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Outubro 2021
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LEI 14.208/2021: 
POSSIBILIDADE DE SE INSTITUIR AS FEDERAÇÕES 
DE PARTIDOS POLÍTICOS
A Lei nº 14.208/2021 alterou a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) e a Lei nº 9.504/97 (Lei das Elei-
ções), para instituir as federações de partidos políticos.
O que é uma federação de partidos políticos?
É a reunião de dois ou mais partidos políticos que possuam afinidade ideológica ou programática e que, 
depois de constituída e registrada no TSE, atuará como se fosse uma única agremiação partidária.
Essa possibilidade foi inserida pela Lei nº 14.208/2021 no art. 11-A da Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos).
Quais as são as principais regras para a criação de uma federação de partidos políticos?
A criação da federação de partidos políticos obedecerá às seguintes regras:
I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no TSE;
II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por, no mínimo, 4 anos. 
O partido que descumprir essa regra, receberá as seguintes sanções:
a) ficará proibido de ingressar em outra federação e de celebrar coligação nas 2 eleições seguintes;
b) ficará proibido de utilizar o fundo partidário até completar o prazo mínimo remanescente para com-
pletar os 4 anos (ex: se abandonou a federação após 3 anos, ficará impedido de utilizar o fundo partidário 
por mais 1 ano).
III – a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das convenções partidá-
rias. Assim, é vedada a formação de federação de partidos após o prazo de realização das convenções 
partidárias.
REPORTAGEM 
DE CAPA
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IV – a federação terá abrangência nacional e seu 
registro será encaminhado ao TSE.
Deverão ser aplicadas à federação de partidos 
todas as normas que regem o funcionamento 
parlamentar e a fidelidade partidária (§ 1º do art. 
11-A da Lei nº 9.096/95).
Se um partido deixar a federação, ela pode conti-
nuar existindo?
SIM, desde que, mesmo com essa saída, conti-
nue havendo pluralidade de partidos, ou seja, a 
federação continue com, no mínimo, 2 partidos. 
Confira o que diz o § 5º do art. 11-A:
Art. 11-A (...)
§ 5º Na hipótese de desligamento de 1 (um) ou 
mais partidos, a federação continuará em fun-
cionamento, até a eleição seguinte, desde que 
nela permaneçam 2 (dois) ou mais partidos.
Etapas para a constituição de uma federação
1) Decisão tomada pela maioria absoluta dos 
votos da direção nacional do partido aprovando 
a formação e ingresso na federação. Essa delibe-
ração deverá ser formalizada em uma resolução 
partidária;
2) Elaboração de um programa e de um estatuto 
para a federação. Esse estatuto é muito impor-
tante porque nele serão definidas as regras para 
a composição da lista da federação para as elei-
ções proporcionais. (§ 7º do art. 11-A).
3) Formação de um órgão de direção nacional 
para a federação.
4) Pedido de registro da federação no TSE.
Documentos necessários para o pedido de registro 
da federação no TSE
O pedido de registro de federação de partidos 
encaminhado ao TSE será acompanhado dos 
seguintes documentos:
I – cópia da resolução tomada pela maioria 
absoluta dos votos dos órgãos de deliberação 
nacional de cada um dos partidos integrantes da 
federação;
II – cópia do programa e do estatuto comuns da 
federação constituída;
III – ata de eleição do órgão de direção nacional 
da federação.
Como a federação atua nas eleições?
Aplicam-se à federação de partidos todas as 
normas que regem as atividades dos partidos 
políticos no que diz respeito às eleições, inclusive 
no que se refere à: 
a) escolha e registro de candidatos para as elei-
ções majoritárias e proporcionais; 
b) arrecadação e aplicação de recursos em cam-
panhas eleitorais;
c) propaganda eleitoral;
c) contagem de votos;
d) obtenção de cadeiras;
e) prestação de contas; e 
f) convocação de suplentes.
Desse modo, para as eleições, a federação é 
como se fosse um único partido político.
REPORTAGEM 
DE CAPA
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Infidelidade partidária e federação
A Lei nº 14.208/2021 inseriu uma norma tratando sobre infidelidade partidária no § 9º do art. 11-A da Lei 
nº 9.096/95. Antes de analisarmos o que diz esse dispositivo, acho importante tecer algumas considera-
ções prévias sobre o tema para entendermos melhor a nova previsão.
No Brasil, a pessoa só pode concorrer a um cargo eletivo se ela estiver filiada a um partido político. Essa 
exigência está prevista no art. 14, § 3º, V, da CF/88.
Mesmo não havendo uma norma expressa na lei ou na CF/88 dizendo isso, o TSE e o STF, em 2007, de-
cidiram que a infidelidade partidária era causa de perda do mandato eletivo. Em outras palavras, o TSE 
e o STF firmaram a tese jurisprudencial de que, se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, sair do 
partido político no qual foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa.
Posteriormente, em 2015, foi editada a Lei nº 13.165/2015, que alterou a Lei nº 9.096/95, passando a tratar 
expressamente sobre o tema “infidelidade partidária”. Veja o artigo que foi acrescentado naquela época:
Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido 
pelo qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo de filiação 
exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
Veja agora o novo § 9º do art. 11-A da Lei nº 9.096/95, inserido pela Lei nº 14.208/2021:
Art. 11-A (...)
§ 9º Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, de partido que 
integra federação.
Coligação partidária x federação de partidos
Antes de tratar das diferenças, vamos expor as semelhanças:
SEMELHANÇAS
1) Tanto a coligação como a federação consistem na reunião de dois ou mais partidos;
2) Funcionam, perante a Justiça Eleitoral, como se fosse um único partido;
3) Devem ser constituídas até a data final do período de realização das convenções partidárias. Exceção: 
excepcionalmente, a formação de coligações pode ser delegada pelos convencionais à direção partidária, de 
forma a permitir que a coligação possa ser constituída, em tese, até o protocolo do registro de candidatura.
REPORTAGEM 
DE CAPA
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DIFERENÇAS
COLIGAÇÃO FEDERAÇÃO
Constituída para disputar e vencer 
uma determinada eleição majoritária 
(Presidente, Governador ou Prefeito).
Constituída para atuar, no mínimo durante 
4 anos, como se fosse uma única 
agremiação partidária.
Sua atuação se limita ao período eleitoral. 
Depois da eleição, a coligação é dissolvida.
Sua atuação ocorre não apenas no período 
eleitoral, mas também durante o exercício do 
mandato. A federação dura, no mínimo, 4 anos.
Não precisa ser nacional.
É possível a existência de coligações de âmbi-
to nacional, estadual, distrital ou municipal.
A federação, necessariamente, 
terá abrangência nacional.
Não é possível a coligação para disputar 
eleições proporcionais.
Não existe essa restrição no caso da 
federação, que pode atuar tanto nas eleições 
proporcionais como majoritárias.
Registro perante o juízo competente para 
o registro de candidatura. Registro no TSE.
Durante o período eleitoral, o partido so-
mente terá legitimidade para atuar 
de forma isolada quando questionar 
a validade da própria coligação.
É assegurada a identidade e a autonomia dos 
partidos integrantes da federação.
Eventual saída de partido de coligação 
impactará tão somente nas candidaturas 
eventualmente registradas, sem qualquer 
penalidade ao partido.
O partido que sair da federação antes 
do prazo mínimo ficará sujeito a sanções.
A prestação de contas de campanha 
é feita por cada partido isoladamente 
(e não pela coligação).
A prestação de contas das campanhas será 
feita deforma conjunta, pela federação.
REPORTAGEM 
DE CAPA
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Qual é a diferença entre uma fusão e a federação de partidos políticos? Por que fazer uma federação em vez de 
uma fusão?
FUSÃO FEDERAÇÃO
Os partidos que participam da fusão deixam 
de existir. Após ser concluída, só existirá o 
novo partido resultante da fusão.
Os partidos que formam a federação 
continuam existindo. Não são extintos.
Ficam preservadas a identidade e a autonomia 
dos partidos que integram a federação.
É feita de forma definitiva, considerando 
que acarreta a extinção dos partidos 
políticos fundidos.
É uma reunião não definitiva, havendo a possi-
bilidade de o partido político deixar a federação 
sem qualquer restrição, desde que tenha perma-
necido filiado por um prazo mínimo de 4 anos.
Pode ser feita a qualquer tempo, ou seja, 
mesmo após a data final do período de 
realização das convenções partidárias.
Somente pode ser constituída até 
a data final do período de realização 
das convenções partidárias.
Vigência
A Lei nº 14.208/2021 entrou em vigor na data de sua publicação (29/09/2021).
https://www.editorajuspodivm.com.br/compre-por-colecao/dizer-o-direito
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
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EC 111/2021: REFORMA ELEITORAL 
A emenda constitucional nº 111/2021 tratou sobre os seguintes temas:
• disciplinou a realização de consultas populares concomitantes às eleições municipais; 
• dispôs sobre o instituto da fidelidade partidária;
• alterou a data de posse de Governadores e do Presidente da República; e 
• estabeleceu regras transitórias para distribuição entre os partidos políticos dos recursos do fundo parti-
dário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e para o funcionamento dos partidos 
políticos.
Vejamos cada um dos pontos.
