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SAXOFONE_-_GUIA_-_A_História_e_evolução_-_Curiosidades_do_Sax

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ÍNDICE:
Página:
 1- Introdução 2
 2- Contextualização 3
2.1- Contextualização histórica 3
2.2- Contextualização cultural 6
 3- Adolphe Sax 9
 4- O saxofone (percurso/evolução) 12
 5- Saxofonistas célebres 17
 6- Técnica e funcionamento. 21
6.1- Boquilha 21
6.2- Palheta 22
6.3- Surgimento do som 22
6.4- Tessitura 23
 7- Repertório 24
7.1- Repertório sinfónico 24
7.2- Repertório concertante 26
7.3- Música de câmara 27
 Anexos 30
 Bibliografia
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Prova de Aptidão Profissional - III CI
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
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1- Introdução:
Escolhi este tema, em primeiro lugar, porque estudo saxofone e em segundo, por não
ter conhecimento de nenhum outro documento do género escrito em português.
A finalidade deste trabalho é realizar uma recolha de dados sobre a história e evolução
deste belo instrumento, apesar de não ser nada fácil, dada a carência de dados bibliográficos
acerca deste tema e a falta de tempo para o realizar.
 Procurarei dar resposta a algumas questões minhas e também dar a conhecer o
saxofone.
Inclinar-me-ei totalmente para a vertente da Música Erudita, visto que é nesta área que
me encontro a estudar.
Com este trabalho, espero não só realizar os meus objectivos e esclarecer todas as
minhas dúvidas, mas também usufruir dos conhecimentos adquiridos durante o curso de
instrumento, e aplica-los da melhor maneira possível neste trabalho.
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Prova de Aptidão Profissional - III CI
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
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2.1- Contextualização histórica:
O século XIX ficou conhecido como o século das revoluções. Nesta época assistiu-se ao
desenvolvimento da sociedade burguesa, ao crescimento do capitalismo industrial e à expansão
imperialista. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, foi também um dos aspectos mais
relevantes deste século, apesar de ter surgido no século XVIII. Com a Revolução Industrial, o
capitalismo passa a desenvolver-se a partir do sistema fabril. As conquistas científicas e
tecnológicas melhoraram sensivelmente as condições de vida das populações, determinando um
decréscimo da mortalidade infantil e o crescimento demográfico. O desenvolvimento de novas
tecnologias permitiu a difusão das fábricas e das indústrias, modificando a estrutura económica
das nações e favorecendo a concentração da população nas cidades.
Neste período assistiu-se ao desaparecimento de impérios com vários séculos de
existência, como o turco, mas assistiu-se também à ascensão de novas potências. O início do
século foi marcado pela afirmação de
Napoleão Bonaparte, general do exército
republicano francês, que em 1804, assumiu o
título de Napoleão I Imperador de França. A
acção de Napoleão alterou o equilíbrio
político e a estrutura territorial europeia,
desafiando todas as potências e, criando um
império que se estendia da Espanha até à
Polónia incluindo, também, bastantes
colónias.
Com a queda de Napoleão em 1814 e o fim da guerra acordado no Tratado de Paris1
em 30 de Maio de 1814, os grandes vencedores europeus, Áustria, Inglaterra, Prússia e Rússia
(bem como a Suécia, Espanha e Portugal) decidiram reunir-se em Viena entre Setembro de 1814
e Junho de 1815, naquele que ficou conhecido como Congresso de Viena, e que visava repor o
equilíbrio geopolítico do continente e distribuir as regiões devolvidas pelos franceses. Os
princípios fundamentais que animaram este congresso foram a restauração da situação política
anterior a 1792, a legitimização das monarquias europeias e a solidariedade entre as nações para
o estabelecimento e manutenção de uma defesa comum dos interesses dinásticos, de forma a
neutralizar qualquer ideia ou movimento liberal e revolucionário. Para garantir a continuação
destes princípios, as monarquias absolutas da Áustria, Prússia e Rússia formaram entre si a
Santa Aliança, com o objectivo de criar governos de natureza cristã, patriarcal e conservadora,
1 Tratado que confirmou a ruína do império colonial francês.
Fig. 1 Napoleão Bonaparte
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Prova de Aptidão Profissional - III CI
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
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de defesa mútua e solidariedade entre as nações, reivindicando igualmente o direito de
intervenção contra os nacionalismos e liberalismos
O período que se estende de 1815 até às revoluções de 1848 na Europa (a Primavera
dos povos) é de transição. Nesta fase altera-se a geografia política (nasce a Bélgica em 1830 e
ocorrem as independências das colónias ibéricas por volta de 1810-1820) ; corrompe-se o
Império napoleónico; a burguesia combate decididamente a aristocracia; e as crises agrícolas
cedem passo às crises industriais; a Inglaterra torna-se potência hegemónica, dominando o
comércio mundial.
Darei agora maior importância à história da Bélgica, pois foi o país onde o saxofone
surgiu.
Em 1830 nasce a Bélgica. Desde o período feudal que a história da Bélgica se confunde
com a dos Países Baixos. Em 1477, o
casamento de Maria de Borgonha
com o arquiduque Maximiliano faz
com que estes territórios, até aí
pertença dos duques da Borgonha,
sejam integrados nos domínios
Habsburgos. As vicissitudes políticas
do reinado de Filipe II levaram à
revolta e posterior independência das
sete províncias do Norte, designadas,
a partir de então, pelo nome de Províncias Unidas (1579), futura Holanda. As províncias do Sul
continuaram sob domínio espanhol.
Teatro de numerosas guerras no tempo de Luís XIV, a Bélgica será cedida à Áustria
pelo Congresso de Rastatt de 1714, confirmado em Aachen (1748). Em 1789, José II,
imperador da Áustria, proclama um novo estatuto para a Bélgica pois, no fundo, tinha em vista a
germanização do país. A reacção não se fez esperar: os belgas revoltaram-se e proclamaram os
Estados Belgas Unidos (1790). A partir de então, os Austríacos vêem o território ser disputado
pela França, que anexa o país em 1795, tornando-o um departamento francês (designado como
reino de Batávia).
Na sequência das guerras napoleónicas, os vencedores não aceitaram que a Bélgica
continuasse na posse da França; no tratado de Viena (1815), as potências interessadas em
diminuir o poderio francês criam o reino dos Países Baixos, anexando a Bélgica à Holanda. Esta
união, artificial, não foi bem aceite por uma nação que se assumia cada vez mais como
Fig. 2 Mapa da localização da Bélgica
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Prova de Aptidão Profissional - III CI
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
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detentora de uma vida nacional própria e que apresentava nítidas diferenças culturais, religiosas
e linguísticas.
Aproveitando o período da Revolução Francesa, que assinalou a transição da
restauração para a monarquia e contou com um grande envolvimento popular, os belgas
separam-se da Holanda e proclamam a sua independência, constituindo-se como uma
monarquia constitucional. Leopoldo I de Saxónia-Coburgo será o seu primeiro monarca, que
solicitou a intervenção militar da França para libertar a Bélgica do domínio holandês.
Leopoldo I jurou a Constituição em 21 de Julho de 1831 e não encontrou grandes
obstáculos à sua pretensão por parte das potências europeias, que viam com bons olhos o
aparecimento deste novo Estado. Apenas a Holanda discordou; o novo reino teve de suportar os
ataques dos vizinhos holandeses até 1839, altura em que o rei Guilherme da Holanda acabou por
o reconhecer a sua independência. A nível interno, os primeiros tempos foram de alguma
instabilidade devido às disputas entre católicos e liberais anti-clericais.
Fig. 3 Imagem da proclamação da independência da Bélgica
...O saxofone...
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Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
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2.2- Contextualização cultural do Romântismo:
O Romantismo trata-se de uma corrente estética que se manifesta nas artes e na
literatura do final do século XVIII até o fim do século XIX. Nasce na Alemanha, na Inglaterra e
na Itália, mas é em França que ganha força e se espalha pela Europa e Américas. Opõe-se ao
racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se por defender a liberdade de criação e
privilegiar a emoção. As obras valorizam o individualismo do autor, o sofrimento amoroso, a
religiosidade cristã, a natureza, os temas nacionais e o passado, tal como na Idade Média.
