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DISCENTE: MARIA LUISA CAMARGO DI PAOLO DOCENTE: CLÁUDIA ALBAGLI (DIRA-45) 2023.1 TEORIA DO DIREITO Acepções da Palavra Direito/ Teoria do Direito: Caracteres/ relação do TGD com outras disciplinas. Qual o papel do direito na contemporaneidade? O termo direito é muito usado em nosso cotidiano, porém não há uma definição precisa para a palavra direito. DIREITO-JUSTIÇA - JUSNATURALISMO Por muitos séculos, a ideia de direito era diretamente ligada à justiça. Visto que a noção de justiça mudou ao longo dos séculos, a definição de direito como justiça deixou de ser a visão majoritária. Justiça é algo que não pode ser definido objetivamente, por isso, foi necessário que a ideia de direito como justiça fosse substituída, principalmente para garantir segurança e evitar que os mais fortes sobrepujassem os mais fracos. Hoje utilizamos os termos legitimidade ou fundamento da lei quando queremos nos referir à justiça da norma, norma recepcionada pela sociedade como algo justo. DIREITO-NORMA-POSITIVISMO (Modernidade XIX-1800) O direito passa a ser definido como norma, tendo em vista que a sociedade precisava de segurança. Além disso, os direitos de cada país precisavam ser respeitados. Contudo, o direito não se resume apenas a lei, uma vez que a norma é um instrumento de veiculação do Direito, é como o Direito se expressa. O Direito vai muito mais além que a norma, tem embasamento filosófico, valores que são incorporados, ultrapassando o ambiente normativo. O movimento de codificação que surgiu com o positivismo trouxe segurança, mas por outro lado acabou engessando o direito. (Cód civil francês 1804) DIREITO-CULTURA-CULTURALISMO (40-Pós-guerra) O direito é produto da inteligência humana, é o homem que constrói o Direito. E o culturalismo ainda reforça que essa inteligência humana se desenvolve a partir de um contexto social, valorativo, onde o indivíduo está, então o Direito seria um objeto cultural. Afirma a importância da norma, mas entende-se que a norma por si só não se faz, ela é produto de uma cultura de valores de uma sociedade que preexiste à norma. Ex: A lei maria da penha não surgiu do nada, ela surgiu devido ao contexto social de violência doméstica da mulher. Existe uma corrente chamada de Culturalismo Jurídico, como principal autor Miguel Reale. DIREITO-DISCURSO-PÓS-POSITIVISMO Atualiza o direito, para que as leis tivessem um compromisso com a dignidade da pessoa humana. É no espaço do discurso que se possibilita adequar o direito à realidade social. É a partir do discurso, da interpretação que é possível tirar a norma de sua forma abstrata associá-la à realidade concreta. Surgiu no período da crise do Positivismo Jurídico no pós-guerra II, quando se tinha a ideia de que a norma jurídica seria o verdadeiro instrumento do direito, afastando do direito qualquer outro campo do estudo, fazendo uso do direito de forma equivocada, como os nazistas por exemplo que utilizaram dessa ideia de estrita legalidade (direito somente como norma) para encontrar um subsídio legal para cometer atrocidades. Com a evolução e complexidade das sociedades, surgiram os “hard cases”, casos complexos que ainda não tinham resolução positivada. Nesse contexto, o pós positivismo deu ao judiciário poder para analisar o caso concreto e utilizarem a criatividade judicial. DIREITO-TECNOLOGIA? Novas áreas de atuação no direito e atualizações em áreas já existentes surgiram por conta das mudanças tecnológicas. Precisamos pensar em como os avanços tecnológicos afetam o acesso à justiça. Apesar dos avanços, a desigualdade ainda existe. Isso dificulta o acesso à tecnologia pelas pessoas em vulnerabilidade social. Desenvolver a inclusão social é necessário. Ela tem por objetivo tentar compreender o que é Justiça (em que momento o direito está sendo justo, em que momento está aplicando o ideal de justiça). Relação de TGD com outras disciplinas/ Abordagem Dogmática e Zetética/ Noções elementares do Direito: Direito e Moral CARACTERÍSTICAS DA TEORIA DO DIREITO ● PROPEDÊUTICA Função introdutória do curso de direito, a fim de formar um alicerce conceitual para a formação em direito - Construção do campo de