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Livro - Tramas Negras - Cap Negritude - Cult, Mov Soc, Educ (Artigo)

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Frente as novas tecnologias e a abertura para novos 
diálogos acerca de temas até então negligenciados ou 
esquecidos, neste sentido “Tramas Negras" reúneartigos que 
abordam uma série de temas relacionados as contribuições 
negras e afro-brasileiras para formação social e cultural do 
Brasil. Cada artigo que compõe esta obra traz um conteúdo 
que reafirma a necessidade de persistir em políticas 
afirmativas que visem melhorias nas condições de vida e 
acesso para a população negra a todos os setores da vida 
produtiva, Ao mesmo tempo em que abordam a necessidade 
de preservação de saberes e um legado tradicional. 
HISTÓRIA, OPO 
PARA AS RELAÇ 
Clissio Santos Santana * Fred Aganju Santiago Ferreira « Josy Barcellos Miranda e || 
Lumara Cristina Martins Santos » Ana Paula Cruz 
Organizador Coleção UNIAFRO « Antonia Liberao Cardoso Simões Pires 
[à MEL DO FR N A IB 
FINGITRAÇO a OVO Ni E Badunas 
Moema Mina mia jd 
Mimas ha Manta IRIA 
 
 
UF JB Universidade Federal do 
Recôncavo da Bahia 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
REITOR 
Paulo Gabriel Soledade Nacif 
VICE-REITOR 
Sílvio Luiz de Oliveira Soglia 
PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO 
Rosilda Santana dos Santos 
PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAL 
Neilton Paixão de Jesus 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
Luciana Alaíde Alves Santana 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, CRIAÇÃO E INOVAÇÕES 
Ana Cristina Firmino Soares 
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO 
Juvenal de Carvalho Conceição 
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO 
Ana Rita Santiago da Silva 
PRÓ-REITORIA DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS E AÇÕES ESTUDANTIS 
Ronaldo Crispin Serra Barros 
EDITORA DA UFRB 
CONSELHO EDITORIAL 
Titulares Pr ) 
Sérgio Augusto Soares Mattos (Presidente 
Alessandra Cristina Silva Valentim 
Ana Cristina Fermino Soares 
Fábio Santos de Oliveira 
AnaG ina Peixoto Rocha 
Robério Marcelo Ribeiro 
Rosineide Pereira Mubarack Garcia 
Su 
Ana Cristina Vello Loyola Dantas 
Geovana da Paz Monteiro 
Jeane Saskya Campos Tavares 
NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS DO RECÔNCAVO DA BAHIA (NEAB-RECÔNCAVO) 
Coordenador - Antonio Liberar Cardoso Simões Pires 
Vice-Coordenadora — Rosy de Oliveira 
CONSELHO CONSULTIVO 
Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB-Presidente) 
Carlos Eugênio Libano Soares (UFBA) 
Eduardo de Oliveira (UFBA) 
Eurípides Funes (UFC) 
Flavio dos Santos Gomes (UFRJ) 
Geraldo da Silva (UFT) 
Lívio Sansone (UFBA) 
Luiz og a de Alencastro (SORBONNE IV - França) 
parei caquim Maciel de Carvalho (UFPE) 
Del Priore dia 
No u Pares (UFB, 
Rafael de Bivar ua (USP) 
Pereira da Rocha 
Suzana Matos Viegas (UNIVERSIDADE DE COIMBRA - PORTUGAL) 
 
TRAMAS NEGRAS 
HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO 
PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
Organizadores 
Clíssio Santos Santana e Fred Aganju Santiago Ferreira 
Jôsy Barcellos Miranda e Lumara Cristina Martins Santos 
Ana Paula Cruz 
Volume 18 
 
Editora UFRB 
EDITORA 
Cruz das Almas, Belo Horizonte 
2016 
 
 
e 2016 Clíssio Santos Santana etal. 
Todos os direitos reservados. 
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, de qualquer forma ou por qualquer meio, 
Ser autorização deautor 
Editora UFRB 
CONSELHO EDITORIAL 
Titulares 
Sérgio Augusto Soares Mattos (Presidente) 
Alessandra Cristina Silva Valentim 
Ana Cristina Fermino Soares 
Fábio Santos de Oliveira 
Ana Georgina Peixoto Rocha 
Robério Marcelo Ribeiro 
Rosineide Pereira Mubarack Garcia 
Suplentes 
Ana Cristina Vello Loyola Dantas 
Geovana da Paz Monteiro 
Jeane Saskya Campos Tavares 
Editora da UFRB: 
Rua Rui Barbosa, 710, Centro 
Cruz das Almas. Bahia. Brasil. CEP 44.380-000 
Fone: +55 75 3621 2350 
wurrufrb org.br/editora 
eNErIRAÇO 
Fino Traço Editora Ltda. 
Ay, do Contorno, 9317 A— 2º andar 
Prado. Belo Horizonte, MG. Brasil 
Telefax: (31)3212 9444 
wwny.finotracoeditora.com.br 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Biblioteca Nacional 
 
 
T771 
Tramas negras: história, antropologia e educação para as 
relações raciais / Organizado por Clíssio Santos Santana, 
Fred Aganju Santiago Ferreira, Jôsy Barcellos Miranda, 
Lumara Cristina Martins Santos, Ana Paula Cruz. - Cruz 
das Almas : EDUFRB,; Belo Horizonte : Fino Traço, 2016. 
278 p.:il. (Coleção UNIAFRO, 18) 
ISBN 978-85-67589-12-1 (Coleção) 
ISBN 978-85-67589-29-9 (v. 18) 
1. História — Brasil, 2. História — Bahia. 3. Escravatura 
— História. 1. Série. II. Santana, Clissio Santos. II. Ferreira, 
Fred Aganju Santiago. IV. Miranda, Jôsy Barcellos. V. Santos, 
Lumara Cristina Martins. VI. Cruz, Ana Paula. 
CDU. 326:94(813) 
 
APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO UNIAFRO 2016 ............... iii 9 
DPL GA n 
MITÓDIA DA BAMIA É DE CORUNIDADES MEGDAS RUDAI 
CAPÍTULO 1, A TEMÁTICA DA ESCRAVIDÃO NA ASSEMBLEIA GERAL 
CONSTITUINTE DE 1823: O CASO DAS SESSÕES PREPARATÓRIAS......smuns 15 
ANTONIO CLEBED DA CONCEIÇÃO LÉIIOS 
CAPITULO 2. “ESCRAVIDÃO NAS TERRAS DO UNA": HISTÓRIAS DE 
ESCRAVOS E LIBERTOS NAS ZONAS RURAIS DE VALENÇA BAHIA 
DERA si 29 
CLAUDIANA DOS SANTOS CADDOGO 
CAPÍTULO 3. OS IMPACTOS DA EPIDEMIA DA CÓLERA EM , 
CACHOEIRA-BA NO SÉCULO XIX: PÂNICO E MORTE ENTRE A POPULAÇÃO ... 43 
DENISE BIBRO DOS SANIOS 
CAMÍTULO 4. TURBULÊNCIAS NA HEROICA CIDADE DA CACHOEIRA 
(1890-1893): CONFLITOS COTIDIANOS E SOBREVIVÊNCIA NO 
UNIVERSO DAS CAMADAS POPULARES NA CACHOEIRA REPUBLICANA... 55 
ELISEU SANTOS FERREIDA GINA 
CAPÍTULO 5. A GAÇA À BALEIA NO CONTEXTO DO TRÁFICO DE 
ESCRAVOS NA AMÉRICA: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE O 
RECÔNCAVO DA BAHIA E O NORTE DOS EUA. (1790-1850) ...uenereerereraneeeeees- 67 
MILGON OLIVEIRA BADADO 
CAPÍTULO 6. LATA D'ÁGUA, ESTRIBARIAS, POSTES E TRONCOS. 
SOBRE PERMANÉNCIAS E PÓS-ABOLIÇÃO EM FEIRA DE SANTANA isso. Ba 
HAYADA PLÁSGIDO SINA 
CAPÍTULO 7, MÚSICA PARA JESUS — OS JESUÍTAS E A MÚSICA NO 
PROCESSO DE CONVERSÃO DOS ÍNDIOS... smemiemeesremamieseemmenmeerseerm 99 
AMIDES GANHOS TULL 
CAPÍTULO 8. UM “QUILOMBO” APÓS A ABOLIÇÃO: ITINERÁRIO DE UMA 
COMUNIDADE NEGRA RURAL NO RECÔNCAVO BAIANO RECÉM- 
EMANCIPADO (1890-1920) . rm aicamnsasenmureç TE 
JOÃO PAULO PINTO m Camo 
 
 
 