Não se pode esquecer que o Romantismo revalorizou os conceitos de pátria e república.
Por outro lado, papel especial desempenharam a morte heróica na guerra e o suicídio por amor.
A pintura foi a disciplina mais
representativa do Romantismo. As cores
utilizadas libertaram-se e fortaleceram-se,
dando, por vezes, a impressão de serem
mais importantes que o próprio conteúdo da
obra. A paisagem passou a desempenhar o
papel principal. É o que acontece com as
tempestades de Turner (imagem), cuja
força expressiva permitiu ao pintor
prescindir, intencionalmente, de toda presença humana; ou das montanhas nebulosas de
Friedrich, solitárias e místicas. Outros nomes sonantes desta arte são Rosseau, oriundo de
França, e Constable ,da Inglaterra.
A escultura romântica não brilhou exactamente pela sua originalidade, nem tão pouco
pela maestria de seus artistas. Talvez se possa pensar nesse período como um momento de
calma necessário antes da batalha que depois viriam a travar o Impressionismo e as vanguardas
modernistas. Do ponto de vista geral, a escultura romântica não se afastou dos monumentos
funerários, da estátua equestre e da decoração arquitetónica. Os mais destacados escultores
desse período foram Rude e Barye, na França; Bartolini, na Itália; e Kiss, na Alemanha.
A arquitectura também se manifestou neste período. No início do século XIX, deu-se o
movimento de ressurgimento das formas clássicas, chamado de neoclassicismo; mais tarde,
apareceram as manifestações neogóticas, consideradas ideais para igrejas e castelos e, em
determinados casos, como na Inglaterra, inclusive para edifícios governamentais.
Fig. 4 Quadro da tempestade de Turner
...O saxofone...
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 Entre os arquitectos mais conhecidos
desse período, deve mencionar-se Garnier,
responsável pelo projecto do teatro da Ópera de
Paris (imagem); Barry e Puguin, que reconstruíram
o Parlamento de Londres e Waesemann, na
Alemanha.
No que respeita à literatura, deve salientar-
-se os escritores alemães Goethe e Schiller, o
inglês Bryon, o escocês Walter Scott, e os
franceses Chateaubriand, Victor Hugo e Alexandre Dumas.
Considera-se que o Romantismo na música se tenha iniciado em 1800, quando
Beethoven concluiu a primeira de suas nove sinfonias e pode dizer-se que este período ocupa
todo o século XIX, estendendo-se até um pouco antes da revolução artística que se manifestou
durante os primeiros anos do século XX e que culminou aquando do início da Primeira Guerra
Mundial.
Os compositores românticos procuravam exprimir emoções através da música de uma
forma mais directa do que antigamente. Procuravam maior liberdade formal e de concepção.
Muitos destes compositores interessavam-se bastante pela leitura e pelas artes plásticas,
relacionando-se estreitamente com escritores e pintores. Grande parte das composições deste
período eram influenciadas por quadros que o compositor vira, bem como por poemas ou
romances que este lera e assim surge a música programática, sendo a Sinfonia Fantástica de
Berlioz um bom exemplo desta.
As melodias líricas, modelações ousadas, harmonias mais ricas e frequentemente
cromáticas começam a ser uma constante nas composições românticas.
As possibilidades técnicas dos instrumentos eram exploradas tanto em composições a
solo, como em conjunto, enriquecendo assim as composições deste período. O piano entrou na
sua idade do ouro com a música de Chopin, Schumann e Liszt.
Há uma grande variedade de composições, desde o lied (canção) alemão, que atingiu o
seu auge com Schubert (600 lied), obras para piano, e até gigantescos empreendimentos
musicais de longa duração, estruturados com espectaculares clímaxes dramáticos e dinâmicos,
como é o caso da ópera. Em obras muito extensas a unidade e a forma são obtidas pelo uso de
temas recorrentes por vezes, modificados como por exemplo Ideé fixe de Berlioz.
É também neste período que a orquestra se expande, atingindo por vezes proporções
gigantescas.
 Surge o poema sinfónico, em que as composições eram influenciadas por ideias
extramusicais. Neste campo salienta-se Les Préludes-1859 composição de Liszt.
Fig. 5 Teatro de ópera de Paris
...O saxofone...
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Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
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No campo da ópera, destaca-se o drama musical wagneriano, a culminação da ópera
italiana, onde se salienta Verdi e a grand opéra. Mas sem dúvida, foi Wagner que mais se
salientou no campo da ópera, dando grande importância a orquestra nas suas composições.
Na história da música, a era romântica é inaugurada por Beethoven e foi com este que o
Romantismo atingiu o auge, porém, também muitos outros compositores tiveram um grande
papel neste período, tais como: Schubert, Weber, Mendelssohn, Shumann, Liszt, Chopin,
Berlioz, Rossini, Wagner, Verdi, Franck, Bizet, Brahms e Tchaikovky.
...O saxofone...
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3- Adolphe Sax:
Antoine Joseph Sax, filho de Charles
Joseph Sax, nasceu a 6 de Novembro de 1814 numa
cidade belga chamada Dinant. Era uma cidade das
mais industrializadas daquele país, em que a
maioria da população se dedicava à exploração do
cobre. Era de religião judaica. Como era natural na
localidade onde vivia, Sax aprendeu o ofício de seu
pai, que era construtor de instrumentos, e desde
muito novo esteve ligado ao mundo da fabricação
dos mesmos.
Antoine Joseph, apelidado de “Adolphe”,
estudou clarinete e flauta no conservatório de
Bruxelas com Bender (director de música do
regimento de Guides). Ao tocar e familiarizar-se
com o clarinete foi-se apercebendo daquilo que achava serem imperfeições e logo fez questão
de as melhorar. O seu trabalho estava dificultado pela falta de meios económicos, já que seu pai
também necessitava do dinheiro para as suas experiências.
 Sax destacou-se nomeadamente na construção de instrumentos de sopro: clarinetes,
flautas, mas também guitarras, harpas, violinos e pianos.
 Apresentou-se oficialmente pela primeira vez na Exposição Nacional de Bruxelas entre
Outubro e Novembro de 1835, exibindo um clarinete com 24 chaves.
O trabalho deste fabricante foi apoiado por muitas personalidades estrangeiras tais como
Georges Kastner (autor de obras pedagógicas e algumas composições), Fétis (fundador da
Revue Musical), Habeneck (que estreou as sinfonias de Beethoven em Paris), Savart (professor
do Colégio de França), Berlioz e o general Rumigny.
Em Outubro de 1842, depois de obter um subsídio do governo belga, Sax fixou-se na
Rua Neuve-Saint-Georges em Paris, onde teve que competir com outros grandes fabricantes de
instrumentos, dado que estes viam nele um perigoso adversário. Já em Paris, viu-se
economicamente condicionado, pois só tinha 30 francos com ele. Era até satiricamente visto
como um homem rico em ideias, mas economicamente pobre.
Foram bons anos para a agricultura e para a indústria - até se construiu em França uma
grande rede ferroviária - Sax acreditava no seu futuro. Graças a um empréstimo do flautista
Dorus, Sax adquire uma espécie de armazém que lhe vai servir de alojamento.Pouco depois,
em 1843 abre uma fábrica de instrumentos onde vende as seus novos inventos. A aceitação dos
Fig. 6 Adolphe Sax
...O saxofone...
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seus produtos foi rápida: em Outubro do mesmo ano a Revue et Gazette Musicale fala do
interesse despertado pelo clarinete baixo de Sax nos clarinetistas da ópera de Paris. No ano de
1848 transformou a sua modesta oficina numa
 grande fábrica, que contava com 191 trabalhadores e de onde saíram 20.000
instrumentos entre os anos de 1843 e 1860. Nessa mesma oficina construiu também uma sala de
concertos que, pouco a pouco, foi conseguindo uma grande reputação. Com este sucesso, não
tardaram as conspirações contra Sax.