1. CONSULTAS POPULARES NO MESMO PERÍODO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Antes de mostrar o que mudou na Constituição, é importante fazer algumas breves considerações para 
que você possa compreender melhor o tema.
Formas diretas de exercício da soberania popular
A Constituição Federal (art. 1º, parágrafo único) prevê que todo o poder emana do povo.
O povo exerce esse poder por meio de:
• representantes eleitos (é a atuação dos políticos eleitos com o nosso voto); ou
• diretamente.
E como o povo exerce diretamente seu poder?
A própria Constituição Federal (art. 14) fornece três exemplos nos quais o povo, diretamente, toma deci-
sões que seriam, normalmente, praticadas pelos políticos eleitos:
a) plebiscito;
b) referendo;
c) iniciativa popular.
No plebiscito e no referendo o povo é consultado para saber se concorda, ou não, com um ato legislativo 
ou administrativo de relevante interesse público. A diferença entre os dois instrumentos reside no mo-
mento em que o povo é consultado:
• Plebiscito: o povo é consultado antes de o ato ser praticado. As autoridades ainda estão discutindo se 
enviam o projeto de lei tratando sobre o tema ou se praticam o ato administrativo e, devido à enorme 
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
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relevância da decisão, resolvem consultar o 
povo para saber se eles desejam realmente 
aquela providência.
Exemplo real: em 1993, o Brasil realizou um 
plebiscito no qual as pessoas votaram para decidir 
a forma e o sistema de governo que deveriam ser 
adotados em nosso país. Havia a opção de voltarmos 
para uma monarquia ou mantermos a república. 
Também foi perguntado se o povo queria manter 
presidencialismo ou se deveríamos adotar o sistema 
parlamentarista. A maioria votou por mantermos o 
regime republicano e o sistema presidencialista.
Exemplo hipotético: suponhamos que determina-
do Prefeito resolva instituir um sistema público 
de metrô. Ocorre que, para isso, será necessá-
rio um vultoso investimento, com a contração, 
inclusive, de empréstimos. Além disso, existem 
diversas opiniões contrárias à medida sob o ar-
gumento de que seria mais adequado melhorar o 
sistema de transporte intermunicipal por ônibus. 
Diante dessa polêmica e considerando que se 
trata de uma relevante questão local, o Prefeito 
e a Câmara Municipal resolvem convocar um ple-
biscito para a população decidir se o Município 
deve, ou não, tomar todas as medidas legislativas 
e administrativas para a instalação de um siste-
ma público de metrô.
• Referendo: o povo é consultado depois que o 
ato já foi praticado. As autoridades praticam o 
ato e depois consultam o povo para saber se 
eles desejam ratificar (confirmar, manter) essa 
providência.
Exemplo real: O art. 35, do Estatuto do Desarma-
mento (Lei 10.826/2003) previu um referendo, a 
ser realizado em 2005, para que as pessoas de-
cidissem se o comércio de arma de fogo deveria 
ser proibido em todo território nacional:
Art. 35. É proibida a comercialização de arma 
de fogo e munição em todo o território nacio-
nal, salvo para as entidades previstas no art. 
6o desta Lei.
§ 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, 
dependerá de aprovação mediante referendo 
popular, a ser realizado em outubro de 2005.
§ 2º Em caso de aprovação do referendo 
popular, o disposto neste artigo entrará em 
vigor na data de publicação de seu resultado 
pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Existe alguma lei regulamentando a realização de 
plebiscitos e referendos?
SIM. Trata-se da Lei nº 9.709/98 que assim con-
ceitua os institutos:
Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas 
formuladas ao povo para que delibere sobre 
matéria de acentuada relevância, de natureza 
constitucional, legislativa ou administrativa.
§ 1º O plebiscito é convocado com anteriorida-
de a ato legislativo ou administrativo, cabendo 
ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que 
lhe tenha sido submetido.
§ 2º O referendo é convocado com posteriorida-
de a ato legislativo ou administrativo, cumprin-
do ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
(...)
Quem aprova a convocação de um plebiscito ou 
referendo?
O Poder Legislativo.
Se a questão for de relevância nacional, o plebis-
cito ou o referendo serão convocados pelo Con-
gresso Nacional (art. 3º da Lei nº 9.709/98).
Se for um assunto de interesse estadual, a convo-
cação será feita pela Assembleia Legislativa (art. 
6º da Lei nº 9.709/98).
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
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Por sua vez, em caso de questão local, o plebisci-
to ou o referendo serão aprovados pelas Câma-
ras Municipais.
Que organiza e executa o plebiscito o referendo?
A Justiça Eleitoral, que utilizará a mesma estru-
tura administrativa e operacional destinada às 
eleições.
O TSE editou, inclusive, a Resolução nº 
23.385/2012 para disciplinar o tema:
Art. 1º Entende-se como consulta popular a 
realizada mediante plebiscito ou referendo, 
para que o povo delibere sobre matéria de 
acentuada relevância, de natureza constitu-
cional, legislativa ou administrativa, consoan-
te previsto nos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 
9.709/1998.
O que fez a EC 111/2021?
Acrescentou dois parágrafos ao art. 14 da CF/88 
afirmando que:
• essas consultas, se envolverem questões lo-
cais, deverão ser realizadas no mesmo dia das 
eleições;
• a convocação dessas consultas deverá ser feita 
até 90 dias antes da data das eleições;
• não é permitida a utilização de propaganda 
gratuita no rádio e na TV para a divulgação dos 
argumentos favoráveis e contrários aquilo que 
está sendo consultado.
Art. 14 (...)
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às 
eleições municipais as consultas populares so-
bre questões locais aprovadas pelas Câmaras 
Municipais e encaminhadas à Justiça Eleito-
ral até 90 (noventa) dias antes da data das 
eleições, observados os limites operacionais 
relativos ao número de quesitos.
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias 
às questões submetidas às consultas popu-
lares nos termos do § 12 ocorrerão durante 
as campanhas eleitorais, sem a utilização de 
propaganda gratuita no rádio e na televisão.
2. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA
A EC 111/2021 inseriu um parágrafo no art. 17 
da CF/88 tratando sobre infidelidade partidária. 
Antes de analisarmos o que diz esse dispositivo, 
acho importante tecer algumas consideraçõesprévias sobre o tema para entendermos melhor 
a nova previsão.
Filiação partidária
No Brasil, a pessoa só pode concorrer a um cargo 
eletivo se ela estiver filiada a um partido político. Essa 
exigência está prevista no art. 14, § 3º, V, da CF/88.
Infidelidade partidária
Em 2007, mesmo não havendo uma norma ex-
pressa na lei ou na CF/88 tratando sobre o tema, 
o TSE e o STF decidiram que a infidelidade parti-
dária era causa de perda do mandato eletivo. Em 
outras palavras, o TSE e o STF firmaram a tese 
jurisprudencial de que, se o titular do mandato 
eletivo, sem justa causa, sair do partido político 
no qual foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa. 
O tema era tratado unicamente pela Resolução 
TSE nº 22.610/2007.
Posteriormente, em 2015, foi editada a Lei nº 
13.165/2015, que alterou a Lei nº 9.096/95, pas-
sando a tratar expressamente sobre o tema 
“infidelidade partidária”. Veja o artigo que foi 
acrescentado naquela época:
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
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Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de 
cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, 
do partido pelo qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa 
para a desfiliação partidária somente as se-
guintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado 
do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o 
período de trinta dias que antecede o prazo 
de filiação exigido em lei para concorrer à 
eleição, majoritária ou proporcional, ao térmi-
no do mandato vigente.
Em 2017, a EC 97 incluiu o § 5º ao art. 17 tratando, 
pela primeira vez, sobre infidelidade partidária 
no texto constitucional. A EC 97/2017 disse que, 
se um candidato for eleito por um partido que 
não preencher os requisitos para obter o fundo 
partidário e o tempo de rádio e TV, este candidato 
tem o direito de mudar de partido, sem perder o 
mandato por infidelidade partidária:
Art. 17 (...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher 
os requisitos previstos no § 3º deste artigo é 
assegurado o mandato e facultada a filiação, 
sem perda do mandato, a outro partido que 
os tenha atingido, não sendo essa filiação con-
siderada para fins de distribuição dos recur-
sos do fundo partidário e de acesso gratuito 
ao tempo de rádio e de televisão.
Agora, em 2021, a EC 111 acrescentou o § 6º ao 
art. 17 tratando de forma mais detalhada sobre o 
instituto da infidelidade partidária:
Art. 17 (...)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados 
Estaduais, os Deputados Distritais e os Ve-
readores que se desligarem do partido pelo 
qual tenham sido eleitos perderão o mandato, 
salvo nos casos de anuência do partido ou de 
outras hipóteses de justa causa estabelecidas 
em lei, não computada, em qualquer caso, a 
migração de partido para fins de distribuição 
de recursos do fundo partidário ou de outros 
fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio 
e à televisão.
A fidelidade partidária só existe para os detentores 
de cargos eletivos proporcionais (não existe dever 
de fidelidade partidária para os ocupantes de cargos 
majoritários)
Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técni-
cas previstas pela CF e pela lei para disciplinar a 
forma como os candidatos ao mandato eletivo 
serão escolhidos e eleitos.
