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Um novo ciclo para o ensino super
As instituições que investem em inovação acadêmica têm um corpo docente mais 
qualificado, alunos com melhor desempenho, menores índices de evasão 
taxas de empregabilidade 
atração de estudantes. 
Porém, muitas delas se queixavam da dificuldade de ver todos esses resultados 
refletidos em um Conceito Institucional (CI) 4 ou 5, uma realid
publicação dos novos instrumentos de avaliação.
Agora, os projetos acadêmicos inovadores serão valorizados e essa é uma das grandes 
novidades dos documentos. Um
Expertise Educação revelou que a palavra “inovação”, que sequer aparecia nos 
instrumentos antigos de avaliação de cursos e de credenciamento, agora é citada 16 
vezes e 15 vezes, respectivamente. No instrumento de recredenciamento, a menção a 
ela foi triplicada. 
O maior uso dos termos “aprendizagem” e “tecnologia” reforça essa mudança de 
posicionamento, pois sinaliza que a adoção de tecnologias educacionais e estratégias 
que favoreçam efetivamente o aprendizado, como as metodologias ativas de ensino, 
serão bem recebidas. A mesma leitura pode ser feita sobre o emprego mais frequente 
ou até inédito de “interdisciplinaridade” e “empreendedorismo”.
“Os cursos que preveem projetos
compondo os conteúdos das disciplinas, adotando métodos ativos e propondo, 
quando for o caso, soluções reais a problemas terão sucesso nesses indicadores, com 
certeza”, analisa Ana Maria Sousa, assessora da r
 
Qualidade vs quantidade
A mudança do caráter dos instrumentos é outro destaque. Se antes eles eram 
marcadamente quantitativos e centrados no cumprimento da legislação, hoje eles 
podem ser definidos como qualitativos. Não basta mais i
experiência têm os docentes para atestar sua qualidade.
Esse indicador será medido em outros termos: a partir de agora ele dependerá de 
evidências que comprovem que estão, de fato, promovendo a aprendizagem, como 
exemplifica Sueli Macedo Silveira, coordenadora
novo ciclo para o ensino superior 
 
As instituições que investem em inovação acadêmica têm um corpo docente mais 
qualificado, alunos com melhor desempenho, menores índices de evasão 
taxas de empregabilidade – para não falar na boa reputação no mercado e na maior 
Porém, muitas delas se queixavam da dificuldade de ver todos esses resultados 
refletidos em um Conceito Institucional (CI) 4 ou 5, uma realidade que mudou com a 
publicação dos novos instrumentos de avaliação. 
Agora, os projetos acadêmicos inovadores serão valorizados e essa é uma das grandes 
novidades dos documentos. Uma análise feita pelo Semesp em parceria com a 
Expertise Educação revelou que a palavra “inovação”, que sequer aparecia nos 
instrumentos antigos de avaliação de cursos e de credenciamento, agora é citada 16 
vezes, respectivamente. No instrumento de recredenciamento, a menção a 
O maior uso dos termos “aprendizagem” e “tecnologia” reforça essa mudança de 
posicionamento, pois sinaliza que a adoção de tecnologias educacionais e estratégias 
favoreçam efetivamente o aprendizado, como as metodologias ativas de ensino, 
serão bem recebidas. A mesma leitura pode ser feita sobre o emprego mais frequente 
ou até inédito de “interdisciplinaridade” e “empreendedorismo”. 
“Os cursos que preveem projetos integradores em suas matrizes e os desenvolvem 
compondo os conteúdos das disciplinas, adotando métodos ativos e propondo, 
quando for o caso, soluções reais a problemas terão sucesso nesses indicadores, com 
certeza”, analisa Ana Maria Sousa, assessora da reitoria da Unicesumar.
Qualidade vs quantidade 
A mudança do caráter dos instrumentos é outro destaque. Se antes eles eram 
marcadamente quantitativos e centrados no cumprimento da legislação, hoje eles 
podem ser definidos como qualitativos. Não basta mais informar quantos anos de 
experiência têm os docentes para atestar sua qualidade. 
Esse indicador será medido em outros termos: a partir de agora ele dependerá de 
evidências que comprovem que estão, de fato, promovendo a aprendizagem, como 
acedo Silveira, coordenadora-geral de Avaliação de Cursos de 
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As instituições que investem em inovação acadêmica têm um corpo docente mais 
qualificado, alunos com melhor desempenho, menores índices de evasão e elevadas 
para não falar na boa reputação no mercado e na maior 
Porém, muitas delas se queixavam da dificuldade de ver todos esses resultados 
ade que mudou com a 
Agora, os projetos acadêmicos inovadores serão valorizados e essa é uma das grandes 
feita pelo Semesp em parceria com a 
Expertise Educação revelou que a palavra “inovação”, que sequer aparecia nos 
instrumentos antigos de avaliação de cursos e de credenciamento, agora é citada 16 
vezes, respectivamente. No instrumento de recredenciamento, a menção a 
O maior uso dos termos “aprendizagem” e “tecnologia” reforça essa mudança de 
posicionamento, pois sinaliza que a adoção de tecnologias educacionais e estratégias 
favoreçam efetivamente o aprendizado, como as metodologias ativas de ensino, 
serão bem recebidas. A mesma leitura pode ser feita sobre o emprego mais frequente 
integradores em suas matrizes e os desenvolvem 
compondo os conteúdos das disciplinas, adotando métodos ativos e propondo, 
quando for o caso, soluções reais a problemas terão sucesso nesses indicadores, com 
eitoria da Unicesumar. 
A mudança do caráter dos instrumentos é outro destaque. Se antes eles eram 
marcadamente quantitativos e centrados no cumprimento da legislação, hoje eles 
nformar quantos anos de 
Esse indicador será medido em outros termos: a partir de agora ele dependerá de 
evidências que comprovem que estão, de fato, promovendo a aprendizagem, como 
geral de Avaliação de Cursos de 
 