pensamento. ● ENCICLOPÉDICA Incorpora uma série de conhecimentos, tanto de direito como de outras áreas. ● EPISTEMOLÓGICA Tem a função de questionar e problematizar. DISCIPLINAS RELACIONADAS AO ESTUDO DO DIREITO Existem algumas disciplinas que estão relacionadas ao estudo do direito que são divididas em disciplinas fundamentais (filosofia e sociologia do direito) ou auxiliares (história do direito e direito comparado). Filosofia do Direito: Se caracteriza por ser uma disciplina que supera o plano normativo para questionar o próprio propósito do Direito. Sociologia Jurídica: ao lado da filosofia do direito, proporciona um olhar crítico do fenômeno jurídico como um todo. Caracteriza-se como um estudo empírico do fenômeno jurídico. Ex: analisar a eficácia da Lei maria da penha antes e depois de sua aplicação observando as ocorrências de homicídio História do Direito: Estudo do direito em torno de uma perspectiva histórica. Estudar os fatos históricos que refletem no pensamento jurídico atual. Entender por que uma lei é de tal forma, investigando todo o processo de formação dessa lei (a razão de ser da norma). Direito Comparado: É o estudo por comparação da legislação de diferentes Estados. Estudo comparativo de legislações com o objetivo de propor inovações. DIFERENTES FORMAS DE ABORDAGEM DO DIREITO ● LINGUAGEM DIRETIVA Serve para determinar um comportamento; Ordenar. ● LINGUAGEM INFORMATIVA Tem a intenção de transmitir um conceito ao indivíduo. Serve apenas a nível de informação. O Direito usa as duas linguagens, mas o que distingue o direito de outros campos de conhecimento é o uso principalmente da linguagem diretiva (condiciona a conduta colocando o que o sujeito deve fazer), uma vez que não diz como as coisas são e sim como elas devem ser. O direito também usa a linguagem informativa, quando quer explicar o conceito de algo. FORMAS DE ABORDAGENS (Tércio Sampaio) ● DOGMÁTICA Premissa - Problema - Dever ser - Diretiva Abordagem dogmática é a forma de abordagem que valoriza a dimensão normativa do Direito. Valorização do que está posto que está normatizado. Essa abordagem dogmática prevaleceu durante o Positivismo Jurídico, compreendendo sempre que o caminho seria da lei para o problema. A premissa é sempre a norma e depois é que vem o problema. A ideia do Positivista é que haveria norma para todos os tipos de situação (Positivismo kelseniano), se você não tiver uma lei não será abarcado pelo direito tendo a atuação ou pedido de sentença improcedente por não estar dentro da norma. A interpretação dentro da dogmática seria uma interpretação mecanicista, desconsiderando os aspectos culturais e sociológicos. ● ZETÉTICA Problemas - Premissas - Análise crítica Esse tipo de abordagem valoriza o aspecto pergunta, ou seja, que parte do problema para questionar o sistema. Parte do fato concreto vê a situação, para então ir até a norma e buscar uma interpretação nela, aproximando o Direito da realidade social. Se não partimos do problema para norma, e nos prendermos à dimensão normativa do Direito, teremos uma gama de situações que serão anuladas. O maior reflexo dessa abordagem zetética é o papel que a Jurisprudência vem tendo. Na abordagem zetética, se faz o uso das cláusulas gerais: expressões que são colocadas na lei e possuem uma abertura semântica que permite que o jurista tenha uma margem grande de interpretação. (ZETEIN - perquirir, investigar. Noções Elementares do Direito: Direito Objetivo e Direito Subjetivo/ Sanção/ Noções Elementares do Direito: Direito Público e Direito Privado DIREITO E MORAL Qual é a relação entre direito e moral? Desde sempre houve uma percepção de limites morais, que em dado momento se tornaram regras e leis. A linha entre direito e moral é tênue. O direito decide o momento que irá adentrar no campo da moral. ● TEORIA DOMÍNIMO ÉTICO (Jheremy Bentham) Há no conjunto de comportamentosda sociedade, um conjunto mínimo de regras que garantem certos comportamentos fundamentais para a vida em sociedade. O direito está dentro da moral Porém, existem coisas que estão no direito, mas não estão na moral. (Prazos e regras administrativas) Também existem coisas no direito que são imorais ( 14° salário dos