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
10
No Brasil, atualmente, existem dois sistemas eleitorais:
SISTEMAS ELEITORAIS
MAJORITÁRIO PROPORCIONAL
O mandato eletivo fica com o candidato ou partido 
político que obteve a maioria dos votos.
Ganha o candidato mais votado, independente-
mente dos votos de seu partido.
Terminada a votação, divide-se o total de votos 
válidos pelo número de cargos em disputa, obten-
do-se assim o quociente eleitoral. Ex: na eleição 
para vereador houve 100 mil votos válidos e eram 
20 vagas. Logo, o quociente eleitoral será 5 mil 
(100.000 : 20 = 5.000).
Em seguida, pega-se os votos de cada partido e di-
vide-se pelo quociente eleitoral, obtendo-se assim 
o número de eleitos de cada partido (quociente 
partidário). Ex: o Partido X e seus candidatos tive-
ram 20 mil votos. Esses 20 mil serão divididos pelo 
quociente eleitoral (5 mil). Logo, esse partido terá 
direito a 4 vagas de Vereador (20.000 : 5.000 = 4).
Os candidatos mais bem votados desse partido 
irão ocupar tais vagas.
No Brasil, é o sistema adotado para a eleição de 
Prefeito, Governador, Senador e Presidente.
No Brasil, é o sistema adotado para a escolha de 
Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal e 
Deputado Distrital.
A perda do mandato em razão de mudança de partido somente se aplica para os cargos eletivos propor-
cionais. Essa sanção não vale para candidatos eleitos pelo sistema majoritário. 
Veja a redação da parte inicial do § 6º do art. 17 e note como ela só menciona cargos proporcionais: “Os 
Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem 
do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato...”
Por quê?
No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importando o quo-
ciente eleitoral nem o quociente partidário. 
Nas eleições majoritárias (Prefeito, Governador, Senador e Presidente), os eleitores votam no candidato 
e não no seu partido político. Desse modo, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por 
infidelidade partidária é antagônica (contrária) à soberania popular.
Vale ressaltar que, mesmo antes da EC 111/2021, esse já era o entendimento do STF sobre o tema:
(...) O ponto central discutido na presente ação é totalmente diverso: saber se é legítima a extensão da 
regra da fidelidade partidária aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário. 
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
11
2. (...) As características do sistema proporcio-
nal, com sua ênfase nos votos obtidos pelos 
partidos, tornam a fidelidade partidária im-
portante para garantir que as opções políticas 
feitas pelo eleitor no momento da eleição se-
jam minimamente preservadas. Daí a legitimi-
dade de se decretar a perda do mandato do 
candidato que abandona a legenda pela qual 
se elegeu. 
3. O sistema majoritário, adotado para a 
eleição de presidente, governador, prefeito 
e senador, tem lógica e dinâmica diversas da 
do sistema proporcional. As características 
do sistema majoritário, com sua ênfase na 
figura do candidato, fazem com que a perda 
do mandato, no caso de mudança de partido, 
frustre a vontade do eleitor e vulnere a sobe-
rania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e 
art. 14, caput). (...)
(ADI 5081, Relator(a): Min. ROBERTO BARRO-
SO, Tribunal Pleno, julgado em 27/05/2015, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-162 DIVULG 18-
08-2015 PUBLIC 19-08-2015)
O TSE, em sintonia com o STF, já havia editado 
súmula sobre o tema:
Súmula 67-TSE: A perda do mandato em razão 
da desfiliação partidária não se aplica aos can-
didatos eleitos pelo sistema majoritário.
Exemplo recente foi o do Presidente Jair Bolsona-
ro. Ele foi eleito em 2018 pelo PSL, tendo deixado 
a sigla no fim de 2019. Essa saída da agremiação 
não configura ato que possa gerar a perda do 
mandato por infidelidade partidária.
Desse modo, neste ponto, a EC 111/2021 positi-
vou o entendimento do STF.
Anuência do partido como hipótese de justa causa 
para a desfiliação partidária
Como vimos acima, o parágrafo único do art. 
22-A da Lei nº 9.096/95 prevê três hipóteses 
que são consideradas como justa causa para o 
desligamento da pessoa do partido político. Em 
outras palavras, se o titular do mandato eletivo 
proporcional deixar o partido e se verificar uma 
dessas três situações, ele não perderá o cargo. 
Reveja o dispositivo:
Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de 
cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, 
do partido pelo qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa 
para a desfiliação partidária somente as se-
guintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado 
do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o 
período de trintadias que antecede o prazo 
de filiação exigido em lei para concorrer à 
eleição, majoritária ou proporcional, ao térmi-
no do mandato vigente.
A EC 111/2021 acrescenta uma quarta hipótese: 
a anuência do partido. Assim, imagine que João 
foi eleito Deputado Federal pelo partido “X”. Ele 
deseja deixar a agremiação partidária, mas não 
está presente nenhuma das hipóteses do pará-
grafo único do art. 22-A da Lei nº 9.096/95. Isso 
significa que, ele concretizar a desfiliação, ele 
perderá o mandato, que será assumido por um 
suplente do partido “X”. Ocorre que existe uma 
quarta hipótese na qual ele não sofrerá a sanção: 
se a direção do Partido “X” conceder a ele uma 
carta de anuência autorizando que ele deixe a 
agremiação. Isso foi expressamente consignado 
no § 6º do art. 17.
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
12
Importante esclarecer que, mesmo antes da alteração, o TSE já possuía firme jurisprudência no sentido 
de que a carta de anuência do partido autoriza a desfiliação sem perda de mandato. Logo, a regra trazida 
pela Emenda corrobora o entendimento do TSE. Confira:
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a concordância da agremiação partidária com 
o desligamento do filiado é apta a permitir a desfiliação sem prejuízo do mandato eletivo. 
(RESPE - Recurso Especial Eleitoral nº 060015033 - BELO HORIZONTE – MG - Acórdão de 10/09/2019 - 
Relator(a) designado(a) Min. Alexandre de Moraes)
Em recurso especial eleitoral com agravo, o Ministro Relator manteve o entendimento firmado para 
as eleições de 2016 no sentido de que “a concordância da agremiação partidária com o desligamento 
do filiado é apta a permitir a desfiliação sem prejuízo do mandato eletivo” (AgR–Pet nº 0601117–75/PE, 
Rel. Min. Rosa Weber, j. em 20.02.2018). Precedentes” (0600185-90.2018.6.13.0000 - AI - Agravo Regi-
mental em Agravo de Instrumento nº 060018590 - ITAÚNA – MG - Acórdão de 13/05/2021 - Relator(a) 
designado(a) Min. Luís Roberto Barroso)
Conforme entendimento fixado pelo TSE para os processos relativos às eleições de 2016, “a carta de 
anuência do partido político constitui justa causa para a desfiliação partidária sem perda de mandato 
eletivo”. Precedentes.” (AI - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 060013212 - RIBEIRÃO 
DAS NEVES – MG - Acórdão de 03/09/2020 - Relator(a) Min. Alexandre de Moraes)
3. ALTERAÇÃO NA DATA DA POSSE DO PRESIDENTE E GOVERNADORES
Antes: a posse e o início do mandato começavam em 01 de janeiro.
Agora:
• mandato do Presidente terá início em 05 de janeiro;
• mandato do Governador se iniciará em 06 de janeiro.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Antes da EC 111/2021 Depois da EC 111/2021
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Gover-
nador de Estado, para mandato de quatro anos, 
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em 
primeiro turno, e no último domingo de outubro, 
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao 
do término do mandato de seus antecessores, e 
a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano 
subsequente, observado, quanto ao mais, o dis-
posto no art. 77.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Go-
vernador de Estado, para mandato de 4 (quatro) 
anos, realizar-se-á no primeiro domingo de ou-
tubro, em primeiro turno, e no último domingo 
de outubro, em segundo turno, se houver, do 
ano anterior ao do término do mandato de seus 
antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro 
do ano subsequente, observado, quanto ao mais, 
o disposto no art. 77 desta Constituição.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é 
de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro 
do ano seguinte ao da sua eleição.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é 
de 4 (quatro) anos e terá início em 5 de janeiro do 
ano seguinte ao de sua eleição.
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
13
Obs: o Presidente da República e os Governa-
dores de Estado e do Distrito Federal eleitos em 
2022 tomarão posse em 1º de janeiro de 2023, 
e seus mandatos durarão até a posse de seus 
sucessores, em 5 e 6 de janeiro de 2027, respecti-
vamente (art. 4º da EC 111/2021).
Assim, as alterações efetuadas nos arts. 28 e 82 
da Constituição Federal constantes do art. 1º des-
ta Emenda Constitucional, relativas às datas de 
posse de Governadores, de Vice-Governadores, 
do Presidente e do Vice-Presidente da República, 
serão aplicadas somente a partir das eleições de 
2026 (art. 5º da EC 111/2021).
