificamente para o Direito 
Administrativo, a regra é contrária. Neste, o Administrador só poderá fazer aquilo que a lei, 
expressamente, autorizar.
Diante do referido cenário, a doutrina afirma que: “no campo do direito privado a ati-
vidade desenvolvida pelos particulares deve pautar-se por uma relação de não contradição 
com a lei, enquanto para o Poder Público trata-se de uma relação de subordinação para 
com ela” (SPITZCOVSKY; LENZA, 2021, e-book).
10UNIDADE I Da Administração Pública
Por fim, cumpre mencionar que o princípio da legalidade vem sendo interpretado 
em sentido amplo, o que significa dizer que obedecer ao princípio da legalidade é controlar 
e aplicar a legalidade em seu sentido amplo; é controlar a aplicação da lei e também con-
trolar as regras constitucionais.
b) Princípio da impessoalidade 
Segundo este princípio, o Poder Público deve manter uma posição neutra em 
relação aos administrados, ou seja, somente é possível produzir discriminações que se 
justifiquem em vista do interesse público.
Como decorrência do princípio, é possível citar a necessidade de licitação para 
contratação de serviços, para que seja possível a escolha com base apenas na proposta 
mais vantajosa para o interesse público.
Outro exemplo possível: concurso público.O Administrador escolhe o melhor candi-
dato independentemente de interesses pessoais, o que significa agir de forma impessoal.
Este princípio exige ausência de subjetividade. O Administrador não pode agir com 
interesse pessoal.
Alexandre Mazza (2021, e-book) afirma que: “O princípio da impessoalidade esta-
belece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discrimina-
ções (perseguições) e privilégios (favoritismo) indevidamente dispensados a particulares 
no exercício da função administrativa”.
Desta feita, é possível afirmar que, segundo este princípio, deve o administrador 
público praticar o ato para que seja atingido o seu fim legal, ou seja, o objetivo do ato ad-
ministrativo, de forma impessoal. Deve, por consequência, agir visando atingir a finalidade 
pública prevista em lei, agindo com impessoalidade e objetividade.
c) Princípio da moralidade 
A moralidade está prevista no art. 37, caput, da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), como princípio fundamental aplicável à Administração Pública, ou seja, é possível 
afirmar, segundo Alexandre Mazza, que “a moralidade administrativa constitui requisito de 
validade do ato administrativo” (MAZZA, 2020, e-book).
É por força deste princípio que o Administrador deve ser bom o suficiente para 
escolher o melhor caminho, a melhor alternativa. Não basta que o administrador pratique 
seus atos de forma correta, tem de fazê-los da melhor maneira possível. Assim aponta 
Alexandre Mazza (2020, e-book):
11UNIDADE I Da Administração Pública
O princípio jurídico da moralidade administrativa não impõem o dever de aten-
dimento à moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões 
éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados 
pela prática diária ao conceito de boa administração. 
Referido entendimento é sedimentado pela Lei 9.784/99 (BRASIL, 1999), em seu 
art. 2o, parágrafo único, IV, ao definir a moralidade nos processos administrativos como um 
dever de “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Ainda segundo 
a referida legislação, trata-se de um dever imposto também aos administrados “proceder 
com lealdade, urbanidade e boa-fé” (art. 4o, II, da Lei 9.784/99).
d) Princípio da Publicidade 
O princípio da publicidade está ligado diretamente com o dever de divulgação oficial dos 
atos administrativos, previsto no art. 2o, parágrafo único, V, da Lei n. 9.784/99 (BRASIL, 1999).
Segundo Alexandre Mazza, “tal princípio encarta-se num contexto geral de livre 
acesso dos indivíduos a informações de seu interesse e de transparência na atuação ad-
ministrativa” (2020, e-book).
Logo, podemos afirmar que, o princípio da publicidade significa transparência, divul-
gação, conhecimento, controle, visando dar conhecimento ao titular do direito, que é o povo.
Trata-se de coerência de um sistema no qual o Administrador é escolhido pelo povo 
para representar os interesses deste, devendo, portanto, a comunicação e satisfação de 
todos os seus atos como exercente de uma função pública.
Como exemplo de incidência do princípio da publicidade é possível citar a previsão 
do art. 5o, XXXIII, CF (BRASIL, 1988): “XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
Além disso, segundo o aludido princípio, os agentes públicos, uma vez que atuam na 
defesa dos interesses da coletividade, não podem exercer condutas sigilosas e atos secretos.
Isso porque, ao dever estatal de garantir a publicidade de seus atos, corresponde 
o direito do administrado de ter ciência da tramitação de processos administrativos em que 
tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópia de documentos neles 
contidos e conhecer as decisões proferidas (BRASIL, 1999, art. 3o, II, Lei n. 9.784/99).
A doutrina aponta que são diversas as finalidades que são almejadas através do 
cumprimento do princípio, como, por exemplo: a) exteriorização da vontade da Adminis-
tração Pública, a fim de que haja o conhecimento público; b) presunção de conhecimento 
dos atos pelos interessados e consequente possibilidade de tornar o conteúdo exigível; 
c) impedir a alegação de ignorância quanto ao conteúdo do ato; d) permitir o controle de 
legalidade do comportamento (MAZZA, 2020, e-book).
12UNIDADE I Da Administração Pública
e) Princípio da Eficiência
O princípio da eficiência foi acrescentado no art. 37, caput, da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988), pela Emenda Constitucional n. 19/98. A intenção é que haja “economici-
dade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional” 
(MAZZA, 2021, e-book).
Um serviço adequado, portanto, tem queser eficiente. Eficiência começa com 
ausência de desperdícios e com certeza de produtividade. Também há necessidade de 
agilidade e economia, esta última entendida como gastar o menor valor para se obter o 
melhor resultado possível. A eficiência envolve os meios e os resultados.
Alexandre Mazza, contudo, traz uma reflexão sobre o tema, de suma relevância:
[...] o princípio da eficiência não pode ser analisado senão em conjunto com 
os demais princípios do Direito Administrativo. A eficiência não pode ser usa-
da como pretexto para a Administração Pública descumprir a lei. Assim, o 
conteúdo jurídico do princípio da eficiência consiste em obrigar a Adminis-
tração Pública a buscar os melhores resultados por meio da aplicação da lei. 
(MAZZA, 2020, e-book).
Embora o art. 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) aponte apenas esses cin-
co princípios mínimos a que a Administração Pública deve sempre observar, eles não são 
os únicos. Assim, o estudo dos demais princípios é de fundamental importância. Vejamos 
alguns outros princípios essenciais aplicáveis à Administração Pública: 
Princípio da supremacia do interesse público
O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, ou apenas, princípio 
do interesse público ou da finalidade pública, é princípio implícito na atual ordem jurídica, 
segundo o qual
Os interesses da coletividade são mais importantes que os interesses in-
dividuais, razão pela qual a Administração, como defensora dos interesses 
públicos, recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares. 
(MAZZA, 2020, e-book) 
Como exemplos decorrentes da incidência do princípio, é possível apontar: a) pos-
sibilidade de transformar compulsoriamente a propriedade privada em pública, ou seja, a 
chamada desapropriação; b) autorização para utilização da propriedade privada em situações 
de iminente perigo público (requisição de bens), por exemplo, requisição de veículo particular 
pela política para perseguir criminoso; c) prazos processuais em diferenciados para contestar, 
recorrer e responder recursos; d) presunção de legitimidade dos atos administrativos.
Vale lembrar que a superioridade deve ser do interesse público e não do adminis-
trador público.