 
CAPÍTULO 0. GADEIA AGROECOLÓGICA DO CAPIM-DANDÁ (CYPERUS 
ROTUNDUS L.) NA COMUNIDADE NEGRA RURAL DO QUILOMBO DE 
RES SEMDMÍENÃO) a 127 
JESEICA DA SILVA SAPAIVA 
PAGA, CODDO, GERERO, SAUDE E CIÊNCIA 
CAPÍTULO IO. DESIGUALDADES RACIAIS E TRABALHO INFANTO- 
JUVENIL: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA EM UMA PERSPECTIVA 
CONSTRUTIVO-INTERPRETATIVA sissasis enssissinits ini saiesiaiaenteietmnaninêr sonata 141 
BATIDO POBDIGUES. CON! 
CAPÍTULO IL. O CORPO NEGRO NO CANDOMBLÉ E SUA 
SIGNIFICAÇÃO DO SAGRADO AQ PROFANO: UMA ONTOLOGIA DE 
PREV TERRA ILADDESS as nasestesaus pesa 155 
LUCINEA SANTOS LIMA 
CAPÍTULO Iê. DES (CONSTRUINDO) O CORPO AFRODESCENDENTE DA 
EJA COM A EDUCAÇÃO FÍSICA... errsterserereresseresmme seas 169 
EDOLEIDE VALENÇA, SANTOS GADVALHO 
CAPÍTULO 13. PARA ALÉM DE UMA IMAGEM COLONIALISTA SOBRE O 
EEE OR oia 183 
ALEXEANODO DA SILVA MADQUES 
CAPÍTULO 14, UMA ANÁLISE SOBRE A EQUIDADE NA SAÚDE DA 
POPULAÇÃO NEGRA EM UM MUNICÍPIO DO RECÔNCAVO DA BAHIA... 199 
CAMILA DOS SANTOS PONBIGUES 
EOUCAÇÃO DADA AS BELAÇÕES CINICO-BACIAIS. CULTUDA ESCOLAR E DOLÍICAS AFI AIIVAS 
CAPÍTULO 15. EDUCAÇÃO, GÊNERO E INTERSECCIONALIDADE NO 
CONTEXTO ESCOLAR — PISTAS PARA UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O TEMA. 203 
FABIANA FDEITAS COSTA 
CAPÍTULO 16. EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: ALGUMAS REFLEXÕES.......... 218 
SHIRLEY PIMENTEL DE SOUZA 
CAPÍTULO 11. “MEU CABELO NÃO É PALHA DE AÇO": COMO PODE A 
ESCOLA EDUCAR PARA UMA ESTÉTICA NEGRA?......sumummemeaeesenemismmams 231 
TALARA DAMASCENO DA GINA SANTANA 
CAPITULO |8. REFLETINDO EDUCAÇÃO E CULTURA AFRODESCENDENTES.... 
ALDEVANE DE ALHEIA ABALO 
CAPÍTULO 1. NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 
MNGIEL UMES VICIDA 
CAPÍTULO 20. DO ACESSO À PERMANÊNCIA: TRAJETÓRIA E ÊXITO 
ACADÊMICO DE JOVENS DE ORIGEM POPULAR NA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA... 
ELES LEA DOS GÁNIOS ANA» [ASI LIVRA CONÇANMES 
THAIE CALIXTO DOS GANIOS = JANELE DE GOULA SINA 
247 
253 
2. 263O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Recôncavo 
da Bahia (NEAB - UFRB) surgiu a partir das ações do Grupo de Pesquisa NEAB 
- UFRB/CNPg e do Núcleo de Diversidade, Educação e Cultura (NUDEC), da Pró- 
Reitoria de Politicas Afirmativas e Assuntos Estudantis, no ano de 2006. À partir 
dai foram incrementadas as ações relativas à consolidação da infraestrutura, da 
adesão de novos pesquisadores e da elaboração de diversos projetos voltados 
para o fortalecimento das linhas de pesquisa do Grupo-NEAB/UFRB. Nessa 
perspectiva foram desenvolvidas pesquisas de campo vinculadas às linhas de 
pesquisa: Comunidades Negras Rurais”, “Educação e Relações Interétnicas”; 
“Escravidão e Pós-Abolição”, “Saúde das Populações Negras”, “Gênero e Raça” e 
“Cultura Negra”. Nessas linhas foram realizadas diversas atividades: de iniciação 
científica, de trabalhos de conclusão de curso, eventos de ensino, pesquisa e 
de extensão, voltados para o curso de Pós-Graduação Latu Sensu em História 
da Africa, da Cultura Negra e do Negro no Brasil. O referido curso destina-se à 
formação dos profissionais das instituições de ensino público, estadual e municipal 
da Bahia (SECADI/MEC/FNDE), incluindo também o Programa de Pós-Graduação: 
Mestrado Profissional em História da África, da Diásporae dos Povos Indígenas 
(UFRB/CAPES). 
Esse processo de institucionalização e de produção acadêmica possibilitou 
a participação do NEAB-UFRB no edital do Programa UNIAFRO da Secretaria 
de Ensino Continuado, Alfabetização e Inclusão do Ministério da Educação 
(MEC). O principal objetivo do Programa UNIAFRO é a implementação da Lein.º 
11.645/2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História da África, da 
Cultura Afro-Brasileira e dos Povos Indígenas nos currículos da Educação Básica. 
Esta Coleção UNIAFRO prioriza a publicação de Coletâneas envolvendo uma 
significativa rede de pesquisadores brasileiros e estrangeiros filiados às várias 
instituições de ensino superior e de fundações culturais, oferecendo vasto ma- 
terial para professores e pesquisadores, em variadas abordagens disciplinares e 
interdisciplinares, objetivando a implantação e difusão de produtos vinculados 
à Lei n.º 11.645 de 2008. 
Ressaltamos, também, a importância da coedição da Editora da UFRB com 
a Fino Traço Editora, o que garante a posterior publicação comercial das obras. 
Entretanto, a escolha dos caminhos para a editoração e revisão é nossa, isentan- 
do a instituição parceira de qualquer responsabilidade nesta primeira tiragem 
da Coleção. Com a aprovação do referido projeto pela Secretaria de Educação 
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação 
para trazer a lume esta COLEÇÃO UNIAFRO 2016, do Núcleo de Estudos Afro 
-Brasileiros do Recôncavo da Bahia, a publicação destas obras se tornou possivel. 
Esta Coleção é uma conquista dos movimentos negros e indígenas brasileiros 
em suas lutas seculares. 
Abaixo o rol dos volumes que compõem a Coleção: 
Volume 1: Entre Veredas e Arrabaldes: escravos e libertos na comarca de Nazaré das 
Farinhas durante o oitocentos e no pós-abolição, por Edinelia Maria Oliveira Souza 
(UNEB), Virginia Queiroz Barreto (UNEB) e Wellington Castellueci (UFRB); volume 
2: Cenários da Saúde da População Negra no Brasil: diálogos e pesquisas, por Regina 
Marques de Souza Oliveira (UFRB); volumes 3 e 4: Formação Cultural: sentidos 
epistemológicos e políticos/Cultura e Negritude: linguagens do contemporâneo, 
organizados por Rita de Cássia Dias Pereira Alves (UFRB) e Cláudio Orlando Costa 
do Nascimento (UFRB); volume 5: Diáspora Africana nas Américas, organizado por 
Isabel Cristina F. dos Reis (UFRB) e Solange P. Rocha (UFPB); volume 6: Reflexões 
