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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, é obrigatória para todas as sociedades por ações, com exceção das companhias fechadas com patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00. É regida atualmente pelo CPC 03. A DFC tem por objetivo evidenciar os fatos que modificaram o valor das disponibilidades em determinado exercí- cio. Assim, a expressão “fluxo de caixa” não se refere apenas à conta “caixa”, mas a todas as disponibilidades. Para fins de elaboração da DFC, de acordo com a Resolução CVM 547/2008, as disponibilidades podem ser: a) caixa, o que inclui a conta “caixa” e os depósitos bancários disponíveis; b) equivalentes de caixa: aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estejam sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Em geral, as aplicações em títulos, públicos ou privados, de renda fixa resgatáveis em no máximo 3 meses da data de aquisição são considerados equivalente de caixa. Estrutura da DFC Na DFC são demonstrados 3 fluxos: a) Fluxos das Atividades Operacionais; b) Fluxos das Atividades de Investimentos. c) Fluxos das Atividades de Financiamentos; OBSERVAÇÃO: os fluxos de caixa não incluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalente de caixa. a) Fluxos das Atividades Operacionais (FAO) Relaciona-se ao fluxo de dinheiro relacionado às atividades principais da entidade. Normalmente resultam das transações e eventos considerados na apuração do resultado do exercício. No caso de uma empresa comercial, por exemplo, são as atividades relacionadas à compra e venda de mercado- rias, incluindo as despesas de vendas e administrativas. As compras são registradas como saídas, quando de seu pagamento, e as vendas como entradas, quando de seu recebimento Também são classificados no fluxo das atividades operacionais: • Como entradas: - Recebimento de dividendos (os pagamentos são registrados como saídas no fluxo de atividades de financiamen- to); - Recebimento de juros de empréstimos (a Resolução CVM 547/08 permite que sejam colocados como entrada no fluxo de atividades de financiamento); - Recebimentos diversos, que não se enquadrem nos demais fluxos, como aluguéis, indenizações recebidas, etc. • Como saídas: - Pagamento de salários; - Pagamento de tributos e multas; - Pagamento de juros de empréstimos (a Resolução CVM 547/2008 permite que sejam colocados como entrada no fluxo de atividades de financiamento). A análise do fluxo de caixa das atividades operacionais permite identificar se a entidade tem conseguido recursos suficientes para manter o funcionamento da entidade, amortizar empréstimos, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem precisar recorrer a fontes externas de financiamento. b) Fluxos das Atividades de Investimento (FAI) Os fluxos das atividades de investimento (FAI) relacionam-se aos aumentos ou reduções dos ativos de lenta reali- zação (normalmente constantes do chamado Ativo Permanente, que inclui o Ativo Imobilizado, o Investimentos e o Intangíveis). Também incluem os desembolsos e recebimentos de empréstimos e financiamentos concedidos e recebimentos e pagamentos por participações societárias temporárias. www.cers.com.br 3 Assim, temos com exemplos de entradas e saídas nesses fluxos: • Entradas: - Recebimentos referentes a venda de ativos imobilizados, investimentos e intangíveis. - Recebimentos referentes a vendas de participações societárias temporárias; - Resgate de aplicações financeiras que não sejam de liquidez imediata; - Recebimento de principal de empréstimos concedidos (os juros podem ser colocados aqui ou como parte dos fluxos das atividades operacionais, preferencialmente em atividades operacionais). • Saídas: - Pagamentos referentes a compras de ativos imobilizados, investimentos e intangíveis. - Pagamentos referentes a compras de participações societárias temporárias; - Aplicações financeiras que não sejam de liquidez imediata; - Desembolso de empréstimos concedidos. A análise do fluxo de atividades de investimento permite verificar os dispêndios que entidade faz com a finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro. c) Fluxos das Atividades de Financiamento (FAF) Os fluxos das atividades de financiamento estão relacionados a empréstimos e financiamentos tomados e à cap- tação de recursos junto a sócios e investidores. Assim, como exemplos de entradas e saídas desses fluxos temos: • Entradas: - Recebimentos referentes a empréstimos e financiamentos obtidos; - Recebimentos de acionistas por venda de ações ou integralização de capital; - Recebimento por emissão de debêntures ou partes beneficiárias. • Saídas: - Pagamentos de empréstimos e financiamentos (os juros podem ser colocados aqui ou como parte dos fluxos das atividades operacionais, de preferência em atividades operacionais); - Pagamentos de participações de investidores sobre os lucros da entidade, incluindo dividendos; - Pagamentos referentes a resgate de debêntures. A análise dos fluxos de atividades de financiamento permite prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores do capital à entidade. EXEMPLO: No exercício de X1, ocorreram na empresa ABC S/A nos seguintes eventos (valores em reais): - Vendas de Mercadorias à vista: 12.800 - Vendas de Mercadorias a prazo para recebimento em X2: 23.500 - Recebimento de vendas feitas em X0: 17.600 - Compra de mercadorias à vista: 8.700 - Compra de mercadorias a prazo para pagamento em X2: 8.700 - Pagamento de compras feitas em X0: 7.100 - Pagamento de despesas administrativas de X1: 9.900 - Integralização de capital em dinheiro: 2.127 - Pagamento de dividendos: 1.455 - Venda à vista de veículo de uso próprio: 9.340 - Venda a prazo de veículo para recebimento em X2: 12.000 - Compra à vista de terreno: 16.100 - Pagamento antecipado de aluguéis de X2: 700 - Pagamento de tributos referentes a X0: 1.300 - Pagamento de tributos referentes a X1: 2.400 - Adiantamentos de clientes referentes a vendas de X2: 5.600 - Empréstimo a acionistas: 11.000 - Realização de empréstimo bancário para pagamento em X2: 2.310 www.cers.com.br 4 - Pagamento, em X1, de parcelas de um veículo comprado a prazo no ano de X2: 1.314 a) Fluxo das Atividades Operacionais (FAO) Entradas..................................................... 36.000 Recebimento Clientes : 12.800+17.600+5.600 Saídas......................................................... 30.100 Pagamento Fornecedores: 8.700 + 7.100 Pagamento despesas administrativas: 9.900+700 Pagamentos de tributos: 1.300 + 2.400 Caixa líquido das atividades operacionais..... 5.900 b) Fluxo das Atividades de Investimento (FAI) Entradas....................................................... 9.340 Recebimento pela venda de imobilizados: 9.340 Saídas......................................................... 27.100 Compra à vista de terreno: 16.100 Empréstimo a acionistas: 11.000 Caixa líquido das atividades investimento.. (17.760) c) Fluxo das Atividades de Financiamento (FAF) Entradas................................................ 4.437 Integralização de capital: 2.127 Empréstimo bancário: 2.310 Saídas................................................... 2.769 Pagamento de dividendos: 1.455 Pagamento de parcelas veículo: 1.314 Caixa líquido das atividades financiamento... 1.668 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: A soma dos caixas líquidos dos três fluxos coincide sempre com a variação das disponibilidades. Formas de Elaboração da DFC A DFC pode ser elaborada pelo método direto ou pelo indireto. A diferença entre um e outro consiste na forma de apresentação dos fluxos das atividades operacionais (FAO). Os fluxos das atividadesde investimento e de finan- ciamento são apresentados da mesma forma pelos dois métodos. No método direto, a apresentação dos fluxos das atividades operacionais é feita expondo-se diretamente os rece- bimentos e os pagamentos. Já no método indireto, a apresentação do FAO é feita tomando como ponto de partida o resultado líquido do exer- cício, o qual é obtido na última linha da Demonstração do Resultado do Exercício, fazendo-se os ajustes necessá- rios, inclusive quanto à conversão do regime de competência para o de caixa. EXEMPLO DE QUESTÃO DE PROVA As demonstrações contábeis