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CORREÇÃO CIRÚRGICA INTRAUTERINA DA MIELOMENINGOCELE Amanda Carolina Zicatti da Silveira Discente Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE Mariane Sofiatti Ruberto Discente Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE Ana Letícia Mozatto Romanini Discente Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE analeticiaromanini@gmail.com Laura Rezende Discente Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE Resumo: a mielomeningocele (MMC) é um defeito no tubo neural que resulta de uma falha no fechamento do mesmo durante a quarta semana de embriogênese, podendo causar diferentes graus de disfunção neurológica dependendo do nível da lesão (Ulsenheimer et al, 2004). Segundo Bevilacqua e Pedreira (2015) há alguns anos surgiu a cirurgia fetal que pode favorecer o desenvolvimento neurológico, sendo que atualmente existem duas técnicas para a realização da cirurgia antenatal: a cirurgia a céu aberto, que utiliza a laparotomia materna em seu procedimento e a cirurgia por meio da fetoscopia que utiliza uma entrada percutânea tripla. O presente estudo objetiva avaliar a eficácia dos tipos de cirurgia realizadas em fetos com MMC e suas consequências pós-cirúrgicas. Foram selecionados 19 artigos rastreados nas bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, onde foram combinadas aleatoriamente as palavras chaves em português e inglês: mielomeningocele, fetoscopia, intraútero e medicina fetal, publicados nos últimos 14 anos. Em relação aos artigos revisados detectou-se 2 técnicas reparatórias: a cirurgia fetal aberta e a cirurgia minimamente invasiva com fetoscópio. Independente da técnica empregada, o reparo feito no período pré-natal parece ser capaz de resultar na mudança do nível da lesão. Porém, na técnica a céu aberto foram identificados diversos riscos maternos associados a esse procedimento, enquanto na técnica endoscópica, evidencia-se um reparo minimamente invasivo, protegendo a medula da exposição ao líquido amniótico e, portanto, tornando-a mais segura. Devido à alta incidência de MMC e as incapacidades crônicas graves que esta proporciona na vida de pacientes, há grande importância na realização de cirurgia para correção de tal anomalia. Considerando que a via fetoscopia apresenta melhores consequências do que a via a céu aberto, esta deve ser de melhor escolha para sobrevida e o sucesso do procedimento serem mais favoráveis. Palavras-chave: Correção cirúrgica. Intrauterina. Mielomeningocele. Área do conhecimento: Saúde. mailto:analeticiaromanini@gmail.com 1. Introdução. A meningomielocele (MMC) é um tipo de defeito do fechamento do tubo neural que envolve o não fechamento dos arcos vertebrais posteriores, com protusão da medula espinhal.1 Essa malformação congênita atinge, principalmente, a região lombossacra. Estudos demonstram que há hidrocefalia em 80 a 90% dos casos, envolvendo, também, os tecidos sobrejacentes à medula espinhal e ao arco vertebral1,5,13. A formação do tubo neural ocorre em duas etapas, sendo a primeira denominada neurulação primária. Ela ocorre da quarta à quinta semana de gestação e corresponde a formação do tubo neural da região lombar alta até à craniana. A neurulação secundária, a qual ocorre por volta da sétima semana de gestação e consiste na formação do tubo neural da região lombar e sacra13. As causas que levam a esta malformação ainda são incertas, porém estão associadas a fatores genéticos e ambientais, como diabetes materna, deficiência de zinco, ingestão de álcool durante o primeiro trimestre da gestação, alimentação contaminada por inseticida, agentes anestésicos, drogas anticonvulsivantes, entre outros, sendo o principal fator a carência de ácido fólico7,12,13. Indivíduos afetados pela doença podem apresentar graus variados de déficit motor, incontinência fecal e urinária, além de alterações do