4. PARA FINS DE FUNDO PARTIDÁRIO E FEFC, OS VO-
TOS EM CANDIDATAS MULHERES OU CANDIDATOS 
NEGROS CONTARÃO EM DOBRO
Art. 2º Para fins de distribuição entre os parti-
dos políticos dos recursos do fundo partidário 
e do Fundo Especial de Financiamento de 
Campanha (FEFC), os votos dados a candida-
tas mulheres ou a candidatos negros para a 
Câmara dos Deputados nas eleições realiza-
das de 2022 a 2030 serão contados em dobro.
Parágrafo único. A contagem em dobro de vo-
tos a que se refere o caput somente se aplica 
uma única vez.
Fundo Partidário
O que é o fundo partidário? Trata-se de um Fun-
do Especial de Assistência Financeira aos Partidos 
Políticos que tenham seu estatuto registrado no 
Tribunal Superior Eleitoral e prestação de contas 
regular perante a Justiça Eleitoral.
O fundo partidário é constituído por dotações 
orçamentárias da União, multas, penalidades, doa-
ções e outros recursos financeiros previstos no art. 
38 da Lei nº 9.096/95 – Lei dos Partidos Políticos.
Os valores contidos no Fundo Partidário são re-
passados aos partidos políticos por meio de um 
cálculo previsto no art. 41-A, da Lei nº 9.096/1995.
Consiste na principal fonte de verbas dos partidos.
Para que serve o dinheiro do fundo partidário?
Segundo o art. 44 da Lei nº 9.096/95, os recursos 
oriundos do Fundo Partidário serão utilizados 
pelos partidos políticos para:
i) na manutenção das sedes e serviços do partido, 
permitido o pagamento de pessoal;
ii) na propaganda doutrinária e política;
iii) no alistamento e campanhas eleitorais;
iv) na criação e manutenção de instituto ou fundação 
de pesquisa e de doutrinação e educação política;
v) na criação e manutenção de programas de promo-
ção e difusão da participação política das mulheres;
vi) no pagamento de mensalidades, anuidades 
e congêneres devidos a organismos partidários 
internacionais que se destinem ao apoio à pes-
quisa, ao estudo e à doutrinação política;
vii) no pagamento de despesas com alimentação, 
incluindo restaurantes e lanchonetes;
viii) na contratação de serviços de consultoria 
contábil e advocatícia;
ix) na compra ou locação de bens móveis e 
imóveis, bem como na edificação, construção ou 
reforma de sedes e afins;
x) no custeio de impulsionamento de conteúdo.
Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Por outro lado, o Fundo Especial de Financia-
mento de Campanha (FEFC), regulamentado pela 
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
14
Lei nº 9.504/97, é constituído exclusivamente por dotações orçamentárias da União (art. 16-C) e tem por 
finalidade exclusiva financiar as campanhas eleitorais.
Embora os dois fundos possam ser utilizados para custear despesas com as campanhas eleitorais, o 
Fundo Partidário tem por objetivo primário a manutenção e o funcionamento dos partidos políticos. Já o 
FEFC, como o próprio nome já diz, somente pode ser aplicado nas despesas de campanha.
E como são distribuídos esses recursos?
Há regras específicas nas Leis nº 9.095/95 e nº 9.504/97:
FUNDO PARTIDÁRIO 
(Art. 41-A, da Lei 9.096/95)
FEFC 
(art. 16-D, da Lei 9.504/97)
I - 5% (cinco por cento) serão destacados para 
entrega, em partes iguais, a todos os partidos que 
atendam aos requisitos constitucionais de acesso 
aos recursos do Fundo Partidário; e (Redação dada 
pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuí-
dos aos partidos na proporção dos votos obtidos na 
última eleição geral para a Câmara dos Deputados.
I - 2% (dois por cento), divididos igualitariamente 
entre todos os partidos com estatutos registrados 
no Tribunal Superior Eleitoral;
II - 35% (trinta e cinco por cento), divididos entreos partidos que tenham pelo menos um represen-
tante na Câmara dos Deputados, na proporção 
do percentual de votos por eles obtidos na última 
eleição geral para a Câmara dos Deputados;
III - 48% (quarenta e oito por cento), divididos 
entre os partidos, na proporção do número de 
representantes na Câmara dos Deputados, consi-
deradas as legendas dos titulares;
IV - 15% (quinze por cento), divididos entre os partidos, 
na proporção do número de representantes no Sena-
do Federal, consideradas as legendas dos titulares. 
O que a EC 111 alterou?
São diversas as iniciativas tendentes a aumentar a participação de mulheres e da população negra na 
política. No caso das mulheres, por exemplo, a lei já obriga os partidos políticos a investirem recursos pú-
blicos em programas de incentivo à participação feminina, bem como destinar, no mínimo, 30% das vagas 
para candidaturas de cada sexo.
No entanto, essas ações não vêm apresentando resultados satisfatórios, pois, na prática, o que se ob-
serva é que os partidos registram candidaturas femininas politicamente inviáveis, apenas para cumprir a 
obrigação legal.
Visando reverter essa situação, a EC 111 objetivou criar um incentivo financeiro para promover as candi-
daturas femininas.
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
15
Como já mencionado anteriormente, a maior parte dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial 
de Financiamento de Campanha é distribuída segundo a quantidade de votos obtidos pelo partido políti-
co para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições.
O que a Emenda Constitucional fez foi criar uma ação afirmativa temporária para os pleitos 2022 e 2030, 
de forma a considerar em dobro os votos dados a candidatas mulheres ou candidatos negros.
Por exemplo, em uma situação hipotética, na distribuição dos recursos, poderíamos imaginar que um 
partido que obteve 1.000.000 de votos, dos quais 100.000 foram em candidatos negros e outros 100.000 
foram em candidatas mulheres. O cálculo ficaria assim:
ANTES DA EMENDA DEPOIS DA EMENDA
Votos em candidatas mulheres 100.000
200.000 
(os 100.000 votos serão 
considerados em dobro)
Votos em candidatos negros 100.000
200.000 
(os 100.000 votos serão 
considerados em dobro)
Demais votos 800.000 800.000
Total de votos a ser consi-
derado para distribuição do 
FEFC e do Fundo Partidário
1.000.000 votos 1.200.000 votos
E se o partido eleger uma candidata negra do sexo feminino, como ficaria contagem dos votos para distribuição 
dos recursos?
Nesse caso, a contagem em dobro poderá será feita apenas uma vez, ou seja, se a candidata obteve 
100.000 votos, serão considerados 200.000 votos para efeito dessa distribuição. É o que dispõe o parágra-
fo único do art. 2º:
Art. 2º (...)
Parágrafo único. A contagem em dobro de votos a que se refere o caput somente se aplica uma única vez.
5. INCORPORAÇÃO DE PARTIDOS
A incorporação dos partidos ocorre quando um partido (incorporado) é absorvido por outro (incorpora-
dor), segundo as regras do art. 29, da Lei 9.096/95:
Art. 29. Por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, dois ou mais partidos poderão fundir-se 
num só ou incorporar-se um ao outro.
(...)
NOVIDADES
LEGISLATIVAS
16
§ 2º No caso de incorporação, observada a lei 
civil, caberá ao partido incorporando deliberar 
por maioria absoluta de votos, em seu órgão 
nacional de deliberação, sobre a adoção do 
estatuto e do programa de outra agremiação.
§ 3º Adotados o estatuto e o programa do par-
tido incorporador, realizar-se-á, em reunião 
conjunta dos órgãos nacionais de deliberação, 
a eleição do novo órgão de direção nacional.
(...)
§ 5º No caso de incorporação, o instrumento 
respectivo deve ser levado ao Ofício Civil com-
petente, que deve, então, cancelar o registro 
do partido incorporado a outro.
Com o objetivo de reduzir o número de parti-
dos em atividade, as últimas reformas eleitorais 
reduziram sobremaneira o repasse de recursos 
públicos para agremiações com inexpressiva 
representação do Congresso Nacional. 
Como exemplos, o Partido Republicado Progres-
sista (PRP) foi incorporado ao Patriota; o Partido 
Pátria Livre foi incorporado ao Partido Comunista 
do Brasil (PCdoB) e o Partido Humanista da Soli-
dariedade (PHS) foi incorporado ao Podemos.
Acontece que, após as incorporações, verificou-se 
na prática que muitos órgãos partidários munici-
pais e estaduais dos partidos incorporados esta-
vam irregulares (ausência de prestação de contas, 
multas por aplicação irregular de recursos etc). 
Diante da inexistência de previsão legal específica, 
a Justiça Eleitoral passou a direcionar a cobrança 
dessas penalidades ao partido incorporador. 
Para evitar esse redirecionamento das cobranças 
até a edição de norma específica sobre a matéria, 
a EC 111 trouxe a seguinte regra:
Art. 3º Até que entre em vigor lei que discipli-
ne cada uma das seguintes matérias, obser-
var-se-ão os seguintes procedimentos:
I - nos processos de incorporação de partidos 
políticos, as sanções eventualmente aplicadas 
aos órgãos partidários regionais e municipais 
do partido incorporado, inclusive as decorren-
tes de prestações de contas, bem como as de 
responsabilização de seus antigos dirigentes, 
não serão aplicadas ao partido incorporador 
nem aos seus novos dirigentes, exceto aos 
que já integravam o partido incorporado;
(...)
