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Raimundo F. de Oliveira 
A Doutrina Pentecostal Hoje 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
Dedicatória.................................................................................. 4 
O movimento pentecostal no banco dos réus ............................. 5 
O batismo com o Espírito Santo hoje ....................................... 18 
O dom de línguas hoje .............................................................. 46 
Os dons do Espírito Santo hoje ................................................. 64 
Os dons e o fruto do Espírito .................................................... 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
Dedico este livro: 
aos meus queridos pais, Francisco e Geralda, que desde a minha 
infância me ensinaram os sagrados rudimentos do Evangelho, contribuindo 
para que mais tarde eu tivesse uma autêntica experiência espiritual com 
Deus; 
à minha eterna namorada e esposa, Maria das Graças, a quem Deus 
tem feito um esteio de sustentação do meu ministério; 
aos meus queridos filhos, Débora, Adoniran e Calebe, perfumadas 
rosas com as quais Deus floriu o jardim do meu matrimônio; 
ao caríssimo Pastor Paulo Belisário Carvalho, honrado Presidente da 
Assembléia de Deus no Estado do Piauí, onde militei por quase dez anos, 
pastor que, na qualidade dum "amigo mais chegado que um irmão", muito 
me ajudou no dimensiona-mento da minha fé, visando ao sucesso do meu 
ministério; a todos os meus companheiros de ministério, que na nossa 
Pátria estão empenhados na pregação do Evangelho pleno e na conservação 
da genuína doutrina pentecostal; 
também aos meus irmãos denominacionais que, indiferentes aos 
ensinos daqueles que fazem das eternas promessas de Deus coisa do 
passado, estão empenhados em alcançar uma genuína experiência com o 
Espírito Santo, hoje; 
sobretudo, ao Deus e Pai de toda a consolação, a Jesus Cristo, seu 
filho e autor de toda a salvação, com o louvor do Espírito Santo, o autor de 
toda a santificação. 
No sincero amor do Senhor, 
o Autor 
1 
O movimento pentecostal no banco dos 
réus 
Tem sido considerável o número de livros escritos nestes últimos 
anos por autores antipentecostais, com o propósito de denegrir a nossa fé. 
Pelo que me consta, nunca um escritor de confissão pentecostal, no Brasil, 
assumiu a responsabilidade de escrever uma refutação a esses livros. Em 
geral, os nossos líderes têm deixado que o próprio progresso do 
Movimento Pentecostal e a fé dinâmica das igrejas que o compõem 
silenciem a pena dos seus oponentes gratuitos; mas isso tem sido inútil, 
pois os tais não se convencem nem diante de fatos. Para eles, mais importa 
uma boa pitada de confusão teológica, do que as provas documentadas por 
vidas transformadas; esquecendo-se eles que teologia sem uma genuína 
experiência de vida é semelhante à fé sem as obras - é morta. 
Evidentemente, não possuo procuração dos líderes da minha igreja, 
a Assembléia de Deus - pioneira e guardiã da legítima doutrina pentecostal 
no Brasil - para escrever este trabalho. Na verdade, nem 
creio ser necessário tê-la, haja vista que, na qualidade de obreiro engajado 
na pregação do Evangelho e na defesa da verdade, tenho tão grande res-
ponsabilidade na defesa da verdade, como a têm os mais destacados líderes 
da Assembléia. 
Não escrevo este livro como teólogo ou "doutor” 
nisto ou naquilo. Revelada a minha formação secular, seria motivo de 
vergonha para qualquer um dos "doutores" que hoje, em diferentes 
denominações, se dizem senhores da verdade, pelo que se julgam 
no direito de escrever livros e artigos com o objetivo 
de minar as bases espiritual e moral do Movimento Pentecostal. O que 
aqui escrevo é fruto de minhas próprias experiências em face da 
beligerância anti-pentecostal na nossa Pátria. 
 
1. COM A PALAVRA, A ACUSAÇÃO 
Um dos livros mais pretensiosos e, de propósito, eminentemente 
antipentecostal, foi publicado em 1972, pela Junta de Educação Religiosa e 
Publicações da Convenção Batista Brasileira (JUERP). Esse livro tem por 
título: "Movimento Moderno de Línguas", de autoria do batista americano, 
Robert G. Gromacki. 
Numa análise feita por Gromacki quanto à origem do Movimento 
Pentecostal, após analisar-se o movimento é de origem divina, satânica, 
psicológica ou artificial, ele conclui que tem de ser considerado "não 
somente como uma simulada contrafação, porém como sendo realmente de 
origem satânica". 
Outro livro, "A Doutrina do Espírito Santo", trabalho encomendado 
pela Convenção Batista Brasileira, combate as células "renovacionistas" 
surgidas no seio dessa Convenção, trazendo, inclusive, palavras pouco 
elogiosas ao Movimento Pentecostal, sempre tido pelos autores (treze 
líderes batistas brasileiros), como "confusão", "gritaria", "descontrole 
físico", "emocionalismo demasiado" etc. 
H.E.Alexander, um dos autores antipentecostais mais lidos no 
Brasil, em seu livro "Pentecostismo ou Cristianismo?" mostra o 
Movimento Pentecostal como uma ameaça à integridade do verdadeiro 
Cristianismo. Escreve: 
"Temos, portanto, de evitar todo equívoco e afirmar com precisão 
que, se existe um 'Movimento de Pentecoste' há também um considerável 
número de crentes que diligenciam não ser deste 'movimento', mas que, no 
entanto, possuem um forte espírito 'pentecostista'. Por este fato, é que nós 
julgamos necessário falar de 'pentecostalismo', pois que pretendemos em 
absoluto não fazer parte deste 'movimento', pois pode-se ter certas 
concepções mentais e certas interpretações errôneas que, como é óbvio, 
engendram um espírito que não é outra coisa senão um espírito estranho, 
semelhante ao do Pentecostismo". 
Mais à frente escreve Alexander: 
"Perante os erros e estragos do Pentecostismo, há somente uma 
atitude digna do cristão. Se ele caiu neste erro, que confesse a Deus e se 
separe absolutamente daquilo que a Bíblia condena. Quanto ao crente que 
teve algum contacto com estes desvarios, mas que começa a discerni-los, 
que se afaste deles e saiba que Deus o destina a outra coisa: ao serviço 
frutuoso... Porém, que se mantenha bem perto de seu Salvador, pela razão 
seguinte: um espírito estranho não deixa nunca sua vítima escapar com facilidade. 
Quando numa alma começam a surgir dúvidas a respeito do Movimento Pentecos-
tal e seu espírito começa a discernir a verdade quanto as contrafações, aos 
exageros e erros doutrinários que caracterizam o Pentecostismo, se ela abrir-se 
com algum adepto deste movimento, haverá então reação imediata: 'Não nos 
compreende mais, suas dúvidas são causadas pelo pecado'. Ou então, o que é pior 
ainda: 'Verá o que vai suceder-lhe se nos deixar, o julgamento de Deus o atingirá'. 
E chamam a isto de 'Despertamento' e 'Pentecoste!' Ou, em vez de ameaças, 
apelarão para o sentimentalismo, como pretexto de amor, lágrimas -procedimento 
que não é são nem santo, e do qual é, às vezes, difícil livrar-se. Porém, com o 
socorro de Deus, andando na obediência de Cristo e sua Palavra, aquele que tiver 
sido dominado pelos pentecostais será libertado." 
Para H.E.Alexander, o Movimento Pentecostal ou "Pentecostismo", como 
ele prefere chamar, nada mais é do que um dos ramos do Espiritismo, Feiticismo, 
Macumba, ou coisa semelhante; movimento de cuja influência aqueles que a ele 
se apegam devem ser exorcisado pelo ensino antipentecostal. 
Francisco Huling, autor do opúsculo: "É Bíblico o Pentecostismo?", 
escreveu: 
"Deus libertou o autor deste folheto do erro pentecostal alguns anos atrás. 
Um domingo de manhã, numa reunião pentecostal, um membro levantou-se e 
começou a ler o capítulo 14 de 1 Coríntios, e eu escutei-o atentamente. De repente 
uma mulher levantou-se e começou a levantar os braços e a 'falar em línguas' e 
depois mais uma, e mais outra, até que nove ao todo estavam num estado de 
êxtase descontrolada. Mas mesmo entre o barulho e o pandemônio que faziam, eu 
consegui ouvir as palavras: 'Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em 
todas as igrejas dos santos...Mas faça-se tudo descentemente e com ordem', 1 Co 
14.33,40. O contraste completo entre o que eu via e o que as Escrituras diziam 
ajudaram-me a pensar, e eu comecei a ver que o Pentecostalismo não é de Deus, 
mas sim do Diabo". 
No seu livro, "Os Carismáticos", John F. MacArthur, denuncia e condena 
o Movimento Carismático, por, segundo ele, fazer da experiência algo superior às 
Escrituras. 
Poderia continuar citando textos de muitos outros livros de autores 
antipentecostais, que tenho na minha biblioteca, porém, deixo de fazê-lo por duas 
razões: primeiro, por absoluta falta de espaço, e em segundo lugar, porque 
contêm praticamente as mesmas blasfêmias e desprezo pelo Movimento 
Pentecostal. 
2. COM A PALAVRA, A DEFESA 
Como um processo não se compõe só de acusação, mas também de 
provas e defesa, seria imprudente o juiz condenar ou absolver o réu sem 
antes ouvir a sua defesa. Partindo deste princípio, ao Movimento 
Pentecostal assiste o direito de que alguém levante a sua voz em defesa 
desse movimento. Isto é o que têm feito muitos ilustres cristãos e não 
poucos estudiosos durante estes últimos anos, entre os quais vou citar 
alguns apenas. 
Para a revista "Life", conceituado periódico da imprensa secular 
americana, a respeito do Movimento Pentecostal, o Dr. Van Dusen, disse: 
"Há várias fontes de poder que têm feito desta terceira força (o 
Movimento Pentecostal), o mais extraordinário fenômeno religioso de 
nosso tempo. Seus grupos pregam uma mensagem bíblica direta, 
facilmente compreensível. Comumente prometem uma experiência 
imediata, transformadora da vida pelo Deus vivo em Cristo, que é muito 
mais significativa para muitos indivíduos do que a versão dela que se 
encontra nas igrejas convencionais. 
"Eles abordam diretamente as pessoas - em seus lares, nas ruas, ou 
em qualquer lugar -, não esperam que venham primeiro à igreja. São 
dotados de grande ardor espiritual, o que algumas vezes, mas nem sempre, 
é excessivamente emocional. Pastoreiam seus convertidos em um grupo 
comunitário íntimo, apoiador - uma das características de cada renovação 
espiritual vital, desde que o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no 
primeiro Pentecoste. Dão forte ênfase ao Espírito Santo tão negligenciado 
por tantos crentes tradicionais como sendo a presença imediata e poderosa 
de Deus, tanto na alma humana individualmente, como na comunidade 
cristã. Acima de tudo, esperam que os seus seguidores pratiquem um 
cristianismo ativo, incansável, sete dias por semana. 
"Até recentemente, os demais protestantes consideravam esse 
movimento como um fenômeno temporário e passageiro, que não merecia 
grande atenção. Mas agora há um reconhecimento sério e crescente de suas 
verdadeiras dimensões e de sua provável dinâmica. A tendência de rejeitar 
a sua mensagem cristã como inadequada está sendo substituída pela mais 
humilde disposição de investigar os segredos de seu imenso alcance... 
"Tenho chegado a sentir que o Movimento Pentecostal, com sua 
ênfase sobre o Espírito Santo, é mais do que apenas mais um 
reavivamento. É uma revolução que em importância se compara ao esta-
belecimento da primeira igreja apostólica, e com a Reforma Protestante." 
A revista "Novas de Alegria", órgão da Assembléia de Deus de 
Portugal, traz o testemunho dum respeitado professor de Teologia no 
Instituto Superior de Ciências Humanas e Teológicas do Porto, Portugal, 
do qual se destaca o seguinte parágrafo: 
"O que descobri no Movimento Pentecostal é muito diferente 
daquilo que procurei! Aconteceu comigo o que aconteceu com os Magos 
que procuravam um Príncipe num palácio luxuoso e encontraram um 
menino desfavorecido num curral de animais; o mesmo que aconteceu à 
Samaritana que procurava um Messias sabedor, um Cristo "supers-tar" e 
encontrou um judeu fatigado; o mesmo que aconteceu a Maria Madalena 
no Domingo de Páscoa: procurava um morto e encontrou um Ressusci-
tado. Pois eu fui 'observar' a reunião de oração dos pentecostais e senti-me 
observado pelo Espírito adquirindo a consciência das minhas resistências á 
ação do Espírito Santo em mim. Descobri a minha 'resistência intelectual', 
pois senti que 'relativizava' a ação do Espírito nas pessoas, testemunhada 
pelos textos bíblicos, reduzindo-a aos limites do esquema teológico pré-
fabricado, aprendido nos livros. Senti que era presunção a mais pretender 
manipular a liberdade soberana do Espírito! Descobri que só não 'aspirava 
aos dons espirituais', mas até os recusava! Fui observar a oração dos 
pentecostais e fiquei surpreendido com a intensidade da oração feita por 
um grupo de jovens durante duas horas! Fui para lá como mero espectador 
e encontrei-me envolvido por um cristianismo dinâmico, contagiante e 
alegre, pressentindo então o que significava o Batismo no Espírito Santo 
praticado dentro do Movimento Pentecostal". 
A respeito do Movimento Pentecostal, Russel Spittler, escreveu: 
"Alguns julgam que se trata duma nova Reforma esforçando-se por 
encontrar o seu Lutero à porta duma catedral desconhecida. Outros 
interpretam o fato como uma crise de crescimento, com os elementos da 
velha humanidade a quebrar-se para se juntarem de novo com mais 
espiritualidade. Há quem o considere como um fenômeno prosaico, o 
movimento inevitável do pêndulo, o regresso a algumas verdades 
esquecidas, ou a superstições perigosas. 
"De qualquer modo, está a operar-se uma mudança nos ideais do 
mundo. A sabedoria reinante, que influenciou e formou as últimas 
décadas, encontra-se na ofensiva. Ela tem sido chamada de liberalismo, 
racionalismo, espírito científico - conceitos que, não sendo idênticos, estão 
correlacionados. Mas atualmente a confiança do homem, no seu poder para 
controlar o mundo, está em nível incipiente. A Tecnologia é considerada 
um aliado perigoso e o progresso é suspeito... 
"O declínio da Ciência e o despertar da Religião são oportunidades 
sem precedentes que se abrem ao Movimento Pentecostal. Ao nível das 
massas populares há um mundo cheio de ciência, razão, materialismo e 
liberalismo. As pessoas têm sede das coisas espirituais. Deixai os 
batizados no Espírito Santo cingirem os seus lombos para um combate 
renovado e intrépido. Aos que a procuram sem saber, proclamai-lhes, 
proclamai-lhes essa maravilhosa experiência!" 
Àqueles que acusam os pentecostais, principalmente a Assembléia 
de Deus, de fazer proselitismo, de emocionalismo excessivo, de atingirem 
apenas as classes inferiores, e de interpretarem a Bíblia literalmente, 
responde o escritor presbiteriano William R. Read: 
a. - "Alguns crentes, que agora pertencem à Assembléia de 
Deus, pertenceram anteriormente a outras igrejas evangélicas, mas para 
cada um destes, há pelo menos vinte, que não tiveram qualquer espécie de 
contacto com outros evangélicos, antes de sua conversão... 
b. - "Há casos em que o emocionalismo tem sido usado em 
excesso, mas comumente é canaliza do... para fins construtivos. Poder-se-
ia argumentar que a existência de vida transformada, e crescimento 
vigoroso, embora com alguns excessos, é melhor do que as igrejas 
estagnadas, e cristãs apenas de nome, no seu formalismo correto e frio... 
c. - "Ser criticada como igreja das classes inferiores, é para a 
Assembléia, mais um elogio do que uma crítica. É nessa parte da estrutura 
social que está a maioria da população. Maioria que se constitui num 
tremendo campo de trabalho. É nela que os pentecostais estão-se 
multiplicando. Têm por isso mesmo, posição bastante favorável, no 
presente. 
d. - "É verdade que a Bíblia é a autoridade máxima para esse 
exército de pregadores, que está constantemente pregando, onde quer que 
consigam reunir um grupo que os ouça. Os líderes são cuidadosos no estudo 
das Escrituras. É espantoso verificar como esses homens, antes 
analfabetos, podem ler a Bíblia, interpretá-la, pregar e ensinar. As bíblias 
ficam gastas pelo abrir e fechar e pelo constante manuseio. Esta fé simples 
na Bíblia, dá-lhes a convicção e, quando pregam ou ensinam, fazem-nocom a autoridade da Bíblia. Os ouvintes percebem que os pentecostais 
estão pregando com uma convicção profunda, bíblica e pessoal. Um 
simples 'Assim diz o Senhor', constitui prova suficiente para muitos, pois 
os problemas intelectuais estão ausente em seu caminho da fé em Jesus 
Cristo. Essa abordagem, que se centraliza na Bíblia, pode ser criticada, 
mas não deixa de ser um dos pontos fortes do movimento pentecostal. Têm 
eles sido fiéis à luz que receberam das Escrituras. A bênção de Deus, o 
Deus da Bíblia, é evidente em seu ministério . 
Quanto à acusação de John F. MacArthur, feita contra os 
pentecostais, que, segundo ele, dão primazia à experiência, em atitude de 
desprezo à verdade já revelada na Bíblia, faça-se a seguinte consideração: 
O fato de que haja crentes que têm feito da experiência uma nova 
fonte de revelação para a vida, em substituição à orientação que já foi dada 
pela Bíblia, isto é exceção e não regra, que pode ser verificada não só nos 
círculos pentecostais, mas até mesmo nos arraiais não-pentecostais. Mas a 
preocupação de MacArthur vai além disto: ele insinua que a experiência 
cristã é algo de pouca ou de nenhuma importância. 
A experiência tende a ser má quando aquele que a possui não se 
apóia nas Escrituras nem mostra uma vida de comunhão com Deus. 
Porém, conforme escreveu o apóstolo Paulo, a verdadeira experiência é a 
soma - tribulação + experiência, donde advêm a esperança, "e a esperança 
não traz confusão", Rm 5.3-5. 
O cego de nascença que foi curado por Jesus, cuja história se acha 
narrada no capítulo 9 do Evangelho de João, pôs fim a uma grande 
demanda teológica com os judeus incrédulos, dizendo apenas: "Se é 
pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora 
vejo", Jo 9.25. Experiências são fatos, e contra fatos não há argumentos. 
Ao endemoninhado gadareno a quem libertara, Jesus disse: "Vai 
para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te 
fez, e como teve misericórdia de ti", Mc 5.19. O texto sagrado acrescenta: 
"E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus 
lhe fizera; e todos se maravilhavam", v.20. 
Diante da grande multidão que o acusava em Jerusalém; em sua 
defesa, o apóstolo Paulo contou sua própria experiência, a começar desde 
seus ancestrais até o seu ministério no momento em que foi preso, como 
meio de abrandar-lhes a ira: At 22. 
Salvação, batismo com o Espírito Santo, dons espirituais, 
comunhão com Deus e com os santos, são experiências para serem não só 
vividas mas igualmente contadas aos outros. Contar aos outros o que Deus 
fez por nós é uma forma de continuarmos com a bênção recebida em 
nossas vidas. E isto desagrada não só aos "apóstolos," da causa 
antipentecostal: desagrada o Diabo também. 
Evidentemente, cada causa tem opositores à altura da sua 
dignidade. E para sobreviver sob o acirrado fogo da artilharia 
antipentecostal, jamais lançaremos mão das armas dos que se nos opõem. 
Hoje, como sempre, prevalece "a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: 
Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos 
Exércitos", Zc 4.6. 
