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LOGÍSTICA EMPRESARIAL AULA 5 Prof. Sérgio Luiz Pirani 2 CONVERSA INICIAL A gestão de armazenagem de materiais, embora não agregue valor ao produto, é um dos mais importantes elos da cadeia logística, uma vez que é responsável pelo recebimento, conferência, guarda ou estocagem de materiais, atendimento de pedidos, expedição, distribuição e transporte de itens solicitados no processo de armazenagem. Esse elo é responsável por inúmeros processos que dão suporte às vendas, produção e atendimento aos clientes. Para que a administração desses processos seja eficaz, um armazém deve ter suporte de tecnologia de ponta, como um sistema integrado de gestão de armazém, equipamentos sofisticados de movimentação, pois a precisão é fator decisivo para o sucesso da gestão e nível de serviço da empresa. A gestão de armazém pode se apoiar em alguns princípios que, se não existirem em seus processos, podem ser pontos que evidenciarão problemas futuros no processo de armazenagem, assim, a gestão de armazenagem deve ter em seus princípios: • O planejamento da gestão do armazém • A padronização de processos e atividades • Se preocupar com a ergonomia • Ter uma política bem definida de configuração de cargas para guarda e transporte dos materiais • Utilização otimizada do espaço horizontal, vertical e de profundidade • Automação de todos os processos possíveis • Se apoiar em um sistema de gestão de armazém automatizado Podemos ver com esses princípios que a tarefa de gestão de um armazém deve ser realizada por um especialista, pois não é tarefa para amadores, uma vez que as atividades geradas dentro do armazém se não forem bem administradas impactam negativamente inúmeros setores de uma organização, como o setor de marketing que poderá ter informações erradas da quantidade de estoques real e faltar produtos na entrega quando vendidos, o setor de produção, finanças, compras etc. Então vamos ver como funciona um armazém e suas atividades? 3 TEMA 1 – GESTÃO DA ARMAZENAGEM DE MATERIAIS Quando falamos da gestão da armazenagem de materiais, temos que ir direto ao ponto de manuseio de materiais, pois é o manuseio, movimentação, guarda, cuidados e controle dos materiais, quando recebidos de terceiros e de produtos acabados quando fabricados, entram outros processos que é armazenagem, estocagem, classificação e endereçamento dos materiais para estocagem e posterior distribuição é que entra o processo de gestão de todos esses processos. Pode-se assim perceber que o manuseio de materiais dentro de um armazém incorpora uma infinidade de equipamentos manuais, automatizados, semiautomatizados e sistemas de gestão, como o Warehouse Management System (WMS), ou sistema de gerenciamento de armazéns que sustentam a logística na cadeia de abastecimento por meio de comando automatizados integrados a todos os processos da organização. A gestão de armazém é apoio para as previsões de demanda, pois fornecem um histórico preciso de giro de materiais, auxilia o setor financeiro na alocação de recursos, atende direta ou indiretamente o planejamento da produção e o fluxo dos processos, pois as informações dos materiais são advindas do sistema de armazenagem, gestão e controle de estoques, entrega de produtos aos clientes e o suporte pós-vendas para estes. Assim, a gestão de materiais está ligada diretamente ao processo de atendimento ao cliente interno e externo, visando a redução de estoques e trabalhar com altos giros, diminuir o tempo de entrega e suprimir custos desnecessários em processos de armazenamento, fabricação, distribuição e transporte dos bens. Dessa forma, os investimentos em tecnologias que são voltadas a máquinas autônomas já é uma realidade na logística e muito usada na armazenagem de materiais, muitas dessas máquinas operam sem a intervenção humana direta, como os transelevadores, drones para entregas de mercadorias, veículos autônomos, como os Automatic Vehicle Guide (AVG), as prateleiras inteligentes, sistemas de picking automatizados – separação de materiais, sistemas integrados de compras como Eletronic Data Interchange (EDI), ou troca de dados eletrônica de dados de forma padronizada e é o que iremos ver a seguir. 4 1.1 Atividades realizadas em um armazém logístico As atividades logísticas dentro de um armazém dependem diretamente para que o armazém é destinado, há os destinados a distribuição de materiais que são os Centros de Distribuição (CD), os armazéns de produção que são responsáveis por armazenar produtos acabados das indústrias e os armazéns de contrato, que são destinados para armazenamento temporários como para produtos sazonais, por exemplo, ovos de Páscoa, produtos natalinos etc. Respeitando essas características, os armazéns de produção dão destinados a armazenamento de matérias-primas, produtos semiacabados e acabados atendendo às necessidades de uma organização, é a logística empresarial. Uma das principais funções aqui é o controle de estoques para equalizar a oferta e a procura e atender prontamente as necessidades dos clientes. Em relação aos armazéns de contrato, existe um acordo legal entre o contratante e o contratado e o armazém pode ser destinado a duas funções, na primeira, as operações logísticas pode ser da própria empresa e geralmente esses armazéns se destinam a produtos sazonais para curto período, em torno de seis meses, ou ainda pode ser um contrato para serviços terceirizados de armazenagem e logística, iremos abordar esse assunto com maior profundidade a seguir. As atividades inerentes ao armazenamento de materiais estão relacionadas às especificações dos produtos e o ramo de atividade de cada empresa, assim uma indústria química terá um armazém muito diferente de uma empresa que trabalha com secos e molhados, logo o número e a variedade de materiais a serem armazenados mudam as atividades dentro de um armazém, mas as atividades básicas ilustradas na Figura 1 permanecem a todos os tipos de armazém, ou