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Graduação e Instituições de Educação Superior do Inep. “Não estamos mais 
verificando exclusivamente o cumprimento da legislação”, reforça. 
Mais um exemplo nessa linha é a exclusão do indicador de porcentagem de mestres e 
doutores que um curso de graduação deve manter em seu corpo docente. “Esse, 
talvez, seja o avanço mais significativo dos novos instrumentos de avaliação de cursos 
de graduação. Quantidades de mestres e doutores ou de professores em tempo 
integral não interferem mais na avaliação de qualidade do corpo docente”, comenta 
Paulo Cardim, presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior 
(Conaes) e reitor do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. 
Para a obtenção do Conceito 3 (considerado ‘satisfatório’) no “Indicador 2.5. Corpo 
docente: titulação”, será avaliado se “o corpo docente analisa os conteúdos dos 
componentes curriculares, abordando a sua relevância para a atuação profissional e 
acadêmica do discente, e fomenta o raciocínio crítico com base em literatura 
atualizada, para além da bibliografia proposta”. 
Até 2016, o que se pedia para o mesmo conceito era um percentual de professores 
com pós-graduação stricto sensu maior ou igual a 30% e menor que 50%. 
Já no “Indicador 2.6 − Regime de trabalho do corpo docente”, as ins tuições poderão 
obter o CI 3 se constatado que “corpo docente permite o atendimento integral da 
demanda existente, considerando a dedicação à docência, o atendimento aos 
discentes, a participação no colegiado, o planejamento didático e a preparação e 
correção das avaliações de aprendizagem”. 
A indicação clara do Inep é de que agora isso é mais relevante do que verificar o 
percentual de professores que trabalham em regime de trabalho de tempo parcial ou 
integral. 
Nessa mesma essa lógica, o Inep retirou dos instrumentos os requisitos legais 
normativos. Mas isso não quer dizer que eles deixarão de ser cobrados, como 
esclarece Sueli Macedo Silveira. “Eles continuam presentes no instrumento, mas de 
forma diluída”, detalha. Dessa forma, a promoção da acessibilidade, por exemplo, será 
verificada em vários indicadores, e não apenas com perguntas que podem ser 
respondidas com um “sim” ou “não”. 
“Da forma como estava, o instrumento não avaliava de que maneira a instituição 
estava cumprindo o que a lei determinaem termos de acessibilidade. O nosso objetivo 
agora será verificar o grau de qualidade do cumprimento da lei”, explica a 
coordenadora de Avaliação do Inep. 
 