13UNIDADE I Da Administração Pública
g) Princípio da indisponibilidade
O princípio da indisponibilidade do interesse público “enuncia que os agentes públi-
cos não são donos do interesse por eles defendido” (MAZZA, 2020, e-book), impondo, por 
conseguinte, que os agentes públicos atuem conforme determinado pela legislação, e não 
segundo a própria vontade.
O administrador público exerce uma função pública, e, como tal, atua em nome e no 
interesse do povo. Significa dizer que o Direito não é dele, o interesse não é dele, portanto, 
desse direito ele não pode dispor. Infere-se, assim, que o princípio da indisponibilidade 
decorre do fato de que o Administrador exerce atividade em nome e no interesse do povo.
Para entendermos melhor, utilizaremos o seguinte exemplo: a licitação serve para 
que a Administração Pública possa escolher a melhor proposta, isto é, a proposta mais 
vantajosa ao interesse público. A licitação, portanto, proporciona a possibilidade de se 
escolher a melhor proposta, se o Administrador abre mão da oportunidade de escolher 
a mais vantajosa, ele abre mão do interesse público, violando-se, assim, o princípio da 
indisponibilidade.
h) Princípio da participação 
O referido princípio está previsto no art. 37, § 3o, da Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
Segundo Alexandre Mazza, de acordo com tal princípio
A lei deverá estimular as formas de participação do usuário na administração 
pública direta e indireta, regulando especialmente: a) reclamações relativas à 
prestação dos serviços públicos em geral; b) o acesso dos usuários a regis-
tros administrativos e informações sobre atos de governo; c) a disciplina da 
representação contra o exercício negligente ou abusivo do cargo, emprego 
ou função da Administração Pública. (MAZZA, 2021, e-book)
Portanto, deve ser assegurada a participação da coletividade quanto aos atos pra-
ticados pela Administração Pública. 
i) Princípio da celeridade processual
Trata-se de princípio constitucional, previsto no art. 5o, LXXVIII, CF (BRASIL, 1988).
Segundo o referido princípio, deve ser assegurado a todos, seja no âmbito judicial 
ou administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam celeridade na 
sua tramitação.
14UNIDADE I Da Administração Pública
j) Princípio do devido processo legal 
O princípio está previsto no art. 5o, LIV, da CF, segundo o qual “LIV - ninguém será 
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (BRASIL, 1988).
Segundo a doutrina, o princípio comporta dois aspectos, ambos válidos no Direito 
Administrativo, quais sejam: a) devido processo legal, segundo o qual, é preciso que haja 
cumprimento de um rito predefinido na lei, e, tal exigência é condição de validade da deci-
são; b) devido processo legal material ou substantivo, que impõe que a decisão final seja 
justa, adequada e proporcional (MAZZA, 2021, e-book).
k) Princípio do contraditório e da ampla defesa
Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão previstos na Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), em seu art. 5o, LV, que assim dispõe: “LV - aos litigantes, em pro-
cesso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
Segundo o princípio do contraditório, “as decisões administrativas devem ser tomadas 
considerando a manifestação dos interessados” (MAZZA, 2021, e-book), ou seja, é preciso 
assegurar o direito das partes serem ouvidas no processo, antes do julgamento final.
Por outro lado, e, em complementação, o princípio da ampla defesa assegura aos 
litigantes, seja no processo judicial ou administrativo, que sejam utilizados todos os meios 
de prova, de recursos, bem como, os instrumentos necessários para a defesa de seus 
interesses (MAZZA, 2021, e-book).
A doutrina aponta, ainda, outros princípios, como, por exemplo, princípios da auto-
tutela, da obrigatória motivação, da finalidade, da razoabilidade, da proporcionalidade, da 
responsabilidade, da segurança jurídica, da boa-administração, da continuidade do serviço 
público, da presunção da legitimidade, da especialidade. São princípios infraconstitucionais, 
razão pela qual sugere-se à complementação do estudo. 
15UNIDADE I Da Administração Pública
3. DOS PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Vimos ao longo dos tópicos anteriores, que a Administração Pública deve atuar em prol 
do interesse público e que sua conduta deve ser lastreada com base em diversos princípios. 
Mas, não apenas isso. Veremos ao longo deste tópico que, para que haja o adequado 
cumprimento das suas atribuições, a Administração Pública possui competências especiais, 
que são consideradas poderes-deveres instrumentais para a defesa do interesse público. 
São os seguintes poderes-deveres, trazidos pela doutrina:
a) Vinculado 
Segundo este poder, “quando a lei atribui determinada competência definindo todos 
os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o agente 
público escolher a melhor forma de agir” (MAZZA, 2020, e-book), este deve executar a 
vontade legal, ou seja, não há margem de escolha. Ou seja, considera-se ato vinculado 
aquele resultante do exercício dessa competência.
Como exemplo, é possível citar o ato de realização do lançamento tributário, pre-
visto no art. 3o, do CTN. 
16UNIDADE I Da Administração Pública
b) Discricionário
Neste poder, é reservada à Administração Pública, margem de liberdade, “para que 
o agente público, diante da situação concreta, possa selecionar entre as opções predefi-
nidas qual a mais apropriada para defender o interesse público” (MAZZA, 2020, e-book). 
Considera-se, portanto, ato discricionário, o ato praticado no exercício de competência 
assimconferida.
Como exemplo, é possível citar o decreto expropriatório.
c) Disciplinar
O poder disciplinar, por sua vez, “consiste na possibilidade de a Administração 
aplicar punições aos agentes públicos que cometam infrações funcionais” (MAZZI, 2021, 
e-book). Trata-se, desta feita, de um poder interno (somente pode atingir agentes públicos), 
não permanente (incide apenas quando o servidor cometer falta funcional) e discricionário 
(a administração pode escolher, respeitando os limites previstos na legislação, qual a puni-
ção mais apropriada). 
d) Hierárquico
Segundo este princípio, é possível que o Executivo faça a distribuição e o escalo-
namento das funções dos seus órgãos, assim como, rever a atuação dos agentes, a fim de 
que seja estabelecida relação de subordinação entre os servidores e o quadro de pessoal 
(MEIRELLES, 2020, p. 117). 
Segundo Alexandre Mazza,
É um poder interno e permanente exercido pelos chefes de repartição so-
bre seus agentes subordinados e pela administração central em relação aos 
órgãos públicos consistentes nas atribuições de comando, chefia e direção 
dentro da estrutura administrativa. (MAZZA, 2020, e-book)
Assim como no poder anteriormente analisado, considera-se interno, porque não 
se aplica a particulares. A grande diferença entre o disciplinar e o hierárquico, é que o poder 
hierárquico é exercido de forma permanente, e não em caráter episódico. 
e) Regulamentar 
A doutrina aponta que o poder regulamentar decorre do poder hierárquico, já que 
“consiste na possibilidade de os chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos 
gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar fiel execução à lei” (MAZZA, 
2021, e-book).
17UNIDADE I Da Administração Pública
Possibilita, portanto, a criação de diversos atos abstratos, como, por exemplo, 
regimentos, instruções, deliberações, resoluções e portarias. 
Em situações excepcionais, admite-se atos regulamentares gerais e concretos, 
como, por exemplo, “os regulamentos revogadores expedidos com a finalidade específica 
de extinguir ato normativo anterior” (MAZZA, 2020, e-book).
f) De polícia
O Poder de Polícia é apontado pela doutrina como uma das três funções precípuas 
da Administração Pública, sendo que, aludido poder, “representa uma atividade estatal 
restritiva dos interesses privados, limitando a liberdade e a propriedade individual em favor 
do interesse público” (MAZZA, 2020, e-book).