seja, receber, guardar, armazenar, embalar e despachar. Podemos inferir que atividades relacionadas à logística tem sua gênese no processamento de um pedido, que pode estar ligado diretamente ao departamento comercial da empresa, quando são solicitados materiais de terceiros, ou ainda ser um pedido interno de um algum setor da empresa, como o de produção e esse então é atendido pelo armazém. Em seguida, há o recebimento e checagem do material solicitado e inicia- se a movimentação desses materiais dentro do armazém, este envolve a 5 organização do material dentro do depósito, obedecendo a classificação dos materiais para que o endereçamento seja feito de forma correta, pois quando for solicitado qualquer tipo de produto, este será localizado de forma imediata. Quando requisitado um produto externa ou internamente, há a expedição de materiais, o produto deverá ser retirado da prateleira, conferido, dado baixa no estoque e só assim será expedito ao solicitante, esse último processo está ligado diretamente ao controle de estoques (iremos ver com mais detalhe mais a frente). Veja que estamos falando diretamente sobre a logística empresarial, ou seja, as movimentações se concentram internamente a uma organização, veja a Figura 1. Figura 1 – Processos na logística empresarial: processos internos Fonte: Sérgio Luiz Pirani, 2021. O ciclo de atividades dentro de um armazém parece ser simples, não? Agora imagine esse ciclo movimentando centenas de milhares de itens, para se ter uma ideia do que estou falando, um carro tem aproximadamente 36 mil itens, logo, quando for solicitada a fabricação de 100 carros, serão movimentados 3,6 milhões de itens, conseguindo compreender agora a complexidade que é a movimentação de materiais dentro de um armazém? É por isso que existe inúmeras atividadese que justifica a padronização dessas atividades para que os operadores saibam o que fazer em cada momento que for solicitado o seu serviço. 6 1.2 Recebimento de materiais O recebimento de material é uma atividade que envolve o transporte externo de materiais, pois é por meio deste que as mercadorias chegam e devem ser descarregadas, conferidas e endereçadas, ou seja, deve-se obedecer a uma programação para as atividades de descarga do caminhão. O endereçamento consiste na arrumação dos materiais conforme suas classificações, essa atividade exige o manuseio, verificação da localização e colocação do produto em seu respectivo local, iremos ver sobre essa atividade com maiores detalhes no Tema 4. Essas atividades, assim como tantas outras, podem ser divididas em subatividades que resumidamente podem ser definidas como: • o recebimento que envolve a gestão de docas para alocação dos caminhões conforme programação das descargas; • armazenamento que compreende o a destinação do material da área de recebimento para o endereçamento de estoque; • apuração e triagem de pedidos se refere à conferência de quantidades certas de produtos em relação ao que foi pedido pelos clientes, além da conferência do endereço da remessa; • frete, uma vez separados os pedidos, deve-se escolher o melhor meio de distribuição, se por van, caminhão, carreta etc. e definir as embalagens necessárias para os transportes de entrega que se refere ao tempo de translado do armazém ao seu destino. 1.3 Configuração de cargas As configurações de cargas para a armazenagem de materiais é um processo importantíssimo, pois é realizada para dar maior aproveitamento aos espaços destinados à armazenagem de materiais, como também oferecer segurança nas movimentações trazendo estabilidade nas cargas na hora da movimentação. Vamos ver três tipos que são os mais usuais a seguir: • Empilhamento cruzado – Essa configuração traz maior estabilidade na horizontal da carga, porém como se apoia em lugares com menor resistência compromete a resistência vertical da embalagem, pois a maior 7 resistência se concentra nas arestas das caixas, veja o exemplo na Figura 2. Figura 2 – Configuração cruzada de carga Créditos: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock. • Paletização de cargas – A paletização de cargas pode ser configurada com filme plástico ou por fitas de alta resistência, como pode ser observado na Figura 3. Essa configuração facilita a movimentação e armazenagem dos materiais em prateleiras ou no solo e agiliza consideravelmente o tempo de movimentação, carga e descarga. Figura 3 – Carga paletizada sendo movimentada por uma empilhadeira Créditos: 101akarca/Shutterstock. • Empilhamento em colunas ou colunar – Essa configuração oferece maior resistência para empilhamentos, pois se apoio nas arestas, por outro lado, 8 não podem ser altas, pois isso traz instabilidade na carga e traz perigo em sua movimentação. Figura 4 – Configuração colunar de carga Créditos: doomu/Shutterstock. Segundo a Tondo Embalagens (2021), a característica de resistência mais usada nas especificações dos usuários de embalagem de papelão ondulado é a Resistência à Compressão, veja as informações na Figura 5. Para definir esse índice, são considerados diversos fatores tais como manuseio, paletização, tempo de estocagem, umidade relativa e outros, que exercem grande influência na resistência. Alguns exemplos práticos: • Situações críticas de manuseio podem diminuir a resistência da embalagem em até 40%. • O empilhamento colunar mantém todo o potencial da embalagem, enquanto o cruzado retém apenas 50%. • Um mês de estocagem faz com que a embalagem perca 40% de sua resistência inicial. • Umidade relativa da ordem de 80% gera uma perda de 32%. 9 Figura 5 – Fatores de influência sobre a perda de resistência na embalagem Fonte: Tondo Embalagens, 2021. 