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Frente as novas tecnologias e a abertura para novos diálogos acerca de temas até então negligenciados ou esquecidos, neste sentido “Tramas Negras" reúneartigos que abordam uma série de temas relacionados as contribuições negras e afro-brasileiras para formação social e cultural do Brasil. Cada artigo que compõe esta obra traz um conteúdo que reafirma a necessidade de persistir em políticas afirmativas que visem melhorias nas condições de vida e acesso para a população negra a todos os setores da vida produtiva, Ao mesmo tempo em que abordam a necessidade de preservação de saberes e um legado tradicional. HISTÓRIA, OPO PARA AS RELAÇ Clissio Santos Santana * Fred Aganju Santiago Ferreira « Josy Barcellos Miranda e || Lumara Cristina Martins Santos » Ana Paula Cruz Organizador Coleção UNIAFRO « Antonia Liberao Cardoso Simões Pires [à MEL DO FR N A IB FINGITRAÇO a OVO Ni E Badunas Moema Mina mia jd Mimas ha Manta IRIA UF JB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA REITOR Paulo Gabriel Soledade Nacif VICE-REITOR Sílvio Luiz de Oliveira Soglia PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO Rosilda Santana dos Santos PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAL Neilton Paixão de Jesus PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO Luciana Alaíde Alves Santana PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, CRIAÇÃO E INOVAÇÕES Ana Cristina Firmino Soares PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO Juvenal de Carvalho Conceição PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO Ana Rita Santiago da Silva PRÓ-REITORIA DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS E AÇÕES ESTUDANTIS Ronaldo Crispin Serra Barros EDITORA DA UFRB CONSELHO EDITORIAL Titulares Pr ) Sérgio Augusto Soares Mattos (Presidente Alessandra Cristina Silva Valentim Ana Cristina Fermino Soares Fábio Santos de Oliveira AnaG ina Peixoto Rocha Robério Marcelo Ribeiro Rosineide Pereira Mubarack Garcia Su Ana Cristina Vello Loyola Dantas Geovana da Paz Monteiro Jeane Saskya Campos Tavares NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS DO RECÔNCAVO DA BAHIA (NEAB-RECÔNCAVO) Coordenador - Antonio Liberar Cardoso Simões Pires Vice-Coordenadora — Rosy de Oliveira CONSELHO CONSULTIVO Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB-Presidente) Carlos Eugênio Libano Soares (UFBA) Eduardo de Oliveira (UFBA) Eurípides Funes (UFC) Flavio dos Santos Gomes (UFRJ) Geraldo da Silva (UFT) Lívio Sansone (UFBA) Luiz og a de Alencastro (SORBONNE IV - França) parei caquim Maciel de Carvalho (UFPE) Del Priore dia No u Pares (UFB, Rafael de Bivar ua (USP) Pereira da Rocha Suzana Matos Viegas (UNIVERSIDADE DE COIMBRA - PORTUGAL) TRAMAS NEGRAS HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS Organizadores Clíssio Santos Santana e Fred Aganju Santiago Ferreira Jôsy Barcellos Miranda e Lumara Cristina Martins Santos Ana Paula Cruz Volume 18 Editora UFRB EDITORA Cruz das Almas, Belo Horizonte 2016 e 2016 Clíssio Santos Santana etal. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, de qualquer forma ou por qualquer meio, Ser autorização deautor Editora UFRB CONSELHO EDITORIAL Titulares Sérgio Augusto Soares Mattos (Presidente) Alessandra Cristina Silva Valentim Ana Cristina Fermino Soares Fábio Santos de Oliveira Ana Georgina Peixoto Rocha Robério Marcelo Ribeiro Rosineide Pereira Mubarack Garcia Suplentes Ana Cristina Vello Loyola Dantas Geovana da Paz Monteiro Jeane Saskya Campos Tavares Editora da UFRB: Rua Rui Barbosa, 710, Centro Cruz das Almas. Bahia. Brasil. CEP 44.380-000 Fone: +55 75 3621 2350 wurrufrb org.br/editora eNErIRAÇO Fino Traço Editora Ltda. Ay, do Contorno, 9317 A— 2º andar Prado. Belo Horizonte, MG. Brasil Telefax: (31)3212 9444 wwny.finotracoeditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Nacional T771 Tramas negras: história, antropologia e educação para as relações raciais / Organizado por Clíssio Santos Santana, Fred Aganju Santiago Ferreira, Jôsy Barcellos Miranda, Lumara Cristina Martins Santos, Ana Paula Cruz. - Cruz das Almas : EDUFRB,; Belo Horizonte : Fino Traço, 2016. 278 p.:il. (Coleção UNIAFRO, 18) ISBN 978-85-67589-12-1 (Coleção) ISBN 978-85-67589-29-9 (v. 18) 1. História — Brasil, 2. História — Bahia. 3. Escravatura — História. 1. Série. II. Santana, Clissio Santos. II. Ferreira, Fred Aganju Santiago. IV. Miranda, Jôsy Barcellos. V. Santos, Lumara Cristina Martins. VI. Cruz, Ana Paula. CDU. 326:94(813) APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO UNIAFRO 2016 ............... iii 9 DPL GA n MITÓDIA DA BAMIA É DE CORUNIDADES MEGDAS RUDAI CAPÍTULO 1, A TEMÁTICA DA ESCRAVIDÃO NA ASSEMBLEIA GERAL CONSTITUINTE DE 1823: O CASO DAS SESSÕES PREPARATÓRIAS......smuns 15 ANTONIO CLEBED DA CONCEIÇÃO LÉIIOS CAPITULO 2. “ESCRAVIDÃO NAS TERRAS DO UNA": HISTÓRIAS DE ESCRAVOS E LIBERTOS NAS ZONAS RURAIS DE VALENÇA BAHIA DERA si 29 CLAUDIANA DOS SANTOS CADDOGO CAPÍTULO 3. OS IMPACTOS DA EPIDEMIA DA CÓLERA EM , CACHOEIRA-BA NO SÉCULO XIX: PÂNICO E MORTE ENTRE A POPULAÇÃO ... 43 DENISE BIBRO DOS SANIOS CAMÍTULO 4. TURBULÊNCIAS NA HEROICA CIDADE DA CACHOEIRA (1890-1893): CONFLITOS COTIDIANOS E SOBREVIVÊNCIA NO UNIVERSO DAS CAMADAS POPULARES NA CACHOEIRA REPUBLICANA... 