Acreditar na afirmação de Gromacki e Francisco Huling, de que o 
Movimento Pentecostal é de origem satânica, seria o mesmo que admitir 
que Satanás se tenha convertido e se feito aliado de Deus na redenção do 
mundo, pois, quem tem feito mais que os pentecostais pela evangelização 
dos povos? Russell Spittler disse que "os pentecostais sempre foram 
melhores no evangelizar que no escrever tratados de teologia. Somos mais 
conhecidos pelas missões ao estrangeiro que pelos livros teológicos". Mas 
não temos porque nos envergonhar disso, pois quando ganhamos uma 
alma sabemos estar cumprindo com o desejo maior de Deus - a conquista de 
almas, e a Bíblia diz: "O que ganha almas sábio é", Pv 11.30. 
O Movimento Pentecostal continuará triunfando e por fim 
triunfará, porque ele não é um movimento do homem, mas do Espírito 
Santo. E um movimento do Espírito Santo não pode ser destruído por 
livros. 
 
3. COM A PALAVRA, O JUÍZ 
Em todas as demandas teológicas de fé e de religião, a Bíblia 
Sagrada é o juiz. E em face das alegações da acusação e da defesa feita ao 
Movimento Pentecostal, qual o veredicto? O réu será condenado ou 
absolvido? 
Através de seus escritos, os antipentecostais chegam mesmo a 
sugerir que a doutrina pentecostal não passa de batismo com o Espírito 
Santo, glossolalias e dons do Espírito Santo. Isto se deve à premeditada 
aversão que têm aos pentecostais. O sectarismo denominacional e a 
jactância pessoal os impedem de ser sinceros e imparciais nas suas pes-
quisas. Não encontram a verdade quanto aos pentecostais porque, na 
realidade, fazem questão em não achá-la. 
Na verdade, nem precisariam dar-se a penoso estudo para 
descobrirem que o Movimento Pentecostal crê: 
em um só Deus eterno, subsistente em três pessoas: o Pai, eterno e 
imutável; o Filho, eternamente gerado do Pai; e o Espírito Santo, emanante 
do Pai: Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29; Jo 15.26; 
na divina inspiração da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé 
normativa para a vida e o caráter cristão: 2 Tm 3.14-17; 
no nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicaria e expiatória, 
em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa 
aos céus: Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9; 
na pecaminosidade do homem que se destituiu da glória de Deus, e 
que somente pelo arrependimento e pela fé na obra expiatória e redentora 
de Jesus Cristo pode ser restaurado a Deus: Rm 3.23; At 3.19; 
na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Jesus 
Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para 
tornar o homem digno do reino dos céus: Jo 3.3-8; 
no perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna 
justificação da alma, recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício 
efetuado por Jesus Cristo em nosso favor: At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; 
Hb 7.25; 5.9; 
no batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só 
vez, em água, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, conforme 
determinou o Senhor Jesus Cristo: Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12. 
na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa 
mediante a obra expiatória e redentora de Jesus Cristo no Calvário, através 
do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos 
capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo: Hb 9.14; 1 Pe 
1.15,16; 
no batismo bíblico com o Espírito Santo, como bênção distinta do 
novo nascimento, que nos é dado por Deus mediante a intercessão de 
Cristo, com a evidência física inicial de falar em outras línguas, conforme a 
sua vontade: At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7; 
na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à 
Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade: 1 Co 12.1-
12; 
na segunda vinda pré-milenial de Cristo, em duas fases distintas: 
Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, 
antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja 
glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos: 1 Ts 4.16,17; 1 Co 
15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14; 
que todos os crentes comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para 
receberem a recompensa dos seus feitos em favor da obra de Cristo na terra: 
2 Co 5.10; 
no juízo vindouro que justificará os fiéis e condenará os infiéis: Ap 
20.11-15; 
na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e 
tormento para os infiéis: Mt 25.46. 
Qualquer ensino contrário ao contido na fé pentecostal, ainda que 
alegadamente baseado na Bíblia, não passa de artifício criado por uma 
teologia desvirtuada e que em nada honra a Deus. 
O Dr. James I. McCord, presidente do Seminário Teológico de 
Princeton, disse: 
"Nossa época terá de tornar-se a Era do Espírito, do Espírito de 
Deus ativo no mundo, a sacudir e a esmagar todas as nossas formas de 
estruturas, produzindo reações favoráveisconsoantes com o Evangelho e 
com as necessidades do mundo". 
Também o Dr. Ernest Wriht, de Havard, não faz muito tempo, 
disse: 
"A consumação do reino de Deus será assinalada por um grande 
reavivamento com acontecimentos carismáticos. Então, tanto os líderes 
como o povo estarão cheios do Espírito; dotados de poder do Espírito em 
escala até esse tempo desconhecida". 
Concluindo, escreveu Robert C. McQuilkin, em seu livro: "A 
Mensagem Pentecostal para Hoje": 
"Não limitemos a Deus em suas operações sobrenaturais, mas nos 
preparemos para novos e grandes derramamentos do Espírito Santo, que se 
produzirão nos dias posteriores aos atuais. Aproximam-se os dias quando 
nada poderá anular a força aterradora do inimigo, exceto o poder 
sobrenatural que muitos crentes têm experimentado". 
Portanto, o veredicto da Bíblia é que o Movimento Pentecostal 
triunfará, pois só através dele é que o avivamento desejado, buscado e 
esperado tem encontrado livre curso no mundo hoje. 
A nossa fervente oração a Deus é no sentido de que Ele sopre o 
vento do seu Espírito sobre aqueles que, tendo feito da causa 
antipentecostal o seu apostolado maior, estão tal qual os ossos secos do 
vale da visão de Ezequiel, e os faça bênção para as suas congregações tão 
carentes do toque poderoso do Deus vivo. Assim, juntos num mesmo 
pensamento e sentimento, nos faremos receptores do grande avivamento 
que na sua plenitude será derramado por Deus sobre o mundo. 
2 
O batismo com o Espírito Santo hoje 
A doutrina do batismo com o Espírito Santo tem-se feito numa das 
pedras basilares da doutrina pentecostal, por vários séculos; pois, está 
provado que, o batismo com o Espírito Santo, além de bibliocêntrico é 
também prático e experimental. 
Um dos sinais prenunciados pelos profetas do Antigo Testamento, 
alusivo ao fim dos tempos para judeus e gentios, trata do derramamento do 
Espírito Santo em grande profusão sobre a terra. 
No livro do profeta Joel, capítulo 2, versículos 28 e 29, lemos: 
"E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a 
carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão 
sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre 
as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito". 
Mais de quinhentos anos haviam-se passado desde que esta 
profecia fora anunciada, quando, pelas campinas verdejantes da Judéia, e 
pelas margens úmidas do Jordão, apareceu João Batista, o precursor do 
Salvador, anunciando: 
"E eu, em verdade, vos batizo com água, para arrependimento; mas 
aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não 
sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo", Mt 
3.11. 
Não tardou, até que Cristo, na força do Espírito, começasse o seu 
ministério, no desenvolver do qual, também falou sobre a obra do Espírito 
Santo, começando com o novo nascimento, seguindo-se o batismo com o 
mesmo Espírito. Ele próprio disse quando de sua estada numa festa dos 
judeus em Jerusalém: 
"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios d’água viva 
correrão do seu ventre". 
Acrescenta o apóstolo João: 
"E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que cressem; 
porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por Jesus ainda não ter sido 
glorificado", Jo 7.38,39. 
Após ressuscitar dos mortos, noutro lugar, antes de subir ao Pai, 
diante dos seus discípulos, outra vez disse Jesus: 
"... vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois 
destes dias... Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir 
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a 
Judéia e Samaria, e até aos confins da terra", At 1.5,8. 
Após ter dito isto, foi Jesus elevado ao Céu, e, já à mão direita do 
Pai, cumpre o que prometeu a seus discípulos. Escreve o evangelista 
Lucas: 
"E, cumprindo-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos no 
mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento 
veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E 
foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais 
pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e 
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que 
falassem", At 2.1-4. 
A multidão atônita diante do Cenáculo, onde o Espírito Santo era 
derramado, divide-se em dois grupos distintos. 0 primeiro grupo, 
moderadamente, indaga: "Que quer isto dizer?", enquanto o outro grupo, 
mais precipitadamente, afirma: "Estão embriagados!" A estes responde 
Pedro: "Estes homens não estão embriagados, como vós pensais". Àqueles, 
fala o mesmo apóstolo: 
“... isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias 
acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e 
os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão; os vossos mancebos terão 
visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito 
derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e 
profetizarão", At 2.15-18. 
Lucas vai mais adiante com a sua narração, e diz que os que 
compunham aquela grande multidão, ouvindo a explicação dada pelo 
apóstolo Pedro, "compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro 
e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? E disse-lhes Pedro: 
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, 
para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a 
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão 
longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar", At 2.37-39. 
Os anos e os séculos vão se escoando e o momento do arrebatamento 
da Igreja se aproximando, enquanto milhões de pentecostais, espalhados 
por todos os continentes, estão confirmando que estas palavras do apóstolo 
Pedro, ditas na manhã do Pentecoste, cumpriram-se em suas vidas. Elas 
ainda se cumprem na vida daqueles que buscam o Espírito Santo em maior 
medida. 
1. FALSOS CONCEITOS SOBRE O BATISMO 
COM O ESPÍRITO SANTO 
No decorrer dos anos, muitíssimos conceitos errôneos têm surgido a 
respeito do batismo com o Espírito Santo. Muitas "boas intenções" têm 
contribuído para que se generalizem tais conceitos. De um lado estão os 
antipentecostais a confundirem o batismo com o Espírito Santo com a 
conversão e o novo nascimento. Do outro lado estão muitas correntes 
"renovacionistas" e "carismáticas", que falam de um batismo com o 
Espírito Santo alienado da autenticidade bíblica. No centro, porém, estão 
também não poucos obreiros pentecostais tradicionais, que já não nutrem 
nenhum interesse por elevar as suas congregações, principalmente os 
crentes mais novos, à experiência do batismo com o Espírito Santo. Tenho 
tido a desagradável surpresa de verificar que em muitas das nossas igrejas, 
o número daqueles que ainda não tiveram esta experiência é 
consideravelmente maior do que o daqueles que já a experimentaram. 
Tenho verificado também que grande número daqueles que já receberam o 
batismo com o Espírito Santo já não vive o mesmo nível de vida espiritual 
demonstrado nos dias imediatos à recepção dessa bênção. Torna-se 
evidente, portanto, que se continuarmos assim, não demorará virmos a ser 
conhecidos como pentecostais apenas na forma. 
Nenhum obreiro deveria estar plenamente satisfeito até que visse 
sua própria congregação ardendo sob o fogo do Espírito. Muitos obreiros 
são bons avivalistas nos campos e igrejas de outros obreiros, enquanto que 
a sua própria congregação está clamando por um homem que a ajude a 
desvendar os horizontes do Espírito Santo. 
Muitas igrejas hoje, em face da maneira como agem seus pastores, 
são comparadas às antigas locomotivas "Maria Fumaça", em que uma 
pessoa era o maquinista e outra o foguista. Muitos pastores são apenas o 
"maquinista" de sua igreja, isto é: administram bem, são bons 
doutrinadores tratando-se de assuntos gerais: são zelosos pelos bens 
imóveis e financeiros da comunidade, mas, quando acham que precisam de 
uma fogueira(um avivamento) no meio da sua igreja, têm de convidar um 
"foguista" de outra igreja para promovê-la. 
Não é meu propósito desencorajar a cooperação mútua entre os 
obreiros da causa do Senhor. Em absoluto. Isto faz bem à igreja e ao 
visitante. O que quero salientar, porém, é que a vontade de Deus é ser o 
pastor, ao mesmo tempo, "maquinista" e "foguista" da igreja da qual cuida. 
Não basta falar sobre o batismo com o Espírito Santo. Ao obreiro 
consciente da responsabilidade que Deus lhe confiou, compete também 
promover reuniões especiais de jejum, estudos bíblicos e orações, tornando 
o ambiente propício à busca do batismo com o Espírito Santo, a uma vida 
de renovação espiritual. 
Há alguns anos, quando realizava uma cruzada de evangelismo na 
cidade de Santa Luzia, no Estado do Maranhão; na manhã do último dia 
daquela Cruzada, testemunhei o maior derramamento do Espírito, em toda 
a minha vida, quando mais de duzentos irmãos foram batizados com o 
Espírito Santo, de acordo com Atos 2. Desde aquela manhã, Deus me tem 
feito sentir a necessidade de se dar mais ênfase a este palpitante assunto, 
seja nos púlpitos das igrejas, seja através de livros, revistas e jornais, pois, 
quanto maior for o número de crentes batizados com o Espírito Santo hoje, 
mais gloriosos serão os momentos finais da história da Igreja na terra. 
O fato lastimável de que milhões de almas estão condenadas ao 
fogo do Inferno deve despertar em cada crente o interesse de, sem demora, 
começar a arder sob o fogo do Espírito Santo, para dalguma forma 
salvar a alguns enquanto ainda há tempo. 
Vivamos mais no Espírito! Falemos mais do Espírito e nossas 
congregações terão o Espírito em maior medida. 
2. O QUE NAO É O BATISMO COM O ESPÍRITO 
SANTO 
Inicialmente, digo que o batismo com o Espírito Santo não é a 
mesma coisa que o novo nascimento. 
Ambas são experiências distintas. Jesus primeiramente disse a seus 
discípulos: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado", Jo 
15.3. Só depois eles foram batizados com o Espírito Santo. Os crentes 
samaritanos e os doze discípulos de Éfeso já tinham os seus nomes escritos 
no Livro da Vida quando receberam o dom do Espírito Santo. O próprio 
Jesus Cristo, não obstante tenha sido gerado por obra e graça do Espírito, 
só aos trinta anos de idade foi ungido pelo Espírito Santo e capacitado para 
a sua missão: Lc 4.17-20. Só na casa de Cornélio houve conversão e 
batismo com o Espírito Santo simultaneamente, mesmo assim, conversão e 
batismo com o Espírito Santo são experiências distintas. 
Sobre o assunto escreve o Dr. Torrey: 
"Um homem pode ser regenerado pelo Espírito Santo e ao mesmo 
tempo não ser batizado com o Espírito Santo. Na regeneração se implanta 
no homem a vida pelo poder do Espírito Santo, e ele que a recebe é salvo. 
No batismo com o Espírito Santo implanta-se o poder no crente, e ele que 
recebe esse poder está capacitado a servir..." 
Adrew Murray escreve: 
"Os discípulos tinham plena consciência de que o batismo com o 
Espírito Santo não era o primeiro revestimento para a regeneração, mas 
sim uma comunicação definida da presença e poder do Senhor 
glorificado". 
J. R. W. Stott procura analisar a questão partindo do seguinte 
raciocínio: 
"Se todos os crentes estão batizados com o Espírito Santo, a 
maioria parece não tê-lo sido! Alguns crentes asseguram ter recebido uma 
experiência posterior e distinta, ligada ao Espírito Santo, e a reivindicação 
destes parece ser verdadeira". 
O batismo com (ou no) Espírito Santo não é a mesma coisa que o 
batismo do Espírito Santo. Se isto é verdade, que quis dizer o apóstolo 
Paulo em 1 Coríntios 12.13, quando afirma que "todos nós fomos batizados 
em um Espírito formando um corpo?" Dr. John MacNiel responde a esta 
pergunta com suficiente clareza: 
"Quando Paulo afirma em 1 Coríntios 12.13 que 'por um Espírito 
fomos batizados em um corpo' refere-se a todos os crentes, os quais têm 
recebido vida por meio do Espírito Santo, e desta maneira passaram a 
formar parte do corpo místico de Cristo. Esta é a forma que tem Paulo de 
explicar o novo nascimento de João 3.7". 
No batismo do Espírito Santo, o próprio Espírito é o batizador, 
imergindo o neoconvertido no corpo místico de Cristo, a sua Igreja, e 
fazendo-o membro vivo e ativo desse corpo. Esse batismo tem lugar no 
momento da conversão: Rm 6.3; 1 Co 12.13; Gl 3.27. 
Já no batismo com ou no Espírito Santo, o batizador é Jesus, 
enquanto que o Espírito Santo é o elemento no qual o crente é imergido, 
ou batizado: Mt 3.11; Jo 1.33; 15.26; At 1.5. 
O batismo com o Espírito Santo não é a mesma coisa que a 
santidade. Não é uma apólice de seguro contra naufrágio espiritual, nem um 
salvo-conduto de posse do qual o crente pode abusar da bondade e misericórdia 
divinas. Partindo do princípio de que maior responsabilidade tem quem mais 
luz possui, o crente, uma vez batizado com o Espírito Santo, deve estar 
atento às palavras de advertências do apóstolo Paulo: 
"... não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados 
para o dia da redenção", Ef 4.30; "Não extingais o Espírito", 1 Ts 5.19. 
3. O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO 
SANTO? 
O batismo com o Espírito Santo é o âmago da experiência do 
Pentecoste. Um verdadeiro pentecostal não é quem simplesmente pertence 
a uma denominação com esse nome, mas alguém que foi batizado com o 
Espírito Santo e continua a transbordar da sua virtude. 
O batismo com o Espírito Santo é o cumprimento integral e total da 
promessa do Pai, sobre a qual falou Jesus: At 1.4. 
O batismo com o Espírito Santo é a unção indispensável a todo 
crente, que, possuidor da natureza divina, tem o dever de ser testemunha 
de Cristo e do seu Evangelho por todos os lugares, até os confins da terra: 
At 1.8. 
O batismo com o Espírito Santo é o fluir das fontes cristalinas da 
salvação, que manam na alma do pecador perdoado, pela bondade do 
Senhor: Jo 7.38,39. 
Disse o jornalista John L. Sherril: 
"O batismo com o Espírito Santo é o dom do amor em sua 
intensidade até então desconhecida para nós. A sua conseqüência natural é 
sermos impelidos à frente, para o mundo, pelo poder desse amor 
transbordante, buscando oportunidades de compartilhar com outros aquilo que 
nos foi outorgado". 
O batismo com o Espírito Santo é um batismo de fogo, de luz e de 
alegria, de união e de comunhão espiritual, de entusiasmo e de poder. 
4. QUANDO O CRENTE DEVE SER BATIZADO 
COM O ESPÍRITO SANTO? 
A Bíblia não sugere com precisão o tempo em que o crente deve 
receber o batismo com o Espírito Santo. Os próprios casos citados no 
Novo Testamento, mais precisamente no livro de Atos, são muito distintos 
uns dos outros. Por exemplo: os gentios da casa de Cornélio, em Cesaréia, 
foram salvos e imediatamente batizados com o Espírito Santo: At 10.44-
46. Paulo teve essa mesma experiência só três dias após se ter encontrado 
com o Salvador na estrada de Damasco: At 9.9,17,18. Os cristãos 
samaritanos tiveram a visitação do Espírito só muitos dias após a 
experiência da conversão: At 8.14-17. O mesmo aconteceu com os 12 
discípulos de João Batista encontrados por Paulo em Éfeso (At 19.1-7), 
que só foram batizados com o Espírito Santo muitos anos depois da 
conversão. Os mesmos fatos se repetem ainda nos nossos dias. 
Tenho testemunhado o fato de irmãos que têm recebido o batismo 
com o Espírito no momento da conversão, outros nos primeiros dias de fé, 
e outros ao longo dos anos de vida em comunhão com Cristo. 
5. EM QUAIS CIRCUNSTÂNCIAS O CRENTE 
PODE RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO 
SANTO? 
Os casos de batismos com o Espírito Santo narrados pela Escritura 
mostram quão diferentes podem ser as circunstâncias em que o crente pode 
encontrar-se no momento de receber o batismo com o Espírito Santo. Por 
exemplo: os apóstolos foram batizados com o Espírito Santo após dez dias 
de espera. Os gentios em Cesaréia tiveram esta experiência enquanto 
ouviam a Pedro. Os doze discípulos de Éfeso foram cheios do Espírito apósuma conversa racional e informal com o apóstolo Paulo. 
Nos nossos dias, são inúmeros os casos de irmãos que foram 
batizados com o Espírito Santo nas mais diferentes circunstâncias: uns 
tiveram a experiência enquanto oravam, outros enquanto cantavam, 
estudavam as Escrituras ou pensavam nas coisas do Alto; outros enquanto 
dirigiam o carro pelas movimentadas ruas de uma cidade, outros ainda 
enquanto trabalhavam na roça ou na ordenha do gado no estábulo. São 
tantas as circunstâncias em que os crentes podem estar envolvidos no 
momento da recepção desta bênção, que nos é impossível mencioná-las. 