 Em Dezembro de 1843 amplia novamente o seu clarinete baixo e desta vez Berlioz
utiliza-o na sua Requiem, sendo o próprio Sax a interpretá-la. Pouco tempo depois, o mesmo
Berlioz organiza um concerto que foi realizado na sala Herz de Paris, transcrevendo o seu Chant
Sacré para um conjunto de seis instrumentos, todos eles inventados por Sax.
Sax demonstrou que o timbre de um instrumento está determinado, não pela natureza do
material que o instrumento é construído, mas sim pela proporção de ar que é emitida para dentro
deste. Bom entendedor dessa lei, conhecida como Lei das proporções2, Sax aperfeiçoou,
engrandeceu e completou grande parte dos instrumentos de sopro, madeira ou metal.
Inventou novos tipos de instrumentos, como:
 -Saxtrompas ou bombardinos (corno sax), família de seis membros. Foi um
instrumento que se utilizou em bandas com frequência e foi patenteado em 1843.
 -Saxtrombas, família de sete membros patenteada em 1845.
-Saxofones, família de sete membros registada em 1846.
 -Saxtubas, patenteada em 1849.
Sax também se interessou por instrumentos de percussão e, durante os anos de 1852
e 1863, registou uma série de patentes relativas a timbales, bombos e tambores.
2 Defende que a qualidade sonora é provém da quantidade e pressão de ar emitida para o interior do
instrumento, e não da qualidade do material que este é construído.
Fig. 7 Imagem da patente de 1846
...O saxofone...
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No ano de 1866, projecta uma sala de concertos em forma ovóide
(projecto em que Wagner se inspira para a construção do seu teatro em
Bayreuth).
Em 1867 ampliou a flauta de pan de uma para cinco oitavas, e
inventou um sistema de assobios (imagem), utilizada em locomotivas
durante quase um século.
Apesar dos seus repetidos êxitos nas exposições universais de 1844,
1849, 1855, 1863, 1867 (exposição em que ganhou o único grande prémio
concedido a fabricantes de instrumentos) e em Londres em 1851, Adolphe
Sax não pôde participar na Exposição Universal Internacional de Paris de 1878 por razões
financeiras (causada pela terceira quebra no ano de 1877).
Sax viveu uma vida longa; ficou arruinado por três vezes, mas nunca deixou de estudar,
inventar e aperfeiçoar instrumentos. Morreu a 7 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade,
completamente arruinado, deixando ao mundo da música uma grande contribuição: o saxofone!
Fig. 8 Sistema de
assobios de A.Sax
...O saxofone...
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4- O Saxofone (percurso/evolução):
Ao contrário de quase todos os instrumentos, o saxofone não tem antecessores. É um
instrumento jovem, nascido em meados do século XIX. Nessa época, o fabrico de instrumentos
baseava-se na afinação, na facilidade da emissão e na digitação.
 Em 1840, Adolphe Sax, já em Bruxelas e encarregue de gerir a oficina de seu pai, teve a
ideia de criar um instrumento de sopro em que a sonoridade deste se aproximasse dos
instrumentos de corda, mas que tivesse mais intensidade e ao mesmo tempo não fosse muito
difícil de tocar. A partir dessa ideia surge o saxofone, um dos poucos instrumentos de uso
comum na música ocidental que é tão conhecido e ao mesmo tempo tão desconhecido.
 Este instrumento combina as características do oboé (tubo cónico, mas mais largo) e do
clarinete (boquilha e palheta simples). Melhor que qualquer outro instrumento, o saxofone é
capaz de modificar o seu som a fim de lhe dar as qualidades convenientes e de lhe conservar a
igualdade perfeita em toda sua extensão.
 A popularidade do saxofone deve-se à sua difusão em meios como o teatro musical, a
opereta e em movimentos musicais tais como música militar e, sobretudo, o Jazz, apesar de ter
sido criado para tocar em bandas e orquestras sinfónicas.
 Os saxofones foram construídos em várias tonalidades; em Fá e Dó, destinados à
orquestra sinfónica, e em Mib e Sib, destinados a tocar em bandas militares.
Breve história dos saxofones na tonalidade de Fá e Dó:
 O primeiro saxofone, o saxofone baixo, foi construído na tonalidade de Fá, e foi
utilizado por Berlioz e Kastner em algumas das suas obras. Estes saxofones construídos nestas
duas tonalidades (Fá e Dó), tiveram uma curta existência, mas mesmo assim aparecem
mencionados em vários livros.
Ainda no âmbito da Exposição Industrial de Paris de 1855, aparece um artigo referente
a Adolphe Sax, onde o saxofone alto em Fá surge na lista de instrumentos. No mesmo ano, a
nova edição da Grand Traite d Instrumentations et Orchestre Moderne, de Berlioz, menciona o
saxofone alto e barítono em Fá.
O saxofone alto em Fá foi utilizado escassas vazes no repertório orquestral. Kastner
utilizou-o em três das suas obras:
 -Polka Carnavalesque (1857): utiliza dois saxofones alto em Fá, dois saxofones
tenor em Dó.
 -Overture de Festival (1860): utiliza dois saxofone altos em Fá.
 -La saint-ulien des Menetriers (1866): utiliza dois saxofone altos em Fá, dois
saxofones tenore em Dó e um saxofone alto em Mib.
...O saxofone...
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A obra mais conhecida que inclui saxofones em Fá e Dó é a Sinfonia Domestica de
Richard Strauss (1904): nesta obra o compositor utiliza o quarteto de saxofones (soprano e tenor
em Dó e alto e barítono em Fá).
A última utilização do saxofone alto em Fá na orquestra foi numa obra do compositor
Inglês Joseph Holbrooke, no ano de 1910. Este compositor estava aparentemente fascinado
pelos saxofones e escreveu uma sonata, um concerto e também obras de música de câmara,
usando a família inteira dos saxofones. A sua obra orquestral Les Hommages (sinfonia nº 1)
incluía partes para soprano em Sib, alto em Mib e Fá, tenor em Sib e barítono em Mib e Fá.
Embora as obras de câmara que utilizam estes saxofones sejam escassas, os saxofones
em Fá e Dó tiveram curta existência no século XIX e quase nunca houve sucesso para eles,
favorecendo assim os saxofones em Mib e Sib. Estes foram utilizados na orquestra sinfónica,
mas Sax tinha pensado em usá-los só nas bandas militares.
Depois desta pequena história do saxofone na tonalidade de Fá e Dó, volto à história
geral do saxofone.
Em 1841, Sax apresentou o saxofone na primeira exposição belga, mas ao sentir que o
seu trabalho não tinha sido recebido da maneira que merecia, decidiu mudar-se para Paris
considerada, nessa época, como a Meca da música e cidade dos maiores músicos: Berlioz,
Mayerbeer, Chopin, entre outros. Uma vez instalado em Paris, Sax convida compositores a ver e
ouvir o seu novo instrumento.
A 19 de Agosto de 1845 uma decisão do ministro francês impôs a utilização de dois
saxofones (barítono e alto) nas bandas de música dos regimentos de infantaria, em vez dos
fagotes e oboés. A revolução de 1848 suspendeu esta decisão durante seis anos, mas em Agosto
de 1854 o Decreto Imperial reorganizou a formação das bandas de músicae dos regimentos,
ordenando a incorporação de oito saxofones: dois barítonos, dois tenores, dois altos e dois
sopranos.
Desde a invenção do saxofone, este gerou uma grande polémica, devido aos
construtores franceses aliados contra o fabricante belga não quererem reconhecer a patente de
instrumento de sopro. Uma larga e interminável série de processos judiciais arruinaram ambas
as partes, mas as acusações que foram apresentadas nestes processos contra Sax foram
consideradas falsas. Devido a todos estes problemas, Sax foi incorporado e impedido de dar
aulas por várias ocasiões, pois o tempo que perdia em resolver os seus problemas, este era
ocupado em tempo que deveria estar a leccionar.