55 ELISEU SANTOS FERREIDA GINA CAPÍTULO 5. A GAÇA À BALEIA NO CONTEXTO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS NA AMÉRICA: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE O RECÔNCAVO DA BAHIA E O NORTE DOS EUA. (1790-1850) ...uenereerereraneeeeees- 67 MILGON OLIVEIRA BADADO CAPÍTULO 6. LATA D'ÁGUA, ESTRIBARIAS, POSTES E TRONCOS. SOBRE PERMANÉNCIAS E PÓS-ABOLIÇÃO EM FEIRA DE SANTANA isso. Ba HAYADA PLÁSGIDO SINA CAPÍTULO 7, MÚSICA PARA JESUS — OS JESUÍTAS E A MÚSICA NO PROCESSO DE CONVERSÃO DOS ÍNDIOS... smemiemeesremamieseemmenmeerseerm 99 AMIDES GANHOS TULL CAPÍTULO 8. UM “QUILOMBO” APÓS A ABOLIÇÃO: ITINERÁRIO DE UMA COMUNIDADE NEGRA RURAL NO RECÔNCAVO BAIANO RECÉM- EMANCIPADO (1890-1920) . rm aicamnsasenmureç TE JOÃO PAULO PINTO m Camo CAPÍTULO 0. GADEIA AGROECOLÓGICA DO CAPIM-DANDÁ (CYPERUS ROTUNDUS L.) NA COMUNIDADE NEGRA RURAL DO QUILOMBO DE RES SEMDMÍENÃO) a 127 JESEICA DA SILVA SAPAIVA PAGA, CODDO, GERERO, SAUDE E CIÊNCIA CAPÍTULO IO. DESIGUALDADES RACIAIS E TRABALHO INFANTO- JUVENIL: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA EM UMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVO-INTERPRETATIVA sissasis enssissinits ini saiesiaiaenteietmnaninêr sonata 141 BATIDO POBDIGUES. CON! CAPÍTULO IL. O CORPO NEGRO NO CANDOMBLÉ E SUA SIGNIFICAÇÃO DO SAGRADO AQ PROFANO: UMA ONTOLOGIA DE PREV TERRA ILADDESS as nasestesaus pesa 155 LUCINEA SANTOS LIMA CAPÍTULO Iê. DES (CONSTRUINDO) O CORPO AFRODESCENDENTE DA EJA COM A EDUCAÇÃO FÍSICA... errsterserereresseresmme seas 169 EDOLEIDE VALENÇA, SANTOS GADVALHO CAPÍTULO 13. PARA ALÉM DE UMA IMAGEM COLONIALISTA SOBRE O EEE OR oia 183 ALEXEANODO DA SILVA MADQUES CAPÍTULO 14, UMA ANÁLISE SOBRE A EQUIDADE NA SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA EM UM MUNICÍPIO DO RECÔNCAVO DA BAHIA... 199 CAMILA DOS SANTOS PONBIGUES EOUCAÇÃO DADA AS BELAÇÕES CINICO-BACIAIS. CULTUDA ESCOLAR E DOLÍICAS AFI AIIVAS CAPÍTULO 15. EDUCAÇÃO, GÊNERO E INTERSECCIONALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR — PISTAS PARA UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O TEMA. 203 FABIANA FDEITAS COSTA CAPÍTULO 16. EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: ALGUMAS REFLEXÕES.......... 218 SHIRLEY PIMENTEL DE SOUZA CAPÍTULO 11. “MEU CABELO NÃO É PALHA DE AÇO": COMO PODE A ESCOLA EDUCAR PARA UMA ESTÉTICA NEGRA?......sumummemeaeesenemismmams 231 TALARA DAMASCENO DA GINA SANTANA CAPITULO |8. REFLETINDO EDUCAÇÃO E CULTURA AFRODESCENDENTES.... ALDEVANE DE ALHEIA ABALO CAPÍTULO 1. NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO MNGIEL UMES VICIDA CAPÍTULO 20. DO ACESSO À PERMANÊNCIA: TRAJETÓRIA E ÊXITO ACADÊMICO DE JOVENS DE ORIGEM POPULAR NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA... ELES LEA DOS GÁNIOS ANA» [ASI LIVRA CONÇANMES THAIE CALIXTO DOS GANIOS = JANELE DE GOULA SINA 247 253 2. 263O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (NEAB - UFRB) surgiu a partir das ações do Grupo de Pesquisa NEAB - UFRB/CNPg e do Núcleo de Diversidade, Educação e Cultura (NUDEC), da Pró- Reitoria de Politicas Afirmativas e Assuntos Estudantis, no ano de 2006. À partir dai foram incrementadas as ações relativas à consolidação da infraestrutura, da adesão de novos pesquisadores e da elaboração de diversos projetos voltados para o fortalecimento das linhas de pesquisa do Grupo-NEAB/UFRB. Nessa perspectiva foram desenvolvidas pesquisas de campo vinculadas às linhas de pesquisa: Comunidades Negras Rurais”, “Educação e Relações Interétnicas”; “Escravidão e Pós-Abolição”, “Saúde das Populações Negras”, “Gênero e Raça” e “Cultura Negra”. Nessas linhas foram realizadas diversas atividades: de iniciação científica, de trabalhos de conclusão de curso, eventos de ensino, pesquisa e de extensão, voltados para o curso de Pós-Graduação Latu Sensu em História da Africa, da Cultura Negra e do Negro no Brasil. O referido curso destina-se à formação dos profissionais das instituições de ensino público, estadual e municipal da Bahia (SECADI/MEC/FNDE), incluindo também o Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional em História da África, da Diásporae dos Povos Indígenas (UFRB/CAPES). Esse processo de institucionalização e de produção acadêmica possibilitou a participação do NEAB-UFRB no edital do Programa UNIAFRO da Secretaria de Ensino Continuado, Alfabetização e Inclusão do Ministério da Educação (MEC). O principal objetivo do Programa UNIAFRO é a implementação da Lein.º 11.645/2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História da África, da Cultura Afro-Brasileira e dos Povos Indígenas nos currículos da Educação Básica. Esta Coleção UNIAFRO prioriza a publicação de Coletâneas envolvendo uma significativa rede de pesquisadores brasileiros e estrangeiros filiados às várias instituições de ensino superior e de fundações culturais, oferecendo vasto ma- terial para professores e pesquisadores, em variadas abordagens disciplinares e interdisciplinares, objetivando a implantação e difusão de produtos vinculados à Lei n.