6. ANOTAÇÕES RELATIVAS ÀS ALTERAÇÕES DOS 
ESTATUTOS DOS PARTIDOS POLÍTICOS
O fundamento jurídico para essa alteração seja 
garantir a autonomia partidária, evitando a inter-
ferência externa sobre as regras estatutárias da 
agremiação.
Art. 3º Até que entre em vigor lei que discipli-
ne cada uma das seguintes matérias, obser-
var-se-ão os seguintes procedimentos:
(...)
II - nas anotações relativas às alterações dos 
estatutos dos partidos políticos, serão objeto 
de análise pelo Tribunal Superior Eleitoral 
apenas os dispositivos objeto de alteração.
VIGÊNCIA
A EC 111/2021 entrou em vigor na data de sua 
publicação (29/09/2021).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
17
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � STF determinou, como tutela pro-
visória incidental na ADPF, que a 
União adote providências para asse-
gurar a vida, a saúde e a segurança 
de povos indígenas
Cabível o deferimento de tutela provisória in-
cidental em arguição de descumprimento de 
preceito fundamental para adoção de todas 
as providências indispensáveis para assegurar 
a vida, a saúde e a segurança de povos indíge-
nas vítimas de ilícitos e problemas de saúde 
decorrentes da presença de invasores de suas 
terras, em situação agravada pelo curso da 
pandemia ocasionada pelo novo coronavírus 
(Covid-19).
STF. Plenário. ADPF 709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ro-
berto Barroso, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
 �Norma estadual pode proibir a caça 
em seu território
Não afronta a competência legislativa da 
União o dispositivo de constituição estadual 
que proíbe a caça em seu respectivo território.
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffo-
li, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
 � São inconstitucionais os dispositivos 
da Lei nº 10.001/2000 que impõem 
deveres aos membros do MP no que 
tange às conclusões da CPI
São formalmente inconstitucionais os dispo-
sitivos da Lei nº 10.001/2000, de iniciativa do 
Poder Legislativo, que tratam de atribuições 
do Ministério Público (art. 2º, caput e parágra-
fo único e art. 4º).
A Constituição Federal reserva ao Presidente 
da República e ao Chefe do Ministério Público 
o poder de iniciativa para deflagrar o processo 
legislativo no que concerne a normas de orga-
nização e atribuições do Ministério Público.
Além disso, os arts. 2º e 4º da Lei nº 
10.001/2000 são materialmente inconstitu-
cionais por ofenderem a independência e 
a autonomia funcional e administrativa do 
Ministério Público.
Por outro lado, é constitucional o art. 3º da Lei 
nº 10.001/2000, que confere prioridade aos 
processos e procedimentos decorrentes de re-
latórios de Comissão Parlamentar de Inquérito.
STF. Plenário. ADI5351/DF, Rel. Min. Carmen 
Lúcia, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
18
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Estado pode ser obrigado a forne-
cer medicamento não registrado na 
ANVISA, se a sua importação estiver 
autorizada, ele se mostrar impres-
cindível ao tratamento e houver 
incapacidade financeira do paciente
Constatada a incapacidade financeira do pa-
ciente, o Estado deve fornecer medicamento 
que, apesar de não possuir registro sanitário, 
tem a importação autorizada pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para 
tanto, devem ser comprovadas a imprescindi-
bilidade do tratamento e a impossibilidade de 
substituição por outro similar constante das 
listas oficiais de dispensação e dos protocolos 
de intervenção terapêutica do Sistema Único 
de Saúde (SUS).
Tese fixada pelo STF: 
Cabe ao Estado fornecer, em termos excep-
cionais, medicamento que, embora não pos-
sua registro na Anvisa, tem a sua importação 
autorizada pela agência de vigilância sanitária, 
desde que comprovada a incapacidade econô-
mica do paciente, a imprescindibilidade clínica 
do tratamento, e a impossibilidade de subs-
tituição por outro similar constante das listas 
oficiais de dispensação de medicamentos e os 
protocolos de intervenção terapêutica do SUS.
STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco 
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 18/6/2021 (Repercussão 
Geral – Tema 1161) (Info 1022).
 �Norma estadual não pode dispor 
sobre condições para o exercício de 
atividade profissional
É formalmente inconstitucional portaria do 
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) 
que dispõe sobre condições para o exercício 
de atividade profissional.
Caso concreto: o Detran/TO editou portaria 
regulamentando a profissão de despachante 
de trânsito.
STF. Plenário. ADI 6754/TO, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).
 �Governador não pode ser obrigado a 
depor em CPI instaurada no Congres-
so Nacional
Em juízo de delibação, não é possível a convo-
cação de governadores de estados-membros 
da Federação por Comissão Parlamentar de 
Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal.
A convocação viola o princípio da separação 
dos Poderes e a autonomia federativa dos 
estados-membros. 
STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel. Min. 
Rosa Weber, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
19
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A concessão de aposentadoria ao empregado público, com utilização do tempo de 
contribuição, acarreta obrigatoriamente o rompimento do vínculo trabalhista?
A justiça comum é competente para processar e julgar ação em que se discute a reintegração de 
empregados públicos dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea.
A concessão de aposentadoria, com utilização do tempo de contribuição, leva ao rompimento do 
vínculo trabalhista nos termos do art. 37, § 14, da CF. Entretanto, é possível a manutenção do víncu-
lo trabalhista, com a acumulação dos proventos com o salário, se a aposentadoria se deu pelo RGPS 
antes da promulgação da EC 103/2019.
Tese fixada pelo STF: 
A natureza do ato de demissão de empregado público é constitucional-administrativa e não traba-
lhista, o que atrai a competência da Justiça comum para julgar a questão. 
A concessão de aposentadoria aos empregados públicos inviabiliza a permanência no emprego, nos 
termos do art. 37, § 14, da Constituição Federal, salvo para as aposentadorias concedidas pelo Re-
gime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, 
nos termos do que dispõe seu art. 6º.
STF. Plenário. RE 655283/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado 
em 16/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 606) (Info 1022).
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO AMBIENTAL
 �Norma estadual pode proibir a caça em seu território
Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a 
caça em seu respectivo território.
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
20
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Fazendas Públicas estadual ou municipal podem fazer o protesto de CDA mesmo 
que não exista lei local autorizando
A validade do protesto de CDA emitida por Fazenda Pública Estadual ou Fazenda Municipal não está 
condicionada à previa existência de lei local que autorize a adoção dessa modalidade de cobrança 
extrajudicial.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.895.557-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL
DIREITO CIVIL
 �A cláusula contratual que circunscreve e particulariza a cobertura securitária 
não encerra, por si, abusividade nem indevida condição potestativa por parte da 
seguradora
É da própria natureza do contrato de seguro a prévia delimitação dos riscos cobertos a fim de que 
exista o equilíbrio atuarial entre o valor a ser pago pelo consumidor e a indenização securitária de 
responsabilidade da seguradora, na eventual ocorrência do sinistro.
A restrição da cobertura do seguro às situações específicas de invalidez por acidente decorrente de 
“qualquer tipo de hérnia e suas consequências”, “parto ou aborto e suas consequências”, “pertur-
bações e intoxicações alimentares de qualquer espécie, bem como as intoxicações decorrentes da 
ação de produtos químicos, drogas ou medicamentos, salvo quando prescritos por médico devida-
mente habilitado, em decorrência de acidente coberto” e “choque anafilático e suas consequências” 
não contraria a natureza do contrato de seguro nem esvazia seu objeto, apenas delimita as hipóte-
ses de não pagamento do prêmio.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.358.159-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 08/06/2021 (Info 701).
Cuidado com decisão da 3ª Turma do STJ em sentido ligeiramente contrário: 
É abusiva cláusula prevista em seguro de acidentes pessoais que exclua complicações decorrentes 
de gravidez, parto, aborto, intoxicações alimentares, exames e tratamentos (STJ. 3ª Turma. REsp 
1635238-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2018).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
21
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Em ação demolitória, não há obrigato-
riedade de litisconsórcio passivo ne-
cessário dos coproprietários do imóvel
Exemplo hipotético: João e Pedro são vizinhos. 
Pedro construiu, em seu imóvel, um terraço 
para realização de festas. Ocorre que essa 
construção desrespeitou as normas sobre 
direito de vizinhança, tendo em vista que não 
obedeceu à distância mínima de afastamento 
lateral imposta pelo Código Civil no art. 1.301. 
Diante disso, João exigiu o desfazimento da 
obra. Como não aceitou desfazer a obra, João 
ajuizou ação demolitória contra Pedro. Pedro 
contestou a demanda afirmando que o imó-
vel pertence a ele e aos seus irmãos Ricardo 
e André e que, portanto, a ação demolitória 
deveria ter sido ajuizada contra os três, em 
litisconsórcio passivo necessário. A tese de 
Pedro não foi acolhida pelo STJ.
Em ação demolitória, como na hipótese, não 
se discute a propriedade do imóvel, caso em 
que, dada a incindibilidade do direito material, 
os demais proprietários deveriam necessaria-
mente integrar a relação processual.
A diminuição do patrimônio é consequência 
natural da efetivação da decisão judicial que 
impôs ao réu a obrigação de demolir as ben-
feitorias e acessões erigidas ilicitamente.