Sobre a Africa Contemporânea, organizado por Juvenal de Carvalho (UFRB); volume 
7: Histórias da Escravidão e do Pós-Abolição nas Escolas, organizado por Giovana 
Xavier (UFRJ); volume 8: Da Escravidão e da Liberdade: processos, biografias e 
experiências da abolição em perspectiva transnacional, organizado por Antonio 
Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB); Flávio dos Santos Gomes (UFRJ), Maria 
Helena P. T. Machado (USP), Paulo Roberto Staudt Moreira (Unisinos), Petrônio 
Domingues (UFS), Walter Fraga (UFRB) e Wlamyra Albuquerque (UFBA); volume 9: 
Territorialidades Negras em Questão: conflitos, lutas por direito e reconhecimento, 
organizado por Ana Paula Comin de Carvalho (UFRB), Cíntia Beatriz Miller (UFBA 
e Rosy de Oliveira (UFRB); volume 10: Os Indios na História da Bahia, organizado 
por Fabricio Lyrio (UFRB); volume 11: Pensadores Negros -Pensadoras Negras - 
Brasil, Séculos XIX e XX, organizado por Ana Flávia Magalhães Pinto (Unicamp) 
e Sidney Chalhoub ( Harvard University); volume 12: Atlântico de Dor: faces do 
tráfico de escravos, organizado por João José Reis (UFBA) e Carlos da Silva Jr. 
(University of Hull/Inglaterra); volume 13: Capoeira em Múltiplos Olhares: estudos 
e pesquisas em jogo; organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB), 
Franciane Simplício (Fundação Gregório de Mattos - BA), Paulo Magalhães (UFBA) e 
Sara Abreu (UFBA); volume 14: Das Formações Negras Camponesas: ensaios sobre 
remanescentes de quilombos no Brasil, organizado por Rosy de Oliveira (UFRB) e 
Flávio dos Santos Gomes (UFRJ); volume 15: Antinegritude: o impossível sujeito 
negro, organizado por João H. Costa Vargas (University of Texas/Austin) e Osmundo 
Pinho (UFRB); volume 16: Beleza Negra: representações sobre o cabelo, corpo e 
identidade das mulheres negras, organizado por Ângela Figueiredo (UFRB) e Cintia 
Cruz (UFRB); volume 17: Territórios de Gente Negra: processos, transformações 
e adaptações: ensaios sobre Colômbia e Brasil organizado por Antonio Liberac 
Cardoso Simões Pires (UFRB), Axel Rojas (Universidad Del Cauca/Colômbia) e 
Flávio dos Santos Gomes (UFRI); volume 18: Tramas Negras, organizado por Ana 
Paula Cruz (UEFS), Clíssio Santos Santana (UFBA), Fred Aganju Santiago Ferreira 
(UFRB), Jôsy Barcelos Miranda (UFRB) e Lumara Cristina Martins Santos (UFRB); 
volume 19: As Vinte e Uma Faces de Exu, por Emanoel Soares (UFRB); volume 20; 
Africanos na Cidade da Bahia: escravidão e identidade Africana-século XVIII, por 
Cândido Domingues (UNEB), Carlos da Silva Jr. (University of Hull/Inglaterra) e 
Carlos Eugênio Libano Soares (UFBA); volume 21: Caminhos para a Efetivação da Lei 
n.º 11.645.2008, organizado por Leandro Antonio de Almeida (UFRB); volume 22: 
O Recôncavo no Olhar de Jomar Lima: patrimônio, festas populares e religiosidade, 
organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires e Rosy de Oliveira, 
Aqui expressamos nossos agradecimentos! 
COMISSÃO ORGANIZADORA DA COLEÇÃO 
Antonio Liberac Cardoso Simões Pires, Cláudio Orlando Costa do Nascimento, 
Emanoel Luis Roque Soares, Rita de Cássia Dias Pereira Alves e Rosy de Oliveira. 
10 tramas NEGBAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Este livro reúne de forma coletiva o trabalho de discentes de vários 
cursos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e da Universidade 
Federal da Bahia, produto do esforço acadêmico de jovens pesquisadores 
relacionados às áreas das Humanidades e suas possíveis interfaces com 
as demais ciências. Ao mesmo tempo, esta coletânea congrega artigos e 
ensaios que versam sobre múltiplas temáticas, com recortes temporais e 
metodológicos diversos, desde textos construídos a partir de análises em- 
píricas de fontes documentais pesquisadas em diversos arquivos baianos, 
perpassando por reflexões de cunho historiográfico, teórico, etnográfico, 
filosófico e antropológico. 
O livro foi organizado em três partes, tendo como fio condutor as 
conexões existentes entre os trabalhos, facilitando aproximações e o 
diálogo entre os diferentes temas abordados pelos estudantes. À primeira 
parte foi organizada com artigos que têm como preocupação primordial o 
campo da História, especificamente, da História dos africanos escravizados, 
seus descendentes e demaisgrupos subalternizados em várias localidades 
baianas, discorrendo sobre temas como: escravidão, política, liberdade, pós- 
abolição e comunidades negras rurais e quilombolas. Tivemos a preocupação 
de elencar na segunda parte desta coletânea, trabalhos voltados para o 
campo das relações e conflitos raciais, de gênero, corpo e saúde do povo 
negro, agregando pesquisas nas áreas de educação, filosofia, antropologia e 
sociologia. À terceira e última parte, agregamos os trabalhos voltados para 
o campo da educação para relações étnico-raciais, com artigos que versam 
sobre as variadas maneiras que a cultura escolar pode escamotear uma 
lógica racista, preconceituosa e eurocêntrica. Encontraremos trabalhos 
preocupados com as práticas educacionais em áreas quilombolas, os debates 
sobre negritude e estética negra, movimentos sociais e políticas afirmativas 
de acesso e permanência estudantil. 
Com toda multiplicidade de temas, abordagens, concepções teóricas e 
metodologias, esses jovens pesquisadores estão atentos em desenvolverem 
todas as suas pesquisas com excelência e rigor acadêmicos, e, por conseguinte, 
ampliando sua formação acadêmica; compondo novos enredos, problemas, 
revisitando temas, propondo novas interpretações, sem deixar de levar em 
conta suas experiências de vida, tecendo assim, suas próprias “TRAMAS”, 
na sua grande maioria, negras. 
nu 
o PARTES 
 