º 11.645 de 2008. Ressaltamos, também, a importância da coedição da Editora da UFRB com a Fino Traço Editora, o que garante a posterior publicação comercial das obras. Entretanto, a escolha dos caminhos para a editoração e revisão é nossa, isentan- do a instituição parceira de qualquer responsabilidade nesta primeira tiragem da Coleção. Com a aprovação do referido projeto pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação para trazer a lume esta COLEÇÃO UNIAFRO 2016, do Núcleo de Estudos Afro -Brasileiros do Recôncavo da Bahia, a publicação destas obras se tornou possivel. Esta Coleção é uma conquista dos movimentos negros e indígenas brasileiros em suas lutas seculares. Abaixo o rol dos volumes que compõem a Coleção: Volume 1: Entre Veredas e Arrabaldes: escravos e libertos na comarca de Nazaré das Farinhas durante o oitocentos e no pós-abolição, por Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB), Virginia Queiroz Barreto (UNEB) e Wellington Castellueci (UFRB); volume 2: Cenários da Saúde da População Negra no Brasil: diálogos e pesquisas, por Regina Marques de Souza Oliveira (UFRB); volumes 3 e 4: Formação Cultural: sentidos epistemológicos e políticos/Cultura e Negritude: linguagens do contemporâneo, organizados por Rita de Cássia Dias Pereira Alves (UFRB) e Cláudio Orlando Costa do Nascimento (UFRB); volume 5: Diáspora Africana nas Américas, organizado por Isabel Cristina F. dos Reis (UFRB) e Solange P. Rocha (UFPB); volume 6: Reflexões Sobre a Africa Contemporânea, organizado por Juvenal de Carvalho (UFRB); volume 7: Histórias da Escravidão e do Pós-Abolição nas Escolas, organizado por Giovana Xavier (UFRJ); volume 8: Da Escravidão e da Liberdade: processos, biografias e experiências da abolição em perspectiva transnacional, organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB); Flávio dos Santos Gomes (UFRJ), Maria Helena P. T. Machado (USP), Paulo Roberto Staudt Moreira (Unisinos), Petrônio Domingues (UFS), Walter Fraga (UFRB) e Wlamyra Albuquerque (UFBA); volume 9: Territorialidades Negras em Questão: conflitos, lutas por direito e reconhecimento, organizado por Ana Paula Comin de Carvalho (UFRB), Cíntia Beatriz Miller (UFBA e Rosy de Oliveira (UFRB); volume 10: Os Indios na História da Bahia, organizado por Fabricio Lyrio (UFRB); volume 11: Pensadores Negros -Pensadoras Negras - Brasil, Séculos XIX e XX, organizado por Ana Flávia Magalhães Pinto (Unicamp) e Sidney Chalhoub ( Harvard University); volume 12: Atlântico de Dor: faces do tráfico de escravos, organizado por João José Reis (UFBA) e Carlos da Silva Jr. (University of Hull/Inglaterra); volume 13: Capoeira em Múltiplos Olhares: estudos e pesquisas em jogo; organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB), Franciane Simplício (Fundação Gregório de Mattos - BA), Paulo Magalhães (UFBA) e Sara Abreu (UFBA); volume 14: Das Formações Negras Camponesas: ensaios sobre remanescentes de quilombos no Brasil, organizado por Rosy de Oliveira (UFRB) e Flávio dos Santos Gomes (UFRJ); volume 15: Antinegritude: o impossível sujeito negro, organizado por João H. Costa Vargas (University of Texas/Austin) e Osmundo Pinho (UFRB); volume 16: Beleza Negra: representações sobre o cabelo, corpo e identidade das mulheres negras, organizado por Ângela Figueiredo (UFRB) e Cintia Cruz (UFRB); volume 17: Territórios de Gente Negra: processos, transformações e adaptações: ensaios sobre Colômbia e Brasil organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB), Axel Rojas (Universidad Del Cauca/Colômbia) e Flávio dos Santos Gomes (UFRI); volume 18: Tramas Negras, organizado por Ana Paula Cruz (UEFS), Clíssio Santos Santana (UFBA), Fred Aganju Santiago Ferreira (UFRB), Jôsy Barcelos Miranda (UFRB) e Lumara Cristina Martins Santos (UFRB); volume 19: As Vinte e Uma Faces de Exu, por Emanoel Soares (UFRB); volume 20; Africanos na Cidade da Bahia: escravidão e identidade Africana-século XVIII, por Cândido Domingues (UNEB), Carlos da Silva Jr. (University of Hull/Inglaterra) e Carlos Eugênio Libano Soares (UFBA); volume 21: Caminhos para a Efetivação da Lei n.º 11.645.2008, organizado por Leandro Antonio de Almeida (UFRB); volume 22: O Recôncavo no Olhar de Jomar Lima: patrimônio, festas populares e religiosidade, organizado por Antonio Liberac Cardoso Simões Pires e Rosy de Oliveira, Aqui expressamos nossos agradecimentos! COMISSÃO ORGANIZADORA DA COLEÇÃO Antonio Liberac Cardoso Simões Pires, Cláudio Orlando Costa do Nascimento, Emanoel Luis Roque Soares, Rita de Cássia Dias Pereira Alves e Rosy de Oliveira. 10 tramas NEGBAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS APRESENTAÇÃO Este livro reúne de forma coletiva o trabalho de discentes de vários cursos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e da Universidade Federal da Bahia, produto do esforço acadêmico de jovens pesquisadores relacionados às áreas das Humanidades e suas possíveis interfaces com as demais ciências. Ao mesmo tempo, esta coletânea congrega artigos e ensaios que versam sobre múltiplas temáticas, com recortes temporais e metodológicos diversos, desde textos construídos a partir de análises em- píricas de fontes documentais pesquisadas em diversos arquivos baianos, perpassando por reflexões de cunho historiográfico, teórico, etnográfico, filosófico e antropológico. O livro foi organizado em três partes, tendo como fio condutor as conexões existentes entre os trabalhos, facilitando aproximações e o diálogo entre os diferentes temas abordados pelos estudantes. À primeira parte foi organizada com artigos que têm como preocupação primordial o campo da História, especificamente, da