da Cia. Só Pizza são apresentadas a seguir, sendo constituídas dos Balanços Patri- moniais em 31/12/2016 e 31/12/2017, e da Demonstração do Resultado de 2017: www.cers.com.br 5 Considere as seguintes informações: • A despesa financeira (juros) não foi paga. • O terreno foi vendido à vista. • O aumento de capital foi integralizado com R$ 50.000,00 em dinheiro e R$ 50.000,00 em imóveis. • Do valor dos imóveis adquiridos, R$ 50.000,00 foram pagos com recursos obtidos de um novo empréstimo e o restante com recursos da Cia. É correto afirmar que o fluxo de caixa das Atividades de: a) Financiamento foi R$ 150.000,00, positivo. b) Investimento foi R$ 20.000,00, negativo. c) Investimento foi R$ 70.000,00, negativo. d) Financiamento foi R$ 107.000,00, positivo. e) Investimento foi R$ 10.000,00, positivo. www.cers.com.br 6 Resolução: a) Fluxo de Caixa de Investimentos Entradas: - Venda Terreno: R$ 150.000 + 80.000 = 230.000 Saídas: - Compra Imóveis: R$ 300.000 – 50.000 = 250.000 TOTAL (20.000) b) Fluxo de Caixa de Financiamentos Entradas: - Empréstimos tomados: R$ 57.000 – 7.000 = 50.000 - Aumento do capital em dinheiro: 50.000 Saídas: 0 TOTAL: 100.000 c) Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais Δ Disponibilidades = Fluxo Caixa + Fluxo Financiamentos + Fluxo Investimentos 143.000 = Fluxo Caixa + 100.000 – 20.000 Fluxo Caixa = 63.000 EXEMPLO DE QUESTÃO DE PROVA A Demonstração do Resultado do ano de 2018 da empresa Importadora sem Fronteiras S.A. é apresentada a seguir (valores em reais): www.cers.com.br 7 Os Balanços Patrimoniais da empresa Importadora sem Fronteiras S.A., em 31/12/2017 e 31/12/2018, são os seguintes: No ano de 2018, a empresa não pagou as despesas financeiras, não liquidou qualquer empréstimo e não vendeu participações societárias nem equipamentos. O aumento de capital foi em dinheiro. Os valores, no ano de 2018, correspondentes ao Caixa das Atividades Operacionais e ao Caixa das Atividades de Financiamento foram, respectivamente, em reais, a) 346.000 (negativo) e 1.040.000 (positivo). b) 106.000 (negativo) e 1.040.000 (positivo). c) 106.000 (negativo) e 1.440.000 (positivo). d) 246.000 (negativo) e 1.040.000 (positivo). e) 246.000 (negativo) e 1.440.000 (positivo). Resolução: a) Fluxo das Atividades de Financiamento: Entradas: - Empréstimos Obtidos: 1.940.000 – 900.000 – 100.000 = 940.000 - Capital Social: 1.500.000 – 1.000.000 = 500.000 Saídas: 0 TOTAL: R$ 1.440.000 (positivo) b) Fluxo das Atividades de Investimentos: Entradas: - Terrenos: 460.000 + 140.000 = 600.000 Saídas: - Investimentos: 360.000 – 140.000 – 60.000 (Equival. Patrim.) = 160.000 - Equipamentos: 980.000 + 120.000 = 1.100.000 TOTAL: R$ 660.000 (negativo) c) Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais Δ Disponibilidades = Fluxo Caixa + Fluxo Financiamentos + Fluxo Investimentos 534.000 = Fluxo Caixa + 1.440.000 – 660.000 Fluxo Caixa = -246.000 www.cers.com.br 8 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA A Demonstração do Valor Adicionado, também chamada de Demonstração do Valor Agregado, tem por objetivo evidenciar a riqueza criada por uma empresa ao longo do exercício social e a forma como essa riqueza foi distri- buída a empregados, financiadores, governo e sócios, bem como a parcela dos lucros retida para investimento (para a entidade). É de apresentação obrigatória para as companhias de capital aberto. A DVA é feita a partir da DRE, mas apresenta algumas diferenças básicas: a) inclui a destinação do lucro do exercício; b) traz os valores das compras de estoques (e não o valor do custo das mercadorias vendidas); c) nos valores das compras, incluem-se os tributos. Segue um exemplo simplificado de estrutura de DVA: 1 – RECEITAS 1.1. Receita de Vendas 1.2. Outras Receitas 2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS 2.1. Custo das Mercadorias, Produtos e Serviços Vendidos 2.2. Materiais de Consumo, Energia Elétrica, Água, Serviços Terceiros 2.3. Outros 3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1 -2) 4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO (3-4) 6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1. Resultado