 
 
NEGRITUDE CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 
Jociel Nunes Vieira! 
INTRODUÇÃO 
Todo ser humano tem necessidade de se ambientalizar onde se encon- 
tra, de criar laços socializáveis, de trocar informações. A maior dificuldade 
nesse processo, encontra-se no fato de, na relação entre seres racionais, uns 
demonstrarem formas de pensamento inferior. A inferioridade e superio- 
ridade aqui, não são tratadas como sendo um melhor que o outro, mas sim, 
um grupo que se organiza social e culturalmente, promove ideias educativas 
e religiosas, e têm posturas éticas e políticas; enquanto o outro grupo não 
pensa em se organizar como forma de distribuir igualmente os benefícios 
que a sociedade promove, mas se organizam para distribuir o melhor para si 
e as “sobras” para 0 “resto”... as ideias promovidas, são as de “pré-conceitos” 
e “pré-juizos”, sem base nem argumentos que fundamentam o que pensam... 
as posturas (antiéticas e apolíticas) são egoístas e agressivas com as pessoas 
que não fazem parte do mesmo grupo de interesse. 
As pessoas que se encontram à margem da sociedade, os negros, ín- 
dios, pobres, analfabetos e analfabetos digitais, não vivem nesta sociedade 
moderna e contemporânea por causa dessas atitudes ignorantes que muitos 
ainda possuem, esses marginalizados sobrevivem cada um em seu espaço. 
Todos lutam para serem respeitados, identificados. É a partir da construção 
dessa concepção de identidade que cada um vai se tornando coletivo para 
criarem e implantarem ações que promovam a igualdade, respeito, cidadania 
e democracia, além de conceder a liberdade devida para se manifestarem e 
expressarem o que são e sentem. 
1 Graduando do curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Recônca- 
vo da Bahia (UFRB), no Centro de Formação de Professores (CFP) em Amargosa(BA), Bol- 
sista PIBIC-CNPq 2012-2013 com o Projeto de Pequisa “O Ensino de Filosofia em Amar- 
gosa e no Vale do Jiquiriçá', na linha Filosofia da Educação. Lattes: <http://lattes.cnpg. 
br/7470039568374081 Contato: jocielnv(Dgmail.com 
253 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
Cultura e movimento social 
À busca da identidade da pessoa de etnia negra se deu a partir da luta 
conta o racismo. 
O racismo por si só já se constitui em um instrumento de 
violação de direitos, no caso da infância e juventude em 
questão, ocorre um duplo processo de violação: o oriundo do 
racismo que a infância e juventude pobre e negra sofrem no 
seu cotidiano, e o que surge com a prática preconceituosa 
do Estado. Visualiza-se, desta forma, uma maneira de se 
observar como o problema do racismo no Brasil pode ser 
articulado com a questão dos direitos. (SANTOS, 2007, p. 40) 
De um lado quem tem/goza privilégios, do outro quem está em desvan- 
tagem. À identidade é algo formado a partir da minha diferença com o outro, 
por isso, faz-se necessário o estudo da tradição para chegar até a origem 
primeira e obter autenticidade. 
Através desta genealogia, chegaremos à afirmação de que todos provemos 
de uma mesma origem, logo, todos somos iguais. Sim, isso é verdade! Mas, há 
algo que nos diferencia um do outro, que nos permite ter particularidade e 
sermos únicos. É a cultura! Cultura que vem das desigualdades sociais, que 
separa povos, e estes, buscando semelhanças em suas condições (sejam so- 
ciais, religiosas, étnicas, etc.), se agrupam, se entrelaçam e fundem-se com 
elementos que os caracterizam. 
A cultura forma uma comunidade de agregados que comungam das mes- 
mas situações e têm uma linha de pensamento parecida sobre a forma como 
vivem e deveriam viver, sobre a sociedade como um todo, sobre a comunicação, 
meios de sobrevivência, avanços científicos e tecnológicos, que compartilha 
de costumes e crenças, tem seus ideais próprios e lutam por um espaço onde 
possam ser eles mesmos, onde as leis da sociedade não fazem efeito, mas sim 
as regras e normatizações que o grupo instituiu e que possibilita um convívio 
social harmônico, respeitoso e autêntico. 
Porém, outra forma de nos diferenciar coletivamente um grupo do outro, 
são os Movimentos Sociais. Grupos organizados com formação política visando 
a reivindicação de direitos que são instituídos pela lei, mas que o Estado não 
concede, bem como sistematizar ações de cunho afirmativo, ou seja, em prol 
das pessoas e grupos sociais à margem da sociedade, em forma de políticas 
igualitárias, leis que motivem uma melhor organização e participação no 
Estado e medidas de controle e erradicação das ações de caráter negativo 
com essas pessoas/grupos. 
Toda cultura é transmitida aos seus membros, através da educação, um 
espaço democrático, de socialização e inclusão social. Partindo da educação 
infantil; a forma de sanar os preconceitos é mais fácil de ser trabalhada, pois 
desenvolver com as crianças a temática da igualdade entre os seres é algo 
acolhido de maneira natural e, se cultivado, forma cidadãos conscientes, 
que lutam por políticas afirmativas que visam a inclusão de todos numa 
254 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS FELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
 