1.4 Consolidação e unitização de cargas Segundo a Receita Federal do Brasil (2021), a consolidação de cargas é a informação prestada por um transportador (inclusive empresas de transporte expresso internacional, agentes de carga e Correios) sobre o agrupamento de diferentes cargas, que tenham um mesmo destino, final ou para redistribuição, no exterior. A unitização de cargas é juntar cargas diversas ou separadas em um só volume, como pode ser percebido na Figura 6. Tem a função de estabilizar a carga para manuseio e facilitar a sua colocação nas prateleiras do armazém, na embalagem externa estão contidas todas as informações necessárias sobre a carga e essas informações devem ficar do lado externo das prateleiras para facilitar a leitura pelos aparelhos leitores de códigos. 10 Figura 6 – Ilustração de uma carga unitizada Créditos: Aleksandar Malivuk/Shutterstock. Acredito que tenha percebido que esse processo, embora na sua visualização seja simples, este exerce uma função importantíssima dentro do processo de movimentação de materiais na logística e extrapola a segurança e aproveitamento de espaços no armazém, pois com esses fatores mencionados os acidentes ficam próximo de zero, trazendo, assim, economia em tempo e de reposição de materiais por avarias. TEMA 2 – TIPOS E CLASSIFICAÇÃOES DE ARMAZÉNS POR PROCESSOS LOGÍSTICOS Os tipos e classificações de armazéns ocorrem pelo ramo de atividade de produção ou atividade logística de uma empresa, mas, independentemente do ramo, todos têm o propósito principal que é de realizar a distribuição dos materiais com os menores custos e menor tempo de entrega possíveis. As classificações se dão em relação às funções que são exercidas pelas instalações dos armazéns, assim, por exemplo, os armazéns destinados a logística de compras são armazéns destinados a produtos de alto giro, logo deve ser projetado para esse fim. Entra nesse contexto aqueles armazéns destinados a produtos de manufatura, como matérias-primas e componentes, e são destinados a atender indústrias. Centros de distribuição (CD) são armazéns projetados para a distribuição de produtos acabados e podem obedecer a várias configurações como a configuração cross docking – Figura 7 –, que não é destinada a armazenamento 11 de materiais, e sim o de cruzamento de cargas. A configuração desses armazéns deve prever docas de ambos os lados do armazém, de um lado ou de ambos os lados são recebidas cargas consolidadas que são então desconsolidadas (fragmentadas) e consolidadas (unidas) novamente e destinada a doca para o carregamento. Figura 7 – Armazém com uma configuração cross docking Créditos: Gorlov-KV/Shutterstock. Por exemplo, um caminhão chega com uma carga consolidada de geladeiras e outro caminhão com outra carga de fornos de micro-ondas, cada um vindo de pontos diferentes, essas cargas são desconsolidadas e novamente consolidadas com as respectivas quantidades de fornos de micro-ondas e geladeiras, sendo agrupados em lotes conforme destino e carregado em outros caminhões que farão a entrega final, ou seja, as cargas de ambos somente cruzam o centro de distribuição que está localizado em ponto estratégico. Para armazenamento sazonal, entram nesse perfil os armazéns alugados e são destinados para bens vendidos em certas épocas do ano. Como produtos para Páscoa, Natal, Carnaval e, principalmente, produtos do agronegócio em períodos de grandes colheitas. 12 Figura 8 – Armazém infláveis, geralmente utilizados para produtos sazonais ou armazenamento temporário Créditos: Shark9208888/Shutterstock. A Figura 8 ilustra um armazém inflável, que é extremamente versátil e pode atender às mais variadas necessidades, podendo ser refrigerado ou não e pode chegar a quilômetros, em casos de construções civis em locais chuvosos e que precisam de proteção para as construções e armazenamento de materiais ao longo da obra.2.1 Classificação por condições de armazenamento Essa metodologia de classificação se sustenta na capacidade que o armazém tem de corresponder as necessidades em relação a temperaturas internas, tem-se assim: • Sem aquecimento – Obedece ao clima das estações, mas há uma temperatura média já prevista na construção com materiais que permitem uma certa constância na temperatura interna. • Aquecido – Armazéns capazes de controlar a temperatura aquecida durante todo o ano com equipamentos especiais para aquecimento; especiais. 13 • Frio – São armazéns destinados a armazenar alimentos que exijam temperaturas baixas ou abaixo de zero. Com isso, produtos que necessitam ser refrigerados, como iogurte e derivados de leite, a temperatura pode ser regulada para tal fim e, se for necessário congelar carnes, por exemplo, pode também ser regulado para temperatura negativas. • Temperaturas híbridas – São armazéns dotados de áreas para armazenamento de mercadorias em diferentes condições de temperatura. Pode-se ajustar as temperaturas em cada área conforme a necessidade do produto. 2.2 Tipos de armazéns em condomínios logísticos Os condomínios logísticos são empreendimentos imobiliários que se destinam a construções prontas ou dispõem de áreas livres para construções por uma empresa contratante com a finalidade de atender o armazenamento de produtos em operações logísticas. Esses empreendimentos dispõem de modo geral de uma infraestrutura bastante completa, com sistema de comunicação, refeitórios, bancos etc. Na atualidade, existe uma grande tendência na terceirização de processos logísticos como também na locação de armazéns com finalidades logísticas com o intuito de gerar agilidade com investimentos mais acessíveis. Os condomínios logísticos está sendo uma boa alternativa para empresas que pretendem utilizar esses serviços, pois as empresas que constroem esses condomínios se tornaram especializadas e constroem esses empreendimentos em locais estratégicos em vários locais no país. Esses condomínios em vários locais permitem que as empresas coloquem seus serviços em pontos estratégicos com investimentos bem menores que se tivessem de investir com recursos próprios. Esses condomínios oferecem uma diversidade de configurações para atender plenamente as necessidades das empresas e diminuir os gargalos logísticos dessas empresas com investimentos mais acessíveis. De acordo com as necessidades das empresas, foram criados