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CASE ECOLOGIA APLICADA A BIOMEDICINA

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SINOPSE DO CASE: Poluição à jusante
1 DESCRIÇÃO DO CASO
A agricultura se refere ao conjunto de técnicas relacionadas ao cultivo de plantas, a partir dela vem grande parte da nossa alimentação. Uma vez que a população mundial tende a aumentar, há a necessidade de mais produções agrícolas também, para que exista a compensação. Dessa forma, o maior uso de agrotóxicos, fertilizantes e produtos agroquímicos também se faz inevitável. O que fica claro quando se analisa que dos anos 60 até os dias atuais o uso de agrotóxicos aumentou 10 vezes.
A aplicação dessas substâncias geram resíduos tóxicos, que se infiltram nos lençóis freáticos e escoam para rios e lagos. Apesar disso já ser um fato, os agricultores e políticos ainda o subestimam, possivelmente por seus interesses serem principalmente econômicos e não sociais ou ambientais. Esses produtos contêm metais pesados, nitratos, antibióticos e genes resistentes que causam poluições atmosféricas, aquáticas e do solo.
Partindo das reservas de água fluviais, os agrotóxicos e pesticidas vão parar nas casas das pessoas que utilizam as vegetações para alimentação. Portanto, fica claro que é necessário algum tipo de acordo entre os grandes produtores rurais com órgãos ambientais e da saúde sobre o emprego de agroquímicos.
2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO
2.1 Descrições das decisões possíveis
Por mais que o assunto dos agroquímicos sejam amplamente discutidos em várias mídias, os grandes produtores continuam fazendo o uso de produtos que podem causar doenças nos agricultores, que estão muito expostos a agrotóxicos, como também os consumidores finais.
 Dessa maneira, seria interessante se produtores parassem de utilizar tais produtos e investissem em agroecologia, protegendo o meio ambiente, a saúde da população e dos agricultores. Pode ser difícil, mas com incentivo governamental e campanhas de sensibilização deve ser possível essa transição.
2.2 Argumentos capazes de fundamentar cada decisão
Ecotoxicologia é uma área de estudo que tem por objetivo analisar poluentes nos organismos, os seus efeitos tóxicos e como eles podem alterar a reprodução, desenvolvimento, metabolismo e outras características desses organismos. O princípio da área se dá pela observação da resposta do organismo quando exposto a um agente tóxico, dependendo da concentração e tempo de exposição a esse agente. Ademais, o risco a saúde humana de forma direta ou indireta também é levado em conta nos ensaios toxicológicos realizados com as amostras ambientais (SÁ JÚNIOR et al., 2016).
A Lei Nº 7.802 de 1989 define o que são agrotóxicos e sobre como seu uso deve ser controlado e fiscalizado, segundo a legislação agrotóxicos são produtos de origem física, química ou biológica usados na produção, armazenamentos e melhoramento de produtos agrícolas. Esses produtos não devem alterar a composição da flora ou fauna, preservando-as da ação de seres vivos danosos (BRASIL, 1989).
Segundo Vieira et al. (2017), os produtos agroquímicos são necessários para manterem a produção e aumentá-la. Dentre suas vantagens, estão que conseguem manter a totalidade da plantação e reduzem o custo com mão de obra. Apesar disso, analisando os impactos causados pelos defensivos agrícolas percebe-se que não é uma boa relação de custo-benefício, porque os danos causados no meio ambiente e na saúde dos seres vivos são altos. Além de que, os resíduos produzidos continuam no ambiente após ser utilizado. 
Para Lopes e Albuquerque (2018), o uso desses produtos pode causar intoxicação dos trabalhadores do campo, defeitos de cunho genético, como alterações nas atividades teloméricas e de imunidade. Inclusive essa população tem maior chance de cometer suicídio. Lesões musculares e doenças psicológicas, como ansiedade e depressão também são associadas à exposição aos agrotóxicos.
De acordo com Souza et al. (2017), os agrotóxicos possuem a capacidade de se propagar facilmente pelo ambiente, contaminando o solo, superfície vegetal e águas. A poluição atmosférica também é bastante observada quando se trata desses produtos, principalmente os organoclorados que possuem a capacidade de destruir a camada de ozônio, visto que o cloro é um gás tóxico.
