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Atividades de aprendizagem • Na empresa onde você trabalho há políticas internas específicas para ofe- recer apoio a pessoas com deficiência? Anotações e-Tec Brasil71 e-Tec Brasil73 Aula 15 – A segurança no trabalho para pessoas com deficiência Nesta aula, vamos apresentar e discutir a forma como os ges- tores estão adequando o ambiente de trabalho para receber as pessoas com deficiência contratadas pela organização ofe- recendo-lhes condições adequadas e seguras para o desempe- nho de suas funções além de qualidade de vida. Você vai perceber que valorizando a diversidade, promovendo o relacio- namento saudável com todos que nos cercam e aprendendo que ter uma deficiência – seja ela congênita ou adquirida - é sinônimo de superação e não de limitação, servindo inclusive de exemplo para todos nós. 15.1 Conceito de deficiência Inicialmente, vale ressaltar que o conceito de deficiência está relacionado à anormalidade completa ou parcial das funções do corpo humano que acar- rete comprometimento das funções física, auditiva ou visual (AMIRALIAN et al, 2009; CARVALHO-FREITAS, 2009). Classificação da conceituação de deficiência Deficiência: perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções men- tais. Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão. Incapacidade: restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para desempenhar uma atividade considerada normal para o ser huma- no. Surge como consequência direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência psicológica, física, sensorial ou outra. Representa a objetivação da deficiência e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e comportamentos essenciais à vida diária. Desvantagem: prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de acordo com a idade, sexo, fatores sociais e culturais Caracteriza-se por uma discordância entre a capacidade individual de realização e as expec- tativas do indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização da deficiência e relaciona-se às dificuldades nas habilidades de sobrevivência. Fonte: AMIRALIAN et al. Rev. Saúde Pública vol.34 n.1 São Paulo Feb. 2009. 15.2 Pessoas com deficiência no ambiente de trabalho A Lei n. 8.213 de 1991, regulamentada em 1999, com a publicação do De- creto n. 3.298 estabelece a reserva legal de cargos para pessoas com deficiên- cia. Estabelece que as empresas devem contratar um determinado percentual de pessoas com deficiência em função do número de empregados que tiver em seu quadro, ou seja: Tabela 15.1: Percentual de pessoas com deficiência em função do número de funcionários. Número de empregados no quadro da organização Percentual de empregados com de- ficiência que a organização é obri- gada a contratar de 100 a 200 2% de 201 a 500 3% de 501 a 1.000 4% de 1.001 em diante 5% Fonte: BRASIL, ANO. Disponível em: http://www.mte.gov.br/fisca_trab/inclusao/lei_cotas.asp Acesso em: 04 mar. 2012. No entanto, Carvalho-Freitas (2009) enfatiza que as organizações não estão preparadas para receber pessoas com deficiência em seu quadro de funcio- nários dadas as condições de trabalho que estes trabalhadores necessitam. Além disso, há que se considerar ainda a satisfação que buscam e encontram no ambiente de trabalho, fato que transcende a busca pelo desempenho e precisa ser considerado pelas organizações em suas decisões cotidianas. Para avaliar o nível de limitação de um trabalhador, Stephens e Hétu (1991) sugerem que se realize entrevistas, aplique questionários ou testes. Desta maneira, a organização pode conhecer as limitações ou incapacidades do trabalhador reunindo subsídios para oferecer-lhe um ambiente de trabalho seguro e saudável. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 74 http://www.mte.gov.br/fisca_trab/inclusao/lei_cotas.asp Acesso em: 04 mar. 2012 15.3 Segurança e medicina no trabalho para pessoas com deficiência Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, para facilitar a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho, a empresa pode adotar o Programa de Gestão de Questões Relativas à Deficiência no Local de Tra- balho incluindo-o no PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. A OIT – Organização Internacional do Trabalho orienta as organizações nesta direção com o objetivo de oferecer às pessoas com deficiência igualdade de acesso e oportunidade a um ambiente seguro e saudável para seu desenvolvimento profissional. No que diz respeito aos aspectos ergonômicos do espaço físico, equipamen- tos e organização do trabalho, vale ressaltar que os parâmetros a serem res- peitados incluem: ajustes dos equipamentos; das estações de trabalho; das tarefas a serem desempenhadas e do tempo para sua execução; e adaptação do espaço físico. Definições estabelecidas pela Lei n. 10.098 de 19/12/2000 para promoção de acessibilidade de pessoas com deficiência. A Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, regulamentada pelo Decre- to n. 5.296 de 2004 estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e refor- ma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. Para fins dessa Lei são estabelecidas as seguintes definições: 1. Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; 2. Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o aces- so, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pes- soas, classificadas em: e-Tec Brasil75 • Barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; • Barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edi- fícios públicos e privados; • Barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transporte; • Barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por inter- médio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa. Fonte: BRASIL, ANO. Disponível em: http://www.mte.gov.br/fisca_trab/inclusao/lei_cotas_10.asp Acesso em: 04 mar. 2012. A questão que se impõe aqui é: em que medida estes ajustes devem ser fei- tos? Minha sugestão é que o trabalhador com deficiência seja consultado a este respeito. Reunir e conversar com as pessoas com deficiência que atuam no ambiente de trabalho é o melhor caminho para efetuar adequadamente os ajustes necessários para que seu desempenho profissional seja possibilita- do, oferecendo-lhe um ambiente digno de trabalho. Observe ainda que o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econô- mico e Social por meio do PAIS - Programa de Apoio a Investimentos Sociais de Empresas disponibiliza recursos para que as organizações realizem pro- gramas de adaptação necessários para incluir pessoas com deficiência. Sobre este tema, consulte o link http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/ sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/inf_bndes/ inf_1203_0104.pdf Resumo Nesta aula, vimos que o conceito de deficiência volta-se para a perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente de uma pessoa. Conhecemos a obrigatoriedadeimposta às organizações para contratação de um percentual de pessoas com deficiência em seu quadro de trabalho. Discutimos também o caminho para que a organização realize os ajustes necessários para receber pessoas com deficiência em seu quadro de funcionários e vimos que o BNDES disponibili- za financiamento para obras de adaptação. Leia o artigo acadêmico intitulado “Inserção e gestão do trabalho de pessoas com deficiência: um estudo de caso” de autoria de Maria Nivalda de Carvalho Freita e publicado na RAC Revista de Administração Contemporânea da Associação da ANPAD – Associação Nacional de Pós-Graduação e pesquisa em Administração. O artigo está disponível no link http:// www.scielo.br/pdf/rac/v13nspe/ a09v13nspe.pdf, acesso em: 17 maio 2013. Acesse também o link http://www.scielosp.org/ scielo.php?pid=S0034- 89102000000100017&script=sci_ arttext&tlng=ptpt e leia o artigo acadêmico “Conceituando deficiência” publicado na Revista de Saúde Pública. Saiba mais sobre a Lei de Cotas acessando o link http://www. mte.gov.br/fisca_trab/inclusao/ lei_cotas.asp, acesso em: 17 maio 2013. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 76 Atividades de aprendizagem • Verifique na empresa onde você trabalha quais são as medidas adotadas para receber pessoas com deficiência. Caso elas ainda não tenham sido discutidas ou implementadas, reflita sobre os caminhos para fazê-lo. Anotações e-Tec Brasil77 e-Tec Brasil79 Aula 16 – Interculturalidade, relações interpessoais e a conduta ética profissional Nesta aula, vamos tratar do relacionamento ético pessoal e profissional com outras culturas e seu impacto no nosso cresci- mento pessoal e no sucesso profissional. Vimos nas últimas aulas que, a diversidade é uma dimensão presente em nosso país e com a qual convivemos buscando nosso aprimoramento como indivíduos e como profissionais. 16.1 A influência do contexto cultural no comportamento ético profissional Organizações que possuem filiais ou unidades industriais no exterior inter- nacionalizam também as normas de segurança no trabalho. Evidentemen- te, quando se trata de implementar estas normas no Brasil, os obstáculos enfrentados são diferentes daqueles provenientes de diferentes culturas, a começar pelo idioma, como vimos em aulas anteriores. Montana e Charnov (2010, p. 455) alertam para o perigo de se tentar im- plantar normas em organizações instaladas em outros países da mesma ma- neira que se faz no Brasil. Os autores sugerem que “a empresa também deve procurar opiniões e conselhos locais sobre a prática dos negócios. Insistir que todos os negócios devem ser feitos segundo o modelo do país sede leva ao fracasso inevitável.” 