sistema nervoso central decorrentes da herniação dos elementos da fossa posterior para o canal medular3,5. O diagnóstico pode ser identificado no pré-natal, graças à evolução da medicina fetal. Destacam-se os exames de ultrassonografia (USG) de alta resolução e bioquímica (dosagem de alfa fetoproteína plasmática no líquido amniótico (LA) e acetilcolinesterase)12,13. Até pouco tempo atrás, o tratamento da doença só era possível após o nascimento, consistindo na correção cirúrgica do defeito na coluna com sutura por planos. Esse fechamento acaba levando ao ancoramento da medula ao sítio cirúrgico e, com o crescimento da criança, poderiam surgir alterações neurológicas associadas ao estiramento da medula e das raízes nervosas. O conjunto de sintomas clínicos associados a esse ancoramento é denominado síndrome de medula presa3,5. O benefício potencial da cirurgia intraútero consiste na melhora do prognóstico global da criança, podendo ser considerada como um fator de neuroproteção, além de prevenir a síndrome da medula presa. Especificamente nos casos de MMC, os procedimentos neurocirúrgicos fetais podem ser realizados através de cirurgias a céu aberto ou por meio de fetoscopia5,12. O objetivo desse estudo é avaliar a eficácia dos dois tipos de cirurgia realizadas em fetos com mielomeningocele, por meio da fetoscopia e pela cirurgia fetal a céu aberto e suas consequências pós-cirúrgicas, enfatizando a melhor técnica e as vantagens e desvantagens de cada uma. 2. Métodos. Este é um estudo de revisão narrativa e descritiva. Foram pesquisados os artigos publicados na base de dados do PubMed, Lilacs e SciELO em um período de 14 anos (2003 a 2017). O descritor utilizado foi “mielomeningocele”, tendo sido pesquisadas as seguintes palavras-chave, em português e inglês, e suas combinações: “intraútero”, “medicina fetal”, “fetoscopia”, “cirurgia uterina”. Foram incluídos na pesquisa 18 artigos, sendo todos em língua inglesa, portuguesa ou espanhola. Os estudos encontrados foram divididos de acordo com a metodologia científica utilizada. Foram selecionados para revisão os estudos realizados em humanos utilizando a técnica endoscópica e técnica a céu aberto após o estudo MOMS (Management of Myelomeningocele Study). Foram excluídos estudos que abordavam apenas os aspectos éticos-legais e os estudos de opinião (apenas artigos originais foram incluídos), priorizando a técnica utilizada e seus desdobramentos. 3. Resultados. O estudo sugeriu que os pacientes submetidos à cirurgia pré-natal apresentaram melhores resultados, como o aumento de duas vezes da probabilidade de deambulação, apesar da prematuridade (13% dos nascidos pós-cirurgia fetal nasceram antes de 30 semanas) comparados a pacientes submetidos ao reparo pós natal . Além disso, a correção proporcionou redução da herniação cerebelar, melhorando o fluxo do líquido cefalorraquidiano e resultando em menor de necessidade de DVP para 40% no grupo pré-natal contra 80% no grupo de correção pós-natal, conforme ilustrado pelo gráfico na Figura 15. Figura 1. Gráfico elaborado a partir dos dados do estudo Management of Myelomeningocele Study mostra redução expressiva de casos com malformação de Arnold-Chiari II operados no período pré-natal quando comparados aos operados no período pós natal5 O reparo feito no período pré-natal parece ser capaz de resultar na mudança do nível da lesão. Na cirurgia a céu aberto observa-se uma mudança de dois níveis ou mais em 32% (12% na cirurgia pós-natal), um nível em 11% (9% na cirurgia pós- natal), nenhuma diferença em 23% (25% na cirurgia pós-natal), um nível pior em 21% (25% na cirurgia pós-natal) e dois níveis piores em 13% (28% na cirurgia pós-natal)6. Na técnica de céu aberto apresentou-se elevada morbidade materna, apresentando altas taxas de trabalho de parto prematuro, necessidade de transfusão sanguínea materna no parto, descolamento prematuro de