vários tipos de condomínios que obedecem a uma classificação em relação a sua aplicação em serviços logísticos e é dividido em duas categorias: 14 • Flex – São galpões projetados para atender vários perfis de necessidades das empresas, assim há uma concentração de empresas que atuam em diversos ramos logísticos e isso é um ponto positivo para a troca de conhecimentos e utilização de serviços de outra empresa que podem estar dentro do mesmo condomínio, criando, assim, uma rede de relacionamentos. O perfil dessa modalidade de projeto é realizado por investidores que dispõem esses empreendimentos sem uma garantia de locação antecipada. • Monousuário – São empreendimentos personalizados que obedecem às exigências de um único locador, ou seja, o condomínio se ajusta à demanda de um único cliente, num perfil built-to-suit ou construído para se adequar ao que cabe bem em relação ao seu conceito, mas é uma modalidade pouco flexível e deve ser bem pensada antes da tomada de decisão. Figura 9 – Vista aérea de um condomínio logístico Créditos: Pro Aerial Master/Shutterstock. A Figura 9 demonstra a concentração de barracões que sugerem um condomínio logístico, onde várias empresas ocupam o mesmo “quintal”. 15 2.2.1 Classificação dos condomínios logísticos em relação a sua utilidade Aqui são apresentadas as classificações dos condomínios quanto a sua empregabilidade para as empresas. Essas padronizações são importantes, pois na hora de uma pesquisa para decisões uma empresa interessada pode fazer a melhor opção sem margem de erro. Vamos lá: • Armazéns – Esse modelo é direcionado para armazenagem de grandes volumes de mercadorias ou materiais diversos, são construídos obedecendo normas das medidas de paletes, pois as prateleiras são destinadas a esse tipo de armazenagem, são procurados geralmente por grandes atacadistas e operadores logísticos, ver Figura 10. Figura 10 – Armazém que representa uma rede atacadista Créditos: Pressmaster/Shutterstock. • Cross docking – Essa modalidade não tem a finalidade de armazenagem, mas, sim, de cruzamento de cargas e são utilizados geralmente por operadores logísticos que trabalham cargas consolidadas e desconsolidação de cargas para distribuição – Figura 11. 16 Figura 11 – Tipo de armazém que sugere uma operação cross docking Créditos: Peteri/Shutterstock. • Híbridos – Empreendimentos destinados há vários perfis de operações logísticas e processos produtivos tanto para estocagem ou para movimentação de cargas estão dentro de perfil de centros de distribuições conforme ilustra a Figura 12. São construídos geralmente perto de grandes centros produtores e consumidores, próximos a rodovias principais para fácil visualização, recebimento e expedição de mercadorias. Figura 12 – Imagem que sugere um centro de distribuição com várias empresas instaladas Créditos: NetVideo/Shutterstock. 17 • Plug and play – São empreendimentos totalmente customizados às necessidades das empresas, assim como a própria definição sugere, é o mesmo que “chegar e usar”, pois estará tudo pronto conforme o que foi especificado no contrato de locação. São geralmente utilizados por concentrações industriais. Esses empreendimentos oferecem inúmeras vantagens, daí ser uma tendência em várias nações e a segurança e a alta qualidade da infraestrutura oferecida é um dos grandes atrativos – veja na Figura 13 – de serviços encontrados em condomínios logísticos classificados com A ou A+, os que oferecem serviços de alto padrão de qualidade. Figura 13 – Exemplos de serviços oferecidos em condomínios logísticos Fonte: Fleury apud Ilos, 2021. Como esses empreendimentos têm o conceito de condomínios, os custos de manutenção com a infraestrutura, jardinagem, refeitório, clínica médica etc. são rateados entre os locatários, o que dilui bastante os custos. Outras vantagens podem ser a diminuição do empate de capital na aquisição de terrenos, facilidade de expansão no local ou em outros locais da mesma empresa ou de outras empresas que oferecem os mesmos serviços, as localizações são muito bem estudadas pelos investidores, tirando essa incumbência do locatário, equipe interna de atendimento, como central de fretes e serviços administrativos especializado em emissão de documentos e trâmites aduaneiros etc. 18 TEMA 3 – EQUIPAMENTOS PARA MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE MATERIAIS Há uma variedade de equipamentos e tecnologias manuais, semiautomatizados e automatizados de manuseio de materiais disponíveis para auxiliar na movimentação, proteção, armazenamento e controle de materiais e produtos durante a fabricação, distribuição, consumo e descarte. Estes incluem: • Sistemas automatizados de armazenamento e recuperação • Veículos guiados automaticamente (AGVs) • Identificação automática e coleta de dados • Transportadores e equipamento de doca • Equipamento de içamento e robôs industriais • Sistemas integrados de manuseio de materiais • Sistemas de atendimento de pedidos de itens • Empilhadeiras, Monotrilhos e guindastes de estação de trabalho Estas são as tecnologias utilizadas dentro e fora de um armazém para a movimentação de materiais e como são muitas tecnologias iremos selecionar as mais utilizadas no momento para ilustrar essa situação. 