Começa a dar aulas em 1857 no ginásio musical, este reservado a alunos militares; este
veio mais tarde a fechar dando lugar ao Conservatório de Paris onde era o próprio inventor que
leccionava as aulas de saxofone. Apesar das reclamações do então director do Conservatório,
...O saxofone...
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Ambroise Thomas, Sax só foi substituído em 1942, quando o director era Delvincourt. O novo
titular da disciplina de saxofone foi Marcel Mule, que demonstrou ser um grande pedagogo e
também um grande virtuoso.
Apesar do saxofone ser uma família de sete membros (contrabaixo, baixo, barítono,
tenor, alto, soprano e sopranino), os compositores só se limitaram a utilizar o saxofone alto,
deixando os restantes para segundo plano.
Estes instrumentos comportam-se como uma verdadeira família, tendo qualidades e
defeitos, que se podem considerar como hereditários, guardando cada um o seu próprio carácter
e personalidade. Um é ligeiro, o outro é sombrio, um é caprichoso, e outro é profundo.
Hoje em dia só são fabricados seis destes sete saxofones, e mesmo assim em
quantidades muito desiguais. Do sétimo, o contrabaixo, só existem cerca de uma dezena de
instrumentos, sendo alguns deles já peças de museu. Reunidos todos os saxofones, estes
atingem um âmbito igual ao de uma orquestra.
A combinação do corpo metálico com a embocadura proporciona ao saxofone uma
vasta variedade de sons, desde a sugestão de notas metálicas da trompa ao som profundo e
melodioso do violoncelo, passando pelos timbres agudos e delicados da flauta.
Aparte do saxofone ser utilizado nas bandas militares e nos conjuntos de jazz, aparece
também em obras orquestrais, como Le Dernier Roi de Juda (1844) de J. G. Kastner (a
primeira obra em que o saxofone surge).
Grandes compositores confiaram fragmentos das suas partituras ao saxofone (Bizert,
Strauss, Ravel, M.Phavel, Berg, etc); outros chegaram mesmo a confiar-lhe páginas inteiras,
como: Glazunov, Debussy, Hindemith ou Hector Villa-Lobos. Algumas destas composições
são:
Arlesiana Bizet
Sinfonia Doméstica Straus
Cardillac Hindemith
Job Vaugham Williams
Rapsódia para saxofone Debussy
Bolero Ravel
Entre os saxofonistas que solicitaram a composição de obras solistas para saxofone
encontra-se a norte americana Elise Hall. Alguns dos compositores que responderam ao seu
pedido foram D.V’Indy com Choral Varie (1903) e C. Debussy com Rapsodie(1903).
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Uma segunda patente (1866) viria a ser registada vinte anos após a primeira(1946),
introduzindo modificações importantes nos membros da família do saxofone:
1. Sax dá uma maior extensão a cada um dos instrumentos, tanto no registo grave como
no agudo, aproximando-o da extensão do clarinete. Fê-lo, alargando o corpo do instrumento, e
colocando uma chave de harmónicos suplementar.
2. Melhora o mecanismo, facilitando assim algumas digitações e conseguindo uma
melhor afinação em certas notas.
3. Aperfeiçoa o tubo sonoro do instrumento.
 Em 27 de Novembro de 1880 Adolphe Sax registou uma terceira patente, onde
apresentou também uma série de outras modificações no saxofone.
 Ouras empresas começaram rapidamente a fabricar saxofones: em 1871 Buffet--
Crampon, François Millereau, Gautrou filho, a associação Geral de Trabalhadores de
Instrumentos de Música (que mais tarde passa a pertencer à marca Couesnon), Arsène-Zoé
Lecomte e Cia, André Thibouville, Auguste Feuillet.
 Aquando da morte de Adolphe Sax, em 7 de Fevereiro de 1897, o seu filho Adolphe-
Édouard Sax (director da fanfarra da Ópera de Paris desde 1881, que chegou a ser padre durante
7 anos), passou a ser o director da fábrica de seu pai.
 No final da I Guerra Mundial (1918), mais de um terço da mão de obra francesa
especializada na construção de instrumentos desapareceu. Por outro lado, os Estados Unidos da
América intensificaram e aperfeiçoaram as suas próprias produções.
 A aparição do Jazz alterou significativamente a situação do saxofone. Este passou a ser
introduzido tanto nas orquestras de baile como nas orquestras de Jazz.
 Em 1911 a casa Selmer torna-se proprietária da fábrica Millereau e também das oficinas
Sax da Rua Myrha. Em 1928 adoptou um procedimento de fabricação usado somente, até então,
nos Estados Unidos: as chaminés onde são apoiadas as sapatilhas eram soldadas ao corpo do
instrumento, deixando de ser soldadas e agora passavam a ser construídas e moldadas ao mesmo
tempo que o resto do corpo do instrumento. Graças à qualidade de fabricação, a casa Selmer,
que exportava 58% da sua produção, reconquista pouco a pouco o mercado europeu. Em 1983
as suas exportações repartiam-se por vários países: 20% para os Estados Unidos, 20% para o
Japão, 40% para a Europa, 5% para o Canadá, e 15% para países de leste e outros mercados.
 Algumas das fábricas mais antigas desapareceram devido à guerra. Outras compravam
peças soltas, montando os saxofones e colocando apenas a marca da fábrica. Apareceram novos
estabelecimentos, mas muitos deles duraram pouco tempo:
 Em França: Evette et Schaeffer, Courtois, Pélisso de Lyon, Couesnon y Cia.
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 Alemanha: Hammer Schidt, Franz Michl, Huller y Cia, Adler.
 Inglaterra: Thomas Boosey, Gisborne, Rudall-Carte, Lewin.
 Estados Unidos: Martin, Rudy, Muck, King.
 Bélgica: Charles Mahillon.
 Itália: Pelitti, Maldura, Grassi.
 Austrália: Dickson-Maurer
 Suiça: Hienzmann
 Urss: Fedorov.
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5- Saxofonistas célebres:
 Desde que Sax inventou o saxofone, numerosos saxofonistas influenciaram a história
deste instrumento. O primeiro que o pôs em prática e que fez uso dele foi o próprio Sax No ano
de 1841, em Bruxelas, Sax tocou publicamente pela primeira vez saxofone baixo e repetiu essa
actuação no Conservatório de Paris em 1842. Nesta mesma actuação o êxito foi tal que o nome
do fabricante viajou pelo mundo inteiro. Foi ele também que tocou pela primeira vez na sala
Hertz, em 3 de Fevereiro de 1844, executando o Hino Sacro de Hector Berlioz, e alguns meses
mais tarde viria a apresentar-se com Le Dernier Roi de Juda de Georges Kastner.
 Nesse mesmo ano de 1844, Rossini encontrava-se em Paris e, depois de o ouvir tocar
saxofone, confessa a seu amigo Troupenas que era o instrumento mais rico e perfeito de todos
os instrumentos de sopro, chegando a aconselhar Sax a dedicar-se à formação de alunos.
 Este inventor belga ensinou bons saxofonistas das bandas de música militares, que em
seguida passariam a tocar também em bandas civis. Por outro lado, formou também
saxofonistas que não tardariam em fazer-se ouvir como solistas em muitos cafés-concerto, que
estavam na moda um pouco por todo o mundo. Muitos deles eram belgas, como: Wuille,
Mayeur, Moeremans.Um dos saxofonistas mais importantes no desenrolar da história do saxofone foi Elise
Hall (1853-1924). Esta saxofonista, nascida em Paris, nem sempre tocou saxofone. Antes de
contrair tifóide, Hall tocava piano e violino durante as suas horas livres. Depois de recuperar
desta grave doença, o seu sentido auditivo ficou debilitado e, aconselhada por seu marido que
era médico, decidiu tocar saxofone. Assim sendo, começou a sua aprendizagem com um
saxofonista que ouviu numa rua americana.