deputados). Portanto essa teoria não pode ser aplicada. ● TEORIA DA SEPARAÇÃO (Concepção positivista) DIREITO: COERCIBILIDADE: Uso legítimo da força/violência. SANÇÃO ORGANIZADA: São pré-definidas. HETERONOMIA: Norma que impõe um comportamento ao indivíduo. BILATERALIDADE: Só se faz necessária quando existem relações sociais. EXTERIORIDADE: Só atua sobre aquilo que é exteriorizado. MORAL: INCOERCIBILIDADE: Não há uso da força/violência SANÇÃO DIFUSA: Aplicadas pela moral, não são pré definidas. AUTONOMIA: Ocorre da espontaneidade do indivíduo. UNILATERALIDADE: Se define a partir de cada sujeito individual. INTERIORIDADE: Se constrói a partir do subjetivo, da consciência. ● TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES Há uma convergência entre direito e moral. Pretensão de correção do direito. O direito positivo é limitado pela moral. A moralidade fundamenta o direito. Ex. Direitos humanos. A moral também fundamenta a obediência ao direito. Às vezes nossos comportamentos estão de acordo com o direito por conta da motivação moral. SANÇÃO ● CONCEITO Consequência e garantia da norma. Comportamento e consequência. O direito é um instrumento de controle social que tem a violência legitimada. Norma anômala → Não possui sanção. ● CARACTERÍSTICAS Organização: Procedimentos específicos no que tange à aplicação. Possui limites, prazos, e etc. Previsibilidade: Requer conhecimento prévio. Todos os atos cometidos possuem uma sanção predeterminada. Exequibilidade: Não apenas prevê uma consequência para determinada ação, mas cria mecanismos para que aquela consequência possa ser executada. ● TIPOS DE SANÇÕES Positivas ou premiais: Impõem um estímulo à consequência da norma. Incentivos para que a norma seja cumprida. Ex. Pagar o IPTU com desconto. Geralmente são estímulos políticos. Também há o exemplo da delação premiada. Negativas: São divididas em três categorias. Constritivas: Tem o objetivo de constranger o indivíduo a cumprir uma obrigação. Ex. Busca e apreensão, penhora. Reparatórias: Objetivo de reparar o dano causado. Ex. Ressarcimento. Quando o dano é subjetivo e não pode ser mensurado, ou seja, danos morais a reparação é feita por meio de indenização. Privativas de liberdade: Encarceramento. Prisão domiciliar DIREITO OBJETIVO X DIREITO SUBJETIVO. DIREITO OBJETIVO - Norma escrita, positivada. DIREITO SUBJETIVO - O que as pessoas exercem em razão do que está escrito. O poder que os indivíduos possuem de praticar a norma. Direito exercido. TEORIAS AFIRMATIVAS DO DIREITO SUBJETIVO Uma vez que existem autores que negam o direito subjetivo, como Kelsen que diz que o direito subjetivo é uma simples decorrência da norma não tendo autonomia, pois sem a norma não existiria direito subjetivo. E para isso existem essas teorias afirmativas, para afirmar que o direito subjetivo é autônomo. ● TEORIA DA VONTADE (Savigny, Windscheid). → jurisprudência dos conceitos Entende o direito subjetivo como sendo uma vontade reconhecida e protegida pela norma. Se concretiza quando há o exercício. Crítica → Há vontades que são protegidas e não são exercidas. Direitos que são garantidos, mas há a renúncia em exercer. Uma criança, por exemplo, tem direito a pensão alimentícia, mas quem vai exercer não é ela e sim o representante dela. A segunda crítica que se faz a essa teoria é que o que o ordenamento jurídico protege é o direito e não a vontade (a vontade será uma decorrência desse direito). Exemplo: uma pessoa me deve e tenho o direito de acioná-la judicialmente, mas posso agir pela vontade e esperar ou não cobrar (aqui não deixou de existir o direito subjetivo, apenas não cobrei, se mais tarde eu quiser eu poderei cobrar, o direito estará protegido/preservado). ● TEORIA DO INTERESSE (Jhering) jurisprudência dos interesses. Explica o direito subjetivo como sendo o interesse juridicamente protegido pela norma. Crítica → Existem interesses jurídicos que estão protegidos pelo ordenamento mas que não correspondem a um direito subjetivo. Ex: o meio ambiente é um interesse protegido pelo ordenamento mas não gera um direito subjetivo imediato ao indivíduo. Uma segunda crítica a teoria do interesse é que existem direitos subjetivos que não correspondem ao