de Equivalência Patrimonial 6.2. Receitas de Dividendos 6.3. Receitas Financeiras 7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1. Pessoal 8.2. Tributos 8.3. Remuneração de capitais de terceiros 8.4. Remuneração de capitais próprios 8.5. Lucros retidos/prejuízo do exercício EXEMPLO DE QUESTÃO DE PROVA Informações a respeito da riqueza econômica gerada por uma entidade e sobre a forma de distribuição dessa riqueza podem ser obtidas mediante a análise do(a): a) balanço patrimonial. b) demonstração das mutações do patrimônio líquido. c) demonstração do resultado do exercício. d) demonstração dos fluxos de caixa. e) demonstração do valor adicionado. EXEMPLO DE QUESTÃO DE PROVA Determinada empresa comercial apresentava as seguintes informações referentes ao primeiro semestre de 2013: Receita Bruta de Vendas ................................................ R$ 500.000,00 (-) Impostos sobre vendas ............................................... R$ 90.000,00 (=) Receita Líquida ........................................................ R$ 410.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas .............................. R$ 220.000,00 www.cers.com.br 9 (=) Lucro Bruto ................................................................ R$ 190.000,00 (-) Despesas operacionais Despesa de depreciação ......................................... R$ 20.000,00 Despesa com salários .............................................. R$ 10.000,00 (=) Lucro antes do IR e CSLL .......................................... R$ 160.000,00 (-) IR e CSLL .................................................................. R$ 24.000,00 (=) Lucro Líquido ............................................................. R$ 136.000,00 Sabe-se que o valor dos tributos recuperáveis referentes às mercadorias comercializadas no primeiro semestre foi R$ 30.000,00 e, além da obrigação assumida com fornecedores, nenhum gasto adicional foi necessário para colo- car as mercadorias em condições de serem vendidas. Com base nestas informações, o Valor Adicionado a Distri- buir gerado pela empresa, no primeiro semestre de 2013, foi: a) R$ 230.000,00. b) R$ 410.000,00. c) R$ 190.000,00. d) R$ 280.000,00. e) R$ 250.000,00. EXEMPLO DE QUESTÃO DE PROVA A demonstração do valor adicionado (DVA) evidencia o valor da riqueza gerada pela entidade, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, bem como a parcela da riqueza não distribuí- da. Estão entre os elementos que recebem a distribuição da riqueza da entidade, EXCETO: a) Empregados. b) Concorrentes no setor de atuação. c) Financiadores internos / sócios (capital próprio). d) Governo. e) Financiadores externos / credores (capital de terceiros). PÍLULAS TRATAMENTO CONTÁBIL DOS TRIBUTOS SOBRE VENDAS - Tributos não recuperáveis: integram o custo da mercadoria adquirida. - Tributos recuperáveis: não integram o custo da mercadoria adquirida. - Exceto se o enunciadodisser o contrário: • ICMS e ISS: consideram-se incluídos no valor da compra. • IPI: considera-se não incluído no valor da compra. EXEMPLO 1: determinada indústria adquiriu mercadorias no valor de R$ 2.000,00, sendo que o IPI incidente é de 15% e o ICMS é de 20%, pagando à vista em dinheiro. Nesse caso, ela fará o seguinte lançamento para contabilização dessa compra: D – Mercadorias.................. 1.400,00 D – IPI a recuperar................ 300,00 D – ICMS a recuperar............ 600,00 C – Caixa............................... 2.300,00 EXEMPLO 2: uma empresa comercial adquiriu a prazo mercadorias no valor de R$ 5.000, com ICMS incidente de 18% e IPI de 10%. Nesse caso, a empresa, por ser comercial, não é contribuinte do IPI. Assim, o lançamento a ser feito será: www.cers.com.br 10 D – Mercadorias................... 4.600,00 D – ICMS a recuperar............ 900,00 C – Caixa............................... 5.500,00 DIVISÃO DO ATIVO RECEITAS E DESPESAS ANTECIPADAS Não são receitas e despesas de fato, mas representam valores recebidos ou pagos antecipadamente, ou seja, antes de ocorrido o fato gerador e antes do período de referência.
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