 No ano de 1897, estando em Boston, Elise Hall decide dedicar o seu tempo, paixão e
fortuna a promover o Orchestral Club que ela mesma fundara e dirigia. Esta orquestra, formada
por músicos amadores mas reforçada por profissionais da Orquestra Sinfónica de Boston em
ocasião de concerto, interpretava sobretudo música francesa. Em quase todas as actuações
públicas uma obra era executada a solo, sendo a própria Hall a solista.
 Como nesta época o repertório para saxofone era bastante pobre, Elise Hall
encomendou obras de concerto para saxofone a Charles Loeffler, Georges Longy, Paul Gilson,
Claude Debussy, André Caplet, Vicent d’Indy, Goerges Sporck, Jules Mouquet, Paul Dopin,
León Moreau, Philipe Gaubert, François Combelle, Jean Huré, Gabriel Grovlez, Florent
Schmitt, entre outros. No total foram encomendadas 22 obras, escritas e estreadas entre 1900 e
1918.
 Elise Hall, antes de morrer de uma hemorragia cerebral a 27 de Novembro de 1924,
teve a satisfação de ouvir uma orquestra de saxofones formada em Boston por Abdom Laus.
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 Nos Estados Unidos apareceram outras orquestras de saxofones que tiveram alguma
importância: a de David Gornston, de Michael Guerra e mais tarde Sigurd Rascher.
 Em França, concretamente em Bordéus, foi criada em 1977 uma orquestra de
saxofones composta habitualmente por um baixo, dois barítonos, três tenores, três altos, dois
sopranos e um sopranino. A este tipo de formações foram dedicadas cerca de quarenta obras
originais.
 Na Europa, quem se encarregou de introduzir o saxofone na música erudita foi Marcel
Mule e Sigurd Rascher. Até então o saxofone era utilizado por pessoas menos conhecidas. Do
século XIX destacam-se: Soualle Cokken, Henry Wille, Louis Mayeur, e do primeiro terço do
século XX: François Combelle, Gustav Bumcke.
Marcel Mule foi um dos saxofonistas mais importantes.
Nasceu em 24 de Junho de 1901 em Aube (Normandia).
 Foi um dos primeiros, depois de Elise Hall, a saber
despertar o interesse de um grande compositor pelo saxofone.
Esse compositor foi Alexander Glazunov, que lhe dedicou o seu
Quarteto em Sib op. 109 (1932). Estudou com o violinista
Gabriel Wuillaume. Animado por François Combelle, ingressa
na Banda de Música da Guarda Republicana, onde foi solista
desde 1923 até 1936. Tocou também em grandes salas, em
orquestras de baile e em algumas Óperas.
 Tanto nas orquestras sinfónicas como em teatros costumava tocar sem vibrato, ao
contrário do que fazia nas orquestras de baile, até que na temporada de 1928-1929 Éduard
I’Enfante, compositor de um ballet, lhe pediu para tocar a solo com o mesmo vibrato que
tocava no Jazz. Animado pelo êxito da sua interpretação, Marcel Mule acaba por optar por esta
nova forma.
 Aos trinta e quatro anos deu o primeiro concerto como solista com orquestra. Foi
dirigido por Albert Wolf e interpretou, em primeira audição, o “Concerto” de Pierre Vellones.
Com os seus novos companheiros da Guarda Republicana- René Chalegne (alto), Hipollyte
Poimboeuf (tenor), George Chauvet (barítono)- formou um quarteto de saxofones que viria a ser
apelidado de Quarteto de Guarda Republicana (1928). Depois de ter abandonado a Guarda
Republicana em 1936 e de ter conhecido novos companheiros- Paul Romby (alto), Georges
Charron (tenor) e Georges Chauvet (barítono)- formou outro quarteto, a que deu o nome de
Quarteto de Paris. Este nome foi provisório, já que alguns anos mais tarde, em 1951, passa a ter
o nome definitivo de Quarteto Marcel Mule. Anos mais tarde, em 1960, esta formação sofre
Fig. 9 Marcel Mule
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algumas alterações, ficando Marcel Mule (soprano), Georges Goudret (alto), Guy Lacour
(tenor) e Marcel Josse (barítono).
 O quarteto Marcel Mule deu o seu último concerto em Roma em 1966, depois de se ter
feito ouvir em vários recitais, radiofónicos e televisivos, em França e outros países da Europa.
Durante os anos de existência, o quarteto gravou treze discos desde 1930 até 1964.
 Mule deu-se a conhecer como solista de orquestra com obras de Ibert, Glazunov e
Tomasi. No final da sua carreira realizou uma tourné nos Estados Unidos com a Orquestra
Sinfónica de Boston sob a direcção de Charle Munch, que com ele dá o seu último concerto em
Nova York tocando a Ballade de Henry Tomasi em 1958.
 Desde 1931 até 1963 Marcel Mule gravou dezanove discos como solista. Foram-lhe
dedicadas cerca de uma centena de obras. Para além do Quarteto em Sib M de Alexander
Glazunov, outras obras relevantes também lhe foram dedicadas, como o Concerto de Henry
Tomassi, o Quarteto Op. 162 de Florent Schmitt e o Quarteto de Alfred Desenclos. Deste
excelente saxofonista fica-nos registado o seu enorme virtuosismo, mas também, a sua
sonoridade associada a um tipo de execução muito natural.
 Nascido na Alemanha, em Elberfeld em 15 de Maio de
1907, é de destacar o saxofonista Sigurd Rascher, virtuoso do
saxofone, tal como Marcel Mule.
 Estudou primeiro clarinete com Philipp Dreisbach e
piano na Academia de Música de Stuttgard, mas, pouco depois,
especializa-se em saxofone. Foi professor de saxofone na Royal
Danish Academy of Music em Copenhaga, e na Faculdade do
Conservatório de Música de Malmo, Suécia.
 Durante os anos trinta trabalhou em Berlim com o
professor Bumcke, que o incorporou por algum tempo no seu
quarteto.
 Durante a sua passagem por Berlim, Racher contactou com Paul Hindemith, colega de
Gustav Bumcke. Em 1933 viaja para França para trabalhar com Hermann Scherchen, grande
director de orquestra e defensor da música vanguardista. Em Paris encontrou-se com Jacques
Ibert e Glazunov.
 Racher tocou como solista com as melhores orquestras, sendo uma delas a Filarmónica
de Berlim e sob a batuta de grades directores. Com esta orquestra deu o seu primeiro concerto
para saxofone e orquestra no ano de 1932, sob a batuta de Krasselt em Hanôver.
Fig. 10 Sigurd Rascher
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 Depois de ter dado aulas ao mesmo e tempo no Conservatório Real de Copenhaga em
1933 e em Malmö, na Suécia, Sigurd Rascher estabeleceu-se nos Estados Unidos em 1939, onde
a sua influência foi muito importante.
 A falta de obras para saxofone obrigou Rascher a animar os compositores a escrever
para o seu instrumento. Alguns deles corresponderam muito entusiasmados, dedicando-lhe
suites, sonatas, concertos, etc. Cerca de cinquenta destas obras são para saxofone alto e
orquestra.
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6- Técnica e funcionamento:
O saxofone é um instrumento de sopro com orifícios laterais da família das madeiras.
Os princípios da sua sonoridade residem na vibração de uma palheta simples colocada numa
boquilha, sendo estas duas unidas por uma abraçadeira, e por sua vez, estes juntos serão
associados a um tubo cónico.
6.1- Boquilha:
As boquilhas normalmente são construídas em
ebonite, ou metal, mas também podem ser construídas em
plástico, e muito raramente em madeira ou cristal.Ao contrário do que se costuma pensar, o material
com que as boquilhas são construídas importa muito menos
do que a sua forma. A boquilha é constituída por várias
partes: a abertura, a mesa, a câmara, paredes laterais, bisel,
tunel, janela e ponta.
A abertura é a distância que separa a ponta da
boquilha da palheta. Com uma abertura pequena, ou com
uma boquilha fechada, o saxofonista tem tendências a tocar
com palhetas fortes, e o seu som será reduzido, mas bonito.
Com uma abertura grande, será difícil tocar afinada e a
tendência é em tocar com palhetas fracas.