interesse do indivíduo. Ex: a tutela de uma criança que perdeu os pais e a justiça elege um tutor para cuidar de sua vida até sua maioridade (aqui surgiu um direito subjetivo ao tutor para administrar o patrimônio da criança, mas não corresponde ao interesse dele e sim da criança). ● TEORIA ECLÉTICA OUMISTA (Jellinek) Reúne as duas outras teorias. Diz que o direito subjetivo é um interesse protegido pelo ordenamento jurídico e dá a alguém o direito/poder de exercer a sua vontade. MONOPÓLIO DA PROTEÇÃO DO DIREITO SUBJETIVO: Cabe exclusivamente ao Estado resguardar e garantir o direito subjetivo. Salvo algumas exceções como: Legítima defesa. O Estado entende que sua vida está em jogo. Estado de necessidade. Autoriza que o indivíduo sacrifique o bem de terceiro em razão do próprio bem. Desforço incontinenti. É a possibilidade de o indivíduo fazer uso da força proporcional quando estiver na iminência ou sofrer uma invasão da sua propriedade. DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO ● DIREITO PÚBLICO Toda relação onde há a presença do Estado atuando enquanto autoridade, será competência do direito público. Relação vertical. Estado Privado ● DIREITO PRIVADO Relações entre indivíduos particulares. Igualdade entre as partes. Relação horizontal. Privado Privado Essa dicotomia deve ser questionada, visto que existem casos que não se encaixam em nenhuma área, como casos de direito digital. Além disso, hoje há uma influência do Direito constitucional em todos os ramos do Direito, muitas vezes trazendo o ramo do direito privado para o direito público, havendo uma superação da dicotomia público/privado. RAMOS DO DIREITO PÚBLICO ● Direito constitucional ● Direito administrativo ● Direito tributário ● Direito penal ● Direito processual ● Direito internacional público ● Direito internacional privado ● Direito financeiro RAMOS DO DIREITO PRIVADO ● Direito civil ● Direito empresarial ● Direito do trabalho ● Direito agrário ● Direito do consumidor Teoria da Norma Jurídica: introdução, análise categoriais. Teoria da Norma Jurídica: Validade, vigência, eficácia e fundamento da norma jurídica. TEORIA DA NORMA JURÍDICA ● DEFINIÇÃO: Imperativo de conduta. Dever ser. “A norma jurídica é a coluna vertebral da sociedade” Del Vecchio. Fundamento e substrato da norma: Fundamento no sentido da norma jurídica é o que articula o Estado, e se desdobra em duas coisas: a norma jurídica vai servir ao Estado para manter a pacificação social. A segunda consequência dessa noção da norma jurídica como coluna vertebral do Estado, é o de ser um instrumento primeiro para fazer o Direito existir. O substrato da norma é a questão axiológica (um valor implícito na norma). Existe algo que alimenta a norma, que são os valores existentes na sociedade, os quais precisam ser abarcados pelo Direito. Os valores se alteram e assim as normas jurídicas se alteram no tempo e no espaço. (ex: na década de 1950 um beijo mais acalorado era considerado um ato obsceno, hoje não é mais). NORMA: Imperativo de conduta LEI: Texto normativo. DEVER SER X SER Norma Realidade social NORMAS DE CONDUTA Religiosas Morais Trato social Jurídicas Bilaterais: Só se fazem necessárias quando há relações entre sujeitos Gerais: dotadas de generalidade, alcança a todos os indivíduos. Abstratas: Não existe norma para cada situação específica. Portanto, ela deve alcançar o maior número de casos possível. Imperatividade e coercitividade: imperativa porque a norma é sempre verticalizada numa relação de superioridade.Como decorrência da imperatividade (norma imposta), temos a coercitividade para quem não segue a norma. Heteronomia: porque ela é sempre produzida e aplicada por um terceiro (no caso o Estado que tem como representante o juiz). CLASSIFICAÇÃO DA NORMA ● QUANTO À IMPERATIVIDADE Absoluta: Determinam algo de forma absoluta, sem margem de escolha por parte do indivíduo a qual a norma foi endereçada. Também são chamadas de normas de ordem pública. Ex: a norma que diz quem são os incapazes Relativa: Dá margem para escolhas. Alternativa de conduta. Quando o indivíduo não escolhe, o Estado supre essa escolha do indivíduo. Ex: no casamento, o Estado dá a escolha do regime de bens, mas se o indivíduo não escolher, o Estado escolhe automaticamente a comunhão parcial de bens. ● QUANTO À HIERARQUIA 1 - Normas constitucionais - todas aquelas que estão no texto da constituição federal. 