COLEÇÃO UMIAFRO 
sociedade mais justa e participativa. Uma realidade a ser vivida, ancorada 
na cultura, torna mais prazeroso o viver e os conhecimentos que se adquire 
ao longo da vida. 
Todavia, quando lidamos com adolescentes e jovens num contexto esco- 
lar, podemos encontrar realidades em que estes já têm em si o preconceito 
e a discriminação, e para que essas condições sejam explicadas, orientadas 
e convertidas, os educadores, pais e pessoas à frente da comunidade serão 
aqueles que darão testemunho de ações contra os tipos de preconceito, já 
que o exemplo ensina mais que teorias e conceitos. 
A escola será um espaço de compartilhamento de ideias e formação 
de grupos. Quando estes são orientados ética e politicamente, movimentos 
sociais nascem e se constituem em prol dos direitos dos excluidos. Nesses 
movimentos, há a expressão das culturas, das vivências, das opiniões e dos 
estilos. Nas convivências com o outro, as diferenças vão se conhecendo, se 
misturando e se autoafirmando. 
Principalmente com os jovens, a dança, as artes e os estilos do povo 
africano, chamam a atenção e ganham adeptos. À cultura vai se tornando 
afro-brasileira. O respeito ao outro é valorizado, o saber ouvir para construir 
juntos é posto em prática, e a festa dos sons, cores e jeitos é celebrada. 
O mais interessante desses grupos que vão se formando, é em relação a 
oportunidades. Por serem excluídos, serem negros e, na maior parte, pobres, 
as oportunidades para participarem decursos, eventos, concorrer a vagas em 
escolas, de emprego ou concursos são mínimas. Mas com a força de vontade 
desses militantes, que conhecem sua história, sua trajetória de vida, eles não 
vão atrás de oportunidades, criam-nas. Há mobilização para formação de ONG's 
e associações que desempenham atividades sociais, políticas, recreativas e 
de formação humana com destaques para inclusão digital e no mercado de 
trabalho; na escola, nos espaços religiosos e nas ruas, os eventos são cons- 
tantes pra externalizar a vida que brota da luta; frente às desigualdades da 
sociedade, acontece a interação e integração sociocultural com os membros 
da comunidade. 
O discurso sobre educação só ganhou visibilidade política, na última 
década do século XX, quando a sociedade aprendeu a se organizar e reivin- 
dicar cidadania, graças ao surgimento de movimentos sociais que vieram 
das coletividades que experimentaram práticas solidárias e muitas outras 
contraditórias, primeiro formados para garantir a subsistência dos mem- 
bros, depois preocupados politicamente com o setor educacional, setor que 
o capitalismo poderia estar usando como forma de controle social, já que ele 
não se preocupa com a educação dos indivíduos, mas em racionalizar a vida 
econômica e tempo dos sujeitos, afim de gerar uma massa de bom convívio 
social, ou seja, cidadãos passivos cumpridores de suas obrigações morais. 
Os movimentos sociais tratam, especificamente, “de resgatar a dig- 
nidade do ser humano, perdida sob as condições indignas de sobrevivência 
|...] do capitalismo selvagem brasileiro" (GOHN, 2005, p. 48). 
NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOGIAL, EDUCAÇÃO 255 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
Segundo o Artigo | da Convenção Internacional sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação Racial: 
a expressão “discriminação racial” significará qualquer 
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada 
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica 
que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o 
reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, 
lem igualdade de condição) de direitos humanos e 
liberdades fundamentais no domínio político econômico, 
social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida. 
(Decreto, 1969) 
Uma vez que a dignidade da pessoa humana é um direito instituído nos 
Direitos Humanos, (direitos que viabilizam a todo e qualquer ser humano 
viver em sociedade com dignidade), o combate à discriminação racial se faz 
necessário não porque os negros são “negros”, mas porque são seres humanos, 
dotados de direitos e deveres, como qualquer um. 
Trajetória do movimento negro 
A trajetória política e sociorracial do Movimento Negro é marcada 
por muitos entraves, grandes dificuldades, mas por vitórias marcantes que 
deixaram na história da humanidade, nomes a serem recordados pela atuação 
corajosa que tiveram. São esses exemplos que motivaram a juventude negra 
de ontem e de hoje a conhecerem sua história, seus direitos e sua cultura, e é 
essa juventude que acaba entusiasmando outros jovens a buscarem formação 
para lutar por essa causa, 
a partir de uma nova dinâmica, jovens negros contribuindo 
para a inserção de outros jovens negros na academia, mas 
muito mais que isso, conscientes da importância política 
dessa inserção, num espaço que historicamente lhes fora 
negado. (SIQUEIRA, 2006, p. 47) 
O Movimento Negro é um movimento social que discute questões sobre 
a exclusão da pessoa negra nos espaços sociais, mobilidade e reorganização 
econômica que acontece por causa do trânsito dos negros de uma comunidade 
para outra na luta por subsistência, mercado de trabalho, inclusão digital e 
tecnológica e expansão da cultura afro-brasileira. 
Esse movimento, surgido na década de 70, teve três principais momentos: 
1º 1974, criação do bloco Ilê Aiyê, preocupado no primeiro momento em 
apresentar o modo alternativo de lazer para a juventude negra e, no 
segundo momento, com um processo de ensino formal; 
2º 1978, surge o grupo NÊGO, composto por pessoas de vários setores da 
sociedade: estudantes e professores, artistas e músicos, bancários e 
comerciantes; todos com alguma experiência de discriminação sofrida; 
posteriormente esse grupo passou a ser denominado MNU — Moy. 
256 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLÓGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
 
COLEÇÃO UNIAFRO 
Negro Unificado, que entre outras questões, abordava a valorização e 
recuperação da história e cultura da Africa para os negros brasileiros; 
3º Década de 90, época em que surgem as iniciativas de ações afirmativas 
em educação para infância e juventude negras. 
Os movimentos sociais: 
não são instituições. Podem até se materializar em alguma 
ôrganização, mas isso é uma provisoriedade. À organização 
pode morrer, mas a ideia geradora certamente persistirá. E 
esta ideia gerará 0 renascimento do movimento em outro 
contexto. 
Portanto, movimentos são frutos de ideias e práticas. 
As práticas fluem e refluem. As ideias persistem, e se 
transformam agregando elementos novos, ou negando 
velhos, segundo a conjuntura dos tempos históricos. 
Os movimentos são históricos e têm, embutidos, uma 
historicidade particular, que se expressa em suas práticas, 
na sua composição, em suas articulações e em suas 
demandas. (GOHN, 2005, p. 100) 
Os discursos e ações que visam a construção de uma identidade étnica, 
tem como principal pano de fundo, a memória da ancestralidade. Esse processo 
memorial-educativo não é só de responsabilidade da escola, mas principal- 
mente da família e dos espaços religiosos e culturais e seus respectivos meios 
de comunicação. 
Entende-se que os sujeitos são os construtores de sua própria história, 
por isso, devem se expressar, se manifestar, fazer e acontecer para serem 
vistos, contemplados, entendidos, respeitados e valorizados, 
Na escola, aprende-se a ler, escrever, contar e desenhar; mas no espaço 
cultural e espaço social que os movimentos articulam, se ensina uma educação 
para vida, a ter respeito, responsabilidade, ser amigo, ser família, enfim, ser 
oque se é. 
Nos espaços de convivência, há expressão política, reivindicação e reco- 
nhecimento, elementos que ampliam o horizonte sociocultural. 
A socialidade, o “estar-junto”, se dá por três vetores: costume (convi- 
vência), ética (laço coletivo) e estética (o sentir comum). É a cultura que 
articula uma convivência pautada na autonomia e liberdade dos indivíduos; 
são os movimentos sociais que une pessoas com mesmo objetivo, tendo a 
afetividade do respeito e solidariedade como pano de fundo entre os mem- 
bros; e a estética de cada particular que não se vê e nem se sente só, mas 
que aquinhoa do mesmo sentimento de humanidade e, neste caso, de ser 
negro e/ou afrodescendente. 
O Estado não se mostra interessado na educação da população, muito 
menos da população excluída. O interesse do Estado capitalista é a forma- 
ção para o trabalho e, como forma de dar descanso aos esforços laborais, um 
pouco de lazer. 
NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 257 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
São os prazeres apresentados pela sociedade, que exige do sujeito sua 
parcela de contribuição para o desenvolvimento da mesma (trabalho, consumo, 
troca de informações), em troca de um pouco de segurança, em troca de um 
pouco mais de vida, 
Na cultura e nos movimentos sociais de negritude, o lazer é substituído 
como forma de sublimação do drama existencial. E no momento do lazer que 
os conflitos e problemas são deixados de lado, na busca de uma universalidade 
cultural que expressa o lado sensível do humano. 
A luta não é natural, cada um luta pelo reconhecimento do outro, porque 
no outro há sempre uma parcela de todos nós. 
O Movimento Negro, assim como qualquer outro movimento social, vai se 
organizando por meio de um pequeno grupo/coletividade que se vê excluído 
de alguma forma da sociedade vigente e se reuni para traçar ações que pos- 
sibilitema participação ativa nela, na tentativa da construção de um modelo 
de sociedade. O M.N. não pensa só na em formar os sujeitos culturalmente, 
mas intensifica uma formação cultural, já que vivemos numa sociedade pluri 
e multicultural, e anexa uma visão política que possibilita uma orientação que 
visa a transformação do preconceito e racismo em cidadania e igualdade de 
direitos “a cultura é essencial para o trabalho político" (SIQUEIRA, 2006, p. 132). 
Educação sem pré-conceito 
Sendo o preconceito nada mais que um rótulo que colocamos em alguém 
ou alguma coisa, simplesmente por não o conhecer, observamos que é desse 
preconceito com “um” alguém ou “uma” coisa, que o sujeito direcionará esse 
pensamento ignorante a uma coletividade, ou seja, generaliza um posiciona- 
mento que acaba tendo um caráter negativo e até agressivo e/ou opressor 
sobre outrem, surgindo aí, o racismo e discriminação. 
No Brasil, essas ações negativas provêm de quase cinco séculos de escra- 
vidão e exploração dos negros, que ocasionou a exclusão e segregação, além 
da morte de muitos. Os grupos e movimentos sociais voltados à temática da 
negritude, fincam raízes em sua cultura e espalham-na para quem tem interesse 
em se deixar conduzir pela beleza, ritmo e cultura africana. Esses mecanismos 
de resistência, com simbologias, traços e aspectos da cultura negra, ajudam 
a enfrentar o preconceito e realidade social de situações de marginalidade e 
exclusão, mostrando o valor que cada um tem que dar à cultura que faz parte 
ao mesmo tempo respeitando a cultura do outro, além de que as culturas são 
diferentes, por isso, todas com sua beleza e encantamentos únicos. 
Ao longo de todo processo de escravidão, preconceito e discriminação 
racial, observamos as duas facetas que essas ações negativas possuem: 1) 
o caráter agressivo e opressor, que se diz superior ao outro, essa faceta foi 
sendo dissipada graças às leis que foram sendo instituídas, e 2) o caráter 
camuflado que os preconceitos ganharam, mostrando o quão superficial foi 
a diminuição das atitudes racistas. 
258 -=:14:5 NEGRAS HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
 