O olhar do avaliador 
Se por um lado as mudanças deixaram o documento menos burocrático e mais flexível 
para “aceitar” projetos diferentes, adequados ao perfil de cada IES e às especificidades 
locais, por outro tornaram a avaliação mais subjetiva. Esse ponto preocupa os gestores 
educacionais. 
“É inegável que houve avanços. A avaliação era quase um check list e agora se tornou 
mais sistêmica, mais contextualizada, mais respeitosa com as regionalidades. Porém, o 
grande desafio agora é preparar os avaliadores para essas mudanças. Eles precisarão 
 
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de sensibilidade para enxergar além dos números”, analisa Paulo Chanan, diretor de 
Regulação do Grupo Ser Educacional. 
Quanto a esse ponto, Sueli garante que todos os avaliadores passarão por um processo 
de capacitação. Como os instrumentos de credenciamento e recredenciamento foram 
separados, o Inep planeja manter bancos de avaliadores específicos para cada um 
desses momentos. “Eles terão perfis, conhecimentos e habilidades diferentes e 
adequados a cada uma das etapas da avaliação”, adianta. 
As instituições também terão de adequar a essas mudanças e isso será igualmente 
desafiador. Ana Sousa enfatiza que as IES precisarão preparar suas equipes para que 
elas compreendam o significado dos novos instrumentos e criem mecanismos 
adequados para atender cada um dos indicadores. Revisar os documentos 
institucionais – o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Projeto Pedagógico 
de Curso (PPCV) – deverá ser o primeiro passo. 
Sobre o PDI, o documento elaborado pelo Semesp recomenda que ele seja 
consistente, reflita as estratégias institucionais e defina tanto as políticas de ensino, 
pesquisa e extensão como as demais dimensões indicadas no instrumento de 
avaliação. “Quando analisamos o instrumento, percebemos que a palavra 
‘institucional’ aparece muitas vezes – e isso não é à toa. Não dá para existir ilhas de 
inovação. Todos os processos e atividades precisarão ser institucionalizados, mesmo 
que isso implique uma mudança de cultura da instituição”, afirma Fábio Reis, diretor 
de Inovação Acadêmica e Redes de Cooperação do Semesp. “As IES que têm altos 
conceitos comprovam que a inovação estava na raiz, no PDI”, completa. 
De forma similar, o PPC se tornou estratégico para a obtenção de uma boa avaliação. 
Ele deverá expressar o que a instituição quer daquele curso, além de descrever todos 
os projetos e iniciativas de inovação. Indo além, as ações previstas no PPC e as 
atividades pedagógicas dos cursos deverão ser acompanhadas de relatórios periódicos 
de modo que os avaliadores possam utilizá-los como evidências dos resultados 
declarados pela instituição. 
Não há dúvida de que o registro dessas informações será algo trabalhoso, mas isso vai 
promover um maior envolvimento entre os coordenadores pedagógicos e os 
professores e levar a eventuais revisões de práticas”, afirma Ana Sousa, da 
Unicesumar. 
 
Novo marco regulatório 
Mais do que valorizar as instituições que já priorizam a aprendizagem dos estudantes e 
trabalham com projetos pedagógicos consistentes e inovadores, os novos 
instrumentos deverão induzir as demais a seguir pelo mesmo caminho, avalia o reitor 
da Unijorge, Guilherme Marback Neto: “A promoção de ações reconhecidamente 
exitosas ou inovadoras figura como critério de avaliação no maior conceito (5) em, 
praticamente, todo o Eixo 3 (Políticas acadêmicas)”. 
Ainda que o CI 3 continue sendo ‘satisfatório’, as IES tenderão agora a buscar o CI 4 ou 
5 para se valer dos bônus regulatórios introduzidos pelo decreto 9.235, que dispõe 
sobre a regulação, a supervisão e a avaliação das instituições de ensino superior. 
 