A mesa da boquilha, é a parte plana que se prolonga
até à parte curva. É sobre esta (mesa) que deve ser colocada a
palheta. Convém referi que o comprimento da mesa inclui
também o comprimento da parte curva.
A câmara é a parte interior da boquilha onde nasce o
som. O seu formato é muito importante, e esta vai determinar o qualidade do som. Uma câmara
pequena com um tecto baixo dará um som rico em harmónicos. Por outro lado, uma câmara
grande com um teco alto dará um som mais sombrio.
Em geral, ma música erudita utiliza-se uma boquilha com uma mesa curta ou mediana e
de abertura pequena. No Jazz, as boquilhas com mesa e abertura grande são as preferidas.
Uma boa boquilha é aquela que permite ao saxofonista mudar facilmente de sonoridade,
e que oferece um grande campo de liberdade tímbira.
Bisel
câmara Cortiça do tudel
mesa
 Palheta túnel
ponta
tudel
paredes laterais
Mesa
Janela
abertura
bisel
área de vibração
 palheta
Fig. 11 Boquilha de saxofone
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6.2- Palheta:
 É a palheta que classifica o saxofone como membro pertencente à família das
madeiras. É uma das partes mais delicadas e importantes da embocadura. Da sua qualidade
depende não só o som, mas também a flexibilidade do instrumentista.
As palhetas de saxofone extraem-se duma planta chamada Arundo Donax, cana que
cresce em regiões quentes.
O Arudo Donax mais apreciado provém de da região de Var, no sul de França junto ao
Mediterrâneo.
Dependendo da parte onde é cortada pé ou cabeça da planta), a palheta tem qualidades
diferentes, distribuindo de maneira diferente a humidade, e resistindo de maneira diferente à
temperatura.
A palheta é constituída por várias partes: talão, partes laterais, bisel, coração e ponta.
Para fixar a palheta à boquilha Adolphe Sax, já em meados do século XIX fabricou uma
abraçadeira metálica com parafusos (parecida com a que se utiliza hoje em dia). Mesmo assim
os fabricantes e saxofonistas não param de criar novos modelos de abraçadeiras que permitam
uma maior aderência de palheta à mesa da boquilha sem ter de pressionar demasiado o talão.
6.3- Surgimento do som:
O som do saxofone é produzido quando o instrumentista envia uma impulsão ar para
dentro do instrumento através da boquilha/palheta. O ar origina pressão dentro do tubo, e parte
deste ar é expulso para fora do instrumento pelos orifícios abertos e isto fará com que o
 ponta da palheta
 coração
partes laterais
bisel
 Mesa zona de
 raspagem
talão
Fig. 12 Palheta
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instrumento soe. A outra quantidade de ar volta em direcção à palheta com a mesma velocidade.
A pressão de ar que é feita na entrada do instrumento faz com que este entre em contacto com a
palheta e a faça despegar da boquilha. O ar que volta para trás voltará a entrar em contacto com
os mesmos, e assim sucessivamente, originando movimentos periódicos de oscilações.
Se for aberto um ou vários orifícios, o instrumento comportar-se-á como se fosse
cortado o tubo pelo mesmo lugar onde o primeiro orifício foi aberto (a partir da boquilha), assim
sendo, as idas e regressos de ar serão mais numerosas, e por consequência, as frequências serão
mais elevadas.
A palheta, que actua como válvula e bate contra a boquilha, abre-se e fecha-se cerca de
35 vezes por segundo na nota mais grave do saxofone contrabaixo e 1760 na nota mais aguda do
saxofone sopranino.
6.4-Tessitura:
O saxofone, tal como muitos outros instrumentos, é transpositor, isto quer dizer que não
se escrevem na partitura do saxofone as mesmas notas que o público ouve. Isto acontece para
que os saxofonistas só tenham de aprender uma digitação para toda a família dos saxofones. Por
exemplo, se se quer que um saxofonista toque o lá do diapasão, na partitura aparecerá:
Para sopranino: Fá #
Para soprano: Si
Para barítono: Fá # (agudo).
Diz-se que o soprano está em Si b, porque quando ele toca a nota Dó, o que se ouve é
um Si b.
Apesar das possibilidades de extensão no sobreagudo (harmónicos), todos os saxofones
têm o mesmo âmbito, duas oitavas e uma sexta menor, à excepção do saxofone barítono, que
possui mais uma nota (Lá grave), que lhe permite tocar, em som real, um Dó, que seria um Dó
grave para o violoncelo.
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7- Repertório:
O repertório do saxofone ao longo da sua curta história foi-se enriquecendo pouco a
pouco. Os compositores, atraídos pelo novo instrumento e inspirados por alguns saxofonistas
que solicitavam as suas obras, como Elise Hall e Marcel Mule decidiram introduzi-lo nas suas
composições.
A música escrita para saxofone pode ser agrupada em:
- Música tradicional (em que podemos incluir a música romântica, popular e
erudita).
- Outras músicas: Jazz e Rock.
- Música contemporânea.
7.1- Repertório sinfónico:
Mesmo que o saxofone na orquestra não seja de todo indispensável, ele é usado com
frequência e chega a ter muitas vezes partes importantes.
No repertório sinfónico o primeiro compositor que nos aparece e que devemos focar
é J. G. Kastner. Este teórico e compositor francês nasceu em Estrasburgo a 9 de Maço de 1810 e
morreu em Paris em 19 de Dezembro de 1867. É muito conhecido o seu Traite Géneral d
Instrumentation, considerada a primeira obra deste género publicada em França. Publicou várias
obras teóricas, para além de vários livros de ensino de diferentes instrumentos: Méthode
compléte et raisonée de saxophone.
Autor de oito óperas, cinco sinfonias, cinco aberturas, numerosas peças para
instrumentos e cantatas. Foi o primeiro a introduzir o saxofone na orquestra com Le Dernier Roi
de Juda. Em 1 de Dezembro de 1844 interpretou esta obra, na qual Kastner utilizou o saxofone
baixo em Dó. Esta obra trata-se de uma ópera bíblica composta por dois actos. Mas não foi esta
a última obra em que este compositor utiliza o novo instrumento. Em 1860 compôs Overture de
Festival, onde utiliza dois saxofones alto; Polka carnavelesque (1851), utilizando dois altos e
dois tenores; La Sains-Ulien des Menetries (1866).
Foi Bizet (1835-1875), compositor francês, que utilizou o saxofone duma forma
brilhante no drama de Adolphe Dautet na suite Arlesiana.
Jules Massenet (1842-1912), também compositor francês, utilizou o saxofone por
seis vezes, e destaca-se a ópera Werther (1892), drama lírico de três actos em que o saxofone é
utilizado num nível idêntico aos restantes instrumentos da orquestra. Em Angelos, utiliza quatro
saxofones: dois altos, um tenor, e um barítono.
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 Strauss (1864-1949), compositor e director de orquestra alemão, utilizou o saxofone
numa das suas obras, a Sinfonia Doméstica (1904), onde utiliza um quarteto de saxofones.
 Maurice Ravel (1875-1937)utilizou o saxofone alto na melodia do O Velho do Castelo,
na obra Quadros de uma Exposição de Modeste Mossorgsky, na versão orquestral que fez em
1922. Ravel volta a utilizar o saxofone pouco tempo depois noutra das suas obras, que é o caso
do Bolero. Esta obra foi encomendada ao compositor pela bailarina Ida Rubinsteins e foi
estreada na Ópera de Paris em 1928. As duas obras mencionadas anteriormente (Bolero e a
orquestração dos Quadros de uma exposição) são algumas das obras que servem de trampolim
para introduzir o saxofone na chamada música clássica.
D
arius Milhaud, compositor francês e aluno do Conservatório de Paris, também utilizou o
saxofone por várias ocasiões. Uma delas foi na obra Criação do Mundo (1923), onde dá ao
saxofone um papel tão importante como o que virá a ter no Jazz. Em Nova York, George
Gershwin, utilizou dois saxofones alto e um tenor na sua célebre Rasodie in blue (1928).