Portanto, na condição de coproprietário, a 
parte sofrerá os efeitos materiais da sentença, 
mas isso não é suficiente para caracterizar o 
litisconsórcio necessário, até porque o direito 
de propriedade permanecerá intocado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.472-DF, Rel. Min. 
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
15/06/2021 (Info 701).
 �A exceção à impenhorabilidadedo 
bem de família, prevista para o cré-
dito decorrente do financiamento 
destinado à construção ou à aquisi-
ção do imóvel, estende-se ao imóvel 
adquirido com os recursos oriundos 
da venda daquele bem
Exemplo hipotético: João contraiu emprés-
timo para a aquisição de um apartamento. 
Ele conseguiu obter o dinheiro com o Banco 
e se comprometeu a pagar o mútuo em 60 
prestações mensais. Com os recursos obti-
dos, João comprou o referido apartamento e 
nele passou a viver com a sua família. Algum 
tempo depois, João alienou o apartamento 
e, com o dinheiro, comprou uma casa. Se o 
devedor atrasar as parcelas, será possível 
que o banco execute o contrato e consiga a 
penhora da casa com base na autorização 
excepcional prevista no inciso II do art. 3º da 
Lei nº 8.009/90.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em 
qualquer processo de execução civil, fiscal, 
previdenciária, trabalhista ou de outra natu-
reza, salvo se movido: (...) II - pelo titular do 
crédito decorrente do financiamento destina-
do à construção ou à aquisição do imóvel, no 
limite dos créditos e acréscimos constituídos 
em função do respectivo contrato;
STJ. 3ª Turma. REsp 1.935.842-PR, Rel. Min. Nan-
cy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
22
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse, de juízo petitório, na pen-
dência de ação possessória sobre o mesmo bem
O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação da exceção de domínio. Há uma 
separação absoluta entre os juízos petitório, baseado na propriedade, e o juízo possessório, basea-
do na posse. 
Isso porque a posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo e distin-
to da propriedade. Um dos efeitos da posse é justamente a sua proteção através da tutela estatal. 
Portanto, havendo uma ação possessória em curso, não é cabível o ajuizamento de ação petitória 
ou a discussão a respeito da propriedade.
Ademais, a vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida como limitação aos direitos 
constitucionais de propriedade ou de ação, seja porque a propriedade deve obedecer à sua função 
social, seja porque o não debate sobre o domínio nas ações possessórias representa apenas uma 
condição suspensiva no exercício do direito de ação fundada na propriedade. 
A ação de imissão na posse, apesar do nome, não se baseia na posse, mas sim na propriedade, sen-
do uma ação petitória. É a ação cabível para o proprietário obter a posse que nunca teve. 
Assim, havendo uma ação possessória em curso, caso seja ajuizada a ação de imissão na posse, esta 
deverá ser extinta sem resolução de mérito, ante a falta de pressuposto negativo de constituição e 
desenvolvimento válido do processo, qual seja, a ausência de ação possessória pendente sobre o 
bem como requisito para o manejo de ação petitória. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.909.196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
 �Responsabilidade do clube mandante do jogo por danos causados a torcedores
A entidade esportiva mandante do jogo responde pelos danos sofridos por torcedores, em decor-
rência de atos violentos provocados por membros de torcida rival.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.924.527-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
23
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Nos contratos de seguro de vida em grupo, a obrigação de prestar informações 
aos segurados recai sobre o estipulante
No contrato de seguro de vida em grupo, cuja estipulação é feita em favor de terceiros, três são as 
partes interessadas: a) estipulante, responsável pela contratação com o segurador (ex: empresa ou 
associação); b) seguradora, que oferece a cobertura dos riscos especificados na apólice; c) o grupo 
segurado, usufrutuários dos benefícios, que assumem suas obrigações para com o estipulante (ex: 
trabalhadores ou associados).
Uma pessoa está decidindo se irá ou não aderir a um seguro de vida em grupo oferecido pelo 
empregador (estipulante). De quem é o dever de informar previamente ao segurado a respeito das 
cláusulas limitativas/restritivas do contrato? Esse dever é da seguradora ou do estipulante?
Estipulante. Nos contratos de seguro de vida em grupo, a obrigação de prestar informações aos 
segurados recai sobre o estipulante.
No seguro de vida em grupo, o estipulante é o mandatário dos segurados, sendo por meio dele en-
caminhadas as comunicações entre a seguradora e os consumidores aderentes.
Nesse contexto, o dever de informação, na fase pré-contratual, é satisfeito durante as tratativas 
entre seguradora e estipulante, culminando com a celebração da apólice coletiva que estabelece as 
condições gerais e especiais e cláusulas limitativas e excludentes de riscos.
Na fase de execução do contrato, o dever de informação, que deve ser prévio à adesão de cada em-
pregado ou associado, cabe ao estipulante, único sujeito do contrato que tem vínculo anterior com 
os componentes do grupo segurável. A seguradora, na fase prévia à adesão individual, momento 
em que devem ser fornecidas as informações ao consumidor, sequer tem conhecimento da identi-
dade dos interessados que irão aderir à apólice coletiva, cujos termos já foram negociados entre ela 
e o estipulante.
A obrigação de prestar informações sobre os termos, condições gerais e cláusulas limitativas de 
direito estabelecidos no contrato de seguro de vida em grupo ao qual aderiu o segurado (consumi-
dor) é, portanto, do estipulante, conforme estabelecido no inciso III, do art. 3º, da Resolução CNSP 
107/2004, constituindo-se esse dever em pressuposto lógico da aceitação da proposta de adesão 
pelo interessado.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.850.961-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 15/06/2021 (Info 702).
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
24
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Se a parte que recebeu as arras não 
cumpre a sua obrigação contratual, 
ela deverá devolver as arras mais o 
equivalente (é como se tivesse que de-
volver o valor das arras em dobro)
Da inexecução contratual imputável, única e 
exclusivamente, àquele que recebeu as arras, 
estas devem ser devolvidas mais o equivalente.
Se a parte que recebeu as arras não cumprir 
sua obrigação contratual (arras confirmatórias) 
ou exercer seu direito de arrependimento (arras 
penitenciais), ela terá que pagar para a parte 
inocente o valor das arras mais o equivalente. 
Assim, a restituição somada ao “equivalente” 
ocorre tanto no caso de arras confirmatórias 
como nas arras penitenciais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.927.986-DF, Rel. Min. Nan-
cy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
 �O fato de a cobrança de taxa de ma-
nutenção estar prevista no contrato-
-padrão registrado no RI vincula os 
adquirentes somente à obrigação de 
pagar as taxas a partir da aquisição, 
não abrangendo os débitos do ante-
rior proprietário
A taxa de manutenção de loteamento urbano 
cobrada por associação de moradores, previs-
ta no contrato-padrão registrado no Cartório 
de Imóveis, vincula os adquirentes somente à 
obrigação de pagar as taxas a partir da aqui-
sição, não abrangendo os débitos do anterior 
proprietário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.941.005-SP, Rel. Min. 
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado 22/06/2021 
(Info 702).
 � Se o credor de alimentos ingressou 
com execução pedindo a prisão civil, 
mas esta não pode ser realizada em 
virtude da pandemia da Covid-19, 
deve ser autorizada a expropriação 
de bens do devedor, mesmo sem a 
mudança do rito
É possível a penhora de bens do devedor de 
alimentos, sem que haja a conversão do rito 
da prisão para o da constrição patrimonial, 
enquanto durar a impossibilidade da prisão 
civil em razão da pandemia do coronavírus.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.914.052-DF, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/06/2021 
(Info 702).
DIREITOCIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
25
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC é regra de instrução 
(e não regra de julgamento)
A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor é regra 
de instrução e não regra de julgamento, motivo pelo qual a decisão judicial que a determina deve 
ocorrer antes da etapa instrutória ou, quando proferida em momento posterior, há que se garantir 
à parte a quem foi imposto o ônus a oportunidade de apresentar suas provas, sob pena de absoluto 
cerceamento de defesa.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 08/06/2021 (Info 701).
DIREITO DO CONSUMIDOR
DIREITO EMPRESARIAL
 �O símbolo partidário pode ser registrado como marca
O símbolo partidário pode ser registrado como marca para que se resguarde a exploração econômi-
ca por agremiações políticas (associações civis ou partidos) do uso de marca de produtos/serviços, 
ainda que não exerçam precipuamente atividade empresarial.
Para o STJ, é possível: 
a) o registro de símbolos políticos enquanto marcas junto ao INPI;
b) a exploração econômica por agremiações políticas (associações civis ou partidos) do uso de mar-
ca de produtos/serviços, ainda que não exerçam precipuamente atividade empresarial; e
c) a coexistência de dupla proteção legal frente aos regramentos específicos de direito eleitoral e 
marcário.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.353.300-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
26
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Termo inicial da contagem do prazo para pagamento dos créditos trabalhistas 
na recuperação judicial
O termo inicial da contagem do prazo para pagamento dos credores trabalhistas é a data da conces-
são da recuperação judicial, e não o término do período de suspensão. 