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Na avaliação geral do setor, ele caminha na mesma linha que o decreto 9.057, que 
trata da oferta da Educação a Distância. As semelhanças se devem à concessão de mais 
autonomia às instituições bem avaliadas, mecanismo que prestigia e induz boas 
práticas na opinião de Hermes Figueiredo, presidente do Semesp. “As IES com 
conceitos 4 e 5 não tinham vantagens sobre aquelas com conceito 3. Mas com o novo 
decreto, essa realidade muda sensivelmente”, analisa. 
São exemplos disso a possibilidade de credenciamento prévio de instituições 
vinculadas cujas mantenedoras possuam todas as suas mantidas já recredenciadas 
com conceito institucional igual ou superior a 4, e não tenham sido penalizadas em 
função de processo administrativo de supervisão nos últimos cinco anos. 
No decreto revogado, era obrigatória a visita in loco de avaliação do Inep para a 
obtenção do credenciamento. Esse processo foi simplificado, portanto, e ainda 
habilitará as IES a ofertar até cinco cursos que já sejam reconhecidos com CC maior ou 
igual a 4 nas outras instituições da mantenedora e não tenham sofrido penalidades 
nos últimos dois anos. Entretanto, caso o credenciamento definitivo não se confirme, a 
mantenedora ficará impedida de protocolar novos processos por dois anos. 
Além disso, os centros universitários e universidades poderão solicitar credenciamento 
fora de sua sede (outro município, mas mesmo estado) desde que atendam aos 
requisitos descritos nos art. 16 e art. 17 e possuam CI maior ou igual a 4 na última 
avaliação externa in loco realizada pelo Inep na sede. 
Decreto também estabelece autonomia para expedição de diploma por faculdades 
com CI 5 e um curso de pós-graduação stricto sensu reconhecido pelo MEC Educação 
que não tenham sido penalizadas em decorrência de processo administrativo de 
supervisão nos últimos dois anos. 
Por fim, o MEC ainda poderá instituir processo simplificado para aumento de vagas, de 
acordo com os resultados da avaliação, conforme prevê o documento. 
“Avançamos no sentido de premiar as instituições de ensino superior com base no 
conceito institucional. O novo decreto de regulação e supervisão proporciona, de fato, 
maior autonomia às IES com qualidade institucional verificada e um maior incremento 
na utilização de bônus regulatório. O monitoramento e a supervisão, contudo, 
continuam”, declarou Henrique Sartori, titular da Secretaria de Regulação e Supervisão 
da Educação Superior (SERES), durante a realização do 19º Fnesp. 
Sobre o monitoramento e a supervisão, o decreto prevê a possibilidade de o MEC 
realizá-los a qualquer tempo, ou seja, sem aviso prévio e, inclusive, como medida 
preventiva. As ações de monitoramento da educação superior ainda poderão ser 
desenvolvidas em articulação com os conselhos profissionais, como determina o novo 
documento. 
Simplificação 
O novo marco regulatório do ensino superior, como vem sendo chamado o decreto 
9.235, também traz uma sinalização clara de que a SERES está atribuindo às IES a 
responsabilidade pelas informações divulgadas. “Há uma clara mudança de 
posicionamento do MEC a respeito da avaliação e da regulação. Quanto mais 
qualidade, mais liberdade a instituição terá. Essa visão abre espaço para uma 
autorregulação pelo mercado”, analisa Rodrigo Capelato, que participou da elaboração 
 
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do decreto como membro da CC-Pares, o Conselho Consultivo do Programa de 
Aperfeiçoamento dos Processos de Regulação e Supervisão da Educação Superior. 
Se antes a IES dependia de uma avaliação in loco para mudar de endereço, agora 
bastará fazer uma atualização cadastral. O mesmo procedimento será usado para o 
remanejamento de vagas entre cursos presenciais de mesma denominação e a 
transferência de mantença. Quanto à análise de sustentabilidade financeira da 
instituição, esta poderá ser fornecida com a apresentação de balanço patrimonial 
certificado por auditores independentes. 
Outra medida importante foi a unificação da avaliação institucional e de cursos, o que 
antes era feito por duas comissões diferentes. “Isso dará economicidade ao processo 
de avaliação externa e conferirá maior coerência ao processo”, avalia José RobertoCovac, diretor jurídico do Semesp. 
A comissão única também vai valer para grupos de cursos, de cursos do mesmo eixo 
tecnológico ou área de conhecimento, conforme regulamento a ser editado pelo MEC. 
Essa medida pode evitar que laboratórios que são usados por cursos diferentes 
recebam notas divergentes (situações relatadas por IES) e melhorar a oferta de cursos 
tecnológicos, uma vez que possibilitará o lançamento de programas (de um eixo já 
avaliado) conforme as demandas do mercado. 
Pontos de atenção 
Se por um lado a concessão de mais autonomia para as instituições reduz a burocracia 
e viabiliza programas de expansão, por outro pode favorecer a concentração de 
mercado, como alerta Capelato. 
Visto que os centros universitários e universidades terão a prerrogativa de solicitar 
credenciamento fora de sede, desde que atendam a alguns princípios, eles passarão a 
competir com instituições locais muitas vezes em posição de vantagem. Essa 
competitividade desequilibrada já vem acontecendo em algumas cidades com a 
instalação de polos de grande porte que mais se assemelham a uma faculdade. 
Porém, de maneira geral, prevalece a expectativa de que os novos instrumentos de 
avaliação estimularão as instituições a se qualificarem, criando projetos acadêmicos 
inovadores e investindo em estratégias de aprendizagem eficazes. Isso fará com que 
elas tenham um CI elevado, que por sua vez lhes dará mais condições de competir. 
Esse é o ciclo que se espera ver estabelecido no setor. 
 
Fonte: Revista Ensino Superior 
http://www.qualinfo.com.br/um-novo-ciclo-para-o-ensino-superior/

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