16.2 A moral brasileira Você se lembra daquela série exibida pela TV Globo: “Você decide”? Em cada episódio, temas polêmicos eram apresentados e provocavam sérias dis- cussões entre os telespectadores. Em um dos episódios intitulado “Cobiça”,a situação apresentada envolvia uma secretária que recebia uma oferta irrecu- sável para servir como “laranja” de uma empresa fictícia e de uma “conta corrente fantasma”. A pergunta do episódio era: “Você abriria mão de seus princípios em nome de uma vida melhor?”. Srour (2003, p. 217) traz em sua obra os resultados obtidos pelo programa de TV: 24,3% indicaram que a secretária deveria denunciar o caso à polícia; 27,2% sugeriram que ela pedisse demissão e não revelasse nada a ninguém. A grande maioria: 48,5% optaram pela conivência da secretária ao esquema que lhe foi proposto. Ao somarmos os dois primeiros resultados, teremos uma situação de quase empate entre o “sim” e o “não”. Você acredita que se esta situação tivesse acontecido em outro país, o resultado seria diferente? Certa vez, morando fora do meu domicílio eleitoral, fui justificar o voto jun- tamente com um casal suíço que observou a necessidade deste procedimen- to e as sanções a que o eleitor brasileiro sofre no caso do não cumprimento das obrigações eleitorais. Eles contaram que as eleições em seu país não seguiam o mesmo procedimento que o nosso. As pessoas simplesmente se dirigiam aos locais de votação e faziam suas escolhas num equipamento preparado para isso digitando seu número de identificação, isso sem moni- toramento de ninguém. Eu (na minha santa ingenuidade!) perguntei como, no país dela, se evita que uma pessoa vote pela outra. Surpresa com minha dúvida, a mulher me respondeu com outra pergunta: “Quem faria isso?”. Frequentemente me lembro desta cena e me questiono sobre a influência da cultura sobre nossa maneira de pensar e agir. Reflita sobre sua opinião. Resumo Nesta aula, discutimos a influência da cultura sobre o modo de pensar e agir das pessoas. Apresentamos casos para reflexão sobre a opinião do brasilei- ro e de uma pessoa de outra nacionalidade face a situações cujo compor- tamento ético foi colocado à prova. Normas que são implementadas com sucesso no país sede de uma organização podem não funcionar numa filial ou numa planta industrial em outro país. As opiniões das pessoas de outras culturas devem ser consideradas para se garantir que as normas sejam im- plantadas e cumpridas. Atividades de aprendizagem • Ao ler a matéria sobre a “Lei Seca” http://veja.abril.com.br/idade/ exclusivo/perguntas_respostas/lei_seca/index.shtml) reflita sobre o seguinte: qual a relação que você percebe entre impor uma norma para controlar a conduta das pessoas e fiscalizar o cumprimento desta norma. Somente impor uma lei é suficiente ou então bastaria uma fiscalização mais rigorosa? “A diversidade cultural no Brasil” é o título do artigo disponível no link http://www.brasilescola. com/brasil/a-diversidade- cultural-no-brasil.htm acesso em: 17 maio 2013. Neste texto, você encontra abordadas as peculiaridades culturais de nosso país presentes em diversas regiões. Maria Augusta Orofino publicou no link http://www. mariaaugusta.com.br/categoria/ eventos/page/3, acesso em: 17 maio 2013 o artigo “Eventos empresariais no exterior”. Leia e reflita sobre os aspectos éticos envolvidos nas questões abordadas pela autora. Leia a matéria “Lei Seca” disponível no link http://veja. abril.com.br/idade/exclusivo/ perguntas_respostas/lei_seca/ index.shtml que discute os motivos para impor um limite para o teor alcoólico no organismo sujeitando seus infratores às penalidades da legislação. Nesta matéria, você conhece também outros países que também adotam este procedimento. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 80 Aula 15 – �A segurança no trabalho para pessoas com deficiência 15.1 Conceito de deficiência 15.2 �Pessoas com deficiência no ambiente de trabalho 15.3 �Segurança e medicina no trabalho para pessoas com deficiência Aula 16 – �Interculturalidade, relações interpessoais e a conduta ética profissional 16.1 �A influência do contexto cultural no comportamento ético profissional 16.2 A moral brasileira
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