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GT 6 – LES e SAF Isabella Rayane LES LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO LES Doença inflamatória crônica autoimune. Decorrente de um desequilíbrio do sistema imunológico e de produção de autoanticorpos. Autoanticorpos dirigidos contra várias proteínas celulares. TECIDO CONJUNTIVO. Com consequente formação de imunocomplexos. Imunocomplexos se depositam em vasos de pequeno calibre, resultando em vasculite e disfunção do local acometido. Doença é polimórfica, envolvimento de órgãos e tecidos ocorre nas mais diversas combinações e graus variados de gravidade. Evolui clinicamente com períodos de exacerbação de atividade inflamatória, intercalados com remissão parcial ou completa. Duração destas fases da doença é também variável, sendo que alguns pacientes podem manter um padrão de atividade crônica. EPIDEMIOLOGIA Mulheres (10:1) na idade reprodutiva. Primeiros sinais e sintomas iniciam-se entre a 2a e 3a décadas de vida. Ocorre em crianças e adultos mais idosos, mantendo o predomínio do sexo feminino (3:1). Alta prevalência em indivíduos com história familiar de lúpus. Historia familiar muito importante! FISIOPATOLOGIA Multifatorial com participação de fatores genéticos, epigenéticos, hormonais, ambientais e imunológicos. Fatores genéticos Deficiência de proteínas do sistema complemento, especialmente C1q e C4. Presença de genes predisponentes (TREX1 e DNAse1) e ausência de genes protetores. Associação com alelos do MHC (major histocompatibility complex), principalmente os alelos DR2 e DR3 de classe II. Genes ligados à imunidade inata. Fatores hormonais hipótese de imunomodulação: Estrógenos: Papel estimulador de várias células imunes, como macrófagos, linfócitos T e B. Favorecem a adesão dos mononucleares ao endotélio vascular. Estimulam a secreção de citocinas (IL-1). Estimulam a expressão de moléculas de adesão e MHC. Reduzem a apoptose das células autorreativas e acelera sua maturação. Deidroepiandrosterona (DHEA) e progestágenos ↓ proliferação de células T. Prolactina hiperprolactinemia está associada a ativação do LES. Fatores ambientais Vírus (Epstein-Barr, CMV, Mycobacterium): ativação / reativação da resposta imune, produção anticorpos anti-DNA. Tabagismo: segundo fator ambiental mais associado ao desenvolvimento de LES, reduz efeitos da hidroxicloroquina. Exposição solar (luz UV): Apoptose de queratinócitos com subsequente secreção de citocinas e amplificação da resposta imune. Ativação de macrófagos e processamento de antígenos, que desencadeia resposta inflamatória sistêmica. Medicações (hidralazina, penicilamina, isoniazida, minociclina, metildopa, alfa-interferon, clorpromazina). SOL PIOR NÃO SO SINTOMAS CUTANEOS FISIOPATOLOGIA NÃO FALOU NO GT Defeitos no sistema imune por perda da autotolerância. Resultam em processo que começa na quebra da homeostasia celular e culmina com a produção anormal de autoanticorpos. Aparecimento de autoanticorpos precede em anos os primeiros sintomas da doença. Entre os distúrbios da regulação imune, destacam-se: ↑ da expressão de IFNα, especialmente durante os períodos de atividade inflamatória. Redução do número e função das células T citotóxicas e supressoras. ↑ do número e atividade dos linfócitos T CD4+ (helper). Ativação policlonal de células B autorreativas. Múltiplas anormalidades na sinalização linfocitária, incluindo hiperreatividade. Defeitos da tolerância dos linfócitos B, relacionados aos defeitos na apoptose e deficiência de complemento. Redução do clearance dos imunocomplexos circulantes (depósito em órgãos-alvo). QUADRO CLÍNICO Manifestações gerais: Sintomas gerais (anorexia e perda de peso) podem ser o quadro inicial e preceder outras manifestações em meses. Febre de origem indeterminada pode ser o primeiro sinal (5%). Febre como manifestação do lúpus ativo (42%). Linfoadenopatia