2- a) Leis complementares: ela só é complementar quando a constituição cita que tal lei será complementar. Além disso, para ser complementar a lei deverá ter um quorum onde ela deverá ser aprovada por maioria absoluta (50% mais 1 do total da câmara); b) Ordinárias: tudo o que não é complementar é matéria de lei ordinária. Para ser aprovada basta que ela tenha um quorum de maioria simples (50% mais 1 dos presentes); c) delegadas: o presidente pleiteia a delegação e o legislativo autoriza a criação da norma pelo presidente; d) Medidas provisórias: são leis que são feitas pelo presidente da república por ter caráter de urgência e relevância, onde é justificada pelo presidente, ela entra em vigor e depois é analisada pelo congresso (no artigo 62 diz o que pode ter caráter de medida provisória); d) Decretos legislativos: situações em que o legislativo aprova uma norma e não vai para a sanção do presidente da república. Ex: tradados internacionais que o presidente aceita o tratado e o legislativo vota e não volta para o presidente, outro exemplo é o orçamento do legislativo que são eles que votam apenas.- não há hierarquia em nenhuma dessas normas 3 - Resoluções, portarias, testamentos. São medidas legislativas menos amplas e tem hierarquia menor porque decorre de leis superiores a elas que determinam essa competência. ● QUANTO À NATUREZA DAS DISPOSIÇÕES Substantivas: Impõem direitos e deveres (Regulam relações jurídicas) Ex. Código civil. Adjetivas: Regulam os processos e atos. Ex. Código de processo civil. ● QUANTO AO PODER DE AUTONOMIA Nacionais ou locais: quanto ao âmbito de aplicação dela. Ex: lei que criou a SUDENE no Nordeste é uma lei local, enquanto o código Penal é nacional. Federais, estaduais e municipais: A depender de qual esfera da federação crie a norma (câmara de deputados federais, estaduais, vereadores). Existem normas que competem apenas a um ente federativo, mas existem competências que concorrem, como meio ambiente onde tanto o federal, estadual e municipal podem criar leis a respeito. ● QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO Esparsas ou extravagantes: Não estão atreladas a um conjunto de normas. Codificadas: Pensadas e esquematizadas para compor um código que trate do mesmo assunto. Consolidadas: Junção de leis esparsas sobre determinado assunto. Não foram pensadas de forma sistemática. OS ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA São requisitos para que a norma se torne perfeita e produza os efeitos pretendidos para a sociedade. ● VALIDADE Formal: Processo de criação da norma. Quem fez a norma deve ter seguido todos os procedimentos formais para a criação dela, a fim de que a norma tenha validade formal. Material: Se refere ao conteúdo da norma. O conteúdo deve ser compatível com as normas superiores. A validade material deve dialogar com a hierarquia normativa.. (Pirâmide kelseniana) ● EFICÁCIA Efeitos produzidos pela norma. A norma só será eficaz se ela gerar efeitos sobre a sociedade. Eficácia social: é a correspondência entre a proposta da norma e a realidade social. Pode ser espontânea, quando a sociedade respeita as normas de forma voluntária. Ou por imposição. Eficácia Técnica: Quando ela não precisa de nenhum outro requisito ou condição jurídica para produzir seus efeitos. ● VIGÊNCIA É o atributo de tempo da norma. Também chamada de validade temporal. É o espaço de tempo entre a publicação no diário oficial até sua revogação. Aspecto temporal da norma, tempo em que a norma existe no mundo jurídico. Determinada: Quando demarca o tempo de atividade. Ex: a lei orçamentária se inicia no início do ano e termina ao fim do ano. Indeterminada: Quando não há prazo de duração. A maioria das leis tem vigência indeterminada. Imediata: a data da publicação coincide com a data que a norma entrou em vigor (aplicação direta à sociedade). Mediata: Quando não coincidir a data da publicação com a data de vigor. Ocorre a vacatio legis. Vigor: Força vinculante. Imperatividade. Aplicação. Vacatio