 Durante esta época apareceu em todo mundo uma série de obras sinfónicas onde o
saxofone ocupava um lugar privilegiado:
Fig. 13 Quadros de uma Exposição, orquestração de M. Ravel.
Fig. 14 Bolero, M. Ravel - solo de saxofone tenor em sib.
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Kurt Weill opera de quat sous
Aron Shoenberg. Das BerlinerRequiem
Gabriel Pierné Divertissement sur un théme pastoral
Charles Koechiln The seven star synphony op. 132
Serguei Prokofiev Otenente Kijé op. 60
Alban Berg Concerto em memória de um anjo
Alban Berg Lulú (ópera)
Laszlo Lajhta. Sinfonia op. 24
Vaughman-Williams Sinfonia nº 6
Pierre Boulez Polyphonie
Luciano Berio Nones
Karlheinz Stokhausen Gruppen
Tadeusz Baird Erótica
Leonard Bernstein West Side Story
Luis de Pablo Imaginário
7.2- Repertório concertente:
Durante o século XIX as únicas obras consideradas interessantes eram: o Choral Varie
de Vicent d’Indy; Rapsodie de Claude Debussy (obras encomendadas por Elise Hall aos
respectivos compositores); e Légende de Schmitt (transcrita posteriormente para viola ou
violino e piano).
Graças a Marcel Mule e a Sigurd Rascher, o repertório concertante do saxofone e o
repertório em geral foram bastante enriquecidos. Entre as obras dedicadas a estes e a seus
alunos salientam-se:
O Concerto em Mib (1933), de Alexandre Glazunov (1865-1936).
Este compositor pertencia à escola nacionalista russa (corrente surgida no século XIX
em que os compositores se inspiravam em temas populares). Este concerto foi escrito depois da
Primeira Guerra Mundial, que corresponde à etapa em que o compositor vai deixando de parte
a música popular e as ideias nacionalistas.
O Concertino da Camera (1934) de Jacques Ibert.
Ibert, compositor francês (1890-1962), obteve o primeiro prémio em Roma (1919) com
a sua cantata O poeta e a fada.
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O Concertino da Camara foi escrito graças a Sigurd Rascher, que demonstra a Ibert o
saxofone alto e o faz descobrir os seus recursos e múltiplas qualidades técnicas e sonoras.
Seduzido então polo saxofone, pouco tardaria a escrever para Rascher um Allegro com moto,
interpretando-o este no dia 2 de Maio em Paris. O êxito foi tal que Ibert adiciona a este
andamento outros dois: um larghetto encadeado com um animato molto, e assim converte estes
três andamentos no seu Concertino da Camara para saxofone alto e onze instrumentos.
A Ballade (1938)- Frank Martin, compositor suíço, compôs uma Ballade para saxofone
alto e outra para tenor.
Fantasia op. 630 (1948) para saxofone soprano e orquestra de Villa-Lobos.
Musique de concert (1954) Marius Constant.
Concerto piccolo (1977) para quatro saxofones e percussão de Edison Denisov.
Scaramouche (1937) de Darius Milhauld.
Do repertório concertante, estas são as obras que mais se destacam, porém, não quer
dizer que não existam mais obras com este carácter.
7.3- Música de Câmara:
Dividirei este subcapítulo em música para saxofone e vários instrumentos, quarteto de
saxofones e saxofone e piano.
Apesar de, no início, as obras de música de câmara para saxofone serem escassas, o
saxofone teve sempre um papel bastante importante.
Formação diversa:
Aqui volta a estar bem presente o interesse de Villa-Lobos pelo saxofone, mas agora no
campo da música de câmara. A primeira obra de música de câmara que incluiu o saxofone foi
Sexteto misto op. 123 (1917) para flauta, oboé, saxofone alto, celesta e harpa; Choros nº 7 op.
186 (1924). Também usou o saxofone em algumas obras com voz, como é o caso de Quartuor
op. 168 (1921).
Paul Hindemith (1895-1963), compositor, director de orquestra e teórico musical,
escreveu no ano de 1929 um Trio op. 47 para viola, saxofone tenor e piano. Um ano mais tarde,
Anton Weber compôs um Quarteto op. 22 para violino, clarinete, saxofone tenor e piano.
Outras obras para este tipo de formação são:
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Quarteto de saxofones:
Nos primeiros tempos do saxofone, o repertório deste tipo de música era bastante
escasso, e os quartetos compostos até então eram considerados muito pouco interessantes;
porém, a passagem de algumas gerações trouxe mudanças significativas no repertório deste
género de formação. A primeira obra interessante foi o Quarteto em Sib op. 109 (1936) de
Alexander Glazunov. Esta obra romântica, escrita em pleno século XX, foi dedicada ao
Quarteto Marcel Mule. Posteriormente foram-lhe dedicadas outras obras, como é o caso de
Introdução e Variações sobre um rondó popular (1937) de Gabriel Pierné e Quarteto op. 102
(1946) de Florent Schmitt.
Jean Baptist Singeleé (1812-1875), compositor e violinista nascido em Bruxelas,
compôs muitas obras para saxofone (solos de concerto, quartetos e obras para saxofone e
piano). Entre o seu extenso repertório para saxofone está presente o Premier quatuor pour
saxophone para saxofone soprano, alto, tenor e barítono.
Compositor: Obra: Ano: Instrumentação:
Delannoy Rapsodie 1934
trompete, saxofone alto,
violoncelo e piano
Charles Koechlin Epitaphe e Jean Hrlow op. 164 1937
flauta, saxofone alto e
piano
Leslie Basset Wind Music 1979 sexteto de sopros
Charles Koechlin Septeto de sopros 1948
flauta, oboé, corne inglês,
saxofone alto, trompa e
fagote.
Henry Tomasi Primtemp s 1963
flauta, oboé, clarinete,
saxofone alto, trombone e
fagote.
Pierre Max Dubois. Sinfonia de camera 1964 sexteto de sopros
Walter Hartley Suites for five winds 1951
flauta, oboé, clarinete,
saxofone e trombone.
Peter P. Stearns Septeto 1959
clarinete, saxofone tenor,
trompa, violino, viola,
violoncelo e contrabaixo
Georges Heussenstamm Quatro miniaturas op. 57 1975
flauta, oboé, violino e
saxofone tenor.
William Karlins Quinteto 1974 saxofone alto e quarteto de
cordas
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Pouco a pouco, este tipo de música foi-se enriquecendo, contando hoje em dia com um
alargado repertório. Destacam-se:
Sonatas e obras com piano:
Este tipo de música conta com um amplo repertório, são mais de dois mil títulos, mas
nem todos têm a mesma importância, sendo difícil encontrar obras com interesse.
Entre as obras interessantes surge a Sonata para saxofone alto e piano de Denisov.
Hindemith, depois compôs o seu Konzerstück em 1933, para dois saxofones alto,
escreve a sua primeira Sonata para saxofone alto e piano no ano de 1939.
Paul Creston, compositor e organista americano, compôs a Sonata op. 19 (1939) para
saxofone alto e piano e Concerto op. 26 para saxofone alto e orquestra ou piano, ambas
dedicadas ao saxofonista Cecil Leeson.
Devido ao extensorepertório neste campo da música da câmara, passo a destacar as
obras mais relevantes:
Compositor: Obra: Ano:
Jeal Absil Quarteto 1937
Pierre-Max Dubois Quarteto 1956
Alfred Desenclos Quarteto 1964
Janine Rueff Concert en Quartuor 1955
Pierre Hasquenoph Sonata a quatro 1954
Paul Arma Sete transparências 1968
Compositor: Obra: Ano:
André Jovilet Fantasia Impromptu 1953
Alfred Desenclos Preludio, cadência e final 1956
Henry Sauget Sonatina bucólica 1964
Jacques Charpantier Gabambidi II 1966
Conrad Beck Nocturne 1959
Antonio Tisné Espacies irraidés 1980
Donald Freud Killing time 1980
Jnine Rueff Sonata 1982
Marylin Shrude Shadows and Downing 1982
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ANEXOS:
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Anexos:
ANO IDADE VIDA DE A. SAX Acontecimentos
musicais
Acontecimentos
Históricos
1814
Nasce em Dinant a 6 de
novembro, filho de C. J.