No seu livro "O Espírito Santo", publicado pela EETAD, o pastor 
Estêvam Ângelo de Souza narra o seguinte fato: 
"Uma senhora estava faminta por receber o batismo com o Espírito 
Santo. Uma noite sonhou que estava no Cenáculo, no dia de Pentecoste. 
Mesmo em sonho, pensou que este era o momento ideal e o lugar 
apropriado para ser cheia do Espírito Santo. Ainda em sonho, levantou as 
mãos e começou a regozijar-se e, agradecendo a Deus, acordou falando em 
línguas pela primeira vez". 
6. COMO RECEBER O BATISMO COM O ES-
PÍRITO SANTO? 
Ê difícil estabelecer-se com precisão o que é necessário que o crente 
faça para poder receber o batismo com o Espírito Santo; principalmente 
porque a Bíblia não estabelece uma regra precisa quanto a isso. Alguns dos 
escritores que tenho lido a este respeito, no afã de ajudar aqueles que 
buscam o dom do Espírito Santo, muitas vezes tiram simplesmente o 
significado bíblico desta bênção pela maneira como encaram a sua busca. 
Ainda lembro-me dos primeiros anos da minha busca por esta bênção. Li 
obras como: "Sete Passos para Ser Cheio do Espírito Santo", "O Que Fazer 
para Receber o Batismo com o Espírito Santo" e outras semelhantes. Eu 
fazia como o livro ensinava, mas terminava na mesma. Porém os anos se 
passaram, e num dia em que eu menos esperava, fui batizado com o 
Espírito Santo. Já não mais me lembrava do que havia lido. Cumpriu-se 
em mim o que disse Paulo: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o 
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade", Fp 2.13. 
Como já disse, muitos daqueles que tentam ajudar os crentes na 
busca do batismo com o Espírito Santo, às vezes deixam a aquisição desta 
bênção mais na dependência daquilo que a pessoa pode e deve fazer, do 
que na dependência da suficiência de Deus, e quando, assim acontece, a 
bênção deixa de ser um dom de Deus, para tornar-se num galardão ou 
gratificação que Deus dá ao crente em troca do esforço demonstrado. 
É anti-bíblico o ensino de que o crente deve dar "dez glórias a 
Jesus" ou "sete aleluias" como meio de ser batizado com o Espírito Santo. 
Já foi dito que a Bíblia não fala com precisão quanto ao que o crente deve 
fazer para receber essa bênção de Deus, porém é evidente que alguns 
princípios estabelecidos sabiamente têm ajudado a muitos. Por exemplo, o 
Rev. Andrew Murray apresenta sete itens que o crente pode ter em mente 
na busca do batismo com o Espírito Santo, e são: 
Há tal bênção para receber. 
É para mim. 
Não a tenho. 
Estou ansioso por obtê-la. 
Estou pronto a abandonar tudo o que estiver em conflito com ela. 
Entrego-me completamente a Deus para que a receba. 
Pela fé, recebo-a agora. 
Poderia apresentar outras formas de ajuda àqueles que buscam o 
batismo com o Espírito Santo, mas como elas são tão diferentes entre si, e 
como o desejo é o pai da invenção, oro para que Deus, na sua multiforme 
maneira de agir, estabeleça o princípio a ser seguido por cada um na busca 
dessa bênção gloriosa. 
7. O CRENTE DEVE BUSCAR O BATISMO COM 
O ESPÍRITO SANTO? 
O crente deve buscar o batismo com o Espírito Santo, e é bíblico 
fazê-lo. Ainda que alguns crentes tenham recebido o batismo com o 
Espírito Santo num momento em que não buscavam de joelhos, é certo que 
ninguém jamais teve esta experiência sem que de fato a desejasse; e a 
busca é a mais genuína demonstração do desejo. 
Um dos ensinos preferidos pelos antipentecostais, é que o crente 
não deve buscar o batismo com o Espírito Santo, pois, segundo eles, o 
crente que assim faz está sujeito a receber um espírito de demônio em 
lugar do Espírito Santo. Este ensino é não só absurdo como também é uma 
blasfêmia. O que Jesus ensinou a respeito disto foi o seguinte: 
"E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, 
e abrir-se-vos-á; porque o que pede recebe; e quem busca acha; e a quem 
bate abrir-se-lhe-á. E qual é o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, 
lhe dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um 
escorpião! pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos 
filhos, quando mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho 
pedirem?" Lc 11.9-13. 
O crente não batizado como o Espírito Santo deve pedir a Jesus, o 
doador do Espírito Santo, que o batize, e também (é bíblico) os crentes já 
batizados devem orar em favor dos que ainda não foram batizados, para 
que sejam cheios do Espírito. Pedro e João oraram para que os crentes 
samaritanos fossem batizados com o Espírito Santo (At 8.17); o mesmo fez 
Ananias com Saulo: At 9.17. Paulo impôs as mãos sobre os doze 
discípulos em Éfeso, e, enquanto orava, o Espírito Santo veio sobre eles de 
sorte que tanto falavam em línguas como profetizavam. 
Quando o crente ora buscando o batismo com o Espírito Santo, não 
está com isto pressionando Deus a quebrar uma norma que o seu conselho 
preestabeleceu para outorgar o Santo Espírito ao peticionante. Segundo a 
Bíblia, ' o derramamento do Espírito Santo sobre cada crente, individual-
mente, é o cumprimento integral de uma promessa fiel feita pelo Pai, 
através dos seus profetas, e de Jesus Cristo (At 1.4), e o que Deus diz é: "... 
eu velo sobre a minha palavra para a cumprir", Jr 1.12. 
O Dr. Torrey, o mais autorizado biógrafo do famoso evangelista 
D.L.Moody (pois foi seu companheiro de ministério por muitos anos), 
escreve sobre o evangelista: 
"A razão que explica porque Deus usou D.L.Moody se acha no fato 
de que ele era definitivamente dotado do poder divino - tinha recebido o 
batismo com o Espírito Santo. 
"Moody não duvidava de que recebera o batismo com o Espírito 
Santo. Quando ele era moço esforçava-se muito e tinha um desejo 
tremendo de conseguir alguma coisa, porém faltava-lhe poder. Estava 
trabalhando na força da carne. Nesse tempo havia duas humildes senhoras 
metodistas que costumavam assistir às reuniões por ele dirigidas na 
Associação Cristã de Moços. Elas, no fim do culto, muitas vezes se 
despediam de Moody dizendo: 'Estamos orando a seu favor'. Afinal ele 
ficou um tanto sentido com isto e uma noite perguntou-lhes: 'Por que estão 
orando por mim? Por que não oram em favor dos perdidos? ' 
Responderam: 'Estamos pedindo que Deus lhe conceda poder'. Ele não 
compreendeu esta declaração, mas começou a meditar e depois procurou 
as senhoras, pedindo esclarecimento sobre a questão. Elas lhe falaram, 
então, a respeito do batismo com o Espírito Santo. Em seguida, Moody 
pediu licença para orar juntamente com elas. Uma das mulheres me contou 
que ele orou com intensíssimo fervor naquela ocasião. Orou não somente 
com elas, mas também orou sozinho. 
"Pouco tempo depois, quando Moody estava na cidade de Nova 
Iorque, a caminho da Inglaterra, andando um dia pela rua, no meio do 
tumulto e da confusão da grande cidade, recebeu a resposta à sua oração: o 
poder de Deus desceu sobre ele. Moody foi às pressas para a casa de um 
amigo e pediu permissão para retirar-se para um quarto onde pudesse estar 
a sós por algum tempo. Ali passou umas horas em comunhão com Deus, 
enquanto o Espírito derramou sobre ele um tão imenso gozo, que trans-
bordava. Saiu daquele lugar definitivamente cheio do Espírito Santo. 
"Muitas vezes, recebendo eu um convite para ir pregar numa igreja 
qualquer, Moody me fazia este pedido: 'Torrey, você deve pregar sobre o 
Batismo com o Espírito Santo, sem falta'. Numa ocasião eu lhe perguntei: 
'Sr. Moody, pensa que eu tenhosó estes dois sermões: 'Dez razões porque 
creio que a Bíblia é a Palavra de Deus' e 'O Batismo com o Espírito Santo? 
' 'Não importa isso, replicou, mas deve pregar sobre esses dois assuntos"'. 
Observe que Moody não só desejou o batismo com o Espírito 
Santo, mas também o buscou e o recebeu, por isso o Dr. Scofield, na 
realização da cerimônia fúnebre do famoso evangelista, disse: "Moody foi 
batizado com o Espírito Santo e sabia disso". 
Muitos crentes prostram-se de joelhos diante de Deus na busca do 
batismo com o Espírito Santo, mas logo desfalecem. A razão disso 
normalmente está no seguinte: quando se propõem a orar sobre o assunto, 
ficam mais preocupados com suas próprias dúvidas, buscando perdão de 
pecados já perdoados, ou tratando de assuntos que deveriam estar ausentes 
da sua mente naquele momento solene, do que com o buscar a bênção 
prometida. 
Para o devido sucesso na busca a que se propõe o crente deve evitar 
perder-se em divagações e atalhos sempre estranhos ao verdadeiro desejo e 
à busca de tão elevado dom. 
Leitor, busque o batismo com o Espírito Santo com o mesmo 
desejo do qual é possuído o náufrago quando busca terra seca onde 
sobreviver, e o Deus que não dá o seu Espírito por medida (Jo 3.34), lhe 
atenderá graciosamente. 
 8. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É 
PARA OS CRENTES DE HOJE? 
Evidentemente sim. Para cada negativa que os antipentecostais 
venham a apresentar quanto a isso, a Bíblia tem grande número de 
passagens que ratificam o ensino de que o batismo com o Espírito Santo é 
para os crentes dos nossos dias. 
Como é possível afirmar-se pela Bíblia que a experiência do batismo 
com o Espírito Santo era restrita à Igreja Primitiva, e ao mesmo tempo 
asseverar que a regeneração e o batismo em águas são para os homens do 
nosso tempo? 
Quanto à dimensão da promessa do batismo com o Espírito Santo, 
disse o apóstolo Pedro: 
"... porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a 
todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar", At 
2.37-39. 
Ainda que o sol brilhe sete vezes mais que o normal, não dará mais 
luz do que este texto lança sobre o assunto. Pedro não disse nada mais 
senão que a experiência do batismo com o Espírito Santo, tal como foi 
manifesto no dia de Pentecoste, era uma realidade que continuaria a se 
repetir na vida da Igreja até o arrebatamento. 
Por qual razão os apóstolos teriam de ser batizados com o Espírito 
Santo e nós não? "É que eles seriam os continuadores da obra de Cristo", 
respondem os antipentecostais. E o que somos nós hoje? Perguntaria mais: 
Dos apóstolos foi exigida maior responsabilidade no lançamento do 
fundamento doutrinário da Igreja do que é exigida de nós hoje quanto à 
expansão e conservação desse fundamento? Evidentemente não! Não foi 
este o pecado dos crentes da Galácia, que tendo começado a obra de Deus 
no Espírito, no final estavam tentando aperfeiçoá-la na carne? Gl 3.3. Se 
nos dias apostólicos, o Diabo já era o leão que ruge "procurando alguém a 
quem possa tragar", hoje muito mais. Se o mundo naqueles dias já era mau 
e os homens obstinados no pecado, hoje também é assim. Então, se a nossa 
missão hoje é tão importante quanto à dos primeiros discípulos e apóstolos 
do Senhor, não nos devemos conformar em desempenhá-la com menor por-
ção do Espírito Santo do que a que eles possuíam. 
Em Atos 15.8,9, sobre o propósito do batismo com o Espírito Santo 
relacionado àqueles que não eram apóstolos, disse o apóstolo Pedro no 
Concilio de Jerusalém: 
"E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes 
o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez diferença alguma 
entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé". (Compare essa 
passagem com o versículo 44 do capítulo 10 do mesmo livro de Atos.) 
Ora, se Deus não fez nenhuma diferença entre os apóstolos e os 
gentios daquele tempo quanto à experiência do enchimento do Espírito 
Santo, como temos de hoje dar ouvidos á voz desafinada desses teólogos 
antipentecostais que nos tentam convencer de que a experiência do 
batismo com o Espírito Santo não é para os nossos dias? 
O Dr. A.B. Simpson, fundador da Aliança Cristã Missionária, 
escreveu o seguinte: 
"Primeiro, o Senhor nasceu pelo Espírito, logo foi batizado com o 
Espírito, e posteriormente iniciou seu ministério no poder do Espírito 
Santo. Espero que assim como 'o que santifica, como os que são 
santificados, são todos um', de igual maneira nós devemos seguir seus 
passos e imitar sua vida. Nascidos do Espírito nós também devemos ser 
batizados com o Espírito Santo, e logo viver a vida de Cristo e repetir sua 
obra". 
Disse o falecido missionário Jonathan Gofort: 
"As Sagradas Escrituras me dizem que o Senhor Jesus se propôs 
que o Espírito Santo devia continuar entre nós, manifestando-se em forma 
poderosa, como no Pentecoste. A eficácia do batismo com o Espírito Santo 
e o fogo diminuem gradualmente da alma do homem só quando ela se 
extingue voluntariamente". 
A.J. Gondon chama a nossa atenção para o seguinte: 
"Observamos que Cristo, nosso exemplo nisto como nas demais 
coisas, não iniciou seu ministério enquanto não recebeu o Espírito Santo..." 
De uma biografia de Charles G. Finney, escrita pelo Dr. Raymond 
Edman, destacam-se os dois parágrafos seguintes, nos quais o biografado 
mostra o que foi a experiência do batismo com o Espírito Santo em sua 
vida. Diz Finney: 
"Não há palavras que exprimam o maravilhoso amor que foi 
derramado em meu coração. Chorei alto, de alegria e de amor; e não sei se 
devo dizer que literalmente gritei pela alegria inexprimível do meu coração. 
Ondas de alegria vieram sobre mim, e vieram, e vieram, uma após outra, 
até que me lembro que bradei: 'Morrerei se estas ondas continuarem a vir 
sobre mim'. Então eu disse: 'Senhor, não suporto mais! ', contudo não tinha 
medo da morte. 
"Não sei quanto tempo continuei nesse estado, com a força desse 
batismo a envolver-me, a perpassar-me. Sei que já era tarde quando veio 
falar comigo um dos componentes do meu conjunto. (Eu era dirigente do 
coro.) Ele era membro da igreja. Encontrou-me nesse estado de pranto e 
perguntou: 'Sr. Finney, que há com o senhor? ' Durante algum tempo não 
pude responder. Ele então insistiu: 'O senhor está sentindo alguma dor? ' 
Dominando-me da melhor forma que pude, respondi: 'Não, porém estou 
tão feliz que nem posso viver!..." 
O evangelista americano, batista, Billy Graham, disse certa vez: 
"Nas principais denominações temos olhado com bastante suspeita 
para nossos irmãos das igrejas pentecostais, por causa da ênfase que dão à 
doutrina do Espírito Santo. Mas acredito que é chegada a hora de 
concedermos ao Espírito Santo o lugar que lhe pertence, por direito, nas 
nossas igrejas. Precisamos aprender uma vez mais o que significa ser 
batizado com o Espírito Santo". 
A experiência do batismo com o Espírito é tão real, prática e 
experimental para o crente de hoje, quanto o novo nascimento o é para 
aquele que confessa a Jesus Cristo como Salvador e Senhor da sua vida. 
9. QUAL A EVIDÊNCIA FÍSICA INICIAL DE QUE 
O CRENTE FOI BATIZADO COM O ESPÍRITO 
SANTO? 
Todos os casos de batismos com o Espírito Santo relatados no livro 
de Atos, constituem uma sólida base para a afirmação de que o falar em 
línguas estranhas é a evidência física inicial de que o crente foi batizado 
com o Espírito Santo. Detenhamo-nos um pouco em analisar os cinco casos 
distintos como são apresentados no referido livro. 
a. No dia de Pentecoste. "E todos foram cheios do Espírito 
Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes 
concedia 
que falassem", At 2.4. 
Essa foi a primeira manifestação do Espírito Santo, após Jesus ter 
dito: "... e vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois 
destes dias", At 1.5. 
A demonstração comum ou evidência física inicial de que todos 
foram cheios do Espírito Santo, foi que todos falaram em línguas 
estranhas; línguas que não haviam aprendido, faladas, portanto,pela 
operação sobrenatural do Espírito Santo. 
b. Entre os crentes em Samaria. "Os apóstolos, pois, que 
estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a Palavra de Deus, 
enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para 
que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda 
descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) Então 
lhe impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo", At 8.14-17. 
Ainda que o texto bíblico citado não mostre explicitamente que os 
samaritanos hajam falado em línguas estranhas como evidência do batismo 
com o Espírito Santo, vários autores, mesmo não-pentecostais, são de 
opinião que eles tenham falado em línguas; pois, se não houvesse a 
manifestação das línguas, como os apóstolos teriam notado a diferença 
entre eles antes e depois da oração com imposição de mãos? O versículo 18 
de Atos 8 diz: 
"E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era 
dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro...". 
Simão não era suficientemente tolo a ponto de propor dinheiro para 
adquirir poderes para realizar operações espirituais abstratas. Ele queria 
poderes para operar fenômenos como os que ele via e ouvia naquele 
momento. 
c. Sobre Saulo em Damasco. "E Ananias foi, e entrou na casa, e, 
impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu 
no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio 
do Espírito Santo, e logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e 
recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado", At 9.17,18. 
Também no caso de Saulo, o texto bíblico não diz explicitamente 
que ele tenha falado em línguas, mas diz que ele foi cheio do Espírito. Ora, 
se é válido admitir que ele foi cheio do Espírito Santo naquele momento, 
não há motivo por que se duvidar de que tenha falado em línguas. Do 
punho do próprio apóstolo Paulo lemos as seguintes palavras: 
"Dou graças a Deus, porque falo mais línguas do que vós todos", 1 
Co 14.18. 
d. Em casa do centurião Cornélio. "E, dizendo Pedro ainda estas 
palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os 
fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, 
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também 
sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus", At 
10.44-46. 
Foi a ênfase dada por Pedro e seus companheiros a que os gentios em 
Cesaréia haviam recebido o dom do Espírito Santo da mesma forma como 
os quase cento e vinte no dia de Pentecoste, que apaziguou o ânimo dos 
apóstolos em Jerusalém, de sorte que disseram: "Na verdade até aos 
gentios deu Deus arrependimento para a vida!" At 11.18. 
e. Sobre os discípulos em Éfeso. "E, impondo-lhes Paulo as mãos, 
veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam", At 
19.6. 
Observe: vinte anos após o dia de Pentecoste, o batismo com o 
Espírito Santo ainda era acompanhado com a evidência inicial de falar 
línguas estranhas. Esta evidência satisfazia não só a um dos requisitos da 
doutrina apostólica quanto á manifestação do Espírito Santo, como também 
cumpria parte da palavra de Jesus em Marcos 16.17: 
"Estes sinais seguirão aos que crêem: ...falarão novas línguas". 
Crisóstomo, um dos grandes mestres da Igreja antiga, afirmou, muitos 
anos após os dias de Paulo: 
"Quem quer que fosse batizado nos dias apostólicos, logo falava 
línguas: recebiam eles o Espírito Santo". 
Também o grande mestre Myer Pearlman disse mais recentemente: 
"O batismo com o Espírito Santo nos tempos apostólicos era uma 
experiência na qual o Espírito de Deus fazia tal impacto direto e poderoso 
sobre o espírito do homem, que resultava num estado de êxtase e, naquele 
estado estático, uma pessoa falava extaticamente numa linguagem que 
jamais aprendera. Quando o mesmo Espírito de Deus realiza o mesmo 
impacto sobre nós, hoje, como ele fazia sobre aqueles primeiros discípulos, 
nós também experimentamos o mesmo estado estático e a mesma 
linguagem estática." 