Alexandre Mazza aponta que o Poder de Polícia possui duas acepções distintas:
Poder de Polícia em sentido amplo Poder de Polícia em sentido restrito
Inclui qualquer limitação estatal à liberdade e 
propriedade privadas, englobando restrições 
legislativas e limitações administrativas.
Inclui somente as limitações administrativas à 
liberdade e propriedade privadas, deixando de fora 
as restrições impostas por dispositivos legais.
Exemplos: vigilância sanitária e polícia de trânsito. 
Fonte: MAZZA, 2021, e-book.
Contudo, a questão não é unânime na doutrina, sendo que a maioria aponta apenas 
a vinculação do poder de polícia em sentido restrito. 
Para Hely Lopes Meirelles, por exemplo, o poder de polícia “é a faculdade de que 
dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, ativida-
des e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. (MEIRELLES, 
2020, p. 127).
Já Alexandre Mazza traz a seguinte definição:
Poder de Polícia é a atividade da Administração Pública, baseada na lei e na 
supremacia geral, consistente no estabelecimento de limitações à liberdade 
e propriedade dos particulares, regulando a prática de ato ou a abstenção de 
fato, manifestando-se por meio de atos normativos ou concretos, em benefí-
cio do interesse público. (MAZZA, 2020, e-book)
Por fim, é possível citar a definição trazida por Celso Spitzcovsky e Pedro Lenza, 
para quem, “poder de polícia é definido como aquele de que dispõe a Administração para 
condicionar, restringir, limitar e frenar atividades e direitos de particulares para a preserva-
ção dos interesses da coletividade” (SPITZCOVSKY; LENZA, 2021, e-book).
18UNIDADE I Da Administração Pública
Diante dos conceitos apresentados, é possível afirmarmos que o exercício do aludi-
do poder de polícia decorre da supremacia do interesse público sobre o particular. 
Cumpre mencionar, por fim, que o art. 78, do CTN, traz uma conceituação expressa 
do poder de polícia. 
g) Normativo
Por fim, veremos o conceito do poder normativo. 
Segundo Celso Spitzcovsky e Pedro Lenza, “o poder normativo ou regulamentar 
pode ser definido pela faculdade atribuída ao administrador para a expedição de decretos 
e regulamentos” (2021, e-book).
Contudo, ainda segundo a doutrina, os decretos e os regulamentos, “não podem 
inovar no ordenamento jurídico, mas, tão somente oferecer à lei fiel execução, vale dizer, o 
melhor detalhamento” (SPITZCOVSKY; LENZA, 2021, e-book).
Com isso, terminamos a análise relativa aos poderes da Administração Pública.
19UNIDADE I Da Administração Pública
4. DA GESTÃO DE RISCOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Ao longo dos tópicos anteriores, vimos que a Administração Pública deve agir em 
prol do interesse público, e que sua conduta deve ser lastreada por diversos princípios. Mas, 
não apenas obrigações foram conferidas à Administração Pública para que seja atingida a 
finalidade, também foram assegurados alguns poderes-deveres. 
Ocorre que, não basta tais previsões, é preciso que haja uma gestão na Adminis-
tração Pública, que vise o auxílio na tomada de decisões, por exemplo, levando em conta, 
os riscos ambientais, de saúde, econômicos, dentre outros. Trata-se da chamada gestão de 
riscos na Administração Pública.
O setor público trabalha com os riscos iminentes por meio de deveres, que se 
tornam direitos para os cidadãos, como a educação, a saúde, a moradia e a segurança. 
A tentativa da administração pública é gerir os riscos de forma que se consiga diminuir 
os custos com atividades incertas, aumentando benefícios oferecidos para a sociedade, 
considerando sempre que a essência do serviço público é o bem-estar da sociedade. 
Importante, contudo, conhecermos as ideias gerais atreladas à chamada Gestão de 
Riscos. 
Segundo Lorena Lucena Furtado, os riscos “caracterizam-se pela probabilidade de 
ocorrência detectada de acontecimentos de determinado risco”, ou seja, são “fatores que 
podem ser previstos, fazendo com que a entidade saiba como se comportar quando estes 
de fato ocorrerem” (2020, e-book).
20UNIDADE I Da Administração Pública
Quanto aos riscos existentes no contexto da Administração Pública, é possível 
afirmar que:
O governo enfrenta riscos em muitas de suas funções: por exemplo, na sua 
função de proteger os direitos públicos, de criar condições para a prosperi-
dade econômica, de preservar a integridade do meio ambiente, de tomar me-
didas para melhorar a saúde humana ou na prestação de serviços governa-
mentais. (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2003, p. 15)
Portanto, a gestão de riscos seria um mecanismo para que seja garantida a boa 
governança, igualmente aplicável à Administração Pública, isso porque, a adoção de uma 
gestão de riscos permanente tende a melhorar os processos de tomada de decisão frente 
aos riscos para se obter, consequentemente, melhores resultados.
Ou seja, “o objetivo da gestão de riscos é aumentar os benefícios e reduzir os custos 
das atividades cujos resultados são incertos”. (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA, 2003, p. 15)
Ademais, o gerenciamento de riscos é apontado como parte fundamental da go-
vernança, uma vez que se trata de instrumento de apoio à tomada de decisão, visando 
melhorar o desempenho da organização (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA 
CORPORATIVA, 2007).
À luz do exposto, é possível citar como fatores importantes para que haja a gestão 
de riscos (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2003, p. 17-18): a) a ges-
tão de riscos reduza probabilidade e a severidade de eventos negativos e indesejáveis; b) 
abre portas para a inovação, considerando, por exemplo, inovações sociais e tecnológicas.
Mas, é preciso ter cautela, ou seja, para que sejam tomadas decisões por servidores 
públicos “inovadores” que envolvam riscos desnecessários. Portanto, é necessário que este 
servidor possua habilidades e competências necessárias para gerenciar referidos riscos. 
Podemos afirmar, como consequência, que o gerenciamento de riscos é parte inte-
grante das boas práticas administrativas, seja no setor privado ou público. É fundamental, 
então, aprender a gerenciar os riscos de forma eficiente e eficaz, pois possibilita que a 
instituição melhore os resultados que apresenta. 
Isso é possível a partir da identificação, da análise e do monitoramento dos fatores 
de riscos que podem gerar impactos negativos, de forma a possibilitar que estes sejam 
evitados, controlados ou mesmo transformados em oportunidades. 
Para tanto, é preciso executar o gerenciamento de riscos de forma organizada 
e estruturada, bem como, procurar motivar a capacitação e envolvimento das pessoas, 
pois isso possibilita que sejam identificadas as oportunidades, melhorando os processos 
adotados, por intermédio, por exemplo, da inovação. 
21UNIDADE I Da Administração Pública
SAIBA MAIS
Como complementação do estudo, sugere-se a leitura do seguinte artigo “Gestão de 
Riscos e Coronavírus”, da autora Natascha Cima. Poderia ter havido uma gestão de 
riscos mais efetiva por parte da Administração Pública? Era possível identificar o risco 
iminente? 
Fonte: CIMA, NATASCHA. Gestão de Riscos e Coronavírus. Antissuborno QMS, 1 abr. 2020. Disponível 
em: https://antissuborno.com.br/gestao-de-riscos-e-coronavirus/. Acesso em: 31 agosto 2021.
REFLITA 
No atual contexto, estamos vendo diariamente notícias relacionadas à pandemia causa-
da pelo coronavírus. A gestão de riscos, se realizada de forma eficaz, poderia ter previs-
to ou mesmo o condão de mitigar as consequências advindas pelo cenário? 