generalizada ou localizada, com predomínio das cadeias cervical e axilar (33%). Hepatomegalia e/ou esplenomegalia. Fadiga, adinamia, mialgia. MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS (presente em 70% dos pacientes no Início da doença e em 90% na sua evolução) Principais lesões: lúpus cutâneo agudo, subagudo e discoide dentre um amplo espectro de manifestações cutâneas. LÚPUS CUTÂNEO AGUDO: Rash malar ou eritema em “asa de borboleta” (30-60%): Principal lesão cutânea. Altamente fotossensível. Evolui, após o tratamento, sem deixar cicatriz. Rash maculopapular ou dermatite lúpica fotossensível: Forma generalizada do rash malar. Erupção exantematosa ou morbiliforme generalizada. Lúpus bolhoso Necrose epidérmica tóxica Fotossensibilidade LÚPUS CUTÂNEO SUBAGUDO: NÃO DEIXA CICATRIZ Placas eritematosas PODE OU NÃO SER escamativas em áreas expostas, intensa fotossensibilidade, associada ao anti-SSA/Ro. LÚPUS CUTÂNEO CRÔNICO: Discoide Placa eritematosa, com escamas. Evolui com cicatriz central hipocrômicas com atrofia (cicatriz discrômica, alopecia cicatricial). Preferencialmente na face, no couro cabeludo, no pavilhão auricular e no pescoço (15-30%). Paniculite de Kaposi/paniculite lúpida ou lúpus profundus: rara Presença de nódulos firmes e dolorosos no tecido subcutâneo, às vezes evoluindo com atrofia. Causado por vasculite nas arteríolas do tecido adiposo. Úlceras orais indolores (25%). Alopecia difusa (50%): não cicatricial Relaciona com maior atividade da doença e ↑ na apoptose celular nos folículos pilosos. Transitória e não deixa retração cicatricial. Pode ser decorrente de efeitos colaterais de medicamentos corticosteroide e citotóxicos. Vasculite cutânea (20 e 70%): Manifestada por lesões puntiformes palmoplantares, purpúricas (principalmente em membros inferiores), urticariformes, úlceras e necrose digital. Fenômeno de Raynaud: Pode ser a primeira manifestação da doença, associado ao anti-RNP. Causado por vasoespasmo episódico de pequenas artérias digitais, com palidez e cianose. ANTI RO PONTILHADO FINO ANTI RO + PASSA PRO BEBE BEBE PODE NASCER COM LESOES MANIFESTAÇÕES ARTICULARES Artrite lúpica ou poliartrite intermitente: não erosiva Identificada no início da doença (80%) e na maioria dos pacientes durante a evolução. Poliartrite simétrica aditiva, não erosiva, às vezes com rigidez matinal, semelhante à artrite reumatoide. Predominam nas pequenas articulações das mãos, punhos e joelhos. Artropatia de Jaccoud (10%): Caracterizada por: alterações redutíveis DIFERENTE DA ARTRITE REUMATOIDE Desvio ulnar dos dedos. Deformidades reversíveis do tipo pescoço de cisne. Subluxação de articulações metacarpofalangeanas. Decorrentes do processo inflamatório de tendões e ligamentos, não erosivo (difere da artrite reumatoide). Osteonecrose (necrose óssea avascular): dor mecânica, persistente Dor persistente em poucas articulações após a resolução de um quadro de poliartrite. Ocorre por obliteração dos microvasos que suprem o osso medular, causando infarto. Pode ocorrer pelo uso de corticoide, no tratamento do LES. MANIFESTAÇÕES PULMONARES Pleurite lúpica, cursando com dor torácica. Derrame pleural, em geral, bilateral e volume pequeno a moderado. Inflamação alveolar (forma aguda) Doença pulmonar intersticial (forma crônica): quadro insidioso de tosse seca, dispneia, crepitações basais e infiltrado pulmonar intersticial bibasal. Embolia pulmonar (geralmente decorrente da associação com a SAF). Hipertensão pulmonar: quadro insidioso de dispneia, dor torácica, hipoxemia, desdobramento e hiperfonese de B2 (manifestação do lúpus ou secundária a valvopatia cardíaca). MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS Acometimento do pericárdio, do endocárdio, do miocárdio ou das artérias coronárias. PERICARDITE: Manifestação cardíaca mais comum, pode ser a primeira manifestação do LES (5%). Assintomáticos ou