A experiência do batismo com o Espírito Santo, como a da 
salvação, é uma experiência definida na vida do crente. E o falar em outras 
línguas no ato do batismo com o Espírito Santo, não só o define como um 
fato marcante, mas também transforma-o num capítulo a mais na vida do 
cristão. 
10. EXISTE UM BATISMO COM O ESPÍRITO 
SANTO E OUTRO COM FOGO? 
A opinião de grande parte dos antipentecostais é que, á luz das 
palavras de João Batista: "... ele vos batizará com o Espírito Santo e com 
fogo" (Mt 3.11), está evidenciada a existência do batismo com o Espírito 
Santo e também de um batismo com fogo. Segundo eles, o batismo com o 
Espírito Santo era para os apóstolos, enquanto que o batismo com fogo 
refere-se á manifestação do fogo do juízo divino sobre o Israel incrédulo e 
sobre os ímpios na consumação do século. Ê evidente que este ensino não 
encontra apoio nas Escrituras. 
O que o texto bíblico evidencia é que o batismo com o Espírito 
Santo contém em si o batismo com fogo. A expressão “... e com fogo...", 
mostra a ação do Espírito Santo operando como agente purificador na vida 
do crente. Observe que no derramamento do Espírito Santo no dia de 
Pentecoste, acompanhado do som como de um vento veemente e 
impetuoso, foram manifestas línguas repartidas como que de fogo: At 
2.2,3. O fogo, nesse caso, não indica julgamento presente nem futuro, mas, 
o que aquela experiência significava para a vida daqueles frágeis e 
imperfeitos discípulos de Cristo. 
Exemplo semelhante é visto na vida do profeta Isaías em evento 
com ele ocorrido, conforme narra o capítulo 6. Após a visão que o profeta 
teve do Senhor e da glória divina, disse ele: 
"Ai de mim, que vou perecendo! porque eu sou um homem de 
lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus 
olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos! Mas um dos serafins voou para 
mim trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma 
tenaz; e com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus 
lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado", vv. 5-7. 
Na experiência de Isaías, como na dos discípulos no Pentecoste, o 
fogo não simbolizava juízo mas a ação purificadora do Espírito Santo em 
suas vidas. 
A ação purificadora do fogo foi manifesta até entre os israelitas 
durante a peregrinação no deserto. Quando eles lutaram e venceram os 
midianítas, como era comum ao vencedor, lançaram mão das riquezas dos 
vencidos, como despojo de guerra, pelo que disse-lhes Moisés: 
"... o ouro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo, toda 
coisa que pode suportar o fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique 
limpa...", Nm 31.22,23. 
Se o fogo aqui indicasse juízo, tudo teria sido lançado no fogo para 
ser destruído, e não para ser purificado. Portanto, batismo com o Espírito 
Santo e com fogo é um só batismo. 
11. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO E A 
SUA INFLUÊNCIA NO TESTEMUNHO E NO 
SERVIÇO CRISTÃO 
A experiência da salvação do homem começa no Calvário, enquanto 
que o seu serviço começa no Pentecoste, ou seja, com a experiência do 
batismo com o Espírito Santo. No texto áureo do livro de Atos, Jesus 
disse: 
"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre 
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia 
e Samaria, e até aos confins da terra", 1.8. 
Pode haver desculpas para os que permanecem na inércia espiritual 
até que sejam capacitados pelo Espírito Santo para o serviço de Deus, mas 
isso não deve ocorrer após a experiência do batismo com o Espírito Santo. 
O batismo com o Espírito Santo não nos é dado como um diploma 
de honra ao mérito. A finalidade deste batismo está prescrita na própria 
promessa de concessão: capacitar o crente para o trabalho divino. Corre 
sério risco o crente que, após batizado com o Espírito Santo, entrega-se ao 
mofo. Davi permaneceu em Jerusalém, quando devia estar entre os seus 
soldados na luta contra os filhos deAmom. Sabeis o que lhe aconteceu? - 
ele cometeu um duplo pecado: homicídio e adultério: 2 Sm 11. 
A experiência do batismo com o Espírito Santo está intimamente 
associada ao fato de o Dr. Frank Lauback ter se tornado o maior 
alfabetizador do mundo de sua época. Veja como ele mesmo explica esse 
fenômeno: 
"Quando Cristo esteve neste mundo, estava limitado a realizar o 
seu ministério em um só lugar e em uma só ocasião de cada vez. Era um 
único homem, que andou á beira-mar de uma única região do mundo. 
Curava a todas as pessoas em quem tocava, mas o seu toque estava 
necessariamente limitado pelo tempo e pelo espaço. 
"Ora, faz sentido que o Pai tenha enviado o seu Filho apenas para 
esse ministério limitado? Não penso que se possa sustentar tal opinião, 
porque Ele fez provisão para levar avante a obra, mediante o Espírito 
Santo - a nós, pois, compete completar a missão de Cristo. Somos suas 
múltiplas mãos, pés, voz e coração. Imperfeitos e parciais para dizer a 
verdade, nem por isso deixamos de ser seu corpo curador. E é por 
intermédio do Espírito Santo que recebemos o poder de levar avante a obra 
dos apóstolos. Trata-se de um pensamento que nos leva a meditar; de um 
pensamento desafiador mesmo: quando recebemos o Espírito Santo em 
nossas vidas, recebemos a mesma força urgente e transmissora de vida que 
impulsionava o Mestre". 
O veterano missionário Stanley Jones disse o que para ele foi o 
batismo com o Espírito Santo: 
"Foi então que aprendi a diferença entre um discípulo e um 
apóstolo. O discípulo é passivo, o apóstolo é ativo. Discípulo é aquele que 
se assenta aos pés de Cristo. Apóstolo é um homem que sai pelo mundo 
como embaixador de Cristo: um missionário, se assim quisermos chamá-
lo. (E um missionário pode ser alguém que não tenha de ir mais longe que 
a porta do vizinho.) Mas o importante é que é justamente essa experiência 
do batismo com o Espírito Santo que transmuta o passivo em ativo". 
O extinto pastor batista F.B.Meyer, escreveu: "Jesus foi concebido 
pelo Espírito Santo e durante trinta anos foi dirigido e ensinado pelo 
Espírito, divino. Não era acaso um com o Espírito? Certo que era. Por que 
então necessitava da unção? Por que sua natureza humana necessitou de 
ser fortalecida pelo Espírito antes que pudesse realizar com êxito o seu 
ministério no mundo? Jesus esperou trinta anos até que foi ungido, e só 
depois foi que disse: 'O Espírito do Senhor é sobre mim, pelo que me ungiu 
para pregar boas-novas aos pobres'. Nunca se deve esquecer que o 
ministério do Senhor Jesus Cristo não foi realizado no poder da segunda 
pessoa da bendita Trindade, mas sim, no poder da terceira pessoa - o 
Espírito Santo. 
12. MEMBROS DE DENOMINAÇÕES NÃO-
PENTECOSTAIS PODEM RECEBER O BATISMO 
COM O ESPÍRITO SANTO? 
É claro que crentes de denominações não-pentecostais podem 
receber o batismo com o Espírito Santo. Poderia citar aqui dezenas de 
casos de leigos e líderes de denominações tradicionais que tiveram a 
experiência do batismo com o Espírito Santo de acordo com o relato de 
Atos 2. Há alguns anos, testemunhei como um pastor presbiteriano foi 
batizado com o Espírito Santo enquanto pregava num culto na Assembléia 
de Deus, na cidade de Imperatriz, Estado do Maranhão. 
Numa outra cidade do mesmo Estado, onde realizávamos uma 
cruzada de evangelização; entre mais de 200 irmãos que foram batizados 
com o Espírito Santo na manhã do último dia, encontrava-se um irmão 
batista, que se aproximara da reunião por mera curiosidade. Ele foi 
batizado com o Espírito Santo estando do lado de fora do templo, enquanto 
contemplava o que acontecia no interior. 
Na cidade de Miguel Alves, Estado do Piauí -meu primeiro campo 
de atividades pastorais - poucos meses após a minha chegada ali, num dia 
pela manhã, bem cedo, fui chamado às pressas para ir à casa de uma 
família de irmãos batistas, a fim de ver se era possível explicar um 
fenômeno que havia acontecido entre eles a partir da meia-noite anterior. 
Chegando àquela casa o que vi foi simplesmente fantástico: quase todos os 
membros da família haviam recebido o batismo com o Espírito Santo, 
inclusive algumas crianças de menos de dez anos de idade. Desde então 
tornou-se comum muitos irmãos denominacionais receberem o batismo 
com o Espírito Santo em cultos de vigília realizados naquele campo. 
Em 1960 o ministro episcopal Denis Benett, dirigente de uma das 
maiores paróquias de sua igreja em Los Angeles, foi batizado com o 
Espírito Santo. Desde então, muitos proeminentes líderes luteranos, como 
Larry Christenson; e batistas, como John Hadley, John Osteen, e Robert 
Chandler Dalton, foram igualmente contemplados com o dom do Espírito 
Santo. 
Há alguns anos, o periódico "Pentecostal Evangel", trouxe a 
seguinte notícia: 
"Um ministro evangélico dos Estados Unidos disse recentemente 
aos crentes batistas, reunidos em Convenção Nacional, que o movimento 
carismático trouxe profundas mudanças à sua própria igreja. 'Este 
movimento trouxe um senso de amor, de fraternidade e de dedicação', 
declarou o pastor Keneth Pagard, da Primeira Igreja Batista de Chula 
Vista, Califórnia. Ele é um dos dirigentes da Fraternidade Carismática 
Batista Americana. O pastor afirmou que 'carismático' implica 'experimen-
tar o poder miraculoso de Deus'. Afirmou ainda que foram operadas várias 
curas na sua igreja, e que houve manifestações de dons do Espírito Santo, 
inclusive o de profecia e o de falar em outras línguas". 
Para o periódico "El Evangelio", disse o evangelista Lowery: 
"As brisas do Espírito de Deus sopraram com renovada 
intensidade, penetrando irresistivelmente nas velhas denominações 
vitalizando-as. Glória a Deus! 
"O falar em línguas manifestou-se nos lugares menos imagináveis, 
e veio a ser o princípio de uma nova vida, de um novo amor e de uma nova 
luz. Tocou a 'Alta Jerarquia' e a 'Baixa Congregação'; sacudiu igualmente 
liberais e conservadores. O Senhor mostrou, deste modo, que não faz 
acepção de pessoas, mas olha para os corações. Os pentecostais estão 
intrigados pela soberania exercida pelo Espírito Santo. Mas, bem-
aventurados os modernos 'pedros', os quais, depois de grandes conflitos 
emocionais e doutrinários com as suas secas liturgias, decidiram-se pelo 
Espírito de Deus! Os ventos refrescantes têm soprado; deixemos que 
soprem com a força de um furacão. Aleluia!" 
Veio-me às mãos o livro "Suprema Necessidade", no qual o autor, 
Reynaldo Prestes Nogueira, pastor batista e Juiz de Direito na cidade de 
Rio Claro, Estado de São Paulo, fala da sua recente experiência do batismo 
com o Espírito Santo. 
Não devemos pôr obstáculos à marcha do Espírito Santo, nem 
tampouco fazê-lo uma propriedade exclusiva de nós pentecostais. "O vento 
sopra onde quer", foi o que disse Jesus. Quanto mais cedo considerarmos 
isto, mais ampla será a nossa visão do potencial do Espírito Santo em 
nossos dias. 
13. QUE DIZER DO CHAMADO MOVIMENTO DE 
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA (RCC), OU 
CATÓLICOS PENTECOSTAIS? 
Creio na soberania do Espírito Santo mostrada nas palavras de 
Jesus que disse: "O vento sopra onde quer" (Jo 3.8); portanto, posso crer 
que um católico-romano possa receber o batismo com o Espírito Santo; e 
poderia citar aqui casos de católicos que tiveram essa experiência bem 
antes que chegassem ao pé do púlpito de uma igreja pentecostal. O que, no 
entanto, devemos ter em mente, é saber até que ponto o que vem 
acontendo entre determinadas camadas da Igreja Católica, ou seja: se a 
chamada "Renovação Carismática Católica" é realmente uma obra do 
Espírito Santo, ou é mais um dos ardis artimanhosos do ecumenismo. São 
pouquíssimas as provas que até aqui tenho quanto a autenticidade bíblica 
desse movimento. 
Já por alguns anos circula em língua portuguesa, o livro de Kevin e 
Dorothy Ranaghan, "Católicos Pentecostais", o qual narra fatos ocorridos 
entre os "católicos pentecostais" na América, principalmente relacionados 
à experiência do batismo com o Espírito Santo. Vale a pena analisar alguns 
dos "fatos"constantes desse livro. 
Perguntado sobre o que o batismo com o Espírito Santo significava 
em sua vida religiosa, respondeu Thomas Noé, ex-estudante da Universi-
dade Notre Dame: 
"Há umas duas semanas, estava eu sentado em classe, esperando 
que fosse iniciada a aula de Teologia e usava o tempo disponível para 
rezar o rosário. (Um hábito que adquirira depois que recebera o batismo 
com o Espírito Santo.) O Espírito Santo tem preenchido cada parte da 
minha experiência religiosa. Descobri um novo grau de significação em 
todos os sacramentos, especialmente na confissão e na eucaristia. Cheguei 
a entender de maneira mais perfeita a eucaristia como sacrifício e voltei à 
confissão freqüente, da qual tinha dúvidas quanto ao seu valor como 
agente de correção. Descobri uma profunda devoção por Maria, e posso 
agora louvar a Deus, coisa que antes nunca pude fazer" (os grifos são 
meus). 
Bertz Ghezzi, outro ex-aluno da Universidade Notre Dame, e 
atualmente professor de História do Grand Valley State College de 
Michigan, sobre sua experiência com o Espírito Santo, diz: 
"As devoções naturais, como a de Maria, por exemplo, tornaram-
se mais significativas (e eu que era um dos que colocavam Maria 
completamente fora de cena, anos atrás!) (Os grifos são meus). 
Kevin e Dorothy Ranaghan, a certa altura do seu livro escrevem: 
"Em certa reunião de oração em South Bend, um padre que estava 
assistindo à sua primeira reunião perguntou a um homem que estava perto 
dele, onde havia aprendido grego. A resposta foi: 'Que grego? ' O padre 
disse então ao grupo que ouvira distintamente o homem repetir as 
primeiras sentenças da 'Ave Maria', em grego, durante sua oração". 
Prosseguem os Ranaghans: 
"Naquela ocasião houve um duplo dom de Deus. A reunião tomou 
daquela hora em diante, um sabor nitidamente mariano. A oração, as 
discussões e as reflexões centralizaram-se em Maria como o tipo de todos 
os cristãos, que, cobertos e fortalecidos pelo Espírito de Deus, trazem 
Cristo ao mundo. Alguns de nós que não somos muito chegados á devoção 
mariana excessiva, ficamos um pouco perturbados após aquela reunião; e 
também um pouco apreensivos, pensando que o Espírito de Deus não 
ficara muito satisfeito em ver que o centro de nossas atenções passava de 
Jesus Cristo para Maria. Ficamos depois outra vez confundidos, mas 
alegres ao mesmo tempo, ao descobrirmos que o dia seguinte era uma das 
maiores festas marianas do ano, no calendário litúrgico. Nossa reunião na 
noite passada não fora uma temerosa digressão, mas uma grande ocasião! 
Fora uma vigília, uma preparação dirigida pelo Espírito para a festa que se 
seguiria . (O grifo é meu). 
O que é visto nos textos citados desse livro constitui-se num 
verdadeiro disparate à luz de João 16.13,14, onde Jesus diz: 
"Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em 
toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver 
ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de 
receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". 
Quando o crente recebe o batismo com o Espírito Santo, suas 
atenções desprendem-se de si mesmo e de seus ídolos, e prendem-se em 
Jesus exclusivamente, tomando-o objeto de exaltação, louvor e 
glorificação. 
O batismo com o Espírito Santo pode ser experimentado por 
diferentes pessoas de diferentes seguimentos do Cristianismo, mas sempre 
com o mesmo propósito - levar o crente a glorificar única e 
exclusivamente a Jesus Cristo. 
14. O QUE O CRENTE DEVE FAZER PARA TER 
EM SI SEMPRE NOVA A EXPERIÊNCIA DO 
BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? 
Este tem sido o problema crucial para muitos crentes que, tendo 
recebido o batismo com o Espírito Santo, já não vivem aquele mesmo ní-
vel de espiritualidade que possuíam nos primeiros dias seguintes ao do 
batismo. Daí passam a viver um certo tipo de saudosismo: "Ah! aqueles 
dias!..." "Oh! se aqueles dias voltassem!" Esta é uma parte da triste história 
de muitos que entristeceram o Espírito Santo e que fizeram silenciar a voz 
dele em suas consciências. 
A quem tiver interesse de viver, não como alguém que "foi" 
batizado com o Espírito Santo, mas como alguém que "é" batizado com o 
Espírito Santo, aconselho: 
a. Reserve uma hora especial todos os dias para ler e estudar a 
Bíblia, destacando um versículo, ou um pensamento dela para meditar 
durante o dia. Considere um pecado deixar de ler a Bíblia. 
b. Reserve algum tempo para, a sós, orar a Deus, não 
permitindo que coisa alguma justifique a sua falta de oração. 
c. Ponha a sua mente e consciência à disposição do Espírito de 
Deus, permitindo que Ele molde-a de sorte que você saiba estar sempre no 
centro da vontade de Deus. 
d. Proponha no seu coração fazer algo especial e específico 
pela causa do Evangelho. Até que essa oportunidade surja, faça algo como: 
evangelismo pessoal, visitação aos presídios e aos hospitais, ajudar como 
componente do coro ou da banda etc. Procure o pastor da sua igreja e fale 
a ele de seus próprios interesses e planos quanto à obra de Deus. Não se 
esqueça de que uma mente desocupada é uma oficina para o Diabo 
trabalhar. 
Assim não faltará o óleo do Espírito Santo em seu vaso; sua 
pólvora continuará sempre seca e sua lâmpada sempre acesa para glória e 
honra do Deus a quem você se propôs servir e honrar. 
 
3 
O dom de línguas hoje 
No capítulo anterior, tratei sobre o batismo com o Espírito Santo 
como um experiência atual, destacando o falar em línguas estranhas como 
a evidência física inicial desse batismo. Este capítulo tratará, de forma mui 
particular, sobre o dom de línguas, destacando a importância que ele tem 
no contexto doutrinário do Movimento Pentecostal. 
A primeira alusão no Novo Testamento ao falar em línguas 
estranhas está nas palavras de Cristo em Marcos 16.17: 
"Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome... falarão 
novas línguas". 
Depois, quando lemos sobre línguas estranhas, é já a manifestação 
delas entre os quase cento e vinte discípulos no dia de Pentecoste, em 
Jerusalém (At 2.4); na casa do centurião Cornélio, em Cesaréia (At 10.44-
46); em Éfeso quando os doze discípulos de João foram batizados com o 
Espírito Santo (At 19.6,9); e, provavelmente, entre os crentes samaritanos 
quando da estada de Pedro e João em Samaria: At 8.17-19. Em todos esses 
casos, as línguas (glossolalia) foram manifestas como evidência do 
batismo com o Espírito Santo. Depois ainda lemos na primeira epístola de 
Paulo aos Coríntios um capítulo inteiro (14) sobre línguas, já não como evi-
dência do batismo com o Espírito Santo, mas como um dom do Espírito 
Santo. 
Em 1 Coríntios 12.8-10 lemos: 
"Porque a um pelo Espírito é dado a palavra da sabedoria; e a outro 
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro pelo mesmo Espírito, a 
fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação 
de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os 
espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das 
línguas." 