Fonte: a autora.
https://antissuborno.com.br/gestao-de-riscos-e-coronavirus/
22UNIDADE I Da Administração Pública
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olá querido(a) aluno(a),
Ao longo da primeira unidade, vimos alguns aspectos fundamentais da Adminis-
tração Pública. Começamos o estudo traçando conceitos e características gerais, em 
sequência, vimos os princípios norteadores, os poderes atinentes à Administração Pública, 
e, por fim, a gestão de riscos.
Quando falamos em Administração Pública é essencial que haja a seguinte vin-
culação: interesse público. Isso porque, como vimos, o objetivo a ser perseguido é a 
preservação dos interesses da coletividade, uma vez que a Administração Pública é a 
gestora de tais interesses. 
Desta feita, toda a ação, da Administração Pública, direta e indireta, deve ser pau-
tada, tendo, por vista, tal finalidade precípua.
Os princípios, neste contexto, objeto de estudo do nosso segundo tópico, funcio-
nam como norteadores, ou seja, como aspectos a serem analisados e observados, seja na 
formação de uma lei, na aplicação ou na interpretação da mesma. São verdades fundantes, 
expressam os valores fundamentais de todo o ordenamento.
Analisamos, neste contexto, diversos princípios, dentre os quais, o princípio da 
supremacia do interesse público, que demonstra conexão direta com a finalidade precípua 
da Administração Pública, qual seja, assegurar o interesse público. 
Ainda, neste contexto, vimos que a Administração Pública possui diversos poderes, 
que foram outorgados para que os atos administrativos sejam norteados. Foram eles: vin-
culado, hierárquico, disciplinar, discricionário, regulamentar, de polícia e normativo.
Por fim, vimos que é essencial que haja uma gestão de riscos na condução dos 
atos administrativos, ou seja, na atuação da Administração Pública como um todo, pois, 
desta feita, será possível identificar os riscos e atingir melhores resultados.
23UNIDADE I Da Administração Pública
LEITURA COMPLEMENTAR 
Como complementação do estudo, sugere-se a leitura do seguinte artigo:
Gonçalves, Tânia Carolina Nunes Machado e Varella, Marcelo D.Os desafios da 
Administração Pública na disponibilização de dados sensíveis. Revista Direito GV [online]. 
2018, v. 14, n. 2,, pp. 513-536. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2317-6172201821. 
Acesso em: 31 agosto 2021.
24UNIDADE I Da Administração Pública
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Administração Pública: modelos, conceito, reformas e 
avanços para uma nova gestão. 
Autor: Nivaldo Vieira Lourenço. 
Editora: Intersaberes 
Sinopse: Para entender o atual cenário da administração pública 
no Brasil e sua evolução nos últimos tempos, é preciso perceber 
como os principais fatos e mudanças das últimas décadas interfe-
riram nas formas de gestão então presentes e provocaram tran-
sições de um modelo patrimonialista para um burocrático e, mais 
recentemente, gerencial. Devemos refletir sobre as relações do 
Estado, do mercado e da sociedade, a fim de atuar de forma cons-
ciente, tanto como profissionais quanto como cidadãos. Discutir as 
funções do Estado e a aplicação dos princípios da Administração 
Pública é, sem dúvida, uma tarefa imprescindível.
FILME / VÍDEO 
Título: O homem que mudou o jogo. 
Ano: 2011. 
Sinopse: Baseado em fatos reais, O Homem que Mudou o Jogo 
é a história de Billy Beane (Brad Pitt), gerente do time de baseball 
Oakland Athletics. Com pouco dinheiro em caixa e a ajuda de 
Peter Brand (Jonah Hill), ele desenvolve um sofisticado programa 
de estatísticas para o clube, fazendo com que ficasse entre as 
principais equipes do esporte nos anos 80.
25
Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de Introdutórias relativas ao Poder Judiciário;
● Estudo sobre a Organização e Estrutura do Poder Judiciário;
● Normas Constitucionais relativas ao Poder Judiciário; 
● Análise da organização do Poder Judiciário, de acordo com as respectivas 
 competências. 
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar o Poder Judiciário e analisar as respectivas noções introdutórias; 
● Compreender a Estrutura e a Organização do Poder Judiciário; 
● Apontar as normas previstas na Constituição Federal, bem como, ressaltar a 
organização do Poder Judiciário de acordo com suas competências.
UNIDADE II
Do Poder Judiciário
Professora Me. Caroline Rodrigues Celloto Dante
26UNIDADE I Da Administração Pública 26UNIDADE II Do Poder Judiciário
INTRODUÇÃO
Olá, querido(a) aluno(a),
Em nossa primeira unidade do presente material, falamos sobre a Administração 
Pública como um todo, destacando o seu conceito geral, princípios, poderes e também a 
necessidade de uma gestão de riscos efetiva. 
Agora em nossa segunda unidade, iremos afunilar o estudo, enfatizando o Poder 
Judiciário. 
Afinal, do que se trata o Poder Judiciário? Qual sua principal atribuição? Como 
deve ser organizado? 
O nosso estudo, portanto, será dividido em quatro partes: no primeiro momento, 
falaremos sobre a definição do Poder Judiciário e suas noções introdutórias; em seguida, 
veremos a organização e a estrutura do Poder Judiciário; no terceiro tópico, das normas 
previstas na Constituição Federal de 1988 sobre o tema e; por fim, da organização do 
Poder Judiciário, levando em consideração as suas competências.
E, aí? Animado(a)? 
Vamos começar!
27UNIDADE I Da Administração Pública 27UNIDADE II Do Poder Judiciário
1. DA DEFINIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO E NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
Na contemporaneidade, prevalece a ideia da separação dos poderes, isto é, deve 
haver uma atuação harmônica e autônoma entre os Poderes, quais sejam: Executivo, Le-
gislativo e Judiciário. 
Referida divisão, em verdade, teve as primeiras bases teóricas, na Antiguidade 
Grega, na obra Política, de Aristóteles, que já apontava três funções distintas exercidas 
pelo soberano: edição de normas gerais que deveriam ser observadas por todos, a de 
aplicação das referidas normas ao caso concreto e a funçãode julgamento. 
A teoria de Aristóteles foi sendo aprimorada com o passar do tempo, tendo como 
outro marco, a obra O Espírito das Leis, de Montesquieu, segundo a qual, cada função 
corresponderia a um órgão específico, ou seja, não mais se concentraria nas mãos do 
soberano. Portanto, 
De acordo com essa teoria, cada Poder exercia uma função típica, inerente 
à sua natureza, atuando independente e autonomamente, não mais sendo 
permitido a um único órgão legislar, aplicar lei e julgar, de modo unilateral, 
como se percebia no absolutismo. (MAZZA, 2020, e-book)
A finalidade, por consequência, é assegurar a liberdade, ou seja, evitar que haja a 
concentração de poder, exercido por uma mesma pessoa ou grupo de poderes. Assim, me-
diante a separação de poderes, impõe-se que haja um consenso das autoridades estatais 
na tomada de decisões, bem como, criam-se mecanismos de fiscalização e responsabiliza-
ção recíproca, através dos “freios e contrapesos”. 
28UNIDADE I Da Administração Pública 28UNIDADE II Do Poder Judiciário
O nosso foco de estudo, nesta unidade, atrela-se ao Poder Judiciário. A doutrina 
afirma no seguinte sentido, a respeito da visão geral:
[...] o Judiciário aponta no horizonte como não apenas um organismo direcio-
nado a resolver conflitos de interesses surgidos na sociedade, mas também 
como ordenador da respeitabilidade dos direitos humanos fundamentais, seu 
garante último, inclusive contra o próprio Estado-administrador, ou Estado-le-
gislador ou, ainda, Estado-Executivo. (TAVARES, 2012, e-book).