3.1 Tecnologias utilizadas na gestão de armazéns Os aplicativose sistemas de informação tiveram o início de suas aplicações em 1960 com o primeiro pacote de controle de estoque, em 1970 é iniciado o uso do Material Requirements Planning (MRP I), ou Planejamento da Requisição de Materiais, em 1980, houve a vinculação de muitas outras tarefas nesse sistema e surge o Manufacturing Resources Planning (MRP II), ou Planejamento de Recursos para Fabricação e, em 1990, surgiu o Enterprise Resource Planning (ERP), ou Planejamento dos Recursos Empresariais que integram todos os processos descritos anteriormente. No ano de 2000, houve uma nova atualização do ERP para o ERP estendido, ou ERP II, com essa atualização, agrega-se o relacionamento com os clientes, saindo da fronteira organizacional o Custumer Relationship Management (CRM), essa integração abarca o ciclo de fornecimento de toda a 19 cadeia logística numa gestão integrada dos processos internos e externo da organização. Em 2010, houve outra atualização mais profunda que recebeu o título de Alternate ERP Solutions, ou Soluções Alternativas dadas pelo ERP, essa evolução abarcou inúmeros processos além dos anteriores aqui citados como: • Business Intelligence (BI) – São dados coletados por um big data capaz de organizar as informações, realizar sua análise, fazer o monitoramento dessas informações para que deem suporte para a alta administração para tomadas de decisões em seus negócios. • Business-to-business (Be-to-Be) – É a gestão de negócios entre empresas. • Business-to-custumer (Be-to-C) – É a gestão de negócios entre empresas e clientes, nessa modalidade, a negociação é direta entre empresa e cliente. • Manufacturing Execution System (MES) – Sistema de controle da fabricação é a integração da operação fabril no chão de fábrica qual monitora de forma integral o trabalho em execução. • Advanced Planning and Scheduling (APS) – É a integração do planejamento e programação avançada de produção é capaz de gerenciar máquinas distintas na linha de produção. • Workflow (WFM) – Sistema de acompanhamento dos fluxos de processos e trabalhos em uma operação, é voltada para a gestão de restrições nos processos produtivos, os gargalos, trazendo maior eficiência na produção industrial. Essas tecnologias, como vimos, são todas integradas na gestão da empresa e logicamente que se estendem aos equipamentos automatizados e que iremos ver em seguida. 3.2 Equipamentos manuais Os equipamentos manuais são bastante utilizados em armazéns para pequenos volumes, esse equipamento é comumente chamado de paleteira e permite que o operador movimente com segurança pesos que não seria capaz de movimentar com a própria força, veja a Figura 14 um exemplo. 20 Figura 14 – Paleteira manual Créditos: Ljupco Smokovski/Shutterstock. 3.3 Equipamentos robotizados Os equipamentos robotizados trabalham de forma integrada com todos os sistemas da organização, mas isso não quer dizer que todos tenham acesso a essas tarefas, as informações chegar aonde devem chegar, ou seja, somente para a equipe responsável pelos processos inerentes ao armazém, como o setor financeiro e compras por exemplo. Os veículos guiados automaticamente, Automatica Vehicle Guide (AVG), já são bastante comuns em grandes empresas, são utilizados em sistemas produtivos como em sistema de armazenagem de materiais. Os modelos anteriores aos exibidos na Figura 15 tinham uma pista no chão, o que limitava seus movimentos, esses novos faz a leitura do ambiente em 360º por meio de ondas rádiofrequência, permitindo maior independência e agilidade nos processos de movimentação. Figura 15 – Automatic Vehicle Guide (AVG) – Veículos guiados automaticamente Créditos: Phonlamai Photo/Shutterstock. 21 Os transelevadores (retrieval system) são robôs que trabalham de forma integrada com os recursos da empresa, inclusive têm capacidade de receber informações de fora da empresa, por exemplo, se há um vendedor da empresa em uma determinada região, a cada venda fechada, as informações são passadas para a gestão do armazém e essas informações vão direto para o transelevador que, numa ordem lógica de recebimento, irá organizar a retirada do item solicitado. Figura 16 – Retrieval system: transelevadores Créditos: Juice Flair/Shutterstock. Essas máquinas podem atingir uma altura de até 28m, o que proporciona um aproveitamento cúbico imenso em uma área do armazém, pode operar em total escuridão, pois as leituras dos códigos de barras ou QR code, são realizadas por luz infravermelha, pode operar em temperaturas negativas sem comprometer seu rendimento que chega a atender até 250 pedidos por hora com total eficiência. Dentro dessa mesma tecnologia, estão os miniloads, que são mini robôs com o mesmo propósito do transelevador na automação de entrada e saída de materiais, proporcionando grande aproveitamento cúbico, uma vez que pode atingir até 20m de altura com corredores com largura de apenas 800mm, esses miniloads são também conhecidos como transelevadores de caixas. Ainda dentro desse contexto, há as prateleiras inteligentes, as separações de pedidos automatizadas os pick by light, separação de pedidos totalmente automatizados por carrossel. 22 Saiba mais Para saber mais sobre esse assunto e visualizar essas tecnologias acesse: <https://www.kardex-remstar.pt/pt.html>. Acesso em: 22 jul. 2021. Para que essas máquinas realizem corretamente suas tarefas, estas devem estar integradas com o sistema de endereçamento de materiais precisos e forneça todas as informações necessárias para que não exista margem de erros. TEMA 4 – ESPECIFICAÇÃO, CODIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS A especificação de materiais e a descrição minuciosas das características de cada item de uso de uma organização, além das informações sobre o produto devem ser claras e não gerar ambiguidade, evitando, assim, confusões com materiais com características parecidas. As normas internas de uma organização devem fazer a especificação do material, partindo da característica geral para a característica particular, o que o diferencia de todos os outros materiais similares, evitando excesso de informações que não agregam facilidades de manuseio, endereçamento e compras, e a terminologia deve seguir um padrão para evitar equívocos nas especificações dos materiais. 4.1 Classificação dos materiais A classificação de materiais segue alguns princípios como a catalogação dos produtos, obedecendo uma norma de como o material será empregado dentro dos processos de transformação, por exemplo. A catalogação consiste na ordenação de materiais de estoques e obedece ao princípio de facilitar a sua operacionalização, leitura do código por meio humano ou de máquinas facilitando assim a requisição e atendimento de forma rápida e exata do produto solicitado pelo cliente, seja esse interno ou externo. A normalização está fortemente relacionada à padronização de processos, serviços e atividades, ou seja, é a uniformização de um método considerado o melhor para realizar determinadas tarefas e a padronização deve ser democrática, de fácil compreensão e confiável. 