Na opinião do antipentecostal Robert G. Gromacki, no seu livro 
"Movimento Moderno de Línguas", o dom de línguas e o de interpretação 
delas são os dois menores dos dons do Espírito, em razão de o apóstolo 
Paulo havê-los citado no final da lista dos dons, no capítulo 12 de 1 
Coríntios. Esta opinião cai por terra quando a lista dos dons de 1 Coríntios 
12.8-10 é comparada com as palavras do versículo 28 do mesmo capítulo, 
que provam que Paulo não usou um critério de proporcionalidade e 
grandeza quanto à colocação dos dons na ordem dos seus valores. Por 
exemplo: nota-se que quando Paulo aconselha os crentes a buscar os 
melhores dons, disse que eles os buscassem com diligência mas 
principalmente o de profecia. Observa-se que se Paulo houvesse feito a 
listagem dos dons na ordem dos seus valores, ele teria aconselhado os cren-
tes a buscarem "a palavra da sabedoria" (o primeiro dom da lista) e não o 
de profecia (o sexto na ordem dos nove). 
O apóstolo Paulo, ainda no capítulo12, versos 22 e 23 de 1 
Coríntios, querendo ensinar sobre a harmonia dos dons do Espírito, 
comparou-os aos membros do corpo que, juntos, cooperam para o bem 
comum do mesmo corpo: 
"Os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são 
necessários; e os que reputamos ser menos honrosos no corpo, a esses 
honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito 
mais honra". 
Os dons são diferentes entre si como diferentes são os membros do 
corpo, mas não existem dons inúteis à edificação do corpo de Cristo, sejam 
quais forem. 
1. LÍNGUAS COMO SINAL 
Vale notar que as línguas estranhas têm duas funções na Bíblia. 
Primeira: elas são apresentadas como sinal, ou evidência de que alguém foi 
batizado com o Espírito Santo. Isso é o que vemos em pelo menos três das 
cinco ocasiões históricas do derramamento do Espírito Santo nos dias do 
Novo Testamento. 
As línguas estranhas neste aspecto manifestam-se uma única vez, 
isto é, no momento em que o crente recebe o batismo com o Espírito 
Santo. Se a partir daí o crente continua falando em línguas, essas línguas já 
passam para a segunda esfera, que é o dom de línguas propriamente dito, o 
qual se pode manifestar de duas maneiras: línguas congrega-cionais 
(interpretáveis); e línguas devocionais (não-interpretáveis). 
Aqueles que combatem a doutrina bíblica do batismo com o 
Espírito Santo intrigam-se com a ênfase que damos quanto à necessidade 
de se falar línguas estranhas como evidência da recepção desse batismo, 
achando ser possível dar-se outra prova em detrimento desta para afirmar 
que o crente foi batizado com o Espírito Santo. Contudo, o que na prática 
tenho observado é que aqueles que dizem ter sido batizados com o Espírito 
mas que não falaram línguas, não estão tão seguros de que o foram quanto 
aqueles que falaram novas línguas. 
2. O QUE É DOM DE LÍNGUAS? 
O dom de línguas é o meio sobrenatural através do qual o Espírito 
Santo leva o crente a falar uma ou mais línguas nunca antes estudada, 
portanto, estranhas àquele que a fala. Este dom nada tem a ver com a 
habilidade natural de se falar diferentes idiomas. Falar em línguas pela 
unção do Espírito Santo é "glossolalia" e não "poliglotismo". O dom de 
línguas está na esfera do sobrenatural. 
Muitos estudiosos desse assunto, com freqüência, citam casos de 
missionários que, após longos anos tentando aprender a língua do povo ou 
da tribo com que trabalham, de momento começam a falar aquela língua 
com uma fluência invejável, dispensando a ajuda de intérprete. E 
confundem, assim, esse fenômeno com o dom de línguas, quando o que 
aconteceu na verdade foi a manifestação do dom de milagres ou 
maravilhas. 
Quando Paulo escreveu aos Coríntios: "Dou graças ao meu Deus, 
porque falo mais línguas do que vós todos" (1 Co 14.18), não estava com 
isso dizendo que falava mais idiomas estrangeiros do que os crentes da 
igreja em Corinto. Se assim fosse o que Paulo estaria fazendo era demons-
trar pura vaidade. Ele fazia alusão à glossolalia, ou seja, à habilidade 
sobrenatural de falar em línguas nunca antes estudadas. 
3. QUAL A UTILIDADE DO DOM DE LÍNGUAS? 
Grande é a utilidade do dom de línguas quando exercitado 
humildemente e com orientação do Espírito Santo. À luz de 1 Coríntios 14, 
o exercício do dom de línguas é útil para: 
a. falar mistérios com Deus. "... quem fala em outra língua, 
não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em 
espírito fala mistérios" (v.2); 
b. edificação individual. "O que fala em outra língua a si 
mesmo se edifica..." (v.4); 
c. orar bem. "Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito 
ora de fato..." (v.14); 
d. complemento do culto. "Que fazer, pois, irmãos? Quando 
vos reunis, um tem salmo, outro doutrina; este traz revelação, aquele outro 
língua, e 
ainda outro interpretação", v.26. 
Falar de mistérios com Deus é um grande privilégio. Aquele que 
fala em línguas estranhas tem consciência de que está orando a Deus, 
louvando-o ou rogando algo a Ele, não obstante desconheça o significado 
daquilo que ora. Fala de acordo com o momento, e com uma força a jorrar 
dentro de si; mesmo assim, tem consciência de que é ele quem fala, e tem 
controle para começar ou terminar á hora que quiser. A pessoa fica 
perfeitamente calma e em pleno uso de suas faculdades mentais, cons-
ciente do que está fazendo e do que está acontecendo em torno dela. 
Freqüentemente está absorvida por uma conversa racional, e normal, 
imediatamente antes e depois de falar em línguas. 
Não há nenhum pecado em o crente buscar edificação espiritual ou 
individual através de uma identificação mais íntima com Deus. John F. 
MacArthur diz no seu livro "Os Carismáticos" que o falar em línguas é um 
individualismo condenado por Paulo e que o individualismo deve ser 
evitado pelo cristão. Essa assertiva não tem apoio nas Escrituras. Veja, por 
exemplo: se o falar em línguas mostra individualismo, e se o 
individualismo não edifica ninguém, como iria Paulo dizer que "o que fala 
em outras línguas a si mesmo se edifica"? 1 Co 14.4. 
Há uma grande incoerência entre a afirmação de John F. MacArthur 
e o pensamento de Paulo, que está mais claro no versículo 39 de 1 
Coríntios 14: “... não proibais falar línguas". Se a edificação pessoal fosse 
individualismo e egoísmo, Paulo jamais teria escrito a Timóteo: "Tem 
cuidado de ti mesmo..." 1 Tm 4.16. Noutro lugar escreveu Judas: "Mas vós, 
amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé...", Jd 
20. 
Uma igreja sólida ergue-se com o respaldo da edificação individual 
de cada um de seus membros. 
Falar a Deus em outras línguas é orar com o espírito e no espírito; 
fazer assim é orar bem. Através das línguas estranhas, o crente fala e o 
Espírito Santo comunica a ele a alegria (ou a angústia) que lhe vai no 
coração, o que, de outro modo, ao crente não seria revelado. Isto é o que 
ensina Paulo em Romanos 8.26: 
"E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas 
fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas 
o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis". 
Através das línguas estranhas, podemos elevar a Deus o mais puro 
louvor que as nossas tribulações e tentações impedem que façamos em 
nossa própria língua. 
4. QUEM NÃO FALOU EM OUTRAS LÍNGUAS? 
Robert G. Gromacki, no seu livro "Movimento Moderno de 
Línguas", escreve: 
"Tem havido, e ainda há, muitos homens piedosos que não falaram 
línguas: Calvino, Knox, Wesley, Carey, Judson, Moody, Spurgeon, 
Torrey, Sundey e Billy Graham (...) Certamente eles têm manifestado mais 
santidade e têm testemunhado mais efetivamente em prol de Cristo do que 
muitos que pretendem ter falado línguas". 
Este argumento de Gromacki baseia-se em homens, antes que nas 
Escrituras. O fato de não se ler que esses homens falaram em línguas 
estranhas, implica deveras em que eles não as tenham falado? Pode-se usar 
o silêncio deles sobre o assunto para formar uma doutrina de negação 
daquilo que a Bíblia ensina com clareza meridiana? E se eles não falaram 
línguas, isto invalidará a promessa divina? - De maneira nenhuma! 
Se o fato de alguns cristãos nobres não terem falado em línguas 
anula a promessa de Deus, ou se o dom de línguas é inautêntico só porque 
os pentecostais "pretensamente" dizem ter falado em línguas, dar-se-ia o 
caso que a autenticidade ou a inautenticidade de qualquer dom divino pode 
ser evidenciada pela aceitação ou pela rejeição parcial ou total desses dons. 
Partindo dessa premissa, atrevo-me a mostrar um número muito maior de 
crentes célebres que falaram e falam outras línguas do que aquele que os 
antipentecostais apontam como não tendo falado línguas. 
Vem o caso de fazer aqui a indagação de Paulo, feita em 1 
Coríntios 3.5: "Quem é Apoio? e quem é Paulo?...". Quem foi Calvino, 
Knox, Wesley, Ca-rey, Judson, Moody, Spurgeon, Torrey, Sundey? e 
quem é Billy Granam senão "servos por meio de quem crestes, e isto 
conforme o Senhor concedeu a cada um". Deve-se porventura evocar avida piedosa de qualquer um desses homens de Deus com o propósito de 
se anular algum dom do Espírito Santo, mesmo que seja o de língua? - 
Evidentemente não. 
5. QUAL O COMPORTAMENTO MAIS SENSATO 
QUANTO AO DOM DE LÍNGUAS? 
Evidentemente, o melhor comportamento quanto ao dom de línguas 
é o que foi demonstrado pelo apóstolo Paulo, ainda no capítulo 14 de 1 
Coríntios: 
a. - "Eu quero que todos vós faleis línguas estranhas", v.5. 
b. - “... pelo que, o que fala línguas estranhas, ore para que 
possa interpretar", v.13. 
c. -"Não proibais falar línguas", v.39. 
À igreja de Corinto não faltava dom algum (1 Co 1.7), o que 
faltava era o ensino quanto ao uso desses dons, haja vista o abuso que se 
fazia deles, principalmente do dom de línguas. Diante dessa necessidade, 
que fez Paulo? a) Disse que todos os crentes na igreja poderiam falar em 
línguas, desde que o fizessem de forma ordeira e dirigida, b) Orientou no 
sentido de que aqueles que falavam línguas orassem para que recebesse do 
Espírito Santo a capacidade de interpretá-las, a fim de que a igreja fosse 
edificada. Paulo poderia ter escrito: "Pelo que, o que fala línguas 
estranhas e não pode interpretar [deixe de falar]", mas não foi assim que 
fez. O objetivo da observação do apóstolo, visava a dimensionar o uso 
correto desse dom. c) Exortou então aqueles que, por não possuírem 
sabedoria, queriam proibir o dom de línguas, a que dessem livre curso a 
esse dom. 
Não há dons imperfeitos ou desnecessários, o que há é imperfeição 
ou omissão quanto ao uso dos dons por parte de alguns crentes. 
Se alguém tem um dos membros afetado por uma enfermidade, o 
que deve fazer para extirpar a enfermidade desse membro? - Cortar o 
membro doente? Não, de modo nenhum! O que deve é tratar do membro 
enfermo até que este possa voltar a exercer a sua função insubstituível, 
para o bem de todo o corpo. 
Billy Graham é de opinião que existe um dom de línguas real, em 
contraste com uma imitação, e que muitos dos que receberam esse dom 
foram transformados espiritualmente - alguns por pouco tempo e outros 
permanentemente. 
6. NORMAS QUANTO AO USO DO DOM DE 
LÍNGUAS 
Quanto ao exercício do dom de línguas, o apóstolo Paulo não só 
ratifica a liberdade que o crente tem de exercitar o dom, mas também 
estabelece um princípio normativo para esse exercício, principalmente no 
culto público, onde pessoas não-crentes tenham acesso. 
Segundo Paulo, aquele que possui o dom de línguas deve observar 
o seguinte: 
a) - "Pelo que, o que fala em outra língua, ore para que a 
possa interpretar", 1 Co 14.13. 
Paulo diz que se alguém fala em línguas e as interpreta está 
contribuindo para a edificação da igreja, como também o faz aquele que 
profetiza. Assim, aquele que fala em outra língua deve ter o cuidado de não 
fazer do culto público um espetáculo de glossolalia, a não ser que possa 
interpretar a língua que fala. 
b) - "No caso de alguém falar em outra língua, que não seja 
mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem 
interprete. Mas não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando 
consigo mesmo e com Deus", 1 Co 14.27,28. 
O culto público nunca deve ser transformado num festival de 
línguas estranhas; tampouco a mensagem evangelística ou de doutrina deve 
ser interrompida pelo falar em língua estranha. Pergunta o apóstolo Paulo: 
"Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se 
puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou 
incrédulos, não dirão porventura, que estais loucos?" 1 Co 14.13. 
No caso de manifestar-se o dom de línguas em culto público, que 
somente dois, ou quando muito três, falem em línguas; não os dois ou os 
três de uma só vez, mas um após o outro, e com a condição de haver quem 
interprete; do contrário, que "fique calado na igreja, falando consigo 
mesmo e com Deus", ou seja, que não perturbe a boa ordem do culto 
atraindo para si as atenções dos presentes, em detrimento da pregação e do 
louvor. 
7. "FAÇA-SE TUDO DECENTEMENTE E COM 
ORDEM", 1 Co 14.40 
Os pentecostais, em geral, são tachados de barulhentos, emocionais 
e, às vezes, de desordeiros. Para aqueles que se lhes opõem, "faça-se tudo 
decentemente e com ordem" é o versículo preferido. Para esses (os 
antipentecostais) "decência e ordem" é o mesmo que silêncio. Um 
cemitério, por exemplo, retrata muito bem a decência e ordem que eles 
gostariam de ver entre os pentecostais. Os que habitam os cemitérios não 
perturbam ninguém, eles têm perfeita ordem; mas eu conheço milhares de 
pessoas que preferem mil vezes a "desordem" dos vivos à decência e ordem 
dos mortos. Vem ao caso lembrar as palavras do Dr. John Alexander 
Mackay, presidente emérito do Seminário Princeton: 
"Se eu tivesse de fazer uma escolha entre a vida inculta dos 
pentecostais e a morte estática das igrejas mais antigas, pessoalmente, 
preferiria essa vida inculta". Noutra oportunidade disse ainda o Dr. 
Mackay: "Alguma coisa está errada quando a emoção se torna legítima em 
tudo, exceto na religião". Um certo pregador disse: 
"Hoje em dia, vai-se ao futebol para torcer; ao cinema para chorar, 
e à igreja para gelar". E, prosseguindo, disse como testar a realidade da 
emoção em qualquer experiência espiritual, usando esta regra: "Não me 
importa seus pulos e gritos em meio à emoção, desde que, passando aquele 
momento, você tenha vida equilibrada". 
O medo dos "erros" dos pentecostais, manifestos por excesso de 
emoção, tem impedido que muitos crentes sinceros gozem um Cristianismo 
vivo e dotado do genuíno frescor espiritual. Eles são pessoas incapazes de 
acertar, porque são dominados pelo medo de errar, pelo que jamais farão 
coisa alguma. Conheço muitos crentes que estão acuados entre o 
profundamente humano e aquilo que podem experimentar pela operação do 
Espírito Santo, só porque os seus líderes os ensinaram a pensar e a agir 
assim. Lembra-me a história do pescador que, ao apanhar um peixe, o 
media, e, se o pescado medisse mais de 25 centímetros de comprimento, 
ele o devolvia à água. Naquele instante aproximou-se um turista que, 
curioso com o que via, perguntou porque o pescador agia assim, ao que ele 
respondeu: "É que minha frigideira só tem vinte e cinco centímetros de 
diâmetro, e não adianta levar para casa um peixe maior do que a medida 
que ela comporta". Infelizmente, muitos crentes são como esse pescador: 
incapazes de buscar e reter consigo uma experiência que vá além dos 
limites estabelecidos pelos seus teólogos e líderes. 
João Wesley, o grande avivalista inglês, acerca dos gritos, 
convulsões, danças, visões e coisas testemunhadas nos seus dias, disse: 
"O perigo consiste em dar-lhes um pouco de valor, em condená-las 
abertamente, em imaginar que não provenham da parte de Deus; e isso 
serve de obstáculo ao trabalho do Espírito, pois a verdade é que: 
"a. Deus tem convencido, forte e subitamente, a muitos de que são 
pecadores perdidos, e as conseqüências naturais disso têm sido clamores 
súbitos e violentas convulsões corporais; 
"b. para fortalecer e encorajar os que crêem, e para tornar a sua obra 
mais evidente, o Senhor favoreceu a alguns deles com sonhos divinos, e a 
outros com êxtases e visões; 
"c. em algumas dessas instâncias, após algum tempo, a natureza 
humana mescla-se com a graça; 
"d. o próprio Satanás imita essa parte da obra de Deus, a fim de 
lançar no descrédito toda a obra; no entanto, não é mais sábio desistir 
dessa porção do que desistir do todo. A princípio, sem dúvida alguma, tudo 
se originava inteiramente em Deus. E, parcialmente, continua assim, até os 
nossos próprios dias; e Ele nos capacitará a discernir até que ponto, em 
cada caso, a situação é pura, bem como onde se mescla com coisas 
estranhas e se degenera. A sombra não é motivo para desprezarmos a subs-
tância, nem o diamante falso para recusarmos o autêntico". 
Outro depoimento digno de observação quanto a esse assunto, é do 
Dr. T.B.Barratt, de Oslo, Noruega: 
"Os sinais sobrenaturais, os dons doEspírito, as demonstrações do 
corpo, tudo é uma parte apenas desse Movimento Pentecostal, mas a 
grande influência moral desse avivamento, o poderoso ímpeto espiritual 
que ele nos traz é de monta muito maior". 
Os antipentecostais, preocupados em denunciar as exceções, 
pisoteiam as regras. Ao tentarem expurgar os pentecostais do seio da 
Igreja, estão denunciando a esterilidade de suas próprias igrejas. Isso 
lembra o que disse o teólogo suíço, Karl Barth: 
"Ao jogarem fora a água em que banharam a criança, jogaram 
também a criança. Ao tentarem tornar o cristianismo plausível para os 
céticos, o que conseguiram foi torná-lo destituído de sentido". 
O capítulo 6 de 2 Samuel relata a volta da arca do Senhor á cidade 
de Jerusalém. A alegria de Davi pelo evento era tal, que "saltava com todas 
as suas forças diante do Senhor". 
Mas "sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, 
Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo o rei Davi, que 
ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração". 
No final da festa, "embriagado" pela alegria do Senhor, Davi volta 
para casa, e Mical, sua mulher, sai-lhe ao encontro e lhe censura o 
comportamento, dizendo: 
"Quanto honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos 
das servas de seus servos, como sem pejo se descobre qualquer vadio. "Disse, 
porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que me escolheu a mim antes do 
que a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o 
povo do Senhor, sobre Israel, perante o Senhor me tenho alegrado. E 
ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos seus olhos; e 
das servas, de quem me falaste, delas serei honrado", vv.20-22. 
Para Mical, indiferente ao significado da volta da arca do Senhor à 
cidade de Jerusalém, era fácil, através da janela do palácio real, fazer mau 
juízo de Davi, que, feliz, em meio ao povo, dançava de alegria na presença 
do Senhor. Para Mical importava a "etiqueta", como para os 
antipentecostais importa hoje a "decência e ordem" cemiterial. 
Na cristandade de hoje acontece o mesmo: ser pentecostal é para 
muitos um agravo ao pudor evangélico. Alguém pode escrever ou dizer 
porque não é pentecostal, e o seu testemunho é como um grande serviço 
prestado a Deus; mas, se alguém escreve porque é pentecostal, isso parece 
uma idiotice: é como Davi tentando convencer a Mical porque dançava nas 
ruas de Jerusalém no meio da plebe. 
O último versículo do capítulo 6 de 2 Samuel diz: 
"E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até ao dia da sua morte". 
O contexto deste versículo mostra que a esterilidade de Mical era 
devida à censura feita por ela ao rei Davi. Esta, sem dúvida, tem sido a 
inevitável sentença sob a qual têm estado grande parte das denominações 
cujos líderes têm feito do antipentecostalismo o seu apostolado. 