Mas, afinal, o que seria o Poder Judiciário? O Poder Executivo? O Poder Legislativo?
Em início, é preciso ressaltar que cada um dos Poderes exerce as chamadas fun-
ções típicas, ou seja, atividades predominantes, inerentes e ínsitas à sua natureza, mas 
também funções atípicas, que são típicas dos outros órgãos. 
Desta feita, é possível a “conceituação” de um e de outro, com base nas atividades 
típicas por ele desenvolvidas, quais sejam:
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Legislar;
Fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária e patrimonial do 
Executivo. 
Prática de atos de chefia de 
Estado, chefia de governo e atos 
de administração.
Julgar (função jurisdicional) 
dizendo o direito no caso 
concreto e dirimindo os conflitos 
que lhe são levados, quando da 
aplicação da lei.
Fonte: MAZZA, 2020, e-book.
E quanto às funções atípicas? Seria possível, a título de exemplificação, apontar a 
seguinte menção:
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO 
Natureza executiva: ao dispor 
sobre organização, provendo car-
gos, concedendo licenças, etc. 
Natureza jurisdicional: o Senado 
é o responsável por julgar o Pre-
sidente da República, nos crimes 
de responsabilidade, conforme 
art. 52, I, da CF/88.
Natureza legislativa: o Presiden-
te da República, por exemplo, 
adota medida provisória, com 
força de lei, nos termos do art. 
62, da CF/88;
Natureza jurisdicional: o Execu-
tivo julga, apreciando defesas e 
recursos administrativos. 
Natureza legislativa: regimento 
interno dos tribunais, nos termos 
do art.96, I, “a”, da CF/88;
Natureza executiva: administra, 
por exemplo, ao conceder férias 
e licenças aos magistrados, nos 
termos do art. 96, I, “f”, da CF/88.
Fonte: MAZZA, 2020, e-book.
À luz da menção acima, podemos dizer que: o Poder Legislativo é aquele que atua, 
em essência, na edição de regras gerais, abstratas, impessoais e inovadoras, ou seja, que 
cria as chamadas “leis”. Por sua vez, o Executivo é aquele que “resolve os problemas con-
cretos e individualizados, de acordo com as leis”, abarcando a chamada função de governo 
29UNIDADE I Da Administração Pública 29UNIDADE II Do Poder Judiciário
e a função administrativa. Por fim, o Judiciário é aquele que exerce, como atividade típica, 
a função jurisdicional, isto é, “tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos a fim de 
dirimir conflitos de interesses” (SILVA, 2015, p. 108). 
Embora haja a referida divisão de “poderes”, não se pode perder de vista, que o 
poder é uno, indivisível e indelegável, ou seja, o poder é um só, o que há é a manifestação 
através dos órgãos, que exercem as funções típicas e atípicas.
Como já mencionado anteriormente, iremos aprofundar o estudo, nesta unidade, 
quanto ao Poder Judiciário.
Segundo Alexandre Mazza, 
O Poder Judiciário tem por função típica a jurisdicional, inerente à sua nature-
za. Exerce, ainda, funções atípicas, de natureza executivo-administrativa (or-
ganização de suas secretarias - art. 96, I, “b”; concessão de licença e férias a 
seus membros, juízes e servidores imediatamente vinculados - art. 96, I, “f”), 
bem como funções atípicas de natureza legislativa (elaboração do regimento 
interno - art. 96, I, “a”). (MAZZA,2020, e-book).
Ocorre, por conseguinte, que precisamos compreender o que se trata de jurisdição, 
ou seja: o que seria essa função tipicamente jurisdicional?
Este tema, ou seja, no que tange à “jurisdição”, será abordado com maior afinco no 
nosso terceiro capítulo, porém, já neste momento, é importante entender o conceito geral 
para o referido termo. Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido 
Rangel Dinamarco, na obra “Teoria Geral do Processo”, afirmam que a jurisdição é 
Uma das funções do Estado, mediante a qual este substitui aos titulares dos 
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito 
que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da 
vontade do direito objetivo que rege o caso apresentado em concreto para 
ser solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre por meio do 
processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de uma 
sentença de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito 
estabelece (através da execução forçada). (2006, p. 129). 
Diante de sua atribuição central, ou seja, diante da atuação do Poder Judiciário, 
foram atribuídas algumas garantias, que visam assegurar, dentre outros aspectos, a in-
dependência do órgão, para que este possa decidir livremente, sem sofrer qualquer tipo 
de pressão dos outros Poderes. Há, neste contexto, garantias institucionais, que visam 
a proteção do Judiciário como um todo, e, também, garantias funcionais ou de órgãos, 
relativas à independência e à imparcialidade dos membros do Poder Judiciário. 
Como garantias institucionais do Judiciário é possível elencar: 
a) Garantias de autonomia orgânico-administrativa
Relativa à estruturação e funcionamento dos órgãos, vez que os tribunais podem: 
a) eleger órgãos diretivos, sem participação dos outros Poderes; b) elaborar o regimento 
interno; c) organizar a estrutura administrativa interna. 
30UNIDADE I Da Administração Pública 30UNIDADE II Do Poder Judiciário
b) Garantias de autonomia financeira
Tanto a anterior, quanto esta, são garantias constitucionais, insculpidas no art. 
99, caput, da Constituição Federal de 1988: “Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada 
autonomia administrativa e financeira” (BRASIL, 1988).
Quanto à garantia de autonomia financeira, sua previsão está disposta, ainda, no 
§ 1º, do referido dispositivo constitucional: “Os tribunais elaborarão suas propostas orça-
mentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de 
diretrizes orçamentárias” (BRASIL, 1988).
Por sua vez, no que tange às garantias funcionais do Judiciário é possível citar:
a) Garantias de independência dos órgãos judiciários
São consideradas garantias de independência dos órgãos judiciários: vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios, que podem ser assim discriminadas:
QUADRO 1 - GARANTIAS DE INDEPENDÊNCIA DOS ÓRGÃOS DO JUDICIÁRIO
VITALICIEDADE INAMOVIBILIDADE IRREDUTIBILIDADE DE 
SUBSÍDIOS
O magistrado somente perderá 
o cargo, uma vez vitaliciado, por 
sentença judicial transitada em 
julgado, após asseguradas as 
garantias inerentes ao processo.
Garante-se a impossibilidade de 
remoção, sem o consentimento 
do juiz,de um local para outro, 
de uma comarca para outra, ou 
mesmo sede, cargo, tribunal, 
câmara, grau de jurisdição.
O subsídio dos magistrados não 
poderá ser reduzido.
Art. 95, I, da CF/88: “Art. 95. Os 
juízes gozam das seguintes ga-
rantias: I - vitaliciedade, que, no 
primeiro grau, só será adquirida 
após dois anos de exercício, 
dependendo a perda do cargo, 
nesse período, de deliberação 
do tribunal a que o juiz estiver 
vinculado, e, nos demais casos, 
de sentença judicial transitada 
em julgado”.
Art. 95, II, da CF/88: “Art. 95. Os 
juízes gozam das seguintes ga-
rantias: II - inamovibilidade, salvo 
por motivo de interesse público, 
na forma do art. 93, VIII”.
Art. 95, III, da CF/88: “Os juízes 
gozam das seguintes garantias: 
III - irredutibilidade de subsídio, 
ressalvado o disposto nos arts. 
37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, 
III, e 153, § 2º, I”.
Todos os membros dos tribunais 
têm a garantia da vitaliciedade, in-
dependente da forma de acesso.