legis: Tempo de espera entre vigência e vigor. A lei geralmente especifica a data em que entrará em vigor, mas quando a lei não especifica qual será o tempo de vacatio legis, a LINDB determina que será de 45 dias após a publicação. Ainda há a possibilidade de a lei entrar em vigor no dia em que foi publicada(Imediata). Nesses casos não há vacatio legis. Ultratividade da norma: Quando a norma foi revogada, mas possui efeitos em ocorrências que se passaram durante a sua vigência. Nessas situações a norma perde a vigência mas não perde o vigor, o sujeito responderá mesmo depois de ter sido revogada. Norma excepcional ou temporária para uma situação com prazo determinado. Modificação durante e após a VL Se uma norma for modificada durante a vacatio legis, recomeça a contar o prazo da vacatio. Mas se a alteração for após a vacatio legis, essa modificação será sob a forma de uma nova lei. Normas em vigência mas sem vigor: Vacatio legis Normas em vigor mas sem vigência: Ultratividade REVOGAÇÃO Expressa: Quando a nova lei traz em seu texto de forma expressa que irá revogar a lei anterior. Tácita: Quando embora não haja menção expressa de revogação da lei anterior, está implícito que a nova lei revoga a anterior que trata da mesma matéria, por conta de sua incompatibilidade. Ab-rogação: Revogação total. Derrogação: Revogação parcial. Proibição da repristinação: Quando uma lei revoga a outra, e surge uma terceira lei que revoga a segunda, a primeira não é restabelecida automaticamente. Caducidade: Quando o fundamento objetivo da norma deixa de existir, ela caduca. Ex. Norma criada para situação de guerra. Desuso: Quando a norma perde seu fundamento subjetivo e a sociedade para de respeitar essa norma. Ex. Adultério Costume negativo: Quando a norma jurídica prevê um comportamento, porém esse comportamento não é respeitado pela sociedade, então a norma passa a aceitar esse comportamento. Ex. Factoring (Agiotagem legalizada) TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO ● HISTÓRICO A ideia de ordenamento jurídico surgiu a partir do Estado moderno, quando começou a haver a centralização da produção de normas pelo Estado. Anteriormente, havia uma pluralidade de fontes. ● DEFINIÇÃO O termo ordenamento remete a ordem/estrutura lógica. As normas jurídicas seguem uma estrutura lógica e estão todas interligadas, formando assim o ordenamento jurídico. Fundamentação: Há uma relação organizada entre as normas. As normas inferiores se fundamentam nas superiores. Normas infraconstitucionais são derivadas da CF, devendo assim estar em consonância com ela. Quanto mais baixo uma norma estiver na hierarquia, maior será a necessidade de preocupação com a fundamentação ● UNIDADE DO ORDENAMENTO Tradição alemã. Kelsen não criou a ideia de ordenamento, mas foi responsável por organizar os conceitos de ordenamento, além de criar o controle abstrato de constitucionalidade e os tribunais constitucionais. ● NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL Para Hans Kelsen, a norma não pode ser fundamentada por coisas que não são normas. Então, se a constituição está no topo da pirâmide, o que a fundamentaria? Segundo Kelsen, a Constituição seria fundamentada na norma hipotéticafundamental. Essa norma é pressuposta, pois está fora do sistema e antecede o ordenamento e também é autorizativa, visto que serve apenas para autorizar a existência da constituição. Portanto, a norma hipotética fundamental é responsável por garantir validade à constituição e consequentemente a todo o ordenamento. Outras ideias sobre a fundamentação: Hart➡ A norma fundamental é a norma de reconhecimento, que é legitimada pela aceitação da sociedade que a constituição é a norma ápice. Bobbio➡O ato de poder que determina a constituição como norma ápice é o que fundamenta a constituição. Machado Neto➡O reconhecimento da soberania do Estado pela ordem internacional é o que fundamenta a constituição. Sobre a coerência: ● TEORIA DA ANTINOMIA JURÍDICA Condições: Existência de normas com disposições contraditórias, emitidas por autoridades competentes, direcionadas aos mesmos sujeitos. Pode haver antinomia tanto de regras como de princípios Classificações: I. Total - Total: Quando