Sax e Marie J. Masson.
Beethoven: Ópera
Fidelio
Queda do Império
Francês. Luis XVII rei
de França
1815 1 Seu pai abre uma fábrica de
instrumentos musicais.
Beethoven: Sonata
Op. 101 Batalha de Waterloo
1828 14 Estuda na Royal Escola de
Música de Bruxelas.
Morre Schubert.
Chopin: primeira
sonata.
1830 16
Apresenta 2 flautas e 2
clarinetes em marfim na
Exposição Industrial de
Bruxelas.
Berlioz: Sinfonia
Fantástica Revolução Polaca.
1834 20
O compositor Alemão J.
Küffner dedica-lhe alguns
duos de clarinete.
Berlioz: Harold em
Itália
1835 21
Dirige as oficinas de seu pai
em Bruxelas. Apresenta o
clarinete com 24 chaves
Morre Bellini Atentado de Fieschi
1837 23 Reside na Rue Notre-Dame-
-aux-Neiges nº 70
Wagner: Começa
Rienzi
Berlioz: Requiem.
Subida ao Trono da
Rainha Vitória
1838 24 1º patente do novo sistema
de clarinete baixo Nasce Bizet Morte de Talleyrand
1839 25 1ª Viagem a Paris Nascimento de
Mussorgsky
1840 26 Inventa o saxofone Morre Paganini;
Nasce Tchaikovsky. Tratado de Londres
1841 27 Exposição industrial belga.
Consegue medalha de prata
Schumann:1º
Sinfonia
1842 28
Junho: encontra-se com
Berlioz. Mostra os seus
novos instrumentos no
Conservatório de Paris
1843 29
Requerimento de patentes,
sistema cromático para
instrumentos de metal
Berlioz publica
Tratado de
Instrumentação
1844 30
3 de Fevereiro, 1º concerto
oficial onde se utiliza o
saxofone. Medalha de prata
na Exposição de Paris.
Chopin: Sonata Op.
58.
Wagner:
Tannhäuser.
1845 31
Os seus instrumentos são
adoptados nas Bandas
militares francesas.
Nasce Fauré.
Berlioz: A
Condenação de
Fausto
Guerra: Estados Unidos
– México.
1846 32
21 de Março: patente da
família dos saxofones.
Condecorado com a grande
medalha de ouro de mérito
belga.
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1847 33
Inaugura uma sala de
concertos própria nas suas
oficinas.
Morre Mendelssohn. Termina a conquista de
Argélia.
1848 34 Integra como oficial as filas
da Guarda Nacional
Revolução francesa,
proclamação da
República
1849 35
Exposição de Paris,
medalha de ouro.
Em Novembro é
condecorado com a Cruz da
Ordem da Legião de Honra.
Morre Chopin.
1850 36
Encomenda transcrições e
obras para os seus
instrumentos.
Wagner: Lohengrin.
Schumann:3º
Sinfonia
Lei Falloux
1851 37
Exposição de Londres.
Patente do fagote de metal.
Escreve método para
Saxhorns, sax trombas, etc.
Verdi:Rigoletto.
Schumann:
Manfredo.
2 de Dezembro, golpe
de estado de Luís
Napoleão
1852 38
Cancro no lábio superior.
Julho, 1ª quebra.
Patente de timbales.
Wagner: O ouro do
Rin.
Restabelecimento do
Império.
1853 39
29 de Abril: nasce a sua
filha ilegítima, Ana Emile.
Cria a sociedade Grande
Harmonie.
Verdi: La traviata,
El trovador.
Napoleão casa com
Eugénia de Montijo.
1854 40
7 de Abril: nomeado
fabricante da Maison
Militair de I Empereur.
Agosto: instrumentos
reintegrados nas bandas
militares.
Wagner: A Walkyria Guerra da Crimeia.
1855 41
Exposição de Paris, grande
medalha de honra.
Agosto, admissão de
domiciliação francesa.
Regista a patente de
instrumentos de percussão.
Nasce sua filha ilegítima,
Adèle (morta em 1856)
Sebastopol.
1856 42 Nasce o seu filho ilegítimo
Charles (morto em 1858).
Liszt: Rapsódias
Hungaras.
Congresso e Tratado de
Paris.
1857 43
Aulas para alunos militares,
A. Sax professor de
saxofone
Morre Glinka.
Wagner: começa
Tristão e Isolda.
1858 44 Nasce a sua filha ilegítima
Adèle (morta em 1938)
Atentado de Orsini.
Lei da segurança cidadã.
1859 45
Nasce o seu filho ilegítimo
Adolphe Eduard (M. 1945)
Wagner: acaba
Tristão e Isolda.
Gounod :Fausto
Ocupação de Saigón.
1860 46 Morre Adèle Maor, mãe de
seus 5 filhos.
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1861 47 Morte de M. J. Masson,
mãe de A. Sax.
1862 48
Exposição de Londres,
obtém medalha.
Dezembro, patente
“Goudronniers”.
Verdi: A força do
destino.
Nasce Debussy
Indochina é anexada.
1863 49 Exposição de paris,
medalha de 1ª classe.
Segundo levantamento
polaco.
Invasão do México
1864 50 Exposição em Bayona,
medalha de honra. Gounod: Mireille. Maximiliano imperador
do México
1865 57 Morre C. J. Sax, pai de A.
Sax Verdi: Macbeth. Guerra Autro-Perussiana
1866 52
Patente onde melhora o
saxofone.
Planos para sala de
concertos.
Exposição no Porto,
medalha de honra
Wagner: Os
maestros cantores.
Tchaikovsky: 1ª
Sinfonia
1867 53 Exposição de Paris, Grande
Prémio
Mossorgsky: Uma
noite em monte calvo Execução de
Maximiliano
1870 56 Final das aulas destinadas a
alunos militares.
Detenção de Napoleão
III
1873 59 2ª quebra
Nasce
Rachmaninoff.
Verdi: Requiem
Fim da ocupação alemã
em frança.
III República Francesa.
1877 63
3ª quebra. Vende o seu
museu instrumental.
Tchaikovsky:
Concerto para
violino
Eleições para a
presidência da
República.
1878 64
Não pode participar na
exposição de paris, porque
não tem fundos para pagar a
inscrição.
Brahms: 2ª Sinfonia. Grèvy é eleito
presidente.
1880 66
Regista a patente que
introduziu melhorias no
saxofone
Brahms: Danças
Húngaras.
1881 67 Patente de aperfeiçoamento
de vários instrumentos. Morre Mussorgsky Czar Alexandre II é
assassinado.
1883 69
Carta a A. Thomas
oferecendo-se como
professor de saxofone
Morre Wagner Expansão colonial na
Indochina.
1887 73 Expõe a sua lamentável
situação ao público.
Rimsky-Korsakov:
Scherezade. Demição de Grèvy.
1894 80
7 de Fevereiro: morre na
mais profunda solidão e
miséria.
Dvorak: Sinfonia do
Novo Mundo.
Nicolau II Czar da
Rússia.
Anexo 1 Cronologia comparada da vida de Adolphe Sax
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Anexo 2 Lista de instrumentos de Adolphe Sax (1848)
Anexo 3 Berlioz, Halevy, Rossini e Meyebeer contemplando Adolphe Sax e o seu novo
instrumento. (ilustração de A. Daoust)
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Anexo 4 200 Francos Bélgas- Nota dedicada a Adolphe Sax
Anexo 5 Faxada da oficina de Paris de Adolphe Sax
Anexo 6 Interior da oficina de Paris de Adolphe Sax
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Anexo 7 Saxofone Sub-contrabaixo (curiosidade). Único exemplar.
Anexo 8 Arundo Donax, planta que serve para o fabrico de palhetas
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Anexo 9 Partes do Saxofone

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