23 Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2021), Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. 4.2 Codificação de materiais A codificação de materiais é o método utilizado por uma organização na atribuição de números e letras conforme a classificação dos produtos utilizados por ela. O objetivo da codificação é o de facilitar o endereçamento por agrupamento de materiais por origem, como metais e seus subgrupos como alumínio, chumbo, ferro carbono etc. A codificação de materiaisdeve conter informações que permitam a uniformização das classificações, permitindo a informatização mais fácil e precisa dos itens, isso facilitará as operações logísticas de recebimento, endereçamento e expedição, como também irá facilitar a reposição desses materiais pelo setor de compras e de produção. As informações na codificação devem evidenciar os custos, a utilização, os meios corretos de armazenagem, a criticidade do uso na linha de produção como também se é um produto de fácil ou difícil aquisição, se a aquisição é nacional ou não. Vamos a um exemplo segundo Francischini e Gurgel: Figura 17 – Exemplo de codificação de material (modificado) Fonte: Francischini; Gurgel, 2002, p.128. 24 • O número do grupo, composto por dois algarismos, representa agrupamentos de materiais afins. • O número de classe, composto por quatro algarismos, representa agrupamentos de materiais com características físicas relativamente homogêneas, pertencente ao mesmo grupo. • Número de estoque é composição de todos os números que define o produto e seu local no endereçamento. 4.3 Endereçamento de materiais O endereçamento de materiais pode ser comparado a um endereçamento de ruas, apartamentos e andares para o endereçamento e localização dos materiais, é como um código de endereçamento com postal único, veja que na Figura 18 é feito essa analogia, em que se tem o número das ruas, os níveis onde os materiais se encontram na estante é representado pelos andares do prédio, e as colunas representam os números dos apartamentos. Uma vez o material codificado, este deve obedecer a algumas regras em relação a sua empregabilidade. Materiais pesados, por exemplo, devem ficar no solo ou o mais baixo possível, materiais de alto giro, tanto na comercialização como para a produção, devem ficar próximos aos locais onde sempre são solicitados, produtos que exalam odores devem ficar em locais apropriados e ventilados. 25 Figura 18 – Analogia do endereçamento de materiais com endereços de residências Fonte: Sérgio Luiz Pirani, 2021. Então podemos perceber com essas observações que mesmo tendo todo o cuidado na catalogação e classificação cada empresa deve estabelecer a sua norma de utilização de cada material em relação a sua empregabilidade, periculosidade e criticidade em relação a produção. TEMA 5 – EMBALAGENS, UTILIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO As embalagens na logística têm como principal função a de proteger os produtos em suas movimentações e transporte aos seus destinos, mas existem outras funções que as compõem até que chegue a essa última função que é a de proteção, pois o tipo de embalagem a ser utilizada pode trazer implicações que ultrapassam a fronteira de proteção. A dimensão da embalagem, assim como o material de sua confecção e seu desenho, afetam os custos inerentes ao armazenamento e transporte dos materiais, mas, mesmo sendo aqui uma embalagem destinada à proteção, qualquer cliente gosta de receber seus produtos dentro de embalagens que tenham uma aparência agradável de se olhar, isso traz confiança para quem recebe, pois percebe a preocupação com a integridade dos produtos. Após cumprir seu papel, a embalagem de forma geral é um item descartável, tendo 26 algumas exceções, nas embalagens de proteção e transportes de produtos a granel que são retornáveis. 5.1 Classificação das embalagens Vimos que as embalagens, além da função de proteção, há outras funções em relação às suas classificações, assim a classificação da embalagem está relacionada à sua aplicação na rede logística, indústria e comércio. As embalagens primárias são as embalagens de contenção, ou seja, são aquelas que têm contato direto com o produto, como uma garrafa de refrigerante, por exemplo. Esse tipo de embalagem se destina à menor fração de consumo, destinando-se, assim, ao comércio varejista. Figura 19 – Exemplo de embalagem de contenção e fração comercial Créditos: Sensvector/Shutterstock; Kzenon/Shutterstock Essas embalagens devem conter as seguintes informações: identificação do produto de acordo a legislação em vigor, instruções de uso, prazo de validade e composição do conteúdo e cuidados a serem tomados. As embalagens secundárias têm a função de conter as embalagens primárias, agrupando os itens em lotes de venda por unidades, 12 unidades, 24 unidades, por exemplo, podendo também ser utilizadas para realizar o transporte como mostrado na Figura 20. 