placenta,edema agudo de pulmão materno após a cirurgia fetal por efeito dos tocolíticos necessários, deiscência ou afinamento da parede uterina em quase 25% dos casos. A presença da cicatriz uterina fora do segmento também tornou necessário que todos os partos fossem cesáreas5. Na técnica de fetoscopia em sua mais recente casuística publicada, o sucesso na correção foi obtido em 16 de um total de 19 casos. O risco de ruptura do útero, uma das principais complicações maternas da cirurgia a céu aberto, é mais baixo na fetoscopia. A técnica inovadora está associada a menor morbidade materna do que a cirurgia fetal aberta e com o bom ou melhor resultado neurológico dos lactentes6,18. Os resultados sugerem que a taxa de colocação de shunt ventriculoperitoneal foi de 40% versus 45% para cirurgia aberta e cirurgia endoscópica. A taxa de reversão da hérnia de hidden foi 34% versus 86%, sendo que as taxas de função das extremidades inferiores foram 47% versus 86% e as taxas de disfunção vesical para ambos os grupos foram de 72% versus 29% respectivamente15. Todos os resultados estão apresentados na Figura 2. FIGURA 2. Gráficos elaborados com os resultados do estudo de lactentes acompanhados pelo menos 12 meses após a cirurgia fetal aberta e endoscópica para o tratamento da espinha bífida15 4. Discussão. O complexo de malformações do sistema nervoso central causada pela mielomeningocele, conhecida como malformação de Arnold-Chiari do tipo 2 pode levar a uma dilatação progressiva dos ventrículos cerebrais, tornando necessária uma derivação ventrículo-peritoneal (DVP) para tratamento da hidrocefalia. A DVP é realizada implantando-se um sistema valvar permanente, que pode levar a complicações que afetariam secundariamente o desenvolvimento neuropsicomotor, tais como infecção, mal funcionamento e obstrução.5 0% 20% 40% 60% 80% 100% Colocação de Shunt Reversão da Hérnia Função das extremidades Disfunção vesical Endoscópica Endoscópica 0% 20% 40% 60% 80% Colocação de Shunt Reversão da Hérnia Função das extremidades Disfunção vesical Céu Aberto Céu Aberto De acordo com as pesquisas realizadas a cirurgia fetal aberta e a endoscópica para MMC apresentou taxas similares de shunt ventriculoperitoneal em crianças seguidas pelo menos 12 meses e taxas menores em relação à cirurgia pós-natal5,16. Apesar de as primeiras tentativas de correção antenatal da mielomeningocele em humanos terem sido realizadas pela via endoscópica, aproximadamente em 1999, o fracasso na utilização dessa via, por dificuldades técnicas e alta taxa de complicações como prematuridade, amniorrexe e alta mortalidade fetal, levou ao seu abandono, e a correção a céu-aberto passou a ser largamente utilizada. 4. 1 Cirurgia fetal a céu aberto. A técnica neurocirúrgica clássica é utilizada para a correção do defeito (fechamento em três planos de sutura: dura-máter, aponeurose e pele). No entanto, os riscos maternos associados a esse procedimento são elevados5. Ela consiste da exposição do útero materno por meio de laparotomia e hiaterotomia, sendo realizada a abertura do miométrio e das membranas amnióticas até a exposição direta do feto2,5,13. Embora existam benefícios potenciais para as crianças, esta técnica apresenta elevada morbidade materna e elevado risco de infecção do LA e seu contato com a medula.5 4.2 Cirurgia fetal endoscópica. Alguns pesquisadores passaram a estudar a viabilidade de técnicas minimamente invasivas através da fetoscopia com o intuito de reduzir o risco materno causado pela técnica a céu aberto4,12. Ela tem sido utilizada por meio de uma entrada percutânea tripla, até ser atingido o interior da cavidade uterina, conforme ilustrado na Figura 3. Pesquisadores investigaram uma abordagem diferenciada de fechamento do defeito para ser aplicada através de fetoscopia, utilizando uma película de celulose e uma técnica de fechamento de camada única, considerada mais