uma norma é totalmente contraditória a outra. II. Total - Parcial: Quando uma norma é totalmente contraditória, mas a outra é parcialmente contraditória. III. Parcial - Parcial: Quando ambas as normas estão parcialmente em contradição Critérios para solução: I. Cronológico: A norma mais nova prevalece sobre a antiga. A lei posterior revoga a anterior. (Critério mais recorrente) II. Especialidade: A lei especial revoga a lei geral III. Hierarquia: A lei superior revoga a inferior. (Critério mais forte) ● ANTINOMIAS DE 2° GRAU * Caso a lei especial inferior traga mais benefícios, a lei especial inferior pode prevalecer apesar de estar em desacordo com a lei superior Ex. Estatuto do idoso ● ANTINOMIAS NO DIREITO INTERNACIONAL “Prior in tempore potior injus” - Quando há acordo entre dois ou mais Estados, o primeiro tratado prevalece, por conta da primazia da obrigação assumida. “Lex speciali derrogati lex generali” “Lex superiori derrogati inferiori” ● COMPLETUDE DO ORDENAMENTO JURÍDICO Teoria das lacunas: -Ampla: De forma ideal, as normas são completas e há solução para tudo. (O positivismo defende a completude e a amplitude) -Prática: Na prática, as normas não são tão completas, tendo em vista que os casos concretos carregam particularidades e complexidades. Integração do direito: 1° corrente: afirma a completude do ordenamento jurídico. É a corrente de Kelsen. Evidentemente que Kelsen via que existiam situações que não eram especificadas no ordenamento, ainda assim Kelsen alegava a completude, se baseando em dois argumentos. O primeiro diz que tudo que juridicamente não é proibido, é juridicamente permitido. O segundo argumento dessa corrente, que em nosso caso está no art. 126 do código de processo civil, é a vedação do Non Liquet, que o juiz sempre deverá julgar/decidir um processo mesmo que não exista uma norma que abarque determinada situação. De acordo com essa corrente, o juiz sempre deve julgar. Portanto, se o juiz é obrigado a decidir sempre, de acordo com Kelsen, haverá a completude, uma vez que se o nao tem no ordenamento, se cria a lei pela decisão do Juiz. 2° corrente: Contrária à perspectiva kelseniana. Afirma que há lacunas no ordenamento jurídico. Também defende que a completude do direito deriva da sua própria dinâmica, se desenvolvendo à medida em que a sociedade se torna mais complexa. ● ANÁLISE 1° Corrente: Defende a existência da completude (positivistas) 2° Corrente: Defende que a completude se dá por conta da complexificação e evolução do direito ao longo da história. Lacunas admitidas pela 2° corrente: I. Fáticas: A norma existe, mas não produz efeitos. Não possui correspondentes fáticos. II. Valorativas: A norma existe, porém a sociedade não a considera legítima. Não valora de maneira positiva. III. Normativa: Ausência da norma. ● MEIOS DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO Analogia➡ A utilização da norma que diz respeito a outra situação de forma análoga a uma situação que possui lacuna Requisitos: Lacuna normativa. A situação lacunosa deve ser semelhante à prevista em lei. Deve haver uma racionalidade ou razão semelhante nas diferentes situações. Ex. Não existe uma lei sobre contratos eletrônicos, mas há no código civil normas sobre outros tipos de contrato, então, por analogia legis ou juris, posso aplicar para os contratos eletrônicos. Analogia legis: Quando uma norma é aplicada a outra situação por sua relação de semelhança. Analogia iuris: Um grupo de normas é aplicado à situação que não está contemplada pelo ordenamento jurídico. Vedações: Normas penais - Princípio da legalidade (A liberdade só pode ser retirada se houver lei anterior) Normas de caráter excepcional Costumes➡ Práticas sociais que, por sua reiteração, são aplicadas no ordenamento, adquirindo relevância jurídica. Ex. As pessoas geralmente subscrevem contratos eletrônicos sem ler todos os termos, então o juiz pode se valer desse costume para tomar determinada decisão. Secundum legis: Quando os costumes convergem com o que está disposto em lei, dessa maneira não percebemos que estamos comprindo a norma. Praeter legis: Quando os costumes vão mudando a lei paulatinamente Contra legis: Costumes que vão contra a