Não é regra absoluta, vez que os 
magistrados poderão ser remo-
vidos, por interesse público, nos 
termos do art. 93, VIII, da CF/88.
O STF já se pronunciou dizendo 
que a garantia é apenas nominal, 
e não real, ou seja, os magistra-
dos não estão livres da inflação.
Fonte: criação própria.
31UNIDADE I Da Administração Pública 31UNIDADE II Do Poder Judiciário
b) Garantias de imparcialidade dos órgãos jurisdicionais 
As garantias de imparcialidade revestem-se de vedações que foram estabelecidas 
na Constituição Federal, em seu artigo 95, parágrafo único. Trata-se de um rol taxativo, já 
que restringe direitos. Assim versa o dispositivo citado:
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilida-
de, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer 
título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à ativi-
dade político-partidária. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva-
das as exceções previstas em lei; V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal 
do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo 
por aposentadoria ou exoneração. (BRASIL, 1988).
Uma vez analisado o conceito geral inerente ao Poder Judiciário, bem como, a sua 
principal função, qual seja: a função jurisdicional, e, consequente garantias, para que possa 
atuar de forma livre e autônoma, importante conhecermos a organização e a estrutura do 
Poder Judiciário, item que veremos a seguir. 
32UNIDADE I Da Administração Pública 32UNIDADE II Do Poder Judiciário
2. DA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 
Vimos no tópico anterior que o Poder Judiciário é o órgão responsável pela in-
terpretação das leis, resolvendo pacificamente os conflitos mediante processos judiciais 
válidos para todos os cidadãos. Mas, é preciso entendermos, para além de sua definição, 
a sua organização e estrutura. 
No que tange à organização e à estrutura do Poder Judiciário é preciso analisar os 
arts. 92 e SS, da Constituição Federal de 1988. Neste tópico, por conseguinte, falaremos 
sobre a organização e a estrutura como um todo, destacando os principais pontos. 
Afinal, quais são os órgãos que compõem o Poder Judiciário?
A resposta para a referida questão encontra-se no art. 92, da Constituição Federal de 1988:
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A 
o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o 
Tribunal Superior do Trabalho; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes 
Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes 
Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos 
Estados e do Distrito Federal e Territórios. (BRASIL, 1988). 
Segundo a doutrina (MAZZA, 2020, e-book) dentre os órgãos acima destacados, 
o Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores, seriam “órgãos de convergência”, 
uma vez que exercem a jurisdição sobre todo o território nacional, conforme art. 92, § 2º, 
da Constituição Federal de 1988. Ainda, segundo Mazza, o Supremo Tribunal Federal e o 
Superior Tribunal de Justiça também seriam órgãos de superposição, já que não pertencem 
a nenhuma Justiça, mas suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos órgãos 
inferiores das Justiças comum e especial. Quanto à estrutura é preciso, igualmente, conhe-
cer a divisão das diversas Justiças, qual seja: 
33UNIDADE I Da Administração Pública 33UNIDADE II Do Poder Judiciário
QUADRO 2 - DIVISÃO DA JUSTIÇA 
Composta pela:
a) Justiça Federal (Tribunais Regionais 
Federais e Juízes Federais);
b) Justiça do Distrito Federal e Territórios 
(Tribunais e Juízes do DF e Territórios);
c) Justiça Estadual comum (juízos de pri-
meiro grau de jurisdição, incluindo o Jui-
zado Especial e a Justiça de Paz, e, os de 
segundo grau de Jurisdição).
Composta pela:
a) Justiça do Trabalho: Tribunal Superior 
do Trabalho, Tribunais Regionais do Tra-
balho e Juízes do Trabalho;
b) Justiça Eleitoral: Tribunal Superior Elei-
toral, Tribunais Regionais Eleitorais, Juí-
zes Eleitorais e Juntas Eleitorais; 
c) Justiça Militar da União: Superior Tribu-
nal Militar, Juízes Federais da Justiça Mi-
litar e/ou Conselhos de Justiça, Especial 
e Permanente, nas sedes das Auditorias 
Militares; 
d) Justiça Militar dos Estados, do DF e Ter-
ritórios: Tribunal de Justiça ou Tribunal de 
Justiça Militar e Conselhos de Justiça.
Fonte: o autor. 
Ocorre que, pode surgir a seguinte dúvida: qual a competência das referidas “Jus-
tiças”? Todas possuem competência penal? 
A resposta é não! Isso porque, a Justiça do Trabalho, ao contrário das demais, não 
tem competência penal. A Justiça do Trabalho, por consequência, somente julga e concilia 
dissídios individuais e coletivos que tenham origem nas relações de trabalho.
Mas, afinal, essa divisão em “Justiças” significa que o Poder Judiciário no Bra-
sil é fragmentado? Não! Em verdade, “a presença de um espaço próprio para atuação 
(competência jurisdicional) de cada uma das chamadas vulgarmente ‘Justiças’ não pode 
conduzir à conclusão que seria de todo equivocada e indesejável, de que o Poder Judiciário 
é fragmentado” (TAVARES, 2012, e-book). Ou seja, a nossa estrutura é unitária, possui 
caráter nacional, conforme já sedimentado, inclusive, pela jurisprudência. 
No voto proferido na ADI 3.367-1/DF, restou deliberado que “a Jurisdição, enquanto 
manifestação da unidade do poder soberano do Estado, tampouco pode deixar de ser una 
e indivisível, é doutrina assente que o Poder Judiciário tem caráter nacional [...]”. 
O que a divisão acima representa, na verdade, é que o nosso Judiciário é composto 
por diversas unidades judiciárias, que possuem atribuições e competências específicas. 
34UNIDADE I Da Administração Pública 34UNIDADE II Do Poder Judiciário
O campo de atuação de cada um dos órgãos jurisdicionais está previsto de forma 
expressa, na Constituição Federal de 1988, a partir do seu artigo 101, vejamos alguns 
exemplos:
a) Supremo Tribunal Federal 
A composição do STF está prevista no art. 101, da Constituição Federal de 1988, 
qual seja: 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais 35 anos e menos de 65 anos 
de idade, sendo imprescindível notável saber jurídico e reputação ilibada. 
As funções/atribuições, por sua vez, estão arroladas no art. 102, da Constituição 
Federal de 1988, como, por exemplo, a) processar e julgar originariamente, a.1) a ação 
direta de inconstitucionalidade de lei; a.2) o Presidente da República, nas infrações penais 
comuns; a.3) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; b) julgar, em recurso 
ordinário, o crime político; a.4) julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas 
em única ou última instância quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da CF/88.
b) Conselho Nacional de Justiça 
A composição deverá seguir a previsão do art. 103-B, da ConstituiçãoFederal de 1988. 
c) Superior Tribunal de Justiça
É composto de, no mínimo, 33 Ministros, nos termos do art. 104, da Constituição Federal 
de 1988, sendo que as atribuições estão previstas no art. 105, do aludido texto constitucional. 
d) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais
Segundo o art. 106, da Constituição Federal, a Justiça Federal é composta pelos 
Tribunais Regionais Federais, cuja composição está descrita no art. 107 e as atribuições no 
art. 108, bem como, pelos juízes federais, cuja competência está ventilada no art. 109, da 
Constituição Federal.
e) Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho, por sua vez, é composta pelos seguintes órgãos: e.1) Tribu-
nal Superior do Trabalho, tendo por base a composição descrita no art. 111-A, da CF/88; 
e.2) Tribunais Regionais do Trabalho; e.3) Juízes do Trabalho. A competência da Justiça do 
Trabalho está descrita no art. 114, da CF/88. 
f) Tribunais e Juízes Eleitorais
Compõe a Justiça Eleitoral, os seguintes órgãos: Tribunal Superior Eleitoral, cuja 
composição está no art. 119, da CF/88; Tribunais Regionais Eleitorais, nos termos do art. 