tamponamento (atrito pericárdico, alterações no ECO ou TC). MIOCARDITE: Taquicardia persistente. Sinais clínicos de insuficiência cardíaca aguda (dispneia, sopros). Cardiomegalia e alterações de enzimas musculares. ENDOCARDITE DE LIBMANSACKS: Vegetações verrucosas próximas das bordas valvares, geralmente sem repercussão clínica. Ocorre por deposição de imunocomplexo naválvula mitral. Diagnóstico diferencial com endocardite bacteriana. ALTERAÇÕES VALVARES: massas ou vegetações de Libmann-Sacks, espessamento valvar, regurgitação e estenose. DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA ATEROSCLERÓTICA. MANIFESTAÇÕES NEUROPSIQUIÁTRICAS Decorrentes do dano imunológico ou de tromboembolismo, ou podem ser secundárias a diversas situações clínicas. SNC (crises convulsivas, cefaleia, doença cerebrovascular, do comportamento - depressão). Sistema nervoso periférico (polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda - síndrome de Guillain-Barré- desordens autonômicas, mononeuropatia, miastenia gravis, neuropatia craniana, polineuropatia). PSICOSE LUPICA OU PSICOSE POR USO DE COIRTICOIDES? MANIFESTAÇÕES RENAIS Acometimento renal ocorre nos primeiros 2 a 5 anos. Quando apresentam como manifestação inicial, pioram o prognóstico. Glomérulos são os principais alvos renais do lúpus. Devido a deposição de imunocomplexos, que ativa o sistema complemento. Gerando glomerulonefrite com síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica. Achados que indicam comprometimento renal são proteinúria, cilindúria, anasarca, oligúria, hematúria. Avaliação da atividade inflamatória: HAS Sedimento urinário, definido pela presença de hematúria com dismorfismo, leucocitúria e cilindros. Proteinúria em 24 horas ou relação proteinúria/creatininúria em amostra isolada de urina. Redução da filtração glomerular Biópsia: indicada para todos os indivíduos com lúpus e nefrite lúpica. Indicações: Proteinúria na urina de 24 horas > 500 mg ou relação proteína/creatinina na urina > 0,5. Com hematúria dismórfica, identificada no dismorfismos eritrocitário ou cilindros hemáticos na urina. Proteinúria na urina de 24 horas maior que 1000 mg. Piora da função renal - ↑ de creatinina - sem causa aparente. MANIFESTAÇÕES RENAIS TEM QUE SABER SEM SINTOMAS SINTOMAS LEVES EXAME DE URINA COM LEVES ALTERAÇÕES NEFRITE, EDEMA, HIPERTENSAO LEVES GRAVE. GLOMERULONEFRITE CLÁSSICA. PROTEINURIA ELEVADA O MAIS IMPORTANTE NA MEMBRANOSA INDICAÇÕES DE BIOPSIA RENAL TEM QUE SABER MANIFESTAÇÕES HEMATO E OCULARES HEMATOLÓGICAS Pancitopenia (anemia, leucopenia, plaquetopenia). SAF Leucopenia e linfopenia são encontradas com alta frequência no LES, fazendo parte dos critérios de classificação. Plaquetopenia (petéquias ou equimoses, principalmente de membros inferiores, fenômenos hemorrágicos). Anemia de doença crônica (mais comum) e anemia hemolítica autoimune Coombs positivo RETICULOCITOS. CORRIGIR RETICULOCITOS. BILIRRUBINA INDIRETA AUMENTADA. LDH AUMENTADO. Haptoglobina. Manifestações oculares Ceratoconjuntivite Vasculite retiniana. EXAMES LABORATORIAIS Exames solicitados de acordo com a suspeita de acometimento de órgãos/sistema, exceto hematológico e renal, avaliados independentemente da manifestação, pela alta frequência e potencial de gravidade, mesmo quando o quadro é assintomático. Atividade da doença: anti-DNA, complemento, hemograma, sedimento urinário, creatinina/albumina na urina, VHS e PCR. EXAMES LABORATORIAIS Nuclear pontilhado fino denso muito comum ser positivo e não ser nada. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DO LES Critérios do SLICC (Systemic Lupus International Collaborating Clinics - 2021) para Lúpus: pelo menos 4 critérios (incluindo 1 clínico e 1 imunológico) ou nefrite lúpica comprovada por biópsia renal com fator antinuclear positivo ou anti-DNA positivo. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Infecções: virais (CMV, EBV, parvovírus B19, HIV, hepatite B e C) e bacterianas (endocardite, tuberculose, sífilis e hanseníase). Doenças hematológicas: linfoproliferativas, púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) e trombocitopênica trombótica (PTT). Doenças autoimunes: Artrite reumatoide, na fase inicial dos quadros articulares (verificar anti-CCP, FR e radiografia das mãos). Síndrome de Sjögren, quando apresenta manifestações extraglandulares. Doença de Behcet, em pacientes com úlcera oral. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO dieta saudável e ajustada individualmente, atividade física regular. Fatores associados à reativação (exposição à irradiação UV, infecções superpostas, distúrbios emocionais) deverão ser evitados. Orientar acerca do risco de gestação e prescrever anticoncepcional oral sem estrogênios. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO FORMA LEVE Sintomas constitucionais, articulares, lesões mucocutâneas e pleurite, sem acometimento sistêmico e risco à vida. Antimaláricos (hidroxicloroquina) Prednisona, na menor dose possível. Associação com metotrexato, leflunomida e azatioprina, se necessário. FORMA MODERADA Casos de gravidade intermediária como miosite, pericardite e trombocitopenia. Antimaláricos (hidroxicloroquina) Prednisona, na menor dose possível. Associação com metotrexato, leflunomida e azatioprina, se necessário. FORMA GRAVE Situações de risco à vida ou que determinem lesões permanentes de órgãos, como manifestações neurológicas, psiquiátricas, anemia hemolítica, nefrite proliferativa, miocardite, pneumonite, vasculite necrosante, pancreatite. Antimaláricos (hidroxicloroquina) Pulsoterapia com metilprednisolona IV durante 3 dias. Posterior desmame e mudança para corticoide oral. Associação com, CICLOFOSFAMIDA, ciclosporina. CASOS REFRATÁRIOS Outros agentes imunossupressores e/ou imunomoduladores. Micofenolato de mofetila (MMF) ou sódico (MS) Ciclofosfamida (CFM) Dapsona Talidomida, restrita às lesões cutâneas refratárias, efeitos adversos - teratogenicidade e neuropatia periférica. Ausência de resposta completa ou parcial em 6 meses da indução com esquema de CFM ou MMF. Troca de um pelo outro ou a substituição por um inibidor da calcineurina ou ainda pelo rituximabe. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Antimaláricos Preferencialmente hidroxicloroquina. Prescrito desde o diagnóstico independentemente da gravidade da doença. Melhora clínica, níveis mais baixos de atividade e reativações, redução das doses de corticosteroides, melhora do perfil lipídico, menor risco de trombose e danos permanentes, menor mortalidade. Monitoramento com avaliação oftalmológica anual. IECA ou BRA Inibidores da enzima conversora da angiotensina e/ou bloqueadores dos receptores de angiotensina. Recomendados como antiproteinúricos para todos os pacientes (exceto contraindicação). Corticoide: suplementação de vitamina D e dieta rica em cálcio ou suplementação. Metotrexato: associação com ácido fólico. Hidroxicloroquina: avaliação oftalmológica anual. Imunossupressores: manter atualizada a carteira vacinal para reduzir o risco de infecções. IMPORTANTE Lúpus e gravidez: Gestação lúpica é de alto risco. ↑ da incidência de complicações para a mãe e o feto ou recém-nascido. Mulheres com LES só devem engravidar após período de pelo menos 6 meses de remissão da doença. Fatores de risco para o feto são nefrite, hipertensão arterial e presença de anticorpos antifosfolípidios. Lúpus neonatal: Passagem do anticorpo anti-RO pela placenta, levando a bloqueio cardíaco no feto, com alta letalidade. Presença de lesões cutâneas no recém-nascido. Lúpus induzido por medicamentos: hidralazina, penicilamina, isoniazida, minociclina, metildopa, alfa-interferon, clorpromazina Determinados medicamentos geram metabólitos ativos capazes de interferir com o sistema imunológico. Clínica