lei, mas que por sua reiteração são incorporados no ordenamento. Equidade➡ A razão prática para a concepção do justo. Decisões aplicadas ao caso concreto tendo em vista o justo, diante da inexistência da norma. Só é utilizado na impossibilidade de se usar a analogia. Princípios gerais do direito➡Máximas morais e éticas que podem solucionar questões práticas. Ex. Enriquecimento ilícito, apesar de não se encaixar em nenhum tipo normativo, é considerado ilícito por conta dos princípios éticos. Geralmente, os princípios são utilizados como complemento de sentença. TEORIA DAS FONTES DO DIREITO ● O que são? De onde o direito se origina. Pode partir de conteúdo e forma. Fonte a partir do conteúdo (Fontes materiais): Tudo o que ocorre em sociedade Fonte a partir da forma (Fontes formais): Dimensão formal do direito. Processo de formação e elaboração da norma. ● DOIS GRANDES SISTEMAS Common law➡ Sistema anglo saxão, baseado nos costumes, onde os juízes fazem a análise dos precedentes para tomar decisões. O costume é a fonte primeira. Civil law➡ Sistema Romano-Germânico, que tem como fonte primeira a lei. No Brasil, é adotado o sistema Civil law, visto que tem a lei como fonte primeira. Porém também é adotado aspectos da common law (Sistemas de precedentes), tendo em vista que a jurisprudência e as súmulas têm força de lei. Isso não muda o sistema utilizado, porém o sistema de precedentes dá celeridade ao direito e uniformiza os entendimentos e interpretações dos tribunais. Isso gera uma maior segurança jurídica. Evita a desigualdade de tratamento dentro do sistema judiciário. O sistema de precedentes ainda não trouxe resultados significativos, no que diz respeito à quantidade de processos que congestionam o judiciário. ● FONTES ESTATAIS I. LEI Tudo o que se origina do poder legislativo. Competência por excelência do poder legislativo. II. JURISPRUDÊNCIA Interpretações reiteradas em decisões judiciais. Várias decisões judiciais no mesmo sentido. Jurisprudência não é norma. O que faz a jurisprudência é a interpretação da norma no caso concreto. III. SÚMULAS E SÚMULAS VINCULANTES Súmulas: Uniformização da jurisprudência de um tribunal. Decorrem de órgãos especiais dentro do judiciário tem o poder de firmar esses entendimentos sobre determinados temas. Tem um peso maior do que a jurisprudência. Súmulas vinculantes: Possui caráter obrigatório. Apenas o STF tem o poder de aprovar súmulas vinculantes. É a interpretação de uma situação concreta. Possui mais força de persuasão. ● PROCESSO DE FORMAÇÃO DA LEI O processo de formação de uma lei segue várias formalidades além de passar pela pressão feita pelos lobbies. Por isso é um processo longo. ETAPAS: 1. Iniciativa ( Poder legislativo, presidente da república, procurador geral da república, STF, Tribunais superiores, e qualquer cidadão pormaio da iniciativa popular). 2. Recepção na câmara, se tornando um PL. Discussão, avaliação da CCJ. 3. Votação 4. Sanção ou veto do executivo 5. Promulgação e publicação ● FONTES NÃO ESTATAIS Também formam o direito, mas não são provenientes do Estado. I. COSTUMES Práticas sociais que por sua reiteração são incorporadas ao sistema e adquirem força jurídica. II. NEGÓCIOS JURÍDICAS Relações jurídicas em que as partes determinam os limites da relação. Ex. Contratos. III. DOUTRINA Conhecimento jurídico produzido pelos juristas no exercício dos seus estudos. É preciso que haja uma produção de conhecimento, uma sinopse de direito não pode ser classificada como doutrina. A ideia de doutrina como fonte do direito surgiu com os estudiosos do corpus iuris civilis, os glosadores. IV. PODER NORMATIVO DOS GRUPOS SOCIAIS. Poder normativo que é reconhecido a determinada parcela dos grupos sociais, para fazer funcionar o direito. Tais grupos podem criar regras de funcionamento e regimentos para suas próprias instituições. O direito reconhece a eles certo poder normativo, desde que seja de acordo com as leis superiores. Isso é importante, tendo em vista a impossibilidade do Estado criar regras para todos as instituições que existem. Ex. Sindicatos, partidos políticos, associações de classe e de bairro, condomínio, etc.
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