120, da CF/88; Juízes Eleitorais; e Juntas Eleitorais. A competência dos tribunais, juízes 
de direito e juntas eleitorais é regulamentada por meio de Lei Complementar, conforme art. 
121, da CF/88.
35UNIDADE I Da Administração Pública 35UNIDADE II Do Poder Judiciário
g) Tribunais e Juízes Militares
Segundo o art. 122, da CF/88, a Justiça Militar é composta pelo Superior Tribunal 
Militar (a composição está no art. 123, da CF/88) e pelos Tribunais e Juízes Militares ins-
tituídos por lei, sendo que, nos moldes do art. 124, da CF/88, “À Justiça Militar compete 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei” (BRASIL, 1988). 
h) Tribunais e Juízes dos Estados 
Os Estados organizarão sua Justiça, conforme determina o art. 125, da Constituição 
Federal de 1988.
Após o estudo, ao longo do presente tópico, da organização e do funcionamento do 
Poder Judiciário, é imprescindível falarmos um pouco mais sobre a previsão constitucional, 
o que veremos no tópico seguinte.
36UNIDADE I Da Administração Pública 36UNIDADE II Do Poder Judiciário
3. DAS NORMAS PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ATRELADAS 
 AO PODER JUDICIÁRIO 
Ao longo dos tópicos anteriores, falamos sobre o Poder Judiciário e suas principais 
características. Restou evidenciado, igualmente, que a Constituição Federal de 1988 possui 
significativo papel, vez que regula e traz os pontos centrais quanto ao tema. 
O Poder Judiciário, conforme analisamos, consiste em um dos três Poderes, cuja 
previsão expressa, está no art. 2o, da Constituição Federal de 1988, que assim versa: “Art. 
2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo 
e o Judiciário” (BRASIL, 1988).
Referida divisão é importante para assegurar e tutelar o Estado Democrático de 
Direito, vez que confere a independência e autonomia aos aludidos poderes. Lenio Luiz 
Streck e Fábio de Oliveira afirmam que:
Entende-se que a separação não é propriamente do poder político-jurídico, 
considerado uno, indivisível, e sim das funções. O poder não se divide, as 
funções provenientes do poder sim. [...] O princípio da separação de poderes 
é ancorado na acepção de discricionariedade: um poder está proibido de 
invadir a discricionariedade dos outros. Este o ponto de equilíbrio, a linha 
fronteiriça. (MENDES, G. F.; SARLET, I. W.; LTDA, I. C. E. P.; LTDA, I. C. E. 
P.; CANOTILHO, J. J. G.; LEONCY, L. F.; STRECK, L. L, 2017, e-book).
Martins (2020, e-book) também versa sobre a separação de poderes, dizendo que 
se trata de um modelo político no qual “o Estado tem suas funções divididas e delineadas 
em órgãos diferentes e independentes, cada qual com distintas áreas de responsabilidade 
e, em regra, indelegáveis”. 
37UNIDADE I Da Administração Pública 37UNIDADE II Do Poder Judiciário
Quanto ao Judiciário, vimos que seu papel é fundamental, pois a ele compete, den-
tre outros objetivos, por intermédio do Supremo Tribunal Federal, a guarda da Constituição 
Federal, nos moldes do art. 102, da Constituição Federal de 1988: “Art. 102. Compete ao 
Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: [...]” 
(BRASIL, 1988).
Sobre a relevância do Poder Judiciário, assim afirma Moraes:
[...] sua função não consiste somente em administrar a Justiça, sendo mais, 
pois seu mister é ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a finalidade 
de preservar, basicamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os 
quais os demais tornariam-se vazios. Esta concepção resultou da consolida-
ção de grandes princípios de organização política, incorporados pelas neces-
sidades jurídicas na solução de conflitos (MORAES, 2014, p. 520).
Lenio Luiz Streck e Fábio de Oliveira destacam a relevância do Poder Judiciário, 
destacando que “de uma maneira ou de outra, o tema da separação de poderes é sempre 
presente em todas as decisões jurisdicionais, haja vista que qualquer julgado expõe ou 
pontua uma posição sobre a matéria”, apontando, igualmente que, “a divisão de poderes 
não está mais guardada apenas dos direitos individuais, mas sim de todas as dimensões 
dos direitos fundamentais” (MENDES, G. F.; SARLET, I. W.; LTDA, I. C. E. P.; LTDA, I. C. E. 
P.; CANOTILHO, J. J. G.; LEONCY, L. F.; STRECK, L. L., 2017, e-book). 
É inegável, por consequência, o significado e importância do Poder Judiciário em 
nosso ordenamento jurídico, razão pela qual, a normativa está insculpida na Constituição 
Federal de 1988, conforme analisado ao longo de toda a nossa unidade. 
Mas, seria possível sua alteração? Por exemplo, por intermédio de emendas cons-
titucionais? Ou estaríamos diante das chamadas “cláusulas pétreas”?
A separação de poderes é considerada cláusula pétrea, conforme estabelece o art. 
60, § 4º, da Constituição Federal de 1988: “Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: III - a separação dos Poderes” (BRASIL, 1988).
O que isso significa?
Significa dizer que, em se tratando de cláusula pétrea, não pode haver sua supres-
são da Constituição Federal, nem mesmo por emenda constitucional. Sendo assim:
[...] não será apenas inconstitucional a Proposta de Emenda Constitucional 
que suprime integralmente a separação dos Poderes, mas também a Emen-
da Constitucional que acaba por concentrar poderes nas mãos de uma só 
pessoa ou só órgão, ou cria controles ou interferências indevidas de um Po-
der sobre o outro. (MARTINS, 2020, e-book). 
Então não seria possível que uma Emenda Constitucional verse sobre os Poderes? 
É preciso ter cuidado neste ponto, uma vez que a Constituição Federal de 1988 
aponta como cláusula pétrea a separação dos poderes, e não a tripartição de Poderes 
38UNIDADE I Da Administração Pública 38UNIDADE II Do Poder Judiciário
propriamente dita. Por consequência: “será possível uma Emenda Constitucional aperfei-
çoando cada Poder (como já houve, por exemplo, a Reforma do Poder Judiciário - Emenda 
Constitucional m. 45.2004)” (MARTINS, 2020, e-book).
A Constituição Federal, igualmente, versa sobre toda a organização e funcionamen-
to do Poder Judiciário, como visto no tópico anterior, trazendo, por exemplo, a composição 
de cada um dos órgãos da Justiça e suas atribuições. 
Neste contexto, é imprescindível ressaltar o art. 92, da Constituição Federal de 
1988, que elenca de forma expressa quais os órgãos que compõem o Poder Judiciário, 
tópico elucidado e estudado anteriormente nesta mesma unidade.
Cumpre-nos, porém, a análise quanto ao chamado “quinto constitucional”, regra 
insculpida no art. 94, da Constituição Federal:
Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais 
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, 
do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados 
4 Do Poder Judiciário de notório saber jurídico e de reputação ilibada,com 
mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla 
pelos órgãos de representação das respectivas classes. (BRASIL, 1988).
Pedro Lenza destaca que, embora o art. 94, da Constituição Federal apenas se 
refira a determinados tribunais, a regra do quinto também se aplica para os tribunais do 
trabalho e o procedimento orienta a composição do STJ (LENZA, 2021, e-book).