História dos africanos escravizados, seus descendentes e demaisgrupos subalternizados em várias localidades baianas, discorrendo sobre temas como: escravidão, política, liberdade, pós- abolição e comunidades negras rurais e quilombolas. Tivemos a preocupação de elencar na segunda parte desta coletânea, trabalhos voltados para o campo das relações e conflitos raciais, de gênero, corpo e saúde do povo negro, agregando pesquisas nas áreas de educação, filosofia, antropologia e sociologia. À terceira e última parte, agregamos os trabalhos voltados para o campo da educação para relações étnico-raciais, com artigos que versam sobre as variadas maneiras que a cultura escolar pode escamotear uma lógica racista, preconceituosa e eurocêntrica. Encontraremos trabalhos preocupados com as práticas educacionais em áreas quilombolas, os debates sobre negritude e estética negra, movimentos sociais e políticas afirmativas de acesso e permanência estudantil. Com toda multiplicidade de temas, abordagens, concepções teóricas e metodologias, esses jovens pesquisadores estão atentos em desenvolverem todas as suas pesquisas com excelência e rigor acadêmicos, e, por conseguinte, ampliando sua formação acadêmica; compondo novos enredos, problemas, revisitando temas, propondo novas interpretações, sem deixar de levar em conta suas experiências de vida, tecendo assim, suas próprias “TRAMAS”, na sua grande maioria, negras. nu o PARTES NEGRITUDE CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO Jociel Nunes Vieira! INTRODUÇÃO Todo ser humano tem necessidade de se ambientalizar onde se encon- tra, de criar laços socializáveis, de trocar informações. A maior dificuldade nesse processo, encontra-se no fato de, na relação entre seres racionais, uns demonstrarem formas de pensamento inferior. A inferioridade e superio- ridade aqui, não são tratadas como sendo um melhor que o outro, mas sim, um grupo que se organiza social e culturalmente, promove ideias educativas e religiosas, e têm posturas éticas e políticas; enquanto o outro grupo não pensa em se organizar como forma de distribuir igualmente os benefícios que a sociedade promove, mas se organizam para distribuir o melhor para si e as “sobras” para 0 “resto”... as ideias promovidas, são as de “pré-conceitos” e “pré-juizos”, sem base nem argumentos que fundamentam o que pensam... as posturas (antiéticas e apolíticas) são egoístas e agressivas com as pessoas que não fazem parte do mesmo grupo de interesse. As pessoas que se encontram à margem da sociedade, os negros, ín- dios, pobres, analfabetos e analfabetos digitais, não vivem nesta sociedade moderna e contemporânea por causa dessas atitudes ignorantes que muitos ainda possuem, esses marginalizados sobrevivem cada um em seu espaço. Todos lutam para serem respeitados, identificados. É a partir da construção dessa concepção de identidade que cada um vai se tornando coletivo para criarem e implantarem ações que promovam a igualdade, respeito, cidadania e democracia, além de conceder a liberdade devida para se manifestarem e expressarem o que são e sentem. 1 Graduando do curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Recônca- vo da Bahia (UFRB), no Centro de Formação de Professores (CFP) em Amargosa(BA), Bol- sista PIBIC-CNPq 2012-2013 com o Projeto de Pequisa “O Ensino de Filosofia em Amar- gosa e no Vale do Jiquiriçá', na linha Filosofia da Educação. Lattes: <http://lattes.cnpg. br/7470039568374081 Contato: jocielnv(Dgmail.com 253 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA Cultura e movimento social À busca da identidade da pessoa de etnia negra se deu a partir da luta conta o racismo. O racismo por si só já se constitui em um instrumento de violação de direitos, no caso da infância e juventude em questão, ocorre um duplo processo de violação: o oriundo do racismo que a infância e juventude pobre e negra sofrem no seu cotidiano, e o que surge com a prática preconceituosa do Estado. Visualiza-se, desta forma, uma maneira de se observar como o problema do racismo no Brasil pode ser articulado com a questão dos direitos. (SANTOS, 2007, p. 40) De um lado quem tem/goza privilégios, do outro quem está em desvan- tagem. À identidade é algo formado a partir da minha diferença com o outro, por isso, faz-se necessário o estudo da tradição para chegar até a origem primeira e obter autenticidade. Através desta genealogia, chegaremos à afirmação de que todos provemos de uma mesma origem, logo, todos somos iguais. Sim, isso é verdade! Mas, há algo que nos diferencia um do outro, que nos permite ter particularidade e sermos únicos. É a cultura! Cultura que vem das desigualdades sociais, que separa povos, e estes, buscando semelhanças em suas condições (sejam so- ciais, religiosas, étnicas, etc.), se agrupam, se entrelaçam e fundem-se com elementos que os caracterizam. A cultura forma uma comunidade de agregados que comungam das mes- mas situações e têm uma linha de pensamento parecida sobre a forma como vivem e deveriam viver, sobre a sociedade como um todo, sobre a comunicação, meios de sobrevivência, avanços científicos e tecnológicos, que compartilha de costumes e crenças, tem seus ideais próprios e lutam por um espaço onde possam ser eles mesmos, onde as leis da sociedade não fazem efeito, mas sim as regras