27 Figura 20 – Embalagem secundária Créditos: Photographee.eu/Shutterstock. A embalagem secundária deve compor as seguintes características: ser resistente a empilhamentos e indicar o máximo de sobreposição uma à outra, deve ser resistente ao manuseio, deve ser dimensionada para conter uma quantidade destinada ao comércio, conforme a especificidade do produto e, quando destinada ao consumo final, deve ter estética para atrair os olhares dos consumidores. As embalagens terciárias acondicionam as embalagens primárias e secundárias e têm a função de proteção no transporte, como também a de possibilitar a unitização de cargas maiores, os paletes e contêineres são padrões de acondicionamento para essas embalagens, ou seja, devem ser projetadas conforme as medidas de uso de cada modalidade de acondicionamento. Figura 21 – Paletes e uma carga unitizada num palete Créditos: Atlantist Studio/Shutterstock; AlexLMX/Shutterstock. As embalagens quaternárias têm a função de unitização de cargas e trazer estabilidade na movimentação de materiais para o armazenamento e 28 carregamento de cargas, essa modalidade de embalagem deve cumprir as funções de estabilizar a carga para movimentação e armazenagem em prateleiras ou solo e ser dimensionada para aproveitamento máximo dos locais disponíveis para armazenagem. Figura 22 – Embalagens quaternárias com cargas unitizadas para movimentação e estocagem Créditos: Alexandros Michailidis/Shutterstock; urfin/Shutterstock. Num pensamento voltado para a logística, a unitização de carga é fator importante, pois é dimensionada e agrupada de acordo com as necessidades básicas da empresa para o acondicionamento de seus materiais e isso pode ser observado na Figura 22. Essas cargas podem ser agrupadas de paletes, caixas de papelão, madeira, plástico, contêineres, tambores, bobinas, big-bags, por exemplo. E, por fim, temos a embalagem do quinto nível, que é destinada para transporte de materiais em longa distância por transportes hidroviário de interior e naval – Figura 23 e transporte rodoferroviário de cargas. 29 Figura 23 – Contêineres sendo transportados por navio Créditos: ESB Professional/Shutterstock. 5.2 Razões que determinam a escolha de embalagens Existem algumas preocupações que devem ser levadas em conta na escolha da embalagem e não só se resume aos seus custos diretos, relativos aos materiais de confecção que devem ser voltados ao gerenciamento de resíduos sólidos em consonância com as leis vigentes de nosso país e dos países em que as mercadorias irão ser exportadas. O processo de embalagem, seu manuseio, armazenamento e perdas por danos estão compostos nos custos indiretos e devem ser bem administrativos para que sejam os menores possíveis. As observações devem se voltar as características físico-químicas dos produtos, pois os materiais e dimensionamento das embalagens serão voltadas a essas características, pois deverão levar em conta o peso, o volume, a fragilidade, a periculosidade, o valor do conteúdo, a perecibilidade etc. As embalagens devem prever as condições de manuseio de transporte, que são os mais variados, e o armazenamento, ou seja, qual é o empilhamento máximo suportado pela embalagem, tempo destinado ao armazenamento dos materiais, se será embalagem retornável ou não, resistência a intempéries etc. São medidas importantes,pois prolongam a vida útil de embalagens retornáveis e as não retornáveis garantem a qualidade do produto a ser entregue, ou seja, vale o investimento para retornos futuros. 30 5.3 Os sete princípios do Desenho Universal: considerações para os leiautes de armazéns As embalagens são fatores que determinam os processos de movimentação e armazenagem de materiais e, para as movimentações de materiais dentro de um armazém, devemos considerar que são realizadas boa parte da movimentação por seres humanos, assim deve-se considerar na planta de leiaute do armazém os sete princípios do Desenho Universal, pois existirão pessoas trabalhando no local que podem ter necessidades especiais e problemas para locomoção, como cadeirantes ou pessoas cegas, por exemplo. O Desenho Universal deve prever a composição de um ambiente de forma que possa ser acessado, compreendido e utilizado o máximo possível por todas as pessoas, independentemente de sua idade, tamanho ou deficiência conforme ilustrado na Figura 24. Isso inclui locais públicos no ambiente construído, como prédios, ruas ou espaços aos quais o público tenha acesso; produtos e serviços fornecidos nesses locais; e sistemas que estão disponíveis, incluindo tecnologia da informação e comunicação (TIC) (Disability Act, 2005). Figura 24 – Os Sete Princípios do Desenho Universal Créditos: vstock24/Shutterstock. Os Sete Princípios do Desenho Universal foram desenvolvidos em 1997 por um grupo de trabalho de arquitetos, designers de produto, engenheiros e pesquisadores de design ambiental, liderado pelo falecido Ronald Mace, na Universidade Estadual da Carolina do Norte – EUA. O objetivo dos Princípios é orientar o design de ambientes, produtos e comunicações. 31 De acordo com o Center for Universal Design, em NCSU, os Princípios "podem ser aplicados para avaliar projetos existentes, orientar o processo de design e educar designers e consumidores sobre as características de produtos e ambientes mais utilizáveis." (NDA, 2021). Os Sete Princípios do Desenho Universal são: 1. Uso equitativo: o desenho deve ser útil e comercializável para pessoas com habilidades diversas, obedecendo a diretriz de fornecer o mesmo meio de uso equitativo a todos os usuários, ou seja, idênticos e quando não possível, deve-se trabalhar com outro equivalente. Jamais deve-se isolar ou fazer qualquer tipo de julgamento de qualquer usuário e as provisões de privacidade, segurança e proteção deve ser igualitária para todos os usuários do ambiente. O desenho para essas sinalizações devem ser não só informativos, mas também atraentes, justamente para chamar a atenção. 2. Flexibilidade de uso: o desenho deve demonstrar claramente uma ampla opção de preferências e habilidades individuais, logo, deve oferecer opções de como utilizar determinado equipamento, prever o uso de equipamentos para destros e canhotos, facilitando, assim, a adaptabilidade do usuário ao equipamento ou ferramenta. Figura 25 – Exemplo de aplicação do Desenho Universal – adaptabilidade – Stephen Hawking Créditos: pantid123/Shutterstock. 