branda, sem acometimento sistêmico grave. Ausência de autoanticorpos anti-histona (95%). Sintomas e sinais clínicos e as alterações laboratoriais cessam ou diminuem progressivamente após interromper o uso. SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE SAF SAF Diátese (tendência) trombótica autoimune. Caracterizada por obstruções arteriais e venosas, morbidade obstétrica e presença de anticorpos antifosfolípides (AAF). Vasos de todos os tipos e calibres podem ser afetados. Anticorpos antifosfolípides (AAF): Anticorpos anticardiolipina (aCL) Antibeta2 glicoproteína I (antibeta2 GPI) Anticoagulante lúpico (LA) SAF trombótica. SAF obstétrica: Definida por abortamentos de repetição, perdas fetais e pré-eclâmpsia. Apresenta nuances patogênicas próprias decorrentes de inflamação no trofoblasto etrombose placentária. EPIDEMIOLOGIA Uma das trombofilias adquiridas mais frequentes na prática clínica. Predomina em adultos jovens e de meia-idade, do sexo feminino. Estima-se que AAF estejam presentes em 13% dos casos de isquemia cerebral e em 9% dos casos de trombose venosa profunda. Pode ser primária (53%) ou secundária ao LES (36%). Cerca de 30% dos indivíduos com lúpus apresenta teste positivo para AAF. Mas a frequência de SAF secundária é menor do que a prevalência dos autoanticorpos AAF. Forma catastrófica, caracterizada por grave microtrombose visceral, responsável por 1% do total de casos da doença. Cerca de 1 a 5% da população saudável apresentam AAF circulantes, com incidência anual de trombose de 0 a 3,8%. FISIOPATOLOGIA -> não precisa saber Presença de determinantes genéticos e anticorpos antifosfolípides, associada a fatores ambientais (infecção, trauma e drogas). Fatores ambientais desencadeiam a produção de AAF patogênicos (principalmente antibeta2 GPI), por mímica molecular. Promoção estado pró-trombótico e formação de trombos: Ativação de plaquetas e de células endoteliais, com liberação de fator tecidual. Inibição da via fibrinolítica. Ativação da cascata da coagulação e o sistema do complemento. Anticorpos antifosfolípides (AAF): Ligam-se a tolllike receptors (TLR) na superfície de macrófagos. Síntese de ativadores da coagulação. Ativação da resposta inflamatória (fator tecidual, citocinas, fator nuclear kappa). Induzem a síntese de TNF-alfa por macrófagos via ligação com o TLR8 na superfície celular. Ativação do sistema do complemento: Subprodutos promovem recrutamento de células pró-coagulantes e resposta inflamatória. Em relação as perdas fetais, acredita-se que o mecanismo principal seja a trombose dos vasos placentários. QUADRO CLÍNICO Tromboses em diversos sítios arteriais e/ou venosos. Acidente vascular cerebral isquêmico, ataque isquêmico transitório Tromboembolismo pulmonar Trombose venosa profunda Trombose placentária (SAF obstétrica - abortamentos de repetição, pré-eclâmpsia e insuficiência placentária). Manifestações não relacionadas diretamente a fenômenos trombóticos (trombocitopenia, livedo reticularis e valvulopatia). VARIANTE CATASTRÓFICA (aparecimento de tromboses em pelo menos três sítios em um intervalo curto de tempo). EXAMES COMPLEMENTARES Anticorpos antifosfolípides (AAF): isotipos IgG e IgM Anticorpos anticardiolipina (aCL) Antibeta2 glicoproteína I (antibeta2 GPI) Anticoagulante lúpico (LA): maior associação com a presença de fenômenos trombóticos. VDRL falso positivo (FTA-abs). Outros: debate se trazem informação adicional aos AAF tradicionais Pesquisa de anticorpos contra outros fosfolípides (fosfatidilserina e fosfatidiletanolamina). Pesquisa de anticorpos contra complexos de proteínafosfolípide (complexo fosfatidilserina/protrombina). Trombose: Exame de imagem (Doppler de membros inferiores, ressonância magnética, ultrassom e/ou tomografias). Biópsia do sítio acometido. Gestacional: reavaliações seriadas com ultrassom Doppler e cardiotocografia, avaliação do feto, placenta