e normatizações que o grupo instituiu e que possibilita um convívio social harmônico, respeitoso e autêntico. Porém, outra forma de nos diferenciar coletivamente um grupo do outro, são os Movimentos Sociais. Grupos organizados com formação política visando a reivindicação de direitos que são instituídos pela lei, mas que o Estado não concede, bem como sistematizar ações de cunho afirmativo, ou seja, em prol das pessoas e grupos sociais à margem da sociedade, em forma de políticas igualitárias, leis que motivem uma melhor organização e participação no Estado e medidas de controle e erradicação das ações de caráter negativo com essas pessoas/grupos. Toda cultura é transmitida aos seus membros, através da educação, um espaço democrático, de socialização e inclusão social. Partindo da educação infantil; a forma de sanar os preconceitos é mais fácil de ser trabalhada, pois desenvolver com as crianças a temática da igualdade entre os seres é algo acolhido de maneira natural e, se cultivado, forma cidadãos conscientes, que lutam por políticas afirmativas que visam a inclusão de todos numa 254 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS FELAÇÕES RACIAIS COLEÇÃO UMIAFRO sociedade mais justa e participativa. Uma realidade a ser vivida, ancorada na cultura, torna mais prazeroso o viver e os conhecimentos que se adquire ao longo da vida. Todavia, quando lidamos com adolescentes e jovens num contexto esco- lar, podemos encontrar realidades em que estes já têm em si o preconceito e a discriminação, e para que essas condições sejam explicadas, orientadas e convertidas, os educadores, pais e pessoas à frente da comunidade serão aqueles que darão testemunho de ações contra os tipos de preconceito, já que o exemplo ensina mais que teorias e conceitos. A escola será um espaço de compartilhamento de ideias e formação de grupos. Quando estes são orientados ética e politicamente, movimentos sociais nascem e se constituem em prol dos direitos dos excluidos. Nesses movimentos, há a expressão das culturas, das vivências, das opiniões e dos estilos. Nas convivências com o outro, as diferenças vão se conhecendo, se misturando e se autoafirmando. Principalmente com os jovens, a dança, as artes e os estilos do povo africano, chamam a atenção e ganham adeptos. À cultura vai se tornando afro-brasileira. O respeito ao outro é valorizado, o saber ouvir para construir juntos é posto em prática, e a festa dos sons, cores e jeitos é celebrada. O mais interessante desses grupos que vão se formando, é em relação a oportunidades. Por serem excluídos, serem negros e, na maior parte, pobres, as oportunidades para participarem decursos, eventos, concorrer a vagas em escolas, de emprego ou concursos são mínimas. Mas com a força de vontade desses militantes, que conhecem sua história, sua trajetória de vida, eles não vão atrás de oportunidades, criam-nas. Há mobilização para formação de ONG's e associações que desempenham atividades sociais, políticas, recreativas e de formação humana com destaques para inclusão digital e no mercado de trabalho; na escola, nos espaços religiosos e nas ruas, os eventos são cons- tantes pra externalizar a vida que brota da luta; frente às desigualdades da sociedade, acontece a interação e integração sociocultural com os membros da comunidade. O discurso sobre educação só ganhou visibilidade política, na última década do século XX, quando a sociedade aprendeu a se organizar e reivin- dicar cidadania, graças ao surgimento de movimentos sociais que vieram das coletividades que experimentaram práticas solidárias e muitas outras contraditórias, primeiro formados para garantir a subsistência dos mem- bros, depois preocupados politicamente com o setor educacional, setor que o capitalismo poderia estar usando como forma de controle social, já que ele não se preocupa com a educação dos indivíduos, mas em racionalizar a vida econômica e tempo dos sujeitos, afim de gerar uma massa de bom convívio social, ou seja, cidadãos passivos cumpridores de suas obrigações morais. Os movimentos sociais tratam, especificamente, “de resgatar a dig- nidade do ser humano, perdida sob as condições indignas de sobrevivência |...] do capitalismo selvagem brasileiro" (GOHN, 2005, p. 48). NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOGIAL, EDUCAÇÃO 255 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA Segundo o Artigo | da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial: a expressão “discriminação racial” significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, lem igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida. (Decreto, 1969) Uma vez que a dignidade da pessoa humana é um direito instituído nos Direitos Humanos, (direitos que viabilizam a todo e qualquer ser humano viver em sociedade com dignidade), o combate à discriminação racial se faz necessário não porque os negros são “negros”, mas porque são seres humanos, dotados de direitos e deveres, como qualquer um. Trajetória do movimento negro A trajetória política e sociorracial do Movimento Negro é marcada por muitos entraves, grandes dificuldades, mas por vitórias marcantes que deixaram na história da humanidade, nomes a serem recordados pela atuação corajosa que tiveram. São esses exemplos que motivaram a juventude negra de ontem e de hoje a conhecerem