Apesar disso, o número de pentecostais continua crescendo, e sabe-
se que há hoje em todo o mundo nada menos de cinqüenta milhões de 
crentes que têm experimentado a promessa pentecostal do batismo com o 
Espírito Santo, acompanhada do falar em outras línguas. 
O crescimento das igrejas pentecostais tem sido considerado um 
verdadeiro fenômeno pelos estudiosos de assuntos eclesiásticos. O escritor 
não-pentecostal, Peter Wagner, no seu livro "Cuidado! Aí vêm os 
Pentecostais", quanto ao comportamento das igrejas não-pentecostais 
diante do acelerado crescimento das igrejas pentecostais, escreveu: 
“... as igrejas não-pentecostais ainda têm um problema: seus 
dirigentes reconhecem (e é óbvio) que as igrejas pentecostais estão 
crescendo muito mais rapidamente do que as das outras denominações. 
Eles mesmos fazem a pergunta: 'Por que' E se tornam mais frustrados 
quando colocam o que está acontecendo em termos teológicos, e levantam 
a possibilidade de que, por alguma razão, o Espírito Santo seja capaz de 
trabalhar o milagre da regeneração mais freqüentemente nas igrejas 
pentecostais do que em suas próprias. Em vez disso, eles deveriam pensar: 
'O que nós podemos fazer para limpar a erva daninha das nossas igrejas, de 
modo que o Espírito Santo possa trabalhar? '" 
8. A HISTORICIDADE DO DOM DE LÍNGUAS 
A história mostra que a experiência pentecostal de falar línguas 
estranhas constitui-se num círculo ininterrupto desde o dia de Pentecoste 
até os nossos dias, e continuará até que Cristo volte. 
Agostinho escreveu no IV século: 
"É de esperar-se que os novos convertidos falem em novas línguas". 
Irineu, discípulo de Justino discípulo do apóstolo João, escreveu: 
"Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, 
pelo Espírito Santo, falam toda classe de idiomas". 
João Crisóstomo, no V século escreveu: 
"Qualquer pessoa que fosse batizada nos dias apostólicos, 
imediatamente falava em línguas". 
Tertuliano inseriu nos seus escritos manifestação dos dons do 
Espírito Santo, entre os quais o dom de línguas, no meio dos montanistas, 
movimento ao qual ele pertencia. 
O decano Farrar, em seu livro "Das Trevas à Aurora", refere-se aos 
cristãos perseguidos em Roma, cantando hinos e falando em línguas 
desconhecidas. 
Na História da Igreja Alemã, lemos o seguinte: 
"O Dr. Martinho Lutero foi um profeta, evangelista, falador em 
línguas e intérprete, tudo em uma só pessoa, dotado de todos os dons do 
Espírito". 
Na História da Igreja Cristã, escrita por Filipe Schaff, edição de 
1882, ele escreve que o fenômeno de falar em línguas tem reaparecido de 
quando em quando nos avivamentos dos Camisards e dos Cevennes, na 
França e entre os primitivos Quakers e Metodistas, seguidores de Lasare 
da Suécia em 1841-1843, e entre os irlandeses em 1859, e finalmente, até 
os nossos dias. 
Na história dos avivamentos de Finney, Wesley, Moody e outros, 
houve demonstração do poder do Espírito Santo no dom de falar línguas 
com prostrações físicas e estremecimento debaixo do poder de Deus. 
Charles G. Finney assegura em sua autobiografia que o Senhor se 
manifestou aos seus discípulos nesta geração, assim como fez nos tempos 
apostólicos. 
James Gilchrist Lawson, em seu livro "Profundas Experiências de 
Cristãos Famosos", escreve: "Em algumas ocasiões o poder de Deus se 
manifestava em tal grau nas reuniões de Finney, que quase todos os 
presentes caíam de joelhos em oração, ou melhor, oravam com lamentos e 
queixumes inenarráveis pelo derramento do Espírito de Deus". O Rev. R. 
Boyd, batista, amigo íntimo de Dwight L. Moody, relata no seu livro 
"Provas e Triunfes da Fé", edição de 1875: 
"Quando cheguei ao Vitória Hall, Londres, encontrei a assembléia 
ardendo. Os jovens estavam falando em línguas e profetizando. Qual seria 
a explicação de tão estranho acontecimento? Somente que Moody os 
estava dirigindo naquela tarde". 
Stanley Frodsham, em seu livro "Estes Sinais Seguirão", dá 
detalhes do poderoso derramamento do Espírito Santo em 1906, em Los 
Angeles, Califórnia: 
"Centenas de leigos e ministros, todos por igual, de todo os Estados 
Unidos - metodistas, episcopais, batistas, presbiterianos, e os denominados 
seguidores da doutrina da Santidade - de diferentes nacionalidades, foram 
batizados com o Espírito Santo e falavam em outras línguas, seguindo-se 
os sinais". 
No seu livro "Demonstração do Espírito Santo", H.H. Ness 
escreveu: 
"Quando o fogo pentecostal brotou com ímpeto entre os cristãos das 
igrejas da Aliança Missionária Cristã nos estados de Ohio, Pensilvânia, 
Nova Iorque e outros estados do Noroeste dos Estados Unidos, faz alguns 
anos, em muitos deles houve demonstração do poder do Espírito Santo, o 
que foi visto, sentido e ouvido. Resultaram notáveis milagres de cura 
divina - recuperação de saúde de cegos, surdos, mancos e outros afligidos - 
pela oração da fé. Mais ainda, não houve ali somente prostrações e línguas 
desconhecidas, mas houve também surpreendentes casos em que pessoas 
foram levantadas do solo pelo poder de Deus". 
Nestes últimos anos tem-se tornado comum ler em jornais, revistas 
e livros, a respeito da experiência de falarlínguas estranhas entre 
evangélicos de denominações até então invulneráveis à ação sobrenatural 
do Espírito Santo. 
O jornal episcopal "The Living Church", há alguns anos, trouxe o 
seguinte sobre o fenômeno de falar línguas estranhas: 
"O falar em línguas não é mais um fenômeno de alguma seita 
estranha do outro lado da rua. Está em nosso meio, e vem sendo praticado 
pelo clero e pelos leigos, homens de nomeada e boa reputação na igreja. 
Sua introdução generalizada se chocaria contra nosso senso estético e 
contra algumas de nossas mais intrincheiradas idéias preconcebidas. Mas 
sabemos que somos membros de uma igreja que de toda sorte precisa de 
um choque - se Deus tem escolhido este tempo para dinamitar o que o 
bispo Sterling, de Montana, designou de 'respeitabilidade episcopal', não 
conhecemos explosivo de efeito mais terrivelmente eficaz". 
No "The Episcopalian" de 15/05/1968, disse o Rev. Samuel M. 
Shoemaker: 
"Sem importar o que significa o antigo-novo fenômeno do 'falar 
línguas', o mais admirável é que se declara, não apenas no seio dos grupos 
pentecostais, mas também entre os episcopais, os luteranos e os 
presbiterianos. Eu mesmo não passei por essa experiência, mas tenho visto 
pessoas que a têm recebido, e isso as tem abençoado e dado um poder que 
não possuíam antes. Não pretendo entender esse fenômeno, mas estou 
razoavelmente certo de que indica a presença do Espírito Santo, assim 
como a fumaça que sai de uma chaminé indica a presença de fogo por 
baixo. E sei com certeza que isso significa que Deus quer entrar na igreja 
antiquada e autocentralizada como geralmente ocorre, para que lhe 
outorgue uma modalidade de poder que a torne radiante, excitante e 
altruísta. Deveríamos procurar compreender e ser reverentes para com esse 
fenômeno, ao invés de desprezá-lo ou zombar dele". 
9. CESSOU O DOM DE LÍNGUAS? 
No seu livro "Os Carismáticos", John F. MacArthur escreve o 
seguinte: 
"Primeiro Coríntios 13.8 declara claramente que 'as línguas 
cessarão'. Quanto a esse 'cessar', o verbo grego não se encontra na voz 
passiva mas na voz reflexiva, que sempre enfatiza o sujeito que faz a ação. 
O que essa frase no versículo 8 está dizendo é que 'as línguas cessarão por 
si mesmas'. 
"Se as línguas cessarão por si, a questão é quando? Depois de 
diversos anos de estudo, em que li todos os lados da questão e discuti com 
carismáticos como também com pessoas não-carismáticas, estou 
convencido, sem dúvida alguma, de que as línguas cessaram na era 
apostólica, e que, quando cessaram, foi uma coisa permanente". 
É evidente que este raciocínio do antipentecostal John F. 
MacArthur é falho e não honra as Escrituras, nem se harmoniza com a 
historicidade da glossolalia que se tem tornado um círculo ininterrupto 
desde o dia de Pentecoste até os nossos dias. O dom de línguas é um dom 
atualíssimo. 
Para melhor compreensão do assunto, é importante citar não só o 
versículo 8 de 1 Coríntios 13, mas também os versículos 9 e 10: 
"A caridade nunca falha; mas havendo profecias, serão 
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciências desaparecerá; 
porque em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o 
que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado". 
MacArthur assegura que as línguas cessaram na era apostólica, 
porém, como os demais antipentecostais, é de opinião de que "profecia" e 
"ciência" são dons ainda operantes na igreja de hoje. É simplesmente 
inconcebível que as línguas tenham cessado, e "profecia" e "ciência" que 
estão sujeitas ao mesmo espaço de vigência, ainda continuem. 
A alusão de Paulo às línguas, profecia e ciência, é feita em termos 
de comparação com a caridade. É evidente que há circunstancia em que o 
próprio amor chega a faltar, mas isto não é regra, mas uma exceção. 
John F. MacArthur tem dificuldade em fixar com exatidão bíblica, 
quando o dom de línguas cessaria. A maioria dos antipentecostais, cujas 
obras tenho consultado, são de opinião de que 1 Coríntios 13.10 - “... mas 
quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado" - 
significa que quando fosse encerrado o cânon divino (segundo eles) o que 
Paulo se refere como "o que é perfeito", então o que é perfeito em parte 
(segundo eles, referente ao dom de línguas e aos demais dons), será 
aniquilado. 
Se as Escrituras não dizem o que dizem os seus escritos, como 
dirão aquilo que dizem os antipentecostais? Ao escrever sobre uma 
aparente transitoriedade do dom de línguas, o apóstolo Paulo se referia 
simplesmente às limitações às quais estamos sujeitos até que aquele que é 
perfeito (Jesus Cristo) apareça na plenitude da sua glória, quando então 
seremos semelhantes a Ele: Jó 19.25-27; Sl 17.15; 1 Jo 3.2. 
"De igual modo, agora só podemos ver e compreender um 
pouquinho a respeito de Deus, como se estivéssemos observando seu 
reflexo num espelho muito ruim; mas o dia chegará quando o veremos 
integralmente, face a face. Tudo quanto sei agora é obscuro e confuso, 
mas depois verei tudo com clareza, tão claramente como Deus está vendo 
agora mesmo o interior do meu coração", 1 Co 13.12 (0 Novo Testamento 
Vivo). 
10. MAIS EVIDÊNCIAS DA ATUALIDADE DO 
DOM DE LÍNGUAS 
Sabe-se que, hoje, nada menos de cinqüenta milhões de cristãos, 
espalhados por todas as partes do mundo, em diferentes denominações, 
falam em línguas. São crianças, jovens, e adultos que gozam do glorioso 
privilégio de adorar a Deus em novas línguas. Sabe-se que até irmãos 
mudos-surdos têm sido tomado pelo Espírito Santo e inspirados a falar em 
línguas como acontece a qualquer pessoa normal. Mesmo igrejas até há 
pouco invulneráveis à operação do Espírito Santo, têm levantado a sua 
voz, num vibrante testemunho quanto à atualidade dos dons do Espírito 
Santo. 
Sob o patrocínio do Rev. Sílvio Ribeiro Ladeira, pastor da Igreja 
Presbiteriana Independente de Carapicuíba, São Paulo, foi publicado 
recentemente o livro "O Movimento Carismático e a Teologia Re-
formada", de autoria do Dr. J. Rodman Williams, que traz a opinião de 
ilustres teólogos e de famosas igrejas quanto à atualidade do dom de 
línguas. 
A. A. Hoekema, teólogo reformado conservador, escreve: 
"... não podemos certamente limitar o Espírito Santo, sugerindo que 
seria impossível para Ele conceder o dom de línguas hoje." 
A "Dutch Reformed Church" da Holanda, em sua carta pastoral de 
1960, sobre a Igreja e os Grupos Pentecostais, diz: 
"Achamos presunçoso afirmar que o falar em línguas foi algo 
somente para o início do Cristianismo. A evidência bíblica em Atos e 1 
Coríntios 12 a 14 é demasiado explícita para isso. O fato de falar em 
línguas ter também um significado em nossos dias, não pode ser, portanto, 
posto de lado." 
4 
Os dons do Espírito Santo hoje 
Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus colocou à 
disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do 
Espírito Santo, apresentados pelo apóstolo Paulo, em sua primeira epístola 
aos Coríntios, como agentes de poder e de vitória desta mesma Igreja. 
A Igreja é um organismo vivo, um fenômeno sobrenatural cujas 
origens estão no Céu. Como tal, ela possui uma responsabilidade 
igualmente sobrenatural, pelo que carece da operação sobrenatural do 
Espírito do Deus vivo. Foi por isso que Jesus, após sentar-se à direita do 
Pai, enviou o Espírito Santo como agente capacitador da Igreja, para levá-
la a cumprir a sua missão no mundo: At 2.33. 
Devemos ter sempre em mente que o próprio Cristo não exerceu o 
seu ministério na sua própria força, mas na força do Espírito Santo: Lc 
4.18,19. - 
Os apóstolos, igualmente, a exemplo do seu Mestre, também 
levaram a cabo o seu próprio ministério na força e poder do Espírito Santo. 
Todas as decisões da igreja primitiva partiam sempre do seguinte 
princípio: “... pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...", At 15.28. Qual 
tem sido o erro de muitas das nossas igrejas hoje, senão o de negligenciar 
o ministério soberano, poderoso e determinante do Espírito Santo? Essasigrejas, ignorantes das grandes possibilidades do Espírito Santo, condenam 
milagres sem processo, desprezam profecias sem consulta e ignoram a 
revelação sem a mínima razão. Como diz a Bíblia Sagrada: “... falando mal 
daquilo em que são ignorantes...", 2 Pe 2.12. Esquecem-se de que há 
quase dois mil anos, Jesus prometeu, de maneira categórica, que o Espírito 
Santo estaria conosco e nos guiaria a toda a verdade: Jo 16.13. 
A igreja dos dias hodiernos jamais será uma igreja de visão de 
alcance novitestamentário, senão por meios novitestamentários. 
As grandes conquistas da igreja dos primeiros cem anos da era 
atual, não foram alcançadas como o resultado de métodos e recursos 
teológicos empregados pelos apóstolos. Foram, sim, o resultado concreto da 
operação sobrenatural do Espírito Santo na vida dos convertidos. O 
Espírito Santo foi o grande estrategista e comandante das conquistas 
realizadas. Onde quer que um crente fosse, aí ia a Igreja do Deus vivo, a 
caixa ressonante do Espírito. 
Onde quer que o Espírito Santo fosse derramado, os doentes eram 
curados; revelações, profecias, línguas e interpretação eram vistas e 
ouvidas. Os dons do Espírito Santo eram a combustão que punha em ação 
a dinâmica máquina da Grande Comissão. 
A Igreja de Cristo da nossa geração possui uma responsabilidade 
apostólica, e, para cumpri-la, necessita dos grandes recursos espirituais, 
que são os dons do Espírito Santo. 
1. O QUE SÃO DONS DO ESPÍRITO SANTO? 
Ao escrever sobre os dons do Espírito Santo no capítulo 12 da sua 
primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo usa dois vocábulos extraídos 
da língua grega, para descrever esses dons. O primeiro é pneumatika (v.l). 
traduzido por "dons espirituais" no sentido de "coisas do Espírito", 
conforme pode ser visto no contexto geral dos capítulos 12 a 14 da mesma 
epístola. O segundo vocábulo é charisma (v.4), traduzido por "dons". De 
forma mais abrangente, significa: graça, favor, dom especial oriundo da 
graça divina. 
O professor Antônio Gilberto define dons do Espírito Santo como 
sendo "uma dotação ou concessão especial e sobrenatural de capacidade 
divina para serviço especial na execução do propósito divino para a Igreja e 
através dela. Em resumo - "é uma operação especial e sobrenatural do 
Espírito Santo por meio do crente". Numa definição mais resumida, 
Horton define os dons do Espírito Santo como sendo "faculdades da pessoa 
divina operando no homem". 
2. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO EM 
1CORÍNTIOS 
Escreve o apóstolo Paulo que “... a um é dada, mediante o Espírito, 
a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do 
conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, fé; e a outro, no mesmo 
Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a 
outro, discernimento de espírito; a um variedade de línguas; e a outro, 
capacidade para interpretá-las", 12.8-10. 
Vale ressaltar que os dons são do Espírito Santo e não daqueles 
através dos quais eles operam. A torneira não pode dizer de si mesma: "Eu 
produzo água", pois isso seria uma inverdade. Quem produz água é a fonte. 
A torneira é apenas o canal através do qual a água flui. 
Os dons são do Espírito, e, através deles, o Espírito opera em quem 
quer, como quer, quando quer e onde quer, com a finalidade precípua de 
edificar a Igreja, o corpo vivo de Cristo. 
3. DIVISÃO DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO 
Para melhor apresentação dos dons do Espírito Santo, alguns 
estudiosos têm usado dividi-los da seguinte maneira: 
3.1. Dons de revelação: 
3.1.1. Palavra do conhecimento 
3.1.2. Palavra da sabedoria 
3.1.3. Discernimento de espíritos 
3.2. Dons de poder: • 
3.2.1. Dons de curar 
3.2.2. Operação de milagres 
3.2.3. Fé 
3.3. Dons de inspiração: 
3.3.1. Variedade de línguas 
3.3.2. Interpretação das línguas 3.3.3. Profecia. 
Frank M. Boyd declarou que "a menos que os dons do Espírito 
sejam claramente definidos e cuidadosamente classificados em primeiro 
lugar, seu propósito não será entendido e podem ser mal usados; a glória 
do Senhor pode ser roubada; e a Igreja pode deixar de receber os grandes 
benefícios que esses dons devem trazer." 
3.1. Dons de revelação 
Os dons de revelação são não somente necessários, mas igualmente 
indispensáveis àqueles que cuidam do governo e orientação da Igreja do 
Senhor Jesus Cristo na terra. Desde os mais remotos dias do Antigo 
Testamento, esta categoria de dons esteve em evidência no ministério dos 
juízes, dos sacerdotes, dos reis e dos profetas condutores do povo de Deus - 
Israel. 
3.1.1. Palavra do conhecimento 
Este dom tem sido definido como sendo a revelação sobrenatural 
dalgum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devido às 
suas naturais limitações, não pode conhecer, a não ser que o Espírito Santo 
lhe revele. Exemplos da manifestação deste dom são encontrados no 
ministério de Samuel 1 Sm 9.15,20; 10.22; Eliseu: 2 Rs 5.20,26; 6.8; Aías: 
1 Rs 14.6; Jesus: Jo 1.48; 4.18; Lc 19.5; Mt 16.23; Pedro: At 5.3,4, e 
Paulo: At 27.23-25. 
Através deste dom, os segredos do mais profundo do coração são 
revelados, enquanto que obstáculos ao desenvolvimento da Igreja são 
manifestos, e desmascarada toda e qualquer hipocrisia. Este dom é de 
grande importância para o ministério, pois pode apontar os maus obreiros, 
possíveis candidatos ao ministério cristão. 
De acordo com o registro bíblico, quando este dom era exercido, o 
extraordinário acontecia, como mostram os exemplos que se seguem: 
O rei de Israel foi avisado do perigo de destruição por parte do rei da 
Síria: 2 Rs 6.9-12. 
Elias recebeu novo alento em meio à perseguição: 1 Rs 19.14-18. 
A hipocrisia de Geazi foi manifesta: 2 Rs 5.20-27. 