Durante a elaboração e a aprovação do plano de recuperação judicial, há uma liberdade para nego-
ciar os prazos de pagamento dos credores. Sendo o plano homologado, tais prazos deverão ser res-
peitados na fase de execução do plano. Vale ressaltar, contudo, que essa liberdade para negociar os 
prazos não é absoluta, sendo mitigada pela lei em certas situações, como forma de serem evitados 
abusos. Um dos limites à liberdade de negociar os prazos para pagamento é justamente no caso 
dos créditos trabalhistas. O art. 54 da Lei nº 11.101/2005 prevê prazos máximos para o pagamento 
dos créditos trabalhistas.
Apesar do estabelecimento do prazo máximo para o pagamento dos créditos trabalhistas, a Lei nº 
11.101/2005 não fixou o marco inicial para a contagem desses prazos.
Vale ressaltar que o STJ não admite que o termo inicial desse prazo para pagamento seja o término 
do período de suspensão (stay period). 
O termo inicial para a contagem do prazo máximo para o pagamento dos credores trabalhistas 
deve ser a data da concessão da recuperação judicial. A concessão da recuperação judicial é verda-
deira condição para o início do cumprimento das obrigações previstas no plano de soerguimento. O 
plano de recuperação judicial gera uma novação do crédito que apenas terá eficácia com a decisão 
que homologa o plano e concede a recuperação judicial. Não há lógica de obrigar o devedor em 
recuperação a realizar o cumprimento da obrigação novada antes de concluída a novação, com a 
aprovação do plano. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.924.164-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
DIREITO EMPRESARIAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
27
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Na execução de cédula de produto rural em formato cartular é necessária a junta-
da do original do título de crédito, salvo se comprovado que o título não circulou
A juntada da via original do título executivo extrajudicial é, em regra, requisito essencial à formação 
válida do processo de execução. Isso por dois motivos:
• para se ter certeza da autenticidade da cártula apresentada; e 
• para se afastar a possibilidade de o título ter circulado e, com isso, o devedor ser obrigado a pagar 
duas vezes (para quem está cobrando agora e para uma nova pessoa no futuro que apresente o 
original do título).
Se ficar comprovado que:
- o título não circulou ou que, por sua natureza, não é hábil a circular; e 
- que não há dúvidas quanto à existência do título e do débito...
... nestes casos, ação de execução pode, excepcionalmente, ser instruída por cópia reprográfica do 
título executivo extrajudicial, sendo dispensada a apresentação do documento original.
Por ser a cédula de produto rural título dotado de natureza cambial, tendo como um dos seus 
atributos a circularidade, mediante endosso (art. 10, I, da Lei nº 8.929/94), em regra, é necessária a 
apresentação do documento original para a execução da CPR.
Não será necessária a apresentação do original da CPR em dois casos:
a) se a emissão da CPR foi feita de forma escritural (eletrônica); ou 
b) se ficar comprovado que o título não circulou.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.915.736-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
DIREITO EMPRESARIAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Havendo impugnação pelos credores, é cabível a fixação de honorários advocatí-
cios sucumbenciais em procedimento de homologação do plano de recuperação 
extrajudicial
Ordinariamente, o procedimento judicial instaurado para homologar o plano de recuperação extra-
judicial não possui interesses contrapostos que autorizem, ao seu final, a condenação ao pagamen-
to de honorários advocatícios de sucumbência. 
Quando não impugnado, o pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial apresen-
ta características análogas a de um procedimento de jurisdição voluntária, nos quais, não havendo 
vencedores ou vencidos (dada a ausência de litigiosidade), afigura-se despropositado o arbitramen-
to de honorários sucumbenciais. Todavia, a apresentação de impugnação ao pedido homologatório 
por parte de credores é circunstância que confere litigiosidade ao procedimento, razão pela qual a 
regra de não cabimento da condenação em honorários deve ceder. E, nesse panorama, o fato de se 
tratar de pedido homologatório, por si só, não autoriza a conclusão de que é incabível o arbitramen-
to de honorários advocatícios de sucumbência.
Mesmo em procedimentos de jurisdição voluntária, a existência de litigiosidade excepciona a regra 
de não cabimento de condenação em honorários advocatícios.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.924.580-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
ECA
 �A diferença etária mínima de 16 anos entre adotante e adotado, prevista no art. 
42, § 3º do ECA, não é absoluta
A regra que estabelece a diferença mínima de 16 (dezesseis) anos de idade entre adotante e adotan-
do (art. 42, § 3º do ECA) pode, dada as peculiaridades do caso concreto, ser relativizada no interesse 
do adotando.
Art. 42 (...) § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.338.616-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
DIREITO EMPRESARIAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
29
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O ajuizamento de um segundo pro-
cesso de embargos à execução é fato 
gerador de novas custas judiciais, in-
dependentemente da desistência nos 
primeiros antes de realizada a citação
As custas judiciais têm natureza jurídica de 
taxa. Portanto, as custas são um tributo. 
As custas podem ser cobradas pelo serviço 
público efetivamente prestado ou colocado 
à disposição do contribuinte. Ao se ajuizar 
determinada demanda, dá-se início ao pro-
cesso. O encerramento desse processo exige 
a prestação do serviço público judicial, ainda 
que não se analise o mérito da causa.
Com o ajuizamento de novos embargos à exe-cução fiscal, novas custas judiciais devem ser 
recolhidas. Não é possível aproveitar as custas 
judiciais já recolhidas nos primeiros embargos 
à execução opostos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.893.966-SP, Rel. Min. Og 
Fernandes, julgada em 08/06/2021 (Info 701).
 � Por força do art. 12 da Lei 
13.340/2016, a extinção da execução 
em virtude da renegociação de dívida 
de cédula de crédito rural não impõe 
à parte executada o dever de arcar 
com as custas processuais e com os 
honorários advocatícios
A extinção da execução em virtude da renego-
ciação de dívida fundada em cédula de crédito 
rural não impõe à parte executada o dever de 
arcar com as custas processuais e os hono-
rários advocatícios em favor dos patronos da 
parte exequente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.930.865-TO, Rel. Min. Nan-
cy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
 �Na contestação, a parte ré formulou 
pedido reconvencional (reconvenção), 
mas denominou equivocadamente de 
pedido contraposto (que seria inad-
missível, no caso); mesmo assim, esse 
pedido deverá ser analisado e julgado 
como pedido reconvencional
A equivocada denominação do pedido recon-
vencional como pedido contraposto não im-
pede o regular processamento da pretensão 
formulada pelo réu contra o autor, desde que 
ela esteja bem delimitada na contestação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.940.016-PR, Rel. Min. 
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 
22/06/2021 (Info 702).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
30
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O prazo para cumprimento voluntário de sentença que determina obrigação de 
fazer também é computado em dias úteis
O prazo de cumprimento da obrigação de fazer possui natureza processual, devendo ser contado 
em dias úteis.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.778.885-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/06/2021 (Info 702).
DIREITO PENAL
 � Condenações transitadas em julgado e não utilizadas para reincidência somente 
podem ser consideradas como maus antecedentes, não se admitindo sua utiliza-
ção para desvalorar a personalidade ou a conduta social do agente
Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para caracterizar a reincidência, 
somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, 
não se admitindo sua utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente.
STJ. Plenário. REsp 1.794.854-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/06/2021 (Recurso Repetitivo – 
Tema 1077) (Info 702)
 �A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, 
retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para 
alcançar os processos penais que já estavam em curso?
• NÃO. É o entendimento do STJ e da 1ª Turma do STF:
A exigência de representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos processos cuja 
denúncia já foi oferecida.
STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691).
STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
31
 � É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?
É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?
No caso das qualificadoras do motivo FÚTIL e/ou TORPE (art. 121, § 2º, I e II, do CP):
SIM. Não há dúvidas quanto a isso. Trata-se da posição do STJ e do STF.
O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a 
possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou 
indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017.
No caso de qualificadoras de MEIO (art. 121, § 2º, III e IV, do CP):
1ª corrente: SIM
O dolo eventual no crime de homicídio é compatível com as qualificadoras objetivas previstas no 
art. 121, § 2º, III e IV, do Código Penal.
As referidas qualificadoras serão devidas quando constatado que o autor delas se utilizou dolosa-
mente como meio ou como modo específico mais reprovável para agir e alcançar outro resultado, 
mesmo sendo previsível e tendo admitido o resultado morte.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.836.556-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
2ª corrente: NÃO
O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada 
dissimulação).
Para que incida a qualificadora da surpresa é indispensável que fique provado que o agente teve a 
vontade de surpreender a vítima, impedindo ou dificultando que ela se defendesse. Ora, no caso 
do dolo eventual, o agente não tem essa intenção, considerando que não quer matar a vítima, mas 
apenas assume o risco de produzir esse resultado.
Como o agente não deseja a produção do resultado, ele não direcionou sua vontade para causar 
surpresa à vítima. Logo, não pode responder por essa circunstância (surpresa).
STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012 (Info 677).
A qualificadora de natureza objetiva prevista no inciso III do § 2º do art. 121 do Código Penal não se 
compatibiliza com a figura do dolo eventual, pois enquanto a qualificadora sugere a ideia de pre-
meditação, em que se exige do agente um empenho pessoal, por meio da utilização de meio hábil, 
como forma de garantia do sucesso da execução, tem-se que o agente que age movido pelo dolo 
eventual não atua de forma direcionada à obtenção de ofensa ao bem jurídico tutelado, embora, 
com a sua conduta, assuma o risco de produzi-la.
STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp 1848841/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2021.
DIREITO PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
32
Destaque para alguns dos julgados que foram 
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• SIM. É a posição da 2ª Turma do STF:
A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao 
condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, deve 
ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações 
penais em curso até o trânsito em julgado.
STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
 �Ainda que o recebimento da denúncia ocorra antes de 2008 e antes de o réu ser 
diplomado como Deputado Estadual, o Tribunal deve apreciar a possibilidade de 
rejeitar a denúncia ou de julgar improcedente a acusação, conforme o art. 6º da 
Lei 8.038/90
Mesmo no caso de recebimento da denúncia antes das reformas ocorridas no ano de 2008 e antes 
de o réu ser diplomado como deputado estadual, apresentada a defesa escrita, caberá ao Tribunal 
de origem apreciar a possibilidade de absolvição sumária ou reconsideração da decisão do juiz de 
primeiro grau que recebeu a denúncia, na forma do art. 6º da Lei nº 8.038/90.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.492.099-PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
DIREITO PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
33
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A Resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 22/11/2018, que 
determina o cômputo da pena em dobro, deve ser aplicada a todo o período cum-
prido pelo condenado no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC)
O Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC) é um estabelecimento penal voltado ao cumprimen-
to de pena privativa de liberdade com o enfoque em pessoas do gênero masculino. Está localizado 
no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O IPPSC apresentou elevados índices de mortes de presos decorrentes da superlotação e das más 
condições sanitárias do local. Por essa razão,a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte 
IDH) expediu medidas provisórias em face do Brasil, sob o fundamento de que houve violação à 
integridade pessoal dos presos, nos termos da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH).
Em uma dessas Resoluções (de 22/11/2018), a Corte IDH determinou que deveria ser computado 
em dobro cada dia de privação de liberdade na unidade prisional IPPSC, exceto para os acusados ou 
condenados por: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a integridade física; ou c) crimes sexuais.
O cômputo da pena em dobro deve ser sobre todo o período de pena cumprido pelo condenado 
no IPPSC ou deverá ficar limitado ao período posterior ao conhecimento formal do Brasil acerca da 
Resolução?
O cômputo em dobro atinge a totalidade da pena cumprida. Logo, não é possível modular os efeitos 
do cômputo da pena em dobro, tendo em vista a situação degradante do estabelecimento prisional, 
inspecionado e alvo de inúmeras Resoluções da Corte IDH.
Não se mostra possível que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados 
como se o preso tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a notificação e, a par-
tir de então, tal estado de fato tivesse se modificado. Em realidade, o substrato fático que deu ori-
gem ao reconhecimento da situação degradante já perdurara anteriormente, até para que pudesse 
ser objeto de reconhecimento, devendo, por tal razão, incidir sobre todo o período de cumprimento 
da pena.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 136.961-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
15/06/2021, DJe 21/06/2021 (Info 701).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
34
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Não é possível novo pedido de com-
pensação de débito objeto de pedido 
anterior não homologado
Não é possível que o contribuinte reitere de-
claração de compensação, com base em débi-
to que já foi objeto de compensação anterior 
não homologada, ainda que a compensação 
se encontre pendente.
Fundamento para essa conclusão:
O art. 74, § 3º da Lei nº 9.430/96, que afirma 
que não poderá ser objeto de compensação 
“o débito que já tenha sido objeto de compen-
sação não homologada, ainda que a com-
pensação se encontre pendente de decisão 
definitiva na esfera administrativa”.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.570.571-PB, Rel. Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 
15/06/2021 (Info 701).
 � Fazendas Públicas estadual ou munici-
pal podem fazer o protesto de CDA mes-
mo que não exista lei local autorizando
A validade do protesto de CDA emitida por Fa-
zenda Pública Estadual ou Fazenda Municipal 
não está condicionada à previa existência de 
lei local que autorize a adoção dessa modali-
dade de cobrança extrajudicial.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.895.557-SP, Rel. Min. Gur-
gel de Faria, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
 � É legal a cobrança de juros de mora 
(com desconto de 45%) sobre as mul-
tas de mora e de ofício perdoadas no 
pagamento à vista do débito fiscal 
de acordo com o art. 1º, § 3º, I, da Lei 
11.941/2009
A redução de 45% dos juros de mora previstos 
no art. 1º, § 3º, da Lei nº 11.941/2009 para pa-
gamento ou parcelamento de créditos tribu-
tários incide sobre a própria rubrica (juros de 
mora) em que se decompõe o crédito original, 
e não sobre a soma das rubricas “principal + 
multa de mora”.
Exemplo: João devia R$ 200 mil de tributos 
federais; as multas de mora e de ofício cor-
respondiam a R$ 15 mil; João decidiu pagar à 
vista o débito, aderindo ao programa da Lei nº 
11.941/2009; João não precisará pagar os R$ 
15 mil referentes às multas; no entanto, terá 
que pagar os juros de mora que irão incidir 
sobre R$ 215 mil (200 mil do principal + 15 
mil das multas + outras verbas que não inte-
ressam para a explicação); a vantagem é que 
esses juros terão um desconto de 45%.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.404.931-RS, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 23/06/2021 
(Info 702).
DIREITO TRIBUTÁRIO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
35
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É inconstitucional norma estadual 
que conceda incentivo fiscal de ICMS 
quando todas as etapas de industria-
lização sejam realizadas em estabele-
cimento localizado no próprio Estado
É inconstitucional a sistemática de incentivo 
fiscal de ICMS às indústrias paraenses de 
produtos industrializados derivados do trigo, 
prevista no Anexo I do Decreto 4.676/2001 do 
estado do Pará (Regulamento do ICMS).
STF. Plenário. ADI 6479/PA, Rel. Min. Carmen 
Lúcia, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
 � ISS integra a base de cálculo da CPRB
A receita bruta, para fins de determinação 
da base de cálculo da CPRB, compreende os 
tributos sobre ela incidentes.
Tese fixada pelo STF:
É constitucional a inclusão do Imposto Sobre 
Serviços de Qualquer Natureza–ISS na base de 
cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a 
Receita Bruta – CPRB.
STF. Plenário. RE 1285845/RS, Rel. Min. Marco 
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 18/6/2021 (Repercussão 
Geral – Tema 1135) (Info 1022).
 �O concurso de preferência entre pes-
soas jurídicas de direito público pre-
visto no parágrafo único do art. 187 
do CTN e o parágrafo único do art. 29 
da LEF não é compatível com a CF/88
O concurso de preferência entre os entes 
federados na cobrança judicial dos créditos 
tributários e não tributários, previsto no pará-
grafo único do art. 187 da Lei nº 5.172/66 (Có-
digo Tributário Nacional) e no parágrafo único 
do art. 29 da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execuções 
Fiscais), não foi recepcionado pela Constitui-
ção Federal de 1988.
A Súmula 563 do STF foi cancelada.
O entendimento contido na Súmula 497 do 
STJ está superado. 
STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 24/6/2021 (Info 1023).
DIREITO TRIBUTÁRIO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Benefícios previdenciários recebidos 
indevidamente podem ser inscritos 
em dívida ativa?
(I) As inscrições em dívida ativa dos créditos 
referentes a benefícios previdenciários ou 
assistenciais pagos indevidamente ou além do 
devido constituídos por processos adminis-
trativos que tenham sido iniciados antes da 
vigência da Medida Provisória nº 780, de 2017, 
convertida na Lei nº 13.494/2017 (antes de 
22/05/2017) são nulas, devendo a constitui-
ção desses créditos ser reiniciada através de 
notificações/intimações administrativas a fim 
de permitir-se o contraditório administrativo 
e a ampla defesa aos devedores e, ao final, a 
inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os 
prazos prescricionais aplicáveis; e
(II) As inscrições em dívida ativa dos créditos 
referentes a benefícios previdenciários ou 
assistenciais pagos indevidamente ou além do 
devido contra os terceiros beneficiados que sa-
biam ou deveriam saber da origem dos benefí-
cios pagos indevidamente em razão de fraude, 
dolo ou coação, constituídos por processos 
administrativos que tenham sido iniciados an-
tes da vigência da Medida Provisória nº 871, de 
2019, convertida na Lei nº 13.846/2019 (antes 
de 18/01/2019) são nulas, devendo a constitui-
ção desses créditos ser reiniciada através de 
notificações/intimações administrativas a fim 
de permitir-se o contraditório administrativo 
e a ampla defesa aos devedores e, ao final, a 
inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os 
prazos prescricionais aplicáveis.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.860.018-RJ, Rel. Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 
23/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1064) 
(Info 702).
 � Legitimidade ativa de pensionistas e 
sucessores para propor ação revisio-
nal da aposentadoria do de cujus
(I) O disposto no art. 112 da Lei nº 8.213/91, 
segundo o qual “o valor não recebido em vida 
pelo segurado só será pago aos seus depen-
dentes habilitados à pensão por morte ou, na 
falta deles, aos seus sucessores na forma da 
lei civil, independentemente de inventário ou 
arrolamento”, é aplicável aos âmbitos

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