simples. Esta técnica foi recentemente aplicada com sucesso em humanos, porém os resultados ainda são preliminares3,4,5. Figura 3. Ilustração da técnica endoscópica para correção da meningomielocele, desenvolvida por Pedreira et al.15 4.3 Cirurgia aberta versus cirurgia endoscópica. Tal como a abordagem cirúrgica fetal aberta, a cobertura cutânea fetoscópica percutânea da malformação visa proteger o tecido da medula espinhal, inverter a hérnia do encéfalo e reduzir a necessidade de inserção ventriculoperitoneal pós-natal. A abordagem fetoscopia percutânea de acesso mínimo evita laparotomia e histerotomia. Assim, a dor materna e desconforto são geralmente mínimas após o segundo dia de recuperação cirúrgica. Além disso, a maioria das mulheres grávidas pode ter alta do hospital em uma semana. A reparação do defeito do tubo neural aberto por fetoscopia não parece aumentar as complicações materno-fetais em comparação com a reparação por histerotomia, permite o parto vaginal e pode reduzir os riscos maternos a longo prazo17. Apesar desses riscos, a cirurgia fetal aberta tornou-se o padrão-ouro para o tratamento da mielomeningocele e a busca por técnicas minimamente invasivas para aumentar a segurança materna tornou-se o desafio atual na cirurgia de terapia fetal. Atualmente, apenas dois grupos têm adotado uma abordagem endoscópica completamente percutânea para o tratamento pré-natal da mielomeningocele. Um grupo da Alemanha e um do Brasil,, ambos os grupos usam fetoscopia com insuflação parcial de dióxido de carbono, porém as técnicas cirúrgicas para o reparo em si são diferentes18. 4.4 Atualidade. Uma nova técnica para cirurgia fetoscópica vem sendo estudada. Nela o útero é exteriorizado através de uma baixa incisão abdominal transversal e o feto é então manipulado para a posição usando uma técnica de versão externa sob guia de ultra- som. Com a esperança de desenvolver uma técnica fetoscópica confiável e segura em seres humanos que proporcione acesso fetal satisfatório, produza resultados neurocirúrgicos equivalentes ao método aberto, permita o parto vaginal e diminua o risco materno e obstétrico da cirurgia fetal aberta19. 5. Conclusão. Devido à alta incidência de mielomeningocele e as incapacidades crônicas graves que esta proporciona na vida de pacientes (déficit motor, incontinência fecal e urinária e alterações do sistema nervoso central), há grande importância na realização de cirurgia para correção de tal anomalia. Visto que resultados estudados foram considerados pouco animadores em cirurgia pós-natal (propicia o ancoramento da medula ao sítio cirúrgico) observa-se a relevância em realizar-se a correção intrauterina, onde, a idade gestacional ideal para correção de defeito fetal encontra-se entre a 20a e 25a semana e seis dias e melhores resultados são observados quanto mais precoce a cirurgia. Existem dois métodos de abordagem cirúrgica pré-natal: céu aberto e fetoscopia. Na abordagem a céu aberto, há exposição do útero gravídico e riscos maternos associados a esse procedimento são consideráveis (elevada mortalidade materna, elevado risco de infecção, descolamento de placenta, etc.). Na cirurgia de vídeo, considerada minimamente invasiva, a mortalidade materna reduzida, menor chance de prematuridade precoce (<35 semanas) e menor exposição do líquido amniótico. Visto que não existe trabalhos e número de casos suficiente para afirmar qualquer tipo de conclusão, não há como ser favorável a uma técnica em detrimento da outra, as duas contém riscos e benefícios particulares. 6. Referências bibliográficas. 1. Sbragia L. Tratamento das malformações fetais intraútero. Rev Bras Ginecol Obstetr. 2010-32(1):47-54. 2. Marenco ML, et al. Corrección intrauterina de mielomeningocele: experiência del programa de medicina y terapia fetal del Hospital Universitario Virgen del Rocío. 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