A samaritana foi convencida da necessidade dum Salvador: Jo 
4.18,19, 29. 
-Saul foi achado no meio da bagagem: 1 Sm 10.22. 
A necessidade de Saulo foi revelada a Ananias: At 9.11. 
Foi desmascarada a hipocrisia de Ananias e Safira: At 5.3. 
O local da celebração da Páscoa de Jesus e seus discípulos, foi 
indicado: Mc 14.13-15. 
Este dom pode manifestar-se por diferentes meios, seja através da 
pregação no púlpito, da profecia, do aconselhamento aos necessitados e 
aos que buscam orientação divina, ou mesmo através de sonhos. 
Quando fui enviado para o meu primeiro campo de atividades 
pastorais, minha esposa ainda não tinha recebido a experiência do batismo 
com o Espírito Santo, razão por que fomos levados a orar mais 
intensamente durante os primeiros meses de nossa atividade naquele vasto 
campo. 
Certa noite sonhei que me encontrava próximo a uma grande árvore 
junto à margem dum enorme lago. De momento, vi aquela árvore ser 
envolvida por uma enorme chama de fogo. Pelo que vi, lembrei-me da 
experiência de Moisés diante da sarça que ardia em fogo, mas que não se 
consumia. O milagre parecia repetir-se diante dos meus olhos. Olhando ao 
meu redor, vi que estava bem no meio dum capinai tão seco como jamais 
eu havia visto antes. De momento, vi que minha esposa se aproximava de 
mim e me chamava para corrermos, antes que o fogo que envolvia aquela 
árvore se espalhasse pelo capinzal e viéssemos a ser queimados. Peguei 
minha esposa pelo braço e começamos a correr em direção à porteira 
daquela propriedade, que dava para uma estrada. 
Quando começamos a correr, as chamas que envolviam a árvore 
saltaram em forma de algodão nos meus pés, envolvendo-os. Pareciam 
algodão a meus pés, porém, era fogo de verdade, pois, onde quer que eu 
pisasse, começava um novo foco de incêndio que logo se espalhou por 
todo o capinai. 
Quando chegamos á estrada, minha esposa tinha um dos seus 
braços completamente queimado, enquanto que o capinai ardia em chamas 
incontroláveis. 
Ao acordar no dia seguinte, contei a ela o sonho e lhe disse: "Você 
será batizada com o Espírito Santo hoje". Conforme havíamos previamente 
programado, realizamos, naquela noite, um culto de vigília numa das 
nossas congregações. Ali minha esposa recebeu o batismo com o Espírito 
Santo: cumpria-se, assim, o sonhoque Deus me dera na noite anterior. 
Outro exemplo da operação deste dom aconteceu com o Dr. 
Mordecai Ham, instrumento que Deus usou para conduzir Billy Graham a 
Cristo. 
Ouvi um amigo do Dr. Mordecai contar que certo dia esse 
impetuoso pregador, acompanhado dum grande grupo de obreiros, partiu 
para uma fazenda no interior dos Estados Unidos, onde haveria de realizar 
uma série de cultos. Para espanto de todos, os arreios de suas montarias 
foram todos furtados na noite após a chegada á fazenda. Como não sabiam 
quem havia praticado tal ação, começaram a orar no sentido de Deus 
mover o ladrão a devolver tudo em tempo. Até a hora da realização do 
último culto, já haviam sido devolvidos quase todos os arreios, menos os 
do cavalo do próprio Dr. Mordecai. 
O Dr. Mordecai estava pregando quando, de momento, baixou-se e 
panhou uma pedra que estava próximo à mesa que usava como púlpito, 
levantou-a e disse à grande multidão que o ouvia: "Bem senhores, os 
arreios dos cavalos dos meus companheiros foram todos devolvidos, 
porém ainda faltam os arreios da minha montaria. Sei que o ladrão que os 
está retendo está aqui presente me ouvindo; não sei exatamente em que 
lugar desse auditório ele se encontra, mas vou atirar esta pedra a esmo, 
certo que o Espírito Santo há de guiá-la e fazê-la cravar na fronte desse 
ladrão. 
Nesse momento levantou-se um homem e apressadamente saiu. 
Minutos depois, voltava trazendo os arreios do cavalo do Dr. Mordecai! 
3.1.2. Palavra da sabedoria 
Este dom é uma palavra (uma proclamação, uma declaração) de 
sabedoria, dada por Deus através da revelação do Espírito Santo, para 
satisfazer a necessidade de solução urgente dum problema particular. Não 
se deve confundi-lo, portanto, com a sabedoria num sentido amplo e geral. 
Não depende da habilidade cultural humana de solucionar problemas, pois 
é uma revelação do conselho divino. Nos domínios do ministério cristão, 
este dom se aplica tanto ao ensino da doutrina bíblica, quanto à solução de 
problemas em geral. 
A manifestação deste dom pode ser evidenciada no caso dum jovem 
que foi enviado a pastorear uma igreja onde havia um seríssimo problema 
de discórdia, o qual vinha desafiando vários pastores que por ali já haviam 
passado. 
A igreja era formada por duas grandes famílias que viviam em 
constantes litígios, problema que já se vinha arrastando por vários anos. E, 
para resolver tão delicado assunto, o pastor entrou num regime de oração e 
jejum, pedindo a Deus a necessária sabedoria para dar solução ao caso. Foi 
assim que certo dia ele convocou uma reunião com a igreja, disposto a 
ouvir as partes litigantes. Levantando-se o líder duma das famílias, contou 
toda a sua história, e no final perguntou: "Pastor, nós temos ou não temos 
razão?" ao que o pastor respondeu: "Sim, os irmãos têm razão". Levantou-
se o líder da outra família, contou também a sua versão da história, e no 
final perguntou também: "Pastor, nós temos ou não temos razão?" ao que o 
pastor igualmente respondeu: "Sim, os irmãos têm razão." 
Nesse momento criou-se um tumulto, pois, já que o pastor tinha 
dado razão a ambos os lados, o que se sentia era que a disposição dele de 
solucionar tão grave problema iria terminar em fracasso. Mas foi nesse 
momento que ele reassumiu o controle da situação, restabeleceu a ordem no 
culto, e, tomando a palavra, disse: 
"Irmãos, tenho-vos ouvido e dado razão a ambos os lados. Tenho 
observado que este problema ainda não foi resolvido exatamente porque 
ambos têm razão. Portanto, para que seja resolvido, façamos o seguinte: 
uma família fica com a razão e a outra fica com Jesus. Qual de vocês quer 
ficar com Jesus?" Como as duas famílias queriam ficar com Jesus, ambas 
perderam a razão e se reconciliaram, e a paz foi restabelecida na igreja. 
Outro exemplo da manifestação deste dom é dado pelo saudoso 
escritor pentecostal Donald Gee, no seu livro "Acerca dos Dons 
Espirituais". Ele narra a história de certa moça, na Rússia, que num 
domingo, quando ia assistir a um culto que se realizava ocultamente nas 
matas, foi interceptada pela polícia. Em resposta às perguntas do guarda, a 
moça respondeu que ia ouvir a leitura do testemunho de seu irmão mais 
velho. A polícia deixou-a passar, desejando-lhe felicidade e que recebesse 
uma boa porção da herança. Ainda que haja certa vinculação entre este 
dom e a palavra do conhecimento, há uma diferença básica entre ambos. 
Sabedoria é a capacidade de raciocinar e de planejar com o uso do 
conhecimento e da experiência já adquiridos. 
A distinção entre palavra da sabedoria e palavra do conhecimento, 
pode ser melhor explicada em face do seguinte acontecimento: 
Certa igreja estava reunida num dos seus cultos habituais. Nem bem 
o culto havia começado, quando um dos mais simples membros foi 
possuído por um sentimento de convicção de que se aquele culto não fosse 
interrompido imediatamente, haveria de terminar em catástrofe. Ele 
levantou-se, pediu a palavra ao dirigente e contou o que sentia. Como este 
irmão era tido na conta dum crente de reconhecida piedade, o culto foi 
encerrado e a casa evacuada o mais rápido possível. Minutos depois o 
templo caiu desastrosamente. 
Agradecidos a Deus por lhes ter preservado a vida, os crentes se 
lançaram à construção dum novo templo. Mas, não demorou muito para 
que esmorecessem e interrompessem a obra. Por mais que o pastor os 
concitasse a continuar a construção, mais difícil ficava. 
Num culto em que o pastor falava mais uma vez da necessidade de 
se concluir a construção, aquele mesmo irmão, levantou-se pedindo a pala-
vra e começou a estimular os irmãos a continuar a "construção do templo. 
A certa altura, ele disse: "Façamos de conta que todos nós tivéssemos 
morridos sob as ruínas do templo que ruiu; quanto teríamos gasto pelo 
enterro de cada um de nós?”Contabilizado quanto teria sido pago, disse 
ainda esse simples irmão: "Irmãos, entreguemos aos cofres da igreja a 
importância que cada um de nós teria gasto com o seu próprio funeral e 
esta obra será concluída!" 
Naquele momento todos foram convencidos a fazer isso, e a 
construção foi reiniciada e concluída em tempo recorde. 
Na primeira parte da história vimos a manifestação da palavra do 
conhecimento, e na segunda, a palavra da sabedoria. 
Este dom é ferramenta indispensável para o sucesso do ministro no 
exercício do seu ministério de aconselhamento, e na solução de problemas 
espirituais, sociais e familiares dos membros em particular, e da Igreja em 
geral. 
3.1.3. Discernimento de espíritos 
Através deste dom, Deus revela ao crente a fonte e o propósito de 
toda e qualquer forma de poder espiritual. Através dele o Espírito Santo 
revelou a Paulo que tipo de espírito operava na jovem de Filipos (At 16.18) 
e fez Paulo resistir a Elimas, condenando-o à cegueira: At 13.11. Notemos 
que não se trata do "dom" de julgar ou fazer mau juízo doutras pessoas. 
Este é sem dúvida um dos dons de maior valia para o ministro nos 
dias hodiernos, pois, em meio a tanta contrafação e imitação nos domínios 
da fé e da religião, o obreiro a quem falte este dom, estará em apuros, 
pondo em risco a integridade da doutrina e da segurança do rebanho que 
Deus lhe confiou. 
A grande valia deste dom é evidenciada ainda diante dos seguintes 
fatos: 
Satanás usa as Escrituras e as interpreta para o mal: Mt 4.6; Lc 
4.10,11. 
Ele opera grandes sinais e prodígios: Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 
19.20. 
Ele tem poder de transformar-se em anjo de luz: 2 Co 11.14. 
Na verdade, Satanás não cria nada; ele simplesmente deturpa aquilo 
que Deus criou. Portanto, para se distinguir quem está usando o que Deus 
criou, se Satanás ou se o próprio Deus, esse dom é de grande utilidade. 
Há alguns anos, quando realizávamos cruzada evangélica numa cidade 
do Estado do Maranhão, num dos cultos noturnos aconteceu algo que mar-
cou profundamente o meu ministério. 
Após pregar naquela noite, fiz o apelo àqueles que desejassem 
aceitar a Jesus como Salvador. Enquanto assimprocedia, vi um homem 
que vagava no meio da multidão, como se algo estranho o estivesse 
inquietando. Feita a oração pelos recém-decididos, chamei à frente as 
pessoas portadoras de enfermidades para que por elas eu orasse. Ao olhar a 
multidão compacta que se postava diante da plataforma, vi aquele mesmo 
senhor entre os que buscavam a cura para as suas enfermidades. Concluída 
a oração, verifiquei que ele começava a avermelhar os olhos enquanto me 
fitava, e logo mostrou estar sofrendo um tremendo mal-estar. 
Em seguida pedi que um dos obreiros, meus companheiros de 
equipe, descesse da plataforma e verificasse o que se estava passando com o 
cavalheiro. Voltando, disse-me que não pôde descobrir o que acontecia 
com o homem. Pedi que um segundo obreiro fosse, o qual, no entanto, 
desceu e voltou com a mesma resposta do primeiro. Assim, diante da 
incerteza quanto ao que acontecia, eu mesmo desci, e, num rápido diálogo 
com o estranho, o Espírito de Deus fez-me entender que eu estava diante 
dum homem possesso por um demônio muito violento, que me dizia estar 
vindo do reino das cobras. 
Quando voltei à plataforma, demorou pouco, o citado homem subiu ao 
meu encontro para matar-me, porém, pelo poder de Deus, foi lançado por terra, 
caindo como morto, sendo depois levado para casa pelos seus familiares. 
Enquanto tudo isto acontecia sobre a plataforma, a multidão que atônita 
testemunhara tudo aquilo, foi dividida ao meio como por um raio, e naquele 
momento apareceu uma enorme cobra, de procedência ignorada, a qual foi 
pisoteada e morta por um rapaz que participava do culto. Mais ou menos 
cinco minutos depois, a multidão divide-se outra vez e outra grande cobra 
aparece sendo também morta pelo mesmo rapaz que matara a primeira. 
Não havia mais dúvida de que havíamos testemunhado uma violenta 
batalha entre a luz e a força das trevas; batalha que foi vencida pelo 
Senhor, pois, no dia seguinte, em resposta às nossas orações, o demônio foi 
expulso daquele homem e ele foi salvo e batizado com o Espírito Santo na 
manhã do último dia da cruzada. Desde então sempre que visito aquela 
próspera igreja, sinto-me feliz por ver que o homem da história é agora um 
obreiro abnegado e dedicado à santa causa do Senhor. 
Em geral, estes três dons (de revelação), estão afetos ao ministério 
de governo da Igreja, e constituem uma espécie de apoio à administração e 
edificação da Igreja do Senhor, na terra. 
3.2. Dons de poder 
Os dons de poder formam o segundo grupo dos dons do Espírito 
Santo, e existem em função do sucesso e do cumprimento da grande 
comissão dada por Jesus Cristo. Como o Evangelho é o poder de Deus, é 
natural que tenha a sua pregação confirmada com sinais e maravilhas 
sobrenaturais, que ratificam esse Evangelho e lhe dão patente divina. 
3.2.1. Dons de curar 
No grego, tanto o dom (curar), como o seu efeito, está no plural, o 
que dá a entender que existe uma variedade de modos na operação deste 
dom. Assim, um servo de Deus pode não ter todos os dons de curar, e, por 
isso, às vezes, muitos não são curados por sua intercessão. Por exemplo, 
Paulo orou pelo pai de Públio, que se achava com febre e disenteria, na ilha 
de Malta, e Jesus o curou (At 28.8), porém foi forçado a deixar o seu amigo 
Trófimo doente em Mileto: 2 Tm 4.20. 
Como são diferentes os tipos de enfermidades, é evidente que há 
um dom de cura para cada tipo de enfermidade, sejam elas orgânicas, 
psicossomáticas ou de patogenia espiritual. 
Um dos mais belos exemplos de homens de quem o Espírito Santo se 
apodera, através dos dons de curar, foi sem dúvida Smith Wigglesworth, 
falecido em 1946, com 87 anos. De um simples bombeiro hidráulico que 
era, veio a se tornar num dos mais famosos pregadores leigos da Inglaterra. 
Tão grande era a simpatia que Smith Wigglesworth exercia em 
benefício dos que sofriam, que chegou a ser conhecido como o "Grande 
Coração" (lembrando uma das personagens do sonho de João Bunyan, 
narrado no livro "O Peregrino"). 
Dentre o grande número de casos de pessoas que foram ajudadas por 
esse humilde servo de Deus, citemos apenas um, relatado pelo próprio Sr. 
Smith: 
"Recebi diversos telegramas e cartas pedindo-me que fosse orar por 
certa moça em Londres. Não me explicaram de que se tratava; eu sabia 
apenas que ela estava muito angustiada. Ao chegar a casa, o pai e a mãe da 
enferma me seguraram pela mão e romperam em choro. Então me levaram 
até o andar de cima, onde me apontaram a porta dum quarto e voltaram. Ao 
entrar nesse quarto, presenciei a cena mais triste que jamais tinha visto: 
quatro homens robustos seguravam no chão uma linda moça, cuja roupa já 
estava rasgada de lutar com eles. 
"Ao entrar e olhar nos olhos da moça, ela os volveu, sem poder falar. 
Estava nas mesmas condições do homem que, ao ver Jesus, saiu do túmulo 
para estar com Ele. Logo ao chegar-se a Jesus, os demônios falaram. Os 
demônios que estavam na moça falaram também, dizendo: 'Nós te 
conhecemos. Não podes nos expulsar; somos muitos'. 
"Respondi-lhes: 'Sim, sei que sois muitos, mas o Senhor Jesus vai 
expulsar-vos a todos'. Foi um momento maravilhoso, um momento em que 
somente Jesus podia enfrentar a situação. O poder que dominava a moça 
era tão grande; que, automaticamente, ela se virou, libertando-se dos 
quatro homens musculosos que a seguravam. 0 Espírito do Senhor 
sobreveio-me em grande poder e avancei, fitei o rosto da moça e vi o poder 
do maligno; os olhos dela cintilavam cheios do próprio poder dos 
demônios. Instintivamente, clamei: 'Sei que sois muitos, mas vos mando 
no nome de Jesus que saiais, agora mesmo'. Ela começou imediatamente a 
vomitar. Dentro duma hora vomitou trinta e sete espíritos imundos e cada 
vez que o fazia dava o nome do espírito que lançava. No mesmo dia ficou 
perfeitamente sã." 
A operação dos dons de curar tem aberto muitos corações incrédulos 
à fé em Jesus Cristo, confirmando que Ele é o mesmo, ontem, hoje e 
eternamente. 
3.2.2. Operação de milagres 
Ambas as palavras aparecem no original grego, no plural, o que 
sugere que há uma variedade de modos de milagres e de atos de poder. Por 
milagres ou maravilhas, entende-se todo e qualquer fenômeno que altera 
uma lei preestabelecida. "Milagres" e "Maravilhas", são plurais da palavra 
"poder" em Atos 1.8, que significa: atos de poder grandiosos, 
sobrenaturais, que vão além do que o homem pode ver. 
A operação de milagres só acontece em relação às operações de 
Deus (Mt 14.2; Mc 6.14; Gl 4.5 e Fp 3.21) ou de Satanás: 2 Ts 2.7,9; Ef 2.2. 
Portanto, este dom opera especialmente em conexão com o conflito entre 
Deus e Satanás. 
Nesses atos de poder de Deus que infligem derrota a Satanás, 
poderíamos incluir o juízo de cegueira sobre Elimas, o mágico (At 13.9-
11), e a expulsão de demônios. Também pode ser classificado como 
milagre o resultado da operação divina na cura de determinadas 
enfermidades, para as quais ainda não há remédio, como por exemplo: 
certos tipos de câncer, alguns tipos de cegueira, surdez, mudez, e 
determinados tipos de paralisia etc. 
Havendo chegado à época dos foguetes para a lua, do computador 
eletrônico, das comunicações via satélite, das viagens em velocidade 
supersônica e da TV em cores, cabe-nos perguntar: - Será possível a 
realização de milagres, hoje? - Tendo em vista que Deus é o mesmo e que o 
homem ainda necessita de algo que está acima das suas possibilidades e 
não poucas vezes acima da natureza, é lógico crer que milagres ainda 
acontecem hoje. 
A capacidade de ação de Deus nunca esteve condicionada ao tempo 
e ao espaço, mas à capacidade humana de crer naquilo que Deus diz. 
Ontem, hoje e sempre prevalece a declaração divina: "Se creres verás...", 
Jo 11.40. 
3.2.3. Fé 
O dom da fé envolve uma fé especial, diferente da fé para salvação, 
ou da fé que é mostrada por Paulo como aspecto do fruto do Espírito: Gl 
5.22. O dom da fé traduz uma fé especial e sobrenatural, verdadeiro apelo 
a Deus no sentido de que Ele intervenha, quando todos os recursoshumanos se têm esgotado. Foi este o tipo de fé com o qual foram dotados os 
grandes heróis mostrados na galeria de Hebreus capítulo 11. 
Por ter sido dotado desta fé especial, Abraão "em esperança, creu 
contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe 
fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem 
atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem 
anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não 
duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, 
dando glória a Deus: E estando certíssimo de que o que Ele tinha prome-
tido também era poderoso para o fazer", Rm 4.18-21. 