“GOLEÇÃO UNIAFRO 
Essa segunda face que as ações negativas apresentam, não aparecem 
abertamente como forma de afronta aos negros e grupos de negritude, mas 
são atitudes internalizadas na consciência de pessoas que permanecem no 
mundo ignorante, sem informação e, sobretudo, sem buscar realmente co- 
nhecer para depois construir um julgamento sobre. 
A hegemonia branca e massificação perdurou épocas e épocas devido 
ao processo de globalização, investimento econômico e desenvolvimento 
tecnológico que só veio a favorecer quem tinha condição de sempre se man- 
ter atualizado, neste caso, 05 brancos que munca passaram por situações de 
escravidão e exploração tão intenso que os fizessem chegar até os dias de 
hoje com marcas da pobreza e falta de educação institucionalizada (já que 
estas são delimitadas por vagas e só as obtém quem muitas vezes tem poder 
aquisitivo ou grande influência nas instituições sociais). 
O setor educacional deve ser uma possibilidade de intervenção na socie- 
dade e de mediação de informações e instruções que levem ao aluno a perceber 
o quão somos todos iguais e lutamos pelo mesmo direito: direito à Vida. 
As escolas e academias são as instituições mais eficientes em disseminar 
ideias, tanto pode criar quanto extinguir as desigualdades. A escola não só deve 
se preocupar em “escolarizar indivíduos e, sim, formar sujeitos” (SIQUEIRA, 
2006, p. 48). Não é a educação por si mesma que muda a sociedade, mas os 
grupos que se apoiam nesse sistema. 
A educação dada pra um é a mesma que que muitos outros compartilham. 
A escola, como qualquer outra instituição, segue determinadas programa- 
ções, regras e cronogramas para atingirem certas médias. Assim, é preciso 
entender que todos acabam passando pelo mesma processo educacional nas 
escolas, mas os ensinamentos que os alunos levam para escola vindos de casa 
e os modos de ser e agir que vão adquirindo com os relacionamentos com os 
colegas influenciam o modo de pensar do sujeito. 
Conclusão 
À interpretação que cada um vai criando da realidade, é um ponto a 
ser trabalhado pelas manifestações culturais, religiosas e artísticas. E uma 
constante reconstrução da identidade que vai moldando a autvestima para 
a vivência da cidadania. 
Não se faz necessário mais conhecimentos, mas simplesmente um repen- 
sar ações estratégicas que conduzam a uma melhor organização da sociedade, 
respeito e um trabalho eficiente, 
O negro que era tido como objeto na sociedade, agora passa ser conside- 
rado como um sujeito. O processo de desenvolvimento civilizatório somado à 
construção de um riquissimo patrimônio cultural, que é a cultura afro, e as 
relações em grupo, de cooperação mútua e de solidariedade que melhoraram a 
qualidade humana, possibilitou que das experiências nas relações de convívios 
sociais cotidianos com culturas e movimentos sociais diversos, houvesse um 
NEGRITUDE - CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 259 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA Bahia 
aprendizado espontâneo que demonstra efetivamente a aceitação da diferença, 
aalteridade e igualdade. “Desse modo, isto evidencia como não é a educação 
que se ocupa do conhecimento, ele nasce e se desenvolve na medida em que 
as pessoas pensam e refletem sobre a experiência vivida em suas práticas” 
(SIQUEIRA, 2006, p. 109). 
260 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
 