e cordão. DIAGNÓSTICO Critérios obstétricos de classificação Perda fetal a partir de 10 semanas, com exclusão de causas cromossomiais e anatômicas. Perdas precoces recorrentes (+ de 3) e consecutivas. Parto prematuro decorrente da pré-eclâmpsia ou insuficiência placentária. Critérios de classificação Achados clínicos ou obstétricos devem se relacionar com a presença persistente (12 semanas) de pelo menos um dos tipos de aPL: LA detectado no plasma e aCL, ou Antibeta2-GPI em títulos moderados ou altos. Provas imunológicas e hematológicas para detecção de aPL Nível da anticoagulação (acompanhamento do tratamento): Contagem de plaquetas Marcadores clássicos de risco trombótico (RNI, TTPa). DIAGNÓSTICO Critérios diagnósticos: SAF confirmada com pelo menos 1 critério clinico e 1 laboratorial Critérios clínicos 1. Trombose vascular: 1 ou + episóidios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos. Em qualquer órgão ou tecido, confirmados por achados de imagem ou exame histopatológico. 2. Morbidade gestacional: 1 ou + mortes inexplicáveis de feto morfologicamente normal com + de 10 semanas de idade gestacional. 1 ou + nascimentos prematuros de feto morfologicamente normal > 34 semanas ou menos em virtude de pré-eclâmpsia, eclampsia ou insuficiência placentária. Três ou mais abortamentos espontâneos antes de 10 semanas de idade gestacional com causas cromossomiais ou maternas excluídas. Critérios laboratoriais 1. Anticoagulante lúpico: presente no plasma em 2 ou + ocasiões, com intervalo mínimo de 12 semanas. 2. Anticorpo anticardiolipina: IgG e/ou IgM Presentes em altos títulos (≥ 1:40) em 2 ou + ocasiões, com intervalo mínimo de 12 semanas. 3. Anticorpo anti-β2 glicoproteína 1: IgG ou IgM Presente no plasma em 2 ou +ocasiões, com intervalo mínimo de 12 semanas. TRATAMENTO Anticoagulação de forma perene, com benefício da associação de sulfato de hidroxicloroquina. Todos os pacientes devem receber orientação nutricional (interferência da dieta com a varfarina). Em situações de viagem, devem usar meia elástica e evitar repouso prolongado. TRATAMENTO FASE AGUDA Forma trombótica Iniciar com heparina de baixo peso molecular a cada 12 horas associada a varfarina oral. Após 4-7 dias, reavaliar RNI. Alvo: Eventos venosos: RNI 2 a 3 Eventos arteriais: RNI 2,5 a 3,5 Se estiver no alvo, suspender heparina. Reavaliar anticoagulação a cada 2 meses, se o paciente estava no alvo na última vez. Pacientes com múltiplos eventos, reavaliar antes e tratar fatores de risco (HAS, DM). FORMA OBSTÉTRICA Manter com AAS fora da gestação. Associada heparina de baixo peso molecular profilática 1 mg/kg/dia quando gestante. Se apresentava a forma trombótica da doença na gestação: Suspender varfarina. Substituir por heparina de baixo peso 1 mg/kg, 12/12 horas, associada a AAS 100 mg/dia. Suspender anticoagulação 24h antes do parto. Retornar anticoagulação 6-8h pós-parto, manter por 6 semanas, no puerpério. PACIENTES SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS QUE EXIJAM SUSPENSÃO DA ANTICOAGULAÇÃO Suspender varfarina 7 dias antes do procedimento. Substituir por heparina de baixo peso em dose terapêutica até 24 horas antes do procedimento. ANTICOAGULANTE PROGNÓSTICO Depende do fenótipo da doença. Alguns são anticoagulados e ficam estáveis, outros não. Fatores de risco para retromboses: Ter anticoagulante lúpico positivo. Ter todos os três anticorpos critério-positivos (anticardiolipina, anticoagulante lúpico e antibeta2-GPI). Apresentar FR adicionais para eventos trombóticos (diabetes, obesidade, dislipidemia, sedentarismo). Pacientes com outras doenças associadas, como lúpus. Casos gestacionais (primíparas idosas que tenham apresentado pré-eclâmpsia em gestações anteriores). image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.jpeg image7.gif image8.jpeg image9.jpeg
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