A história do evangelismo e das missões modernas está pontilhada 
de narrativas da maneira como Deus agiu em resposta ao apelo deste dom, 
manifesto através de leigos, de pastores e de evangelistas sinceros. 
3.3. Dons de inspiração 
Este é o terceiro e último grupo dos nove dons do Espírito Santo 
registrados pelo apóstolo Paulo no capítulo 12 da sua primeira epístola aos 
Coríntios. Ao contrário dos dois primeiros grupos de dons, em geral 
exercidos pelo ministério responsável pela administração da Igreja, este 
último grupo tem se feito experiência comum para os crentes em geral. 
3.3.1. Variedade de línguas 
Variedade de línguas é a expressão falada e sobrenatural duma 
língua nunca estudada pela pessoa que fala; uma palavra enunciada pelo 
poder do Espírito Santo, não compreendida por quem fala, e usualmente 
incompreensível para o ouvinte. Nada tem a ver com a facilidade de 
assimilar línguas estrangeiras (poliglotismo): tampouco tem a ver com o 
intelecto. É a manifestação da mente de Deus por intermédio dos órgãos da 
fala do ser humano (glossolalia). 
Como este livro traz um capítulo inteiro sobre esse dom, torna-se 
desnecessário acrescentar qualquer outra informação aqui. 
3.3.2. Interpretação das línguas 
O dom de interpretação de línguas é o único cuja existência ou 
função depende de outro dom -a variedade de línguas. Conseqüentemente, 
não havendo o dom de variedade de línguas, não pode haver a 
interpretação de línguas. 
"Interpretação" aqui não é a mesma coisa que tradução. A 
interpretação geralmente alonga-se mais que a simples tradução. 
Vale a pena ressaltar a importância de nos precavermos dum ensino 
aritmético quanto aos três dons de inspiração, muito comum nos nossos 
dias, a ensinar que línguas + interpretação é = a profecia. É evidente que 
são muitos os riscos a que está sujeito este ensino. 
Partindo do ensino de Paulo de que “... quem fala em outra língua, 
não fala a homens, senão a Deus..." (1 Co 1.4.2), “... mas o que profetiza 
fala aos homens" (1 Co 14.3), temos de aceitar que é Deus quem fala 
através do profeta à congregação. Assim o ensino de que línguas + 
interpretação é = a profecia não se harmoniza com o ensino de Paulo, pelas 
seguintes razões: 
a. - Quem fala em outra língua, fala a Deus. A direção da fala é 
vertical, homem - Deus: sempre no sentido de baixo para cima e 
nunca de cima para baixo. 
b. - Ainda que não seja uma tradução palavra por palavra, a 
interpretação tem de se manter fiel à língua estranha falada, tanto 
no seu conteúdo quanto na sua direção, pois é de se esperar que a in-
terpretação continue sendo o homem falando com Deus. 
c. - Partindo do princípio de que profecia é Deus falando a alguém 
(Deus - homem), de cima para baixo e nunca de baixo para cima, 
há grande diferença de direção entre o dom de profecia e o de 
línguas e a interpretação de línguas. 
Este ensino, sincero sem dúvida, mas que não se apóia nas 
Escrituras, deve ter surgido devido ao fato de haver muitos elementos 
comuns entre o dom de interpretação de línguas e o dom de profecia. Por 
haver peculiaridades comuns a ambos esses dons, não implica em que eles 
sejam absolutamente iguais quanto à sua maneira de manifestação. 
O dom de interpretação de línguas revela o poder, a riqueza, a 
soberania e a sabedoria de Deus. Por certo que este dom não implica em 
que haja algum tipo de conhecimento do idioma por parte do intérprete. 
A interpretação de línguas é em si mesma um dom tão miraculoso 
quanto o é o próprio dom de variedade de línguas. 
3.3.3. Profecia 
A profecia é uma manifestação do Espírito de Deus e não da mente 
do homem, e é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso: 1 Co 
12.7. 
Embora o dom da profecia nada tenha a ver com os poderes 
normais do raciocínio humano, pois é algo muito superior, isso não impede 
que qualquer crente possa exercitá-la: "Porque todos podereis profetizar, 
um após outro, para todos aprenderem e serem consolados", 1 Co 14.31. 
Ainda que nalguns casos o dom da profecia possa ser exercido 
simultaneamente com a pregação da Palavra, é evidente que esse dom é 
dotado de um elemento sobrenatural, não devendo, portanto, ser 
confundido com a simples habilidade de pregar o Evangelho. 
Dada a importância desse dom em face dos demais dons espirituais, 
e dentro do contexto da doutrina pentecostal, necessário se faz uma análise 
cuidadosa, no sentido de conceituá-lo no seio da Igreja hoje. 
O apóstolo Paulo adverte os crentes a procurar "com zelo os dons 
espirituais, mas principalmente o de profetizar" (1 Co 14.1); isto por 
razões que ele mesmo enumera: 
a. Porque "o que profetiza fala aos homens para edificação, 
exortação e consolação... O que profetiza edifica a igreja", 1 Co 14.3,4. 
"Edificação", "exortação" e "consolação" são os três elementos 
básicos da profecia, são a razão de ser e de existir desse dom. Ê evidente 
que isto contraria a crença tão popular entre nós, de que o principal 
elemento da profecia é o preditivo (predição do futuro). Certamente, que 
tanto o Antigo quanto o Novo Testamento contêm numerosas profecias 
preditivas, muitas das quais já se cumpriram, e outras estão se cumprindo, 
e outras ainda se hão de cumprir. No entanto, no conteúdo geral das Escri-
turas, o elemento preditivo da profecia é relativamente o menor. 
 Porque "se todos profetizarem, e algum in-douto ou infiel entrar, 
de todos é convencido, de todos é julgado. Os segredos do seu coração 
ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, 
publicando que Deus está verdadeiramente entre vós", 1 Co 14.24,25. 
Há algo mais que precisamos ter em mente quanto ao dom de 
profecia e o seu uso na Igreja hodiernamente: 
a) O dom de profecia nunca deve exercer propósitos diretivos ou de 
governo sobre a Igreja. No Antigo Testamento, Israel era governado por 
reis e o culto era dirigido pelos sacerdotes, mas nunca por alguém que se 
tivesse distinguido por um ministério cem por cento profético. Os profetas 
eram apenas colaboradores na condução do povo. O mesmo aconteceu com 
a Igreja do Novo Testamento: o seu governo sempre esteve sob a 
responsabilidade dos presbíteros ou bispos, ou pastores, mas nunca sob a 
responsabilidade de profetas. 
Escreveu o missionário Eurico Bergstén, que "quando alguém, por 
meio de profecia, penetra na direção da igreja, mostra que é dominado por 
influências estranhas. Abre-se, então, uma porta para a perturbação... 
Quando alguém se faz 'oráculo de profeta', para responder a perguntas e 
orientar os crentes, está usando indevidamente o dom de profecia... O dom 
de profecia não atinge, nesta dispensação, a faixa de consulta, pois tem 
uma outra finalidade: a edificação da Igreja". 
b) Devido a possíveis abusos quanto ao uso do dom da profecia, 
este dom está sujeito a análise e a conseqüente julgamento. Recomenda o 
apóstolo Paulo: “... falem dois ou três profetas, e os outros julguem", 1 Co 
14.29. 
Paulo arremata suas advertências quanto ao dom de profecia, 
dizendo: "Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as 
coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor", 1 Co 14.37 
O dom de profecia não deve ser desprezado (1 Tm 4.14), mas 
despertado (2 Tm 2.16), a fim de que a Igreja seja enriquecida: 1 Co 1.57. 
4. FALSOS CONCEITOS QUANTO AOS DONS DOESPÍRITO SANTO 
Através dos anos têm se desenvolvido as mais variadas e absurdas 
teorias a respeito dos dons do Espírito Santo, dentre as quais se destacam 
as seguintes: 
4.1. Os dons eram restritos à era apostólica Os que defendem esta 
teoria afirmam que os sinais sobrenaturais e os dons do Espírito Santo, 
foram enviados com o propósito exclusivo de confirmar a divindade de 
Jesus, e autenticar os primeiros pregadores do Evangelho e sua mensagem. 
Argumentam também que a necessidade de tais manifestações 
sobrenaturais cessaram depois de completado o Novo Testamento. 
4.2. Os dons hoje são habilidades naturais 
Isto é, Deus premia algumas pessoas privilegia das, dando-lhes dotes 
especiais. Por exemplo: pessoas com a habilidade fora do comum para 
lingüística, como Rui Barbosa, têm o dom de línguas e de interpretação; 
quem tem mãos habilidosas e grande capacidade como cirurgião, tem o 
dom de curar; quem mostra erudição na pregação, tem o dom da profecia; 
e assim por diante. 
4.3. Os dons são inalcançáveis 
Os que advogam esta interpretação, dizem que os dons são tão 
grandiosos e santos na sua essência, que ninguém está suficientemente 
preparado para merecê-los; portanto ninguém os possui. 
5. OS DONS ESPIRITUAIS SÃO PARA A IGREJA 
HOJE 
É evidente que as três teorias supramencionadas, comuns nos 
escritores antipentecostais, não podem subsistir, porque se contradizem 
com aquilo que a Bíblia e a experiência cristã dizem sobre o assunto, como 
vemos a seguir. 
Não há nenhuma evidência em o Novo Testamento de que os dons 
do Espírito Santo foram restritos à era apostólica, nem que eles sejam 
habilidades naturais aos mais inteligentes, ou mesmo «que sejam tão 
santos em si que ninguém seja suficientemente puro para merecê-los. 
Pelo modo como o assunto é tratado nas epístolas apostólicas, 
conclui-se que os dons espirituais são para a Igreja hodierna. Esta opinião 
é comungada por famosos teólogos e por muitas igrejas da atual geração. 
O teólogo suíço, Karl Barth, escrevendo sobre as manifestações 
extraordinárias do Espírito Santo no contexto de 1 Coríntios 13, diz: “... na 
falta delas, há razão para perguntar se por orgulho ou por preguiça a 
comunidade como tal se furtou talvez a essa concessão, falsificando assim 
o seu relacionamento com o Senhor, aniquilando-o, por se tratar de uma 
relação nominal e não real". 
Emil Brunner escreveu que "o milagre do Pentecoste, e tudo o que 
está incluído nos charismata, os dons do Espírito, não deve ser abrandado 
a um puritanismo teológico". 
A Igreja Presbiteriana Unida, nos Estados Unidos, num dos seus 
documentos de 1971, sobre "A Obra do Espírito Santo", declara: “... não 
podemos seguir o ponto de vista de alguns teólogos no sentido de que os 
dons puramente sobrenaturais cessaram com a morte dos apóstolos. Não 
parece existir base exegética para tal suposição. Cremos que o Espírito 
Santo está testemunhando à Igreja que ela deveria estar 'orando e 
suspirando' pelo ministério do Espírito e suas manifestações, pois, com 
demasiada freqüência, a dimensão carismática está sendo reduzida a nível 
da dinâmica psicológica e posta de lado como uma aberração emocional". 
O Relatório de 1974 do Painel sobre doutrina da "Church of 
Scotland" intitulado "O Movimento Carismático Dentro da Igreja 
Escocesa", diz: "Desde que Deus finalmente falou em Cristo, o que sem 
dúvida cessou foram as revelações. O que não cessou, segundo as 
Escrituras, foi a promessa dos dons. A promessa em Marcos foi para 
'aqueles que crêem', e esta é uma promessa válida para todos os tempos e 
até o fim dos tempos. Não há nada nas Escrituras que possa limitá-la ao 
'início' do Evangelho..." 
Num breve "Sumário de Conclusão", o mesmo Painel estabelece: 
"Os dons do Espírito Santo devem ser operados. Onde houver 
esperança; a Igreja pode perfeitamente ser galardoada com uma medida 
maior e mais evidente desses dons do que o seria uma igreja que há tempos 
acredita que eles tenham cessado." 
Os escritores antipentecostais se habituaram a citar 1 Coríntios 
13.10: 
"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será 
aniquilado". 
Foi daí que extraíram o absurdo ensino de que os dons espirituais 
cessariam logo após fossem concluídos os escritos do Novo Testamento. 
A respeito deste assunto de 1 Coríntios 13.10, escreve o Dr. Russell 
Norman Champlin, no seu "Novo Testamento Interpretado": 
"Não existe aqui, obviamente, nenhuma referência ao cânon das 
Escrituras do Novo Testamento, como a 'perfeição' que esperamos. Esta 
interpretação é uma invenção do século XX para obter um texto de prova 
para ensinar que os dons, necessariamente, deveriam ter acabado ao fim da 
era apostólica. A 'perfeição' do texto é adequadamente descrita: Nesta 
perfeição 'conhecerei plenamente, como também sou plenamente 
conhecido', v.12... O cânon das Escrituras, claramente, não trouxe tais 
condições. Paulo está é antecipando a perfeição que a segunda vinda de 
Cristo trará... 
"Precisamos da manifestação de todos os dons espirituais, tanto 
hoje em dia como em qualquer outra época; porquanto a nossa era se 
caracteriza pelo materialismo e pela mais profunda impiedade. Os dons 
espirituais deveriam fortalecer a Igreja e fazer dela um poder neste período, 
contanto que todos venham genuinamente da parte do Espírito Santo". 
5 
Os dons e o fruto do Espírito 
Antes do grande avivamento pentecostal iniciado no começo deste 
século, dava-se muita ênfase ao fruto do Espírito, enquanto que os dons 
eram ignorados. Para combater esse desequilíbrio, começou-se a dar ênfase 
aos dons e quase a ignorar o fruto do Espírito. Hoje, no entanto, a situação 
parece bem mais delicada, devido ao fato de estarmos dando pouca ênfase 
tanto aos dons quanto ao fruto do Espírito. 
Evidentemente, esta posição coloca-nos em desacordo com a Bíblia 
Sagrada, devendo, portanto, levar-nos a tomar uma nova atitude quanto ao 
assunto. 
1. RELAÇÃO DOS DONS E DO FRUTO DO 
ESPÍRITO SANTO 
De acordo com o que escreveu o apóstolo Paulo em sua primeira 
carta aos Coríntios 12.8-10 e Gálatas 5.22, são os seguintes os dons e o fruto 
do Espírito Santo: 
Os dons do Espírito 
 
1. Palavra da sabedoria 
2. Palavra do conhecimento 
3. Fé 
4. Dons de curar 
5. Operação de milagres 
6. Profecia 
7. Discernimento de espíritos 
8. Variedade de línguas 
9. Interpretação de línguas 
 
O fruto do Espírito 
 
1. Caridade 
2. Gozo 
3. Paz 
4. Longanimidade 
5. Benignidade 
6. Bondade 
7. Fé 
8. Mansidão 
9. Temperança 
O fato de os dons serem em número de nove e o fruto do Espírito 
ser nônuplo, parece não passar duma mera coincidência, porém, não é 
assim. Levando em consideração que o Espírito Santo foi o divino 
inspirador de toda a Bíblia, temos de considerar também o interesse divino 
em nos comunicar um grande e necessário ensino através dessa aparente 
coincidência. , 
2. DISTINÇÃO ENTRE DONS E FRUTO DO 
ESPÍRITO 
O homem possui uma tendência natural para confundir os mais 
excelentes valores da vida. Esta tendência se mostra mais acentuada no 
trato com as coisas espirituais, como a de confundir os dons com o fruto 
do Espírito. Mas, é bom lembrar que, não obstante os dons e o fruto 
procederem do mesmo Espírito, dons e fruto são diferentes entre si: 
Os dons são dados, recebidos, enquanto o fruto é gerado em nós. 
Os dons vêm após o batismo com o Espírito Santo, enquanto o 
fruto começa com a obra do Espírito, a partir da regeneração. 
Os dons vêm de fora, do Alto, enquanto o fruto vem do interior. 
Os dons vêm completos, perfeitos, enquanto o fruto requer tempo 
para crescer e desenvolver-se. 
Os dons são dotações de poder de Deus, enquanto que o fruto é 
uma expressão do caráter de Cristo. 
Os dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o 
fruto se relaciona com o caráter do portador. 
Os dons são a operação soberana do Espírito Santo, enquanto o 
fruto (também do Espírito) nos vem mediante Jesus Cristo. 
Os dons são distintos, enquanto o fruto, sendo nônuplo,não é 
dividido. 
Os dons conferem poder, enquanto que o fruto confere autoridade. 
Os dons comunicam espiritualidade, enquanto o fruto comunica 
irrepreensão. 
Os dons identificam-se com o que fazemos, enquanto o fruto 
identifica-se com o que somos. 
Os dons podem ser imitados, enquanto que o fruto jamais o será. 
Ainda que sugerida em o Novo Testamento, a necessidade de o 
crente evidenciar tanto os dons como o fruto do Espírito, é perfeitamente 
possível que o crente possa evidenciar os dons do Espírito sem contudo 
manifestar o fruto, ou evidenciar o fruto e não manifestar os dons. 
Evidentemente, esta não é nenhuma nova revelação pertinente aos 
pentecostais. O apóstolo Paulo foi o primeiro a escrever sobre esta 
possibilidade: 
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não 
tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E 
ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e 
toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira que transportasse 
os montes, e não tivesse caridade, nada seria. Ainda que distribuísse toda 
a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu 
corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aprovei-
taria", 1 Co 13.1-3. 
O problema da igreja de Corinto não era a falta dos dons do 
Espírito. Paulo escreveu que nenhum dom faltava a essa igreja: 1 Co 1.7. O 
que faltava ali era a manifestação do fruto do Espírito, principalmente o 
aspecto maior deste fruto - o amor. Por isso, o apóstolo foi em socorro 
dessa igreja, ensinando-a como harmonizar os dons e o fruto do Espírito 
em sua vida no seu dia-a-dia. 
Numa alusão feita acerca do fruto do Espírito, apontando o amor 
como o aspecto maior do mesmo fruto, escreve o Rev. Boyd: 
"Gozo é o amor obedecendo. 
Paz é o amor repousando. 
Longanimidade é o amor sofrendo. 
Benignidade é o amor mostrando compaixão. 
Bondade é o amor agindo. 
Fé é o amor confiando. 
Mansidão é o amor suportando. 
Temperança é o amor controlando". 
Poder sem amor é que faz o Diabo ser o que é; e por ignorarmos 
esta verdade, muitos de nós nos envolvemos de tal forma na busca de 
poder, poder e mais poder, que impedimos que o fruto do Espírito se 
manifeste fundindo em nós o caráter de Cristo. Sem dúvida, esta tem sido 
a principal causa por que vivemos uma geração de crentes que na sua 
quase totalidade são impotentes espiritualmente. Por isso não podem 
mostrar gozo na tribulação, nem paz nas pelejas da vida, nem 
longanimidade para com os seus inimigos, nem benignidade para com os 
sofredores, nem bondade para com os necessitados, nem fé genuína nas 
promessas de Deus, nem mansidão para com aqueles que os molestam, 
nem controle em face das adversidades da vida. 
A orientação divina dada a Moisés quanto ao adorno das vestes 
sacerdotais no Antigo Testamento, dá-nos uma visão adequada da 
harmonia que deve haver entre os dons e o fruto do Espírito: 
"E nas suas bordas farás romãs de azul, e de púrpura, e de 
carmesim, ao redor das bordas; e campainhas de ouro do meio delas ao 
redor. Uma campainha de ouro, e uma romã, outra campainha de ouro, e 
outra romã, haverá nas bordas do manto ao redor; e estará sobre Arão 
quando ministrar, para que se ouça o seu sonido quando entrar no santuário 
diante do Senhor", Êx 28.33-35. 
Observe que a orientação divina não diz: "Uma campainha, outra 
campainha e mais outra campainha". Também não diz: "Uma romã, outra 
romã e mais outra romã", mas afirma: "Uma campainha de ouro, e uma romã; 
outra campainha de ouro, e outra romã e assim por diante". 
Aplicado este princípio divino à harmonia entre os dons e o fruto 
do Espírito, o excelente seria: um dom, o fruto; outro dom, o fruto; outro 
dom ainda, o fruto e assim sucessivamente.

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