Contudo, você pode ficar com a seguinte dúvida: qual seria este procedimento?
O autor acima apontado, afirma quanto ao procedimento que:
Os órgãos de representação das classes dos advogados e Ministério Público 
elaboram lista sêxtupla, ou sejam indicam 6 nomes que preencham os requi-
sitos acima citados. Recebidas as indicações, o tribunal para o qual foram 
indicados forma lista tríplice (escolhe 3 dos 6). Nos 20 dias subsequentes, o 
Chefe do Executivo (em se tratando de Tribunal Estadual, o Governador de 
Estado; na hipótese do TJ do DF e Territórios, o Presidente da República, e 
para indicação ao TRF, também o Presidente da República) escolherá 1 dos 
3 para nomeação. (LENZA, 2021).
O procedimento, como dito acima, está previsto e regulamentado no próprio texto 
constitucional, não sendo permitido, por consequência, outros procedimentos, como, por 
exemplo, eventual sabatina do legislativo.
Trata-se de um tema polêmico em nosso ordenamento, vez que aponta “indica-
ções”, mas encontra respaldo em nossa Constituição Federal.
Com a análise desses pontos específicos, encerramos a complementação realizada 
neste tópico no que tange à previsão constitucional relativa ao Poder Judiciário, sendo que, 
no tópico seguinte falaremos um pouco mais sobre as competências específicas atreladas 
ao Poder Judiciário e respectivos órgãos.
39UNIDADE I Da Administração Pública 39UNIDADE II Do Poder Judiciário
4. DA ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO DE ACORDO COM 
 SUAS COMPETÊNCIAS 
Ao longo desta unidade, estamos estudando o Poder Judiciário, que consiste em 
um dos Poderes previstos na Constituição Federal de 1988, ao lado do Poder Executivo e 
do Poder Legislativo. Em essência, compete ao Poder Judiciário o exercício da atividade 
jurisdicional, sendo que deve atuar, conforme a previsão da Constituição Federal. Nesse 
norte, é o art. 92, da Constituição Federal, já anteriormente apontado, que define quais são 
os órgãos do Poder Judiciário. Pedro Lenza aponta o seguinte organograma:
40UNIDADE I Da Administração Pública 40UNIDADE II Do Poder Judiciário
FIGURA 1 - ORGANOGRAMA QUANTO À ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO 
Fonte: LENZA, 2021, e-book. 
Para o citado autor, “o STF e os Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM) são 
órgãos de convergência, têm sede na Capital Federal (Brasília) e exercem jurisdição sobre 
todo o território nacional” (LENZA, 2021, e-book).
É possível dizer que o STF e o STJ são, também, órgãos de superposição, pois não 
pertencem a nenhuma Justiça e suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos 
órgãos inferiores. Sobre o tema, Pedro Lenza afirma que: “As decisões do STJ se sobrepõem 
àquelas da Justiça Federal comum, da Estadual e daquela do Distrito Federal e Territórios, ao 
passo que as decisões do STF se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais” (2021, e-book).
Além dos órgãos de superposição (STF e STJ), há as diversas Justiças, que podem 
ser divididas em comum e especializada/especial:
COMUM ESPECIAL / ESPECIALIZADA
a) Justiça Federal (composta pelos Tribunais Re-
gionais Federais e Juízes Federais);
b) Justiça do Distrito Federal e Territórios (Tribu-
nais e Juízes);
c) Justiça Estadual Comum (juízos de primeiro e 
segundo grau, inclusive Juizados Especiais e Jus-
tiça da Paz). 
a) Justiça do Trabalho (composta pelo Tribunal Su-
perior do Trabalho, Tribunais Regionais do Traba-
lho e juízes);
b) Justiça Eleitoral (TSE, TREs,Juízes Eleitorais e 
Juntas Eleitorais);
c) Justiça Militar da União, dos Estados, do DF e 
Territórios.
41UNIDADE I Da Administração Pública 41UNIDADE II Do Poder Judiciário
No que tange à competência, apenas a Justiça do Trabalho não possui competência 
penal, sendo que todas as demais (Federal, Eleitoral, Estaduais e do DF e Territórios), têm 
tanto competência penal quanto civil.
Importante destacar os chamados Juizados Especiais. 
No que tange aos Juizados Especiais Estaduais, a disciplina encontra respaldo, em 
linhas gerais, na Lei 9.099/95, sendo que a formação dos Juizados Especiais dos Estados 
e do Distrito Federal é composta pelos: a) Juizados Especiais Cíveis; b) Juizados Especiais 
Criminais e; c) Juizados Especiais da Fazenda Pública. 
Assim aponta o art. 1 , da Lei 9.099/95: “Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos 
Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas 
de sua competência” (BRASIL, 1995).
Por sua vez, o art. 2o, elenca a competência relativa ao Juizado Especial Cível, 
sendo a matéria regulada até o art. 59. A regulamentação dos Juizados Especiais Criminais 
se dá a partir do art. 60.
O segundo grau de jurisdição, em se tratando de Juizados Especiais, é exercido 
pelas Turmas Recursais, cuja composição é: três juízes togados, em exercício no primeiro 
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
Por sua vez, quando falamos de Juizados Especiais Federais, a disciplina está 
na Lei n. 10.259/2001, que institui os: a) Juizados Especiais Cíveis; b) Juizados Especiais 
Criminais, ambos da Justiça Federal. A competência de um e de outro, está expressa na 
referida legislação: 
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os 
feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor po-
tencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. [...]
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e jul-
gar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta sa-
lários mínimos, bem como executar as suas sentenças. [...] (BRASIL, 2001)
Os Juizados Especiais são, portanto, importantes órgãos do Poder Judiciário, pois 
visam proporcionar a todos os integrantes da sociedade que solucionem seus conflitos de 
forma rápida e eficiente, a depender da complexidade do conflito, sendo que vigora, dentre 
outros aspectos, os princípios da economicidade, da celeridade e da informalidade. 
Com isso, encerramos as nuances atreladas ao Poder Judiciário, elencadas de for-
ma global, sendo imperioso analisarmos os aspectos da jurisdição, tema central da nossa 
próxima unidade. 
42UNIDADE I Da Administração Pública 42UNIDADE II Do Poder Judiciário
SAIBA MAIS
Muito se discute hoje sobre a atuação expansiva do Poder Judiciário, de forma a influir nos 
outros dois Poderes, o que tem sido apontado pela doutrina como “ativismo judicial”. Você 
já ouviu falar deste termo? Sabe o que significa? Abaixo, indicação de texto sobre o tema: 
Fonte: BRANDÃO, Paulo. Os Juízes criam Direito? Uma reflexão sobre ativismo Judicial e Direitos Fun-
damentais. e-Pública, Lisboa , v. 6, n. 2, p. 168-187, set. 2019 . Disponível em http://scielo.pt/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S2183-184X2019000200009&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 set. 2021.
REFLITA 
Você acredita que o ativismo judicial traz benefícios para o nosso ordenamento jurídico? 
Se sim, quais?
Fonte: a autora.
43UNIDADE I Da Administração Pública 43UNIDADE II Do Poder Judiciário
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da nossa segunda unidade de estudo, falamos sobre o Poder Judiciário 
e buscamos responder algumas questões, como, por exemplo: o que é o Poder Judiciário? 
Qual sua principal função em nosso ordenamento? Como é organizado e estruturado? 
Onde encontramos sua normatização?
O Poder Judiciário, conforme analisado ao longo do nosso estudo, é um dos três 
Poderes elencados, de forma expressa, na nossa Constituição Federal. Ou seja, em nosso 
ordenamento há três poderes, que

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