COLEÇÃO UNIAFRO 
DEFEDÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Racial. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis intern/conv int 
eliminacao disc racial.htm> Acesso em: 10 abr. 2013. o 
CARDOSO, Nádia. Movimento Negro pós-70: a educação como arma contra o racismo, 
Disponível em: <http://wvwrw.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco- 
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GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos Sociais e Educação. 6. ed. rev. 
São Paulo: Cortez, 2005. 
SANTOS, Aderaldo Pereira dos. O Movimento Negro e a Juventude em conflito 
com a Lei. 2007. 149 f. Dissertação. (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em 
Educação, UER], Rio de Janeiro, 2007. 
SIQUEIRA, Maria de Lourdes (Org.). Imagens Negras: ancestralidade, diversidade 
e educação. Belo Horizonte Mazza, 2006. pp. 80-86. 
NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOGIAL, EDUCAÇÃO 281 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA 
ONGANIZADODES 
ANA PAULA COL é graduado em Historia pela Universidade Federal do Recôncavo 
da Bahia, mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana e 
professora no ensino básico na Comunidade Remanescente de Quilombos do Iguape, 
Cachoeira, Bahia. 
CLÍSSIO SANTOS SANTANA é Mestre em História Social pela UFBA, graduado em História 
pela UFRB e membro do NEAB- UFRB. Autor da dissertação “Ele queria Viver como 
se fosse homem livre”: Escravidão e liberdade no Termo de Cachoeira 1850-1888. 
Seus estudos concentram-se nas áreas de escravidão, liberdade, pós-abolição e 
luta/conflitos por acesso à terra na Bahia oitocentista. 
FREI AGANJU SANTIAÇO FERDEIDA é graduado em história pela Universidade Federal do 
Recôncavo da Bahia (UFRB) e mestre em Ciências Sociais pela mesma Universidade. 
Seus estudos são relacionados a área de política racial, raça, classe e movimentos 
sociais rurais e urbanos. É também Cine Clubista comunitário, poeta e articulador 
da Campanha Reaja ou Será Morta/o. 
JS BANCELLOS MIDANDA, graduada em História pela UFRB e mestra em Ciências 
Sociais pela mesma instituição. Já atuou como professora do Ensino Fundamental 
II e Técnico em escola rural quilombola no Recôncavo da Bahia, é membro do 
NEAB-Recôncavodesde 2007 e realiza pesquisas em comunidade rural quilombola 
localizada no Vale do Iguape, Cachoeira-BA. 
LUMADA COISTINA NADTIN SANTOS, mestra em Ciências Sociais pela UFRB e graduada em 
Ciências Sociais pela UFS. Realiza pesquisas sobre religiões de matrizes africanas 
em Sergipe visando as linhas: festa, ritual e identidade. Atua como membro do 
Conselho Deliberativo do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros — NEAB/SE. Como 
quilombola, atuou na assessoria e acompanhamento dessas comunidades em 
Sergipe. 
278 toaMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS 
 
 
 
 
Imagem de capa 
Foto cedida pelo autor 
Fotógrafo: Lázaro Roberto Ferreira dos Santos 
Revisão Ortográfica (português) 
Carlos Otávio Flexa — MCGG Design Editorial 
Normalização Bibliográfica 
Soraya Alves — MC&G Design Editorial 
Criação e Programação Visual 
MC&G Design Editorial 
Editoração Eletrônica 
Glaucio Coelho — MCAG Design Editorial 
Produção Editorial e Gráfica 
Maria Clara Costa — MCAG Design Editorial 
CTP e Impressão Grafica 
Reproset Gráfica e Editora — MC&G Design Editorial 
 
 
O Núcleo de Estudos Afro-Bra- 
sileiros do Recôncavo da Bahia 
(NEAB - Recôncavo), da Univer- 
sidade Federal do Recôncavo da 
Bahia (UFRB) surgiu no ano de 
2006, a partir das ações do Gru- 
po de Pesquisa NEAB-Recôncavo 
(CNPq) e do Núcleo de Diversida- 
de, Educação e Cultura (NUDEC), 
da Pró-Reitoria de Políticas Afir- 
mativas e Assuntos Estudantis. A 
partir daí foram incrementadas 
as ações relativas à consolida- 
ção do grupo, no que concerne à 
infraestrutura, adesão de novos 
pesquisadores e elaboração de 
diversos trabalhos vinculados às 
linhas de pesquisa: “Comunida- 
des Negras Rurais”, “Educação e 
Relações Interétnicas”, “Escra- 
vidão e Pós-Abolição”, “Saúde 
das Populações Negras”, “Gênero 
e Raça” e “Cultura Negra”. Esse 
processo de institucionalização 
e produção acadêmica possibili- 
tou a participação do NEAB-Re- 
côncavo no edital do PROGRA- 
MA UNIAFRO, da Secretaria de 
Ensino Continuado, Alfabetiza- 
ção e Inclusão do Ministério da 
Educação (SECADI). O Programa 
tem como objetivo a implemen- 
tação da Lei n.º 11.645/2008, que 
estabelece a obrigatoriedade do 
ensino da História da Africa, da 
Cultura Afro-Brasileira e dos 
Povos Indígenas nos currículos 
da Educação básica. O projeto do 
NEAB-Recôncavo, aprovado pela 
SECADI, inclui a organização da 
COLEÇÃO UNIAFRO formada por 
vinte e duas obras de diversos 
autor(Ds, de várias universida- 
des. Os livros publicados trazem 
referências temáticas às religi- 
ões afro-brasileiras, à capoeira, 
as comunidades negras rurais e 
aos remanescentes de quilombos 
no Brasil e Colômbia, a diáspora 
africana nas Américas e o tráfi- 
co de escravos, questões sobre a 
formação dos estados nações na 
Africa contemporânea e sobre 
a estética das mulheres negras. 
Aparecem estudos dirigidos ao 
período escravista e pós-abolicio- 
nista. Neste conjunto, incluímos 
esta obra. Agradecemos a todas 
as pessoas envolvidas no projeto 
e desejamos uma boa leitura. 
Membros do NEAB-Recôncavo 
NE AB 
Neciro ne Eariian 
Arno Mnanitninõs ta 
Mannes sem ma Mania LAI

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