32 3. Uso simples e intuitivo: o uso do desenho deve ser fácil de entender, independentemente da experiência do usuário, conhecimento, habilidades linguísticas ou nível de concentração atual. Assim o desenho deve eliminar qualquer complexidade desnecessária na sua consecução e prever as necessidades de acordo com as expectativas e intuição do usuário. Deve dispor de variedade de habilidades de alfabetização e linguagem e deve fornecer a possibilidade de contribuição do usuário para melhoras dando informações após a consecução da tarefa. Para suprir essa necessidade, foram criados os manuais de instruções animados, com isso não é preciso nenhuma leitura e somente a visualização de como deve ser feito a tarefa. Saiba mais Para saber mais acesse: <https://medium.com/@mkbusiness/manual- animado-a-nova-vida-dos-manuais-de-instru%C3%A7%C3%A3o- 67f0c5fe9bf8>. 4. Informação perceptível: o desenho comunica as informações necessárias de forma eficaz ao usuário, independentemente das condições ambientais ou das habilidades sensoriais do usuário. O desenho deve informar e fornecer a compatibilidade com uma variedade de técnicas ou dispositivos usados por pessoas com limitações sensoriais. Os elementos que compõem o desenho devem ser diferenciados de modo que possam ser descritos e facilitem as orientações e instruções aos usuários. Veja um exemplo de uma informação perceptível na Figura 26. Figura 26 – Exemplo de uma informação perceptível Créditos: Lars Christensen/Shutterstock. 33 5. Tolerância ao erro: o desenho deve ilustrar como minimizar os riscos e as consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais com o uso de ferramentas. Deve-se organizar os elementos para minimizar riscos e erros: elementos mais usados, mais acessíveis; elementos perigosos eliminados, isolados ou protegidos. Deixar em evidência avisos de perigos e erros e os equipamentos deve fornecer recursos a prova de falhas. Saiba mais Assista ao vídeo a seguir, que demonstra um sistema de segurança eficaz em uma serra circular em: <https://www.youtube.com/watch?v=mfAuCU7jGi0>. 6. Baixo esforço físico: o desenho pode ser usado de forma eficiente e confortável e com um mínimo de fadiga, assim deve-se permitir que o usuário mantenha uma posição corporal neutra e que utilize forças operacionais razoáveis para minimizar o esforço físico e as ações repetitivas devem ser evitadas. 7. Tamanho e espaço para abordagem e uso: tamanho e espaço apropriados são fornecidos para abordagem, alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo do usuário, postura ou mobilidade. Figura 27 – Previsão de utilização e espaço adequado aos necessitados Créditos: cve iv/Shutterstock. O desenho deve se preocupar com a linha de visão para elementos importantes para qualquer usuário sentado ou em pé, ilustrado na Figura 27, 34 tornando o alcance de todos os componentes confortável para qualquer usuário sentado ou em pé. Deve acomodar variações no tamanho da mão e do punho, como fornecer espaço adequado para o uso de dispositivos auxiliares ou assistência pessoal. Como podemos perceber, a aplicação do Desenho Universal nos leiautes de armazém pretende atender às necessidades de tornar nossa sociedade mais universalmente acessível e utilizável em todos os espaços, seja privado ou público, ambiente de trabalho ou lazer. O ambiente de trabalho nos armazéns deve procurar abordar os princípios do Desenho Universal justamente para fazer a inclusão de profissionais com habilidades comprometidas e que possam executar tarefas úteis num ambiente de trabalho que deve se tornar igualitário, assim, a compreensão dessa necessidade deve estender a sua utilização em todos os espaços possíveis no intuito de facilitar a vida de todos. FINALIZANDO Nesta aula, abordamos o importante assunto sobre a gestão da armazenagem de materiais em logística no Tema 1, em que vimos as atividades realizadas em um armazém, como o recebimento de materiais, configuração de cargas e a consolidação e unitização de cargas. Em seguida, no Tema 2, vimos sobre os tipos e classificações de armazéns por processos logísticos, por condição de armazenamento condomínios logísticos e suas classificações conforme a sua utilidade. No Tema 3, abordamos sobre os equipamentos para a movimentação e armazenagem de materiais, as tecnologias empregadas nesse processo, além de equipamentos manuais e robotizados. Na continuidade, no Tema 4, a especificação, codificação e classificação dos materiais foi o tema abordado, assim como a classificação, codificação dos materiais e endereçamento de materiais. Fechando com o assunto sobre embalagens, sua utilização e classificação no Tema 5, além de vermos sobreas razões que determinam a escolha de embalagens e suas finalidades e finalizando com os Sete Princípios do Desenho Universal, fator importante a ser considerado na construção dos armazéns e movimentação de materiais. Tenha um bom estudo. 35 REFERÊNCIAS ABNT. Normalização: definição. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/o-que-e>. Acesso em: 7 jul. 2021. ABREU, C. Coordenadora de Pesquisa industrial. Com nova tecnologia, Buildings permite a análise mais clara do mercado. Disponível em: <https://revista.buildings.com.br/classificacao-de-galpoes-industriais-e- logisticos/>. Acesso em: 7 jul. 2021. BRASIL. Receita Federal. Consolidação e desconsolidação de cargas. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/exportacao- portal-unico/copy_of_outras-funcionalidades-do-modulo-cct/consolidacao-da- carga>. Acesso em: 7 jul. 2021. FLEURY, P. Análise dos condomínios logísticos no Brasil. Disponível em: <https://www.ilos.com.br/web/analise-dos-condominios-logisticos-no-brasil/>. Acesso em: 7 jul. 2021. FRANCISCHINE, P. G.; GURGEL, F. do A. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. NDA. Os sete princípios do desenho universal. Disponível em: <http://universaldesign.ie/What-is-Universal-Design/The-7-Principles/>. Acesso em: 7 jul. 2021. TONDO EMBALAGENS. Fatores de influência sobre a perda de resistência na embalagem. Disponível em: <https://www.tondoembalagens.com.br/userfiles/empresa/DicasdeEstocagem.p df>. Acesso em: 7 jul. 2021. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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