	Vários métodos têm surgido para monitorar o nível de pesticidas no ambiente, como por exemplo, o uso do mel da Apis mellifera como bioindicador. Esse método é vantajoso pois apresenta facilidade no tratamento da amostra e uma maior abrangência dos diferentes tipos de moléculas dos pesticidas (RISSATO et al., 2006). Cagni et al. (2017), também aponta como possíveis bioindicadores algumas espécies de peixes, que devem servir para monitorar os recursos hídricos e o nível de poluição causada pelo homem nesses ambientes. Métodos da Química Analítica também podem ser usados para esse fim, com o uso de técnicas, equipamentos e reagentes adequados (CHIARELLO et al., 2016).
Porto e Soares (2012) anunciam que é necessário evoluir da agricultura atual para a agroecologia, que produziria alimentos mais saudáveis para população já que seriam livres de agrotóxicos. Assim como não haveria tanto prejuízo da saúde dos trabalhadores, preservaria a biodiversidade e as atividades biológicas do solo. Para que tudo isso seja possível algumas medidas devem ser tomadas, tais como: o mercado de alimentos orgânicos deve ser expandido, planos devem ser criados para compensar as perdas na produção, campanhas educativas sobre os perigos dos agrotóxicos precisam ser realizadas e o custo de capital para investimentos agroecológicos também precisa reduzido. 
2.3 Descrição dos critérios e valores
· Ecotoxicologia é um campo que une a toxicologia e a ecologia, com o objetivo de avaliar substâncias químicas tóxicas e seus efeitos nos organismos.
· Agrotóxicos são utilizados para aumentar a produção de vegetais, protegendo-os de seres vivos nocivos. Entretanto prejudicam o meio ambiente, a saúde dos consumidores e principalmente a dos trabalhadores do campo.
· Agroecologia é a parte da ecologia voltada ao estudo da agricultura sustentável.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre os agrotóxicos, seus componentes e afins. Lex: coletânea de legislação: edição federal, Brasília, 1989.
CAGNI, Gilsemara S. et al. Monitoramento Ambiental: A Utilização De Peixes E Seus Parasitos Como Bioindicadores De Contaminação De Água Da Bacia Do Rio Pirapó, 10., 2017, Maringá. ANAIS X EPCC. Maringá: Unicesumar – Centro Universitário de Maringá, 2017. 5 p. Disponível em: http://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/handle/123456789/1246/epcc--80312.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 11 abr. 2020.
CHIARELLO, Marilda et al. Determinação de agrotóxicos na água e sedimentos por HPLC-HRMS e sua relação com o uso e a ocupação do solo. Química Nova, [s.l.], p. 158-165, 20 out. 2016. Sociedade Brasileira de Química (SBQ). http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20160180.
LOPES, Carla Vanessa Alves; ALBUQUERQUE, Guilherme Souza Cavalcanti de. Agrotóxicos e seus impactos na saúde humana e ambiental: uma revisão sistemática. : uma revisão sistemática. Saúde em Debate, [s.l.], v. 42, n. 117, p. 518-534, jun. 2018. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201811714.
PORTO, Marcelo Firpo; SOARES, Wagner Lopes. Modelo de desenvolvimento, agrotóxicos e saúde: um panorama da realidade agrícola brasileira e propostas para uma agenda de pesquisa inovadora. : um panorama da realidade agrícola brasileira e propostas para uma agenda de pesquisa inovadora. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, [s.l.], v. 37, n. 125, p. 17-31, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0303-76572012000100004.
RISSATO, Sandra Regina et al. Método multirresíduo para monitoramento de contaminação ambiental de pesticidas na região de Bauru (SP) usando mel como bio-indicador. Química Nova, [s.l.], v. 29, n. 5, p. 950-955, out. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-40422006000500012.
SÁ JÚNIOR, Edson Franco de et al. AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE UM EFLUENTE INDUSTRIAL DE RECICLAGEM DE PAPELÃO UTILIZANDODanio rerio E Allium cepa. Boletim do LaboratÓrio de Hidrobiologia: Bol. Lab. Hidrobiol., São Luís, v. 26, p. 1-7, jan. 2016. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/blabohidro/article/download/2938/3284. Acesso em: 11 abr. 2020.
SOUZA, Gustavo dos Santos et al. Presença de agrotóxicos na atmosfera e risco à saúde humana: uma discussão para a vigilância em saúde ambiental. : uma discussão para a Vigilância em Saúde Ambiental. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 22, n. 10, p. 3269-3280, out. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172210.18342017.
VIEIRA, Marcos Geraldo et al. Avaliação da Contaminação por Agrotóxicos em Mananciais de Municípios da Região Sudoeste do Paraná. Revista Virtual de Química, Realeza, v. 9, n. 5, p. 1800-1812, set. 2017. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v9n5a02.pdf. Acesso em: 11 abr. 2020.

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