sua história, seus direitos e sua cultura, e é essa juventude que acaba entusiasmando outros jovens a buscarem formação para lutar por essa causa, a partir de uma nova dinâmica, jovens negros contribuindo para a inserção de outros jovens negros na academia, mas muito mais que isso, conscientes da importância política dessa inserção, num espaço que historicamente lhes fora negado. (SIQUEIRA, 2006, p. 47) O Movimento Negro é um movimento social que discute questões sobre a exclusão da pessoa negra nos espaços sociais, mobilidade e reorganização econômica que acontece por causa do trânsito dos negros de uma comunidade para outra na luta por subsistência, mercado de trabalho, inclusão digital e tecnológica e expansão da cultura afro-brasileira. Esse movimento, surgido na década de 70, teve três principais momentos: 1º 1974, criação do bloco Ilê Aiyê, preocupado no primeiro momento em apresentar o modo alternativo de lazer para a juventude negra e, no segundo momento, com um processo de ensino formal; 2º 1978, surge o grupo NÊGO, composto por pessoas de vários setores da sociedade: estudantes e professores, artistas e músicos, bancários e comerciantes; todos com alguma experiência de discriminação sofrida; posteriormente esse grupo passou a ser denominado MNU — Moy. 256 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLÓGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS COLEÇÃO UNIAFRO Negro Unificado, que entre outras questões, abordava a valorização e recuperação da história e cultura da Africa para os negros brasileiros; 3º Década de 90, época em que surgem as iniciativas de ações afirmativas em educação para infância e juventude negras. Os movimentos sociais: não são instituições. Podem até se materializar em alguma ôrganização, mas isso é uma provisoriedade. À organização pode morrer, mas a ideia geradora certamente persistirá. E esta ideia gerará 0 renascimento do movimento em outro contexto. Portanto, movimentos são frutos de ideias e práticas. As práticas fluem e refluem. As ideias persistem, e se transformam agregando elementos novos, ou negando velhos, segundo a conjuntura dos tempos históricos. Os movimentos são históricos e têm, embutidos, uma historicidade particular, que se expressa em suas práticas, na sua composição, em suas articulações e em suas demandas. (GOHN, 2005, p. 100) Os discursos e ações que visam a construção de uma identidade étnica, tem como principal pano de fundo, a memória da ancestralidade. Esse processo memorial-educativo não é só de responsabilidade da escola, mas principal- mente da família e dos espaços religiosos e culturais e seus respectivos meios de comunicação. Entende-se que os sujeitos são os construtores de sua própria história, por isso, devem se expressar, se manifestar, fazer e acontecer para serem vistos, contemplados, entendidos, respeitados e valorizados, Na escola, aprende-se a ler, escrever, contar e desenhar; mas no espaço cultural e espaço social que os movimentos articulam, se ensina uma educação para vida, a ter respeito, responsabilidade, ser amigo, ser família, enfim, ser oque se é. Nos espaços de convivência, há expressão política, reivindicação e reco- nhecimento, elementos que ampliam o horizonte sociocultural. A socialidade, o “estar-junto”, se dá por três vetores: costume (convi- vência), ética (laço coletivo) e estética (o sentir comum). É a cultura que articula uma convivência pautada na autonomia e liberdade dos indivíduos; são os movimentos sociais que une pessoas com mesmo objetivo, tendo a afetividade do respeito e solidariedade como pano de fundo entre os mem- bros; e a estética de cada particular que não se vê e nem se sente só, mas que aquinhoa do mesmo sentimento de humanidade e, neste caso, de ser negro e/ou afrodescendente. O Estado não se mostra interessado na educação da população, muito menos da população excluída. O interesse do Estado capitalista é a forma- ção para o trabalho e, como forma de dar descanso aos esforços laborais, um pouco de lazer. NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 257 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA São os prazeres apresentados pela sociedade, que exige do sujeito sua parcela de contribuição para o desenvolvimento da mesma (trabalho, consumo, troca de informações), em troca de um pouco de segurança, em troca de um pouco mais de vida, Na cultura e nos movimentos sociais de negritude, o lazer é substituído como forma de sublimação do drama existencial. E no momento do lazer que os conflitos e problemas são deixados de lado, na busca de uma universalidade cultural que expressa o lado sensível do humano. A luta não é natural, cada um luta pelo reconhecimento do outro, porque no outro há sempre uma parcela de todos nós. O Movimento Negro, assim como qualquer outro movimento social, vai se organizando por meio de um pequeno grupo/coletividade que se vê excluído de alguma forma da sociedade vigente e se reuni para traçar ações que pos- sibilitema participação ativa nela, na tentativa da construção de um modelo de sociedade. O M.N. não pensa só na em formar os sujeitos culturalmente, mas intensifica uma formação cultural, já que vivemos numa sociedade pluri e multicultural, e anexa uma visão política que possibilita uma orientação que visa a transformação do preconceito e racismo em cidadania e igualdade de direitos “a cultura é essencial para o trabalho político" (SIQUEIRA, 2006, p. 132). Educação sem pré-conceito Sendo o preconceito nada mais que um rótulo que colocamos em alguém ou alguma coisa, simplesmente por não o conhecer, observamos que é desse preconceito com “um” alguém ou “uma” coisa, que o sujeito direcionará esse pensamento ignorante a uma coletividade, ou seja, generaliza um posiciona- mento que acaba tendo um caráter negativo e até agressivo e/ou opressor sobre outrem, surgindo aí, o racismo e discriminação. No Brasil, essas ações negativas provêm de quase cinco séculos de escra- vidão e exploração dos negros, que ocasionou a exclusão e segregação, além da morte de muitos. Os grupos e movimentos sociais voltados à temática da negritude, fincam raízes em sua cultura e espalham-na para quem tem interesse em se deixar conduzir pela beleza, ritmo e cultura africana. Esses mecanismos de resistência, com simbologias, traços e aspectos da cultura negra, ajudam a enfrentar o preconceito e realidade social de situações de marginalidade e exclusão, mostrando o valor que cada um tem que dar à cultura que faz parte ao mesmo tempo respeitando a cultura do outro, além de que as culturas são diferentes, por isso, todas com sua beleza e encantamentos únicos. Ao longo de todo processo de escravidão, preconceito e discriminação racial, observamos as duas facetas que essas ações negativas possuem: 1) o caráter agressivo e opressor, que se diz superior ao outro, essa faceta foi sendo dissipada graças às leis que foram sendo instituídas, e 2) o caráter camuflado que os preconceitos ganharam, mostrando o quão superficial foi a diminuição das atitudes racistas. 258 -=:14:5 NEGRAS HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS “GOLEÇÃO UNIAFRO Essa segunda face que as ações negativas apresentam, não aparecem abertamente como forma de afronta aos negros e grupos de negritude, mas são atitudes internalizadas na consciência de pessoas que permanecem no mundo ignorante, sem informação e, sobretudo, sem buscar realmente co- nhecer para depois construir um julgamento sobre. A hegemonia branca e massificação perdurou épocas e épocas devido ao processo de globalização, investimento econômico e desenvolvimento tecnológico que só veio a favorecer quem tinha condição de sempre se man- ter atualizado, neste caso, 05 brancos que munca passaram por situações de escravidão e exploração tão intenso que os fizessem chegar até os dias de hoje com marcas da pobreza e falta de educação institucionalizada (já que estas são delimitadas por vagas e só as obtém quem muitas vezes tem poder aquisitivo ou grande influência nas instituições sociais). O setor educacional deve ser uma possibilidade de intervenção na socie- dade e de mediação de informações e instruções que levem ao aluno a perceber o quão somos todos iguais e lutamos pelo mesmo direito: direito à Vida. As escolas e academias são as instituições mais eficientes em disseminar ideias, tanto pode criar quanto extinguir as desigualdades. A escola não só deve se preocupar em “escolarizar indivíduos e, sim, formar sujeitos” (SIQUEIRA, 2006, p. 48). Não é a educação por si mesma que muda a sociedade, mas os grupos que se apoiam nesse sistema. A educação dada pra um é a mesma que que muitos outros compartilham. A escola, como qualquer outra instituição, segue determinadas programa- ções, regras e cronogramas para atingirem certas médias. Assim, é preciso entender que todos acabam passando pelo mesma processo educacional nas escolas, mas os ensinamentos que os alunos levam para escola vindos de casa e os modos de ser e agir que vão adquirindo com os relacionamentos com os colegas influenciam o modo de pensar do sujeito. Conclusão À interpretação que cada um vai criando da realidade, é um ponto a ser trabalhado pelas manifestações culturais, religiosas e artísticas. E uma constante reconstrução da identidade que vai moldando a autvestima para a vivência da cidadania. Não se faz necessário mais conhecimentos, mas simplesmente um repen- sar ações estratégicas que conduzam a uma melhor organização da sociedade, respeito e um trabalho eficiente, O negro que era tido como objeto na sociedade, agora passa ser conside- rado como um sujeito. O processo de desenvolvimento civilizatório somado à construção de um riquissimo patrimônio cultural, que é a cultura afro, e as relações em grupo, de cooperação mútua e de solidariedade que melhoraram a qualidade humana, possibilitou que das experiências nas relações de convívios sociais cotidianos com culturas e movimentos sociais diversos, houvesse um NEGRITUDE - CULTURA, MOVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO 259 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA Bahia aprendizado espontâneo que demonstra efetivamente a aceitação da diferença, aalteridade e igualdade. “Desse modo, isto evidencia como não é a educação que se ocupa do conhecimento, ele nasce e se desenvolve na medida em que as pessoas pensam e refletem sobre a experiência vivida em suas práticas” (SIQUEIRA, 2006, p. 109). 260 TRAMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS COLEÇÃO UNIAFRO DEFEDÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Justiça. Decreto n.º 65.810, de 8 de dezembro de 1969. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis intern/conv int eliminacao disc racial.htm> Acesso em: 10 abr. 2013. o CARDOSO, Nádia. Movimento Negro pós-70: a educação como arma contra o racismo, Disponível em: <http://wvwrw.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco- virtual/espaco-diversidade/RELA%C3%B7%C3%95ES%20%C3%BITNICAS/ WEBARTIGOS/artigo.pdf> Acesso em: 08 abr. 2013. GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos Sociais e Educação. 6. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2005. SANTOS, Aderaldo Pereira dos. O Movimento Negro e a Juventude em conflito com a Lei. 2007. 149 f. Dissertação. (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação, UER], Rio de Janeiro, 2007. SIQUEIRA, Maria de Lourdes (Org.). Imagens Negras: ancestralidade, diversidade e educação. Belo Horizonte Mazza, 2006. pp. 80-86. NEGRITUDE — CULTURA, MOVIMENTO SOGIAL, EDUCAÇÃO 281 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA ONGANIZADODES ANA PAULA COL é graduado em Historia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana e professora no ensino básico na Comunidade Remanescente de Quilombos do Iguape, Cachoeira, Bahia. CLÍSSIO SANTOS SANTANA é Mestre em História Social pela UFBA, graduado em História pela UFRB e membro do NEAB- UFRB. Autor da dissertação “Ele queria Viver como se fosse homem livre”: Escravidão e liberdade no Termo de Cachoeira 1850-1888. Seus estudos concentram-se nas áreas de escravidão, liberdade, pós-abolição e luta/conflitos por acesso à terra na Bahia oitocentista. FREI AGANJU SANTIAÇO FERDEIDA é graduado em história pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e mestre em Ciências Sociais pela mesma Universidade. Seus estudos são relacionados a área de política racial, raça, classe e movimentos sociais rurais e urbanos. É também Cine Clubista comunitário, poeta e articulador da Campanha Reaja ou Será Morta/o. JS BANCELLOS MIDANDA, graduada em História pela UFRB e mestra em Ciências Sociais pela mesma instituição. Já atuou como professora do Ensino Fundamental II e Técnico em escola rural quilombola no Recôncavo da Bahia, é membro do NEAB-Recôncavodesde 2007 e realiza pesquisas em comunidade rural quilombola localizada no Vale do Iguape, Cachoeira-BA. LUMADA COISTINA NADTIN SANTOS, mestra em Ciências Sociais pela UFRB e graduada em Ciências Sociais pela UFS. Realiza pesquisas sobre religiões de matrizes africanas em Sergipe visando as linhas: festa, ritual e identidade. Atua como membro do Conselho Deliberativo do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros — NEAB/SE. Como quilombola, atuou na assessoria e acompanhamento dessas comunidades em Sergipe. 278 toaMAS NEGRAS: HISTÓRIA, ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES RACIAIS Imagem de capa Foto cedida pelo autor Fotógrafo: Lázaro Roberto Ferreira dos Santos Revisão Ortográfica (português) Carlos Otávio Flexa — MCGG Design Editorial Normalização Bibliográfica Soraya Alves — MC&G Design Editorial Criação e Programação Visual MC&G Design Editorial Editoração Eletrônica Glaucio Coelho — MCAG Design Editorial Produção Editorial e Gráfica Maria Clara Costa — MCAG Design Editorial CTP e Impressão Grafica Reproset Gráfica e Editora — MC&G Design Editorial O Núcleo de Estudos Afro-Bra- sileiros do Recôncavo da Bahia (NEAB - Recôncavo), da Univer- sidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) surgiu no ano de 2006, a partir das ações do Gru- po de Pesquisa NEAB-Recôncavo (CNPq) e do Núcleo de Diversida- de, Educação e Cultura (NUDEC), da Pró-Reitoria de Políticas Afir- mativas e Assuntos Estudantis. A partir daí foram incrementadas as ações relativas à consolida- ção do grupo, no que concerne à infraestrutura, adesão de novos pesquisadores e elaboração de diversos trabalhos vinculados às linhas de pesquisa: “Comunida- des Negras Rurais”, “Educação e Relações Interétnicas”, “Escra- vidão e Pós-Abolição”, “Saúde das Populações Negras”, “Gênero e Raça” e “Cultura Negra”. Esse processo de institucionalização e produção acadêmica possibili- tou a participação do NEAB-Re- côncavo no edital do PROGRA- MA UNIAFRO, da Secretaria de Ensino Continuado, Alfabetiza- ção e Inclusão do Ministério da Educação (SECADI). O Programa tem como objetivo a implemen- tação da Lei n.º 11.645/2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História da Africa, da Cultura Afro-Brasileira e dos Povos Indígenas nos currículos da Educação básica. O projeto do NEAB-Recôncavo, aprovado pela SECADI, inclui a organização da COLEÇÃO UNIAFRO formada por vinte e duas obras de diversos autor(Ds, de várias universida- des. Os livros publicados trazem referências temáticas às religi- ões afro-brasileiras, à capoeira, as comunidades negras rurais e aos remanescentes de quilombos no Brasil e Colômbia, a diáspora africana nas Américas e o tráfi- co de escravos, questões sobre a formação dos estados nações na Africa contemporânea e sobre a estética das mulheres negras. Aparecem estudos dirigidos ao período escravista e pós-abolicio- nista. Neste conjunto, incluímos esta obra. Agradecemos a todas as pessoas envolvidas no projeto e desejamos uma boa leitura. Membros do NEAB-Recôncavo NE AB Neciro ne Eariian Arno Mnanitninõs ta Mannes sem ma Mania LAI
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